Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Apresentação 1 “Faça com amor o seu traba- lho, o seu aluno vai sentir” – Mauro Guiselini Autores Prof. Drd. Mauro Guiselini Prof. Ft. Rafael Guiselini Editor Prof. Drd. Mauro Guiselini Instituto Mauro Guiselini de Ensino e Pesquisa Treinamento MultiFuncional Fundamentos Teóricos & Exercícios Práticos São Paulo 2016 2 Prof. Drd. Mauro Guiselini Mestre em Educação Física pela USP. Doutorando em Ciências do Movimen- to Humano - UNIMEP “Fitness Specialist for Older Adults”, “Biomechanic of Resistance Training” e “Personal Education II” no The Cooper Institute, Dallas (EUA); Aperfeiçoamento em “Functional Training” pelo National Strenght Condition Association. Diretor do Instituto Mauro Guiselini de Ensino e Pesquisa. Professor da Faculdade de Educação Física da UniFMU. Autor de 29livros, 3 EBOOKS e 16 dvds sobre educação física infantil, ginásti- ca aeróbica, treinamento multifuncional, exercício, saúde & bem-estar Colaborador do Programa BEM-ESTAR da Rede Globo. Diretor do CTM - Centro de Treinamento MultiFuncional Criador da AMF- Avaliação MultiFuncional e do TMF - Treinamento MultiFunci- onal Ministra cursos sobre exercício, saúde & bem-estar, treinamento multifuncio- nal, avaliação multifuncional, no Brasil, América do Sul, Portugal iii Prof. Ft. Rafael Guiselini Bacharel em Fisioterapia e Licenciado e Bacharel em Educação Física pela FMU - Faculdades Metropolitanas Unidas Especialização no Método Pilates pela METACORPUS. Fisioterapeuta e Personal Trainer, responsável pelo Centro de Aptidão Física do Instituto Mauro Guiselini. Autor de 3 DVDs sobre Treinamento MultiFuncional - Tri-set. Criador da AMF- Avaliação MultiFuncional e do TMF - Treinamento MultiFun- cional. Prof. Colaborador do CTM - Centro de Treinamento MultiFuncional. Ministra cursos sobre exercício, saúde & bem-estar, treinamento multifuncio- nal e avaliação multifuncional, no Brasil. iv Copywrite © 2016 Mauro Guiselini Primeira Publicação 2016 Catalogação elaborada pela Divisão de Processos Técnicos da Biblioteca Central da Universidade Estadual de Londrina Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) Prefixo Editorial: 60261 Este livro pode ser adquirido para educação, ou uso promocional. Para mais informações, contate o Instituto Mauro Guiselini de Ensino e Pesquisa www.institutomauroguiselini.com.br Embora toda precaução tenha sido tomada na preparação deste livro, a edito- ra e os autores não assumem nenhuma responsabilidade por erros ou omis- sões, ou por danos resultantes da utilização das informações aqui contidas. v G967t, Guiselini, Mauro Treinamento multifuncional [livro eletrônico] : fundamentos teóricos & exercícios práticos / autor [e] editor: Mauro Gui selini, Rafael Guiselini – São Paulo : Lazer & Sport, 2016. l Livro digital : il. Inclui bibliografia. Disponível em: http://iaepetel.com.br/portal/ ISBN 978-85-60261-04-8 1. Treinamento multifuncional. 2. Treinamento. 3. Exercícios físicos. 4. Exercí- cios multifuncionais. I. Título. CDU 796.091.2 http://www.institutomauroguiselini.com.br http://www.institutomauroguiselini.com.br http://iaepetel.com.br/portal/ http://iaepetel.com.br/portal/ Uma viagem no tempo e no espaço! Máquinas computadorizadas que você acopla o seu smartphone para passar email, controlar o facebook, ver o seu treino, memorizar os resultados, em TVs com telas de LCD é possível assistir, ao vivo, o noticiário, show ou filme de sua preferência, são algumas da mais recentes inovações tecnológicas nas academias e centros de treinamento de alto rendimento que, disputam o espaço com os velhos e antigos equipamentos de treinamento:barras fixas, barras e anilhas para LPO, caixas de saltos, bolas de medicinebol com areia, kettlebell, entre outros acessórios. No capitulo 2 mostramos a volta ao passado, o que foi feito nos anos 5o’, 60’, que está de volta, com força total, quem não se lembra do medicinebol, muito utilizado nas aulas de educação física, ginástica nas academias e no treinamento esportivo da escola alemã. As tendências tem sido motivo de estudos do ACSM - Colégio Americano de Medicina do Esporte que, a cada ano, apresenta as modalidades de exercí- cios que serão mais praticadas - o HIIT- hight intensity interval training, BodY Work - treinamento com o peso corporal, são as principias modalidades. No capitulo 3 fazemos uma analise sobre essas tendências, incluindo o treina- mento com bases instáveis, os novos espaços de treinamento e a importân- cia da avaliação prévia para prescrever exercícios multifuncionais. As mudanças continuam, o profissional de educação física precisa estar mui- to atento para ajudar seus alunos atingirem seus resultados portanto é funda- vi mental conhecer os objetivos dos ingressantes; no capitulo 5 apresentamos as pesquisas que mostram o que os alunos desejam, as mudanças nas salas de musculação e nas aulas coletivas. Apresentamos os conceitos de Treina- mento e, em especial, o Treinamento MultiFuncional, as suas características enfatizando as diferenças entre treinar para a forma e para a função. Prescrever o treinamento requer o conhecimento da palavra “prescrição” - uti- lizada em outras áreas da saúde, prescrever exercícios depende da perfeita compreensão entre objetivos e necessidades. No capitulo 6 abordamos ques- tões importantes como considerar as necessidades dos alunos, as novas re- comendações para a escolha dos exercícios e a importância da avaliação multifuncional. Treinar o CORE é muito mais do que “simplesmente realizar centenas de exercícios abdominais tradicionais - curl up”. No capitulo 7 explicamos o con- ceito do CORE, sua importância e sugerimos uma série de exercícios consi- derando os resultados obtidos nos testes de avaliação. Você vai conhecer, no capitulo 8, as principais habilidades motoras multifun- cionais utilizadas no Continuum do treinamento multifuncional; uma organiza- ção metodológica que orienta a escolha de exercícios considerados “menos funcionais - os isolados, e os mais funcionais - os globais. Finaliza mostran- do as características e a aplicação do treinamento multifuncional nos progra- mas de aptidão física para a promoção da saúde, bem-estar, estética e per- formance. vii Agradecimentos Ao prof. João Scorsato (in memorium), meu professor de educação física no Instituto Hellen Keller - Adamantina que, em 1967, me convidou para ajuda- lo a ensinar basquetebol para as crianças, acredito que ali despertou e nas- ceu a minha paixão para ensinar. Ao Prof. Dr. José Medalha, meu professor de basquetebol na Escola de Edu- cação Física da USP. Em 1969 me convidou para jogar basquetebol na equi- pe juvenil do CAP - Club Athético Paulistano e, na seqüência, em 1970, para trabalhar na escolinha de basquetebol do mesmo Club. Ao Prof. Dr. Idílio Oliveira Alcantara Abade (in memorium), meu Prof. de Edu- cação Física Infantil da Escola de Educação Física da USP. Em 1971 levei meus alunos, de 4 a 6 anos, de uma escola de educação infantil, como tare- fa acadêmica da disciplina. O resultado foi fantástico, ao terminar a minha aula o prof. Idílio disse: gostei muito, você tem muito talento, ao terminar o curso, se assim desejar, virá trabalhar comigo, preciso de um assistente...! Graças a esse convite, com 21 anos ingressei, como auxiliar de ensino, na Escola de Educação Física da USP. Com muito carinho aos meus alunos que frequentaram as aulas no Centro de Integração do Corpo e depois Instituto Mauro Guiselini de Ensino e Pes- quisa - durante 16 anos tive a oportunidade de aplicar os fundamentos cientí- viii ficos e vivências práticas, berço do nascimento do Treinamento MultiFuncio- nal e da Avaliação MultiFuncional. A todos os alunos, com os quais eu tive o privilégio de conviver ao longo dos 48 anos de docência nas escolas de educação infantil, ensino fundamen- tal e médio, academias, clubes, universidades, cursos de extensão, congres- sos,encontros científicos, pelo constante incentivo. Ao meu amigo Giovanni Ferreira...o grande incentivador para a criação do Instituto Mauro Guiselini de Ensino e Pesquisa e da tvguiselini1, canal do youtube Para Fabio Mazzoneto, presidente do Grupo Phorte, Luiz Henrique Rodri- gues e Rodrigo Chan, de empresa WELLNESS, por concretizarem meu so- nho, a criação do CTM- Centro de Treinamento MultiFuncional Dna. Tereza, minha mãe que, aos 91 anos continua envolvida com a vida, com muita fé e determinação, que exemplo a ser seguido. Lia Pedroso, minha esposa e Prof. Ft. Rafael Guiselini, meu filho... A esta dupla fantástica, por estarem sempre ao meu lado nessa longa jorna- da de ensinar, aprender, ensinar... incansáveis companheiros. Aos mestres inspiradores........! ix Sumário Capitulo 1 Apresentação............................................................................................. 01 Capitulo 2 Passado, Presente...Futuro....................................................................... 17 Capitulo 3 O presente: tendências.............................................................................. 34 Capitulo 4 Treinamento MultiFuncional: conceitos........................................................60 Capítulo 5 Habilidades Motoras MultiFuncionais........................................................ 116 Capitulo 6 Orientações para montar o programa....................................................... 162 Capitulo 7 Prescrição de Treinamento....................................................................... 181 Capitulo 8 Treinamento do CORE.............................................................................. 215 Referências Bibliográficas......................................................................... 