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1 TÉCNICAS ANESTÉSICAS DA MAXILA E DA MANDÍBULA CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS: Para compreender o controle da dor em odontologia requer um grande conhecimento do quinto par dos nervos cranianos; o Nervo Trigêmeo. Este é um nervo misto, ou seja, possui tanto fibras aferentes (sensitivas), quanto fibras eferentes (motoras). Fibras Motoras: A raiz motora surge separadamente da raiz sensorial e segue (separada) até o gânglio semilunar. Após isto, passa numa direção latero-inferior e sai do crânio através do forame oval juntamente com a porção sensorial que irá inervar a mandíbula (N. Mandibular). As fibras motoras suprem os seguintes músculos: Mastigatórios (masseter, temporal, pterigoideo medial/lateral) Milo-hióideo Ventre anterior do digástrico Tensor do tímpano Tensor do véu palatino Fibras Sensoriais: A poção sensorial do N. Trigêmeo se divide em: N. Oftálmico N. Maxilar N. Mandibular 2 N. Oftálmico – é a ramificação do Trigêmeo que penetra na órbita através da fissura orbital superior. Este nervo, ao penetrar na órbita emite três ramos: N. nasociliar: segue ao longo da porção mesial do teto da órbita. Se ramifica no nervo etmoidal anterior e nervo nasal externo. N. Frontal: segue anteriormente pela órbita, dividindo-se em supretroclear e supraorbital. N. Lacrimal: Supre a parte lateral da pálpebra superior e uma pequena área da pele adjacente. N. Maxilar – Este nervo sai do crânio pelo forame redondo (localizado na asa maior do osso esfenoide). Em seguida, cruza a parte mais superior da fossa pterigopalatina emitindo ramos ao gânglio esfenopalatino, o nervo alveolar póstero-superior e os ramos zigomáticos (estes ramos são emitidos na fossa pterigopalatino). Após isso, entra no soalho da órbita pela fissura orbital inferior. Na órbita, ocupa o sulco infraorbital e se torna o N. Infraorbital que segue anteriormente emitindo os ramos que originam o N. alveolar médio-superior e N. alveolar antero-superior. N. Alveolar póstero-superior = inerva 2º e 3º molares e as raízes disto-vestibular e palatina dos 1 molares. N. Alveolar médio-superior = inerva a raiz mésio-vestibular dos 1º molares; 1º e 2º pré-molares. N. Alveolar antero-superior = inerva caninos e incisivos (central e lateral) Obs: Estes nervos inervam somente a vestibular da arcada superior. Inervação palatina é responsável pelos nervos Palatinos Maiores e Nasopalatino (inerva de canino a canino). A papila incisiva é o local que indica aonde iremos colocar a agulha para anestesiar o N. Nasopalatino. 3 N. Palatino Maior = inerva região posterior de palato duro (de pré-molar a canino) N. Mandibular – Sai do crânio através do forame oval. Este nervo tem trajeto inferior. Ao sair do crânio, este nervo possui fibras eferentes e aferentes que permanecem juntas uns 2mm de seu trajeto. Em seguida, se ramifica em porção anterior, que é em sua maior parte responsável pela ação motora. E a porção posterior que, em sua maior parte, é responsável pela ação sensitiva. A porção sensitiva irá se ramificar em N. Lingual, N. Auriculotemporal e N. Alveolar inferior. N. Lingual = é responsável pelo trato sensorial dos dois terços anteriores da língua. Além disso, inerva mucosa de assoalho de boca e de gengiva na parte lingual da mandíbula. Este se localiza próximo do N. Alveolar Inferior. N. Alveolar Inferior = entra na mandíbula por meio do forame mandibular. Este é responsável pela inervação do 1º, 2º e 3º molares inferiores. Ao chegar na altura dos pré-molares, ele exterioriza a mandíbula por meio do forame mentual, se tornando o N. Mentual. O nervo