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Aspectos da prevenção do Câncer e Diagnósticos 1 Professora Adriana Marques da Silva Aspectos da prevenção do Câncer e Diagnósticos Aspectos da prevenção do Câncer e Diagnósticos 2 Aspectos da prevenção do Câncer e Diagnósticos 3 SUMÁRIO Diagnóstico e Estadiamento 5 Tipos de Tumor 5 Processos de Alterações do Crescimento Celular 6 Hiperplasia 6 Hipertrofia 6 Atrofia 6 Metaplasia 7 Displasia 7 Anaplasia 8 Neoplasia 8 Classificação das Neoplasias 10 Grau 11 Diagnóstico 12 História e Exame Físico 12 Exames Laboratoriais 12 Aspiração da Medula Óssea 13 Marcadores Tumorais 13 Exames de Imagem, Medicina Nuclear, Ultrassonografia e Endoscópicos 16 Radiologia Convencional 16 Tomografia Computadorizada 18 Ressonância Nuclear Magnética 19 Ultrassonografia 20 Medicina Nuclear 21 Exames Endoscópicos 23 Biópsia 23 Implicações para o Enfermeiro 24 Estadiamento 24 Estadiamento clínico 27 Estadiamento cirúrgico 28 Estadiamento patológico 28 Referências 28 Aspectos da prevenção do Câncer e Diagnósticos 4 Aspectos da prevenção do Câncer e Diagnósticos 5 Diagnóstico e Estadiamento O diagnóstico é a identificação da neoplasia em um indivíduo com sintomas. Além da confirmação da neoplasia, envolve a confirmação do tipo de tecido. É fundamental para a determinação do tratamento, e posteriormente, deve ser realizado o estadiamento, que é a verificação da extensão da doença. A sequência do diagnóstico e estadiamento é apresentada na Figura 1 a seguir. A escolha do tratamento depende do tipo de tecido do tumor, da sua agressividade celular, da extensão da doença (estadiamento), e das condições clínicas do paciente. Figura 1 – Sequência da investigação de diagnóstico e estadiamento. A partir dos sinais e sintomas, a neoplasia é diagnosticada, ocorre a confirmação do tumor pela biópsia, depois ocorre o estadiamento (que determina a extensão da doença), e partir daí se determina o tratamento a ser realizado. O diagnóstico é um processo que deve considerar os sinais e sintomas que o paciente apresenta; o estado clínico do paciente e sua capacidade em tolerar procedimentos invasivos, pois isto determina a escolha dos exames a serem solicitados; o objetivo do tratamento; as características biológicas da neoplasia; e a disponibilidade de equipamentos. Todas estas situações irão determinar a escolha do médico em relação a que exame deverá ser solicitado, e como a investigação será conduzida. Antes de apresentarmos a investigação diagnóstica, apresentaremos as características anatomo-patológicas. Tipos de Tumor A escolha do tipo de tratamento a ser realizado depende do tipo de tumor que o paciente possui. Assim, a determi- nação do tipo histológico e das características anatomo-patológicas (ou seja, das características do tecido tumoral, e das características da célula e de sua agressividade), irão auxiliar o médico na escolha do tratamento. Isto é realizado durante o processo de diagnóstico através da realização da biópsia. O processo de biópsia será discutido no capítulo de diagnóstico, mas agora iremos apresentar algumas definições sobre os tipos de tumor e suas classificações para que seja possível compreender o processo de diagnóstico. Aspectos da prevenção do Câncer e Diagnósticos 6 fonte: http://farm8.staticflickr.com/7171/6641170765_e44cd95d77.jpg O câncer é um processo no qual ocorre um desiquilíbrio na proliferação celular. Porém, também há vários processos biológicos que possuem como base a proliferação celular, e o patologista deve identificar estes processos para não cometer erros de diagnóstico. Processos de Alterações do Crescimento Celular Hiperplasia Processos regenerativos e hiperplásicos podem simular neoplasias. A hiperplasia é o aumento no número de células de um tecido ou órgão, cujas células guardam a capacidade de se dividirem frente a um estímulo que é definido. A principal diferença entre a hiperplasia e a neoplasia está no controle da proliferação celular, porque