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Anais do IV Simpósio sobre Formação de Professores – SIMFOP Universidade do Sul de Santa Catarina, Campus de Tubarão Tubarão, de 7 a 11 de maio de 2012 1 ETNOBIOLOGIA COMO METODOLOGIA NO ENSINO DE CIÊNCIAS André Boccasius Siqueira 1 RESUMO: Este texto tem o objetivo de mostrar aos professores da educação básica, sobretudo do Ensino Fundamental, que é possível desenvolver suas aulas valorizando os saberes dos estudantes. O intuito desta comunicação é contrapor o ensino dito tradicional em que o estudante é consideração sem qualquer conhecimento ou saber empírico. Ao valorizar os saberes empíricos ou populares dos alunos, consegue-se desenvolver os conteúdos ditos mínimos de cada ano letivo, desde o primeiro ao nono do ensino fundamental. Baseia-se em autores do currículo para justificar a possibilidade de libertar-se das amarras dos livros didáticos, bem como os autores que estudam a metodologia de ensino dão suporte a esta metodologia, tais como Moreira (1993, 2012), Moreira e Silva (2002), Silva (2002, 2003), Corazza (2001, 2010), Lopes e Macedo (2004), Chervel (1990), Forquim (1992), Goodson (1990, 1999, 2000), Moraes (1998) entre outros. PALAVRAS-CHAVE: Etnobiologia; Ensino de Ciências; Metodologia de ensino. 1. Palavras Iniciais Este texto não se pretende torná-lo engessado. Foi criado com o intuito de conversar como leitor. Por este motivo não se preocupou com as normas linguísticas acadêmicas e formais. É quase um texto falado, exceto quando o autor empolgou-se e trouxe outros autores para conversar, revelando suas identidades e saberes. Uma das ideias que este trabalho procura desenvolver é a de que o professor não é mais o dono do saber. A Pedagogia tradicional defende que quem detém o saber é o professor, o mestre. Defendo que o estudante, aluno da educação básica e do ensino superior detém muitos saberes, no entanto, eles não são valorizados no espaço escolar. A valorização dos saberes dos alunos direciona-se o início de qualquer atividade didático-pedagógica e, posteriormente, o professor direciona a atividade no intuito de aprofundar aqueles saberes e, com esta técnica, o estudante elabora e, por conseguinte, reelabora seu conhecimento empírico e acrescenta novos elementos ou informações àquele. Olhando sob um ponto de vista bastante simplista, tal técnica parece ser de fácil execução. No entanto, na prática de sala de aula, isto é, didático-pedagógica, não é o que acontece. Um ponto pertinente ser levado em consideração é a segurança do professor, do docente. Segurança no sentido de que o docente domine o tema a ser abordado, caso contrário, há muitas fontes de informações. É aconselhável, também, que a atividade a ser realizada seja planejada, não em mínimos detalhes, mas de modo que conduza a ação do docente e da turma. Esta estratégia reforça que haja planejamento em nossas atividades. Não se defende a execução ipsis litteris, porque, de nada adiantaria aqui, defender o aproveitamento dos saberes dos estudantes e o direcionamento que estes dão e darão às nossas aulas se indicar o planejamento minucioso de uma atividade escolar formal e o executá-lo. Deixar que a turma, que os alunos conduzam a aula com seus saberes, sem deixar o tema inicial em segundo plano, e sim voltando às discussões e aprofundando-os. A par disso, este texto objetiva incentivar professores a valorizar os saberes dos estudantes, sobretudo aqueles referentes aos saberes conectados à área das Ciências Naturais, adquiridos de modo empírico, isto é, um conjunto de dados e temas adquiridos através da 1 Licenciado em Ciências, Habilitação em Biologia; Mestre em Educação Básica e Doutor em Educação pela Universidade do Vale dos Sinos – UNISINOS. Professor e Pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Educação – Mestrado, Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL. Anais do IV Simpósio sobre Formação de Professores – SIMFOP Universidade do Sul de Santa Catarina, Campus de Tubarão Tubarão, de 7 a 11 de maio de 2012 2 experiência do sujeito, do aluno. Tais saberes agrupados, muitas vezes, a partir da transmissão de pais ou outros parentes ou vizinhos ou colegas de profissão para filhos, são denominados como saberes populares. Para compreender melhor do que se quer defender, é importante apresentar as reflexões de Lopes (1999, p. 150) quando afirma que tais saberes “são fruto da produção de significados das camadas da sociedade, ou seja, as classes dominadas do ponto de vista econômico e cultural”. E sustenta que “as práticas sociais cotidianas, a necessidade de desenvolver mecanismos de luta