Buscar

PENAL PARTE ESPECIAL - LFG

Prévia do material em texto

DIREITO PENAL ESPECIAL
Professor: RENATO BRASILEIRO
AULAS:
Aula 1 – 11/02/09 – CRIMES CONTRA A VIDA I
Aula 2 – 02/03/09 – CRIMES CONTRA A VIDA II
Aula 3 – 09/03/09 – CRIMES CONTRA A PESSOAS
Aula 4 – 07/04/09 – CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO I 
Aula 5 – 09/04/09 – CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO II 
Aula 6 – 16/04/09 – CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO III
Aula 7 – 03/07/09 – CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Aula 8 – 06/07/09 – CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA II
Aula 9 – 07/07/09 – CRIMES CONTRA A HONRA E CONTRA A LIBERDADE SEXUAL
Aula 10 – 08/07/09 – CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA
AULA 01 (CRIMES CONTRA A VIDA I) 11/02/09
DOS CRIMES CONTRA A VIDA
1) DIREITO ABSOLUTO
 
O direito à vida é um direito absoluto? R: Nem mesmo a vida é um direito absoluto. Pode-se matar alguém no Brasil? R: Sim, em legítima defesa por exemplo ou pena de morte no caso de guerra declarada. De acordo com o código penal militar, há os crimes militares praticados em tempo de paz e crimes de guerra em tempo de guerra declarada, por exemplo artigo 56 do CPM (a pena de morte no Brasil é executada por fuzilamento).
2) VIDA
 
Vida intra-uterina: ela tem início a partir da chamada nidação que significa a fixação do óvulo no útero que ocorre em regra 14 dias após a fecundação. A utilização da pílula do dia seguinte configuraria o delito de aborto? R: Não porque não houve a nidação. Quando se sai da vida intra-uterina e passa para a extra-uterina? R: A partir do início do parto. Quando se dá o início do parto? R: No parto normal tem início com a dilatação do cólo do útero preparando-se para a expulsão do feto. Enquanto que na cesariana com o rompimento da membrana aminiótica. Essa distinção é importante por quê? R: Para se saber quais dispositivos penais são tutelados pelo CP (que são o 124, 125 e 126). Ao passo que a vida extra-uterina são tutelados pelo artigos: 121, 122 e 123 todos do CP. Exemplo: gestante com 8 meses de gravidez resolve provocar um aborto em si mesma. Após o aborto, esse feto sobrevive durante 2 meses, mas acaba vindo a óbito. Nesse caso por qual crime responde a gestante? R: Ela responde pelo crime de aborto por que o DOLO dela era provocar o aborto. Pouco importando se ele veio a óbito extra-uterina. Ex2: gestante pratica manobras abortivas e o é feto expulso, mas não morre imediatamente, a gestante então joga a criança em um rio causando sua morte. Nesse caso ocorrerá uma SUBSTITUIÇÃO DE DOLO de aborto pelo dolo de homicídio, o animus necandi. Pelo princípio da consunção o delito de tentativa de aborto será absolvido pelo delito de homicídio consumado. 
3) SUJEITOS DO CRIME
 
O crime de homicídio é um crime comum. Crime comum é aquele que pode ser praticado por qualquer pessoa. E na hipótese dos chamados xifópagos (irmãos siameses)? Homicídio praticado por um dos xifópagos. R: Alguns doutrinadores entendem que: o gêmeo responsável pelo delito deve ser condenado, mas a pena fica suspensa até sua prescrição ou até que outro irmão pratique um delito (Flavio Monteiro de Barros). E quando alguém mata os dois, mata um e por tabela mata o outro? R: Se o agente quer matar apenas um dos irmãos, mas acaba produzindo a morte de ambos, na medida que eles tem órgãos em comum, responderá por 2 crimes de homicídio em concurso formal impróprio (Qual a diferença entre concurso material e concurso formal e crime continuado? R: No concurso material, o agente por meio de 2 ou mais ações ou omissões, pratica 2 ou mais crimes. Qual é o critério de aplicação da pena? R: É o chamado critério do cúmulo material, ou seja as penas são somadas. No concurso formal (criminoso econômico), o agente mediante uma ação ou omissão pratica 2 ou mais crimes idênticos ou não. Exemplo: no caso de crimes de roubo praticados no interior de um ônibus, trata-se de uma única ação desdobrada em vários atos, ou seja tecnicamente trata-se de concurso formal. Qual é o critério de aplicação da pena no concurso formal? R: Há o concurso formal próprio, previsto no artigo 70 do CP primeira parte, nesse caso ocorrerá a exasperação da pena, onde a pena será aumentada de 1/3 até a metade. Também há o concurso formal impróprio, ocorre quando se tem vontade de praticar cada um dos delitos, porém o faz mediante uma só ação ou omissão. No concurso formal impróprio o critério de aplicação da pena é do cúmulo material, ou seja as penas são somadas (artigo 70 do CP).
 
O crime continuado está previsto no artigo 71 do CP. Exemplo: gerente de um hotel que toda semana pega dinheiro do caixa. Pratica essa conduta por anos. Toda semana que ele desviou um pouquinho, assim praticou o crime toda vez que realizou a conduta. Na verdade o crime continuado é uma ficção jurídica, para se estabelecer a pena, senão se fosse somar todas as penas. Requisitos: a) duas ou mais ações; b) dois ou mais crimes da mesma espécie; c) homogeneidade de circunstância (tempo, na jurisprudência esse tempo é de 30 dias) O critério de aplicação da pena no crime continuado é o da exasperação da pena. OBS: é possível continuidade delitiva em crimes contra a vida? R: SIM. Pelo parágrafo único do artigo 71 do CP. Em que pese, não se admite continuidade delitiva em crimes contra a vida – súmula 605 – Essa súmula está ultrapassada diante da nova redação do parágrafo único do artigo 71.
Ex: crime de homicídio contra o presidente da república, responderá por qual crime, o 121 do CP ou pelo artigo 29 da Lei de Segurança Nacional (7170/83). Observe que, quando o sujeito passivo do delito de homicídio for o presidente da república, do senado federal, da câmara dos deputados e do supremo, e desde que o crime tenha sido praticado por motivos políticos, responde o agente pelo crime artigo 29 da Lei 7.170/83.
OBS: matar um cadáver. Qual o crime? R: é crime impossível por causa da impossibilidade absoluta do objeto.
Atenção: concurso material homogêneo: os delitos são semelhantes (121+121). Já no concurso material heterogêneo os crimes são diferentes (121+213).
4) CRIME MATERIAL 
 
É aquele delito cujo resultado está inserido no tipo penal. Por exemplo: homicídio, furto, roubo. Em se tratando de um crime material que geralmente procura deixar vestígios. Como se prova a materialidade de um crime de homícidio? R: O CPP nesse é extramente legalista. A regra é que sua materialidade deverá ser comprovada pelo exame de corpo de delito que deixa vestígios. O raciocínio não se aplica somente ao homicídio mas a todos crimes materiais. Pode-se condenar alguém sem um exame de corpo de delito? R: Porém, quando desaparecem os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir a ausência do exame do corpo de delito direto. É o chamado exame de corpo de delito indireto. (Artigos 158 e 167 do CPP). Se um crime material deixou vestígios, a materialidade desse delito deverá ser comprovada por um exame de corpo de delito direto. Quais são as exceções? Ou seja em quais hipóteses de crimes materiais que deixam vestígios, se pode comprovar a materialidade que não pelo exame de corpo de delito direto. R: Primeira exceção: Lei dos Juizados Especiais. (Só precisa de um simples boletim médico) Segunda exceção: (Lei Maria da Penha, também só o boletim médico). Terceira exceção: Laudo de constatação (é provisório). Porém esse laudo fica dependendo de exame definitivo.
5) TIPO SUBJETIVO DO DELITO DE HOMICÍDIO 
Relembrando, o DOLO é composto por 2 elementos: CONSCIÊNCIA e VONTADE. São os elementos cognitivo e volitivo. Um conceito de dolo é: a consciência e a vontade de praticar um fato definido como infração penal. Há o dolo direito que subdivide-se em dolo direto de 1 grau (o dolo direto de primeiro grau trata-se do fim diretamente desejado pelo agente) Já o dolo direto de 2 grau, que também é conhecido como dolo de consequências necessárias. Consiste que o resultado é desejado como consequência necessária do meio escolhido. Ex. Numa cela há meu inimigo, mas também há outros presos. Ateio fogo na cela para matar meu inimigo, mas mato a todos. Assim configura dolo direto de1 grau em relação ao inimigo. Já em relação aos demais presos configura-se dolo direto de 2 grau. O dolo eventual o agente prevê a superveniência do resultado e assume o risco de produzí-lo. Ex. Participar de raxa de veículo. A CULPA é a inobservância do dever objetivo de cuidado causadora de um resultado não desejado mas objetivamente previsível. Imprudência é a culpa na sua forma comissiva, e um estado positivo. Negligência é a culpa na sua forma omissiva. Imperícia é a falta de aptidão técnica no exercício de arte, profissão ou ofício. OBS: Não existe crime culposo sem resultado.
6) CONSUMAÇÃO E TENTATIVA DO DELITO DE HOMICÍDIO 
 
Previsto no artigo 3 da lei 9.434/97. Essa lei regula o transplante de órgãos. A morte ocorre com a morte encefálica. Assim a consumação do homicídio ocorre com a a morte encefálica. Esse critério é adotado para se dizer quando o crime seria consumado. O elemento subjetivo do delito de homicídio, para que possa ser diferenciado do elemento do crime de lesões corporais, deve ser comprovado a partir dos dados objetivos do caso concreto. 
7) HOMICÍDIO SIMPLES
 
Está prevista no artigo 121 caput. É o delito mais básico do CP. O delito de homicídio simples pode ser considerado crime hediondo? R: Sim pode. Ele será considerado hediondo quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente. Mas isso gera na prática alguns problemas. Você vai encontrar alguém que tenha sido processado por esse delito? R: Não. O legislador criou esse tipo penal que (só funciona no plano teórico) mas esse homicídio continua sendo simples. Por que não tem como imaginar esse grupo sem cometer alguma das qualificadoras. Por conta do princípio da especialidade esse homicídio será qualificado ou por motivo fútil, torpe, etc. Quantas pessoas são necessárias para se configurar grupo? R: Há 3 correntes. A primeira diz que somente 2 pessoas bastaria. Não é a melhor corrente. Por que quando o CP se refere a 2 pessoas ele o faz expressamente. A segunda corrente diz que o grupo seria composto de 3 pessoas. A melhor posição todavia, diz que o grupo é composto por 4 pessoas. Qual a característica desse homicidio de grupo de homicidio? R: O homicidio é indeterminado ou impessoal em relação à vítima. A vítima simplesmente pertence a determinado grupo ou classe social ou racial, etc. Quando se mata alguém em atividade de extermínio de maneira impessoal, não se sabe o nome da pessoa, idade, nada.. agora por que matou se sabe, por exemplo por que era mendigo, prostituta, etc. Quem é que diz se ele foi ou não praticado em atividade típica de grupo de extermínio o juiz presidente ou o jurados? R: Nesse caso não é uma qualificadora ou causa de aumento de pena. Assim a verificação desse fato compete ao juiz presidente, não devendo ser apresentado quesito específico aos jurados (matéria referente à aplicação da pena). No dia a dia isso não vai acontecer por que se vai denunciar pelo homicidio qualificado.
8) GENOCÍDIO
 
Está previsto na lei 2889/56. Primeiro ponto importante. O genocidio é crime contra a vida? R: NÃO. O bem juridico tutelado pelo crime de genocidio é a existência de grupo racial, étnico, nacional ou religioso. 
 
