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Na literatura, podem-se encontrar os termos hipertireoidismo e tireotoxicose empregados como sinônimos, porém, conceitualmente, o primeiro se refere ao aumento da produção de hormônios pela tireoide e o segundo refere-se ao quadro clínico decorrente da exposição dos tecidos-alvo ao excesso de hormônios tireoidianos (HT) (seja por dano, hiperfunção da glândula ou por ingestão de HT). Somente em raras ocasiões o hipertireoidismo não leva à tireotoxicose, como no caso da resistência aos hormônios tireoidianos, em que os tecidos-alvo não são capazes de responder ao seu estímulo. Tal como o hipotireoidismo, o hipertireoidismo também pode ser subdividido em declarado e subclínico. Na primeira condição, ocorre aumento das concentrações dos HT e supressão do TSH, enquanto o subclínico é definido como concentração suprimida de TSH com valores normais de HT, na ausência de doença hipofisária ou hipotalâmica. SILVA, A. S. et al. Principais distúrbios tireoidianos e suas abordagens na atenção primária à saúde. Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 55 (4): 380-388, out.-dez. 2011. A produção e liberação dos hormônios tireoidianos é regulada por um circuito de feedback negativo sensível envolvendo o hipotálamo, a glândula pituitária e a glândula tireóide. O hipotálamo libera o hormônio liberador da tireoide (TRH), que estimula a hipófise a liberar o TSH, estimulando a glândula tireoide a liberar os hormônios tireoidianos T4 e T3. O aumento da produção do hormônio tireoidiano normalmente causa inibição da liberação de TRH e TSH pelo hipotálamo e pela hipófise, respectivamente. O rompimento desse sistema delicado leva à produção adicional e à liberação do hormônio tireoidiano e subsequente hipertiroidismo. A produção de hormônios tireoidianos na glândula tireoide depende do iodo. O iodeto alimentar é transportado para as células e convertido em iodo. O iodo é então ligado à tireoglobulina pela peroxidase da tireoide e, subsequentemente, forma a monoiodotirosina (MIT) e a diiodotirosina (DIT) . O MIT e o DIT são acoplados para formar T4 e T3, respectivamente. T3 é mais biologicamente ativo e é tipicamente formado na periferia pela conversão de T4 a T3. No soro, o hormônio tireoidiano é tipicamente ligado a proteínas e inativo. Qualquer processo que aumenta a quantidade de hormônio tireoidiano livre tem o potencial de causar tireotoxicose. O hormônio tireoidiano aumenta a termogênese tecidual e a taxa metabólica basal. A tireotoxicose cria um estado hipermetabólico no qual T3 e T4 livre têm efeitos multiorgânicos generalizados. O espectro de manifestações físicas depende de uma variedade de fatores, incluindo a idade do paciente e a duração da doença, e pode variar de assintomática na doença subclínica a ameaça à vida na doença tireoidiana severa. O grau de aumento do hormônio tireoidiano circulante não se correlaciona de maneira confiável com a gravidade dos sintomas. Pacientes mais jovens tendem a apresentar sintomas evidentes de estimulação simpática, como ansiedade, inquietação e tremores, enquanto pacientes mais velhos tendem a apresentar sintomas clínicos menos evidentes. Pacientes idosos podem não apresentar sintomas adrenérgicos e apresentar depressão, fadiga e perda de peso denominada hipertireoidismo apático. Os pacientes geralmente têm uma variedade de queixas variando de doenças específicas relacionadas a um sistema de órgãos a sintomas constitucionais não específicos. Existe uma ampla gama de sintomas e diagnósticos diferenciais a serem considerados com base na apresentação clínica. DEVEREAUX, Danielle; TEWELDE, Semhar Z.. Hyperthyroidism and Thyrotoxicosis. Emergency Medicine Clinics Of North America, [s.l.], v. 32, n. 2, p.277-292, maio 2014. Probióticos Alterações na diversidade e no equilíbrio da microbiota podem levar a alterações fisiológicas que não se restringem ao sistema gastrointestinal. Um dos modos pelos quais a microbiota intestinal impacta outras partes do corpo é controlada pela permeabilidade intestinal. O supercrescimento de patógenos promovem a perda da barreira intestinal, aumentando assim a permeabilidade intestinal, permitindo que a microbiota intestinal viaje através do epitélio intestinal e entre na circulação sistêmica. Este fenómeno é frequentemente referido como síndrome do "gotejamento