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Graça Maria Santos Guerra DESENVOLVIMENTO, IMPLANTAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DO MODELO M2ISO EM UM LABORATÓRIO DE ENSAIOS QUÍMICOS Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Vigilância Sanitária, do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Vigilância Sanitária. Orientadoras: Tereza Cristina dos Santos Kátia Christina Leandro Rio de Janeiro 2015 Graça Maria Santos Guerra DESENVOLVIMENTO, IMPLANTAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DO MODELO M2ISO EM UM LABORATÓRIO DE ENSAIOS QUÍMICOS Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Vigilância Sanitária, do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Vigilância Sanitária. Aprovado em: 14 / 12 / 2015. BANCA EXAMINADORA Maria Helena Simões Villas Boas (Doutor) Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde - INCQS - Fiocruz Luciene Ferreira Gaspar do Amaral (Doutor) Instituto Nacional de Propriedade Industrial - INPI Priscila da Nóbrega Rito (Doutor) Instituto de Tecnologia em Fármacos - Fiocruz Tereza Cristina dos Santos (Doutor) - Orientadora Instituto Oswaldo Cruz - Fiocruz Kátia Christina Leandro (Doutor) - Orientadora Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde - INCQS - Fiocruz Dedico este trabalho, a todos os honestos e de boa vontade, que acreditam e se dedicam à melhoria e inovação em todos os campos do conhecimento. AGRADECIMENTOS Agradeço a todos os que me apoiaram, e muito contribuíram para a conclusão deste trabalho. Ao meu marido por sua ternura. Às minhas filhas, pelas sábias palavras de apoio. À minha mãe, pela confiança incondicional sempre em mim depositada. À orientadora Tereza Cristina, por seu espírito inovador e empreendedor, pela orientação, amizade e apoio recebidos. Ao amigo Roberto Andrade, pelo suporte técnico, e por estar sempre disponível a ajudar. A todos os muitos amigos, que sempre me incentivaram com atos, belas e amigas palavras. A mente que se abre a uma nova ideia, jamais voltará ao seu tamanho original. Albert Einstein RESUMO O presente trabalho teve como objetivo, o estudo da convergência da norma ISO/IEC 17025:2005 à norma ISO 9001:2008, e propor um modelo integrado para laboratórios de ensaios químicos, denominado M2ISO. Os requisitos das duas normas foram agrupados quanto à sua pertinência aos quadrantes do ciclo PDCA: Planejar, Fazer, Verificar e Agir, e sua convergência avaliada. Constatou-se que a ISO/IEC 17025:2005 atende plenamente a 61% dos itens de 2 dígitos da ISO 9001:2008, havendo lacunas importantes em seu sistema de gestão, ligadas aos princípios da Abordagem de Processos e Visão Sistêmica. Também foram identificadas oportunidades no processo de melhoria contínua da ISO/IEC 17025:2005, relacionadas à realização do produto, para o atendimento ao sistema da qualidade da ISO 9001:2008. O modelo M2ISO foi aplicado a um laboratório de ensaios químicos, e realizada a análise crítica. Ficou claro que o alicerce da ISO/IEC 17025:2005, em muito facilitou a implantação (estabelecimento documental) e implementação do M2ISO, necessitando no entanto, para o pleno atendimento aos requisitos de gestão, da melhor estruturação do planejamento da qualidade, com a identificação, mapeamento e monitoramento dos processos, assim como de objetivos operacionais, indicadores e metas. O sistema de gestão estabelecido através da implementação do M2ISO, levou a uma sistemática formal de análise crítica dos requerimentos dos produtos e clientes antes da aceitação do trabalho, a um planejamento analítico bem estruturado, e melhor entendimento dos processos do laboratório, garantindo o atendimento à qualidade e prazos. A implementação da análise crítica de finalização do processo de realização do produto, assim como o estabelecimento dos procedimentos de verificação e validação, demonstraram ser imprescindíveis para garantir o atendimento aos requisitos do cliente. A sistemática de apuração dos indicadores, o aumento da abrangência do procedimento de tratamento de não conformidades e oportunidades de melhoria, o envolvimento dos colaboradores nos planos de ação, e o estabelecimento dos programas do sistema de gestão da qualidade, ofereceram subsídios para um processo de melhoria contínua robusto, com a utilização do ciclo PDCA. A adoção do M2ISO, representa uma evolução na sistemática de gestão dos laboratórios, contribuindo para a sua eficácia e eficiência, criando uma estrutura básica para a implementação de novas revisões das normas ISO 9001 e ISO/IEC 17025, como a versão da ISO 9001, editada em setembro de 2015. Palavras chave: Sistema da Qualidade. ISO 9001:2008. ISO/IEC 17025:2005. Laboratório de ensaios. ABSTRACT The aim of this study was to evaluate the convergence of the standard ISO/IEC 17025:2005 to ISO 9001:2008, and propose an integrated modeling system for chemical testing laboratories, nominated as M2ISO. The requirements of both standards were grouped according to PDCA cycle: Plan; Do; Check and Act and their convergence assessed. The outcome was that ISO/IEC 17025:2005 fulfills 61% of the 2 digits items of ISO 9001:2008, and important gaps in its management system, related to Process Approach and Systemic Management were detected. Furthermore, there is room for improvement in the continuous improvement system of ISO/IEC 17025:2005 in product realization processes to comply to the quality management of ISO 9001:2008. The integrated modeling M2ISO was applied to a chemical testing laboratory, and its implementation evaluated. It was clear that, although the background of ISO/IEC 17025:2005 greatly facilitated the establishment and implementation of M2ISO, the quality planning needed improvement, to include process mapping, performance indicators, operational objectives and targets, to comply to M2ISO management system. The implementation of M2ISO led to the establishment of a formal review of product and customer requirements before job acceptance, to a well structured planning of product realization and also to a better understanding of laboratory processes, assuring quality and lead time achievement. Also, the implementation of the monitoring and final review of product realization process, as well as the verification and validation procedures, showed to be the necessary basis to provide evidence of customer requirements fulfilling. The systematic evaluation of performance indicators, the increasing scope of the non conformities and improvement opportunities assessment procedure, the involvement of the collaborators in actions plans, and the establishment of the quality management system programs, led to a robust laboratory continuous improvement system, through PDCA cycle. The adoption of M2ISO represents an evolution in the management system of chemical testing laboratories, contributing to its efficacy and efficiency, building a basic platform for future implementation of new ISO 9001 and ISO/IEC 17025 revisions, like the ISO 9001 version, issued in September, 2015. Key Words: Quality System. ISO 9001:2008. ISO/IEC 17025:2005. Testing laboratories. LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Trilogia de Juran x terminologia financeira .............................................. 20 Quadro 2 - Os 14 pontos de Deming ......................................................................... 21 Quadro 3 - Síntese das Quatro Eras da Qualidade ................................................... 23 Quadro 4 - Normas da série ISO 9000 x normas ABNT NBR ISO ............................ 32 Quadro 5 - Princípios do Sistema ISO 9000 (segundo norma ISO 9000:2005) ........ 33Quadro 6 - Etapas do ciclo PDCA ............................................................................. 41 Quadro 7 - Evolução no mundo das certificações na ISO 9001:2008 ....................... 46 Quadro 8 - Níveis de convergência e critérios........................................................... 61 Quadro 9 - Sumário quantitativo de Procedimentos e Registros requisitados pelas normas ISO 9001:2008 e ISO/IEC 17025:2005 ..................................... 68 Quadro 10 - Correspondência entre os procedimentos documentados requeridos pela ISO 9001:2008 e ISO/IEC 17025:2005 .......................................... 69 Quadro 11 - Procedimentos requeridos somente pela norma ISO/IEC 17025:2005 . 70 Quadro 12 - Registros solicitados somente pela norma ISO 9001:2008 ................... 71 Quadro 13 - Registros solicitados somente pela norma ISO/IEC 17025:2005 .......... 72 Quadro 14 - Matriz de convergência ISO/IEC 17025:2005 / ISO 9001:2008 – quadrante Planejar ................................................................................. 73 Quadro 15 - Matriz de convergência ISO/IEC 17025:2005 / ISO 9001:2008 – quadrante Fazer ..................................................................................... 77 Quadro 16 - Matriz de convergência ISO/IEC 17025:2005 / ISO 9001:2008 – quadrante Verificar ................................................................................. 79 Quadro 17 - Matriz de Convergência ISO/IEC 17025:2005 / ISO 9001:2008 - quadrante Agir ........................................................................................ 80 Quadro 18 - Objetivos, indicadores e metas do laboratório ...................................... 87 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Crescimento anual das certificações na ISO 9001 no mundo ................. 47 Gráfico 2 - Evolução no número de certificações na ISO 9001 no Brasil .................. 48 Gráfico 3 - Numero de itens da ISO 9001:2008 totalmente atendidos pela ISO/IEC 17025:2005 ................................................................................ 