Outro ponto importante é que no genocídio a morte é uma das formas de se praticar o genocídio, mas não é a única. Ex. Dar anticoncepcional para as índias. A longo prazo estará dizimando a tribo.
 
E se por acaso resolve-se matar. Por exemplo mata 1 índio por dia. Será que o genocídio absorve o crime de homício, aplicando-se o principio da consunção onde o crime meio seria absorvido pelo crime fim. Caso o agente mate dez índios com homogeneidade de circunstâncias, deverá responder pelos dez crimes de homicídio (em continuidade delitiva) em concurso formal impróprio com o delito de genocídio. Não é possível a aplicação do princípio da consunção, na medida em que os bens jurídicos são distintos.
Competência Criminal para julgar genocídio contra índios ( em regra crime cometido por ou contra índio é da competência da justiça estadual (súmula 140 do STJ). Porém, caso o delito envolva direitos indígenas (artigo 231 da CF), a competência será da Justiça Federal. Nesse caso o delito de genocídio deve ser julgado por um juiz singular federal, pois não se trata de crime doloso contra a vida. Porém, caso o genocídio seja praticado mediante morte de membros do grupo, os homicídios deverão ser julgados por um tribunal do júri federal, que exercerá força atrativa em relação ao crime conexo de genocídio (STF RE 351487).
9) HOMICÍDIO PRIVILEGIADO
 
A utilização da expressão “homicidio privilegiado” está correta? R: Tecnicamente não é um homicidio privilegiado, mas um homicidio com causa de diminuição de pena, a pena será reduzida de 1/6 a 1/3. Não é bobagem. Por que é possivel que um homicidio seja privilegiado/qualificado? R: Isso é possível, desde que a qualificadora tenha natureza objetiva. Esse tipo de homicidio não é considerado crime hediondo.
 
Tem diferença entre qualificado/privilegiado e privilegiado/qualificado? R: A nomenclatura correta é de qualificado/privilegiado por que o privilegio não é um privilegio mas uma causa de diminuição de pena, incindindo na 3 fase de aplicação da pena.
 
O quesito relativo ao privilegio antecede o quesito relativo às qualificadoras. No caso de privilegiado/qualificado.
 
Quando se diz o crime privilegiado ou qualificado, ele deve ter um novo mínimo e máximo de pena já estabelecido pelo legislador. Por exemplo o homicidio qualificado, esta tecnicamente correto, por que já tem um mínimo e um máximo estabelecido pelo legislador que é de 12 a 30 anos.
CAUSAS DE DIMINUIÇÃO DE PENA
- Relevante valor moral ( valor que atender aos interesses do próprio cidadão. Ou seja aquele valor egoísticamente considerado. Ex: eutanásia.
- Relevante valor social ( é o valor que atende aos interesses de toda a coletividade. Ex: matar um traficante de drogas numa situação inusitada.
- Sob o domínio de violenta emoção, logo em seguinda a injusta provocação da vítima ( obs: sob a INFLUÊNCIA ao invés de domínio, isso será uma circunstância atenuante. O “logo em seguida” enquanto houver o domínio de violenta emoção qualquer reação será imediata. Por exemplo: brigas em bar no final de noite.
Essas causas de privilégio vale pra todo mundo ou só para o agente? R: Ex. Cidadão está com a mãe no hospital em estado vegetativo. Ele não tendo coragem pede a enfermeira para desligar o aparelho oferecendo a ela pagamento de R$ 10,00. Qual crime foi cometido? R: 121
ELEMENTARES vs CIRCUNSTÂNCIAS
Elementares: são dados essenciais da figura típica cuja ausência poder gerar uma atipicidade absoluta ou relativa. Circunstâncias: são dados periféricos que gravitam ao redor da figura típica. Podem aumentar ou diminuir a pena, mas não interferem no crime.
Ex: funcionário público no crime de peculato do artigo 312 do CP. Trata-se de elementar por que se tirar o funcionario publico estara saindo do crime de peculato e indo para o de apropriação indébita.
Artigo 30 do CP ( CONCLUSÕES
1) Elementares se comunicam ao terceiro, desde que dela tenha consciência.
2) Circunstâncias e condições de caráter pessoal não se comunicam
3) Circunstâncias de caráter objetivo se comunicam ao terceiro, desde que dela tenha consciência.
OBS: particular responde pelo crime de peculato? R: Depende. Se o terceiro sabia da condição de funcionário público do agente, ele também respoderá por peculato.
OBS2: sob a influência do estado puerperal é uma elementar do crime de infanticídio. Portanto comunica-se ao terceiro que auxilia a gestante desde que tenha consciência quanto à elementar.
A diminuição de pena é obrigatória ou facultativa (direito do acusado ou faculdade do juiz)? R: Uma vez reconhecido o privilégio pelos jurados, a diminuição de pena se torna obrigatória, limitando-se a discricionariedade do juiz ao quantum de diminuição de pena.
10 – HOMICIDIO QUALIFICADO
AULA 02 (CRIMES CONTRA A VIDA II)02/03/09
10) HOMICÍDIO QUALIFICADO
121, §2° do CP
I – mediante paga promessa de recompensa ou por outro motivo torpe.
OBS: para a corrente majoritária essa promessa de recompensa deve ter natureza econômica. 
QUESTÃO:
E se por acaso essa promessa de recompensa não for efetivada, mesmo assim o homicídio será qualificado? 
R: Sim. O que importa é a sua motivação.
 
Esse homicídio do inciso primeiro é conhecido também como homicídio mercenário. Ou alguns doutrinadores também chamam como mandado remunerado.
 
Esse homicídio é o homicídio de quem? Do mandante, do executor ou de ambos? R: Trata-se de circunstância e não elementar. Para a doutrina como o inciso I é uma circunstância de caráter pessoal, só se aplica ao executor e não ao mandante (Rogério Greco). Cuidado com o HC 71582 do STF, nesse HC que é bem antigo, então é difícil dizer que essa decisão se mantem no STF, porque nesse HC o STF vai dizer que o inciso I se aplica tanto ao mandante como ao executor.
ANALOGIA
 
- Integração (suprir lacunas)
Conceito ( aplica-se dispositivo legal para um caso semelhante não regulado por lei
Ex: inciso II no caso de gravides resultante não de estupro mas de atentado violento ao pudor.
 INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA
- Método de interpretação
- Conceito ( trata-se de uma fórmula casuística, exemplificativa seguida de uma fórmula genérica. Essa interpretação analógica é admitida no direito penal e muito utilizada.
INCISO II DO 121 §2°
II – Por motivo fútil
Nesse inciso II NÃO HÁ INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA.
QUESTÃO:
O que que vem a ser considerado fútil?
R: Fútil significa insignificante, frívolo, sem importância. Por exemplo: briga por R$ 2,00. Diz-se: eu não acredito que fulano morreu por causa disso.
QUESTÃO:
A ausência de motivos qualifica o delito de homicídio?
R: Corrente majoritária ( prevalece o entendimento de que: se o motivo fútil qualifica, o que dizer a ausência de motivos.
· Ciúme ( discute-se seria motivo fútil ou não, há divergência na doutrina.
INCISO III do 121 § 2° do CP
- Nesse inciso III o legislador se vale da interpretação analógica.
- Emprego de veneno (venefício) ( para que o delito seja qualificado pelo emprego de veneno, a vítima não pode saber que está sendo envenenada. O veneno deve ser utilizado de maneira dissimulada. Por exemplo: oferece-se um copo de suco e lá se insere veneno.
- Emprego de fogo
- Homicídio qualificado pela tortura DIFERENTE de tortura qualificada pelo resultado morte
	Homicídio qualificado pela tortura
	Tortura qualificada pelo resultado morte
	Art. 121 § 2° inciso III
	Art. 1° § 3° da Lei de Tortura – 9455/97
	Animus necandi
	Dolo de torturar, mas de maneira culposa acaba sendo produzido o resultado morte. É nitidamente exemplo de crime preterdoloso.
	
	
INCISO IV DO ART. 121 §2°
- à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do acusado.
OBS: tiro efetuado pelas costas vai qualificar esse homicídio, e não tiro acertado nas costas.
OBS 2: o homicídio de um deficiente físico ou pessoa maior de 80 anos entraria nesse inciso por se considerar pessoa com dificuldade de defesa do ofendido? R: Não. Pois a idade avançada ou eventual deficiência da vítima não são recursos procurados pelo agente, mas sim características inerentes à própria vítima, portanto isoladamente não qualificam o delito de homicídio.
OBS 3: homicídio premeditado será qualificado? R: Não. O homicídio premeditado por si só não qualifica o delito de homicídio.
INCISO V DO ART. 121 §2°
- Para assegurar a ocultação.
Ex: banco central de fortaleza, depois da subtração dos valores, ocorreram delitos para assegurar a vantagem de um outro delito principal.
11) HOMICÍDIO DUPLAMENTE QUALIFICADO
 
No dia a dia essa expressão é muito comum. Inclusive em alguns julgados. Tecnicamente falando é incorreto dizer que o homícidio será duplamente qualificado. Na verdade, só será qualificado por um motivo, devendo as demais qualificadoras serem levadas em consideração nas análises das circunstâncias judiciais. Há doutrinadores que entendem no entanto, corrente minoritária, que as demais qualificadoras serão levadas em consideração como circunstâncias agravantes.
12) HOMICÍDIO CULPOSO
 
Está previsto no artigo 121 §3°.
 
