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Divinópolis - MG 2019 LIDIANE LIMA DO AMARAL A EFICIÊNCIA DO TRATAMENTO DE PACIENTES PSICÓTICOS NA VISÃO PSICANALÍTICA LIDIANE LIMA DO AMARAL A EFICIÊNCIA DO TRATAMENTO DE PACIENTES PSICÓTICOS NA VISÃO PSICANALÍTICA Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Psicologia da Instituição Faculdade Pitágoras de Divinópolis como parte dos requisitos para a obtenção do título de Bacharel em Psicologia. Orientador (a): Andresa Gomes / Evaldo Santana / Cláudia Leite / Carlos Eduardo Rodrigues. Divinópolis - MG 2019 LIDIANE LIMA DO AMARAL A EFICIÊNCIA DO TRATAMENTO DE PACIENTES PSICÓTICOS NA VISÃO PSICANALÍTICA Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Psicologia da Instituição Faculdade Pitágoras de Divinópolis como parte dos requisitos para a obtenção do título de Bacharel em Psicologia. BANCA EXAMINADORA Cláudia Aparecida de Oliveira Leite Prof.(a). Titulação Nome do Professor(a) Carlos Eduardo Rodrigues Prof.(a). Titulação Nome do Professor(a) Prof.(a). Titulação Nome do Professor(a) Divinópolis, 10 de dezembro de 2019 Dedico este trabalho aos meus professores, tutores, em especial a minha professora Cláudia Leite. AGRADECIMENTOS Agradeço aos meus professores e tutores que me orientaram nessa caminhada acadêmica até aqui e a minha professora Cláudia Leite, em especial, pela orientação obtida para a realização deste trabalho. AMARAL, Lidiane Lima do. A Eficiência do Tratamento de Pacientes Psicóticos na Visão Psicanalítica. 2019. 26 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Psicologia) – Faculdade Pitágoras, Divinópolis, 2019. RESUMO O objetivo geral deste trabalho foi estudar os possíveis tratamentos em pacientes psicóticos perante a visão psicanalítica. O processo de investigação apresentado se classificou como uma revisão bibliográfica, de abordagem qualitativa e descritiva, na perspectiva psicanalítica, pautando suas discussões em Freud, Lacan e outros autores psicanalíticos, tornando relevante este estudo pela importância de como esses pacientes reagem e evoluem diante do tratamento e como é o convívio estabelecido entre eles com a sociedade e familiares diante de tantos conflitos interiores e dificuldades enfrentadas no dia-a-dia dos mesmos, portanto, este estudo é relevante por se tratar de um quadro complexo com sintomas que apresentam um grau de periculosidade amplo diante de certos comportamentos apresentados por pacientes psicóticos, sendo assim, é de grande relevância buscar estudos voltados para formas adequadas de tratamentos para pacientes psicóticos e também entender como ocorre a inserção social desses pacientes diante de tantos estigmas. Palavras-chave: Psicanálise; Psicose; Freud; Lacan; Caso Schreber. AMARAL, Lidiane Lima do Amaral. The Efficiency of Treatment of Psychotic Patients in the Psychoanalytic View. 2019. 26 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Psicologia) – Faculdade Pitágoras, Divinópolis, 2019. ABSTRACT The general objective of this work was to study the possible treatments in psychotic patients in the psychoanalytical view. The research process presented was classified as a bibliographical review, with qualitative and descriptive approach, in the psychoanalytical perspective, guiding their discussions in Freud, Lacan and other psychoanalytic authors, making this study relevant because of the importance of how these patients react and evolve before treatment. and how is the relationship established between them with society and family in the face of so many inner conflicts and difficulties faced in their daily lives, therefore, this study is relevant because it is a complex picture with symptoms that present a degree of It is very dangerous to face certain behaviors presented by psychotic patients, so it is of great relevance to look for studies focused on appropriate forms of treatment for psychotic patients and also to understand how the social insertion of these patients occurs under so many stigmas. Key-words: Psychoanalysis; Psychosis; Freud; Lacan; Schreber case. “A angústia surge do momento em que o sujeito está suspenso entre um tempo em que ele não sabe mais onde está, em direção a um tempo onde ele será alguma coisa na qual jamais se poderá reencontrar”. Jacques Lacan SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO..............................................................................................10 2. CONCEITO DE PSICOSE............................................................................12 3. OS DESAFIOS ENFRENTADOS NO TRATAMENTO DE PSICÓTICOS.....17 4. MÉTODOS PSICANALÍTICOS ADOTADOS QUE CONTRIBUÍRAM PARA O TRATAMENTO DE PACIENTES PSICÓTICOS..............................................................21 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................25 REFERÊNCIAS.................................................................................................26 https://d.docs.live.net/9fa493c65fe7a225/Documents/Pitágoras/9º%20Período/TCC%20I%20-%20Evaldo/LIDIANE_AMARAL_ATIVIDADE3.docx#_Toc503358475 