297 x Prefácio ! Um dia, não me lembro a data, hà mais de cinco anos, conversando com meu amigo Giovanni Ferreira, brilhante pedagogo, sobre tendências, inova- ções, tecnologias, entre outros assuntos relacionados à educação e, especifi- camente educação física, ele me perguntou: “Prof. Mauro, você conhece a estória do arqueiro? Qual, Giovanni? Está se a referindo a estória do famoso Hobin Wood, defen- sor dos fracos e oprimidos na Inglaterra, essa conheço bem, assisti todos os filmes, respondi prontamente. Caro Prof. Mauro, estou me referindo ao conceito do arqueiro e sua relação com a nossa conversa, estamos falando de sucessos no passado, analise das atuais metodologias de ensino, inclusive o EAD - uma ferramenta educa- cional que está se desenvolvendo rapidamente, e fazendo projetos para o fu- turo, um exercício de criatividade. Explico o conceito do arqueiro - para que a flecha alcance o ponto mais longe possível, atinja o alvo, ele deve esticar a corda o máximo possível, o seu cotovelo vai lá atras, o mais distante possí- vel do tronco para criar uma grande tensão na corda, quanto mais longe o co- tovelo, for mais para trás, mais longe - para frente, irá a flecha ! Sim Giovanni, quando criança brincava muito com arco e flecha, adorava fil- mes de cowboy e , fiz muitos arcos e flechas em Adamantina, brincava nos terrenos baldios, com mato alto, sei bem o que está dizendo. xi Prof. Mauro, o que estou querendo dizer com está estória é que para conse- guirmos bons resultados no futuro, escolher técnicas que possivelmente irão dar certo, é muito importante voltarmos ao passado, muito longe...distante, e vermos o que deu certo, que funcionou...e também o que não foi bem, as nossas chances de sucesso são muito grandes, assim como o arqueiro que para atirar a flecha muito longe coloca o seu cotovelo muito atrás”. Meus amigos,escrever este E-BOOK - Treinamento MultiFuncional, resultado de 48 anos de trabalho prático, estudos, pesquisas, viagens ao exterior foi um exercício muito interessante, realmente fantástico pois me fez voltar aos anos 70‘, quando muito jovem, comecei a dar aulas de educação física e en- sinar basquetebol para crianças e, na seqüência aulas de ginástica masculi- na e feminina no Circulo Militar. Correr 12 minutos no anel superior do ginásio do circulo militar, monitorar a freqüência cardíaca dos alunos, anotar e elaborar gráficos no papel milime- trado, foram os primeiros passos para tornar o meu trabalho “mais científico”- os alunos adoravam receber os gráficos com os resultados...tudo sem com- putador, monitor de freqüência cardíaca, Iphone e IPads que fotografam, fil- mam, memorizam as informações, tudo muito rápido e fácil. No inicio do livro, nos primeiros capítulos faço uma revisão, uma viagem no tempo/espaço para mostrar, aos jovens profissionais de hoje, os exercícios, técnicas e métodos de treinamento que fizeram sucesso no século XVII/XIX como, por exemplo o Kettlebell utilizado pelo exército russo. xii O Método Pilates, criado pelo incrível lutador, ginasta, massagista, entre ou- tras habilidades, está mais vivo do que nunca, criado ha mais de 100 anos por Joseph Pilates, um profissional com uma visão holística, fantástica, muito além do tempo, é largamente praticado nas academias, clubes, centros es- portivos, clínicas em todo o mundo. É uma das modalidades de exercícios que mais cresceu nos últimos 10 anos; motivo de interesse por parte da co- munidade científica, tem gerado centenas de trabalhos acadêmicos, que bus- cam explicar a eficácia do método...pergunto: será que um método que está ha mais de 1 século sendo praticado é motivo de dúvidas? Os exercícios calistênicos, praticados nas décadas de 40 e 50, seguramente os mais velhos vão se lembrar, eram os conteúdos das aulas de ginástica - abdominais, flexões de braços no solo, flexões de braços na barra, saltos nas caixas de madeira, “salto ganguru” (saltos sucessivos, em afastamento antero-posterio), burpee, jump jack (polichinelo). Esses exercícios são utiliza- dos como conteúdos das modernas aulas de alta intensidade, que utilizam o peso do corpo e acessórios simples - body work hight intensity, cross fit, ta- bata, HIIT - hight intensity interval training, HICT- hight intensity circuit trai- ning. Sim, é o que você está lendo...não é miragem ! Os métodos clássicos de trei- namento, sucesso nos anos 50 - Circuit Training e Interval Training, utilizados pelos atletas de alto rendimento - Emyl Zatopeck foi um dos primeiros a trei- nar usando o interval training, em pleno século XXI, são os preferidos dos alu- xiii nos que pretendem resultados rápidos, tanto para a melhoria da capacidade funcional aeróbia como mudanças na composição corporal. Os abdominais tradicionais, aqueles recomendados para fortalecer os múscu- los que dão a tão desejada aparência “tanquinho, barriga zerada, livre das indesejáveis gorduras da região abdominal” - sucesso nos anos 50’, recomen- dados inclusive para o tratamento de dores na coluna (hoje sabemos que não é verdade), continuam sendo praticados porém com o excelente auxilio dos exercícios para o CORE - região do corpo composta de 29 pares de músculos, realizados em diferentes posições, com auxil io de acessórios...evoluímos, não ficamos presos ao passado. Motivo de muita discussão, controvérsias, o treinamento funcional - novo mé- todo de treinamento, novo tipo de exercício, não tem nada de novo, é sim- plesmente a aplicação do princípio da especificidade - sempre aplicado no treinamento esportivo, é um treinamento circense, são algumas questões que tem sido discutidas entre os profissionais de educação física e fisiotera- peutas. A sua eficácia é comprovada e aceita por muitos profissionais e para outros não, realmente é um tema bastante polemico muito embora seja muito gran- de os trabalhos científicos publicados demonstram a sua validade e importân- cia para pessoas comuns e atletas. Neste vai e vem do “antigo e do novo, da aplicação dos acessórios, exercí- cios e métodos que fizeramsucesso no passado, um aspecto que merece xiv atenção é o novo olhar sobre a avaliação física. Os testes clássicos utiliza- dos para mediar e avaliar aspectos quantitativos do exercício tem sido, não eliminados na sua totalidade, em muitos casos precedidos pro testes qualitati- vos - os testes funcionais. É uma nova tendência, ou seja, antes de avaliar o número de abdominais, de flexões de braços, quantos quilos consegue levan- tar, os especialistas recomendam que se faça uma avaliação qualitativa. Ana- lisar a maneira pela qual o aluno se movimenta - se o padrão de movimento está correto, se existe déficits de movimento, se a mobilidade, a estabilidade, a coordenação motora e a consciência corporal estão suficientemente desen- volvidas, isto é, avaliar se os alunos tem condições de realizar exercícios com cargas adicionais. Treinar o corpo de forma isolada ou global é também motivo de muita discus- são e controvérsia; no entanto recomendamos que seja aplicado o conti- nuum do treinamento multifuncional - uma organização metodológica desen- volvida no Instituto Mauro Guiselini, pelos Prof. Ms. Mauro Guiselini e Prof. Ft. Rafael Guiselini, que recomenda a Aplicação da Avaliação MultiFuncional para identificar os objetivos e necessidades dos alunos para, à partir dos re- sultados, elaborar um programa de treinamento multifuncional que seja efi- caz, que cuida do aluno para que tenha sucesso! Prof. Drd. Mauro Guiselini São Paulo, janeiro de 2016 xv xvi Passado...Presente... Futuro...! 2 “Estar atento ao passado é ser capaz de perceber o que pode ser no futuro” – Mauro Guiselini Estamos voltando às origens, ao passado! Nos últimos anos foram incluídos nos Programas de Aptidão Física, em parti- cular aqueles elaborados para pessoas interessadas na prática do exercício físico relacionado à promoção da Saúde e Bem-Estar, Estética e Desempe- nho, as modalidades de exercícios Yoga, Pilates e mais recentemente o Trei- namento Funcional e o Treinamento do CORE. É interessante lembrar que, o que acontece hoje, com toda a evolução cientí- fica, as adaptações preconizadas pelo moderno treinamento esportivo já acontecia, de forma muito similar, com o treinamento praticado empiricamen- te, intuitivamente pelos nossos antepassados, eles aperfeiçoavam as habili- dades motoras funcionais cotidianas necessárias à sua sobrevivência e ao mesmo tempo desenvolviam as capacidades biomotoras... Realmente esta- mos voltando ao passado, repetindo o mesmo princípio, obviamente com uma sólida fundamentação científica. Um exemplo é o Método Pilates, desenvolvido há mais de 100 anos é, sem dúvida um dos programas de maior sucesso em todo o mundo. Muitos estudos científicos têm sido realizados para explicar, justificar e até mesmo comprovar os benefícios dos mais de 600 exercícios propostos pelo método, realizados no solo ou com auxílio de aparelhos, os mesmos criados por Joseph Pilates porém construídos com matériais especiais, de acordo com as novas tecnologias. Presente nas academias, clubes, estúdios especi- alizados, o método tem grande aceitação sendo, inclusive recomendado pe- 18 los médicos, fisioterapeutas e profissionais de educação física tanto para a melhoria da aptidão física como para a prevenção e recuperação de lesões. Foto 1 e 2 : Método Pilates As academias que, tradicionalmente eram construídas contendo salas de gi- nástica, musculação, piscina e quadras poliesportivas, estão passando por um processo de mudança na estrutura básica, salas construídas especial- mente para a prática da Yoga, alongamento e relaxamento (sala zen), Treina- mento Funcional &CORE, Treinamento Suspenso (TRX) e Estudio de Pilates. São os novos espaços especialmente estruturados para atender as mais re- centes tendências do mercado e interesse dos alunos. O medicinebol, um acessório muito utilizado no treinamento esportivo, há mais de 50 anos, confeccionado em couro com areia - de vários quilos, atual- mente feito com material sintético, com “pegada” e