Se o delito for praticado na direção de veículo automotor (Lei 9503/97) – homicídio culposo na direção de veículos automotores. E no caso de bicicletas motorizadas? R: se for acima de 50 cilindradas responderá pela lei de trânsito, se abaixo de 50 cilindradas, responderá pelo CP. O pai que esqueceu o filho dentro do carro e o filho morre asfixiado? R: responde pelo CP.
OBS:
- ART. 121 § 3° ( pena de 1 a 3 anos
- CTB art. 302 ( pena de 2 a 4 anos
Lá no CP, pena mímina de 1 ano cabe Suspensão Condicional do Processo. Será que existe algum critério que justifique a diferença entre os crimes supra? R: a título de princípio da isonomia, NÃO É POSSÍVEL que o julgador aplique a pena do homicídio culposo do código penal ao homicídio culposo do CTB. Qual é a justifica dada então? R: O QUE JUSTIFICA ESSA PENA MAIS GRAVE DO CTB É O DESVALOR DA CONDUTA.
HOMICÍDIO PRIVILEGIADO ( a pena será de 6 a 20 anos, porém com uma diminuição da pena de 1/6 a 1/3. Quando por outro lado se pratica um homicídio qualificado a pena será de 12 a 30 anos. O que justifica essa diferença de pena? R:
1) o desvalor da conduta; 
2) o desvalor do resultado. 
OBS: PERDÃO JUDICIAL ( qual a sua natureza jurídica? R: é uma causa EXTINTIVA DA PUNIBILIDADE. (art. 107 inciso IX).
Perdão judicial ( é o insituto pelo qual o juiz, não obstante a prática de um injusto penal por um agente culpável, deixa de lhe aplicar a pena nas hipóteses taxativamente previstas em lei.
Natureza jurídica da decisão concessiva do perdão judicial ( trata-se de decisão declaratória da extinção da punibilidade (súmula 18 do STJ).
Pergunta-se: exemplo do pai que esquece a criança no carro e esta vem a falecer, o juiz aplica o perdão judicial. Essa decisão que concede o perdão judicial, poderá ser liquidada no cível? R: Como essa decisão não é condenatória (súmula 18 STJ), não pode ser executada no juízo cível para reparação do dano. 
QUESTÃO:
Qual é o momento para concessão do perdão judicial?
R: Há 2 correntes. 1ª. corrente tradicional ( o perdão judicial para que seja concedido pressupõe o reconhecimento de uma conduta típica, ilícita e culpável. Portanto de acordo com essa posição, só pode ser concedido ao final do processo, sob pena de violação ao princípio da presunção de inocência, por que se se reconhece no início do processo estaria considerando culpado de plano. Um segunda corrente, minoritária, (direito processual penal) trabalha na seguinte linha: destaca-se o interesse de agir (necessidade, adequação e utilidade). Qual seria a utilidade de se levar adiante um processo referente a um caso concreto no qual estivesse patente uma hipótese de perdão judicial. Não há utilidade, não havendo interesse de agir, logo falta uma das condições da ação.
QUESTÃO:
É possível analogia nas hipóteses de perdão judicial? Exemplo: o perdão judicial está previsto no artigo 121 § 5° do CP, pai que esquece o filho dentro do carro e a criança vem a óbito. 
R: NÃO. Se a lei não previu o perdão judicial, não se poderá valer de analogia.
 
Por acaso o legislador do CTB tomou o cuidado de também prever o perdão judicial no CTB? R: No CTB não está previsto o perdão judicial. Então caberia o perdão judicial no CTB, uma vez que não se pode aplicar a analogia? R: De acordo com a jurisprudência majoritária o perdão judicial se aplica ao CTB. Por que foi feito uma interpretação histórica, sendo o CTB introduzido na época de expansão da indústria automobilística.
13) HOMICÍDIO CULPOSO QUALIFICADO
- Art. 121 §4° primeira parte
Quando ocorrer a inobservância de regra técnica de arte, profissão ou ofício. O agente deixa de prestar imediato socorro À vítima não procura dimunuir as consequências do ato ou foge para evitar flagrante.
Qual a diferença entre essa inobservância de regra técnica de arte profissãoou ofício e imperícia? R: a imperícia é a falta de aptidão técnica, não se confunde com a inobservância de regra técnica. Na inobservância o agente tem o conhecimento, mas não o observa no caso concreto. Exemplo: médico cirurgião que não faz a assepsia do material.
Para a doutrina essa majorante não se aplica em 3 hipóteses:
- morte instantânea da vítima * (o autor do delito não é dotado de poderes advinhatórios para prever se a vítima vai ou não morrer)
- quando a vítima for socorrida por terceiros
- quando o agente se afasta do local por temor de represálias
14) HOMICÍDIO DOLOSO MAJORADO PRATICADO CONTRA MENOR DE 14 ANOS E MAIOR DE 60
- A pena deverá sofrer um aumento de 1/3. Como se prova a idade de alguém? R: A idade exige prova por meio de certidão de nascimento. A restrição está na prova de idade por meio de testemunhas. Pergunta-se: atira-se quando a vítima tinha 14 anos e a vítima vem a morrer com 15 anos, aplica-se a causa de aumento de pena? R: o CP adotou a teoria da atividade em seu art. 4°. Portanto se a execução se dá vítima com 13 anos e o resultado morte se dá quando essa vítima está com 15 anos.
ART. 122 DO CP ( PARTICIPAÇÃO EM SUICÍDIO (AUTOQUIRIA/AUTOCÍDIO)
- SUICÍDIO ( a conduta do suícidio é típica? R: Não.
- A TENTATIVA DE SUICÍDIO pelo menos no ordenamento jurídico brasileiro é ATÍPICA. Geralmente quando a conduta é atípica, será considerada lícita. Mas a tentatica de suicídio é uma conduta ilícita. Exemplo disso é o artigo 146 do CP inciso II.
- TIPO OBJETIVO ( 
* induzir: criar uma ideia até então inexistente.
* Instigar: reforçar uma ideia pré-existente.
* Auxiliar: ajudar materialmente. (Não é possível a intervenção em atos executórios de matar alguém, sob pena do agente responder pelo crime de homicídio).
Tanto no induzimento ou instigação, a vítima precisa ser certo e determinado.
Livros publicados disseminando o suicídio, o autor não responderá pelo crime em participação de suicídio.
E se a vítima for menor de idade? Por qual crime responderá? R: Art. 122 § único inciso II. Contudo:
- se a vítima menor de 14 anos ( art. 121
- se a vítima entre 14 e 18 anos ( art. 122, §único II
- se a vítima tem 18 anos ( art. 122, caput
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
Há 3 correntes:
1ª) Corrente: o crime consuma-se com o induzimento, a instigação e o auxílio, ficando a punibilidade condicionada ao implemento do resultado morte ou lesão corporal grave, que funcionam como condição objetiva de punibilidade. Induzir ( morte ( consequência: art. 122 consumado com a pena de 2 a 6 anos reclusão.
Induzir ( lesão grave ( 122 consumado com pena de 1 a 3 anos.
Induzir ( não há resultado ( conduta impunível.
De acordo com essa 1ª corrente não se admite tentativa. Por que a partir que se induziu o crime já estaria consumado.
2ª) Corrente: PREVALECE. Induzimento, instigação e auxílio não configuram consumação, mas sim execução do delito. Na verdade o crime se consuma com o resultado morte ou lesão corporal grave. INDUZ ( MORTE ( ART. 122 consumado com pena de 2 – 6 anos. INDUZ ( LESÃO GRAVE ( art. 122 consumado com pena de 1 – 3 anos. INDUZ ( NÃO SOFRE NADA ( fato é atípico. NÃO SE ADMITE TENTATIVA. Por que a tentativa é equiparada ao delito consumado.
O crime do artigo 122 com resultado lesão grave é exemplo de um crime material plurisubsistente que não admite tentativa.
3ª) Corrente (minoritária): Induzimento, instigação e auxílio configuram execução do delito, que se consuma com a produção do resultado morte. Se ocorre lesão corporal grave estaremos diante de um crime tentado (tentativa sui generis). INDUZ ( MORTE ( ART. 122 consumado com pena de 2 – 6 anos. INDUZ ( LESÃO GRAVE ( ART. 122 tentado com pena de 1 – 3 anos. INDUZ ( NÃO HÁ RESULTADO ( FATO ATÍPICO.
AULA 03 (CRIMES CONTRA A PESSOAS) 09/03/09
PACTO DE MORTE
ART. 123 INFANTICÍDIO
- Nada mais é que um homicídio com circunstâncias especializantes. Aplica-se o princípio da especialidade. Quais são esse elementos especializantes desse delito? R:
1) Parturiente ( CRIME PRÓPRIO
2) Praticado contra o nascente/neonato ( CRIME BIPRÓPRIO. É próprio tanto para o sujeito ativo como também para o sujeito passivo.
3) Temporal ( esse delito deve ser praticado durante o parte ou logo após.
4) Sob a influência do estado puerperal
OBS: O marido que auxilia a parturiente responde por qual delito? R: sob a influência do estado puerperal é uma elementar. Logo comunica-se ao terceiro desde que o agente tenha consciência. Ver regra do art. 30 do CP.
Ex: uma mãe sob a influência do estado puerperal, está amamentando seu filho. Ela por influência do estado puerperal adormece sobre a criança e provoca a asfixia da criança que vem a óbito? R: O infanticídio só é punido a título de DOLO DIRETO OU EVENTUAL. Assim a conduta dela foi culposa no exemplo acima. Ela responderá por homicídio culposo, mas poderá se aplicado o perdão judicial.
Ex2: e se por acaso a parturiente mata o outro filho de uma outra gestante. É exemplo de ERRO SOBRE A PESSOA. O agente responde como se tivesse atingido a pessoa que pretendia ofender.
ART. 61 inciso II letra “e” ( circunstância agravante; crime praticado contra descendente. NÃO SE APLICA ESSA HIPÓTESE AO 123, SOB PENA DE BIS IN IDEM.
ABORTO ( alguns doutrinadores utilizam a palavra abortamento. Por que o aborto seria o resultado enquanto que o abortamento seria a conduta.
( Aborto têm três crimes (124, 125 e 126 do CP)
1) ABORTO PROVOCADO PELA GESTANTE OU COM SEU CONSENTIMENTO ( é a figura do 124 do CP. 
2) ABORTO PROVOCADO POR TERCEIRO SEM O CONSENTIMENTO DA GESTANTE ( é a figura do artigo 125 do CP.
3) ABORTO PROVOCADO POR TERCEIRO COM CONSENTIMENTO DA GESTANTE ( é a figura do 126 do CP.
 