81 Gráfico 4 - Percentual de atendimento pleno aos itens da ISO 9001:2008 por quadrante do PDCA ................................................................................. 82 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Modelo de um sistema de gestão da qualidade baseado em processo .... 35 Figura 2 - Exemplo de Simbologia utilizada para o desenho de processos .............. 36 Figura 3 - Diagrama da Tartaruga ............................................................................. 37 Figura 4 - Diagrama do Ciclo PDCA .......................................................................... 41 Figura 5 - Exemplo de Plano de Ação com a utilização da ferramenta 5W2H .......... 43 Figura 6 - Estrutura de Operacionalização do SGQ Fiocruz ..................................... 54 Figura 7 - Fluxo da metodologia para o estabelecimento da convergência entre as normas ISO/IEC 17025:2005 / ISO 9001:2008 ........................................ 59 Figura 8 - Fluxo do Planejamento da Qualidade ....................................................... 64 Figura 9 - Fluxo das etapas para a implantação e implementação do M2ISO .......... 67 Figura 10 - Fluxo do Processo de Prestação de Serviços Analíticos ........................ 84 Figura 11 - Diagrama da Tartaruga - Etapa Execução de Análises .......................... 85 Figura 12 - Modelo M2ISO - implementação da ISO 9001:2008 / ISO/IEC 17025:2005 ................................................................................ 93 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária BPF - Boas Práticas de Fabricação BSI - British Standard Institute (Instituto Britânico de Padronização) CASCO - Conformity Assessment Committee Cgcre - Coordenação Geral de Acreditação CFR - Code of Federal Regulation FDA - Food and Drug Adminstration ICH - International Conference on Harmonization - (Conferência Internacional em Harmonização) IEC - International Electrotechnical Commission - (Comissão Eletrotécnica Internacional) INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia ISO - International Standardization Organization (Organização Internacional para Padronização) MS - Ministério da Saúde OMS - Organização Mundial da Saúde OPAS - Organização Panamericana da Saúde P&D - Pesquisa e Desenvolvimento PDCA - Plan, Do, Check, Act (Planejar, Fazer, Checar, Agir) RBC - Rede Brasileira de Calibração RD - Representante da Direção SGQ - Sistema de Gestão da Qualidade WHO - World Health Organization (Organização Mundial da Saúde) SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 15 1.1 EVOLUÇÃO DA QUALIDADE - UMA ABORDAGEM HISTÓRICA ................ 17 1.1.1 Advento da administração científica - Taylorismo ........................................... 17 1.1.2 A Era da inspeção - foco no produto - início do século XX ............................. 18 1.1.3 A era do controle estatístico da qualidade – foco no processo ....................... 18 1.1.4 A era da garantia da qualidade - foco no sistema ........................................... 19 1.1.5 A Era da Gestão da Qualidade Total (TQM) ou Gerenciamento Estratégico da Qualidade – Foco no Negócio ........................................................................ 22 1.1.6 A Qualidade após a Globalização ................................................................... 24 1.1.7 A evolução da Qualidade no Brasil ................................................................. 25 1.2 A QUALIDADE NA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA ........................................ 26 1.2.1 As Boas Práticas de Fabricação (BPF)........................................................... 26 1.2.2 A história das Boas Práticas de Fabricação (BPF) ......................................... 27 1.2.3 A harmonização internacional - o ICH ............................................................ 30 1.3 NORMA ISO 9001:2008 - SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE- REQUISITOS .................................................................................................. 30 1.3.1 Histórico de seu surgimento ........................................................................... 31 1.3.2 Princípios do SGQ – ISO 9000 ....................................................................... 32 1.3.3 A Abordagem de Processo e Visão Sistêmica para a gestão ......................... 34 1.3.4 Planejamento da Qualidade e Plano da Qualidade ........................................ 35 1.3.5 Mapeamento dos processos ........................................................................... 36 1.3.6 Objetivos, indicadores e metas ....................................................................... 37 1.3.7 Tratamento de não conformidades e melhoria contínua ................................. 39 1.3.8 O ciclo PDCA - ferramenta para a melhoria contínua ..................................... 40 1.3.9 Planejamento e acompanhamento das ações de melhoria ............................ 42 1.3.10 O Processo de Auditoria ................................................................................. 44 1.3.11 Autoavaliação e Matriz de Maturidade ............................................................ 44 1.3.12 Sistemática de Certificação da ISO 9001:2008 .............................................. 45 1.3.13 A ISO 9001 no Brasil e no Mundo .................................................................. 46 1.3.14 A ISO 9001 versão 2015 ................................................................................. 48 1.4 SISTEMAS DE GESTÃO DA QUALIDADE EM LABORATÓRIOS ................. 50 1.5 IMPLEMENTAÇÃO DE SISTEMAS DA QUALIDADE EM LABORATÓRIOS DA FIOCRUZ .....................................................................53 1.6 IMPLEMENTAÇÃO DA ISO 9001:2008 EM CONVERGÊNCIA COM A ISO/IEC 17025:2005 EM LABORATÓRIOS DE ENSAIOS, PESQUISA E DESENVOLVIMENTO .................................................................................... 56 2 OBJETIVOS ................................................................................................... 58 2.1 OBJETIVO GERAL ......................................................................................... 58 2.2 OBJETIVOS ESPECIFÍCOS ........................................................................... 58 3 METODOLOGIA ............................................................................................. 59 3.1 ESTUDO DA CONVERGÊNCIA DA ISO/IEC 17025:2005 EM RELAÇÃO À ISO 9001:2008 ............................................................................................ 59 3.1.1 Verificação dos procedimentos escritos e registros requisitados pelas normas ............................................................................................................ 60 3.1.2 Correspondência entre procedimentos e registros das normas ISO/IEC 17025:2005 e ISO 9001:2008 ........................................................... 61 3.1.3 Matrizes de convergência da norma ISO/IEC 17025:2005 em relação à norma ISO 9001:2008..................................................................................... 61 3.1.4 Avaliação numérica dos itens da ISO 9001:2008 atendidos totalmente pela ISO/IEC 17025:2005 por quadrante do ciclo PDCA ....................................... 62 3.2 DESENVOLVIMENTO, IMPLANTAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DO M2ISO ... 62 3.2.1 Diagnóstico ..................................................................................................... 62 3.2.2 Comunicação .................................................................................................. 63 3.2.3 Capacitação dos colaboradores ..................................................................... 63 3.2.4 Designação do Representante da Direção, do grupo de facilitadores e auditores internos ........................................................................................... 63 3.2.5 Cronograma de implantação do M2ISO.......................................................... 64 3.2.6 Planejamento da Qualidade ............................................................................ 64 3.2.7 Monitoramento da implantação e implementação do M2ISO ......................... 66 3.2.8 Consolidação do Processo de Melhoria Contínua .......................................... 66 3.3 ANÁLISE CRÍTICA DO M2ISO ....................................................................... 67 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................... 68 4.1 CONVERGÊNCIA DA ISO/IEC 17025:2005 EM RELAÇÃO À ISO 9001:2008 ................................................................................................ 68 4.1.1 Correspondência entre procedimentos e registros ......................................... 68 4.1.2 Estabelecimento do nível de convergência – Matrizes ................................... 72 4.1.3 Avaliação numérica dos itens da ISO 9001:2008 atendidos totalmente pela ISO/IEC 17025:2005 por quadrante do ciclo PDCA ....................................... 81 4.2 IMPLANTAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DO M2ISO NO LABORATÓRIO DE ENSAIOS QUÍMICOS ............................................................................... 82 4.2.1 Diagnóstico ..................................................................................................... 82 4.2.2 Planejamento da Qualidade - implantação e implementação das ações ........ 83 4.2.3 Monitoramento da implantação e implementação do M2ISO ......................... 91 4.2.4 Consolidação do processo de Melhoria Contínua .......................................... 