corda, propicia a realiza- ção de uma grande quantidade de exercícios inclusive os arremessos 19 contra o solo, parede, rotações do tronco, entre outros. Fotos 3, 4, 5 e 6: Treinamento com medicinebol: passado e presente 20 Uma excelente alternativa para treinar a força e a potência muscular, o medi- cinebol é também utilizado nas estações do treinamento em circuito, nos exercícios para o fortalecimento do CORE, para o desenvolvimento da esta- bilidade, com sobrecargas desestabilizadoras. Combinado com movimentos de braços e pernas ajuda a aumentar a agilidade e potência. O Kettlebell foi desenvolvido na Rús- sia nos anos 1700s. O exército Soviéti- co utilizava como parte do treinamen- to físico no século 20 e tem sido utiliza- do como esporte competitivo na Rús- sia e Europa desde 1940. Similar a uma bola de canhão com alça, a litera- tura sugere que a ori- gem do trei- namento com Kettlebell foi marcada nos séculos XVIII e XIX por atletas da modalidade “homem mais forte”, como Eugene Sandow e Geroge Hackenschimidt. Muito utilizado atualmente, o Kettlebell pode ser usado como um complemento para uma rotina normal de musculação ou 21 como uma única atividade de um treino, inclusive como aula em grupo. Ho- mens e mulheres são beneficiados uma vez que o treinamento propicia o au- mento da força e da massa muscular incluindo braços, pernas, costas abdo- me e glúteos. Foto 7. Seqüência de exercícios com Kettlebell No final da década de 60’ o médico americano Dr. Keneth Cooper ,publicou o livro AEROBICS (1968), resultados de estudos e pesquisas sobre os efei- tos dos exercícios aeróbios tanto para a prevenção e tratamento de proble- mas cardiovasculares. 22 Fotos 8,9 e 10: Dr. Keneth Cooper Por volta de 1970, aconteceu o "jogging boom" baseado na teoria do médi- co norte-americano Kenneth Cooper que difundiu seu famoso "Teste de Coo- per", a partir de então, a prática da modalidade cresceu de maneira sem pre- cedentes na história…hoje são milhares de corredores em todo o mundo ! Fotos 11 e 12: Pista de “Cooper” em São Paulo 23 1969 Aerobic Dance Uma combinação de dança e condicionamento físico, com foco no desenvol- vimento da resistência aeróbia, a modalidade de exercício criada pela profes- sora de dança Jacki Sorensen’s se tornou a grande sensação nas academi- as americanas e depois em todo o mundo Fotos 13 e 14: Aerobic Dance 1982...Jane Fonda lan- ça o programa WORKOUT, se tornan- do a embaixadora do exercício físico em todo o mundo. 24 Bem, não podemos esquecer da “Vovó Ginástica Aeróbica”, a principal mo- dalidade de exercícios em grupo das academias, praticada por homens e mulheres, ao som de músicas alegres estilo dance músic dos anos 80, mobi- lizaram milhares de pessoas estimuladas pelos benefícios dos exercícios ae- róbicos recomendados pelo Dr. Keneth Cooper. Praticada nas academias, par- ques e praias, a Ginástica Aeró- bica foi considerada o maior fe- nômeno sócio cultural no mun- do, nenhuma forma de exercício em grupo mobilizou, em tão pou- co tempo o número de pratican- tes. No Brasil introduzida pelo Prof. Ms. Mauro Guiselini, na Academia RUNNER –SP, se tornou a principal modalidade de exercício das academias do Brasil. O carisma dos professores, associ- ado aos exercícios simples, de alta intensidade, ao som de músi- cas alegres fizeram da Ginástica Aeróbica a modalidade preferida para treinar a resistência cardior- respiratória, principalmente para 25 os adeptos da ginástica em grupo. Intensidade, simplicidade, eficiência e ale- gria eram os principias fatores de sucesso para homens e mulheres que trei- nam juntos. Os princípios da Ginástica Aeróbica – música, movimento, alegria, desenvol- vimento da capacidade aeróbica, principais fatores do sucesso serviram de inspiração para os criadores das novas modalidades de exercícios aeróbios – STEP e Hidroginástica.O STEP class foi criado pela professora norte americana Gin Miller por volta de 1989. Depois de uma lesão no joelho, após a consulta com um médico ortopedista, foi recomendado que ela fortalecesse os músculos que supor- tam o joelho e , para tanto, utilizando uma caixote de leite, desenvolveu en- tão uma série de exercícios - subidas e descidas sobre a caixa. Essa seqüên- cia de exercícios foi a base para a criação das aulas de STEP. Fotos 15 e 16: Step Class 26 A ginástica coletiva teve um grande impulso com a chegada no Brasil, cerca de 30 anos atrás, da Hidroginástica, no inicio conhecida por vários nomes: Aquaginástica, Aquaeróbica, Ginástica Aquática, entre outros nomes. O nome que se fixou foi Hidroginástica, palavra que vem do grego, significa “ginástica na água”. Em função dos inúmeros benefícios - melhora o condicionamento físico ge- ral, auxilia na correção postural e equilíbrio, auxilia o retorno venoso; auxilia no relaxamento, aumenta a auto-confiança e a possibilidade de ser prática por indivíduos de diferentes idades e nível de condicionamento físico, inclu- sive atletas, a Hidroginástica continua sendo uma das modalidades de gi- nástica coletiva mais praticadas nos programas de exercícios para a promo- ção da saúde & bem-estar, estética e performance. Fotos 17 e 16: Hidroginástica Atualmente existem muitas variações da hidroginástica, como ritmos, intensi- dades diferentes e adaptações de outras atividades para a perna, como o jump-hidrosjump, o spinning-hidrobike ou ciclismo aquático, o triatlhon – 27 com o circuito de bicicleta, jump e hidroginástica, entre muitas outras modali- dades que podem utilizar a água e seus efeitos sobre o impacto de ativida- des desportivas. A combinação mágica – música, movimento, alegria, eficiência, simplicida- de, carisma dos professores, o segredo do sucesso das aulas de ginástica aeróbica dos anos 80’, aparecem com muita força na ZUMBA, uma modali- dade de exercício coletivo de sucesso mundial. Fundada em 2001, a Zumba Fitness é uma marca global de estilo de vida, que combina fitness, entretenimento e cultura com uma empolgante sensa- ção de dança-fitness! Nossas Zumba® "fitness-parties" mistura ritmos mun- diais de altíssimo astral com uma coreografia fácil de seguir, para um exercí- cio de todo o corpo, que parece com uma comemoração. Atualmente prati- cada em 185 países, por mais de 14.000.000 pessoas em 140.000 locais. (http://www.zumba.com/pt-BR/about). 28 http://www.zumba.com/pt-BR/about http://www.zumba.com/pt-BR/about Os Acessórios Nos anos 50’ e 60’ bastões de madeira, banco sueco, medicinebol de couro com areia, corda, maças, halteres de madeira, espaldar, bandas de borracha (de câmara de ar de bicicleta), pneus, barras e anilhas, halteres, caixas de madeira, corda elástica, eram os principais acessórios utilizados nas aulas coletivas. Atualmente os professores dispõe, para elaborar suas aulas personalizadas ou coletivas, de uma grande quantidade de acessórios: fit ball, balance disc, banda elástica, Bosu, overball, foam roller (rolo), escada de solo, plata- formas de saltos, barreiras, cones, cordas medicine Ball, ketllebell, TRX en- tre outros Ilustração 1: Acessórios 29 Os Equipamentos Os equipamentos FUNCTIONAL TRAINER, SYNRGY 360 e KINESIS PERSO- NAL (Ilust. 2), fabricados pelas empresas KEISER, LIfeFitness e Tecnogym, respectivamente, são exemplos das mudanças tanto nos conceitos bem como nas estratégias utilizadas no treinamento. Estas máquinas possibilitam a realização de uma grande quantidade de exercícios funcionais, diferentes daqueles realizados nos equipamentos tradicionais. No SYNRG 360 , composto de esta- ções integradas, é possível treinar o cor- po todo por meio das habilidades mo- toras funcionais, tais como correr, saltar, puxar, empurrar, aga- char, avançar, esca- lar, arremessar, simu- lar movimentos de lutas (chutes e socos) que, com auxilio de bandas elásti- cas, cordas, escada de agilidade, jump board, escada horizontal, cabos, me- dicinebol, é possível criar uma grande variedade de treinos. 30 As “maquinas funcionais” propiciam a realização de exercícios nos três pla- nos - sagital, frontal e horizontal, tornando o treinamento mais variado e mais específico, muito mais próximo as situações reais cotidianas e esporti- vas. Fotos 17, 18, 19 e 20: Equipamentos funcionais Atualmente o “antigo e o novo”convivem juntos...! 31 Equipamentos e acessórios utilizados nos anos 20 hoje, revitalizados, são usados nos “modernos centros de treinamento” Foto 21. New York Sports Club, 1927, com 4 sets de argolas no fundo e vári- os kettlebells e medicinebol. Foto 22. Centro de Treinamento do Michael Boyle – Boston, 2012 32 A CAGE é um equipamento multifuncional que propicia a realização de inú- meros exercícios isolados em cadeia, com os acessórios móveis - platafor- ma, barra paralela, manoplas e barras, além da estrutura básica. 33 O Presente: tendências 3 “Não seja o primeiro a usar as novidades, mas não seja o último” – Mauro Guiselini O Exercício Físico Fig. 1 Exercício Físico e as denominações. Por definição, exercício físico é toda atividade física planejada, estruturada e repetitiva, que tem como objetivo a melhoria e manutenção de um ou mais componentes da aptidão física (Carspensen et al, 1985). O exercício objetiva o desenvolvimento da aptidão física, das habilidades motoras ou reabilitação orgânico-funcional (Nahas, 2001). Eles incluem, ge- ralmente, atividades de níveis moderados ou intensos, tanto de natureza di- nâmica quanto estática. Nos programas de Educação Física Escolar, o exercício físico é o principal meio para o desenvolvimento global da criança, como componente das au- las de educação física é identificado como: ginástica, jogos, esportes, lutas, artes marciais e dança (fig.1). 