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AULA 3 GESTÃO E LIDERANÇA DE PESSOAS EM AMBIENTES COMPETITIVOS Prof. Ademir Bueno 2 CONVERSA INICIAL O líder não é um ser que tem sua razão como único instrumento para tomada de decisão e convivência com os demais. Ele tem outra poderosa arma para cumprir com sua missão maior, que é produzir resultados: sua emoção. Dentro desse tema, está incluída a questão da inteligência emocional e os aspectos que derivam desse conceito: razão e emoção, IE e estilos de liderança, self coaching e habilidades emocionais do líder. É nessa sequência que apresentamos e discutimos os temas desta rota, a qual volta-se à área das emoções e suas decorrências na discussão sobre liderança. CONTEXTUALIZANDO Com a abertura de nossa economia, o aumento da concorrência e mais pressão sobre todos os trabalhadores, passou-se a exigir do líder que, além dos aspectos racionais e intelectuais, desse conta também de outra área, a emocional, pois hoje os colaboradores não são vistos apenas como recursos que as empresas possuem para chegar a um fim, mas como pessoas, que possuem vontades, desejos e necessidades que precisam ser considerados no ambiente de trabalho. Cabe ao líder, neste novo contexto, ampliar sua visão das pessoas e de sua atuação dando importância tanto aos aspectos objetivos como aos subjetivos. Se isso for colocado em prática de forma adequada, os resultados esperados serão alcançados e superados, e as pessoas ficarão mais centradas e motivadas. TEMA 1 – INTELIGÊNCIA EMOCIONAL O estudo do desenvolvimento do ser humano deve considerar os aspectos biopsicossociais, ou seja, deve-se analisar os aspectos biológico, psicológico e social para compreendê-lo em sua totalidade e, a partir disso, poder se pensar em meios de levá-lo ao aprimoramento. Um dos aspectos biológicos que herdamos é nossa inteligência, nosso QI – quociente de inteligência, que é a referência para medir nossa inteligência, o qual nos faz mais rápidos ou lerdos para entender e/ou aprender algum conceito, compreender as relações entre elementos, entender causa e efeito, compreender semelhanças ou diferenças entre as coisas e seu funcionamento. Porém, os estudos feitos na área da psicologia chegaram a conclusões mais amplas no que 3 diz respeito à inteligência: descobriu-se que, além da inteligência racional (QI) que possuímos, temos outra categoria ou outra instância que atua: é a inteligência emocional. A propagação do termo inteligência emocional se deu a partir dos estudos do psicólogo americano Daniel Goleman, de Harvard, que, em 1986, publicou o livro com o título Inteligência emocional, o qual já vendeu milhões de exemplares e popularizou o conceito. Para o pai da inteligência emocional, essa é nossa capacidade de gerenciar e controlar nossas emoções, nossos sentimentos, nosso temperamento. Essa capacidade de comandar as emoções pode afetar a vida de um indivíduo no trabalho, seja ele público ou privado, em sua vida pessoal, com seus amigos e familiares, e, de forma mais ampla, até na sociedade como um todo. Para Goleman (1995, p. 54), a inteligência emocional – IE é “a capacidade de a pessoa se motivar a si mesma e persistir a despeito das frustrações; de controlar os impulsos e adiar a recompensa; de regular o seu próprio estado de espírito e impedir que o desânimo subjugue a faculdade de pensar; de sentir empatia e sentir esperança”. Nesse conceito, percebe-se que o centro é o controle do indivíduo sobre seus pensamentos e emoções e como isso se apresenta na prática, no cotidiano, seja em casa, no trabalho, na escola ou na sociedade em geral. Essa capacidade de gerenciamento das emoções e respostas que se dá aos acontecimentos e experiências é que se vincula ao conceito de inteligência emocional. Quanto maior for o nível de inteligência emocional do indivíduo, maior será a probabilidade de que ele alcance o sucesso profissional e pessoal. No âmbito profissional, é o indivíduo equilibrado e que consegue exprimir o que pensa e sente de forma balanceada, no momento certo, da melhor forma. É aquele que dá respostas adequadas (verbais e comportamentais) frente às situações críticas. No nível pessoal, é o indivíduo que tem bom nível de autoconhecimento, que sabe de suas potencialidades, seus defeitos e suas qualidades, seus pontos fortes e fracos, suas capacidades e limitações e