intestinal" ou do inglês Leaky gut e permite que a microbiota intestinal afete todo o corpo e o sistema imunitário. Portanto, um equilíbrio saudável da microbiota intestinal é crucial não apenas para o bom funcionamento digestivo, mas também para um sistema imunológico forte. Segue-se que desequilíbrios e desregulação da microbiota intestinal podem levar a uma série de doenças diferentes. Alguns tipos diferentes incluem doenças auto- imunes, hiper-imunes, cardiovasculares, crônicas, neurológicas, cancerosas, psiquiátricas e muitas outras. HO, Jolie Tk; CHAN, Godfrey Cf; LI, James Cb. Systemic effects of gut microbiota and its relationship with disease and modulation. Bmc Immunology, [s.l.], v. 16, n. 1, p.16-21, 26 mar. 2015. Tem sido sugerido que a disbiose intestinal pode desencadear tiroidite auto- imune. Além disso, hipo e hipertireoidismo, frequentemente de origem auto-imune, foram associados, respectivamente, ao supercrescimento bacteriano do intestino delgado e às mudanças na composição da microbiota. VIRILI, Camilla; CENTANNI, Marco. Does microbiota composition affect thyroid homeostasis? Endocrine, [s.l.], v. 49, n. 3, p.583-587, 17 dez. 2014. Em um estudo com 14 pacientes com hipertireoidismo (5 homens e 9 mulheres, com idades entre 45 e 65 anos) e sete voluntários saudáveis (3 homens e 4 mulheres, com idade entre 48 e 60 anos), e que utilizou o método de detecção PCR em tempo real mostrou diminuição de Bifidobacterium e Lactobacillus, e aumento de Enterococcus no grupo com hipertireoidismo. ZHOU, Lei et al. Gut Microbe Analysis Between Hyperthyroid and Healthy Individuals. Current Microbiology, [s.l.], v. 69, n. 5, p.675- 680, 27 jun. 2014. Cálcio Após tireoidectomia na Doença de Graves, estratégias alternativas podem ser tomadas para o controle dos níveis de cálcio: cálcio sérico ± níveis de paratormônio intacto podem ser medidos e cálcio oral e suplementação de calcitriol administrados com base nesses resultados, ou cálcio profilático com ou sem calcitriol prescrito empiricamente. ROSS, Douglas S. et al. 2016 American Thyroid Association Guidelines for Diagnosis and Management of Hyperthyroidism and Other Causes of Thyrotoxicosis. Thyroid, [s.l.], v. 26, n. 10, p.1343-1421, out. 2016. Autores propõem que o metabolismo ósseo é fortemente afetado pelo status do hormônio tireoidiano, de tal forma que até mesmo uma leve alteração nos hormônios tireoidianos a um nível de hipertireoidismo subclínico resulta em aceleração da renovação óssea e excreção de cálcio. Como o aumento persistente do turnover ósseo é responsável pela perda óssea acelerada, os pacientes com doença de Graves (DG) suprimidos pelo TSH podem ter risco aumentado de osteoporose secundária. Embora seus níveis séricos de T3 e T4 estejam dentro da faixa normal, estudos adicionais são necessários para elucidar a significância do aumento da renovação óssea na taxa de perda óssea em pacientes com DG subclínica. Pode ser recomendado observar esses pacientes a partir do ponto de aceleração do metabolismo ósseo, já que evidências de aumento de turnover podem ser um critério para o tratamento antitireoidiano. Por outro lado, a renovação óssea no hipotireoidismo subclínico é diminuída e a excreção de cálcio não é afetada. KISAKOL, G. et al. Bone and calcium metabolism in subclinical autoimmune hyperthyroidism and hypothyroidism. Endocr J. 2003 Dec;50(6):657-61. Exame bioquímico: o cálcio ionizado (ATIVO) é a melhor forma de se avaliar bioquimicamenteo estado nutricional de cálcio. Vitamina D Muitos estudos apontam para um papel da vitamina D no desenvolvimento de doenças autoimunes da tireoide, o que também foi demonstrado em modelos animais. Em particular, foi relatado que a vitamina D modula o hipertireoidismo induzido em camundongos BALB/c por imunização com adenovírus, codificando o receptor de tireotropina ou sua subunidade A. De fato, camundongos com hipertireoidismo BALB/ c alimentados com uma dieta privada de vitamina D apresentaram menos células B esplênicas, diminuição das respostas do interferon-γ ao mitogeno e falta de memória das respostas das células T à proteína da subunidade-A. Além disso, animais privados de vitamina D desenvolveram hipertireoidismo persistente induzido por adenovírus expressando a subunidade TSHR- A humana, demonstrando um papel claro da vitamina D na modulação da função tireoidiana