mentual é responsável pela inervação dos elementos dentários anteriores e de pré-molares inferiores. Além de inervar o tecido ao redor destes elementos. OBS: A osteologia da maxila é bem diferente da mandíbula. Por conta de a maxila possuir uma densidade óssea mais reduzida que a mandíbula, a difusão do anestésico 4 quando realizada a técnica infiltrativa terminal é melhor quando comparada com a mandíbula (que possui uma densidade óssea bem mais acentuada). Ex: A técnica infiltrativa terminal para o N. Mentual não é muito indicada, pois não irá ocorrer a anestesia efetiva do elemento dentário e sim dos tecidos moles adjacentes a este. Neste caso, se recomenda fazer a técnica tronco regional do N. Alveolar Inferior. OBS: Mas em alguns casos, o paciente relata sentir dor (mesmo anestesiando o N. Alveolar inferior e o N. Lingual). Isto ocorre por conta da inervação que o N. Bucal realiza na área vestibular. O nervo bucal se localiza no músculo bucinador e tem seu papel na inervação da porção vestibular dos elementos dentários posteroinferiores. Para realizarmos o bloqueio deste nervo, inserimos a agulha na porção de bundo de vestíbulo próximo do 1º e 2º molar inferior (região mais baixa do musculo bucinador). TIPOS DE TÉCNICAS ANESTÉSICAS: As técnicas anestésicas são divididas em: Técnica Intra-Oral Técnica Extra-Oral TÉCNICA DE ANESTESIA MAXILAR: • Infiltrativa Terminal • Tronco Regional Esta acomete uma área mais extensa com uma quantidade menor de anestésicos. Questão de Prova: Qual a diferença entre a técnica infiltrativa terminal e tronco regional? R: - Extensão da cirurgia (tronco regional abrange uma área maior) - Quantidade de Anestésicos (para infiltrativa terminal é necessária uma quantidade de anestésicos menor do que a tronco regional). 5 TÉCNICA ANESTÉSICA MAXILAR: BLOQUEIO DO NERVO ALVEOLAR POSTERO-SUPERIOR: Apesar da elevada frequência de êxito, há vários aspectos que devem ser considerados em seu uso. Estes incluem a extensão da anestesia produzida e o potencial de formação de hematomas. Para evitar a formação deste hematoma, o uso da agulha odontológica curta é recomendada. Áreas anestesiadas: Polpa dos 1º (com exceção da raiz mesiovestibular), 2º e 3º molares superiores. Tecido periodontal vestibular e osso adjacente à estas estruturas. Como ponto de referência teremos: prega mucovestibular; tuberosidade da maxila; processo zigomático da maxila. Para inserir a agulha iremos estirar bem a mucosa a fim de não causar uma entrada traumática. Técnica para realizar a anestesia: 1) Iremos inserir a agulha na prega vestibular adjacente ao segundo molar superior (antes de inserir a agulha, secamos bem a mucosa e aplicamos anestésico tópico). 2) Iremos avançar com a agulha lentamente para cima, para dentro e para trás, ou seja: Para cima = em ângulo de 45° com o plano oclusal Para dentro = medialmente em direção a linha média em ângulo de 45° com o plano oclusal. Para trás = posteriormente em um ângulo de 45° com o eixo longitudinal do segundo molar. Obs: No adulto, avance a agulha 16cm. 6 BLOQUEIO DO NERVO ALVEOLAR MÉDIO-SUPERIOR: Áreas anestesiadas: Polpas do primeiro e segundo pré-molares superiores, raiz mesiovestibular do primeiro molar superior. Tecidos periodontais vestibulares e osso sobre estes mesmos dentes. Indicado quando o bloqueio do nervo infraorbitário (A. Antero superior) não produzir anestesia pulpar distal ao canino superior Procedimentos envolvendo apenas pré-molares superiores. A tração da mucosa na hora da injeção da agulha auxilia a não traumatizar o local. Técnica de anestesia: 1) Como ponto de referência para introduzir a agulha temos a prega mucovestibular localizada acima do segundo pré-molar superior. 