92 4.3 O MODELO M2ISO – ANÁLISE CRÍTICA ...................................................... 93 4.3.1 Pontos positivos .............................................................................................. 94 4.3.2 Pontos de Atenção ......................................................................................... 95 5. CONCLUSÃO ................................................................................................. 97 APÊNDICE A - Correspondência entre os registros requisitados pelas normas ISO 9001:2008 e ISO/IEC 17025:2005 e indicação das lacunas ............................ 104 APÊNDICE B - Lista de Verificação LV-M2ISO ....................................................... 110 APÊNDICE C - Diagnóstico - lacunas identificadas no SGQ do laboratório de ensaios químicos em relação ao M2ISO ................................................................. 145 APÊNDICE D - Ficha de Indicador: Percentual (%) de retrabalho analítico ............ 147 APÊNDICE E - Formulário de Análise Crítica de Solicitação de Análise ................ 148 APÊNDICE F - Formulário de Análise Crítica de Finalização de Processo Prestação de Serviços Analíticos ............................................................................................. 149 APÊNDICE G - Programa do SGQ – Objetivo: Redução de retrabalhos na Prestação de Serviços Analíticos ............................................................................................. 150 15 1 INTRODUÇÃO Os laboratórios de ensaio, pesquisa e desenvolvimento na área da Saúde são parte integrante e fundamental da Vigilância Sanitária, pois contribuem para a obtenção de produtos de qualidade, seguros e eficazes, a serem distribuídos à população. Estes laboratórios precisam ter seu sistema da qualidade alicerçado na excelência de seu corpo técnico, ou em normas e regulamentos, como a RDC No 17, de 16 de abril de 2010 de Boas Práticas de Fabricação da ANVISA, normas do INMETRO como a ISO/IEC 17025:2005 que trata dos Requerimentos Gerais para a Competência de Laboratórios de Ensaio e Calibração, homologada pela ANVISA para acreditação dos laboratórios da Rede Brasileira de Laboratórios Analíticos em Saúde (REBLAS) (ANVISA, 2012), ou em normas como a de Boas Práticas de Laboratório (BPL) como a NIT DICLA 035:2011, dentre outras. A norma ISO 9001:2008 possui foco em gestão, oferecendo uma plataforma para processos organizados, estruturados, e ciclos de melhoria contínua. Objetiva atender consistentemente aos requisitos dos clientes, e busca exceder suas expectativas, num avanço contínuo nos processos de gestão da qualidade. É uma norma, em tese, aplicável a todas as organizações, independentemente do tipo, tamanho ou produto/serviço oferecido (MAEKAWA, 2013). Sua adoção contribui sobremaneira para o processo de Excelência em Gestão. As instituições de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) em todo o mundo, têm sido crescentemente solicitadas a demonstrar que suas pesquisas estão sendo realizadas, alicerçadas em padrões de qualidade (ROBINS, SCARL e KEY, 2006). Dentre as razões para tal tendência, estão a importância da comparabilidade dos resultados, a fim de permitir sua reprodutibilidade e a intercambialidade, e a importância da difusão do conhecimento, com o argumento de que os resultados das pesquisas constituem-se em um produto, e como tal, sua qualidade precisa ser comprovada (CAMMANN e KLEIBOHMER,1998). Em consonância com esta corrente, as atividades de pesquisa na área da saúde começaram a ser tratadas em diversos guias internacionais, e têm sido crescentemente incluídas nas regulações e guias específicos de cada região ou país (EURACHEM, 1998; EURACHEM, 2002; ICH Q10, 2008; ICH Q8(R2), 2009; ANVISA, 2010). 16 Olivares e Lopes (2012), chamam à atenção para a importância da implementação de sistemas da qualidade em laboratórios de pesquisa e desenvolvimento, a fim de conferir confiabilidade e rastreabilidade aos resultados, e fazem também considerações sobre as dificuldades que taislaboratórios apresentam para a implementação de sistemas da qualidade com base em normas como a ISO/IEC 17025, sugerindo modelos de implementação que atendam aos objetivos destes laboratórios. A tríade Qualidade, Segurança e Eficácia dos medicamentos, inicia seu processo de construção na fase de pesquisa e desenvolvimento, sendo esta fase decisiva para os produtos. No Brasil, após a criação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) em 1999, que tem como missão “Promover e proteger a saúde da população e intervir nos riscos decorrentes da produção e do uso de produtos e serviços sujeitos à vigilância sanitária, em ação coordenada com os estados, os municípios e o Distrito Federal, de acordo com os princípios do Sistema Único de Saúde, para a melhoria da qualidade de vida da população brasileira”, as regulações relacionadas à pesquisa e desenvolvimento têm se tornado cada vez mais exigentes (ANVISA, 2010; ANVISA, 2014). A Fiocruz é uma Instituição Pública, vinculada ao Ministério da Saúde, que atua promovendo a saúde e o desenvolvimento social, gerando e difundindo conhecimento científico e tecnológico. Suas pesquisas, produção de medicamentos e vacinas, visam fornecer apoio ao SUS, à Vigilância Epidemiológica, e aos órgãos nacionais e internacionais responsáveis pela qualidade da Saúde Pública (NEHME, 2008; FIOCRUZ, 2015a e 2015b). Investe de forma crescente em gestão, ciência, tecnologia e inovação em saúde, aliado à implantação de sistemas da qualidade em suas unidades tecno-científicas, a fim de que possam garantir o reconhecimento de sua competência, e integridade de seus processos (NEHME, 2008; SOUZA, 2012). 17 1.1 EVOLUÇÃO DA QUALIDADE - UMA ABORDAGEM HISTÓRICA Segundo Juran (1990), dentre os diversos aspectos da qualidade, dois se destacam para a sua definição: qualidade definida pelo desempenho do produto e qualidade em função da ausência de deficiências. O homem, através dos tempos, sempre procurou obter o que mais se adequasse às suas necessidades, fossem estas necessidades de ordem material, intelectual, social ou espiritual. Outro ponto presente ao longo da história, foi a relação cliente-fornecedor, que sempre se manifestou dentro das famílias, entre amigos, nas organizações de trabalho, nas escolas e na sociedade em geral (BARÇANTE, 2014). O conceito de Qualidade como hoje é concebido, surgiu com a chegada da Revolução Industrial ao início do século XX. A forma de produção ao final do século XIX, caracterizava-se pela fabricação do início ao fim por uma única pessoa ou grupo de pessoas, com pouca ou nenhuma mecanização. A produção em massa, que chegou como consequência da nova era, fomentou a criação de padrões de operação e especialização de tarefas nos processos de produção (GARVIN, 1992). 1.1.1 Advento da administração científica - Taylorismo Fredrerick Taylor (1856 - 1915), engenheiro e executivo, foi o primeiro homem na história, a considerar o trabalho digno de estudo e observação sistemática. Dedicou-se ao estudo da padronização de normas relacionadas ao gerenciamento dos processos, e da qualidade dos produtos, sendo um dos primeiros sistematizadores da disciplina científica da Administração de Empresas (Administração Científica) (PALADINI, 2000). A Administração Científica caracteriza-se pela racionalização das etapas de produção. Taylor, assim como Henry Ford, um industrial americano, reconheceram as limitações das formas de produção anteriores à Revolução Industrial, evidenciadas pelo gasto de tempo e pela variabilidade nos resultados produzidos (BARÇANTE, 2014). 18 1.1.2 A Era da inspeção - foco no produto - início do século XX A aplicação dos conceitos de Taylor, foram a força-motriz do “Século da Produtividade”. Henry Ford (1863 - 1947) adotou medidas práticas ligadas às concepções teóricas de Taylor, dando ênfase à padronização dos desenhos e componentes em suas fábricas; isto assegurava que um produto fosse produzido dentro de um determinado padrão. A qualidade do produto estava baseada em padrões e em inspeções de qualidade, e a responsabilidade da qualidade atribuída ao inspetor. Aos inspetores, cabia a tarefa de identificação e quantificação das peças defeituosas; estas eram removidas e trocadas, sem que se fizesse uma avaliação das causas reais do problema para prevenir sua repetição (GARVIN, 1992; PALADINI, 2000). A ênfase dada pela gerência à produtividade, baseado no sistema taylorista, aos poucos gerou alguns efeitos indesejáveis. Supervisores e operários priorizaram a produtividade e relegaram a qualidade a segundo plano. Nesta época, a inspeção estava centrada no produto, o primeiro nível de complexidade. O objetivo principal era obter qualidade igual e uniforme em todos os produtos: ênfase à conformidade (BARÇANTE, 2014). 1.1.3 A era do controle estatístico da qualidade – foco no processo Com o crescimento da produção, o modelo baseado na inspeção 100% torna- se caro e ineficaz. W.A. Shewart (1891 – 1967), um estatístico americano, que já na década de 20 preocupava-se com a grande variabilidade na produção de bens e serviços, desenvolveu um sistema de mensuração dessas variabilidades. O advento da 2a Grande Guerra Mundial, também exigiu, que outras técnicas fossem desenvolvidas para combater a ineficiência e impraticabilidade apresentada pela inspeção 100% na produção em massa de armamentos e munições (BARÇANTE, 2014). Na década de 1930, houve significativo desenvolvimento na área da qualidade, marcado pelo trabalho de pesquisadores para resolver problemas referentes à Qualidade dos produtos da Bell Telephone, nos E.U.A. Este grupo, composto por nomes como W. A. Shewart, Harold Dodge, Harry Romig , G. D. Edwards e posteriormente Joseph Juran, dedicou boa parte de seus esforços em 19 pesquisas que levaram ao surgimento do Controle Estatístico de Processos. Shewart desenvolveu uma ferramenta denominada de Gráfico de Controle de Processo, que faz uso de conhecimentos estatísticos para estabelecer limites aceitáveis para valores de produção. Baseado em programas de amostragem durante o processo, valores de produção são plotados em um gráfico, permitindo o monitoramento e a avaliação da produção, objetivando prevenir e solucionar problemas de qualidade ocasionados pela variabilidade dos processos. A influência de Shewart sobre estatísticos como Deming, resultou na melhoria dos processos e na alta qualidade na indústria (BARÇANTE, 2014). 