https://d.docs.live.net/9fa493c65fe7a225/Documents/Pitágoras/9º%20Período/TCC%20I%20-%20Evaldo/LIDIANE_AMARAL_ATIVIDADE3.docx#_Toc503358476 https://d.docs.live.net/9fa493c65fe7a225/Documents/Pitágoras/9º%20Período/TCC%20I%20-%20Evaldo/LIDIANE_AMARAL_ATIVIDADE3.docx#_Toc503358480 https://d.docs.live.net/9fa493c65fe7a225/Documents/Pitágoras/9º%20Período/TCC%20I%20-%20Evaldo/LIDIANE_AMARAL_ATIVIDADE3.docx#_Toc503358481 https://d.docs.live.net/9fa493c65fe7a225/Documents/Pitágoras/9º%20Período/TCC%20I%20-%20Evaldo/LIDIANE_AMARAL_ATIVIDADE3.docx#_Toc503358481 10 1. INTRODUÇÃO Temos na atualidade alguns aspectos clínicos que são muito relevantes e que devem ser considerados, pois faz toda diferença quanto ao tratamento, ou seja, considera-los ou não. Primeiramente, quanto a esses aspectos clínicos, aspectos bem voltados para a prática, para a condução do tratamento, o primeiro aspecto que se deve chamar bastante atenção, é relativo à psicose, pois o psicótico pode e usualmente desenvolve formas próprias de lidar com aquilo que se passa com ele. Um alcance clínico considerável e na contramão de muito do que se pensa acerca da psicose, por exemplo, é em relação ao delírio, pois esse delírio poderá ser uma forma de reconstruir o sujeito a partir de um surto que possa acontecer futuramente. Esse delírio seria uma forma de invenção psicótica em que o sujeito inventa de maneira subjetiva algo que fez uma sutura no delírio, nas alucinações dele. Este estudo é relevante por se tratar de um quadro complexo com sintomas que apresentam um grau de periculosidade amplo diante de certos comportamentos apresentados por pacientes psicóticos, sendo assim, é de grande relevância buscar estudos voltados para formas adequadas de tratamentos para pacientes psicóticos e também entender como ocorre a inserção social desses pacientes diante de tantos estigmas. O problema de pesquisa é definido trazendo a seguinte questão: Em que sentido a psicanálise pode contribuir na eficiência dos tratamentos de pacientes psicóticos? O objetivo geral foi estudar os possíveis tratamentos em pacientes psicóticos perante a visão psicanalítica. Os objetivos específicos foram conceituar a psicose pela perspectiva psicanalítica, descrever os desafios enfrentados no tratamento de psicóticos e definir métodos psicanalíticos adotados quecontribuíram para o tratamento de pacientes psicóticos. O processo de investigação apresentado se classificou como uma revisão bibliográfica, de abordagem qualitativa e descritiva, na perspectiva psicanalítica, pautando suas discussões em Freud, Lacan e outros autores psicanalíticos. Possuiu um caráter teórico com o objetivo de contribuir para o meio acadêmico na realização de pesquisas futuras a outros investigadores que poderão dar 11 continuidade ao tema abordado, buscando informações em fontes primárias (livros) e fontes secundárias (artigos científicos), cujos autores gozem de prestígio no meio científico e acadêmico. As etapas consistiram no levantamento bibliográfico, acompanhado, por conseguinte da elaboração do plano provisório de onde se construiu a estrutura da pesquisa apresentada e de posse destas referências partiu-se para o processo de leitura, apenas em idioma Português, segundo os objetivos deste trabalho, sendo considerados estudos realizados de 2010 a 2019, incluindo clássicos sobre o tema e descritores (Psicanálise, Psicose, Caso Schreber, Freud, Lacan, etc.), com pesquisas bibliográficas em livros acadêmicos, revistas científicas e sites confiáveis como Pepsic, Scielo, entre outros. 12 2. CONCEITO DE PSICOSE As síndromes psicóticas caracterizam-se por sintomas típicos como alucinações e delírios, pensamento desorganizado e comportamento claramente bizarro, como fala e risos imotivados. Os sintomas paranoides são muito comuns, como ideias delirantes e alucinações auditivas de conteúdo persecutório. Em alguns casos, observa-se uma desorganização profunda da vida mental e do comportamento, de qualidade diversa à que ocorre nos quadros demenciais, no delirium ou nos quadros de retardo mental grave (DALGALARRONDO, 2008). O paranoico constitui-se como objeto de investimento, a partir da imaginarização de um eu unificado no corpo que opera de maneira especular com os outros. A especularidade e a ausência da inscrição da falta no campo do simbólico propiciam a subjetivação de um Outro denso, pleno e tirano, na paranoia. Assim, comumente, encontramos nesses casos a certeza psicótica que implica esse Outro não marcado pela falta, em relação ao qual o paranoico se toma como objeto da vontade de seu gozo (GUERRA, 2010). De uma forma geral, podemos dizer que Freud (1915) utiliza preferencialmente o termo paranoia quando há delírio, mas prefere se referir a esquizofrenia ao descrever o distúrbio das associações e o inconsciente a céu aberto na psicose. Na verdade, porém, Freud emprega com mais frequência o termo psicose, sem distinção do tipo clínico. Lacan segue essa mesma linha, utilizando por vezes o termo paranoia para se referir à psicose em