Prévia do material em texto
Quando falamos sobre comunicação mercadológica e o papel do consumidor dentro desse conceito, acredito que não seja mais segredo que o receptor não é mais uma figura inativa. Com as constantes mudanças tecnológicas e seus avanços, o consumidor tem deixado de ser parte do processo comunicacional como um coadjuvante e vem sendo o foco desse processo, sendo capaz de interferir no consumo e na construção das marcas. Segundo Galindo (1986, p. 37), “Comunicação mercadológica seria a produção simbólica resultante do plano mercadológico de uma empresa, constituindo-se em uma mensagem persuasiva elaborada a partir do quadro sociocultural do consumidor-alvo e dos canais que lhe servem de acesso, utilizando-se das mais variadas formas para atingir os objetivos sistematizados no plano.” O que Galindo diz é, que como forma de construção da sua imagem e da sua marca, as organizações devem utilizar ferramentas de comunicação mercadológica para construir uma relação com seu consumidor. Essas ferramentas possibilitam que as empresas tracem planos e objetivos, monitorem seus resultados e se façam presentes no cotidiano do consumidor. Esse processo de comunicação mercadológica possibilita a construção da marca e a partir de então, é possível despertar em seus públicos necessidades e expectativas que serão fatores importantes para a construção de uma relação de consumo duradoura. É muito urgente que as empresas partam do início: estabelecer seus princípios, sua missão e seus valores, que os compartilhem internamente, gerando assim uma linha horizontal de informação, tornando mais fácil de serem compreendidas por seus públicos e concorrentes. Logo após a declaração da missão e visão da organização, inicia-se o alinhamento de leituras ambientais que incidirão na concepção de objetivos e na formulação de estratégias. Contudo, a novidade aqui está no compartilhamento junto a todos os membros da organização, sobre quem ela é, o que ela faz e qual será sua direção futura, ou seja, sua visão. (GALINDO, 2002, p. 79) No entanto, as estratégias atuais exigem mais do que uma simples comunicação entre empresas e consumidores, é importante dizer que com as mudanças culturais, tecnológicas, ambientais e econômicas, o consumidor tende a adotar práticas diferentes a cada dia, é necessário então que as empresas revejam e adaptem seus planos de gestão e comunicação para acompanhar essas mudanças e evoluções, pois são elas que vão de encontro com seus públicos fortalecendo ou não a relação com eles. Com as mudanças tecnológicas, as possibilidades de formas de relacionamento se ampliam, facilitando uma comunicação mais rápida e eficaz. Junto com a evolução tecnológica, temos também o aumento massivo da produção de bens e serviços. Vivemos a sociedade do excesso, com ofertas excessivas, como cita Nordstrom (2001, p.76) ““Esta é a era do mais. Mais escolha. Mais consumo. Mais diversão. Mais medo. Mais incerteza. Mais concorrência. Mais oportunidades. Entramos no mundo do excesso: uma era de abundância”. Constatando então que a sociedade atual se resume em consumo, podemos perceber que o que é consumido de fato é a ideia do produto, e não os benefícios que ele em si promove. Sendo assim, o consumo é motivado pelo desejo de aceitação ou pertencimento a determinado grupo, que se adquire ao consumir certos serviços ou produtos. O que vale mesmo é o conceito: você é o que você consome. Encontramos no consumidor atual, um perfil que é constantemente influenciado por seus grupos e tudo aquilo que eles consomem, sendo assim, o consumidor deixa de ser somente um receptor da mensagem e passa a ser também um agente ativo no processo de comunicação mercadológica, sendo capaz de se expressar, compartilhar feedbacks e influenciar seu grupo através suas opiniões. A nova ambiência do emissor/anunciante, conta com o crescente aporte tecnológico, com a transformação dos bens em commodities, com o foco no simbólico, com a geração de experiências únicas e pessoais e com a efetiva participação do consumidor, uma vez que o acesso as novas tecnologias de comunicação, ou de relacionamento, possibilitam um feedback constante entre os atores sociais, em um novo espaço, disponibilizado pelas tecnologias da telecomunicações - o ciberespaço, onde pulsa a sociedade em rede, descentralizada, sem hierarquias, sem fronteiras, territórios e com seus múltiplos fluxos comunicacionais em uma nova relação síncrona do espaço-tempo, e ainda esmaecendo os limites entre o público e o privado. (GALINDO, 2002, p. 85) Apesar do consumidor online ser o mais típico, é importante que as empresas também pensem nos seus consumidores mais tradicionais na hora de traçar seus planos de comunicação mercadológica. Ainda temos uma parcela da sociedade que opta pelas vias tradicionais de consumo ou que acaba sendo segregada no processo tecnológico, seja por falta de acesso ou por falta de familiaridade com as tecnologias. Esse consumidor também deve receber atenção das empresas pois representa parcela importante do consumo. Diante de tanta demanda, o consumidor passa a ser o iniciador do processo, tirando das empresas o poder de determinar o que será consumido e passando essa responsabilidade ao próprio consumidor, dessa forma, todo discurso por parte das empresas é válido, mas só terá atenção aquilo que o consumidor desejar. O consumidor tem voz ativa no processo, através das facilidades das novas tecnologias que permite que a relação entre empresa e consumidor seja mais facilitada. Partindo do princípio de que o consumidor é o ponto inicial do processo, deve-se então estudar e entender as necessidades dele, buscando formas de compreender seu perfil que se torna cada vez mais complexo e difuso. É importante entender que ainda é necessário ser persuasivo nas mensagens, no entanto, é urgente que as empresas saibam encontrar a melhor forma de construir seus diálogos, investindo numa comunicação mais sólida e próxima do receptor.