sabe como, geralmente, responde às coisas que lhe acontecem. Para Goleman, a inteligência emocional pode se apresentar por meio de cinco habilidades: 4 Autoconhecimento emocional: vincula-se a capacidade de a pessoa reconhecer as próprias emoções e sentimentos. Só controlamos o que conhecemos. Controle emocional: é a prática da inteligência emocional em si. É a condição que a pessoa apresenta em controlar suas emoções e sentimentos. Automotivação: condição de manter-se energizado para chegar a determinado objetivo, independente dos fatos e acontecimentos, do que está havendo no meio externo. Reconhecimento das emoções nos outros: é a capacidade da pessoa de ter um olhar mais cuidadoso e atento em relação ao outro, identificando emoções presentes em um discurso ou uma ação. Habilidade em relacionamentos interpessoais: tarefa difícil essa, iniciar e manter relacionamentos interpessoais saudáveis e com condição de obter frutos deles. Assim, essa capacidade pode trazer benefícios para quem consegue evoluir e ser uma pessoa com condição de ter relacionamentos positivos e produtivos. Os três primeiros aspectos tratados acima dizem respeito à inteligência intrapessoal, e os dois últimos, à inteligência interpessoal. Vejamos com mais detalhes. TEMA 2 – RAZÃO E EMOÇÃO As empresas esperam que seus colaboradores usem, na maior parte do tempo, a razão para tomar decisões e se relacionar com seus colegas, clientes, fornecedores e membros da sociedade, mas sabe-se que nem sempre é o que acontece. As pessoas, muitas vezes, deixam de lado sua razão para mergulharem em suas emoções e, ao emergirem, trazem consigo toda a carga de sentimentos que dão suporte à tomada de decisão e a comportamentos em geral. Para Robbins (2005): Desde o final do século XIX e o aparecimento da administração científica, as organizações são desenhadas especificamente com objetivo de tentar controlar as emoções. Uma organização bem- administrada seria aquela que conseguisse eliminar, com sucesso, frustrações, medos, raivas, amores, ódios, ressentimentos e outros sentimentos similares. 5 O uso mais marcante, seja da razão ou da emoção, em seu dia a dia tem a ver com o QI – quociente de inteligência – e o QE – quociente emocional –, termos que passaremos a discutir a seguir. O QI – quociente de inteligência – diz respeito à capacidade do indivíduo de resolver problemas, entender teorias, compreender relações, visualizar causas e efeitos, propor uma saída para os problemas encontrados, perceber alternativas para velhos dilemas e problemas. Já o QE – quociente emocional – é de outra natureza. Está vinculado à capacidade do indivíduo de responder emocionalmente aos acontecimentos de maneira mais adequada, comportar-se de forma equilibrada, segura, centrado em si, em suas qualidades e limitações. O líder que tem a missão de gerenciar seus colaboradores terá um desafio maior pela frente, que é conseguir extrair desses indivíduos os melhores comportamentos e formas de reação. Segundo o site da Sociedade Brasileira de Inteligência Emocional: Quem almeja o sucesso, não pode, por um minuto sequer, desconsiderar a importância do QE, afinal de contas, uma vida equilibrada e uma carreira bem-sucedida andam lado a lado com a inteligência emocional. Assim, o QE impacta a boa convivência no trabalho, as relações familiares, os projetos pessoais e a formação do networking. O sucesso de um profissional dependerá, em grande parte, de como expressa suasemoções, sentimentos e estado de humor. 2.1 Como desenvolver o quociente emocional Autoconhecimento: a busca por se conhecer melhor é tarefa de todo humano, e, para aquele que lida com pessoas, mais ainda. Você, gestor público, que tem a missão de gerenciar pessoas, coloque em sua agenda as ações que tomará para melhor se conhecer e, com isso, ter comportamentos mais assertivos. Percepções: a maneira como percebe o que chega a você. Se chega distorcido para seus sentidos por meio da sua percepção, com certeza você não dará a melhor resposta nem terá a mais adequada reação. Ter a capacidade de ser colocar no lugar do outro: olhar a situação sob uma perspectiva externa, olhar o mundo sob a perspectiva do outro, de seus valores, história de vida. 6 Conhecer as próprias emoções: o segredo para conseguir isso é autoanálise, o olhar com cuidado para as formas como age e reage frente às situações. Lidar