geral, sem deixar, todavia, de conservar a distinção entre seus tipos clínicos, como podemos encontrar em vários momentos de seu ensino (QUINET, 2009). Como Freud (1915) o faz em relação ao narcisismo e ao autoerotismo, Lacan considera a paranoia como vinculada à imagem alienante do eu do estádio do espelho, que é projetada no outro, e a esquizofrenia, tributária das imagens do corpo despedaçado (pelas pulsões auto eróticas), que se encontram no tempo lógico anterior à constituição da imagem gestáltica e ortopédica do eu a partir da imagem do outro (QUINET, 2009). Os autores de orientação psicodinâmica tendem a dar ênfase à perda de contato com a realidade como dimensão central da psicose. O paciente psicótico, nessa perspectiva, passaria a viver fora da realidade, sem ser regido pelo 13 princípio de realidade, e viveria predominantemente sob a égide do princípio do prazer e do narcisismo. Pacientes psicóticos tipicamente têm insight prejudicado (precária consciência da doença) em relação aos seus sintomas e à sua condição clínica geral (DALGALARRONDO, 2008). A principal forma de psicose, por sua frequência e sua importância clínica, é certamente a esquizofrenia. Considera-se que alguns sintomas são muito significativos para o diagnóstico da esquizofrenia (DALGALARRONDO, 2008). Segundo Bleuler (1988) as ideias delirantes dos esquizofrênicos trazem geralmente o traço do ilogismo. É assim que representações contraditórias e descosidas podem coexistir com ideias delirantes; assim a contradição mais flagrante com a realidade pode não ser percebida. Ele indica a tendência à assistematização dessas ideias delirantes que podem levar a um “caos delirante”. No que concerne a seu conteúdo, elas são predominantemente persecutórias, e os pacientes sentem que “eles” estão sempre atrás deles xingando-os, denegrindo-os e querendo seu mal (QUINET, 2009). O problema da psicose não seria o da perda da realidade, mas o do expediente daquilo que vem substituí-la. Em outras palavras, devemos seguir os caminhos que o próprio sujeito encontra para tratar daquilo que escapa na sua condição de ser falante (GUERRA, 2010). As correlações que existem entre um sintoma e a identificação diagnóstica supõem a entrada em cena de uma cadeia de procedimentos intrapsíquicos e intersubjetivos, que dependem da dinâmica do inconsciente. Esta dinâmica jamais se desenvolve no sentido de uma implicação lógica e imediata entre a natureza de um sintoma e a identificação da estrutura do sujeito que manifesta este sintoma. O conhecimento atual que temos desses procedimentos inconscientes invalida, de antemão, uma possibilidade assim, de relação causal imediata (DOR, 1991). A irrupção da psicose, ou o desencadeamento psicótico, ocorre justo quando, acidentalmente, surge uma questão sobre o seu ser, ou seja, quando o Nome-do-Pai foracluído, isto é, jamais advindo no lugar do Outro, é ali invocado em oposição simbólica ao sujeito, numa posição terceira em uma relação que tenha por base a relação imaginária, dual e especular (GUERRA, 2010). No nível simbólico, assistimos não a uma decadência dos ideais, como se costuma dizer na maioria das vezes, mas a uma fragmentação. Os ideais não 14 desapareceram, porém são cada vez mais cacofônicos, multiplicando-se ao sabor das contingências de lugares e épocas, variáveis conforme os continentes, os países, as cidades e até os bairros, aleatórios, portanto, no real, há também uma multiplicação dos objetos, dos engodos de satisfação, que chega até à pulverização das ofertas de gozo. A essa dispersão do simbólico e a essa fragmentação do real vêm somar-se ainda os reflexos plurais do imaginário (SOLER, 2007). Freud em 1924, em seu escrito “Neurose e Psicose”, ressalta a psicose como o desfecho análogo de um distúrbio nas relações entre o ego e o mundo externo, o ego, a serviço do id, se afasta de um fragmento da realidade, a perda de realidade estaria necessariamente presente. O mundo exterior não é percebido de modo algum ou a percepção dele não possui qualquer efeito. O ego cria, autocraticamente, um novo mundo externo e interno, e não pode haver dúvida quanto a dois fatos: que esse novo mundo é construído de acordo com os impulsos desejosos do id e que o motivo dessa dissociação do mundo externo é alguma frustração muito séria de um desejo, por parte da realidade, frustração que parece intolerável. Também em 1924, em seu escrito “A perda da realidade na Neurose e na Psicose”, Freud ressalta que em uma psicose, a transformação da realidade é executada sobre os precipitados psíquicos de antigas relações com ela, isto é, sobre os traços de memória, as ideias e os julgamentos anteriormente derivados da realidade e através dos quais a realidade foi representada na mente. Essa relação, porém, jamais foi uma relação fechada; era continuamente enriquecida e alterada por novas percepções. Assim, a psicose também depara com a tarefa de conseguir para si própria percepções de um tipo que corresponda à nova realidade, e isso muito radicalmente se efetuamediante a alucinação. Sabemos