na hiperpla- sia há um estímulo, que é definido. Se o estímulo é retira- do, a proliferação celular é interrompida, e a divisão celular volta ao normal. Na hiperplasia, as células não tem defeitos no conteúdo genético que são transmitidos às células das gerações se- guintes. A hiperplasia pode ser fisiológica, como a que ocorre no desenvolvimento puberal da mama ou no endométrio durante a gravidez; ou patológica como a que ocorre na próstata, chamada de hiperplasia prostática benigna. As hiperplasias denominadas hiperplasias atípicas são alterações que devem chamar atenção, pois são alterações próximas a neoplasia. Hipertrofia É o aumento do tamanho celular que leva a uma au- mento do volume do órgão. Na hipertrofia ocorre a síntese de elementos estruturais nas células. Geralmente é acompanhada de hiperplasia, e também pode ser fisiológica (como a gravidez), ou patológica (a hipertrofia consequência da insuficiência cardíaca conges- tiva). Figura 2 – Diferença entre Hipertrofia – aumento no tamanho das células - , e Hiperplasia – aumento no número das células. (fontes: http://minasbodybuilding.blogspot.com.br/2013/01/hipertrofia- vs-hiperplasia.html) Atrofia É a diminuição do tamanho da célula pela perda de elementos intracelulares levando a redução do tamanho de um órgão. Pode ser fisiológica, como a involução de estruturas embrionárias, por exemplo o timo; ou patoló- Aspectos da prevenção do Câncer e Diagnósticos 7 gica, com múltiplas causas, como perda de inervação, compressão. Na atrofia ocorre a redução das funções, mas não representa a morte celular. Metaplasia É uma alteração reversível na qual um tipo de tecido é substituído por outro tecido. É uma alteração adaptativa, que ocorre uma reprogramação de célula-tronco, frente a agressão, por exemplo à carcinógenos. Como exemplos, temos substituição do epitélio colunar em epitélio malphigiano, que é mais resistente. Isto ocorre no trato respiratório, frente a agressão aos carcinógenos do cigarro. Esta substituição também ocorre na região entre a endocérvice e ectocérvice no colo de útero (esta região é onde ocorre a maior parte dos tumores de colo de útero). O Esôfago de Barrett é uma metaplasia, onde o epitélio pluriestratificado é substituído por epitélio colunar. Figura 3 – Esquemas das fases de metaplasia escamosa do epitélio cilíndrico do cólo de útero/ A) epitélio cilíndrico normal; B) Hiperplasia de células subcilíndricas; C) Metaplasia escamosa imatura; D) Metaplasia escamosa madura. (Fonte: http://escuela.med.puc.cl/publ/patologiageneral/patol_089.html) Displasia A displasia é uma lesão pré-neoplásica. É uma resposta adaptativa reversível, que tem como característica a alteração do tamanho, forma, e organização dos elementos celulares de um tecido que é metaplásico ou hiperplásico. Aspectos da prevenção do Câncer e Diagnósticos 8 Tem como características o aumento da atividade mitótica (ou seja, há um aumento no número de mi- toses, o que significa que há um aumento na divisão celular); hipercromasia nuclear (o núcleo se torna muito corado, o que indica aumento na atividade celular); ple- omorfismo celular (as células apresentam formas dife- rentes); e alteração arquitetural (as células apresentam alterações na estrutura do citoplasma e da membrana celular). O diagnóstico é baseado na avaliação do arranjo da arquitetura das células e de quanto o tecido está de- senvolvido: maturação das células, índice proliferativo (mitoses) e atipias (alterações celulares). A displasia éo extremo da adaptação celular, é está associada com a proliferação celular exagerada. É graduada de acordo com o grau de alteração celular. Anaplasia Anaplasia significa “sem forma”. É uma mudança irreversível na qual as estruturas das células adultas regridem para as células primitivas. É na verdade uma das características do câncer. As células anaplásicas perdem a capacidade de serem especialistas (células normais são especialistas, pois exercem funções específicas no