Imagine que quatro pessoas juntas matem alguém. Quantos crimes de homicídio? R: É um só. Essa resposta é quase que automática, porque o CP adota a teoria monística.
TEORIAS sobre O CONCURSO DE PESSOAS: são 3 teorias apontada pela doutrina.
a) Teoria pluralística ( de acordo com essa teoria existem tantos crimes quantos forem os coautores e partícipes. No exemplo supra, seriam 4 crimes. Cada um responde pelo seu.
b) Teoria dualista ( de acordo com essa teoria haveria 2 crimes. 1 crime para os coautores e 1 para partícipes.
c) Teoria MONISTA/MONÍSTICA ( de acordo com essa teoria, independentemente do número de coautores ou partícipes o delito permanece único e indivisível. De acordo com essa teoria, se tiver 20 pessoas praticando o delito será 1 só crime. O Código Penal brasileiro em seu artigo 29 adotou essa teoria. Respondendo todos pelo mesmo delito a pena não será idêntica, a pena vai variar na medida de sua culpabilidade (a palavra culpabilidade deve ser entendida como juízo de reprovação). Ex: jovem de classe média resolva traficar drogas que tem a coautoria de um que mora na favela, qual pena deverá ser maior? R: a do jovem de classe média porque ele tem recursos e não necessita se valer de crimes.
OBS: Análise de algumas exceções sobre a teoria monísta. Devido a presença dessas exceções, haveria uma teoria monísta temperada ou moderada. Ela não é adota de forma absoluta pelo CP. Quais são essas exceções? R: Os artigos 124 e 126. Por que a mulher que vai a uma clínica clandestina e paga um valor para realizar o abortamento, ela responderá pelo 124 e o médico pelo 126. Uma segunda exceção importante é o crime de corrupção: o crime de corrupção do particular, art. 317, e o crime de corrupção do funcionário público, art. 333. Uma terceira exceção é a do artigo 342 §1° do CP, crime de corrupção ativa de testemunha, a pessoa que dá o dinheiro à testemunha responde pelo 342 §1° enquanto que a testemunha responderá pelo 343 do CP. Há uma quarta exceção: a bigamia. Art. 235 do CP. O que é casado responde pelo caput e o que não é casado vai responder pelo 235 caput §1°.
A lei de drogas trouxe mais algumas hipóteses. Delitos novos. Os artigos 33 e 36 e 33 e 37 da lei 11.343/06 – financiamento da prática do tráfico. Antes dessa lei quem financiava o tráficotambém respondia pelo tráfico. Com o advento da lei essa prática foi separada.
ARTIGO 124 DO CP ( crime de abortamento. É um crime de mão própria. Enquanto que os outros dois delitos de abortamento (125 e 126) são exemplos de crime comum.
Pergunta-se: é possível concurso de pessoas nesse crime? R: sim, na modalidade de participação. Ex: namorado que consente para o abortamento da namorada.
Ex: marido que provoca lesão corporal na gestante sem saber que ela estava grávida e através desse ato se provoca o abortamento. Qual delito o agente responderá? R: Ele responderá por lesão corporal - art. 129 §9° do CP. OBS: art. 19 do CP, pelo resultado só responde o agente que causá-lo ao menos culposamente. O agente nesse exemplo não tinha a mínima consciência de que a gestante estava grávida, por isso que ele não responde pelo art. 129 §2° inciso II.
Conceito de aborto ( é a interrupção voluntária da gravidez com a morte do produto da concepção dentro ou fora do útero. Ex. 1: a gestante pega um agulha de tricô e resolve provocar o aborto. O feto é expulso, mas sobrevive por 3 semanas e vindo a óbito posteriormente, qual delito responderá? R: ela responderá por aborto consumado. Ex. 2: e se por acaso esse feto é expulso, não morre, e após ela pega uma faca e o mata. Qual crime respoderá? R: responderá pelo crime de homício doloso consumado, por que nesse momento há uma renovação de dolo.
Aborto de gêmeos ( uma gestante, sabendo que está grávida de gêmeos, resolve provocar o aborto. Por quantos crimes ela responde? R: ela responderá por 2 delitos de aborto. E qual a modalidade? R: trata-se de concurso formal impróprio.
Prática de esporte radicais ( ela grávida, resolve saltar de pára-quedas e acaba ocorrendo a morte do feto. Por qual delito ela responde? R: por nada. É fato atípico. As três modalidades de aborto só são punidas a título de dolo, não há culpa.
FIGURAS MAJORADAS DE ABORTO
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.
- Causas de aumento (art. 127 do CP) ( ele somente se aplica ao artigo 125 e ao 126.
Os resultados agravadores previstos são: lesão corporal grave e morte.
É exemplo de crime preterdoloso.
Ex: clínica clandestina, onde a gestante paga para o aborto e durante a prática desse ato a gestante vem a falecer. Art. 1
Ex2: agente atira e causa a morte da gestante e do feto. Responderá pelo art. 121 c/c artigo 125, 70 caput do CP.
Ex3: o médico responsável pela prática do aborto não consegue interromper a gravidez, mas a mulher acaba falecendo. Ele responderá por?
R: DUAS CORRENTES. A primeira corrente do professor Fernando Capez: ele responderá pelo art. 126 do CP c/c art. 127 (última parte consumado), mas como falar em crime consumado se o crime ficou na forma tentada em relação ao aborto.
Segunda corrente: LFG. É crime do art. 126 c/c art. 127, última parte na modalidade tentada. Seria possível a TENTATIVA em crime PRETERDOLOSO? R: Não se admite tentativa em crime preterdoloso quando o que ficar frustrado for o resultado, atribuído ao agente a título a culpa. Porém quando o que ficar frustrado for a conduta do agente, praticada a título doloso, será possível tentativa em crime preterdoloso.
EXCLUDENTES DA ILICITUDE NO CRIME DE ABORTO
São duas:
-1) Aborto necessário ( também é conhecido como aborto terapêutico. Previsto no art. 128 inc. I
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por medico:
Aborto necessário
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Requisitos:
a) Risco de morte da gestante
b) Inexistência de outro meio para salvá-la: sopesa os bens envolvidos e acaba optando pela vida da gestante.
c) Praticado por médico
OBS: e se ao invés de ser praticado, ele é praticado por enfermeira. Pode a enfermeira ser beneficiada pelo 128 inciso I? R: Teoricamente não. Se utiliza a regra geral do art. 24 (excludente de ilicitudade por estado de necessidade)
OBS2: pergunta-se: precisa-se de autorização da gestante ou autorização judicial?
R: Não é necessária autorização judicial. Não é necessária autorização da gestante. O médico nesse caso acaba agindo no estrito cumprimento do dever legal.
2) Aborto sentimental ou aborto humanitário ou ético ( está previsto no artigo 128 inciso II do CP (surgiu em detrimento da 2ª guerra mundial). Seus requisitos são:
a) Praticado por médico
b) Depende do consentimento da gestante ou de seu representante legal
c) Gravidez resultante de estupro. De acordo com a doutrina também pode se inserir o atentado violento ao pudor em uma espécie de analogia in bonam partem.
OBS: não depende de autorização judicial. Mas na prática o médico com medo de praticar essa conduta se vale da autorização quando se tratar de menor de idade. Para a doutrina deve o médico dentro do possível certificar-se da ocorrência do crime sexual.
3) Aborto eugênico ou eugenésico ( exemplo mais comum, é o aborto do feto anencefálico (feto sem atividade cerebral). Se por acaso a gestante tomar conhecimento que seu feto não tem cérebro, pode ele provocar o aborto estando acobertado por uma das excludentes de ilicitude? R: Esse aborto não faz parte do rol dos abortos permitidos no art. 128, ou seja teoricamente seria crime. Apesar de não estar previsto, há projeto de lei permitindo esse aberto. Para o doutrina o fato seria típico e ilícito, mas não seria culpável em virtude da presença de uma excludente da culpabilidade (inexigibilidade de conduta diversa). ADPF n° 54
4) Aborto miserável ou econômico-social ( ele se dá nos casos de incapacidade financeira. Configura crime, não há falar de modo algum de excludente da ilicitude ou da culpabilidade.
Crime comum ( não exige qualidade especial do agente. Pode ser praticado por qualquer pessoa. Como o homicídio por exemplo. Ele admite tanto a coautoria quanto a participação.
Crime próprio ( exige qualidade especial do agente. Exemplo o crime de peculato que o agente necessita ser funcionário público. Ele admite tanto coautoria quanto participação.
Crime de mão própria ( ele também exige uma qualidade especial do agente. Sua execução não pode ser delegada. Só pode ser praticado pessoalmente. Exemplo: crime de falso testemunho. Não admite coautoria porém nada impede a participação. Exemplo de participação de crime de mão própria em crime de falso testemunho: o advogado que induz testemunha.
DA LESÃO CORPORAL – ART. 129 DO CP
1) Bem jurídico tutelado ( a integridade corporal ou saúde de outrem. Pergunta-se: a integridade corporal é um bem disponível ou indisponível? R: Sim. É um bem disponível, porém desde que a lesão corporal seja de natureza leve. Ex: brinco, “piercing”. O consentimento do ofendido, em regra o consentimento funciona como uma causa supralegal excludente da ilicitude. Porém, quando o dissentimento estiver inserido no tipo penal, afastará a tipicidade. (ex: art. 150 do CP).
No crime de lesão corporal afasta a ilicitude. Para ser válido porém deve ser expresso, prévio ou concomitante à ação, dado por pessoa capaz e recaindo sobre bem disponível.
2) AUTO-LESÃO ( não configura crime. Em regra é uma conduta atípica. Mas cuidado com alguns exemplos. Ex: cidadão assaltado em SP que tem o braço decepado, mas na verdade a vítima estava conluiada com o agressor para dar golpe na seguradora, configurando o crime de estelionato (art. 171 §2°).
Ex: art. 184 do CPM.
3) CIRURGIA TRANSEXUAL ( 1ª. corrente: não haveria dolo por parte do médico. 2ª. corrente: o médico age em estrito cumprimento do dever legal. Uma terceira corrente (PREVALECE): o médico cria um risco permitido ou tolerado pela sociedade, pela então teoria da imputação objetiva, a conduta seria atípica. Esse raciocínio aplica-se a lesões desportivas. Só que na hora de lesão desportiva, seria exercício regular de direito. Sempre a lesão deve estar contida na prática desportiva.
4) TIPO OBJETIVO DO 129 ( 
OBS: tapa no rosto configura qualdelito? Corte de cabelo?
R: injúria real ( ofender sua dignidade ou decoro, responderá pelo art. 140 do CP.
OBS: não há necessidade de dor e também não há necessidade de efusão de sangue.
QUESTÃO:
É possível tentativa no crime de lesão corporal?
R: Admite a tentavia por se tratar de crime plurissubsistente.
Tentativa de Vitriolagem ( Exemplo: é o que acontece quando uma prostituta joga ácido contra o rosto de uma pessoa.
5) LESÃO CORPORAL LEVE (art. 129 caput). É um raciocínio por exclusão, quando não for nem grave e nem gravíssima será leve. Observe que por conta do artigo 88 dos juizados (lei 9.099/95), trata-se de um crime de ação penal pública condicionada à representação.
6) LESÃO CORPORAL LEVE ENVOLVENDO VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER (Lei Maria da Penha)
De acordo com o artigo 41 da lei Maria da Penha (11.340/06), a ação penal será a pública incondicionada.
7) LESÃO CORPORAL GRAVE (art. 129§ 1°)
OBS: crime qualificado pelo resultado. (é o gênero do qual o preterdoloso é espécie). Por que o resultado tanto pode ser produzido a título doloso como a título culposo.
No crime preterdoloso ( há dolo na conduta e culpa no resultado. Ex: art. 129§ 3°.
Lesão corporal
Art. 129 - Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
Lesão corporal de natureza grave