que outras formas de psicose, as esquizofrenias, inclinam-se a acabar em uma hebetude afetiva, isto é, em uma perda de toda participação no mundo externo (FREUD, 1924). A etiologia comum ao início de uma psicose consiste em uma frustração, em uma não-realização, de um daqueles desejos de infância que nunca são vencidos e que estão profundamente enraizados em nossa organização filogeneticamente determinada. Podemos provisoriamente presumir que há elos 15 com doenças que se baseiam em um conflito entre o ego e o superego (FREUD, 1924). A análise nos dá o direito de supor que a melancolia é um exemplo típico desse grupo, e reservaríamos o nome de psiconeuroses narcísicas para distúrbios desse tipo (FREUD, 1924). O novo e imaginário mundo externo de uma psicose tenta colocar-se no lugar da realidade, um fragmento diferente daquele contra o qual tem de defender-se, e emprestar a esse fragmento uma importância especial e um significado secreto que nós chamamos de simbólico. Na psicose interessa a questão não apenas relativa a uma perda da realidade, mas também a um substituto para a realidade. (FREUD, 1924). A tese de que as neuroses e as psicoses se originam nos conflitos do ego com as suas diversas instâncias governantes, elas refletem um fracasso ao funcionamento do ego, que se vê em dificuldades para reconciliar todas as várias exigências feitas a ele, essa tese precisa ser suplementada em mais um ponto. Seria desejável saber em que circunstâncias e por que meios o ego pode ter êxito em emergir de tais conflitos, que certamente estão sempre presentes, sem cair enfermo. Trata-se de um novo campo de pesquisa, onde sem dúvida os mais variados fatores surgirão para exame. Dois deles, porém, podem ser acentuados em seguida. Em primeiro lugar, o desfecho de todas as situações desse tipo indubitavelmente dependerá de considerações econômicas das magnitudes relativas das tendências que estão lutando entre si. Em segundo lugar, será possível ao ego evitar uma ruptura em qualquer direção deformando-se, submetendo-se a usurpações em sua própria unidade e até mesmo, talvez, efetuando uma clivagem ou divisão de si próprio. Desse modo as incoerências, excentricidades e loucuras dos homens apareceriam sob uma luz semelhante às suas perversões sexuais, através de cuja aceitação poupam a si próprios repressões (FREUD, 1924). Com referência à gênese dos delírios, inúmeras análises nos ensinaram que o delírio se encontra aplicado como um remendo no lugar em que originalmente uma fenda apareceu na relação do ego com o mundo externo. Se essa precondição de um conflito com o mundo externo não nos é muito mais observável do que atualmente acontece, isso se deve ao fato de que, no quadro clínico da psicose, as manifestações do processo patogênico são amiúde 16 recobertas por manifestações de uma tentativa de cura ou uma reconstrução (FREUD, 1924). O diagnóstico da psicose nunca se fecha, ele sempre é um diagnóstico em aberto, não se sabe como que o sujeito vai conseguir manejar futuramente o delírio, as alucinações, então deve ser feita, de certa maneira, uma anamnese desse sujeito que se apresenta com esse quadro, através de um diagnóstico diferencial apontando a psicose, pois isso é muito preocupante e o paciente deve estar fazendo um acompanhamento psiquiátrico. 17 3. OS DESAFIOS ENFRENTADOS NO TRATAMENTO DE PSICÓTICOS Freud (1911) apresenta um relato autobiográfico de um caso de paranoia, o caso Schreber. A importância da análise de Schreber, contudo, de maneira alguma se restringe à luz que lança sobre o problema da paranoia. A investigação psicanalítica da paranoia seria completamente impossível se os próprios pacientes não possuíssem a peculiaridade de revelar (de forma distorcida) exatamente aquelas coisas que outros neuróticos mantêm escondidas como um segredo. Sobre a formação do delírio, Lacan afirma que no delírio paranoico trata- se de um delírio de significação, de modo que tudo que cerca o alienado são signos repletos de significação própria, a ele endereçados. Sobre a posição delirante de Schreber, Lacan (1955-1956, p. 94-95) afirma: Ele é violado, manipulado, transformado, falado de todas as maneiras, é, eu diria, tagarelado. […] É justamente disso que se trata – ele é a sede de todo um viveiro de fenômenos […]. Num sujeito como Schreber, as coisas vão tão longe que o mundo inteiro está tomado desse delírio de significação, de tal modo que se pode dizer que, ao invés de estar só, quase nada há de tudo o que o cerca que, de certo modo, ele não seja. A primeira doença de Schreber teve início em 1884, em fins de 1885 achava-se completamente restabelecido. Durante este período, passou seis meses na clínica de Flechsig, que, em relatório formal redigido posteriormente, descreveu o distúrbio como sendo uma crise de grave hipocondria (FREUD, 1911). A segunda enfermidade manifestou-se em fins de 1893, com um torturante acesso de insônia, forçando-o a retornar à clínica, onde, porém, sua condição piorou rapidamente (FREUD, 1911). No início de seu internamento, expressava mais ideias hipocondríacas, queixava-se de ter um amolecimento do cérebro, de que morreria cedo, etc., mas ideias de perseguição já surgiam no quadro clínico, baseadas em ilusões sensórias que, contudo, só pareciam ser esporadicamente, no início, enquanto, ao mesmo tempo, um alto grau de hiperestesia era observável - grande sensibilidade à luz e ao barulho (FREUD, 1911). 