corpo). Neoplasia Neoplasia significa literalmente “novo crescimento”. As células neoplásicas são transformadas porque continuam a se dividir. As neoplasias apresentam autonomia em relação aos sinais externos do ambiente, e aumentam de tamanho de maneira independente do ambiente. No entanto, a sua autonomia não é completa. Algumas neoplasias necessitam de suporte endócrinos, e todas as neoplasias dependem do hospedeiro para os nutrientes, e para o suporte sanguíneo. Também é comum utilizar o termo tumor, que é sinônimo de neoplasia. As neoplasias são divididas entre benignas e malignas de acordo com o julgamento do patologista considerando as caraterísticas da célula. Um tumor é benigno quando as características microscópicas e também macroscópicas são consideradas inocentes, e o tratamento é realizado por cirurgia, apenas. Já os tumores malignos, chamados de cânceres, palavra derivada do Latim – caranguejo, porque eles aderem a qualquer parte de forma obstinada, de forma igual ao comportamento do caranguejo, além das terminações do animal, que se assemelham a estrutura da célula neoplásica. As neoplasias malignas são tumo- res que invadem e destroem estruturas adjacentes, e podem se espalhar para locais distantes (causando metástases), o que leva à morte. Acredita-se que as neoplasias apresentam passos, nos quais há uma progressão, desde o tecido normal até o câncer invasivo. A Figura 1 apresenta os passos das neoplasias. Em vermelho estão os eventos que ocorrem no desenvolvimento do câncer invasivo, e em preto os eventos que ocorrem para o desenvolvimento das metástases. Aspectos da prevenção do Câncer e Diagnósticos 9 Passos das Neoplasias Normal Metaplasia Displasia Carcinoma in situ Carcinoma invasivo Metástase Penetração dos vasos Sobrevivência na circulação Parada Saída dos vasos Crescimento e angiogênese Metástase clínica Figura 4 – Passos no desenvolvimento das neoplasias. Em vermelho estão eventos que ocorrem no desenvolvimento do câncer invasivo, e em preto os eventos que ocorrem no desenvolvimento das metástases. O carcinoma in situ, é um câncer que não invadiu a lâmina basal, que sustenta o tecido, e que, portanto, não tem chance de causar metástase. No entanto, tem alta capacidade de invasão local, e se não for removido, progride para o câncer invasivo. Figura 5 – Passos da progressão do câncer de colo de útero. Tecido normal, displasia leve, moderadas e graves. E câncer in situ. Observe que há uma progressiva desorganização das células. (Fonte http://www.policlinicatachira.com.ve/sitio/p_neoplasia_cervical_intraepitelial.html) Aspectos da prevenção do Câncer e Diagnósticos 10 Classificação das Neoplasias A classificação das neoplasias tem relação com a forma do tumor, e o termo técnico está relacionado a diversos conceitos. Uma vez decidido que se trata de uma neoplasia, é necessário dizer se é um tumor benigno ou maligno. Nem sempre é possível determinar a diferença entre as neoplasias benignas ou malignas. Existem várias característi- cas que são usadas para fazer este diagnóstico: diferença no tecido, presença de anaplasia, velocidade de crescimento, capacidade de invasão local, e desenvolvimento de metástases. As neoplasias benignas são muito parecidas com o tecido normal de origem. Apresentam limites claros, e podem ter uma cápsula, e não apresentam a capacidade de invadir os tecidos vizinhos, e também não tem a capacidade de causar metástases. O Quadro 1 apresenta as diferenças entre as neoplasias benignas e malignas. Quadro 1 – Diferenças entre neoplasias benignas e malignas. Característica Neoplasia Benigna Neoplasia Maligna Diferenciação e anaplasia Bem diferenciada, semelhante ao tecido de origem Graus variáveis de diferenciação com anaplasia presente, organização do tecido anormal Velocidade de crescimento Progressiva e lenta; pode ficar sem alteração ou até apresentar regressão; apresenta poucas mitoses e são normais Imprevisível, podendo ser rápida, muitas mitoses e alteradas Invasão local