1.1.4 A era da garantia da qualidade - foco no sistema Um importante passo na evolução da qualidade se deu pelos trabalhos de Joseph M. Juran (1904 - 2008), que em 1951 publicou um livro denominado “Manual de Controle da Qualidade”. Juran enfatizou a necessidade de "evidências objetivas" e propôs uma abordagem que tornava mensurável a qualidade de produtos e serviços, correlacionando-a aos custos de retrabalho, mão de obra para o reparo, perdas financeiras associadas à insatisfação do consumidor, dentre outros fatores definidos como evitáveis (JURAN e GRYNA, 1991). Juran também publicou a “Trilogia de Juran”, composta por 3 processos gerenciais: Planejamento da Qualidade, Controle da Qualidade e Melhoria da Qualidade, onde sua adoção caracterizaria o estabelecimento de um Sistema da Qualidade (JURAN, 1990). Estes processos já existiam há algum tempo, e eram utilizados na área financeira. No Quadro 1 é apresentada a correlação dos termos da Trilogia de Juran e da terminologia financeira. 20 Quadro 1 - Trilogia de Juran x terminologia financeira Processos da trilogia Terminologia financeira Planejamento da qualidade Orçamento, planejamento dos negócios Controle de qualidade Controle de custos, controle de despesas, controle de estoques Desenvolvimento da Qualidade (melhoria da qualidade) Redução de custos, aumento dos lucros Fonte: JURAN,1990. Segundo Barçante (2014), os quatro principais movimentos que compõem a Era da Garantia da Qualidade são: A. A quantificação dos custos da qualidade: os impactos das ações de qualidade sobre os custos de uma empresa. B. O controle total da qualidade (TQC): um trabalho multi-setorial com o objetivo claro de prevenção, desde a concepção do projeto até a satisfação final do cliente. C. As técnicas de confiabilidade: o objetivo era evitar falhas não somente durante a produção, mas também, durante todo o tempo de vida útil do produto. D. O programa zero defeitos: ênfase à pró-atividade de funcionários através de palestras e cursos, e estímulos através de demonstrativos de qualidade. Após a 2a Guerra Mundial, o Japão encontrava-se destruído, necessitando iniciar seu processo de reconstrução. Deming, (1900 - 1993), um engenheiro e estatístico americano, foi convidado pela Japanese Union of Scientists and Engineers (JUSE) para proferir palestras e treinar empresários sobre Controle Estatístico do Processo e Gestão da Qualidade. A isto se atribuiu o grande desenvolvimento industrial japonês do século vinte. Os conceitos de Deming (“14 Pontos de Deming”) (Quadro 2) são considerados atuais até hoje, e se tornaram uma referência universal no ensino e na prática da Gestão da Qualidade Total ou Gerenciamento Estratégico da Qualidade, que sucedeu a Era da Garantia da Qualidade (DEMING, 1990). Como Shewart, Deming induzia os gerentes a focalizar as causas das variabilidades dos processos, e encorajava japoneses a adotar uma abordagem sistêmica para solução de problemas, a qual se tornou mais tarde conhecida como Ciclo de Deming ou Ciclo PDCA (GARVIN, 1992). 21 Quadro 2 - Os 14 pontos de Deming 1º princípio: Estabeleça constância de propósitos para a melhoria do produto e do serviço, objetivando tornar-se competitivo e manter-se em atividade, bem como criar emprego; 2º princípio: Adote a nova filosofia. Estamos numa nova era econômica. A administração ocidental deve acordar para o desafio, conscientizar-se de suas responsabilidades e assumir a liderança no processo de transformação; 3º princípio: Deixe de depender da inspeção para atingir a qualidade. Elimine a necessidade de inspeção em massa, introduzindo a qualidade no produto desde seu primeiro estágio; 4º princípio: Cesse a prática de aprovar orçamentos com base no preço. Ao invés disto, minimize o custo total. Desenvolva um único fornecedor para cada item, num relacionamento de longo prazo fundamentado na lealdade e na confiança; 5º princípio: Melhore constantemente o sistema de produção e de prestação de serviços, de modo a melhorar a qualidade e a produtividade e, conseqüentemente, reduzir de forma sistemática os custos; 6º princípio: Institua treinamento no local de trabalho; 7º princípio: Institua liderança. O objetivo da chefia deve ser o de ajudar as pessoas e as máquinas e dispositivos a executarem um trabalho melhor. A chefia administrativa está necessitando de uma revisão geral, tanto quanto a chefia dos trabalhadores de produção; 8º princípio: Elimine o medo, de tal forma que todos trabalhem de modo eficaz para a empresa; 9º princípio: Elimine as barreiras entre os departamentos. As pessoas engajadas em pesquisas, projetos, vendas e produção devem trabalhar em equipe, de modo a preverem problemas de produção e de utilização do produto ou serviço; 10º princípio: Elimine lemas, exortações e metas para a mão-de-obra que exijam nível zero de falhas e estabeleçam novos níveis produtividade. Tais exortações apenas geram inimizades, visto que o grosso das causas da baixa qualidade e da baixa produtividade encontra-se no sistema, estando, portanto, fora do alcance dos trabalhadores; 11º princípio: Elimine padrões de trabalho (quotas) na linha de produção. Substitua-os pela liderança; elimine o processo de administração por objetivos. Elimine o processo de administração por cifras, por objetivos numéricos. Substitua-os pela administração por processos através do exemplo de líderes; 12º princípio: Remova as barreiras que privam o operário horista de seu direito de orgulhar-se de seu desempenho. A responsabilidade dos chefes deve ser mudada de números absolutos para a qualidade; remova as barreiras que privam as pessoas da administração e da engenharia de seu direito de orgulharem-se de seu desempenho. Isto significa a abolição da avaliação anual de desempenho ou de mérito, bem como da administração por objetivos 13º princípio: Institua um forte programa de educação e auto-aprimoramento 14º princípio: Engaje todos da empresa no processo de realizar a transformação. A transformação é da competência de todo mundo Fonte: DEMING, 1990. 22 1.1.5 A Era da Gestão da Qualidade Total (TQM) ou Gerenciamento Estratégico da Qualidade – Foco no Negócio Esta era, constituiu-se em uma evolução natural das três eras anteriores: Inspeção, Controle Estatístico da Qualidade e Garantia da Qualidade. Porém seu enfoque valoriza prioritariamente os clientes e a sua satisfação, como fator de preservação e ampliação da participação no mercado. Iniciou-se no Ocidente, a partir dos esforços de recuperação de mercado por grandes empresas americanas, em meio à invasão de produtos japoneses de alta qualidade no final da década de 70 (BARÇANTE, 2014). Segundo Garvin (1992), pela primeira vez, a alta gestão das empresas expressa interesse pela qualidade, associando-a à lucratividade, e como arma de estratégia competitiva, exigindo sua inclusão no processo de planejamento estratégico. Foi necessário redefinir o conceito da qualidade, uma vez que a produção sem defeitos, objeto da Garantia da Qualidade e do Controle Estatístico do Processo era muito limitada em seu escopo. A Gestão da Qualidade Total envolve a aplicação progressiva da qualidade em todos os aspectos do negócio, em tudo o que se faz na empresa, em todos os seus níveis e áreas, incluindo vendas, finanças, compras e outras atividades não ligadas à produção propriamente dita. No Quadro 3 é apresentada uma síntese das 4 Eras da Qualidade. 23 Quadro 3 - Síntese das Quatro Eras da Qualidade Fonte: GARVIN, 1992. Características Básicas / Eras Inspeção Controle Estatístico da Qualidade Garantia da Qualidade Gestão da Qualidade Total Interesse Principal Verificação Controle Coordenação Impacto estratégico Visão da Qualidade Um problema a ser resolvido Um problema a ser resolvido Um problema a ser resolvido, mas que é enfrentado pró- ativamente Uma oportunidade de diferenciação da concorrência Ênfase Uniformidade do produto Uniformidade do produto com menos inspeção Toda a cadeia de fabricação, desde o projeto até o mercado, e a contribuição de todos os grupos funcionais para impedir falhas de Qualidade As necessidades de mercado e do cliente Métodos Instrumentos de medição Ferramentas e técnicas estatísticas Programas e sistemas Planejamento estratégico, estabelecimento de objetivos e a mobilização da organização Papel dos Profissionais da Qualidade Inspeção, classificação, contagem, avaliação e reparo Solução de problemas e a aplicação de métodos estatísticos Planejamento, medição da Qualidade e desenvolvimento de programas Estabelecimento de metas, educação e treinamento, consultoria a outros departamentos e desenvolvimento de programas Quem é o responsável pela Qualidade O departamento de Inspeção Os departamentos de Fabricação e Engenharia (o controle de Qualidade) Todos os departamentos, com a alta administração se envolvendo superficialmente com o planejamento e a execução das diretrizes da Qualidade Todos na empresa, com a alta administração exercendo forte liderança Orientação e enfoque Inspecionar a Qualidade Controlar a Qualidade Construir a Qualidade Gerenciara Qualidade 24 1.1.6 A Qualidade após a Globalização O fenômeno da globalização, ocorrido a partir da década de 1990, teve um impacto significativo no movimento mundial da Qualidade. Alguns aspectos da Gestão da Qualidade foram realçados na Era da Globalização (BARÇANTE, 2014): 1. Qualidade passa a ser uma “linguagem internacional de negócios”, o que pode ser evidenciado através da explosão do processo de certificação ISO 9000 e ISO 14000, e da consolidação dos prêmios nacionais da qualidade na maioria dos países do mundo civilizado. 