35 Exercício) Físico)Ginás/ca) Jogos) Esportes)) Lutas) Artes) Marciais) Dança) O exercício multifuncional é uma ação motora voluntária, planejada, com- posta de movimentos mono/multiplanares, mono/multiarculares, repetida sis- tematicamente com objetivos relacionados à promoção da saúde & bem- estar, estética e desempenho. (Guiselini, 2014) Fotos. Exercícios multifuncionais Podem ser utilizados para melhorar o desempenho nas atividades cotidia- nas, de lazer ou performance.(Guiselini, 2014) Nos anos 80’ e 90’ o termo “ginástica” era utilizado para identificar diferen- tes aulas, com objetivos específicos - ginástica localizada e aeróbica. 36 Musculação, ginástica aeróbica, ginástica localizada, Step, hidroginástica, dança, corrida, jump, foram as modalidades de exercícios mais praticadas nas academias, clubes, centros esportivos, nas últimas décadas. Spinning, Body System ( programas sistematizados) surgiram na seqüência, aumentan- do as possibilidades de treinamento. 37 GINÁSTICA)LOCALIZADA)M U S C U L A Ç Ã O* HIDROGINÁSTICA)ST E P* J U M P* RITMOS) GINÁSTICA)AERÓBICA) DANÇA) BODY)SYSTEM) JAZZ) FIT)PRO) SPINNING) CORRIDA) As Tendências...elas mudam ! 2015 O ACSM-Colégio Americano de Medicina do Esporte (2015) anualmente pu- blica as tendências mundiais do mercado do Fitness. Veja, a seguir, as ten- dência para 2015. 38 1.Treinamento com o peso corporal 2.Treinamento intervalado de alta intensidade 3.Profissionais experientes, cer9ficados e com formação 4.Treinamento de força 5.Treinamento personalizado 6.Exercício e emagrecimento 7.Yoga 8.Exercício para pessoas idosas 9.Treinamento funcional 10.Treinamento personalizado em pequenos grupos Alta intensidade, alto gasto calórico, exercícios globais utilizando o peso do próprio corpo, levantamento de peso olímpico, acessórios rústicos (pneu de trator, corda de navio), caixas de saltos, barras paralelas e argolas, sacos de areia, correntes, entre outros “artefatos”, fazem parte dos programas de trei- namento que prometem, e cumprem, resultadosa curto prazo não importan- do, é claro, as consequências. Emagrecimento, definição muscular, alto ren- dimento, são os principiais resultados obtidos pelos programas identificados pela sigla HIIT – Hight Intense Interval Training. As pesquisas são muito claras e objetivas com relação aos benefícios das modalidades de exercícios e respectivos programas de treinamento realiza- dos com alta intensidade. O método de treinamento, muito utilizado no es- porte de alto rendimento, o Treinamento Intervalado ( interval training) foi re- descoberto pelos especialistas em fitness, é a principal estratégia metodoló- gica usada nas propostas Treinamento de Alta Intensidade - HIT ( Hight Inten- sity Training). Com a diminuição do tempo e o desejo de alcançar resultados rápidos os programas que prometem altos gastos calóricos em curto espaço de tempo ganham popularidade nos programas de fitness. 39 Corrida, saltos, agachamentos, flexões de braços, burpee (nome dado ao exercício que combina agachamento com flexão de braços e saltos, todos realizados em sequencia), são alguns dos principais exercícios, realizados com o peso do próprio corpo, que fazem parte de vários programas, entre eles o TABATA TRAINING (http://tabatatraining.org/?p=18 ). O programa pro- pões 8 repetições de 20 segundos de exercício (alta intensidade) com inter- valo de recuperação de 10 segundos, totalizando 4 minutos. Em especial o Treinamento Intervalado de Alta Intensidade, popularmente conhecido pela sigla HIIT, tem sido considerado como o treino mais popular do momento, principalmen- te por que é considerado o melhor método para mobilizar a gordura como fonte de ener- gia. O treino consiste em realizar um exercício com intensidade máxima durante um curto tempo pré-determinado (1 a 2 minutos, por exemplo), intercalando o mesmo exercí- 40 http://tabatatraining.org/?p=18 http://tabatatraining.org/?p=18 cio ou outro com intensidade baixa( por 2 a 3 minutos), descanso ativo, tota- lizando 30 minutos, entre exercícios e pausas. Um programa de treina- mento que tem desperta- do o interesse de milhares de pessoas em diferente países do mundo, inclusi- ve no Brasil, é o CrossFit. Testado e aprovado por atletas de elite, das Forças Armadas Especiais Americanas, e mais de 30.000 praticantes de todo o mundo é assim definido, segundo a empresa CROSSFITSP. Nosso programa de treinamento é baseado em exercícios funcionais, em alta intensidade, constantemente variados proporcionando ótimos resulta- dos em um curto período de tempo. Nossos exercícios possuem um alto pa- drão de recrutamento motor. Eles trabalham o corpo todo em todo o momen- to, são multiarticulares, e produzem um nível de contração que se desloca do centro para as extremidades do corpo. São movimentos naturais e segu- ros, e o mais importante para nós, eles possuem a capacidade de mover al- t a s c a r g a s p o r l o n g a d i s t â n c i a d e f o r m a r á p i d a (http://www.crossfitsp.com.br/crossfit.php) 41 http://www.crossfitsp.com.br/crossfit.php http://www.crossfitsp.com.br/crossfit.php O programa CROSSFIT para alcançar, na totalidade, a aptidão física e a ma- ximização da resposta neuroendócrina, utiliza três grandes alicerces dos exercícios físicos, de acordo com seus criadores. São eles: Exercícios Cíclicos: (correr, pedalar, nadar, remar); Exercícios Ginásticos: (Ex. saltos, barras, flexões, parada de mão, rolamentos, etc.); Exercícios com Pesos: (LPO, Power Lifit, Kettlebell Training, entre outros) CrossFit é o principal programa de treinamento de força e condicionamento físico usado em muitas academias de polícia, grupos de operações táticas (como SWAT), unidades de operações especiais do exército americano (como os US Marines), por campeões de artes marciais e centenas de ou- tros atletas de elite e profissionais pelo mundo, assim como por mães, avós, crianças e até mesmo pessoas com necessidades especiais.Nosso progra- ma proporciona um tipo de condicionamento físico que por definição é am- plo, geral e inclusivo; ou seja, nossa especialidade é não sermos especializa- dos. http://www.crossfitbrasil.com.br/blog/o-que-e-crossfit/. 42 http://www.crossfitbrasil.com.br/blog/o-que-e-crossfit/ http://www.crossfitbrasil.com.br/blog/o-que-e-crossfit/ O Treino mais popular do momento 43 Menor&tempo& Aumenta&o&metabolismo& Coração&saudável& “Queima”&mais&calorias&e& gordura&após&o&treino& Qualquer&hora&em&qualquer& lugar& Diminuir&gordura&e&não& músculo& Para os alunos que não estão interessados em mudanças na composição corporal, alta performance, treinamentos intensos as modalidades conheci- das como Body & Mind tem uma grande aceitação. A técnicas de alongamento, relaxamento, meditação, Yoga, Pilates, massa- gem e Tai Chi Chuam, são modalidades de exercícios que trabalham com a “energia mais sutil” onde o principal objetivo é trabalhar o corpo de forma global, integrada, uma abordagem holística, com foco na consciência corpo- ral, controle da respiração, descontração muscular e relaxamento. Segundo pesquisa realizada pelo ACSM's Health & Fitness Journal. 17(6):10-20, No- vember/December 2014, a YOGA aparece em 7o. lugar entre as modalida- des que serão mais praticadas no ano de 2015. 44 Muitas academias de ginástica tem as denominadas “Salas Zen” – espaços construídos com uma arquitetura específica, combinando piso, iluminação, cores, equipamentos e acessórios para a prática de técnicas desenvolvidas para trabalhar o corpo de forma global, sem a preocupação de desenvolver aspectos ener- gé t icos ma is densos – au- mento da mas- sa muscular e diminuição da gordura. Diminuição do estresse, equilíbrio corpo & mente, relaxamento , são os prin- cipais objetivos das técnicas body & mind. 45 O Treinamento sobre Superfícies Instáveis Grande parte dos exercícios realizados sobre superfícies instáveis, com auxilio da bola suíça, disco e pranchas de equilíbrio ou mesmo exercí- cios realizados em posições não usuais nas atividades cotidianas ou es- portivas aparecem como estratégias das “novas propostas de treinamen- to funcional ”. Neste aspecto particular, quanto a utilização de exercícios em superfí- cies instáveis, diversos especialistas são unanimes em afirmar que este procedimento é parte integrante do treinamento funcional, da fisioterapia e que deve ser aplicado em momento oportuno e de acordo com critéri- os metodológicos, respeitando a capacidade funcional do aluno, não de forma aleatória, simplesmente para tornar o treinamento mais desafiador. Discute-se a eficiência de exercícios realizados sobre superfícies instá- veis e a sua transferência para a melhoria de determinadas capacidades 46 biomotoras, no caso específico a força muscular, e para aperfeiçoar a execução de determinadas habilidades motoras, em especial aquelas que requerem equilíbrio e estabilidade. Na realidade é um tema que está em discussão, inúmeras pesquisas tem procurado mostrar a eficiência ou não para aumentar a força muscular, ganho de massa muscular , velo- cidade de execução e precisão dos movimentos. Treinar a estabilidade e o equilíbrio sobre superfícies instáveis tem sido muito utilizado na fisioterapia e, mais recentemente, no treinamento funcional com o propósito de melhorar as respectivas capacidades bio- motoras, para aqueles que sofreram lesões – com finalidades fisioterápi- cas, para pessoas comuns que iniciam um programa de treinamento e para atletas praticantes de modalidades que requerem muito equilíbrio e estabilidade, como por exemplo, skate, surf, hockey sobre patins e habili- dades circenses. 47 É recomendado desenvolver o equilíbrio e a estabilidade na primeira fase do treinamento que, associados a coordenação motora global, consciên- cia corporal, ajuste postural e mobilidade, sirvam de base para o aprendi- zado de habilidades motoras mais complexas e desenvolvimento das ca- pacidades biomotoras força dinâmica, força hipertrófica e potencia. Praticantes de Skate,Surf, Hockey no Gelo, Patinação Artística estão, constantemente, trabalhando com o equilíbrio dinâmico, sobre uma base sólida porém com movimentos que requerem estabilidade dinâmica. 