§ 1º - Se resulta:
I - incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 30 (trinta) dias; (DOLO OU CULPA)
II - perigo de vida; (Culpa)
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; (DOLO OU CULPA)
IV - aceleração de parto: (CULPA)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos.
§ 2º - Se resulta:
I - incapacidade permanente para o trabalho;
II - enfermidade incurável;
III - perda ou inutilização de membro, sentido ou função;
IV - deformidade permanente;
V - aborto:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos.
I - incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 30 (trinta) dias; (DOLO OU CULPA) ( se por acaso o ladrão ficar impedido de roubar, e a prostituta? R: não estão inseridas atividades ilícitas. No caso da prostituta, esta atividade está abrangida, por que apesar de ser uma conduta imoral, não é ilegal.
Uma criança pode ser vítima dessa lesão corporal grave? R: uma criança pode ser vítima desse delito, se ela não poder ir ao parque, brincar...
Nessa lesão corporal grave vai ser importante o exame complementar. Exame esse que deve ser um exame de diagnóstico e não de prognóstico.
Esse prazo de 30 trinta dias é penal ou processual penal? R: é um prazo penal.
Há algum problema se for feito 35 dias após? R: não.
E se não for feito o exame complementar, poderá o agente ser condenado? R: a ausência desse exame complementar pode ser suprida por prova testemunhal.
II - perigo de vida; (Culpa)
Trata-se de crime preterdoloso, ou seja esse perigo de vida deve ter sido produzido culposamente. Se for produzido a título doloso, não será lesão corporal, mas tentativa de homicídio, dependendo de comprovação no caso concreto.
II - enfermidade incurável;
OBS: transmissão dolosa do vírus HIV configura tentativa de homicídio. E se por acaso essa transmissão ocorrer entre namorados? R: teoria da imputação objetiva, por mais que tenha havido a transmissão do vírus HIV a conduta realizada pelo agente produziu um risco permitido ou tolerado, portanto ao agente não pode ser imputado o resultado lesivo.
I - incapacidade permanente para o trabalho;
Pergunta-se: é pra a atividade exercida pelo agente ou por toda e qualquer atividade? R: ela pressupõe a incapacidade permanente para todo e qualquer atividade laborativa.
Lesão corporal seguida de morte
§ 3º - Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado,
nem assumiu o risco de produzi-lo:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
AULA 04 (CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO I) 07/04/09
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
Art. 155 – FURTO
1. Bem jurídico ( Prevalece um entendimento de que o artigo 155 tutela a propriedade, a posse e também a detenção.
2. Sujeitos ativo/passivo ( trata-se de crime comum. O problema é em relação à figura do proprietário. Será que o proprietário do bem pode ser sujeito ativo do crime de furto? R: O proprietário não pode ser sujeito ativo do crime de furto. Então por qual delito ele responde? R: Há duas corrente. A 1ª corrente diz que ele responderia de furto de coisa comum, delito este previsto no artigo 156; esse crime do artigo 156 depende de representação. A 2ª corrente diz que ele pratica o crime de exercício arbitrário das próprias razões (art. 346 do CP).
QUESTÃO:
Será que o possuidor da coisa pode ser autor do crime de furto? (aluguel de veículo)
R: Na verdade, ele responde pelo crime de apropriação indébita.
QUESTÃO:
O funcionário público pode ser sujeito ativo do crime de furto?
R: Funcionário público: se o agente se valer da facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário responderá pelo crime de peculato furto; caso contrário responde pelo crime de furto.
OBS: É irrelevante qualquer consideração relativa à qualidade do sujeito passivo, portanto quem furta de um ladrão responde normalmente pelo delito.
3. Tipo Objetivo ( 
Valor:
· Troca ( economicamente apreciável. Aplica-se o princípio da insignificância.
· Uso ( valor sentimental. NÃO SE APLICA o princípio da insignificância.
Princípio da Insignificância: “de minimis non curat pretor”- pressupostos ( HC 84687
· Mínima ofensividade da conduta do agente;
· Nenhuma periculosidade social da ação;
· Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento;
· Inexpressividade da lesão jurídica provocada.
Consequência do P. da Insignificância ( exclusão da tipicidade material.
OBS: para os tribunais não há falar da aplicação desse princípio ao reincidente (STJ RHC 24326) e também nas hipóteses de furto qualificado (STF HC 94765).
OBS2: não se aplica o P. da Insignificância aos crimes contra a Administração Pública. Nesses crime contra a administração, o que está em jogo não é o valor da res, mas a violação ao dever de honestidade, moralidade, etc. Para o STF, é possível o P. da Insignificância ao crime de peculato.
Princípio da Insignficância e porte de drogas em organização militar ( previsto no artigo 290 do CPPM. Atenção para o HC 94685 (5x1 contrários à aplicação do princípio da insignificância).
Princípio da Insignificância e Suspensão Condicional do Processo ( está prevista no artigo 89 da Lei 9.099/95. Ela é possível para todo e qualquer delito cuja pena mínima seja igual ou inferior a 1 ano.
Art. 155 caput ( a pena prevista para o furto simples é de 1 a 4 anos.
Ex: subtração de 1 lata de leite. O MP oferece denúncia, porém com a proposta de suspeição, a qual é aceita pelo acusado e seu defensor. Pergunta-se: cabe HC para trancamento do processo? R: Para o STJ não cabe HC, pois não há risco potencial de liberdade da locomação. Já para o STF, o fato de o acusado ter aceito a suspensão condicional do processo não impede a impetração de HC buscando o trancamento do processo em virtude do princípio da insignificância (STF HC 88393).
Princípio da Insignificância no crime de roubo ( não é possível a aplicação do princípio da insignificância. Uma vez que, o roube é crime complexo. (STF RE 454394).
Coisa móvel ( é tudo que pode ser objeto de deslocamento, podendo ser transportado de um lugar para outro sem destruição.
Coisa alheia ( 
· Res Desperdictae ( é a coisa perdida. (apropriação de coisa achada – art. 169, § único, inciso II do CP). Nesse crime de não se pode saber quem é o dono, se sabe será de furto.
· Res Nullius ( coisa sem dono.
· Res Derelictae ( coisa abandonada
A coisa abandonada não pode ser objeto do crime de furto.
OBS: subtração de cadáver. Se esse cadáver está em um cemitério trata-se de crime de subtração de cadáver, previsto no capítulo dos crimes contra o respeito aos mortos. Porém, se esse cadáver está em uma faculdade, por exemplo, e há disponibilidade do corpo em virtude de testamento, por exemplo,trata-se de coisa móvel alheia, podendo ser objeto do crime de furto.
Furto famélico ( é o furto praticado em estado de necessidade. Não é admitido pelos tribunais.
4. Tipo Subjetivo ( há a presença do dolo + dolo específico ou especial fim de agir – para si ou para outrem –
- Furto de uso = não é tipificado no código penal, mas sim no CPM – art. 241. Para a jurisprudência, apesar do furto de uso não ser tipificado, responde o agente pelo crime de furto caso a coisa não seja devolvida no local em que estava e no mesmo estado.
5. Consumação e Tentativa ( há 4 correntes quanto à consumação e a tentativa do crimes de furto e de roubo.
1. Teoria da Contrectatio ( a consumação ocorre com o simples contato entre o agente e a coisa alheia
2. Teoria da Apprehensio/amotio ( consuma-se o delito quando a coisa passa para o poder do agente, dispensando-se posse mansa e pacífica.
3. Teoria da Ablatio ( consuma-se o delito quando a coisa, além de apreendida entra na posse mansa e pacífica do agente. Ainda que por curto espaço de tempo.
4. Teoria da ilatio ( exige para a consumação que essa coisa seja levada ao local desejado pelo agente.
Prevalece perante os tribunais superiores, a segunda corrente. (STJ RESP 931-733).
Ex1:
Se o agente é surpreendido no interior de um supermercado ocultando objetos, trata-se de atos preparatórios enquanto não passar pelo caixa.
Iter criminis:
Cogitação
Preparação
Execução
Consumo
Não são puníveis
Direito Penal
Teoria Objetivo
Formal*
· O agente está na fase executória quando dá início a prática do verbo núcleo do tipo.
Ex2:
Após entrar numa residência, o agente é surpreendido antes de se apoderar de qualquer objeto.
Ex3:
Subtração com destruição. Quando houver a destruição ou perda do bem subtraído, o delito de furto estará consumado.
Crime impossível ( Para a jurisprudência a utilização de dispositivos de segurança não caracteriza crime impossível, pois a ineficácia do meio seria apenas relativa.
Ex: punguista. Se a vítima não traz nenhum objeto em seu poder, trata-se de crime impossível por absoluta impropriedade do objeto.
Se o agente enfia a mão no bolso errado do cidadão trata-se de circunstância acidental, respondendo então por tentativa de furto.
6 . Distinção entre subtração por arrebatamento e a trombada
Na subtração por arrebamento a violência é dirigida contra a coisa e não contra a pessoa. Não há falar em crime de roubo mas sim delito de furto. Já na trombada, a violência é dirigida contra a pessoa, assim trata-se de crime de roubo.
7. Distinção entre furto, receptação e favorecimento real
 Responde o agente pelo crime de favorecimento real se sua conduta aderir a do agente após a subtração; se antes responde como partícipe do crime de furto. No favorecimento real o auxílio é prestado ao criminoso. No crime de receptação se está agindo em proveito próprio ou de terceiros. Esse terceiro pode ser qualquer pessoa com exceção do criminoso.
Posse vigiada e Posse desvigiada ( no caso da posse vigiada o delito será o de furto, na posse desvigiada o delito será de apropriação indébita.
Venda fraudulenta de coisa subtraída ( para a jurisprudência, essa venda será absorvida pelo delito de furto, sendo considerada mero exaurimento do delito de furto (Princípio da Consunção).
7. Furto praticado durante o repouso noturno (Art. 155 §1° do CP)
Costumes ( usa-se os costumes para a interpretação de alguns tipos penais. O que é repouso? R: Não se aplica a majorante do §1° ao furto praticado durante o repouso diurno, sob pena de analogia in malan partem. Para o STJ é irrelevante o fato de se tratar de estabelecimento comercial ou de residência, habitada ou desabitada, bem como o fato da vítima estar ou não efetivamente repousando (STJ HC 29153).
8. Furto Privilegiado ( artigo 155 §2°.
Quais os requisitos?
R: primariedade (é quem não é reincidente) + pequeno valor da res. Tudo aquilo que for inferior a 1 salário mínimo.
Presentes os pressupostos, trata-se de direito subjetivo do acusado. Furto qualificado e privilegiado: é possível? R: Para o STF é possível o chamado furto qualificado privilegiado (STF HC 96843) (STJ HC 96140).
9. Furto de Energia ( artigo 155 §3°. Alteração do medido caracteriza o delito de estelionato. No caso do “gato”, é furto de energia.
Subtração de sinal de TV a cabo: é equiparado a coisa móvel, podendo ser objeto material de furto. É crime permanente (STJ HC 17867).
10. Encontra-se sob a tutela penal a energia genética subtraída de reprodutores.
AULA 05 (CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO II) 09/04/09
12. Furto Qualificado ( artigo 155 §4° do CP. A pena prevista é de reclusão de 2 a 8 anos e multa. Ou seja essa pena é duplicada em comparação com o caput desse mesmo artigo.
 