nesse modelo animal. MUSCOGIURI, G et al. Vitamin D and thyroid disease: to D or not to D?. European Journal Of Clinical Nutrition, [s.l.], v. 69, n. 3, p.291-296, 17 dez. 2014. Dose usual: 100 – 500 mg/dia https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/14709834 Com base nos dados da literatura, pode-se esperar que uma deficiência significativa de vitamina D ocorra na maioria dos indivíduos que sofrem de várias formas de autoimunidade tireoidiana. A questão surge, como reagir a esta situação. Seja recomendando o banho de sol, tendo no entanto muitos riscos (envelhecimento da pele, provocando inflamação ou mesmo efeito cancerígeno) e/ou suplementos alimentares contendo precursores da vitamina D, ou substituição farmacológica. Suplementação de vitamina D deve ser oferecida aos pacientes com deficiência, a opinião atual considera ideal e ao mesmo tempo segura um nível sérico de 25 (OH) D3 dentro da faixa de 30-40 ng / ml (75-100 nmol/ l). Nos estudos mais válidos, acredita-se que tais níveis possuam vários efeitos benéficos. Se a suplementação com altas doses de vitamina D ou seus análogos tem efeito preventivo ou terapêutico na autoimunidade tiroidiana é um assunto de estudos intensivos. VONDRA, K.; STÁRKA, L.; HAMPL, R. Vitamin D and Thyreoid diseases. Physiol. Res. 64 (Suppl. 2): S95-S100, 2015. Exame bioquímico: deve-se solicitar a 25hidroxi D3 (a mais circulante com meia vida de 3 semanas) se ela estiver baixa deve-se suplementar a 1,25dihidroxi D3. L-carnitina A L-carnitina é uma amina onipresente envolvida na produção de energia e suas concentrações de tecido diminuem nos estados de hipertireoidismo. Estudos em culturas de células da pele (fibroblastos), células hepáticas e neuronais mostraram que a L-carnitina inibe dependentemente a entrada no núcleos da célula dos dois hormônios da tireoide, mas não a ligação do hormônio tireoidiano aos receptores nucleares cognatos. Com base nesses dados experimentais e em ensaio clínico sobre hipertireoidismo iatrogênico, que demonstrou que a L-carnitina é capaz de reverter sintomas/ sinais de hipertireoidismo preexistentes e impedindo-os de aparecerem de Dose usual: 800 UI novo, o uso de L-carnitina tem sido proposto até mesmo em manifestações severas de tireoide. A manifestação tireoidiana severa é uma síndrome relativamente rara, mas de risco vital, caracterizada por manifestações severas de tireotoxicose. É desencadeada por eventos precipitantes como infecções, cirurgia trauma, corantes de contraste iodado, hipoglicemia, parto, palpação vigorosa da tireóide, estresse emocional, retirada de dogas anti-tireoide, terapia com 131I (iodo radioativo), cetoacidose diabética, tromboembolismo pulmonar, acidente vascular cerebral. Em suma, este caso confirma os grandes benefícios proporcionados pela L- carnitina (sem combinação com drogas anti-tireoide) em formas graves de hipertireoidismo, mesmo em pacientes clinicamente comprometidos. O papel da L- carnitina deve ser avançado a partir da simples terapia “auxiliar”. O uso de L-carnitina deve estar disponível para manifestações severas de tireoide, hipertireoidismo na gravidez e pós-parto, formas destrutivas de hipertireoidismo, hipertireoidismo iatrogênico, hipertireoidismo em pacientes com doenças hepáticas e/ou hematológicas, alergias a todos os medicamentos anti-tireoide, síndrome de resistência a hormônios tireoidianos, preparação para tireoidectomia em pacientes selecionados. Também relata-se taxas muito baixas de efeitos colaterais relacionados a drogas anti-tireoide em pacientes co-tratados com L-carnitina e baixas doses de qualquer droga anti-tireoide. CHEE, Rene et al. L-carnitine treatment in a seriously ill cancer patient with severe hyperthyroidim. Hormones, [s.l.], p.407-412, 10 fev. 2002. A eficácia do tratamento de 1 mês com L-Carn e Selênio (Se) em pacientes com Hipertireoidismo subclínico foi avaliada. L-Carn (500 mg) e Se (83 mcg) combinados podem ser considerados como uma nova abordagem terapêutica para o manejo dos sintomas e do perfil endócrino em pacientes com Hipertireoidismo subclínico. Grandes estudos prospectivos randomizados controlados (duplo-cegos) são necessários para melhor definir o tratamento adequado para este transtorno. NORDIO, M. A novel treatment for subclinical hyperthyroidism: a pilot study on the benefiial effects of l-carnitine and