É compacto e com limites bem definidos, e não invade os tecidos vizinhos, apresenta cápsula em muitas ocasiões Apresenta um padrão de infiltração, e com invasão dos tecidos vizinhos; pode apresentar um crescimento expansivo Metástases Ausentes Podem estar presentes; e quando presentes é característica definitiva de neoplasia maligna As neoplasias recebem nomes, geralmente, com o nome da célula, tecido ou órgão, com o sufixo adequado: leiomioma (tumor benigno de músculo liso), leiomiossarcoma (tumor maligno de músculo liso); adenoma (tumor benigno que reproduz tecido glandular), adenocarcinoma (tumor maligno que reproduz tecido glandular). O nome do tumor pode ter ainda elementos que indicam características da lesão, por exemplo, o “carcinoma epidermóide”, indica uma neoplasia epitelial maligna que tem diferenciação semelhante à epiderme. Algumas vezes, o nome indica o aspecto microscópico da lesão: o termo “papilífero” indica um tumor com crescimento vegetante, tais como o carcinoma urotelial papilífero. O termo “cisto” está associado à neoplasias originadas de células epiteliais com capacidade de produzir uma cápsula fibrosa (cistoadenoma ou cistoadenocarcinoma de ovário). Aspectos da prevenção do Câncer e Diagnósticos 11 O Quadro 2 apresenta a Nomenclarutura dos tumores. O Quadro não inclui todos os tumores, porque existem mais de 800 tipos classificados. Quadro 2 – Nomenclatura dos tumores. Célula/Tecido Neoplasia Benigna Neoplasia Maligna Tumores de Origem Epitelial Epitélio Pluriestratificado Papiloma Carcinoma epidermóide Epitélio Glandular Adenoma Adenocarcinoma Epitélio Transicional (urotelial) Papiloma urotelial Carcinoma urotelial Ductos biliares Adenoma de ductos biliares Colangiocarcinoma Hepatócitos Adenoma hepático Hepatocarcinoma Tumores de Origem Mesenquimal Fibroblasto Fibroma Fibrossarcoma Adipócitos Lipoma Lipossarcoma Cartilagem Condroma Condrossarcoma Músculo liso Leiomioma Leiomiossarcoma Músculo estriado Rabdomioma Rabdomiossarcoma Vasos sanguíneos Hemangioma Angiossarcoma Vasos linfáticos Linfangioma Linfangiossarcoma Mesotélio Mesotelioma benigno Mesotelioma maligno Tecidos linfoides Não há tumores benignos Linfomas, leucemias Outros Melanócitos Nevos melanocíticos Melanoma Células nervosas Ganglioneuroma Neuroblastoma Células Germinativas Teratoma Maduro Germinoma Grau Além do tipo de tecido, diversas características do tumor devem ser consideradas na determinação do diagnóstico. Uma delas é o “grau”, que categoriza o quão próximo é a aparência do tumor em relação do tecido normal. O patologista avalia a lesão com o microscópio, e compara com o tecido normal, e então atribui um grau histológico ou grau de 1 a 4. Aspectos da prevenção do Câncer e Diagnósticos 12 O grau pode ser classificado em: • G1: Bem-diferenciado; • G2: Moderadamente diferenciado; • G3: Pouco diferenciado; • G4: Indiferenciado. Alguns tumores não apresentam gradação de quatro níveis, apresentando dois ou três níveis. Em alguns tumo- res, por exemplo, os graus 3 e 4 são combinados em um grau (G3-4). Um tumor bem diferenciado é mais semelhante ao te- cido normal, e é menos agressivo que um tumor pouco diferenciado, que é mais agressivo, e tem um prognóstico ruim. O patologista pode também designar um grau nuclear do tumor, baseado no tamanho e forma do núcleo, assim como das células queestão dividindo. O núcleo é avaliado quando ao aumento, irregularidade das bordas, variedade das formas, mudanças na aparência interna, e genética. Diagnóstico Os testes diagnósticos diferem dos testes de rastrea- mento porque a proposta é confirmar que uma pessoa tem uma condição. No caso de um exame para diagnóstico, a pessoa já possui um sintoma, diferente de um exame para rastreamento, no qual o indivíduo ainda não possui sinto- ma algum. Os objetivos do diagnóstico são: determinar a localização do tumor primário, o tipo de tecido de origem, e as características celulares da neoplasia. Com base nes- tas informações é possível determinar