18 Mais tarde, as ilusões visuais e auditivas tornaram-se muito mais frequentes e, junto com distúrbios cenestésicos, dominavam a totalidade de seu sentimento e pensamento. Acreditava estar morto e em decomposição, que sofria de peste; asseverava que seu corpo estava sendo manejado da maneira mais revoltante, e, como ele próprio declarava, passou pelos piores horrores que alguém possa imaginar, e tudo em nome de um intuito sagrado (FREUD, 1911). O paciente estava tão preocupado com estas experiências patológicas, que era inacessível a qualquer outra impressão e sentava-se perfeitamente rígido e imóvel durante horas (estupor alucinatório). Por outro lado, elas o torturavam a tal ponto, que ele ansiava pela morte. Fez repetidas tentativas de afogar-se durante o banho e pediu que lhe fosse dado o “cianureto que lhe estava destinado”. Suas ideias delirantes assumiram gradativamente caráter místico e religioso; achava-se em comunicação direta com Deus, era joguete de demônios, via “aparições miraculosas”, ouvia “música sagrada”, e, no final, chegou mesmo a acreditar que estava vivendo em outro mundo (FREUD, 1911, p. 380). Poderíamos partir das próprias declarações delirantes do paciente ou das causas ativadoras de sua moléstia. Parece que a pessoa a quem o delírio atribui tanto poder e influência, a cujas mãos todos os fios da conspiração convergem, é, se claramente nomeada, idêntica a alguém que desempenhou papel igualmente importante na vida emocional do paciente antes de sua enfermidade, ou facilmente reconhecível como substituto dela. A intensidade da emoção é projetada sob a forma de poder externo, enquanto sua qualidade é transformada no oposto. A pessoa agora odiada e temida, por ser um perseguidor, foi, n’outra época, amada e honrada (FREUD, 1911). O principal propósito da perseguição asseverada pelo delírio do paciente é justificar a modificação em sua atitude emocional. A característica mais notável da formação de sintomas na paranoia é o processo que recebe o nome de projeção. Uma percepção interna é suprimida e seu conteúdo, após sofrer certo tipo de deformação, ingressa na consciência sob a forma de percepção externa. Nos delírios de perseguição, a deformação consiste numa transformação do afeto; o que deveriater sido sentido internamente como amor é percebido externamente como ódio (FREUD, 1911). 19 A formação delirante, que presumimos ser o produto patológico, é, na realidade, uma tentativa de restabelecimento, um processo de reconstrução. Tal reconstrução após a catástrofe é bem-sucedida em maior ou menor grau, mas nunca inteiramente. Nas palavras de Schreber, houve uma profunda mudança interna no mundo, mas o indivíduo humano recapturou uma relação e, frequentemente, uma relação muito intensa, com as pessoas e as coisas do mundo, onde anteriormente foi esperançosamente afetuosa (FREUD, 1911). Com recorrentes crises hipocondríacas, Schreber se depara com um cargo impossível de ocupar, o de representante da lei, dado seu modo peculiar de funcionar simbolicamente com o corpo e com a linguagem. Ele passa a ter alucinações que ganham um colorido delirante até o ponto em que se estabilizam na ideia de como seria bom copular com Deus e ser sua mulher para gerar uma nova raça de homens. Delírio que lhe confere uma lógica interna, não partilhada pelos demais, mas que, ao mesmo tempo, lhe permite rei vindicar a retomada de suas atividades profissionais (GUERRA, 2010). Em junho de 1893, Schreber foi informado de sua nomeação. Em 1º de outubro do mesmo ano, ele assumiu o cargo e no final desse mesmo mês explode com todo vigor a sua loucura. Após a sua nomeação, um belo dia, num estado hipnopômpico, ele teve a seguinte fantasia: “Deve ser muito bom ser mulher e submeter-se ao ato da cópula.” Essa ideia, diz ele em suas “Memórias”, seria tratada com a maior indignação caso surgisse em plena consciência. Essa fantasia percorrerá seu caminho até desembocar no delírio de transformação na Mulher de Deus. Este ser divinizado, que é o Outro enquanto Deus, gozando de seu corpo, o fecundará para dar origem a uma nova raça de homens schreberianos (QUINET, 2011). A particularidade de o psicótico revelar, embora de forma distorcida, aquilo que o neurótico conserva em segredo é o que permitiu a Freud no caso Schreber analisar o escrito de um indivíduo que jamais vira. Na psicose é a própria estrutura da linguagem do inconsciente que é revelada, e o Outro do sujeito aparece desvelado, consistente e absoluto. Tal é o caso do Outro de Schreber, esse Deus feito de linguagem e gozo (QUINET, 2011). A constituição do Outro de Schreber, seu Deus, é concomitante à construção da metáfora delirante de “Mulher de Deus” que