pela sobrevivência, os processos de resistência constituem um conjunto de práticas formadoras de diferentes saberes” (Id.). Defende-se que a escola é um espaço multicultural e que tem, nesta perspectiva, o compromisso de aproveitar tais saberes ou culturas em seu currículo, em quaisquer atividades didático-pedagógicas desenvolvidas em seu interior. Há vários autores que defendem esta prática, tais como Lopes e Macedo (2004), Silva (2002, 2003), Moreira e Silva (2002), Corazza (2001, 2010), Moraes (1998), Moreira (1993), Forquim (1992), Chervel (1990) entre outros. Para avançar a discussão sobre currículo, as contribuições de Goodson (1990, 1999, 2000) são significativas, uma vez que o autor reitera acerca das práticas escolares são frutos de vários impasses, avanços e retrocessos no interior da escola e fora dela, com contribuições de pedagogos, educadores, legisladores e cidadãos comuns. É uma teia de pessoas que contribuem para que a escola seja um espaço multicultural e, por conseguinte, multifacetado. Neste sentido, na compreensão de Corazza (2001, p. 14) o currículo está presente em tudo o que nós realizamos no interior da escola e o que fizemos disso em nossa vida passada, fazemos no presente e faremos no futuro. Nas palavras da autora: “o currículo é o que dizemos e fazemos… com ele, por ele, nele. É nosso passado que veio, o presente que é nosso problema limite, e o futuro que queremos mudado. É a compreensão de nossa temporalidade e espaço”. Em outros termos, “isto é currículo: um ser falante, como nós, efeito e derivado da linguagem” que pronunciamos através de palavras, de ações como nossas vestimentas, os gestos, através de nosso ser, enquanto ente, numa visão multidimensional no tempo e no espaço geográfico multifacetado e polimorfo. O currículo é a expressão do que se fala e do que não se fala, das inúmeras vozes faladas e daquelas silenciadas que pronunciam gestos que muitas vezes não são nem notados nem levados em consideração ou imperceptíveis ao outro ou demais sujeitos do espaço escolar. Nesta perspectiva, o currículo de modo geral e, em especial o de Ciências, demonstra um espaço de produção de significados e de silêncios. O que se consegue verbalizar e demonstrar através de nossa imagem enquanto professor é traduzida ou demonstrada por intermédio do conhecimento escolar. Sobre este tema, considera-se como conhecimento escolar um conhecimento identitário do espaço escolar, não apenas cognitivo e também cultural, social, político que permeia por acordos verbalizados e não, em desacordos conscientes ou não. O conhecimento escolar está muito relacionado com o espaço político e geográfico, com o meio em que a instituição escolar está inserida, com a obediência e desobediência das políticas públicas. O que se quer é dizer que o currículo não é estanque, nem materializado, é algo dinâmico, em que se firma e se alicerça em valores éticos e sociais e, no entanto, se segue rispidamente ou não, fielmente ou não, se modifica conforme a escola ou a turma que se está desenvolvendo nosso labor em sala de aula ou fora dela. O conhecimento escolar e o currículo escolar2 são criações espaciais e temporais, pois do que se fala e se discute hoje, pode não ser novidade num futuro próximo nem ser2 Propositadamente nesta reflexão, é configurado deste modo com o intuito de confundir ambos os conceitos a fim de forçar o leitor a se questionar acerca destas duas dimensões da escola. Defende-se que o currículo seja um espaço de disputas em que haja diálogo e acordos simbólicos. O conhecimento escolar é mais amplo e não é Anais do IV Simpósio sobre Formação de Professores – SIMFOP Universidade do Sul de Santa Catarina, Campus de Tubarão Tubarão, de 7 a 11 de maio de 2012 3 importante para as discussões daquele presente. Por isso eles são dinâmicos e não podem ser fixos. Acerca deste presenteísmo, retorno à discussão inicial a fim de dar conta do que este texto se propõe. Na próxima seção apresenta-se o motivo desta reflexão, qual seja, a apresentação de uma ideia ou um modo de ver o ensino de Ciências nos anos finais do ensino fundamental, mas que poderia ser expandido aos anos iniciais também do ensino fundamental ou ao ensino médio, ou mesmo em atividades extracurriculares, no ensino superior, na pós- graduação, na extensão universitária, enfim, na educação formal (ensino regular ou não) e na educação não formal. 