2. Satisfação total do cliente, não só em relação às características do produto, mas também a aspectos sociais e ecológicos. O produto não tem que ser sem defeitos, ele tem que ser ecologicamente e socialmente perfeito. 3. Qualidade é uma ferramenta eficaz nos negócios. 4. O significado da palavra parceria migra para dentro das empresas, com fornecedores ocupando espaço físico na planta do consumidor, diminuindo significativamente o lead- time (tempo de espera). 5. Empresas se destacam no aspecto Liderança, através dos conceitos abrangidos pela Qualidade. 6. Contabilidade moderna baseada na atividade gerencial. A idéia de Unidade Estratégica do Negócio se consolida; cada gerente tem seu centro de custos e é diretamente responsável por ele. 7. Gerenciamento do tempo; o lead-time (tempo de espera) passa a ser cada vez menor, a fim de atender a um mercado cada vez mais exigente, e estar à frente dos concorrentes. Com o acesso às informações cada vez mais facilitado pelo desenvolvimento da tecnologia da informação, ocorre a integração entre os países, criando-se íntimas redes de comunicação. O mundo agora globalizado, irá influenciar decisivamente no desenvolvimento da Qualidade (BARÇANTE, 2014). No século XXI, a humanidade se depara com grandes obstáculos e limitações de toda ordem, que influenciam no processo de busca da Qualidade. Cada vez mais são exigidas respostas rápidas e eficazes. O nível crescente de complexidade das tecnologias, apresenta-se como novo desafio à compreensão dos processos, sendo necessária a definição de novos modelos de gestão (BARÇANTE, 2014). 25 Novos modelos e técnicas de gestão surgiram em continuidade ao Gerenciamento Total da Qualidade, como a Reengenharia de Processos, o Relacionamento com o Cliente (Customer Relationship Management - CRM), o Balanced Scorecard (BSC) e o Empowerment ou empoderamento dos funcionários, mas neles, os conceitos do Gerenciamento da Qualidade Total continuaram sendo adotados, como meio de implementação destas novas técnicas (CORDEIRO, 2004). 1.1.7 A evolução da Qualidade no Brasil Os movimentos ligados à qualidade no Brasil, somente tomaram força na década de 90, em função dos reflexos da globalização. Destacam-se a seguir alguns deles, em ordem cronológica: 1922 - Criação do Instituto Nacional de Tecnologia – INT, RJ. 1940 - Criação da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. 1973 - Criação o Instituto Nacional de Metrologia, Normatização e qualidade Industrial – INMETRO. 1978 - Criação do Instituto Brasileiro da Qualidade Nuclear – IBQN. 1987 - a estruturação do primeiro programa de pós-graduação Lato sensu em Controle da Qualidade, da Universidade Católica de Petrópolis - RJ. 1988 - a criação da subárea de mestrado em Qualidade Industrial do Programa de Engenharia de Produção da COPPE/UFRJ, com início da primeira turma em 1989. 1990 - emissão do primeiro certificado ISO 9000 no Brasil e a criação da Marca de Conformidade do INMETRO. Ocorre também, o lançamento do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade – PBQP. Neste ano, é também promulgado o Código de Defesa do Consumidor, lei no. 8.078 de 11/09/90 e realizado o Congresso Internacional de Normatização e Qualidade da ABNT. É lançada a série de normas NBR-9000, tradução da série ISO 9000, pela ABNT. 1991 - Criada a Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade. 1992 - Criado o Comitê da Qualidade – CB25 da ABNT, responsável pelos assuntos relacionados às normas da série ISO 9000 no Brasil. 1995 - SERASA ganha o PNQ na categoria Serviços – 1ª. empresa nacional a recebê-lo. 26 1996 - Emitido o milésimo certificado ISO 9000, em solenidade oficial no Rio de Janeiro. Neste ano foi defendida e registrada a 42a tese de mestrado em Qualidade na COPPE/UFRJ. Os anos que se sucederam, foram marcados por uma efervescência de eventos e atividades ligadas à qualidade, com a participação efetiva de diversas empresas sediadas no Brasil, na área de produção e de serviços, de capital exclusivamente nacional ou multinacional. Pode-se citar dentre as empresas ganhadoras do PNQ, o Citibank Corporate Banking (1997), Siemens Divisão Telecomunicações (1998), Caterpillar (1999), SERASA Centralização de Serviços dos Bancos S/A (2000), Bahia Sul Celulose S/A (2001), Gerdau, (2002), Escritório de Engenharia Joal Teitelbaum Brasil Ltda. (2003), Belgo Siderurgia (2004), Petrobrás (2007), Promon AS (2007), Suzano Papel e Celulose S.A. (2008), Volvo do Brasil (2009), Companhia Piratininga de Força e Luz (2009), AES Sul Distribuidora Gaúcha de Energia SA (2010), Companhia Paulista de Força e Luz (2011), Eletropaulo Metropolitana Eletricidade de São Paulo (2012). Encontra-se hoje na agenda anual de eventos da qualidade no Brasil, o Congresso Brasileiro da Qualidade e Produtividade, e o Congresso Nacional de Círculos de Controle da Qualidade, além de outros regionais. 1.2 A QUALIDADE NA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA 1.2.1 As Boas Práticas de Fabricação (BPF) As Boas Práticas são os requerimentos mínimos exigidos em países que possuem Agências Reguladoras (como no Brasil a ANVISA), para a autorização e licenciamento da fabricação, e comercialização de insumos e produtos farmacêuticos. Descrevem os requerimentos que devem ser seguidos por um fabricante, a fim de assegurar que os produtos possuam a qualidade requerida e não representem risco ao consumidor ou à coletividade. Estas regulações são guias para a fabricação, teste, e garantia da qualidade do produto quanto à sua segurança e eficácia. As Boas Práticas de Fabricação são normalmente espelhadas nos guias da Organização Mundial da Saúde (OMS). Estabelecem as diretrizes para um Sistema da Qualidade na produção farmacêutica, tratando da Higiene, Controle Ambiental, 27 Definição e Controle dos Processos, Sistema de Documentação, Sistema de Registro, Treinamento dos Operadores, Controle de Equipamentos, Controle de Desvios e Investigações e Sistema de Recolhimento a serem seguidos (WHO,2014). 1.2.2 A história das Boas Práticas de Fabricação (BPF) O surgimento das BPF está ligado às reações e respostas dos legisladores à ocorrência de eventos adversos, no início do século vinte, marcadamente nos Estados Unidos (IMMEL, 2000; FDA, 2014a). 1902 - 12 crianças morrem devido à administração de antitoxina da difteria, contaminada com o bacilo vivo do Tétano. Ocorre a emissão do Biological Control Act pelo Congresso Americano, que torna obrigatória a inspeção de fabricantes e distribuidores de produtos biológicos, assim como também exige testes para provar sua pureza e eficácia (FDA, 2014a). 1905 - denúncias sobre graves problemas sanitários ligados à produção de carne, em Michigan nos Estados Unidos, aliado a prévias denúncias sobre a comercialização de xaropes contendo ingredientes como álcool, ópio e morfina, que levam à dependência química (FDA, 2014a). 1906 - ocorre a emissão do Pure Food and Drug Act do Congresso Americano, que regula pela primeira vez a rotulagem de produtos, tornando ilegal a venda de produtos adulterados ou falsificados (IMMEL, 2000). 1930 - a Divisão de Química do Departamento da Agricultura criada em 1862, órgão governamental dos Estados Unidos da América responsável pelo controle dosalimentos (tanto humano como animal), suplementos alimentares, medicamentos (humano e animal), cosméticos, equipamentos médicos, materiais biológicos e produtos derivados do sangue humano recebe a nova denominação de FDA (Food and Drug Administration). 1933 - FDA exibe uma série de produtos, exposição essa denominada de “Câmara dos Horrores Americana”. Esta exposição consistia na reunião de dispositivos médicos (como os utilizados como contraceptivos), medicamentos que poderiam levar à morte, cremes que poderiam levar à intoxicação por mercúrio, evidenciando o pouco alcance do Ato de 1906 (FDA, 2014a). 1937 - 107 pessoas, na maioria crianças, morrem ao ingerir um elixir oral de sulfanilamida contendo um solvente tóxico, o dietilenoglicol (FDA, 2014a). 28 1938 - o Congresso Americano responde com o Federal Food, Drug and Cosmetic (FD&C) Act, e pela primeira vez as companhias são obrigadas a provar a segurança de seus produtos antes de sua comercialização (IMMEL, 2000). 1941 - 300 pessoas morreram ou sofreram alguma injúria ligada ao consumo de comprimidos de sulfatiazol contendo fenobarbital. Isto levou o FDA a revisar drasticamente os requerimentos de fabricação e de controle de qualidade, levando ao que seria chamado no futuro de Boas Práticas de Fabricação (FDA, 2014a). 1944 - emitido o Public Health Services Act que cobria um amplo espectro de demandas, incluindo regulação de produtos biológicos e de doenças notificáveis (IMMEL, 2000). 1955 - 60 indivíduos e 89 membros de suas famílias, desenvolveram a poliomielite, após uma fabricante ter falhado na inativação do vírus da vacina desenvolvida por Jonas Salk (IMMEL, 2000). 