2) O bisel da agulha deve estar voltado para o osso 3) Secamos bem a mucosa e aplicamos anestésico tópico (por 1 minuto) 4) distendemos o lábio do paciente tencionando bem a mucosa 5) Penetrar a mucosa e avançar a agulha lentamente até que sua extremidade esteja localizada acima do ápice do segundo pré-molar.7 BLOQUEIO DO NERVO ALVEOLAR ANTERO-SUPERIOR (N. INFRAORBITÁRIO): Esta técnica apresenta elevada frequência de sucesso e é extremamente segura. Ela produz anestesia profunda da polpa e tecidos moles vestibulares, desde o incisivo central superior até os pré-molares. Esta técnica necessita de menor volume de solução anestésica para obter uma anestesia equivalente. Áreas anestesiadas: Polpas do incisivo central superior até o canino superior do lado da injeção. Em 72% dos pacientes, as polpas dos pré-molares e a raiz mesiovestibular do primeiro molar também são anestesiados. Periodonto vestibular (labial) e osso destes mesmos dentes Pálpebra inferior, aspecto lateral do nariz, lábio superior. Técnica para realizar a anestesia: 1) Temos como área de referencia a prega mucovestibular localizada acima do primeiro pré-molar superior (o trajeto de penetração da agulha e em direção à área-alvo, o forame infraorbitário) 2) O bisel deve estar voltado para o osso 3) Secamos a mucosa 4) Aplicamos o anestésico tópico no local de penetração durante 1 minuto. 5) localizamos o forame infraorbitário (palpamos a incisura infraorbitária, descemos o dedo até sentirmos o contorno do forame). 6) Afastamos o lábio do paciente tencionando o fundo a mucosa. 7) inserimos a agulha e a direcionamos em direção ao forame infraorbitário (a agulha deve ser mantida paralela ao eixo longitudinal 8 do dente enquanto é avançada para evitar o contato prematuro com o osso) 8) Avançamos a agulha lentamente até que ela toque suavemente o osso. Obs: a profundidade da agulha é de aproximadamente 16mm BLOQUEIO DO NERVO PALATINO MAIOR: Para muitos profissionais, a anestesia da região palatina é um procedimento complicado. Este pode gerar muito desconforto para o paciente. Volumes mínimos de solução produzem a anestesia profunda dos tecidos moles e duros do palato. Embora potencialmente traumático, o bloqueio do N. Palatino Maior é menos agressivo ao tecido do que do N. Nasopalatino. Ao redor do forame palatino maior, o tecido está mais firmemente aderido ao osso e por isso acomoda melhor o volume de solução depositado. Áreas anestesiadas: 9 Parte posterior do palato duro (até o primeiro pré-molar) e os tecidos moles subjacentes. Técnica para realizar a anestesia: 1) como ponto de referência existe uma prega que indica exatamente aonde o forame se localiza. 2) secamos a mucosa 3) aplicamos o anestésico tópico por 1 minuto 4) sem seguida, pressionamos a área da injeção com um cotonete 5) avançamos a seringa a partir do lado oposto da boca formando um ângulo reto com a área-alvo 6) bisel voltado para os tecidos moles palatinos 7) inserimos lentamente o bisel da agulha (colocamos uma pressão inicial que vemos uma deformidade da agulha) 8) em seguida colocamos a agulha em posição reta e inserimos lentamente na mucosa até esta entrar em contato com o osso palatino (profundidade de penetração é geralmente 5mm). 