com as emoções: o ponto central aqui é o equilíbrio, a emoção na dose certa. Quando está com raiva, faz o quê? Estoura, fala palavrão, explode ou procura se centrar em seus objetivos, controla seus sentimentos e emoções, conta até 10? Motivar-se: manter-se focado e investir suas energias em seu foco, em seus objetivos. Procurar manter-se voltado àquilo que de fato interessa para chegar aonde pretende, deixando de lado coisas e situações menos relevantes, menos importantes. Reconhecer as emoções nos outros – empatia: sintonizar-se com o mundo, sabendo ver e entender a forma de reação do outro da melhor maneira possível e reagir a ela. Se o ofenderem, o que faz? Revida ou releva? Se forem rude com você, o que faz? Trata da mesma maneira ou ignora? Lidar com relacionamentos: aptidão de lidar com as emoções dos outros. É preciso estar disposto a saber lidar com os relacionamentos, sejam pessoais e/ou profissionais. Os profissionais, especialmente, pois esses podem trazer consequências mais imediatas para o indivíduo. Para finalizar, saiba: o QE é mutável, passível de mudança e evolução. TEMA 3 – INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E ESTILOS DE LIDERANÇA Se do colaborador é exigido que atue com inteligência emocional – IE –, pois isso o torna mais produtivo, melhora seus relacionamentos interpessoais e grupais, se o faz se sentir melhor, se consegue se motivar ainda mais quando apresenta um bom nível de IE, imagine tudo isso voltado à liderança. O tema desta rota será produzido relacionando a IE com os tipos de líder descritos por Goleman em um artigo publicado na Revista de Negócios de Harvard em 2000, presente e traduzido no livro Liderança: os melhores artigos do Harvard Business Review (2006). Ele inicia o artigo afirmando que o papel primordial, mais importante e relevante do líder, é conseguir resultados para sua área e sua empresa e questiona como é possível chegar a esse feito, pois existem inúmeras teorias 7 sobre liderança, perfil, melhor maneira de agir e lidar com diversas situações, e proliferaram diversos consultores com formas práticas e rápidas de transformar seres comuns em líderes brilhantes. Ele afirma: “No entanto, a liderança eficaz ilude muitas pessoas e organizações. Uma razão é que, até data recente, virtualmente nenhuma quantidade de pesquisa demonstrou qual comportamento de liderança exata produz resultados positivos.” (Goleman, 2006, p. 9). 3.1 Estilo coercivo A liderança que pratica esse estilo tem como principal objetivo que haja o comprimento imediato de tarefas. O que se espera dos subordinados é obediência, não há espaço para contestação ou negociação. Quando algo há para ser feito, ordens diretas são dadas, e espera-se seu cumprimento imediato. O líder acompanha de perto o desempenho de seus liderados. O feedback é direto e tem por missão mostrar, geralmente, que eles estão equivocados, que não estão seguindo o que foi ordenado. O comportamento do líder pode constranger os colaboradores, pois não mede palavras nem lugar ou pessoas para falar o que pensa dos resultados, da situação e, principalmente, dos trabalhadores. A forma de motivar as pessoas é por meio do medo. Assim, o líder lembra constantemente às pessoas à sua volta as consequências de não seguirem piamente suas instruções e ordens. O clima organizacional é marcado pela percepção dos colaboradores de que não há flexibilidade, que só há o que ser feito conforme as ordens, não existe espaço para outra opinião ou visão que a do líder. Isso faz com que a equipe sinta medo do seu líder, que se limite a fazer aquilo que recebe de ordem. Esse estilo é indicado para tarefas simples, em situação de crise, por um período breve para não afetar a motivação da equipe. Não funciona bem com colaboradores automotivados e que sejam criativos, inovadores e com iniciativa. 3.2 Estilo confiável Seu objetivo é orientar os trabalhadores para uma visão de longo prazo. Na gestão de equipe por meio desse estilo, há diálogo. É da chefia a responsabilidade de criar e desenvolver uma visão dos objetivos que se pretendem alcançar. 