1960 - 10.000 bebês nascem na Europa, com deformidades nos braços e pernas, em função da ingestão por suas mães de Talidomida, medicamento utilizado para o mal-estar causado pela gravidez. Desta vez, a droga não havia sido aprovada para uso nos Estados Unidos. Este evento levou a sucessivos progressos nas normas de BPF nos Estados Unidos, como a exigência da comprovação da segurança e da eficácia do medicamento para o uso a que se destina, antes de sua comercialização. Ocorreu também a regulamentação dos ensaios clínicos, regulamentação da necessidade de autorização para utilização de um medicamento para fins de investigação, regulamentação da responsabilidade dos fabricantes em reportar eventos adversos e outras regulações afins (FDA, 2014a). Os anos 70 e as décadas subsequentes, seguem também marcados por um grande progresso na regulação dos produtos para a saúde. 1978 - as regras de BPF: como fabricar, processar, embalar e estocar medicamentos e dispositivos médicos são inseridas na regulação dos Estados Unidos - 21 CFR (Code of Federal Regulations) Part 210 , 211 e 820, 1978 (IMMEL, 2000). 1979 - são inseridas na legislação dos Estados, as regras de Boas Práticas de Laboratório (BPL) que estabelecem as boas práticas para a condução de estudos laboratoriais não clínicos, que subsidiam os requerimentos para as pesquisas ou permissões de comercialização de drogas para uso humano ou animal, dispositivos médicos para uso humano e produtos biológicos - 21 CFR 58, 1979. (IMMEL, 2000). 29 1982 - 7 pessoas, incluindo uma menina de 12 anos morrem em consequência da ingestão nos Estados Unidos de cápsulas de Paracetamol ou Acetaminophen (nome comercial - Tylenol) contaminadas com cianeto. A Johnson&Johnson, empresa fabricante do medicamento na época, recolheu 31 milhões de frascos, e a investigação apontou para uma adulteração criminosa. No entanto, até hoje, este evento não foi esclarecido e ninguém foi responsabilizado ou respondeu por ele (IMMEL, 2000; FDA, 2014a). O FDA, como resposta, emitiu regulações sobre embalagem de medicamentos, fazendo com que os fabricantes garantissem embalagens que evidenciassem qualquer tipo de adulteração, assim como tornando crime, a adulteração de produtos de consumo (IMMEL, 2000). Na década de 80, ocorreu a publicação de importantes guias de regulação e qualidade pelo FDA. Em 1987 é emitido o Guideline on General Principles of Process Validation, chamando à atenção para o pensamento atual, e expectativas para a validação dos processos de fabricação de medicamentos e dispositivos médicos (IMMEL, 2000). Nos anos 90, importantes revisões dos guias de Boas Práticas foram emitidas pelo FDA, como forma de atualizar as BPF em relação aos novos cenários, adicionando pontos importantes relacionados à prevenção de contaminações cruzadas e à utilização de registros eletrônicos - Electronic Records Final Rule, que estabelece a necessidade do controle, segurança e integridade dos dados eletrônicos, num mundo crescentemente informatizado (IMMEL, 2000). Hoje, nos Estados Unidos, as Boas Práticas de Fabricação continuam a ser gerenciadas pelo FDA, e utilizam a frase “Current Good Manufacturing Practices” (cGMP) para descrever o seu guia. Em mais de 100 países, principalmente aqueles em desenvolvimento, o que se utiliza é a versão das BPF da Organização Mundial de Saúde (OMS). As normas de BPF da União Européia – European Unions´s GMP (EU-GMP) aplicam também requerimentos similares aos da OMS. Há uma tendência à harmonização, como forma de simplificar as relações e o comércio internacional. 30 1.2.3 A harmonização internacional - o ICH A International Conference on Harmonisation of Technical Requirements for Registration of Pharmaceuticals for Human Use (ICH) é um consórcio formado em 1990, no qual participam autoridades regulatórias da Europa, Estados Unidos e Japão. Emite guias relacionados à qualidade, segurança e eficácia de ingredientes farmacêuticos e medicamentos, sendo estes guias adotados como práticas industriais e comerciais pelos países signatários, e por outros como Austrália, Canadá e Singapura (FDA, 2014b; ICH Q10, 2008; ICH Q8(R2), 2009). O objetivo do ICH é harmonizar aspectos técnicos do desenvolvimento e registro, contribuindo para o registro de medicamentos seguros, eficazes e de qualidade, da forma mais eficiente possível. Inúmeros são os guias emitidos por este organismo, sendo que na primeira década do século XXI, foram emitidos importantes documentos relacionados à qualidade, dentre os quais se destacam o guia Q9 de Gerenciamento de Riscos de Qualidade (ICH Quality Risk Management, 2006), o guia Q10 Sistema da Qualidade (Pharmaceutical Quality System, 2008) e o Q8(R2) de Desenvolvimento Farmacêutico (ICH Pharmaceutical Development, 2009) (FDA, 2014b; ICH, 2008; ICH, 2009). O guia Q10 define uma harmonização e integração entre as BPF e a ISO 9001:2008, encorajando o uso do gerenciamento de riscos em cada estágio do ciclo de vida dos produtos, promovendo o ciclo de melhoria contínua (POLI et al, 2012). 1.3 NORMA ISO 9001:2008 - SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE- REQUISITOS A ISO 9001:2008 é uma norma de qualidade certificável, que especifica os requisitos para o estabelecimento de um Sistema de Gestão da Qualidade, tornando-os passíveis de auditoria. A Gestão da Qualidade é definida como um conjunto de ações coordenadas, que subsidia o gerenciamento das organizações, objetivando a satisfação de todos os atores envolvidos nos processos de produção ou prestação de serviços e principalmente, do cliente externo (DOUGLAS; COLEMAN; ODDY, 2003; FRANCESCHINI; GALLETO; CECCONI, 2006). 31 1.3.1 Histórico de seu surgimento O início da padronização internacional iniciou-se pela área eletrotécnica, com a constituição em 1922 da International Electrotechnical Commission (IEC). Em 1926, foi criada a primeira entidade para padronização internacional, a “International Federation of the National Standardizing Associations” (ISA) que cessou suas atividades em 1942 durante a Segunda Guerra Mundial. Com o final da segunda grande guerra, ocorre em 1946 a retomada da coordenaçãointernacional para a unificação dos padrões industriais. A nova organização, a Organização Internacional para Padronização (ISO - International Organization for Standardization), iniciou oficialmente as suas operações em fevereiro de 1947, com sede em Genebra na Suíça (ISO, 2014a). Com o advento da globalização, aumentaram as necessidades de normas internacionais, marcadamente a partir da criação da União Europeia na década de 90. A série de normas ISO 9000, publicadas pela primeira vez em 1987, foi baseada na norma britânica BS 5750 da série de normas da BSI - British Standard Internacional. O BSI é um grupo britânico, inicialmente fundado como Comitê de Padrões de Engenharia em Londres, em 1901, aumentando seu campo de atuação ao longo dos anos, adotando em 1931 a denominação de British Standard Institute após receber o Royal Charter (chancela real) em 1929 (BSI, 2014). A organização ISO, promove a emissão de normas padronizadas para operações e relações comerciais, industriais e de propriedade, e é responsável pela emissão das normas da série ISO 9000. Estas normas são disponibilizadas através dos órgãos normatizadores de cada país. No Brasil, a organização responsável pela emissão das respectivas normas em português, é a Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT. As versões em português da série ISO 9000, fornecidas pela ABNT, recebem a codificação ABNT NBR ISO (ABNT, 2014). A série ISO 9000 esteve composta até setembro de 2015 por 4 normas, nas versões apresentadas no Quadro 4 (ABNT, 2005a). 32 Quadro 4 - Normas da série ISO 9000 x normas ABNT NBR ISO NORMAS ISO NORMAS ABNT NBR ISO ISO 9000:2005 - Quality management systems. Fundamentals and Vocabulary ABNT NBR ISO 9000:2005 - Sistemas de Gestão da Qualidade - Fundamentos e Vocabulário ISO 9001:2008 - Quality management systems - Requirements ABNT NBR ISO 9001:2008 - Sistemas de Gestão da Qualidade - Requisitos ISO 9004:2009 - Managing for the sustained success of an organization - A quality management approach ABNT NBR ISO 9004:2010 - Gestão para o sucesso sustentado de uma organização - Uma abordagem da gestão da qualidade ISO 19011:2011 - Guidelines for Auditing management systems ABNT NBR ISO 19011:2012 – Diretrizes para auditoria de sistemas de gestão Fonte: a autora. Estas normas definem como estabelecer e manter um efetivo Sistema da Qualidade para operações de produção e prestação de serviços, com foco em eficácia e satisfação do cliente. De todos os regimentos existentes para o Gerenciamento da Qualidade, a família ISO é provavelmente a mais utilizada em todo o mundo (COUGHHERTY, 2012). Em setembro de 2015 houve a publicação de novas versões das ISO 9000 e ISO 9001. As certificações com base na ISO 9001: 2008, possuem validade de 3 anos, até 2018, sendo recomendado o planejamento para o processo de transição (IAF, 2015). 1.3.2 Princípios do SGQ – ISO 9000 A norma ISO 9000:2005 Sistemas de gestão da qualidade - Fundamentos e vocabulário, define qualidade como “o grau no qual um conjunto de características inerentes satisfaz a requisitos”, que seriam as necessidades e expectativas dos clientes. Esta norma descreve os fundamentos do Sistema de Gerenciamento da Qualidade, e estabelece 8 princípios de gerenciamento sobre os quais versam as demais normas. Os mesmos encontram-se descritos no Quadro 5. 