48 O treinamento com alterações da superfície de apoio incluindo a diminui- ção da base de apoio, a estabilidade da superfície -estável para instável, do movimento estático para o dinâmico, é uma excelente alternativa para estimular a propriocepção. No entanto é interessante ressaltar que a propriocepção – um conjunto de reações que resultam num input neu- ral cumulativo ao sistema nervoso central (SNC) e mecanoreceptores nas articulações, ligamentos, músculos, tendões e pele, é treinada por meio de uma grande quantidade de exercícios. O treinamento proprioceptivo é baseado em exercícios para melhora da sensação de movimentos originados das articulações, músculos, ten- dões e ligamentos que são enviados, por meio de vias, ao sistema ner- voso central , de modo consciente ou inconsciente, exercendo, portanto, influências no tônus muscular, na coordenação para a execução dos mo- vimentos, nos reflexos musculares, estabilidade articular e equilíbrio pos- tural. 49 Isto significa que, de forma clara e objetiva, em termos práticos, todo o treinamento que causa desequilíbrio no corpo – em situações estáticas e dinâmicas, de forma organizada provoca uma resposta do sistema nervo- so central gerando a estabilidade funcional. Um exemplo deste “ajuste postural” é quando pisamos numa superfície irregular, os proprioceptores detectam essa mudança e enviam, muito ra- pidamente – mecanismo reflexo, informações para o cérebro onde são processadas; o cérebro, então elabora a resposta envolvendo os compo- nentes articulares e musculares para fazerem os reajustes à nova situa- ção para retomar o equilíbrio – esta resposta é conhecida como controle neuromuscular. Como, por exemplo, realizar uma abdução horizontal, com apoio no balance disc, é uma alternativa me- todológica para desenvolver a esta- bilidade e o equilíbrio, acionando o reflexo de resposta a inclinação. Quanto mais treinar o corpo em si- tuações de “instabilidade” a capaci- dade para retomar o equilíbrio é desenvolvida, portanto, a inclusão de “acessórios” que propiciam a criação de bases instáveis devem obe- 50 decer um critério metodológico e, acima de tudo, estar relacionado com um objetivo específico, de acordo com a necessidade do aluno. Os acessórios rolo e bola suíça tem sido utilizados no treinamento multi- funcional para o desenvolvimento da estabilização, foça estática e dinâ- mica dos músculos do CORE. Propiciam o aumento da instabilidade, no sentido latero-lateral (rolo) e em várias direções (bola). Quando os alunos já conseguem realizar os exercícios, com relativa facilidade, nas bases estáveis , recomenda-se a inclusão dos acessórios. Estas alternativas metodológicas - modificação da superfície de apoio e respectiva inclusão de acessórios e combinação de movimentos estáti- cos e dinâmicos, com o objetivo de “melhorar a propriocepção – confor- me opinião dos seus proponentes, devem ser aplicadas nas diferentes fases do treinamento, de acordo com ordem lógica ou mesmo metodoló- gicas, uma vez que esses exercícios, muitas vezes extremamente com- 51 plexos, rotulados como “funcional”, são aplicados de forma aleatória, não respondem as perguntas básicas: porque fazer, para quem, quando e como ! É importante salientar que muitas pessoas não são capazes de ficar em equilíbrio, sobre um dos pés ou mesmo na posição ventral, em quatro apoios, perdem a estabilidade ! Para esses alunos é recomendado reali- zar esses exercícios, de forma estática e depois dinâmica para, em segui- da, progredir para a inclusão de bases instáveis. Esta é uma sequencia lógica, neurológica e pedagógica. Durante 14 anos, no Instituto Mauro Guiselini, cuidamos do aluno André Higino que, em função de uma patologia na coluna lombar, incluímos os exercícios sobre superfícies instáveis. Durante a fase do treinamento - es- tabilização e força estática, foi fundamental para, na sequencia o desen- volvimento da força dinâmica e hipertrófica. 52 Os novos espaços de treinamento As novas salas de musculação, até bem pouco tempo, repletas de ma- quinas "monoplanares e monoarticulares", aparelhos computadorizados - esteiras, bicicletas, cross trainers, com possibilidades de se conectar com os Iphones, com telas de plasma e memória para armazenar o trei- namento, tem ao seu lado aparelhos muito simples que possibilitam a realização de exercícios globais - muito parecidos com as atividades cotidianas e esportivas. 53 Este ambiente de treinamento que propicia uma situação muito similar o mundo real de movimento, é o recomendado pelos adeptos do treina- mento funcional. Os aparelhos simples que permitem a realização de exercício básicos - denominados de funcionais são realizados com auxilio de acessórios muito antigos (revitalizados) - o velho e reinventado medicinebol (hoje ele pula), o jurássico Kettlebell, a banda elástica (nova versão da antiga câ- mara de bicicleta utilizada nas aulas de ginástica dos anos 50)e ,sem contar, as cordas de amarrar navio. Os métodos clássicos de treinamento - Interval Training e Circuit Trai- ning, são facilmente adaptados nesses “novos espaços de treinamento”, com foco na alta intensidade. 54 As gaiolas, compostos de torres, escadas e pontos de ancoragem permi- tem a volta do treinamento em grupo, utilizando como método de treina- mento o antigo e eficiente Circuit Training. Barras, argolas, caixas de saltos, barreiras, pneus de trator, martelos, me- dicinebol com areia, sacos de areia, entre outros acessórios são , fre- quentemente utilizados para montar as aulas de treinamento de alta in- tensidade. 55 As Tendências para 2016 Anualmente, o ACSM - AMERICAN COLLEGE of SPORTS MEDICINE pu- blica as tendência para o ano corrente, com base nas informações obti- das nas entrevistas realizadas com especialistas em Fitness & Wellness. 56 57 1 Tecnologia - acessórios 2 Treinamento com o peso do corpo 3 Treinamento Intervalado de alta Intensidade - HIIT 4 Treinamento de Força 5 Treinamento Personalizado 7 Treinamento Funcional 8 Treinamento para Idosos 9 Exercício para Perda de Peso 10 Yoga 11 Treinamento Personalizado para Grupos 12 Promoção da Saúde no Local de Trabalho 13 Coaching em Bem-Estar ( wellness coaching) 14 Atividades ao Ar Livre 15 Treinamento Específico para Esportes 16 Exercícios para Flexibilidade e Mobilidade com o rolo 17 Aplicativos para smartphones 18 Treinamento em Circuito 19 Treinamento do CORE 20 Avaliação de Resultados Aulas em Grupo Modalidades de Exercícios As pessoas adoram se exercitar com a música, uma excelente alternati- va para aumentar a liberação das beta endorfinas ! Constantemente o profissional de fitness, que ministra aulas em grupo, para atender às ne- cessidades de um mercado em crescimento, busca diferentes alternati- vas? Quais modalidades, equipamentos e tendências, motivam as as pessoas de varias idades, em media de 25 a 60 anos, a correr, saltar, le- vantar, puxar, empurrar, sorrir... A organização internacional IDEA, em 2016, entrevistou 15 profissionais experts em modalidades em grupo, para veririfar a s mais praticadas nos últimos 3 anos. 58 Crescimento das Modalidades de Exercícios nos últimos 3 anos Aqui estão as modalidades de exercícios em gru- po, mais populares dos últimos 3 anos, de acor- do com 15 profissionais de fitness da indústria gru- po de fitness condicionamento atlético. As aulas listadas não estão em ordem de preferência. aulas de condicionamento físico na barra treinamento com o peso corporal treinamento em circuito aula temática - CORE treinamento intervalado de alta intensidade - HIIT ciclismo indoor treinamento focado em força aulas virtuais yoga e outras classes de mente-corpo Zumba® e aulas inspiradas em dança 59 Treinamento Multifuncional Conceito4 “Um dos fatores de sucesso é variar o treino, surpreen- da seu aluno” – Mauro Guiselini Conceito de Treinamento Treinamento, de acordo com Barbanti (2005) é todo programa pedagógico de exercícios que objetiva melhorar as habilidades e aumentar as capacida- des energéticas do indivíduo para uma determinada atividade. Treinamento, para Gomes (2009) pode ser entendido como a repetição siste- mática de ações musculares dirigidas, com fenômenos de adaptação funcional e morfológica, visando à melhora do rendimento. Segundo Lopes et al (2010), alguns autores de treinamento esportivo tam- bém classificam e dividem as adaptações em funcionais ( referentes ao incre- mento das capacidades biomotoras) e morfológicas (referentes à alterações na composição corporal, que no conjunto, denomina-se adaptações morfo- funcionais Fig. 1 Treinamento: adaptações funcionais e morfológicas 61 Fig. 2 Ênfase adaptativa relacionada ao estímulo aplicado, seja neural, morfo- lógico ou funcional (Lopes et al, 2010) Foto 1 e 2 Adaptação neuromuscular: foco na mobilidade e estabilidade 62 Conceitos: Treinamento Funcional e MultiFuncional O Treinamento Funcional é um método de treinamento, uma nova forma de treinamento ou uma estratégia metodológica que utiliza os princípios do trei- namento esportivo para alcançar seus objetivos? Para vários autores especialistas no assunto, existe um consenso comum so- bre Treinamento Funcional, ou seja, é elaborado para treinar as habilidades motoras funcionais (movimento) necessárias para as atividades cotidianas e/ ou esportivas, diferente dos exercícios de isolamento que treinam o múscu- lo; treinar o músculo é diferente de treinar o movimento. Check, 2000; Ru- benstein, 2005; Clarck et AL, 2008; Boyle,2004; Santana, 2006, Guiseli- ni,2010. Apesar da concordância de diversos autores, o conceito de treinamento funcional ainda é motivo de muita controvérsia, principalmente pela escolha dos exercícios e sua aplicação para alunos com diferentes objetivos, capaci- dade funcional e habilidades motoras. O nível de desenvolvimento de deter- minadas capacidades biomotoras funcionais, principalmente a mobilidade, estabilidade, consciência corporal e coordenação motora global são decisi- vas para a aplicação do treinamento funcional. Recomendamos, para tanto, a aplicação de testes multifuncionais para avaliar estas capaci Vamos conhecer o conceito de duas palavras que são utilizadas pelos espe- cialistas dos assunto: funcional e multifuncional. 