8 A persuasão do líder que possui esse estilo como predominante age como forma de levá-los a pensar no longo prazo, daquilo que eles têm a ganhar e a organização também se seguirem o direcionamento apontado pelo líder. Há um equilíbrio entre os feedbacks positivos e negativos. Esse estilo é indicado para situações de mudança, quando a equipe ainda está em desenvolvimento e precisa de direcionamento, e contribui de forma marcante para um clima organizacional positivo. Ele faz as pessoas perceberem sentido em sua atuação, vinculando-a à visão desenvolvida pelo líder. Todos sabem o que podem ganhar seguindo a visão e também a importância de sua atuação para o sucesso. O líder confiável transmite o sentimento de confiança dele para a equipe e das pessoas da equipe consigo mesmas, fazendo-as acreditar que podem fazer a diferença, que podem contribuir, inovar e experimentar riscos calculados. É indicado quando as coisas não vão bem, quando a organização precisa de uma nova visão de longo prazo. Pode não dar certo quando a equipe tem muitos experts e especialistas, que verão no líder a figura de alguém pomposo e desligado. 3.3 Estilo agregador Para esse estilo, as pessoas têm grande valor. Esse líder as quer junto de si, as motiva a estarem próximas, a caminharem ao seu lado. Ele cria um ambiente que leva as pessoas a se sentirem mais felizes, integradas à equipe, e constrói um clima de harmonia. Sua relação de proximidade leva as pessoas a colaborarem de forma intensa e significativa, e os laços relacionais criados dão suporte para que o vínculo seja forte. Com isso, as pessoas buscam responder a atenção, o valor que sentem por parte de seus líderes e, por isso, produzem resultados e procuram não decepcionar seu comandante. Há liberdade para trabalhar, com isso a equipe mostra-se mais criativa e inovadora. As pessoas sentem que podem escolher o melhor caminho para chegar a um fim, ainda que seja algo inovador e diferente. Os feedbacks são constantes, ocorrem em lugar adequado e por meio de uma comunicação assertiva e clara. Não é raro o líder sair para almoçar ou tomar café com seus subordinados, tanto para fortalecer os vínculos como para saber como estão. Esse estilo de liderança pode ser aplicado a qualquer momento, nas diversas situações, mas terá mais sucesso quando for necessário reconstruir a 9 confiança da equipe, elevar a moral das pessoas, agregá-las em torno de um objetivo comum ou restaurar a comunicação. O cuidado com esse estilo é que as pessoas se sintam tentadas a achar que tudo é permitido, que não serão cobradas e podem apresentar desempenhos medíocres. Segundo Goleman, esse estilo, aliado ao confiável, dá bons resultados. 3.4 Estilo democrático Seu ponto forte é valorizar a participação, a integração das pessoas, dar voz e vez aquem tiver interesse em integrar-se à equipe. Ele faz surgir confiança, respeito e compromisso. No ambiente de trabalho, as pessoas sentem que sua opinião e visão tem valor na escolha do caminho a ser seguido por todos na consecução de seus objetivos. Como a participação e o espaço são distribuídos igualitariamente, as reuniões podem se tornar intermináveis, sem fim, pois todos querem falar, ser ouvidos e ter sua visão respeitada e, claro, considerada para a escolha da melhor alternativa. Esse estilo é recomendado quando o líder perceber que não tem claro qual é a melhor saída para resolver os problemas e, por isso, vai abrir espaço para ouvir todos os envolvidos. Não é indicado o uso desse estilo quando a equipe não possuir atributos, conhecimentos e experiência que possam ser significativos na criação de novas visões e caminhos. 3.5 Estilo agressivo Não é um estilo para ser usado constantemente porque pode causar mais danos do que ganhos. O líder desse estilo estabelece padrões altíssimos de desempenho e se coloca sempre como referência, é um entusiasta das coisas de forma rápida e bem-feita e é isso que espera e cobra de seus colaboradores. Quando não respondem ao esperado, são rapidamente substituídos. O clima organizacional é negativo, a moral das pessoas decai com o tempo, pois são constantemente aviltadas e confrontadas por um jeito direto e até agressivo de serem tratadas. A flexibilidade e a responsabilidade desaparecem do ambiente de trabalho. O líder confia em si, na sua capacidade de realizar, dá sempre a impressão ao colaborador de que faria melhor que ele e em menor 10 tempo. O compromisso também diminui, pois as pessoas não conseguem se perceber fazendo e tendo importância no todo. Esse estilo funciona bem com funcionários competentes, seguros de si e de sua carreira, que têm bom equilíbrio emocional e capacidade técnica dentro ou acima da média. Seu uso deve ser moderado e com objetivos claros, pois senão levará fatalmente a equipe a se desmotivar e se desintegrar. 