2. Atividades que podem ser realizadas na educação básica a partir do ponto de vista multicultural O objetivo desta seção é dar pistas ao docente para que possa incentivar a aprendizagem de seus alunos, sejam eles da educação formal, no ensino regular ou na educação não formal, em cursos de extensão ou projetos desenvolvidos em escolas, como o apresentado em Siqueira; Silveira; Farias (2011), Siqueira (2011a, 2011b), entre outros. Para início, é pertinente compreender sobre o que se fala, a etnobiologia. Um conceito bastante amplo e reconhecido pela academia é o de Posey (1986, p. 15), quando afirma, peremptoriamente que o termo etnobiologia Essencialmente é o estudo do conhecimento e das conceituações desenvolvidas por qualquer sociedade a respeito da biologia. Em outras palavras, é o estudo do papel da natureza no sistema de crenças e de adaptação do homem a determinados ambientes. Neste sentido, a etnobiologia relaciona-se com a ecologia humana, mas enfatiza as categorias e conceitos cognitivos utilizados pelos povos em estudos. Há muito a se fazer nos espaços formais: Primeiramente, promover a discussão com os alunos através de questionamentos, como por exemplo, o que os estudantes sabem acerca do tema que se está discutindo, o que eles detém de informações sobre o que se está discutindo. Isso só não basta. É recomendado partir do que ele sabe e ampliar os conhecimentos através de várias fontes de pesquisa e saber. Visitar uma biblioteca da escola é fundamental. Uma pesquisa na web é também importante (dependendo do tema há grandes contribuições ou inúmeras páginas que não levam a ampliação dos saberes, servem somente para passar o tempo vazio de cada pessoa). Nos espaços informais e com o intuito de realizar um trabalho ou uma atividade escolar séria, há a técnica da entrevista. Em que o pesquisador descobre os possíveis entrevistados através de conversas ao local, ou mesmo já os têm identificados e os procura para deixar a pessoa falar sobre o tema, discorrer acerca de uma ou duas questões desencadeantes, como, por exemplo, “fale sobre tal coisa…” ou “como era em seu tempo de criança a escola, ou a lagoa, ou a pesca, ou as consultas ao curandeiro do local.” Há uma infinidade de estímulos que se pode utilizar para que a pessoa comece a falar, a discorrer sobre o tema que estamos altamente interessados para nossas atividades escolares. Para tal, não é necessário buscar os grandes líderes. Pessoas comuns da comunidade que viveram e que vivem nosso objeto de pesquisa podem ser consideradas importantes em nossas reflexões. Quando se vai a campo, procura-se observar o máximo do ambiente possível, sempre enfocando em nosso objeto de estudo. Uma das possibilidades é observar a relação do entrevistado com o ambiente em que está inserido. Quando o tema da entrevista referir-se a somente o saber acadêmico transposto didaticamente em saber escolar que está em jogo neste campo. Várias outras disputas estão imersas na rede de saberes e fazeres escolares. Anais do IV Simpósio sobre Formação de Professores – SIMFOP Universidade do Sul de Santa Catarina, Campus de Tubarão Tubarão, de 7 a 11 de maio de 2012 4 plantas medicinais, por exemplo, observar o cultivo das mesmas, o armazenamento das mesmas, as fontes dos saberes dos entrevistados entre outros. Na pesquisa etnoecologia, é pertinente ver os métodos de pesca, locais de pesca, épocas do ano, a relação e interação do pescador e seus familiares com o ambiente em que estão inseridos, como o cuidado com o curso d’água e organismos capturados, objeto da pesca, conforme se observa em Silveira, Serafin e Siqueira (2011). Registrar quando possível o maior número de informações que se pode captar em uma atividade fora do espaço escolar. Os registros podem ser de várias maneiras, Neste texto se destaca as fotografias, os filmes, as anotações de campo ou ainda a coleta de materiais ou objetos tanto aqueles fruto de seu conhecimento ou de sua criação. Através de fotografias, filmes, anotações de campo: Há que se ter presente que estamos invadindo a privacidade de alguma pessoa que, antes da nossa presença, estava realizando suas atividades sem ser importunado. A presença de uma pessoa em seus afazeres pode causar constrangimento e a pessoa responder aos questionamentos do pesquisador de modo não muito simpático, querendo livrar-se o quanto antes possível do questionador. Há aqueles que fazem questão de serem questionados ou de ter uma companhia uma vez por semana ou a cada quinze dias. Este último grupo são aqueles que gostam de falar, porém não com muita frequência, e também sem muita fórmula ou compromisso fixo. Outros preferem que a visita seja com hora marcada, com começo, meio e fim, para o início da entrevista, a dinâmica ou mostrar o que faz, os seus saberes através de amostras de objetos pesquisados, e um momento previamente combinado