vem suprir a foraclusão do Nome-do-Pai. É em torno dessa metáfora que Schreber construiu 20 sua ordem delirante: a erotomania divina. Uma vez estabelecido, o delírio lhe permite percorrer no real o caminho de ser pai, até então impossível ao nível simbólico devido à carência do significante da paternidade. Seu delírio demonstra o traço característico da produção psicótica evidenciado por Lacan: o que está foracluído no simbólico retorna no real (QUINET, 2011). O advento da metáfora delirante tem como função suprir o Nome-do-Pai foracluído do simbólico. Devido a esse suprimento, Schreber se restabelece sob a forma de estabilização de seu delírio. Seu mundo não é mais um aglomerado de imagens vazias. A indução do significante permite-lhe instituir uma ordem, apesar de delirante, e reconstruir o mundo (QUINET, 2011). O que a solução delirante da foraclusão nos ensina é que as relações com os outros “são perfeitamente compatíveis”, como diz Lacan, “com a relação fora- do-eixo com o grande Outro e com tudo o que ela comporta de anomalia radical” (QUINET, 2009, p.52). Freud vê no delírio a reconstrução do mundo como tentativa de cura, como no caso Schreber. Nos delírios esquizofrênicos que se estabilizam a partir do advento de uma metáfora delirante, encontramos a figura da assíntota destacada por Freud. Ela denota a realização (do que constitui o delírio) apenas num futuro, que se prolonga infinitamente, e que o sujeito jamais conhecerá em vida. No caso de Schreber, sua transformação em mulher se dará num futuro assintótico. Só depois ele efetivamente copulará com Deus, dando origem a uma nova raça de homens (QUINET, 2009). Uma tentativa de cura é o delírio, pois ele irá saturar a realidade rompida, o sujeito rompendo com a realidade romperá com as relações interpessoais e voltará o investimento libidinal para dentro do próprio eu, enquanto ele faz toda uma reconstrução disso, a partir do delírio, das alucinações e das construções verbais, o sujeito não julgará as coisas com a mesma propriedade consciente que tinha antes do surto. Nem todos os pacientes psicóticos tem condições de estruturar o delírio, desde o desencadeamento até a primeira exposição, as ideias delirantes e até chegar no consentimento do gozo do outro, como é no caso de Schreber, quando ele aceita ser a mulher de Deus, possibilitando uma construção, produzindo seus delírios, aquilo que faltava na sua constituição subjetiva era o nome do pai, marcando o sujeito escrito dentro de uma norma simbólica, ele faz essa construção. 21 4. MÉTODOS PSICANALÍTICOS ADOTADOS QUE CONTRIBUÍRAM PARA O TRATAMENTO DE PACIENTES PSICÓTICOS O estudo do delírio de Schreber tem o interesse eminente de nos permitir discenir de maneira desenvolvida a dialética imaginária (LACAN, 1955). Ensina- se, seguindo Freud, que o Outro é o lugar da memória que ele descobriu pelo nome de inconsciente, memória que ele considera como objeto de uma questão que permanece em aberto, na medida em que condiciona a indestrutibilidade de certos desejos (LACAN, 1998). No tratamento da psicose, o analista não compreende e também não remete o sujeito psicótico à impossibilidade do simbólico. O analista busca, sim, testemunhar, sustentar significantes do sujeito psicótico capazes de dar contorno ao real, capazes de dar contorno a este sujeito que vive às bordas da loucura e que pode, a qualquer momento, despencar no furo da psicose. O analista sustenta os significantes do sujeito tendo como princípio ético o respeito àquilo que o próprio paciente traz na transferência. O analista não interpola o sujeito psicótico com as suas compreensões ou o remete à impossibilidade do simbólico, o delírio é visto como o modo particular do sujeito psicótico lidar com a própria castração e, assim sendo, relembra-se o fato de que a ética da psicanálise não preconiza a remoção do sintoma delírio, mas sim, a possibilidade de ressignificação desta experiência delirante, na transferência, como direção de tratamento psicanalítico da psicose (LACAN, 1955). Observa-se a experiência clínica e percebe-se que o manejo da transferência, descrito no Seminário As Psicoses, pode trazer à tona outros significantes do sujeito pertinentes para a sua estabilização ou significantes pertinentes para dar contorno àquilo que não foi simbolizado e que retorna no real. É no próprio delírio do sujeito psicótico que se encontra algo sobre a sua verdade pessoal (LACAN, 1955). A clínica psicanalítica não é uma clínica descritiva, nem fenomenológica, mas é uma clínica estrutural, na medida em que o diagnóstico se estabelece na transferência. O que não quer dizer que o diagnóstico seja um diagnóstico sobre a transferência do sujeito, considerando a transferência que ele organiza como um fenômeno a mais. Não é disso que se trata. Trata-se do fato que na transferência que o discurso do paciente organiza, a partir do lugar no qual o 22 paciente coloca o terapeuta é que um diagnóstico é possível, é que uma clínica da psicose é possível (CALLIGARIS, 1989). Em outras palavras, a clínica psicanalítica, por