3.6 Estilo conselheiro O líder que pratica esse estilo procura ouvir as esperanças e preocupações de seus colaboradores. O líder conselheiro ajuda os colaboradores a identificar seus pontos fortes e suas fraquezas e os ajuda a encontrar o melhor caminho para maximizar qualidades e minimizar defeitos. Está sempre por perto para acompanhar o desempenho dos seus colaboradores, oferece feedback constante com vistas a levá-los ao autodesenvolvimento. Propicia desafios constantes com objetivo de que os profissionais a ele subordinados ganhem poder, confiem mais em si e se desenvolvam. Segundo Goleman, esse estilo é o menos frequente, especialmente porque, na economia atual, as empresas são altamente pressionadas por resultados em curto prazo e não sobra tempo para um líder que se preocupa em atuar como coach de seus colaboradores. Porém, cabe destacar que esse estilo é altamente positivo em relação ao clima organizacional e no alcance de resultados. O diálogo é uma ferramenta utilizada constantemente pelo líder, e isso faz com que as pessoas saibam o que está acontecendo, para onde as coisas estão indo e mais, qual é seu papel em tudo isso. As pessoas tendem a se integrarem cada vez mais. Esse estilo é recomendado com funcionários que querem crescer e, principalmente, desenvolver-se, pois estes se aproveitarão do seu líder como mola propulsora para essas mudanças. Para o autor desses estilos de liderança, quanto mais estilos forem praticados pelo líder, melhor será, pois este aproveitará os melhores resultados que colheu com cada um. Ele destaca que os líderes que possuem quatro ou mais estilos, especialmente o confiável, o democrático, o agregador e o conselheiro, têm os melhores climas e resultados nos negócios. 11 Quadro 1 – Resumo dos estilos de liderança descritos por Goleman Estilos Coercivo Confiável Agregador Democrático Agressivo Conselheiro O modo de ação dos líderes Exige imediata obediência Mobiliza pessoas em direção a uma visão Cria harmonia e constrói laços emocionais Forja consenso através da participação Estabelece altos padrões de desempenh o Desenvolve pessoas para o futuro O estilo em uma frase “Faça o que eu digo” “Venha comigo” “As pessoas vêm primeiro” “O que você pensa” “Faça como eu faço, agora” Tente isto Implícita competênci a da inteligência emocional Conduzir à execução, iniciativa, autocontrol e Autoconfiança , empatia mudança estimulante Empatia, construção de relacionamentos, comunicação Colaboração, liderança de equipe, comunicação Consciência, conduzir à execução, iniciativa Desenvolver os outros, empatia, autoconsciência Quando os estilos funcionam melhor Em uma crise, no pontapé inicial de uma crise ou com problema de funcionários Quando as mudanças requerem nova visão ou quando é necessária uma clara direção Na cura de rupturas em uma equipe ou na motivação de pessoas durante circunstâncias estressantes Na consolidação ou no consenso, ou para obter contribuição de funcionários de valor Na obtenção de resultados de uma equipe altamente motivada e competente Na ajuda de um funcionário a melhorar o desempenho ou desenvolver força a longo prazo Impacto abrangente do clima Negativo Muito fortemente positivo Positivo Positivo Negativo Positivo Fonte: Goleman (2006, p. 15). Qual é o estilo a ser perseguido para quem deseja ser líder? Deve-se praticar apenas um estilo? Qual ou quais dão melhores resultados? Goleman afirma que, quanto mais estilos o líder exercer, melhor será, pois há uma diversidade de pessoas, de personalidades nas equipes, as tarefas se alternam em complexas e simples, há sempre pressão muito alta e alta, apenas. Assim, é o mix de estilos que dará mais suporte à atuação do líder. O autor afirma que o líder que domina quatro ou mais estilos, especialmente o confiável, o democrático, o agregador e o conselheiro, terá um clima organizacional mais positivo e alcançará os melhores resultados. TEMA 4 – SELF COACHING – AUTOEDUCAÇÃO EMOCIONAL O autoconhecimento diz respeito à prática da pessoa em conhecer-se, saber de suas qualidades, defeitos, potencial e vontades. Uma vez que se conhece, passe para a segunda etapa, de transformar o autoconhecimento em 12 autodesenvolvimento, ou