Enquanto que no delito de roubo a mesma circunstância (concurso de 2 ou mais pessoas), ela não dobra mas tão somente a aumenta de 1/3 a ½, violando claramente o princípio da isonomia. Pergunta-se: ao invés de aumentar a pena furto simples no dobro poder-se-ía aumentar de 1/3 a 1/2? R: A título de princípio da proporcionalidade e da isonomia, não pode o poder judiciário exercer juízo de valor sobre o quantum da sanção penal estipulada pelo legislativo, sob pena da separação do princípio das separações dos poderes (STF RE 358.315).
OBS: Lá no artigo 180 do CP caput (coisa que sabe ser produto de crime) exige-se o chamado dolo direto tendo como pena de 1 a 4 anos. O problema é quando se vai para a receptação qualificada do §1°, a situação é diferente pois trata-se de (coisa que DEVE saber ser produto de crime), essa expressão denota que nesse artigo é dolo eventual, e a pena prevista é bem maior, de 3 a 8 anos de reclusão. Deveria ser o contrário. Esse parágrafo 1° foi acrescentado pela lei 9426/96, o legislador altera artigos de lei não observando critérios. Para o STJ, deve-se aplicar ao crime de receptação qualificada a pena prevista no artigo 180 caput. Nesse caso, tamanho é o absurdo cometido pelo legislador, ou seja punir um crime mais grave com pena mais branda. (STJ HC 101.531).
QUALIFICADORAS DO CRIME DE FURTO
1ª) Rompimento/destruição de obstáculo à subtração da coisa ( o obstáculo à subtração da coisa é todo objeto empregado pela pessoa para proteger a coisa sobre a qual pode recair a conduta. Se a violência for exercida contra o próprio objeto visado não incide a qualificadora. O problema é quando se quebra um quebra vento de veículo para subtraí-lo, por exemplo. Para a doutrina, que por uma questão de equidade e proporcionalidade, essa qualificadora mencionada não deve incidir seja quando se subtrai o carro, seja quando subtrai um objeto do interior do veículo. Para a jurisprudência, a subtração de objetos que se encontram no interior do veículo mediante rompimento de obstáculo faz incidir a qualificadora do inciso I (STJ – RESP 983.291) e (HC 77.675).
Cuidado com a famosa ligação direta. Quanto à ligação direta, há 2 posições na doutrina. A primeira diz que não vai incidir nenhuma qualificadora, já uma segunda corrente diz que incide, não pelo emprego de chave falsa, mas pelo rompimento de obstáculo.
Se houve rompimento/destruição, há necessidade de exame pericial, exatamente para constação. Se perito oficial basta 1 se não-oficial será necessário 2.
2ª) Com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza ( o furto cometido pelo empregado doméstico (exemplo de abuso de confiança), mas nem todo e qualquer crime praticado pelo empregado doméstico haverá incidência dessa qualificadora. Por exemplo, 1 empregado que trabalha há 10 anos para uma família, haverá incidência. Diferenciando de 1 empregado em seu 1° dia de trabalho. Esse crime cometido pelo empregado doméstico contra seu empregador é chamado de FAMULATO. Uma coisa é quando se tem um aluguel de veículo, onde há posse desvigiada da coisa, o delito é o de desapropriação indébita. No caso do empregado ele não tem a posse desvigiada da coisa, mas um contato.
No furto mediante fraude ( não se pode confundí-lo com o estelionato.No furto qualificado pela fraude, o meio fraudulento serve para afastar a vigilância exercida sobre a coisa, a fim de que o agente possa substraí-la. A transferência da posse é unilateral, porque o próprio agente pega o objeto. Exemplo clássico: casos em que a pessoa finge passar por funcionário de uma empresa qualquer (funcionário da eletropaulo disfarçado). Já no estelionato, a fraude é usada para enganar a vítima, fazendo com que esta entregue a coisa ao agente de maneira voluntária. No estelionato o agente induz a pessoa a erro, e a pessoa a entrega, ocorrendo uma transferência da posse bilateral.
Fraude por meio da internet configura qual delito? Furto qualificado pela fraude ou estelionato? R: vai depender do caso concreto. Exemplo (site que anunciava falsos abadás) é crime de estelionato. O caso de sites que contem vírus instalados que pegam a senha, trata-se de furto mediante fraude. Nesse último caso, entende a jurisprudência que o sujeito passivo é a instituição bancária, que tem seu sistema de vigilância burlado pelo agente. O delito de furto consuma-se no local em que a coisa é retirada da esfera de disponibilidade da vítima, leia-se onde está localizada a agência da conta corrente (STJ CC 86.241 e STJ CC 86.862). Sujeito passivo é o banco, o correntista é mero prejudicado.
Furto praticado mediante escalada ( a escalada tem como pressuposto o ingresso do infrator no local por meio anormal. Por exemplo: cavar um túner é um exemplo de escalada (STJ RESP 759.039).
Furto qualificado pela destreza ( meio de peculiar habilidade física ou manual. Deve a vítima trazer o bem junto ao corpo. Ex: punguista. Se a vítima percebeu, o crime será de tentativa de furto simples. Se for um terceiro que percebe, a situação é diferente, nesse caso o delito será de tentativa de furto qualificado pela destreza.
3ª) Com emprego de chave falsa ( chave falsa é todo o instrumento com ou sem a forma de chave, utilizado como dispositivo para abrir fechadura. Ex: arames, gazua, mixa. A chave verdadeira é chave falsa? Manobrista que pega a chave verdadeira. Nesse caso, não é chave falsa. Mas, a cópia da chave é chave falsa. (STJ RESP 906.685).
4ª) Mediante concurso de duas ou mais pessoas ( não é necessária a presença de dois executores, incidindo a qualificadora em qualquer hipótese de concurso de pessoas. Nessas duas ou mais pessoas, entra o inimputável? R: sim, pode entrar o inimputável. E se o inimputável for menor de 12 anos? R: O agente que praticou o crime junto desse menor responderá pelo crime do artigo 155 §4°, IV do CP c/c o artigo 1° da lei 2.252/54 na forma do artigo 69 caput do CP (concurso material). Esse crime é um crime formal, pois ele não depende da efetiva e posterior corrupção penal do menor (STJ RESP 1043.849).
* Quadrilha (artigo 288 do CP) ( quadrilha é a associação estável e permanente de mais de 3 pessoas com o fim de praticar uma série indeterminada de crimes. Consuma-se o delito de quadrilha independemente da prática dos delitos para os quais os agentes se associaram. Se porventura tais delitos forem praticados, os agentes deverão responder por esses crimes e pelo delito de quadrilha em concurso material.
Imaginando que se tem 4 pessoas associadas e essas pessoas sejam presas praticando delito de furto? R: Há 2 correntes. 1ª corrente ( deve evitar o bis in idem, ou o agente responderá pelo furto simples + delito de quadrilha, ou o agente responde pelo art. 155 §4° inciso IV. 2ª corrente ( STF/STJ trabalha com base na assertiva de que o crime de quadrilha é autônomo, indenpendente que consuma-se bem antes dos outros delitos, por isso não há problema algum responder pelo artigo 155 §4°, inciso IV + artigo 288 em concurso material de delitos.
Quadrilha ou bando armada ( é prevista no artigo 288 § único. A pena será aplicada em dobro. Pergunta-se: os quatros individuos precisam estar armados ou basta 1? R: Basta que um só dos integrantes esteja portando arma, desde que os outros tenham consciência. Cuidado com o artigo 157 §2°, inciso I ( por exemplo, quadrilha atuando já associada, roubando cargas, irá incidir a qual qualificadora? R: Para os tribunais não configura bis in idem, a condenação por crime de quadrilha armada e roubo majorado pelo emprego de arma, em virtude da autonomia e independência dos delitos. (STF HC 84.669 e STJ HC 54.773).
Lei 8.072/90 ( quadrilha para a prática de crimes hediondos e equiparados. Artigo 8° dessa lei. O artigo 8° traz uma pena diferenciada, não se trata de um novo crime nesse artigo.
13. Furto de veículo automotor ( artigo 155 §5° do CP. A pena é de reclusão, de 3 a 8 anos. No § 5° não incide as qualificadoras do §4°, são independentes. O §5° só vai incidir se o veículo tiver transposto os limites do estado ou do território nacional.
Artigo 157 (Roubo)
1) Crime complexo ( é complexo pois resulta na fusão de duas figuras típicas. É a fusão entre o artigo 155 (furto) + artigo 146 (constrangimento ilegal) = 157 (roubo).
2) Roubo próprio ( previsto no artigo 157 caput, de modo algum se confunde com o delito de roubo impróprio, este último previsto no artigo 157 §1°. No roubo próprio, a grave ameaça e a violência são empregadas antes da subtração. Já no roubo impróprio, a grave ameaça e a violência são empregadas depois da subtração. O roubo impróprio é um “furto que não deu certo”.
Elementares do roubo próprio ( se caracteriza pela grave ameaça. É a promessa de fazer mal à vítima. Ex: a simulação do emprego de arma. Essa grave ameaça deve ser analisada sob a perspectiva da vítima.
Pode também ser praticado mediante violência à pessoa. Nada mais é do que um emprego de força física sobre o corpo da vítima. Essa violência é conhecida como vis corporalis.
( violência imprópria: se caracteriza por qualquer meio que retire/afaste a possibilidade de resistência da vítima. (Ex: trancar a vítima no banheiro do ônibus enquanto se subtrai a carteira deixada no banco, o caso do “boa noite cinderela”).
OBS: se a própria vítima se coloca em posição de incapacidade de oferecer resistência, o crime será o de furto.
QUESTÃO:
Será que é possível o arrependimento posterior e a aplicação de pena restritiva de direitos ao crime de roubo?
R: É possível sua aplicação em relação ao crime de roubo próprio praticado mediante violência imprópria.
Roubo de uso ( para a grande maioria da doutrina e para o STF, configura o crime de roubo. Alguns doutrinadores (posição minoritária), entendem ser constrangimento ilegal, pois faltaria ao agente aquela vontade de subtrair si ou para outrem aquela coisa alheia móvel.
Consumação e tentativa ( para a jurisprudência, o delito de roubo é consumado quando o agente se torna possuidor da coisa alheia móvel. Foi adotada a teoria da amotio. Quanto a tentativa, em relação ao crime de roubo próprio é possível a tentativa. Agora em relação ao crime de roubo impróprio há 2 correntes: 1ª. corrente diz não ser possível; 2ª corrente admite ser possível.
Distinção entre roubo e extorsão ( 1° critério; no roubo o mal é iminente e a vantagem contemporânea. Enquanto que no crime no extorsão, o mal prometido e a vantagem a que se visa são futuros. 2° critério; a chamada prescindibilidade do comportamento da vítima (se precisa de algum comportamento da vítima, delito seria de extorsão, se não precisa será roubo).
Roubo majorado ( (artigo 157 §2°). A pena vai sofrer um aumento de 1/3 até 1/2. Quanto maior o número de circunstâncias no caso concreto, mais próximo da metade deve ser o aumento.
1ª. causa de aumento de pena (violência ou ameaça com emprego de arma) ( incide a majorante tanto para aquele que aponta a arma quanto para aquele que sem retirá-la da cintura, anuncia o assalto com a mão sobre ela. Deve-se diferenciar arma própria com arma imprópria. A arma própria tem o fim precípuo de ataque ou defesa. Já na arma imprópria não tem esse fim imediato, mas pode ser usada para tanto. (ex: caco de vidro). A chamada arma de brinquedo, ela é capaz de incutir a grave ameaça; a súmula 174 do STJ autorizava a causa de aumento de pena, mas essa súmula foi canceladaao julgar o RESP (2135). A utilização da arma de brinquedo é crime do artigo 157 caput.
QUESTÃO:
É imprescindível a apreensão da arma para que incida a causa de aumento?
R: A apreensão da arma é importante para o exame pericial. Quando se tratar de arma branca, se pode admitir que a prova testemunhal supra a ausência do exame direto, ou seja basta chamar a vítima, nada mais é do que um exame de corpo de delito indireto (STJ HC 96.407). No caso de arma de fogo, se ela não foi apreendida incide a causa de aumento ou não? R: Posição do STF, não é necessária a apreensão e realização de perícia da arma de fogo, desde que por outros meios de prova reste demonstrado o seu potencial lesivo. (STF HC 96.009). Para o STJ, é indispensável a apreensão da arma de fogo para que possa incidir a majorante. Nos casos em que não há a apreensão, mas a vítima e demais testemunhas afirmam de forma coerente que houve disparo com a arma de fogo, não é necessária a apreensão para constatar-se que a arma possuía potencialidade lesiva. (STJ HC 99.762 e HC 89.518).
AULA 06 (CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO III) 16/04/09
Art. 157 §2° inciso III do CP (aplica-se a transporte de valores por carros-fortes por exemplo).
Ex: dono de uma mercearia, recebe os valores auferidos na semana, e se dirige ao banco sendo assaltado; pergunta-se: incidirá a causa de aumento de pena? R: o sujeito passivo dessa causa de aumento de pena não pode ser o proprietário dos valores transportados.
Artigo 157 §2° inciso V ( da manutenção da vítima em poder do agente. Essa causa de aumento de pena foi inserida pela lei 9.426/96. Tal causa foi criada visando a conduta do sequestro relâmpago. 
OBS: em se tratando de “sequestro relâmpago” com a realização de saques em caixas eletrônicos, o delito será o de extorsão, onde não há previsão da causa de aumento de pena prevista no artigo 157 §2° inciso V.
OBS2: essa manutenção da vítima em poder do agente deve se dar por um breve espaço de tempo. Se esse limite de tempo ultrapassar tal brevidade será caso de sequestro.
Artigo 157 §3° do CP ( “roubo seguido de lesão grave” cuja pena é 7 – 15 anos; “roubo seguido de morte”, cuja pena é de 20 – 30 anos. O latrocínio é só a segunda parte desse dispositivo.
Latrocínio: foi etiquetado como crime hediondo pela lei 8.072/90.
ATENÇÃO ( esse resultado agravador podem ser atribuidos ao agente tanto a título de dolo quanto a título de culpa. Esses resultados devem resultar da violência.
· E se por acaso o resultado morte ou a lesão corporal de natureza grave resultarem da grave ameaça? R: Segundo entendimento doutrinário, o crime será o de roubo simples em concurso formal com o delito de homicídio, doloso ou culposo a depender do caso concreto.
Para uma prova de defensoria, pela teoria da imputação objetiva, não seria possível atribuir ao agente a produção do resultado morte nem ao menos culposamente.
Exemplo: morte de um dos comparsas. Imagine que durante o crime de roubo um dos agentes vem a morrer (aberratio ictus). Nesse caso de erro na execução, responde como se tivesse matado a vítima – art. 73 do CP.
Exemplo2: morte de um dos comparsas após a subtração. Para que se tenha latrocínio, a violência deve ser empregada durante o assalto (fator temporal) e em razão do assalto. No caso em tela, não em havendo mais o fator temporal, o agente responderá pelo artigo 157 §2° + artigo 121 do cp.
Exemplo3: matador de aluguel que subtrai valores após o óbito da vítima. Responderá o agente por homicídio qualificado em concurso material com furto.
Exemplo4: Pluralidade de mortes e subtração única. Trata-se de crime único de latrocínio.
Exemplo5: No caso de concurso de agentes. O co-autor que participa do roubo armado responde pelo delito de latrocínio, ainda que o disparo tenha sido efetuado só pelo comparsa. (o resultado pode ser atribuído a título de dolo e também a título de culpa). É desnecessário saber qual dos co-autores desferiu o disparo.
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA do Latrocínio.
No roubo qualificado pela lesão grave:
· A consumação ocorre no momento em que a vítima sofre a lesão grave.
· A tentativa é possível desde que a lesão seja dolosa. Ou seja, desde que o crime seja doloso. Porque não existe tentativa de crime preterdoloso.
No latrocínio: há 4 hipóteses
1 – subtração consumada + morte consumada = consumado
2 – subtração tentada + morte tentada = tentado
3 – subtração consumada + morte tentada = tentado
4 – subtração tentada + morte consumada = consumado (súmula 610 STF)
Para saber se o latrocínio é tentado ou consumado deve-se levar em conta apenas a morte.
· subtração consumada e lesão corporal grave ( nessa situação há algumas possibilidades, a saber:
- roubo qualificado pela lesão corporal grave; (pena de 7 a 15 anos reclusão)
- latrocínio tentado;
- homicídio qualificado na forma tentada em concurso material com o delito de roubo qualificado pelo emprego de arma. (HC 91.585 STF) ( Se considerado que o agente não tinha a vontade de matar, responde pelo delito qualificado pela lesão grave. Se evidenciado que a intenção seria a de matar a vítima, o delito será o de homicídio qualificado na forma tentada em concurso material com o delito de roubo. 
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO (Art. 159 do CP)
- Trata-se de um CRIME DE NATUREZA PERMANENTE.
Pra que se precisa saber que um crime permanente?
1° - a prisão em flagrante pode ser efetuada a qualquer momento.
10/02/02
10/02/03
10/02/04
Art. 159 §1° 
Lex gravior
Liberação pena
Pena 12 - 20
Pena 20 – 30
Pena
- Súmula 711 do STF -
QUESTÃO:
Sequestrar pessoa com o fim de obter para si ou para outrem qualquer vantagem. Essa vantagem precisa ter natureza econômica, patrimonial?
R: O artigo 159 está inserido no capítulo dos crimes contra o patrimônio. Portanto, essa vantagem deve ter natureza econômica.
O artigo 159 exige que a pessoa pratique o sequestro com o fim de obter vantagem patrimonial como condição ou preço do resgate. Como se chama esse fim que o agente possui? R: É chamado de dolo específico ou especial fim de agir.
QUESTÃO:
Qual a diferença do fim específico do 159 para com o do 148?
R: O dolo específico do 159 é incogruente (congruente assimétrico), enquanto que do 148 é congruente (congruente simétrico).
Tipo congruente ( há uma perfeita adequação entre os elementos objetivos e subjetivos do tipo penal. 
Tipo incongruente ( tipo incogruente caracteriza-se pela presença do dolo específico ou do especial fim de agir.
OBS: o crime de porte para consumo é tipo incogruente, já o tráfico é congruente.
QUESTÃO:
É possível a tentativa do crime de extorsão mediante sequestro?
R: Sim por se tratar de crime plurissubsistente.
( Causa de aumento de pena instituída pela lei 8.072/90 em seu artigo 9°.
Ex: sequestro de uma criança que após vem a óbito; a pena será acrescida de até a metade.
Fere-se o princípio da individualização da pena, uma vez que, caso a pena seja fixada em 30 anos, tal pena será tanto para um réu primário quanto para um reicidente.
OBS: caso a pena aplicada seja superior a 30 anos, haverá a unificação da penas. Na hora do cálculo dos benefícios prisionais, será levado em conta a pena aplicada superior a 30 anos.
Ex: réu condenado a 200 anos. Começa a cumprir pena no ano de 2002. No ano de 2002 o condenado começará a cumprir a pena. De 2002 em diante ele vai cumprir os 30 anos, se nesse período ele pratica novos delitos, por exemplo em 2012; os anos anteriores serão desprezados; recomeçando o cálculo, no caso em tela, em 2012 será o novo ano que será utilizado para a contagem, e assim por diante.
ARTIGO 171 – ESTELIONATO
1. Sujeito passivo: a pessoa enganada pode ser diferente do titular da coisa a qual recaiu a obtenção da vantagem ilícita. Ex: empregado de um estabelecimento comercial que é induzido a erro, mas quem irá sofrer o desfalque patrimonial será o dono do negócio.
QUESTÃO:
E se por acaso a vítima for uma pessoa capaz ou alienada?
R: O crime será do artigo 173 do CP.
QUESTÃO:
No caso de adulteração de bomba de gasolina configuraestelionato?
R: O delito de estelionato tem como pressuposto inafastável a existência de um SUJEITO PASSIVO DETERMINADO. Se o delito não possuir um sujeito passivo determinado pode ocorrer um crime contra a economia popular ou um crime contra as relações de consumo. Esse crime de alteração de combustível está previsto no artigo 2° inciso XI da Lei 1521.
 