ser estrutural, quer dizer, por ser fundada na transferência (com a hipótese que o laço transferencial desdobre a estrutura mesma do paciente), permite um diagnóstico de psicose mesmo na ausência de fenômenos classicamente psicóticos. Mais precisamente, a clínica psicanalítica pode falar de estrutura psicótica,na ausência de qualquer crise psicótica e das suas manifestações (CALLIGARIS, 1989). A partir da evidência clínica do desencadeamento da crise, está certo que a psicose aparece como um efeito de forclusão. No desencadeamento da crise existe sempre alguma coisa como uma injunção feita ao sujeito psicótico de referir-se a uma amarragem central, paterna. Ele não tem possibilidade de referir-se a esta amarragem, que não foi simbolizada por ele, e a partir daí começa uma crise, com os fenômenos que a psiquiatria clássica descreveu, a saber, estado crepuscular, alucinação auditiva, tentativa de constituição de um delírio, alucinações cenestésicas, não auditivas, e assim por diante (CALLIGARIS, 1989). Poder explicitar, a partir do momento do desencadeamento da crise, explicitar publicamente o caminho percorrido para chegar à construção de uma metáfora delirante, em muitos casos é algo importante para um sujeito psicótico: um momento de socialização da metáfora que está sustentando o sujeito. É um momento importante porque é a prova geral da possibilidade para ele de sustentar-se socialmente com uma metáfora delirante (CALLIGARIS, 1989). O que pode se apresentar como a tentativa terapêutica de permitir ao psicótico fundar-se sem metáfora delirante, na verdade é muito mais, para um terapeuta neurótico, a tentativa de reprimir o que ele está aprendendo sobre o que funda a sua própria subjetividade. Os apelos terapêuticos à razão do sujeito psicótico, são apelos à autonomia do seu eu que o terapeuta quer suscitar para confirmar a sua própria (CALLIGARIS, 1989). Confiar no esforço do paciente, não aparecerá tão estranho se lembrarmos que a constituição da metáfora delirante é, como Freud mesmo o faz notar a propósito de Schreber, um trabalho auto terapêutico (CALLIGARIS, 1989). 23 O caminho de um fim de análise para um psicótico parece dever passar por uma experiência Real da contingência da exigência paterna ou diretamente talvez do esvaziamento da Demanda imaginária do Outro. Uma experiência "Real" no quadro da transferência, como se fosse necessário um encontro no qual o analista tenha a possibilidade acidental de destituir a exigência paterna ou o Outro imaginário, que ele encarnaria. Talvez por isso, pelo caráter efetivamente contingente da experiência, seja tão difícil e, para mim, prematuro tentar formalizar mais o que seria fim de análise numa psicose (CALLIGARIS, 1989). Correlativamente, o restabelecimento, a exemplo do restabelecimento final de Schreber, apresenta-se como uma estabilização do mundo imaginário. Mas esta se acha ligada, por um lado, ao gozo transsexualista, e, por outro, à fantasia da cópula divina. Logo, é induzida pelo que ele chama de “metáfora delirante”, nisso retomando a tese freudiana do delírio como cura. O trabalho do delírio constrói uma metáfora de substituição. O “serás a mulher”, que Schreber realiza, entra no lugar da significação fálica faltante (SOLER, 2007). Sem dúvida, seria preciso estabelecer distinções entre o que acontece com um sujeito dito pré-psicótico e um sujeito cuja psicose já se desencadeou. Nesse caso, o analista pode considerar incluir-se no trabalho de restauração, mas persiste a questão de saber como é possível colocá-lo nessa ligação com o sujeito (SOLER, 2007). Ao decifrar Schreber, Freud reconheceu no delírio uma tentativa de cura, a qual confundimos, no dizer dele, com a doença. Daí a necessidade de distinguir, no próprio seio da psicose, os fenômenos primários da doença e as elaborações que se acrescentam a eles, e pelas quais o sujeito reage aos fenômenos de que padece (SOLER, 2007). Para o psicanalista, a questão é saber se esse trabalho da psicose pode inserir-se no discurso analítico e, em caso afirmativo, de que modo. Certamente, estamos seguros da pertinência de nossos referenciais estruturais concernentes à psicose, os próprios psiquiatras começam a se aperceber disso, às veze, e sabemos que os psicanalistas formados no ensino de Lacan não se recusam a enfrentar a psicose, mas resta saber por qual operação (SOLER, 2007). O trabalho da psicose será sempre, portanto, uma maneira de o sujeito tratar os retornos no real, de efetuar conversões que civilizem o gozo até torná- 24 lo suportável. Do mesmo modo que podemos fazer a clínica diferencial dos retornos no real, conforme se trate de paranóia, esquizofrenia ou mania, podemos diferenciar as referidas soluções (SOLER, 2007). Sobre Schreber, o caso que Freud estudou em 1911, em suas “Notas psicanalíticas sobre um relato autobiográfico de um caso de paranóia”, diríamos, no final, que ele se estabilizou, com certeza; mas será que não diríamos o mesmo de quem voltasse à inércia do apragmatismo e da abulia (não há nada mais estável que o sujeito