selenium. Eur Rev Med Pharmacol Sci. 2017 May;21(9):2268-2273. PASCHOAL, V. et al. Suplementação Funcional Magistral: dos Nutrientes aos compostos bioativos. São Paulo: VP Editora, 2009. Zinco O zinco (Zn) é um íon intracelular e é um dos elementos-traço e esta no organismo em cerca de 2 a 3 g. As principais fontes de zinco são alimentos de origem animal, como carnes, leite e seus derivados. Estudos avaliando o estado nutricional de pacientes com hipertireoidismo em relação ao Zn, pacientes apresentavam concentração plasmática de Zn abaixo do ideal. Estudos experimentais em animais observaram uma diminuição significativa de Zn nos eritrócitos, mas diminuição significativa nos níveis plasmáticos do mineral não haviam sido observadas, o que ocorre somente em casos de deficiências muito graves de Zn no organismo. Os resultados indicam que é importante fazer o monitoramento nutricional de zinco em pacientes portadores de hipertireoidismo a fim de evitar deficiência nesse grupo. OLIVEIRA, V.; MALDONADO, R. R. HIPOTIREOIDISMO E HIPERTIREOIDISMO – UMA BREVE REVISÃO SOBRE AS DISFUNÇÕES TIREOIDIANAS. Intersciência & Sociedade, v. 3, n. 2, 2014. Como o zinco medeia os efeitos de muitos hormônios ou é encontrado na estrutura de numerosos receptores de hormônios, a deficiência de zinco leva a várias deficiências funcionais no equilíbrio hormonal. E também os hormônios tireoidianos têm importante atividade no metabolismo e na alimentação. Dose usual: A biodisponibilidade da L-carnitina é baixa, sugere-se que a dose de suplementação seja superior a 2 g/dia para uma ação mais efetiva. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28537653 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28537653 O NPY e a leptina são afetivos na ingestão de alimentos e na regulação do apetite. Um estudo foi conduzido para determinar como a suplementação e deficiência de zinco afetam os hormônios tireoidianos (livre e total T3 e T4), melatonina, leptina e os níveis de NPY na disfunção tireoidiana em ratos. Os grupos experimentais no estudo foram formados da seguinte forma: Controle (C); Hipotireoidismo (PTU); Hipotireoidismo+Zinco (PTU+Zn); Hipotireoidismo+deficiência em zinco; Hipertireoidismo (H); Hipertiroidismo+Zinco (H+Zn); e Hipertiroidismo+deficiência em zinco. Os parâmetros dos hormônios tireoidianos (T3, T4, TT3 e TT4) mostraram-se reduzidos nos grupos com hipotireoidismo e elevados nos grupos com hipertireoidismo. Os valores de melatonina aumentaram no hipertireoidismo e diminuíram no hipotireoidismo. Os níveis de leptina e NPYaumentaram em hipo e hipertiroidismo. Os níveis de zinco, por outro lado, diminuíram no hipotireoidismo e aumentaram no hipertireoidismo. A suplementação de zinco, particularmente quando a função tireoidiana está prejudicada, demonstrou que impede essas alterações. BALTACI, Abdulkerim Kasım; MOGULKOC, Rasim. Leptin, NPY, Melatonin and Zinc Levels in Experimental Hypothyroidism and Hyperthyroidism: The Relation to Zinc. Biochemical Genetics, [s.l.], v. 55, n. 3, p.223-233, 17 jan. 2017. Exame bioquímico: zinco eritrocitário. Proteína A tiroxina, indiretamente, afeta o metabolismo proteico, aumentando sua velocidade em todas as células e consequentemente, a velocidade das reações anabólicas e catabólicas das proteínas. Em doses fisiológicas e com adequada ingestão energética e de aminoácidos, a tiroxina aumenta a síntese proteica. Em deficiência Dose usual: 15 – 25 mg/dia energética ou em grandes doses não-fisiológicas, a tiroxina tem efeito contrário, catobólico no metabolismo proteico. COZZOLINO, S. M. F. Biodisponibilidade de nutrientes. 3 ed. Atual. E ampl. Barueri, SP: Manole, 2009. Iodo Danos à saúde podem ser causados não só pela produção hormonal insuficiente devido à deficiência de iodo, mas também pela produção excessiva de hormônio tireoidiano que leva a tireotoxicose. Se todos os processos tireoidianos envolvidos na utilização do iodo estiverem regulados para compensar a deficiência de iodo e, a exposição ao excesso de iodo que acontece repentinamente (pelo consumo de algas por exemplo), pode ocorer o desenvolvimento do hipertireoidismo. Felizmente, a tireoide possui mecanismos que imediatamente detectam o excesso de iodo e levam a um downregulation dos processos que envolvem a síntese e a secreção hormonal como forma de proteção contra o hipertireoidismo. Assim, a