seja, self coaching – treinador de si mesmo. Esse é o tema que trataremos a seguir. Segundo o IBC – Instituto Brasileiro de Coaching –, no livro publicado com o título Self-coaching – o poder do autoconhecimento (2013), esse tipo de coaching derivou do coaching de vida. Segundo Lotz (2014, p. 60), coaching de vida “Concentra-se nas dimensões pessoal e profissional do cliente, como sua saúde e relacionamentos. Em suma, o coaching de vida tem por foco principal o autodesenvolvimento do cliente.” Fazer uso do self coaching é buscar equilibrar nossas emoções e nossa razão, é não pender mais para nenhum dos lados, mas ponderar e seguir o caminho do meio, não sendo extremamente racional, usando somente a lógica e a razão para tomar decisões, e se comportar frente à sua realidade, nem somente a emoção, esquecendo-se da razão, o que o levará a ser dominado pelos sentimentos, distorcendo a análise dos fatos e tomando decisões equivocadas. O self coaching pode ter início com a reflexão, momento de parar para pensar, para refletir sobre os fatos vividos, sobre os pontos envolvidos, sobre os conceitos e preconceitos presentes e, a partir daí, escolher o caminho mais adequado e produtivo para sair da situação de forma mais madura e segura, tendo um comportamento mais assertivo e adequado. Depois da reflexão, outro ponto importante para se autodesenvolver é o autocontrole,capacidade que o indivíduo alcança quando tem domínio dos seus sentimentos e das suas emoções, que só controlamos se conhecermos. Buscar feedback de outros gestores ou mesmo subordinados é outro caminho que pode ser seguido para o autodesenvolvimento, pois só podemos mudar o que conhecemos e só conhecemos aquilo que estamos abertos a entender no contexto em que ocorre. Para Chiavenato (2014, p. 324), os processos de desenvolvimento pessoal e de autodesenvolvimento devem ser responsabilidade de todos. As pessoas precisam estar conscientes de que o aprendizado é crítico tanto para o sucesso individual quanto para o sucesso organizacional. E requer enorme esforço da organização como suporte e apoio para que as pessoas aprendam continuamente. A necessidade de aprender pode ser tanto intelectual – para desenvolver competências, habilidade para mudar, etc. – ou efetiva – para autodesenvolvimento, mas sempre requer o compromisso dos gerentes. Uma prioridade. (Chiavenato, 2014) O compromisso para aprender deve ser incentivado por atividades como: 13 Fazer da aprendizagem um elemento central e vinculado à estratégia organizacional Investir tempo e dinheiro no aprendizado. Os recursos, às vezes, são limitados e escassos, especialmente para treinamento e desenvolvimento, mas deve-se fazer muito com o pouco que tem Medir, programar e comparar aprendizagem: todo treinamento disponibilizado e realizado deve ser avaliado, vendo se o que foi programado foi atendido, se correspondeu ou não às expectativas. Comparar os efeitos do treinamento dado com os de outras áreas, setores ou órgãos também contribui para saber se o esperado foi alcançado Compensar as pessoas que dão resultados a partir dos treinamentos que recebem. Não precisa ser um carro zero, mas algo que possa motivar o colaborador a manter-se firme no propósito do autodesenvolvimento Buscar se desenvolver é missão de todos, sejam servidores ou gestores. A missão deste último é organizar, programar treinamentos e capacitações, disponibilizá-los para seus subordinados, incentivá-los, motivá-los a participar, depois medir os resultados e gerenciá-los constantemente para que a equipe possa manter-se atualizada, automotivada e propiciando resultados. TEMA 5 – HABILIDADES EMOCIONAIS DO LÍDER Para que um líder alcance o sucesso em sua carreira, quais habilidades emocionais são necessárias? O que ele precisa ter e ser para que consiga aglutinar pessoas em torno de um objetivo comum e levá-los a alcançar esse objetivo? Existem várias respostas a essas perguntas. Neste tema, nosso objetivo é proporcionar uma visão daquilo que é relevante em termos de habilidades emocionais exigidas dos profissionais que exercem a liderança, seja ela formal, através da ocupação de um cargo, ou informal, aquela que ocorre sem necessariamente o colaborador estar ligado a alguma estrutura de poder formal presente na organização. Para Vizioli e Calegari (2010), os executivos brasileiros são valorizados e requisitados