que permanece confinado ao leito)? Isto é para dizer que o termo não é um conceito e que é preciso introduzir um certo rigor (SOLER, 2007). Freud manifestou interesse pela psicose com certeza, mas um interesse prudente, e que acabou por renunciar a incluir a psicose no campo definido por sua prática, porque ele julgou reconhecer na psicose uma objeção à libido transferencial (SOLER, 2007). Desde o começo, Lacan, que era psiquiatra por formação, como sabemos, denunciou a segregação da doença mental. Mas era preciso construir, em ato e em doutrina, uma abordagem que, não sendo segregadora, estabelecesse de fato uma separação (SOLER, 2007). Enfim, no caso de Schreber, houve uma nomeação, feita por ele próprio, não baseado numa informação qualquer, foi feita a partir de um sofrimento pelo qual ele passou, de toda uma construção, ou seja, construiu no nome do pai aquilo que faltava na vida dele, que é o que nomeia, fazendo isso pela via do corpo, uma construção corporal. Quando o paciente chega com essa questão do nome, tem toda uma angústia envolvida nesse contexto, portanto, a primeira coisa que se deve fazer é pedir que ele fale das possibilidades do que foi que causou aquilo, buscando fazer com que o sujeito fale, pois através da fala o sujeito tenta simbolizar o sofrimento, simbolizar algo que está produzindo um sofrimento, uma angústia, enquanto ele está tentando simbolizar, prestamos atenção na subjetividade daquele sujeito, através de seu discurso. 25 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Sempre que se menciona o termo psicose logo há alguns questionamentos possíveis sobre as causas da psicose e o tratamento realizado com esses pacientes. A psicologia vem se deparando, ao longo do tempo, com várias questões em relação aos pacientes psicóticos, seus possíveis tratamentos e estigmas que esses pacientes sofrem diante da sociedade e as possibilidades de reinserção social desses pacientes em seu meio. Os principais pontos abordados ao longo do trabalho foram em relação ao termo psicose diante da perspectiva psicanalítica enfatizando os desafios enfrentados no tratamento de pacientes psicóticos e os métodos psicanalíticos adotados que contribuíram no tratamento desses pacientes. No primeiro capítulo surgiu a necessidade de entender a abrangência do termo psicose para que fosse possível a compreensão desse transtorno da personalidade para posteriormente, nos próximos capítulos, entender por quais vias esse transtorno se desencadeava nesses pacientes, procurando entender quais sintomas, causas e efeitos se passavam na vida daquele sujeito. Nos próximos capítulos isso foi ficando mais claro e foi possível compreender os desafios enfrentados no tratamento desses pacientes buscando autores que se dedicaram a trabalhar diferentes possibilidades de tratamento relacionado a pacientes psicóticos e foi possível, através de métodos psicanalíticos, perceber a evolução ao longo do tratamento nesses pacientes com a contribuição obtida no relato de casos, como o caso Schreber, que proporcionou uma contribuiçãobastante relevante para o desenvolvimento desse trabalho. 26 REFERÊNCIAS CALLIGARIS, Contardo. Introdução a uma clínica diferencial das psicoses. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989. DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais. 2 Ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. DOR, Joël. Estruturas e Clínica Psicanalítica. Livrarias Taurus-Timbre Editores, Rio de Janeiro,1991. FREUD, Sigmund Schlomo. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. O Caso Schreber, Artigos Sobre Técnica e Outros Trabalhos (1911) – Volume XII. Editora: Imago, 1996. FREUD, Sigmund Schlomo. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. O Ego e o Id e Outros Trabalhos (1924) – Volume XIX. Editora: Imago, 2006. GUERRA, Andréa M. C. A Psicose. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2010. LACAN, Jacques-Marie Émile. Escritos. Tradução: Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. Ed., 1998. (Campo Freudiano no Brasil). LACAN, Jacques-Marie Émile. O Seminário: Livro 3 – As Psicoses (1955). 2ª Ed. Revista (1988). Rio de Janeiro: Jorge Zahar. Versão brasileira de Aluísio Menezes. PONTES, Samira; CALAZANS, Roberto. Sobre Alucinação e Realidade: A Psicose no CID-10, DSM-IV-TR e DSM-V e o Contraponto Psicanalítico. Universidade Federal de São João del-Rei, Programa de Pós-Graduação em Psicologia. São João Del Rey, vol. 28, n. 1, p. 108-117, 2017. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/pusp/v28n1/1678-5177-pusp-28-01-00108.pdf> QUINET, Antônio. Teoria e Clínica da Psicose. 5 ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2011. QUINET, Antônio. Psicose e Laço Social: Esquizofrenia, Paranoia e Melancolia. 2 ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2009. SOLER, Colette. O Inconsciente a Céu Aberto da Psicose. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2007. http://www.scielo.br/pdf/pusp/v28n1/1678-5177-pusp-28-01-00108.pdf
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