para encerrar. Estas últimas são aquelas pessoas que se dispõem, no entanto não estão muito convencidas de que possuem algo a dizer e julgam que seus saberes sejam senso comum, pois a grande maioria de sua geração sabe o que tal pessoa conhece e por isso não desejam compartilhar com outras gerações. Com tudo isso, não autorizam ou limitam as fotografias, a filmagem ou mesmo querem saber o que se está anotando na caderneta (também denominada de diário de campo, diário de bordo entre outros). Registro por meio de coleta de materiais (exemplares de plantas, modelos de redes...): algumas pessoas disponibilizam aos pesquisadores todos os materiais possíveis para as futuras reflexões ou mesmo amostra de materiais de uso em suas atividades laborais ou mesmo de lazer. Nos casos em que se pesquisa algo que se pode colher, como por exemplo fragmentos de animais considerados medicinais ou de plantas medicinais. Nestes exemplos há a possibilidade de levar uma amostra do animal ou da planta a fim de verificar ou classificar ou confrontar coma bibliografia ou mesmo usá-los como referência para seu trabalho escolar ou acadêmico. Quando se está entrevistando pescadores, por exemplo, pode-se conseguir um fragmento de rede de pescar ou uma ferramenta utilizada em seus afazeres. Outros objetos podem ser atuais e de anos atrás de fotografias do local onde desenvolve suas atividades laborais, indicação de outros colegas que desenvolvem as mesmas atividades para ampliar a pesquisa ou mesmo para continuar a pesquisa e saber outras opiniões sobre o objeto de pesquisa. Após um desgastante acompanhamento dos alunos na coleta dos dados, retornam eufóricos com os mesmos. Cada grupo com um volume considerável de informações sem saber o que fazer.Primeiramente sugiro agrupar por tema pesquisado. Reunir os dados e trabalhar com eles. Este trabalhar significa acompanhar a compreensão dos alunos, o ano em que estudam e a profundidade que podemos seguir em nossas reflexões. Outra forma de registrar uma boa atividade quando se desenvolve a docência na educação básica é convidar uma pessoa da comunidade, não necessariamente um líder, mas que possua os conhecimentos que serão agrupados e adicionados a fim de seguir nossas reflexões com esta pessoa, isto é, promover uma palestra aos alunos levar os dados ou as informações para as atividades futuras. Anais do IV Simpósio sobre Formação de Professores – SIMFOP Universidade do Sul de Santa Catarina, Campus de Tubarão Tubarão, de 7 a 11 de maio de 2012 5 A partir destas informações agrupadas, promover a criação de espaços que possam socializar os saberes dos integrantes da comunidade escolar a fim de que não sejam perdidos ou esquecidos. É uma alternativa a criação ou conservação de um espaço para o cultivo de hortaliças, plantas medicinais, arbustos, árvores que possam corroborar com os projetos já existentes ou futuros que se pode desenvolver com a turma da educação básica ou ensino superior ou mesmo com a colaboração de integrantes da comunidade. Além disso, tais atividades realizadas na instituição educacional, muitas vezes são expandidas às residências dos alunos, sejam moradores em casas ou em apartamentos. Hábitos positivos e prazerosos são expandidos com facilidade. O desenvolvimento dos conteúdos da área de Ciências Naturais pode ser feito através de um único projeto, desde que seja bem elaborado prevendo a participação da comunidade escolar (especialistas locais), como é elaborado pelo projeto AMBIAL, na rede estadual de educação de Santa Catarina (SILVEIRA e FARIAS, 2009). Para ampliar os conhecimentos, há várias ferramentas que se tem à disposição. A web é uma delas. Na rede mundial de computadores existe, por exemplo, o "Google Earth", onde se pode registrar a imagem de uma região e trabalhar in loco com a percepção ambiental da população que reside no entorno ou que circula na instituição pesquisada, por exemplo. Tal técnica se observa em Santos e Rezende Filho (2011), Souza-Lima e Maciel-Lima (2011), Pereira e Marcomin (2011), entre outros. À guisa de concluir a presente reflexão Nessa perspectiva, há que ser lembrado que não existem métodos mágicos. Não é porque se está lendo ou indicando possibilidades de trabalhar com os saberes populares que tudo dará certo, tudo ocorrerá sem problemas. O que se defende é a adaptação das metodologias educacionais, juntando-as e formando aquela que melhor esteja adaptada aos grupos de estudantes das turmas para as quais desenvolvemos nossas atividades docentes. Nem mesmo na mesma turma, muitas vezes, todos os grupos trabalham em harmonia, nem todos têm o mesmo tempo ou insight na