63 O significado das palavras “Funcional e MultiFuncional” Funcional 1. Capaz de operar ou funcionar 2. Tendo ou servindo a um propó- sito utilitário; capaz de servir ao propósito para o qual foi projetado (Webs- ter’s Encyclopedic Unabridged Dicionary of the English Linguage) Funcional 2. adj. cuja execução ou fabricação se procura atender, antes de tudo, à função, ao fim prático (Michaellis) O significado das palavras “MultiFuncional” Multifuncional 1. adj. Que realiza sozinho várias funções (p. ex., um apare- lho). 64 MultiFuncional 2.adj. Que tem ou realiza múl- tiplas funções; POLIVALENTE (Dicionário Aule- te) [F.: multi + funcional.] MultiFuncional 3. adj. Que tem várias fun- ções ou utilidades diferentes. (web dicionário Treinamento Funcional Motivo de muita controvérsia entre os profis- sionais de educação física, já praticada há muitos anos pelos fisiotera- peutas, com a finalidade de reabilitação, o treinamento funcional aplica- do no treinamento esportivo e nos programas de condicionamento físico já acontece a cerca de 10 anos no nosso país. Nos EUA o precursor do treinamento funcional, há cerca de 30 anos, Gary Gray tem publicado inú- meros trabalhos sobre o assunto. A definição do que é treinamento funcional é muito discutida, de certa forma controvertida, pois, na literatura especializada, encontramos dife- rentes conceitos. É composta de duas palavras combinadas, porém, cada uma delas, tem um significado próprio. São centenas de vídeos publicados na internet (youtube), artigos em re- vistas consideradas “não científicas”, cursos de extensão universitária, de capacitação profissional e de pós-graduação sobre Treinamento 65 Funcional & CORE, conteúdos e cursos que tem despertado grande inte- resse entre os Fisioterapeutas e Profissionais de Educação Física que atuam como Personal Trainer, Preparador Físico, entre outros profissio- nais da área da saúde. Apesar de inúmeras publicações científicas a respeito do tema em ques- tão, parece não existir um consenso comum entre os profissionais envol- vidos, observamos uma grande divergência, não só nos aspectos concei- tuais, mas principalmente com relação aos exercícios práticos disponí- veis, em especial aqueles que aparecem em diversos sites como os do Grande parte dos exercícios realizados sobre superfícies instáveis, com auxílio da bola suíça, disco de equilíbrio, pranchas de equilíbrio ou mes- mo exercícios realizados em posições não usuais nas atividades cotidia- nas ou esportivas aparecem como sendo estratégias de treinamento funcional. Essa alternativas são aplicadas, muitas vezes, em diferentes fa- ses do treinamento, sem uma ordem lógica ou mesmo metodológica, são sugestões de exercícios, muitas vezes intensos e complexos, todos rotulados como “funcional”....sim, para quem e porquê? De acordo com vários autores especialistas no assunto, o Treinamento Funcional é elaborado para treinar o movimento necessário para as ativi- dades cotidianas e/ou esportivas, diferente dos exercícios de isolamento que treinam o músculo; treinar o músculo é diferente de treinar o movi- 66 mento. Check, 2000; Rubenstein, 2005; Clarck et AL, 2008; Boyle,2004; Santana, 2006, Guiselini,2010. Entre os profissionais interessados no tema são frequentes algumas questões, entre elas se o treinamento funcional é diferente do treinamen- to tradicional, quais exercícios são utilizados, se a prescrição segue os mesmos princípios, enfim qual é a grande diferença? É bem provável que muitos profissionais, muito embora estejam “utilizan- do o treinamento funcional como estratégia de ensino”, não se recordam ou mesmo não levam com consideração o conceito e os princípios de treinamento; é muito importante conhecê-los e saber como aplicá-los uma vez que é sobre esse conceito e princípios que o treinamento funcional é estruturado. O Treinamento Funcional, para inúmeros profissionais, não apresenta nada de novo, é simplesmente uma forma de trabalho muito parecida com outras já, hà muito tempo, utilizadas no treinamento esportivo. Apresentamos, a seguir, o conceito de treinamento funcional, de acordo com diferentes especialistas. De acordo com Vives (2005) treinamento funcional é um treinamento que melhora a estrutura do corpo ou movimento. Se esse movimento é meca- nicamente simples (subir escada carregando uma cesta de roupa ) ou 67 complexo (fazer uma bandeja evitando a marcação), estamos sempre trei- nando para a função ideal do corpo. O treinamento deve considerar a sua aplicação, ou seja, se o foco é nas atividades cotidianas ou esporti- vas, para a melhoria da performance. Fotos 3, 4 e 5. Atividades cotidianas, esportivas e de condicionamento. Para Boyle (2010), o treinamento funcional é melhor descrito como um continuo de exercícios que ensina os atletas a controlar “peso corporal” (em relação à força da gravidade) em todos os planos de movimento. É um treino com propósito, ou seja, é apresentado como um treinamen- to generalizado, que pode ser aplicado para todos os esportes. O técni- co usa o peso do corpo como resistência, aproveita a ação da força da gravidade e escolhe posições que tem significado, específicas para as necessidades de cada modalidade esportiva. 68 Foto 6. Prancha lateral com abdução do quadril com resistência Para Gambetta (2012) o treinamento funcional envolve mais do que traba- lhar numa superfície instável usando bolas de estabilidade ou outros acessórios similares, os movimentosutilizados são multiplanares e mul- tiarticulares. Dos Remédios (2010) menciona que o treinamento funcional se refere so- mente àquelas habilidades motoras utilizadas para melhorar o funciona- mento do seu corpo no dia a dia, por meio do programa de treinamento. Sem exageros, sem trejeitos, sem truques – apenas exercícios eficientes. A maioria dos jogos, esportes, lutas, segundo Radcliffe (2007), são dispu- tadas na vertical, em pé, com movimentos de flexão, extensão e rotação em várias direções. Treinar esses movimentos só ajudará a melhorar o desempenho nas diferentes atividades cotidianas e esportivas, além de mantê-lo saudável. A capacidade de mover-se, com mobilidade e estabi- 69 lidade, serve para mantê-lo no caminho certo para o sucesso; o treina- mento funcional vai te mostrar o caminho. Esta definição simples, de certa forma, no entanto é complexa a sua aplicação, pois não é uma questão do que é ou não funcional; é apenas um entendimento de quão funcional um exercício ou movimento é relati- vo ao objetivo do treinamento. Se um atleta está trabalhando para melho- rar a força para a corrida, e os exercícios que ele está fazendo envolvem posições sentadas ou em decúbitos, então eles não são muito funcio- nais em relação ao objetivo de melhorar a força para a corrida. (Gam- betta, 2012) Fotos 7 e 8 Habilidades Motoras Multifuncionais - remada Minha definição para testes e treinamento funcional não me limita aos exercícios “frufru” (floreados), que muitos treinadores consideram ser trei- namento funcional. Eu concordo plenamente com os treinadores de for- ça que não gostam do lado “leve” de treinamento funcional. Demonstrei 70 em múltiplas ocasiões que os pitchers e os quarterbacks das equipes co- legiais e níveis profissionais podem obter mais ganhos funcionais através do dead lift e suas variações do que com uma rotação externa e interna de ombros com uma banda elástica. Fotos 9 e 10 Dead Lifit na preparação do atleta de baseball - pitcher Não estou dizendo que uma é melhor do que a outra, o que digo é que eles tiveram um treinamento com o dead lift por que eles necessitavam uma integridade mais forte no padrão de movimento. Se a avaliação mos- trasse que eles precisavam mais trabalho de punho eles teriam recebido treinamento com a banda elástica. (Cook, 2011) Minha definição de função não se limita a certas formas de equipamen- to. Ela simplesmente define um déficit funcional e oferece um tratamen- to, seguido pelo reteste para verificar se o déficit ainda está presente. 71 Se o déficit ainda está presente após meu trabalho para modifica-lo, meus resultados não foram funcionais. (Cook, 2011). Charles Staleys (2005) descreve treinamento funcional, em seu livro Mus- cle Logic como “exercícios realizados com vários acessórios tais como bolas de exercícios (bola suíça), rolos, pranchas e tábuas de equilíbrio, desenhados para criar um ambiente mais desafiador com o propósito de envolver mais os pequenos músculos estabilizadores profundos”. O Trei- namento Funcional defende o propósito que o maior envolvimento dos músculos estabilizadores é a chave para melhorar o desempenho e o re- sultado global do treinamento. Fotos 11 e 12 Treinamento com Kettlebell: base instável x estável 72 Para Boyle (2011) treinamento funcional e treinamento em superfície ins- tável não são sinônimos. Treinamento em superfície instável é um dos as- pecto do amplo processo a que se resume o treinamento funcional. Infe- lizmente esse treinamento em superfície instável se tornou tão sinônimo de treinamento funcional que muitos o consideram um único e o mesmo. Treinamento funcional não é tanto sobre os acessórios usados pelos fisio- terapeutas em reabilitação, mas sobre o conhecimento que os fisiotera- peutas ganharam sobre como as lesões ocorre. É aí que as pessoas se confundem: não é sobre acessórios é sobre conhecimento. O treinamen- to funcional dirige o foco para que os exercícios incorporem os múscu- los estabilizadores por que é isto que os fisioterapeutas relatam como fonte de lesão (Boyle, 2011). O treinamento funcional é um termo que pode ser interpretado de forma errada por que todo movimento é funcional, a distinção deve ser focando na funcionalidade das habilidades motoras funcionais ou “drill – desafio” (termo utilizado no esporte, segundo Gambetta, 2012), no caso específico daquelas relaciona- dos ao esporte. 