33 Quadro 5 - Princípios do Sistema ISO 9000 (segundo norma ISO 9000:2005) PRINCÍPIOS DO SISTEMA DA QUALIDADE – SÉRIE ISO 9000 Foco no cliente Ênfase na importância do entendimento e atendimento dos requisitos do cliente, buscando exceder as suas expectativas Liderança Líderes estabelecem unidade de propósito e o rumo da organização Envolvimento de pessoas Pessoas de todos os níveis são a essência de uma organização Abordagem de processo As atividades e os recursos relacionados, necessários para a realização do produto são gerenciados como um processo. Visão Sistêmica para a Gestão Trata da interrelação entre os diversos processos Melhoria Contínua Melhoria contínua do desempenho global da organização deve ser seu objetivo permanente Abordagem factual para tomada de decisão Decisões eficazes são baseadas na análise de dados e informações Benefícios mútuos nas relações com os fornecedores Uma relação de benefícios mútuos aumenta a habilidade de ambos em agregar valor. Fonte: ABNT, 2005a. A ISO 9001:2008 descreve os requerimentos que a organização deve preencher para o estabelecimento de um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ). Das normas da família ISO 9000, é a única norma passível de certificação. A sua função é a de promover a normatização de produtos e serviços, para que a qualidade dos mesmos seja permanentemente atendida. Sua implementação baseia-se na declaração de uma Política da Qualidade, definição de Objetivos da Qualidade e Objetivos Específicos, Processos de Melhoria Contínua através de Medições e Monitoramentos em diversos momentos dos Processos, além da avaliação da Satisfação dos Clientes. Utiliza-se da Abordagem de Processo e enfatiza a importância do entendimento e atendimento aos requisitos do cliente. Considera os processos em termos de valor agregado, e demanda a implementação de medições objetivas em relação ao desempenho e eficácia dos mesmos, que irão alimentar o processo de Melhoria Contínua (ABNT, 2008). A gestão da qualidade baseada na ISO 9001:2008, utiliza-se do princípio da Visão Sistêmica, viabilizada pela Abordagem de Processos. A visão sistêmica propicia a avaliação e o controle contínuo dos processos individuais e de suas interfaces, com foco na eficácia da organização em atender aos requisitos do cliente. A norma especifica que a organização deve emitir no mínimo os seguintes 34 procedimentos documentados a saber: Controle de Documentos, Controle de Registros, Ações Corretivas, Ações Preventivas, Auditorias Internas e Controle de Não Conformidades. Adicionalmente a estes documentos, a norma recomenda a emissão de qualquer outro procedimento que seja necessário para suas operações. Precisa emitir por escrito e comunicar uma Política da Qualidade, ter um Manual da Qualidade e manter inúmeros Registros, mencionados ao longo do corpo da norma (ABNT, 2008). 1.3.3 A Abordagem de Processo e Visão Sistêmica para a gestão Processo é um agrupamento de atividades integradas, que utilizam recursos para transformar “entradas” em “saídas”, mediante a utilização de recursos. Os processos em uma organização estão normalmente interconectados, uma vez que a saída de um processo frequentemente é a entrada de outro. Um SGQ é um grupamento de processos, que por sua vez são compostos por pessoas, atividades, registros, recursos, regras, regulações, relatórios, materiais, ferramentas, equipamentos, ou seja, por tudo o necessário para regular, controlar e melhorar a qualidade do produto e serviços (TRICKER, 2010). De acordo com a ISO 9001:2008, a Abordagem de Processo requer : a identificação dos processos; a ordem das etapas na qual eles são executados (fluxo dos processos); garantir que os recursos necessários são disponibilizados; estabelecimento de modelos para sua operação e controle. Conforme definido na ISO 9000:2005, a Abordagem de Processo é uma forma de gerenciamento das organizações, em que os processos (entrada de recursos e saída de produtos) são identificados, sua interdependência estabelecida, e realizada a sua gestão sistemática, para garantir sua eficácia e eficiência. A abordagem de processos dá aos gestores a visão sistêmica, que é a possibilidade de avaliar todas as relações existentes entre os diversos processos, permitindo a melhor tomada de decisão e distribuição de recursos, além do seu monitoramento e a melhoria contínua, a fim de garantir o atendimento consistente aos requisitos docliente, e ao aumento da satisfação. Na Figura 1, estão ilustradas as interligações dos processos do SGQ, apresentados ao longo da ISO 9001:2008, nos itens 4 a 8, com suas interfaces, 35 chamando à atenção para a relevância dos requisitos dos clientes como informações de “entrada”. Figura 1 - Modelo de um sistema de gestão da qualidade baseado em processo Fonte: ISO 9001, 2008 1.3.4 Planejamento da Qualidade e Plano da Qualidade O Planejamento da Qualidade é a atividade de gestão, focada no estabelecimento dos objetivos da qualidade, e que especifica os recursos e processos operacionais necessários para atender a estes objetivos. Como produto desta atividade, é gerado o Plano da Qualidade, que são os documentos que especificam os procedimentos e recursos, a serem utilizados pelos colaboradores. Serve como diretriz para todos na organização, e visa garantir consistentemente a eficácia no atendimento aos requisitos do cliente (ABNT, 2005). 36 1.3.5 Mapeamento dos processos A atividade inicial para o mapeamento dos processos, consiste no desenho dos fluxos dos processos do Sistema de Gestão da Qualidade, composto por suas etapas. Para tal, podem ser utilizados programas como o VISIO© ou o BIZAGE©. Há diferentes símbolos para início e fim do processo, para atividades, documentos, etapas de decisão e flechas que ligam as etapas do processo (AGHATHA, 2015). Na Figura 2, encontra-se um exemplo da simbologia utilizada para o desenho do fluxo dos processos. Figura 2 - Exemplo de Simbologia utilizada para o desenho de processos Fonte: AGHATHA, 2015. O estabelecimento do fluxo de um processo, leva ao estudo de suas etapas, começando pela etapa de iniciação, e finalizando na conclusão, com as entradas e saídas em cada uma delas. Neste momento, é possível visualizar redundâncias e incoerências no fluxo dos processos, propiciando a sua otimização. Para estruturar e organizar os processos, e determinar informações chave como informações de entrada, saídas, recursos, métodos a serem estabelecidos, e responsabilidades, pode-se utilizar a metodologia do Diagrama da Tartaruga. O http://www.aghatha.com/index.htm 37 Diagrama da Tartaruga, ou Turtle Diagram, é uma modalidade da ferramenta administrativa de planejamento 5W2H. É uma forma diagramada de registrar as informações pertinentes a cada etapa do processo, e dá a base para o estabelecimento de indicadores, visando garantir a eficácia na obtenção do produto final (TOTAL QUALIDADE, 2015). Um modelo do Diagrama da Tartaruga está representado na Figura 3. Figura 3 - Diagrama da Tartaruga Fonte: TOTAL QUALIDADE, 2015. 1.3.6 Objetivos, indicadores e metas 1.3.6.1 Objetivos Os Objetivos da Qualidade são uma forma de traduzir a Política e a Estratégia, em atividades mensuráveis. São estratificados da Política da Qualidade da organização e devem traduzir como deveremos acompanhar a evolução de um determinado processo, produto ou negócio. Todos os objetivos devem ser medidos e quantificados através de indicadores (ABCQ, 2015; FÁBREGAS-FERNÁNDES et al, 2015). http://1.bp.blogspot.com/-p48cvRrj7zk/TXJrLkqeDpI/AAAAAAAAAq8/A9wNeoDPoWg/s1600/diagrama+da+tartaruga.bmp 38 1.3.6.2 Indicadores Os indicadores de desempenho representam de forma quantitativa, dentro de uma organização, a evolução e o desempenho dos seus negócios, qualidade dos produtos e serviços, participação e motivação de seus colaboradores. São estabelecidos, a fim de oferecer subsídios para a avaliação do desempenho de cada etapa do processo e do produto final do processo. Os indicadores devem representar um alinhamento entre as ações dos colaboradores e o planejamento estratégico organizacional. Há a necessidade de que os mesmos estejam claramente relacionados aos resultados esperados, serem mensuráveis e ligados aos objetivos estabelecidos. Em última análise, dizemos que um indicador mede um objetivo. Periodicamente devem ser realizadas avaliações críticas, a fim de verificar a necessidade de revisão dos indicadores (ABNT, 2010; FÁBREGAS-FERNÁNDES et al, 2015). No estabelecimento dos indicadores, é necessário levar em conta as necessidades e expectativas dos clientes, e de outras partes interessadas; a importância dos produtos, a importância dos processos, sua eficácia e eficiência, a utilização eficaz e eficiente dos recursos, lucratividade e o desempenho financeiro, requisitos estatutários e requisitos regulamentares quando aplicável (ABNT, 2010). Os indicadores de desempenho devem ser devidamente desdobrados nas funções e níveis pertinentes da organização, para suportar a realização dos objetivos de nível superior. Devem ser quantificáveis, a fim de que permitam à organização, estabelecer objetivos mensuráveis, identificar, monitorar e prever tendências, e tomar ações corretivas, preventivas e de melhoria (ABNT, 2010). Devem ser representados pelo seu modelo matemático, periodicidade e método de coleta, e estar declarado, a que objetivo está relacionado (ABCQ, 2015). 1.3.6.3 Metas As metas são os índices arbitrados para os indicadores, que devem ser alcançados pelos colaboradores dentro de um determinado período de tempo. Elas são compostas por três componentes: atividade a ser desempenhada, os valores de desempenho a serem atingidos e o prazo para o atingimento de tal nível de desempenho. Os objetivos e metas de um laboratório (objetivos executivos) devem 39 estar correlacionados aos objetivos estratégicos da organização (gerenciais) a que pertencem: objetivos ligados à regulamentação, à satisfação do cliente e aos objetivos financeiros. Cada objetivo possui pelo menos 1 (um) indicador que por sua vez é acompanhado de uma meta (ABCQ, 2015; FÁBREGAS-FERNÁNDES et al, 2015). O alcance das metas fornece a informação de sucesso ou fracasso na avaliação de um determinado processo, produto ou negócio (ABNT, 2010).No estabelecimento das metas devem ser levadas em conta as necessidades atuais e futuras da organização, as observações pertinentes às análises críticas pela direção, o desempenho atual dos produtos e processos, os níveis de satisfação de partes interessadas, os resultados de autoavaliações, as comparações com as melhores práticas e oportunidades de melhoria, e os recursos necessários para atingir os objetivos (ABNT, 2010). 