mundo afora especialmente por terem aprendido a usar a favor de sua carreira o “jeitinho brasileiro”, no sentido positivo do termo, como sinônimo de flexibilidade e adaptabilidade do profissional em “se virar” nas mais diversas 14 situações inesperadas e não planejadas. Essa condição de conseguir, em meio ao caos, encontrar um porto seguro e levar sua equipe até ele, alcançando resultados e chegando aos objetivos, faz de nossos executivos/líderes profissionais cobiçados e valorizados. A seguir, reproduzimos um quadro apresentado pelos autores acima com os principais comportamentos de liderança. Agregar consensos e administrar conflitos Assumir o papel de coach Comunicar clara e objetivamente Criar e sustentar um ambiente de aprendizagem contínua Dar feedback claro e objetivo Delegar adequadamente Identificar e desenvolver talentos Influenciar para comprometer Inspirar e motivar Ouvir genuinamente Fonte: Vizioli e Calegari, 2010. Algumas habilidades que podem estar nos profissionais que ocupam ou pretendem ocupar cargos de liderança em suas carreiras: Empatia: diz respeito à capacidade de um ser humano se colocar no lugar do outro, vê-lo com seus valores, considerando sua história de vida, suas origens, trajetória, glórias e fracassos. O líder deve colocar a empatia como uma forma preferencial de atitude – no sentido de disposição para ter certos comportamentos e ações – pois só assim conseguirá ver/perceber seus colaboradores de forma realista e, com isso, oferecerá respostas – comportamentos – mais adequados a cada situação e frente a cada pessoa. Capacidade de suportar pressão: a vida do líder em qualquer organização não é fácil, nos dias atuais é pior ainda se compararmos ao passado, pois a concorrência não para de crescer, a exigência de maior qualidade, maior agilidade, melhores respostas, retorno imediato são características cada vez mais marcantes no mercado atualmente. Assim, o líder deve ter claro que será um escudo, receberá pressões de todos os 15 lados e, para tanto, deve aprender a suportá-las a fim de que possa entendê-las, absorvê-las e distribuí-las de forma suave, com vistas a não desmotivar sua equipe. Ele recebe a pressão, amortece-a e a distribui de forma mais tranquila do que a recebeu. Resiliência: conceito já tratado anteriormente, a repetição é de propósito, pois essa é uma habilidade essencial ao líder. Ele deve ter a capacidade de enfrentar obstáculos e dificuldades e manter-se centrado, firme e inteiro para continuar dando suporte à sua equipe para que chegue aonde foi planejado. Sensibilidade: em tempos de diversidade, de politicamente correto, de maior valorização das relações, cabe ao líder ser sensível às pessoas, a seus sentimentos, problemas, inquietações, desejos e aspirações. Só sendo sensível à causa do outro é que conseguirá se aproximar, compreender melhor as pessoas e, com isso, criar relações profissionais sólidas na base da confiança que leve o subordinado a ver no líder uma pessoa com que ele pode contar. Capacidade de agregar pessoas: o líder sabe que o sucesso é alcançado especialmente por meio das pessoas. Logo, fazer uma excelente seleção dos membros de sua equipe é primordial para se ter um time integrado e vencedor. Se o líder não entender de seleção e suas técnicas, ficará nas mãos do seu RH ou dos próprios candidatos em processos seletivos. Vale a pena investir em livros, cursos e vivências para entender mais de agregar pessoas à equipe. Equilíbrio: sem ele, nenhum profissional avançará em sua carreira. Essa habilidade é uma exigência presente o tempo todo na atuação do líder, e não se admitem rompantes e ações extremadas que possam causar desconforto na equipe e comprometer resultados. O líder deve dosar razão e emoção no trato de pessoas, processos e negócios. Comunicação assertiva: talvez seja esse o maior desafio ao líder na atualidade – desenvolver uma comunicação assertiva, na qual se fala o que se pensa, escolhendo os melhores termos, o melhor local, no tom adequado e com palavras que vão impactar positivamente o outro, fazendo-o responder de forma apropriada ao processo comunicativo, inclusive empregando ações rápidas e acertadas à situação em foco no momento. 