Se essa fraude for praticada no comércio em face de um credor, apesar de haver um prejuízo patrimonial, há um prejuízo especial, prevalecendo o artigo 168 da lei de falências.
QUESTÃO:
A “cola eletrônica” é crime?
R: para o STF, Inquérito 1145, “cola eletrônica” não configura estelionato e nem falsidade ideológica. Pois não haveria um sujeito passivo determinado e também não seria possível determinar o valor individualizado auferido pelo agente.
No mesmo sentido (STJ R-HC 7.376).
QUESTÃO:
Torpeza bilateral (os dois agente agindo de má-fé), afastará o delito?
R: A torpeza bilateral não afasta a caracterização do estelionato. Ou seja, a boa-fé da vítima não é elemento do crime.
QUESTÃO:
Diferença entre artifício e ardil?
R: artifício consiste na utilização de um aparato que modifica o aspecto material da coisa ou da situação. Exemplos: o próprio silêncio desde que intencional acerca de pre-existente erro da vítima constitue meio fraudulento para a prática do estelionato.
Qualquer outro meio fraudulento ( situação analógica.
Para que haja estelionato, esse meio fraudulento deve ser idôneo. O que vem a ser idôneo? R: deve-se analisar o homem médio, ou para a vítima. Essa idoneidade deve ser analisada à luz da vítima e não ao chamado homem médio.
QUESTÃO:
Qual é a diferença entre a fraude civil e a fraude penal?
R: na fraude penal há o dolo ab initio, ou seja na hora do estelionato, desde o primeiro momento já atua com essa vontade de obter vantagem ilícita.
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA ( em relação à consumação do delito. Essa vai se dar com a obtenção da vantagem ilícita. Quando se consuma o delito de estelionato praticado mediante falsificação de cheque? E quando é que se consuma o delito de estelionato praticado mediante cheque sem provisão de fundos? R: O crime de estelionato praticado por meio de fraude no pagamento por meio de cheque está previsto no art. 171 §2° inciso VI. Esse delito do artigo 171 §2° inciso VI se consuma no local onde se há a recusa do pagamento, leia-se onde se está localizada a agência bancária.
Súmula STJ n° 48 ( 
Reparação do prejuízo:
Regra geral – arrependimento posterior (art. 16 do CP)
- Diminuição da pena de 1/3 a 2/3
- Reparação deve se dar até o recebimento da peça acusatória.
Exceções: peculato culposo, onde o tempo para a reparação do dano será até o trânsito em julgado de sentença condenatória.
- Extinção da punibilidade
- Fraude no pagamento por meio de cheque
- Súmula 246 STF
OBS: a reparação do prejuízo do cheque sem fundos, até o recebimento da peça acusatória, há um benefício, qual seja, a extinção da punibilidade. (Súmula n° 554)
AULA 07 (CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA) 03/07/09
Rogério Sanches Cunha
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
 