73 Segundo a NSAM (2006) todo padrão de movimento funcional envolve desaceleração, estabilização e aceleração o qual ocorre em cada articula- ção na cadeia cinética e em três planos de movimento. De acordo com os diversos autores citados, observamos que o conceito de treinamento funcional apresenta uma grande abrangência, ou seja: • Numa abordagem voltada para a avaliação dos padrões de movimen- to e identificação das disfunções e, à partir daí, prescrever exercícios para compensar os déficits de movimento; • Como um treinamento que utiliza acessórios e que enfatiza a realiza- ção de exercícios sobre uma superfície instável para aumentar a partici- pação dos músculos profundos; • A utilização de exercícios multiplanares e multiarticulares, diferentes dos exercícios de isolamento, realizados em situações e posições simi- lares aquelas realizadas nos jogos, esportes, atividades cotidianas, lu- tas, artes marciais e dança. É bem provável que muitos profissionais, muito embora estejam “utilizan- do o treinamento funcional como estratégia de ensino”, não levam em consideração o conceito e os princípios de treinamento; é muito impor- tante conhecê-los e saber como aplicá-los uma vez que é sobre esse conceito e princípios que o treinamento funcional é estruturado. 74 Por que o termo Treinamento MultiFuncional Realmente é um assunto muito interessante e, ao mesmo tempo, motivo de muita discussão e, por que não de controvérsia adotar esse ou aque- le nome para determinada atividade. Muitos especialistas não concor- dam com o nome treinamento funcional, são de opinião que é mais uma “moda, um nome para algo que é muito antigo, os exercícios apresenta- dos não são novos, já eram utilizados nos programas de treinamento tra- dicionais – agachar, levantamento de peso olímpico, saltos, enfim não existe nada de novo. É uma opinião que deve ser respeitada, no entanto, atualmente existe uma explicação teórica, adaptações metodológicas que, de certa forma justificam a utilização dessa nomenclatura. Se analisarmos o conceito da palavra multifuncional - adj. que tem vá- rias funções ou utilidades diferentes (web dicionário), e transferindo para a nossa área, por analogia, podemos considerar que determinados exercícios e mesmos músculos podem, portanto, serem considerados como multifuncionais. Segundo Richardson et al (2004) a sustentação de peso contra a ação da gravidade nas posturas de trabalho flexionadas está intimamente rela- cionada à função muscular antigravitacional, ao exercício em cadeia fe- chada e ao controle motor em alça fechada (closed loop), apoiando-se 75 fortemente no feedback sensorial. Esse é o domínio dos músculos anti- gravitacionais (monoarticulares e locais). Contudo, o movimento em ca- deia aberta com ausência de sustentação de peso e indícios de cargas gravitacionais (feedback sensorial) é o campo de ação dos músculos multiarticulares – multifuncionais. Coerente com os fundamentos acima identificados, entendemos que muitos exercícios, principalmente aqueles multiarticulares e, em muitos casos, também multiplanares, podem ser considerados como “exercí- cios multifuncionais” sendo, por sua vez, utilizados como meios do Trei- namento MultiFuncional (Guiselini, 2013). Quando surge algo novo no mercado é importante saber os fundamentos...os conceitos, as evidências científicas. 76 Esta é uma pergunta que sempre os alunos fazem, se é mais um nome de algo que já existe no mercado, uma moda, enfim, porque o nome Mul- tiFuncional ? A resposta não é muito simples, dependendo do nível decompreensão a respeito do ser humano, da sua complexidade, da integração das várias dimensões fica mais fácil entender o porque ! No entanto, a maioria dos programas de treinamento, em particular o funcional, muito atual, exce- lente, deixa de priorizar algumas capacidades biomotoras que considera- mos importante, como por exemplo, a consciência da respiração, des- contração muscular e relaxamento. Exercícios expressivos com música e técnicas de soltura também não são utilizadas nos programas tradicio- nais. 77 O Treinamento MultiFuncional considera o ser humano de forma inte- gral. A abordagem holística não é nova, muito enfatizada nos anos 60’, mais recentemente as academias e personal trainers tem incluído, nos seus programas, exercícios e técnicas denominadas body & mind - Yoga, Pila- tes, Tai-Chi, Massagem, entre outras., com o objetivo de desenvolver ou- tras capacidades biomotoras além das tradicionais. 78 Os conceito de Wellness Coaching e Health Coaching, coerentes com a tendências da industria do fitness, são elaborados considerando as vári- as dimensões do Bem-Estar e a importância do estilo de vida saudável - exercício físico, alimentação saudável e controle do estresse. O que é Bem-Estar Sentir-se Bem ! É uma sensação pessoal, pois reflete o que você sente em relação a fa- tos, pessoas, situações, conquistas, posição social, nível intelectual, ao próprio corpo, enfim a própria forma de viver (Guiselini,2016) Inúmeros estudos tem demonstrado como o exercício físico é um meio educativo privilegiado, uma das poucas...talvez a única alternativa que consegue, ao mesmo tempo propiciar benefícios para as 5 dimensões do bem-estar. A melhoria da aptidão física relacionada à promoção da sa- 79 Bem-Estar é Sentir-se Bem É estar em equilíbrio físico, emocional, mental social e espiritu- al - com alegria ! É buscar e encontrar a paz, harmonia e felicidade. (Guiselini, 2016) úde e bem-estar é, já ha algum tempo, um dos principais objetivos a se- rem desenvolvidos pelos profissionais da área da saúde , particularmen- te os da Educação Física . Na medicina tornou-se comum a recomenda- ção da prática regular do exercício físico na prevenção e tratamento de inúmeras doenças. A Academy of Medical Royal Colleges, em fevereiro de 2015, publicou um documento intitulado Exercício: a cura milagrosa e o papel do médico na sua promoção. Objetivo da publicação, de acordo com o Prof. Dame Sue Bailey, membro titular da referida instituição, é propiciar aos médicos ferramentas que os ajudará a promover exercícios para os pacientes. Uma das referencias da publicação explica como e quanto a atividade física é valiosa como uma medida preventiva contra uma grande quantidade de doenças. 80 O Treinamento MultiFuncional é o resultado de mais de 40 anos, anos de estudos, pesquisas e aplicação prática, aplicando nas minhas aulas cole- tivas no Circulo Militar, nos anos 70’, depois nas Academias RUNNER e Cia. Athlética nos anos 90”. Na sequencia, no Centro de Integração do Corpo, cuidando individualmente e em pequenos grupos, alunos de 14 a 90 anos, durante 12 anos, iniciei a aplicação das técnicas complementa- res. Os exercícios respiratórios, toque suave (descontração miofascial) e técnicas de relaxamento, completaram os 7 Grupos de Exercícios que compõe a proposta do Treinamento MultiFuncional - Exercícios Expressi- vos com Música, Exercícios com Máquinas e Aparelhos, Exercícios com Peso do Corpo e Acessórios, Alongamento Suave, Exercícios Respiratóri- os, Toque Suave e Relaxamento. 81 Anos atrás, na Escola d Jockey, meus alunos de 4 anos participa- vam das aulas de Educação Físi- ca . Cor re r, sa l ta r, puxar, rolar...habilidades básicas reali- zadas em forma de “circuit trai- ning..”. Estava nascendo a mi- nha proposta metodológica, as primeiras experiências para ela- borar o Treinamento MultiFuncio- nal de hoje. 82 Dança Estética Lutas Esportes Atividades Cotidianas Artes Marciais Mundo Real de Movimento 83 Um programa pedagógico de exercícios multifuncionais (isola- dos e em cadeia cinética) para o desenvolvimento de capaci- dades biomotoras e aprendizagem/aperfeiçoamento de habi- lidades motoras multifuncionais, utilizadas no mundo real de movimento; como objetivos para a promoção da súde & bem- estar, estética e desempenho (Guiselini, 2016) Fig. 3 Componentes do Treinamento MultiFuncional (Guiselini, 2016) Programa Treinamento Multifuncional O programa de Treinamento MultiFuncional é elaborado considerando os objetivos dos alunos, resultados obtidos na AMF-Avaliação MultiFuncio- nal e respectivos déficits de movimento. Essas informações são funda- mentais para a escolha dos exercícios multifuncionais, métodos de treina- AVALIAÇÃO MULTIFUNCIONAL HABILIDADES MOTORAS GLOBAIS CORE ADM TREINAMENTO MULTIFUNCIONAL ADAPTAÇÕES MORFOLÓGICAS COMPOSIÇÃO) CORPORAL) FUNCIONAIS CAPACIDADES BIOMOTORAS SAUDE & BEM-ESTAR CAPACIDADES BIOMOTORAS ESTÉTICA DESEMPENHO APRENDIZAGEM HABILIDADES MOTORAS FUNCIONAIS COTIDIANAS ESPORTIVAS 84 Componentes de Treinamento MultiFuncional mento e respectivas avaliações de controle. Dependendo do resultado da AMF, são incluídos os “exercícios multifuncionais educativos comple- mentares”, na primeira fase da aula, para ajudar a corrigir a execução das habilidades motoras globais, CORE e amplitude de movimento - défi- cits de movimento. As capacidades biomotoras mobilidade/flexibilida- de, estabilidade/equilíbrio, consciência corporal, coordenação motora global e ajuste postural são prioritárias no inicio do treinamento, principal- mente para alunos considerados iniciantes ou que apresentam déficits de movimento. Fig. 4 Treinamento MultiFuncional: Avaliação MultiFuncional e Prescrição de Treinamento (GUISELINI, 2016) 85 Avaliação)) Mul,Funcional) Prescrição)de) Treinamento) Métodos)de) Treinamento) Exercícios) Mul,Funcionais) Capacidades) Biomotoras) Necessidades) Obje,vos) A abordagem metodológica, muito simples e objetiva, adotada no Treina- mento Multifuncional, como resultado dos estudos e principalmente das experiências práticas vivenciados ao longo dos anos, é elaborar o progra- ma considerando os três aspectos identificados na fig. 5 Fig. 5 Alongar, Fortalecer & Relaxar (GUSELINI, 2016) Esta é uma orientação metodológica, ou seja, o professor tem três aspec- tos que considero fundamentais para o sucesso do programa - identifi- car quais músculos estão enfraquecidos, quais estão encurtados e os pontos de maior tensão muscular. Por meio da Avaliação MultiFuncional, entrevista e outros procedimentos disponíveis, é possível obter informa- ções precisas para a prescrição de exercícios. O Treinamento MultiFunci- onal utiliza os exercícios multifuncionais, como principal meio, que serão estudados em capitulo específico. 