9) aplicamos delicadamente a solução anestésica. BLOQUEIO DO NERVO NASOPALATINO: Este bloqueio tem a característica de ser uma injeção que pode ser muito traumática. Áreas anestesiadas: Porção anterior do palato duro bilateralmente desde o canino esquerdo até o canino direito. Técnica para realizar a anestesia: 10 1) teremos como ponto de referência a papila incisiva (localizada na linha média atrás dos incisivos centrais) 2) aproximamos a agulha em um ângulo de 45° com a papila incisiva 3) o bisel estará direcionado para os tecidos moles do palato 4) secamos a mucosa 5) aplicamos o anestésico tópico por 1 minuto 6) com o auxílio de um cotonete aplicamos pressão na área. 7) primeiramente aplicamos uma pressão suficiente ao bisel para curvar ligeiramente a agulha 8) depositamos um pequeno volume de anestésico 9) retificamos a agulha e perfuramos a mucosa para aplicar a solução anestésica. TÉCNICA ANESTÉSICA MANDIBULAR: BLOQUEIO DO NERVO ALVEOLAR INFERIOR: Se mostra mais frustrante com a percentagem mais elevada de insucessos clínicos, mesmo quando administrada de maneira correta. Áreas anestesiadas: Dentes mandibulares até a linha média Corpo da mandíbula, parte inferior do ramo da mandíbula Mucoperiósteo bucal, membrana mucosa anteriormente ao forame menual (nervo mentual) Periósteo e tecidos moles linguais (nervo lingual) Indicações: procedimentos em múltiplos dentes mandibulares num quadrante casos em que é necessária a anestesia dos tecidos moles bucais casos em que é necessária a anestesia dos tecidos moles linguais 11 Técnica para realização da anestesia: 1) teremos como área de inserção a membrana da mucosa do lado medial (lingual) do ramo da mandíbula – iremos inserir a agulha no 2/3 da rafe pterigomandibular. 2) se seca a mucosa 3) se aplica anestésico tópico no local em que a agulha irá penetrar por 1 minuto. 4) se coloca o corpo da seringa no canto da boca do lado oposto. 5) tencionamos a mucosa 6) inserimos lentamente a agulha até que esta entre em leve contato com o osso e iniciamos a aplicação da solução anestésica na área. Obs: para bloqueio deste nervo, a agulha penetra de 20 a 25mm. geralmente quando anestesiamos o AI, agimos também no nervo lingual, pois este se localiza bem próximo do AI (se localiza também na área em que aplicamos a SA). 12 Obs: atingimos o osso a uma distância de 20-25mm BLOQUEIO DO NERVO BUCAL: Este nervo proporciona inervação sensorial aos tecidos moles bucais adjacentes tão somente aos molares mandibulares Técnica de realizar a anestesia: 1) Área de inserção = membrana mucosa distal e bucal em relação ao dente molar mais distal do arco. 2) Tem como marco de inserção os molares mandibulres e a prega mucobucal. 3) bisel voltado para o osso adjacente 4) seca a mucosa 5) aplica anestésico tópico na area de inserção 6) tencionamos a mucosa 7) a seringa fica alinhada paralelamente ao plano oclusal no mesmo lado da aplicação, porém em posição bucal em relação aos dentes. 8) inserimos a agulha devagar até esta entrar em contato com o mucoperiósteo e iniciamos a aplicação da solução anestésica. 13 BLOQUEIO DO NERVO MENTUAL: Este nervo é ramo terminal do alveolar inferior. sai pelo forame mentual no ápice dos pré-molares. Áreas anestesiadas: Membrana mucosa bucal, anteriormente ao forame mentual (em torno do segundo pré-molar) até a linha média e a pele do lábio inferior e do queixo. Técnica para se realizar a anestesia: 1) Como área de inserção temos a prega mucobucal (na altura dos pré- molares inferiores) no forame mentual ou imediatamente anterior ao mesmo. 2) bisel fica em direção ao osso durante a aplicação 3) secamos a mucosa 4) aplicamos anestésico tópico por 1minuto 5) tencionamos a mucosa a fim de termos uma penetração da agulha sem trauma local. 6) avançamos a agulha bem devagar até chegarmos ao forame (em torno de 5 a 6mm) e realizamos a aplicação da solução anestésica. 14 Obs: penetramos a agulha em torno de 5 a 6 mm
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