tireoide possui a capacidade de aumentar ou bloquear a utilização do iodo para a produção hormonal, e uma provável causa de muitas das desordens tireoidianas é um grau de complicação nesses complexos processos. Como os processos ativados durante a baixa e alta ingestão de iodo são diferentes, o tipo de doença tireoidiana é diferente dependendo do nível de ingestão dietética de iodo e de outros fatores ambientais associados. Estudos populacionais revelam que existe uma relação muito mais complexa e sutil entre a ingestão de iodo e a ocorrência de doenças tireoidianas. Até mesmo com diferenças relativamente pequenas na ingestão de iodo entre as populações, há diferenças consideráveis na epidemiologia da desordem tireoidiana. Recomendação: 1,2 – 2,5 g/Kg de peso corporal. 85 a 90% do iodo são excretados na urina, a excreção urinária é a forma de mensuração da ingestão dietética, pois a média de concentração de iodo na urina é um marcador prático e simples (coleta de urina de 24 horas). A concentração mínima de iodo na urina para se alcançar a recomendação de ingestão de 150 mcg/dia é de 100mcg/l. Status da ingestão de iodo Média de concentração urinária de iodo (g/l) Doença Deficiência severa < 25 Cretinismo, bócio, hipotireoidismo Deficiência moderada 25 - 50 Baixo QI, bócio, hipo e hipertireoidismo Deficiência branda 50 – 100 Bócio e hipertireoidismo Ingestão ótima 100 – 200 - Ingestão acima da adequada 200 – 300 Hipotireoidismo, Doença de Graves Ingestão excessiva >300 Hipotireoidismo, doença de graves e bócio NAVES, A. Nutrição Clínica Funcional: Modulação hormonal. São Paulo: VP Editora, 2010. Magnésio O magnésio é um mineral essencial para os seres humanos e participa de uma variedade de funções metabólicas. A influência dos hormônios tireoidianos na homeostase do magnésio é bem conhecida, mas não é dada atenção suficiente ao metabolismo do magnésio no hipertireoidismo. Em primeiro lugar, o magnésio sérico no hipertireoidismo geralmente está dentro da faixa normal para pacientes em uma Dose usual: 150 – 200 mcg/dia. dieta irrestrita. Em segundo lugar, foram relatados resultados conflitantes sobre o status sérico de magnésio no hipertireoidismo. Alguns pesquisadores descobriram que o magnésio sérico não sofreu alteração no hipertireoidismo, mas outros descobriram que ele estava reduzido, com o magnésio livre no soro sendo o mais frequentemente diminuído. Em terceiro lugar, a relevância clínica da deficiência de magnésio no hipertiroidismo ainda não é conhecida. A administração de magnésio foi relatada na melhora dos sintomas no hipertireoidismo em um estudo clínico. Os hormônios tireoidianos afetam a excreção renal e o transporte celular de íons. A maioria dos estudos sobre o metabolismo do magnésio no hipertireoidismo não investigou concomitantemente o magnésio celular, plasmático e urinário, mas essa abordagem é importante, pois fornece uma explicação abrangente das mudanças na homeostase do magnésio durante o hipertireoidismo. Para testar a possibilidade de que um aumento nos hormônios tireoidianos séricos possa implicar em distúrbios do metabolismo do magnésio em pacientes com hipertireoidismo, autores estudaram as alterações celulares, séricas e renais no metabolismo do magnésio antes e após o tratamento do hipertireoidismo e analisaram suas relações com os níveis séricos de hormônios tireoidianos. Os autores demonstraram que o grau de alteração do metabolismo do magnésio está intimamente relacionado ao aumento dos hormônios tireoidianos circulantes no hipertireoidismo. É provável que o hipertireoidismo severo cause uma séria diminuição do magnésio corporal, especialmente no caso de uma ingestão alimentar deficiente. DISASHI, T. et al. Magnesium metabolism in hyperthyroidism. Endocr J. 1996 Aug;43(4):397-402. Exame bioquímico: Magnésio eritrocitário. Dose usual: 150 mg – 300 mg/dia. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/8930527 Conclusão Diante dos exposto, conclui-se que a conduta para o hipertireoidismo ainda é escassa, necessitando de diretrizes nutricionais mais claras e completas, e que as evidências existentes ainda necessitam de maior confirmação. Sendo assim a análise nutricional e bioquímica do paciente norteia a conduta nutricional aplicada, a critério do nutricionista, nesse caso específico.
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