16 Coach: saber desenvolver pessoas, preparando-as para realizar adequadamente suas atribuições e levando-as a se prepararem para novos desafios é uma das habilidades esperadas do líder. Persistência: o líder é e será sempre uma referência para os liderados; se ele não for o exemplo de persistência, de resistência, de força e vitalidade dentro da equipe, ela sucumbirá frente aos primeiros obstáculos mais robustos e perigosos. O líder deve chamar para si a responsabilidade de ser a muralha instransponível pelas dificuldades mais sériase graves, assim servirá de apoio e inspiração aos seus liderados. Automotivação: essa não é uma habilidade fácil de se ter ou de se desenvolver, mas é primordial ao líder. Ele deve ter clareza de que é ele seu maior motivador. São seus projetos, metas e objetivos que devem motivá-los constantemente. Se uma cebola podre pode levar as outras para o mesmo destino, ser descartada, na liderança não é diferente. Entretanto, ele deve ser visto como o profissional que encontra forças e motivos para continuar agindo para transformar dificuldades em oportunidades. Flexibilidade: ter jogo de cintura, capacidade de encarar uma situação por vários ângulos e oferecer diversas possibilidades de resolução é uma habilidade do líder fundamental, pois tudo muda o tempo todo. Ele deve ter a condição de entender as mudanças ou antecipá-las preparando sua equipe para responder da melhor forma possível. Autoconfiança: sendo ele uma referência para os membros de sua equipe, deve transpirar autoconfiança, contaminando positivamente as demais pessoas a acreditarem que podem mais, que conseguem superar obstáculos, que têm condições de apresentar resultados excepcionais. Essa característica não deve ser propagada verbalmente, mas exposta por meio de exemplos, ações, comportamentos que denotem com clareza que o líder a possui e em bom nível. Centro de controle interno: isso significa que o líder deve trazer para si, para seu interior, para seu eu, a responsabilidade por tudo aquilo que lhe acontece, seja de bem ou de mal, positivo ou negativo. Ter um centro de controle interno significa ter clareza de que o que somos e o que nos acontece é fruto de nossas ações, nossa visão de homem e de mundo, nossos comportamentos. 17 Capacidade de avaliar e dar feedback: se o líder espera que seus colaboradores se desenvolvam, ele deve, primeiro, avaliar formalmente e periodicamente seus trabalhadores; depois que a avaliação estiver compilada e organizada, deve centrar-se e se preparar para dar o retorno aos seus. Essa preparação pode ocorrer por meio do autodesenvolvimento ou através de treinamento oferecido ou contratado pelo RH. Uma boa avaliação e um feedback adequado farão toda a diferença no desenvolvimento dos membros e da equipe como um todo. FINALIZANDO Inicialmente, tratamos do conceito e das características da inteligência emocional, depois discutimos razão e emoção e sua importância na atuação da liderança. Em seguida, passamos a descrever os estilos de liderança, suas características, aplicações, vantagens, desvantagens e a aplicação de cada estilo. Prosseguindo, apresentamos o conceito de self coaching voltado à autoeducação emocional. Para finalizar, listamos e discutimos as principais habilidades emocionais do líder. LEITURA OBRIGATÓRIA Texto de abordagem teórica Capítulo 8 do livro presente em nossa biblioteca virtual: SELMAN, J. Liderança. São Paulo: Pearson Prentince Hal, 2010. Texto de abordagem prática Sobre inteligência emocional, leia o artigo A inteligência emocional na liderança e sua relação com a melhoria da comunicação interpessoal nas organizações: estado do conhecimento no Seget, disponível em: <https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos14/1620409.pdf>. Acesso em: 1º jun. 2018. https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos14/1620409.pdf 18 REFERÊNCIAS CHIAVENATO, I. Gestão de Pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 4. ed. Barueri: Manole, 2014. GOLEMAN, D. Inteligência emocional. Lisboa: Temas e Debates – Actividades Editoriais, 1995. HARVARD BUSINESS REVIEW. Liderança: os melhores artigos da Harvard Business Review. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. LOTZ, E, G; GRAMMS, L; Coaching e mentoring (livro eletrônico). Curitiba: InterSaberes, 2014. ROBBINS, S, Comportamento organizacional. 11. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. VIZIOLI, M.; CALEGARI, M. L.; Liderança: a força do temperamento. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010.