86 O que é transferido É muito comum os profissionais de educação física - perso- nal trainers, professores de aulas coletivas, preparadores físi- cos, perguntarem se as capacidades biomotoras e as habilidades motoras são realmente transferidas para o mundo real de movimento - atividades coti- dianas e recreacionais, esportes, lutas, artes marciais, dança. Se o treina- mento multifuncional ajuda a melhorar a performance nessas situações. No treinamento esportivo o princípio da especificidade explica muito bem está situação, tendo como base a aprendizagem motora - transferência proa- tiva positiva. Quanto maior for o número de elementos idênticos entre duas habilidades moto- ras, maior serão as possibilidades de transferência, porém é importante res- saltar a relação entre capacidades e habilidades: se você quer ser bom na corrida, o melhor caminho é treinar corrida, aprender a técnica - em nada adianta pedalar, em ambas as situações a resistência cardiorrespiratória será beneficiada, porém as habilidades não - correr e pedalar são habilida- des diferentes. Quantomaior a similaridade entre as habilidades motoras multifuncionais praticadas, maior será a transferência para a nova situação. Ocorre a transferência proativa positiva 87 Fotos 13 e 14 Arrumar a cama e Stiff: ocorre a transferência? Os dois exemplos acima mostram uma situação muito interessante: a dona de casa, para arrumar a cama, faz uma flexão de tronco e quadril várias ve- zes, de forma dinâmica e, por alguns momentos mantém a posição “estáti- ca”, solicitando a ação dos músculos eretores da coluna e posteriores da coxa. Um bom exercício para fortalecer os músculos responsáveis pela tare- fa “doméstica - arrumar a cama”, é o stiff que, tecnicamente são diferentes. Fica claro que este é o principio básico que norteia o Treinamento MultiFuncional:! Treinar de forma similar o mais parecido possível com os movimentos que se pretende melhorar...! Isto é o mesmo que dizer que o treinamento deve ser específico (GUISELINI, 2011)! ! TREINAMENTO) FUNCIONAL) MUNDO)REAL) TRANSFERENCIA) ESPECIFICIDADE) 88 Forma ou Função: você decide Treinar o músculo de forma isolada ou em cadeia cinética, é motivo de mui- ta discussão e controvérsia, pois ambas as técnicas são importantes, depen- de tanto do objetivo como as reais necessidades e interesses. Os exercícios que são menos funcionais são isolados, como por exemplo, a mesa flexora e extensora; estes exercícios são um fim em si mesmo, isto é, para o fortalecimento dos músculos anteriores e posteriores da coxa. O avanço, que é realizado em pé, que pode ser feito com muitas variações, é muito mais funcional se comparado com a mesa flexora pois, conforme o conceito discutido, o corpo funciona por meio de um sistema em cadeia ci- nética, global, se movendo desde as unhas dos dedos dos pés até as unhas dos dedos das mãos. (Gambetta, 2012, Guiselini, 2012) Fotos 15 e 16 Exercício Isolado (cadeira extensora) e Exercício em Cadeia Cinética (avanço) 89 Treinamento com pesos, com isolamento muscular, é muito praticado por pessoas interessadas em construir músculos fortes, bem delineados, aumen- tar a massa muscular e simetria, com objetivos estéticos. Este é o principal objetivo para muitos que desejam mudar a aparência física, o foco é na for- ma, ou seja, dar ao músculo maior definição ou hipertrofia. Na recuperação de alguns tipos de lesões dos joelhos, fortalecimento dos músculos estabilizadores da escápula (manguito rotator), estabilizadores do core, frequentemente é recomendado o exercício localizado com séries e re- petições específicas, nesse caso o isolamento muscular é utilizado primeiro. Na prática, as atividades esportivas e cotidianas são compostas de do movi- mentos globais, multiarticulares e multiplanares. O desenvolvimento das ca- 90 pacidades biomotoras coordenação motoras, mobilidade, estabilidade, for- ça e, especificamente, no caso dos esportes, a velocidade, agilidade e po- tência são fundamentais para o sucesso. O objetivo do treinamento não é só mudar a forma do corpo, mais músculos e menos gordura, mas também como aumentar a capacidade do corpo se movimentar bem; o foco é na função - aprendizagem/aperfeiçoamento de ha- bilidades motoras e desenvolvimento de capacidades biomotoras . Neste caso função significa melhorar a habilidade motora funcional utilizada na prá- tica esportiva ou cotidiana, como por exemplo, correr, saltar, agachar, avan- çar, empurrar, puxar, saltar, entre outras. Habilidade Saltar Capacidades Biomotoras Equilibrio Estabilidade Força Dinâmica 91 Tendo em vista essas duas situações mencionadas os especialistas concor- dam que o profissional de educação física, ao elaborar um programa de trei- namento pode então, escolher exercícios que “treinam o músculo ou aque- les que treinam o movimento (habilidade motora funcional) ”. Estabelecer uma diferença entre “músculo e movimento”, sob o ponto de vista prático não existe, os proponentes levantam a questão relativa aos exercícios isola- dos ou globais e sua similaridade com o mundo real de movimento. Fotos 17 e 18 - Músculo e Movimento Sob o ponto de vista fisiológico e biomecânico, músculo e movimento cami- nham juntos, ou seja, o movimento é resultante da contração muscular que, por sua vez, movimenta os segmentos ou o corpo como um todo. Os adep- tos do treinamento funcional caracterizam o treinamento funcional como um treinamento que melhora as habilidades motoras funcionais, aquelas que se- rão utilizados nas atividades cotidianas ou esportivas. 92 Isto significa que o profissional, para elaborar um programa de treinamento multifuncional, deve ter muito claro qual é “o mundo real de movimento” do seu aluno/cliente, no caso do Personal Trainer, ou do atleta quando no espor- te de alto rendimento. Muitas atividades de condicionamento físico, esportes e recreação, realiza- das por idosos, jovens, donas de casa ou atletas tem os mesmos padrões básicos de movimento. O agachamento, por exemplo, é realizado por todos, em diferentes situações e intensidade, no entanto, a habilidade motora “aga- char é realizada de acordo com um padrão básico de movimento, o cérebro recebe a informação do padrão de movimento a ser elaborado e cria uma co- ordenação entre os músculos necessários para tal tarefa, isto é chamado de programa motor. Isto significa que o Agachamento é realizado para “melhorar a forma de aga- char”, com mais controle e precisão e, ao mesmo tempo, fortalecer os mús- culos da cadeia cinética envolvida para a sua realização; força de resistência muscular, mobilidade, estabilidade, coordenação motora e consciência cor- poral são as principais capacidades desenvolvidas durante o treinamento. Este é o ponto fundamental que deve ser compreendido pelos profissionais, ou seja, a diferença entre forma e função; os exercícios de isolamento mus- cular, muito embora exista um programa motor, como por exemplo, para rea- lizar a rosca direta, não tem como objetivo o padrão básico de movimento global e sim no aprendizado do movimento (exercício) que prioriza o fortaleci- 93 mento dos músculos flexores do cotovelo. Você conhece alguma atividade cotidiana, de lazer ou esportiva que você faz o movimento de “rosca dire- ta”...? Seguramente não, é um exercício isolado de flexão e extensão de co- tovelos, dois movimentos básicos da articulação do cotovelo que são realiza- dos em muitas atividades cotidianas esportivas, porém de forma integrada, em cadeia cinética. Em todo treinamento, e também no multifuncional, durante a prática, sem- pre ocorre a aprendizagem/aperfeiçoamento das habilidades motoras (bási- ca ou específica) e, simultaneamente, o desenvolvimento das capacidades biomotoras prioritárias, tendo em vista os objetivos específicos pré-determi- nados pelo profissional em comum acordo com as necessidades dos prati- cantes. Para maior compreensão, caso não esteja claro os conceitos cita- dos, recomendo a leitura dos conceitos básicos de aprendizagem motora e desenvolvimento das capacidades biomotoras. 94 Um pouco das minhas experiências práticas, com crianças em idade pré-es- colar e escolar. de 4 a 10 anos, nas escolas de Educação Infantil: Escola do Jockey, Escola Móbile e Escola de aplicação da USP. Correr, Saltar, Equili- brar, CORE....o que fiz nesta época está mais atual do que nunca ! 95 1973 1973 1973 1973 1979 1982 1983 1982 1983 Treinamento MultiFuncional INDIVIDUALIZADOPERSONALIZADO GRUPO O Treinamento MultiFuncional pode ser utilizado no Treinamento Personali- zado - PT, Individualizado - na sala de musculação e nas Aulas Coleti- vas - em grupo. Como visto no capitulo 6, a aplicação do Treinamento MultiFuncional consi- dera os resultados obtidos no Sistema Avaliação MultiFuncional - SAMF, que, por meio da aplicação dos Testes Multifuncionais: habilidades motoras funcionais básicas, CORE e amplitude de movimento, identifica os déficits de movimento. Uma vez identificado os déficits de movimento, recomenda- se a prescrição os Exercícios MultiFuncionais
Compartilhar