mesma ocasião. Uma das propostas de Marques (2009) é pertinente para esta reflexão, qual seja: observar o meio em que se vive e, a partir deste, juntamente com os estudos escolares, ampliar os horizontes de conhecimento, isto é, conhecer o local para ampliar ao global. O conhecimento do entorno onde a escola está inserida é de fundamental importância para a realização de quaisquer atividades escolares formais ou não formais. Outro aspecto a destacar é a democracia no espaço escolar. Com a experiência dos pesquisadores e cientistas do início do século XX, adaptando às novas formas de relações sociais, acredita-se que o espaço escolar seja aquele determinado para a aprendizagem de crianças, jovens e adultos acerca do tema. Com tal aprendizagem, há possibilidades de que as gerações futuras sejam mais críticas do que as atuais, quanto a diversos aspectos, entre eles o social, o político, o educacional e, por que não dizer, o ecológico em harmonia com o meio em que vivem. Um dos pontos a ser abordado e que este texto defende é o trabalho em equipes, em todos os níveis de educação, tanto na academia, quanto na educação básica, ou seja, um trabalho com no máximo quatro pessoas pode ser bastante enriquecedor. O trabalho em equipes na sala de aula ou fora dela, desperta o interesse do estudante ao perceber que seus colegas conseguem executar tarefas e projetos com outros de modo harmonioso e numa amplitude maior do que apenas seus conhecimentos e suas conclusões. A união de esforços traduz em pesquisas e reflexões profundas quando amalgamados os saberes científicos com os saberes que as pessoas possuem, neste texto defendidos como os saberes etnobiológicos. Anais do IV Simpósio sobre Formação de Professores – SIMFOP Universidade do Sul de Santa Catarina, Campus de Tubarão Tubarão, de 7 a 11 de maio de 2012 6 Há que se saber o modo como unir a teoria escolar ou curricular com a prática docente transformar nossas salas de aula para que ocorra uma melhor aprendizagem de nossos alunos, porém não sabemos o que fazer, ou melhor, como realizar o que almejamos. Por vezes queremos levar o cotidiano das famílias de nossos alunos, mas não temos o insigth de como fazer. Este texto mostrou vários modos de realizar um trabalho por projetos, uma atividade prática de pesquisa de nossos alunos ou mesmo acadêmica. Este é um modo de unir a instituição escolar onde estamos inseridos com a comunidade escolar. Para melhor envolvê-la, é pertinente a realização de leituras, de reuniões, de discussões com os alunos antes de realizar quaisquer atividades práticas. Além disso, não havendo a possibilidade de realizar as atividades práticas fora da escola, é possível adequar o material disponível, como, por exemplo, os livros didáticos, os livros paradidáticos, as revistas especializadas de grande circulação, as revistas científicas disponíveis na web, os filmes, os documentários, as aulas práticas, as aulas de laboratório, o uso de esquetes e de peças teatrais realizadas pelos próprios estudantes, a web, os programas simuladores de ambientes, o Google Earth, enfim, existe uma gama bastante grande de opções que o educador possa colocar em prática e adaptar à realidade social do educando. Os passeios, as visitas a locais de estudos são outras formas de realizar atividades com estudantes da educação básica. Enfim, é recomendado utilizar nossa criatividade para melhorar as aulas e os encontros com estudantes da educação básica. Há ferramentas disponíveis, temos que nos alfabetizar tecnologicamente para acompanhar as mudanças que estão acontecendo. A aprendizagem é de ambos os lados, dos estudantes e dos professores e da comunidade escolar. Referências CHERVEL, A. História das disciplinas escolares: reflexões sobre um campo de pesquisa. Teoria & Educação, Porto Alegre: Pannonica, n. 2, 1990, p. 117 - 229. CORAZZA, S. M. O que quer um currículo? pesquisas pós-críticas em educação. Petrópolis: Vozes, 2001. CORAZZA, S. M. Os sentidos do Currículo. Revista Teias, Rio de Janeiro, v. 11, n. 22, p. 149 – 164, maio/ago. 2010. FORQUIN, J. C. Saberes escolares, imperativos didáticos e dinâmicas sociais. Teoria & Educação, Porto Alegre, n. 5, 1992, p. 28 - 49. GOODSON, I. F. Tornando-se uma matéria acadêmica: padrões de explicação e evolução. Teoria & Educação, Porto Alegre: Pannonica, n. 2, 1990, p. 230 - 254. GOODSON, I. F. Currículo: teoria e história. Petrópolis: Vozes, 1999. GOODSON, I. F. A crise da mudança curricular: algumas advertências sobre iniciativas de reestruturação. In: SILVA, L. H. da (Org.). Século XXI: Qual conhecimento? 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