O Professor Raul Machado Horta sustenta que nossa CF é plástica, pois os artigos estão dipostos em sequência de importância. Ou seja os primeiros artigos são mais importantes que os últimos.
 
O legislador penal também transferiu essa ideia para o CP. Pois os crimes contra a administração são graves porém com penas leves.
A tutela penal da Adm. Pública estão dividas da seguinte forma no CP:
CAPÍTULO I – (Praticados por funcionários públicos) – arts. 312 a 327 do CP (Crimes Funcionais)
CAPÍTULO II – (Praticados por particulares) – arts. 328 a 337 – A do CP
CAPÍTULO II – A (Contra a Adm. Pública Estrangeira). A doutrina diz que o bem jurídico tutelado não é a adm. pública estrangeira, mas a regularidade na transação comercial internacional. – arts. 337 – B a 337 – D) (raramente caem em concursos)
CAPÍTULO III – (Contra a Adm. da Justiça) – arts. 338 a 359 do CP
CAPÍTULO IV – (Contra as finanças públicas) – arts. 359 – A a 359 – H (raramente caem em concursos)
CRIMES FUNCIONAIS
 
São crimes praticados por funcionários públicos contra a administração em geral.
 
O sujeito ativo, em regra, será sempre um funcionário público.
 
O sujeito passivo constante será a administração em geral, porém nada impede em com ela concorrer algum particular.
 
Em dois momentos o legislador forneceu um tratamento um pouco mais rigoroso:
- Artigo 7°, inciso I, alínea c do CP (pois estão sujeitos a uma extraterritorialidade incondicionada)
- Artigo 33 §4° do CP (Condicionamento da progressão do regime à reparação do dano ou devolução do ilícito praticado)
Há 2 espécies de crimes funcionais:
a) próprios ou propriamente ditos ( faltando a qualidade de servidor do agente, o fato passa a ser um indiferente penal. Ou seja, tirando a roupagem de funcionário público será caso de atipicidade absoluta. Por exemplo: prevaricação, só funcionário público pode prevaricar.
b) impróprios ou impropriamente ditos ( faltando a qualidade de servidor do agente, o fato deixa de configurar crime funcional, mas permanece crime comum. Será caso de atipicidade relativa. Por exemplo: art. 312 (peculato) passando a ser art. 168 do CP, art. 316 (concussão) passando a ser art. 158 do CP.
FUNCIONÁRIO PÚBLICO para fins penais
 
O correto seria o Direito Penal buscar o conceito de funcionário público no Direito Administrativo. Tem administrativistas que fornecem um conceito amplo e administrativistas que fornecem um conceito restrito. Como o Direito Penal é taxativo, restrito, o conceito precisa atender a esses requisitos. O artigo 327 caput fornece um conceito de funcionário público típico ou propriamente dito.
 
Considera-se funcionário público quem exerce:
- Cargo (Estatutário)
- Emprego (CLT)
 
 ainda que transitoriamente e sem remuneração.
- Função Pública (dever para
 
 
 Com a Adm.)
Exemplos: jurado, mesário, etc.
QUESTÃO:
O Administrador judicial (antigo síndico de falências) é considerado funcionário público?
R: O administrador judicial exerce um ENCARGO público, e isso não se confunde com dever para com a administração, logo ele NÃO é funcionário público para fins penais. O mesmo ocorre nos casos: inventariante dativo, tutor/curador dativo.
QUESTÃO:
E o advogado dativo?
R: O STJ copiosamente vem decidindo que advogado dativo é funcionário público para fins penais. O STF ainda não tem uma posição definida como tem o STJ.
QUESTÃO:
E o estagiário?
R: Sim. O estagiário é funcionário público para fins penais. Há previsão expressa na lei orgânica do MP.
Art. 327 §1° do CP ( ele traz a figura do funcionário atípico ou por equiparação.
Equipara-se a funcionário público quem exerce:
- Cargo
1) Paraestatal
- Emprego
2) Empresa contratada ( para execução atividade típica da administração.
- Função Pública
3) Empresa conveniada ( para execução de atividade típica da administração.
OBS: A parte final do artigo 327 §1° do CP foi acrescentada pela lei 9.983/2000, fomentada pela onda da desestatização.
Art. 327 §2° do CP ( trata-se nesse dispositivo de MAJORANTE DE PENA (1/3)
Aumenta-se a pena da terça parte se o funcionário público exerce:
- CARGO EM COMISSÃO
1) Órgão da Adm. Direta
2) Sociedade de Economia Mista
- FUNÇÃO DE DIREÇÃO
3) Empresa Pública
4) Fundação instituída pelo poder público
- ASSESSORAMENTO
OBS: não abrange autarquia, (cochilo do legislador)
QUESTÃO:
Os crimes funcionais praticados pelos chefes do executivo sempre sofrerão causa de aumento de pena?
R: Sim, Eles exercem função de direção de órgão da administração direta, logo eles jamais escaparão do aumento. O STF fez uma interpretação compreensiva.
TIPOS DE PECULATO:
1) Peculato APROPRIAÇÃO (Art. 312 caput, 1ª parte do CP) PECULATO PRÓPRIO
2) Peculato DESVIO (Art. 312 caput, 2ª parte do CP) PECULATO PRÓPRIO
3) Peculato FURTO (Art. 312, §1° do CP) PECULATO IMPRÓPRIO
4) Peculato CULPOSO (Art. 312 §2° do CP)
5) Peculato ESTELIONATO (Art. 313

Continue navegando