1.3.7 Tratamento de não conformidades e melhoria contínua Uma não conformidade, é o não atendimento a um requisito (ABNT, 2005a). Para a caracterização da não conformidade há a necessidade de 3 (três) componentes: a descrição da falha, a evidência da falha e o requisito afetado. A investigação da causa raiz e a adoção de medidas corretivas são atividades chave de um sistema de gestão da qualidade, e base para o processo de melhoria contínua. No processo de investigação, para se chegar à causa raiz, uma técnica que pode ser utilizada é a técnica dos “5 Porquês”. A técnica dos “5 Porquês” consiste em perguntas sucessivas, iniciando-se com o sintoma inicial, até assegurar que a causa da não conformidade foi identificada (ISIXSIGMA, 2015). O objetivo é chegar- se à causa das causas. Por vezes, pode-se parar em níveis anteriores ao nível 5, assumindo-se no entanto, que o quê resolve o problema está contido neste nível. Após a identificação da causa raiz, passa-se à etapa do planejamento das ações para o tratamento da não-conformidade (ISIXSIGMA, 2015). 40 1.3.8 O ciclo PDCA - ferramenta para a melhoria contínua A sistemática da melhoria contínua, se caracteriza por um grupo de atividades recorrentes, que visam incrementar a capacidade ao atendimento dos requisitos, e com isto, ampliar a probabilidade do aumento da satisfação do cliente (ABNT, 2005). A Norma ISO 9001:2008 estabelece, que um Sistema de Gestão da Qualidade deveser estruturado na forma sistêmica de um PDCA - Planejar (Plan), Fazer ou Realizar (Do), Verificar (Check), Agir ou Atuar (Act), ou seja, estabelecendo um ciclo para a manutenção da melhoria contínua. Além de ferramenta para a melhoria contínua, o ciclo PDCA se constitui em uma ferramenta gerencial de tomada de decisão, para garantir o alcance das metas necessárias ao êxito da empresa, sequenciando a busca de soluções para os problemas (MAEKAWA, 2013). O PDCA preconiza, que antes de qualquer ação para resolução do problema, ocorra o planejamento. O planejamento consiste na etapa de avaliação do problema, estudo da causa raiz e plano de ação. O segundo passo do ciclo PDCA seria realizar ou fazer, onde a ação de realização deve seguir conforme o planejado na etapa anterior. O próximo passo é a ação de verificar se o que foi feito, seguiu o planejado. O último passo seria, a avaliação da eficácia da ação, e a correção em relação ao que não deu certo, que seria a etapa de agir ou atuar (PORTAL ADMINISTRAÇAO, 2015). Na Figura 4 encontra-se representado um diagrama do Ciclo PDCA. 41 Figura 4 - Diagrama do Ciclo PDCA Fonte: Campos, 1992. Uma abordagem pragmática e didática do ciclo PDCA encontra-se descrita no Quadro 6. Quadro 6 - Etapas do ciclo PDCA Fonte: Almeida, 2012. PDCA FLUXO ETAPA OBJETIVO P 1 Identificação do problema Definir claramente o problema/processo e reconhecer sua importância 2 Observação Investigar as características específicas do problema/processo com uma visão ampla e sob vários pontos de vista 3 Análise Descobrir a causa fundamental 4 Plano de ação Conceber um plano para bloquear a causa fundamental D 5 Execução Bloquear a causa fundamental C 6 Verificação Verificar se o bloqueio foi efetivo. A 7 Padronização Prevenir contra o reaparecimento do problema. 8 Conclusão Recapitular todo o método de solução do problema para trabalhos futuros 42 1.3.9 Planejamento e acompanhamento das ações de melhoria Para a atividade de planejamento e acompanhamento das ações de melhoria, faz-se uso de ferramentas da qualidade como o 5W2H. O 5W2H é uma ferramenta que aborda de forma detalhada as principais questões que envolvem o trabalho, tornando claro para os colaboradores o que tem de ser feito e as respectivas responsabilidades. O nome desta ferramenta foi assim estabelecido por juntar as primeiras letras dos nomes em inglês, das diretrizes utilizadas neste processo conforme segue (SOBRE ADMIISTRAÇÃO, 2015): What - O quê tem de ser feito ? (a ação, em si) Why - Por quê tem de ser feito ? (o objetivo) Who - Quem fará? (os responsáveis) Where - Onde será feito? (a localização) When - Quando será feito? (tempo ou condição) How - Como será feito? (modo, meios, método) How much - Quanto? (custo, duração, intensidade, profundidade, nível de detalhamento, etc.). As ações a serem implementadas, devem ser relativas às causas das lacunas encontradas entre as normas, e não aos seus efeitos. Um exemplo de Planilha 5W2H está indicado na Figura 5. 43 Figura 5 - Exemplo de Plano de Ação com a utilização da ferramenta 5W2H Fonte: IMAGENS FERRAMENTA 5W2H, 2015. 44 1.3.10 O Processo de Auditoria Uma ferramenta da qualidade, indicada pela ISO 9001:2008, usada para a avaliação da conformidade, é a Auditoria Interna. Auditoria é um processo de verificação, realizado por amostragem, baseado em fatos e constatações, para avaliar a eficácia do sistema de gestão da qualidade e identificar oportunidades de melhoria. Tem como produto final um plano de ação, que visa à correção dos desvios encontrados em relação aos requisitos das normas. A auditoria deve ser realizada segundo um plano, com a descrição do escopo e das atividades a serem executadas durante a mesma. A auditoria interna, também é denominada de auditoria de primeira parte, e é realizada por pessoas pertencentes à própria organização. As auditorias externas por sua vez, constituem-se em auditorias de segunda parte, quando realizadas por clientes e partes interessadas, e de terceira parte, quando realizadas por organismos certificadores e acreditadores (ABNT, 2012). 1.3.11 Autoavaliação e Matriz de Maturidade Autoavaliação é uma ferramenta de avaliação, que consiste na análise crítica abrangente e sistemática, de atividades e resultados, referenciados a uma norma escolhida, com base em evidências e percepções dos colaboradores. Possui foco no negócio, sendo mais global que o processo de auditoria (ABNT, 2010). Após períodos determinados da implantação e implementação das normas, um documento denominado de Matriz de Maturidade é gerado, onde a situação atual de implementação das normas é aferida. Objetiva a identificação do nível de maturidade de cada um dos processos individuais da organização, e as áreas de melhoria ou inovação. A Autoavaliação e a Matriz de Maturidade, além de ferramentas valiosas para a análise crítica pela alta direção, são instrumentos de aprendizagem, e ao proporcionar uma melhor visão da organização, promovem o envolvimento das partes interessadas (ABNT, 2010). 45 1.3.12 Sistemática de Certificação da ISO 9001:2008 A organização ISO não realiza o processo de certificação. A certificação é feita por um organismo externo, credenciado para tal. Assim, apesar de constar no certificado o símbolo da ISO, não é a ISO enquanto organização, a responsável por sua emissão. Possui no entanto, um Comitê de Avaliação de Conformidade (CASCO – Commitee on Conformity Assessment) responsável pelos padrões relacionados ao processo de certificação, devendo os organismos certificadores realizarem suas atividades de acordo com o preconizado nestas normas. Por definição, certificação é a emissão por escrito de um certificado, por um organismo independente, que assegura que o produto, serviço ou sistema em questão, atende a requerimentos específicos (ISO, 2014a). O processo de certificação se divide em duas etapas: implantação e implementação. Na primeira etapa de certificação são checados os documentos do sistema de gestão, como procedimentos e instruções de trabalho. Esta fase não se estende aos setores e departamentos da empresa. É importante ressaltar, que já nesta fase deve ocorrer a designação do Representante da Alta Direção, o RD. (IAF, 2014a; IAF, 2014b). Ele é o membro da organização, com responsabilidade e autoridade para assegurar que os processos necessários para o SGQ sejam estabelecidos, implantados e mantidos. Tem como uma de suas funções, relatar à direção o desempenho do sistema e qualquer necessidade de melhoria, assim como assegurar a promoção da conscientização sobre os requisitos do cliente em toda a organização (ISO 9001,2008). Na data marcada para a auditoria final, a de implementação, as pessoas responsáveis pelos processos são entrevistadas pelo auditor, em busca da conformidade do funcionamento do sistema com a norma ISO 9001:2008. Assim, para que o órgão certificador emita ou renove o certificado, o auditor deve estar satisfeito em relação ao atendimento da empresa aos requerimentos relacionados aos itens 4 a 8 da norma. Estando estes requisitos consistentes, o auditor recomendará a certificação da empresa na norma de referência. As seções 1 a 3 da norma ISO 9001:2008, não estão diretamente ligadas ao escopo da auditoria, mas fornecem contexto e definições que devem ser levados em conta. As organizações normalmente desejam se certificar na ISO 9001:2008, com o objetivo de melhorar a 46 sua eficiência e eficácia nas operações da empresa, apesar de não ser um requerimento obrigatório exigido por nenhuma autoridade (IAF, 2014a; IAF, 2014b). Para a familiarização com os termos utilizados pelas normas da família ISO 9000, é adequada a leitura da norma ISO 9000:2005, onde há a definição de termos
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