os procedimentos necessários para o estadiamento, e como consequência o tratamento é determinado. A abordagem para o diagnóstico depende de diversos fatores: sinais e sintomas apresentados; estado clínico do paciente, e capacidade em tolerar procedimentos inva- sivos; objetivo do tratamento frente ao diagnóstico; ca- racterísticas biológicas da neoplasia; e disponibilidade de equipamentos para diagnóstico. Há quatro componentes do diagnóstico: a anamnese e exame físico; exames com- plementares e biópsia. História e Exame Físico A história médica anterior, os sinais e sintomas apre- sentados, e o exame físico fornecem dados importantes para o diagnóstico da neoplasia. É necessário identificar os dados demográficos (idade, sexo, procedência); hábitos de vida (dieta, tabagismo, uso de álcool); queixa principal (sintomas, início, duração, fatores agravantes); ananmese espontânea (problemas gerais apresentados); e finalmen- te, ananmese dirigida de acordo com as queixas. O exame físico é geral, e posteriomente loco-regional para a identi- ficação de características do tumor, tais como localização, tamanho, limites, consistências e áreas de drenagem. Exames Laboratoriais Exames laboratoriais são utilizados para confirmar o diagnóstico; monitorar o funcionamento de órgãos que po- dem ser alterados pela presença da neoplasia e tratamento, a progressão da doença, e a resposta ao tratamento. A aná- Aspectos da prevenção do Câncer e Diagnósticos 13 lise do hemograma pode indicar mudanças inespecíficas, tais como anemia, leucopenia ou leucocitose. Da mesma forma, a neoplasia pode alterar a composição bioquímica, que de forma indireta pode contribuir para o diagnóstico. fonte: https://www.twu.ca/about/news/ general/2009/biotech-beccarobertson-5.jpg O hemograma completo é um procedimento que exa- mina toda a contagem de células brancas (leucócitos), as- sim como a contagem das células vermelhas (eritrócitos) e plaquetas (trombócitos). Este exame pode indicar o estado clínico do paciente, especialmente durante o curso do tra- tamento. Anormalidades podem indicar anemia (redução no número de células vermelhas), infeção (aumento no número de células brancas), ou sangramento anormal (re- dução na contagem de plaquetas). Enquanto o hemogra- ma nem sempre é utilizado para fazer diagnóstico, pode ser utilizado para excluir outras doenças, e também para avaliar como o câncer e o tratamento afeta as células do corpo. O Quadro 3 apresenta os valores de referência do hemograma. Quadro 3 – Valor de referencia do Hemograma. Tipo de Célula Contagem Normal (por mm3) Leucócitos 4.300-10.800 Eritrócitos 4.2-5.9 milhão Plaquetas 150.000-400.000 Outros exame laboratorial solicitado é o painel bioquí- mico, que avalia a função renal, hepática, e cardíaca. Es- tes exames não apenas avaliam o estado dos órgãos, mas também determinam o quanto o câncer afetou a saúde do paciente. Aspiração da Medula Óssea Para a avaliação da medula óssea é necessária a remo- ção de uma pequena amostra da medula óssea através de aspiração, agulha de biópsia ou cirurgia aberta. As células do sangue estão presentes na medula óssea em diversos níveis de maturação. A avaliação da medula óssea está indi- cada para o diagnóstico de neoplasias, tais como leucemias, mieloma múltiplo; e também pode ser utilizada monitorar a resposta da medula óssea ao tratamento antineoplásico. A aspiração da medula óssea não é isenta de riscos, podem ocorrer infecção, trauma e sangramento. Pacientes com distúrbios de coagulação devem ser cuidadosamente avaliados antes do procedimento, com avaliação dos riscos e benefícios, em razão do elevado risco de complicações. Antes do procedimento os sinais vitais devem ser avalia- dos. O paciente deve ser posicicionado, e orientado quan- to às sensações físicas durante o procedimento. Ao final do procedimento, o enfermeiro deve estabele- cer as seguintes intervenções: monitorar os sinais vitais; orientar repouso no leito, por pelo menos, 30 minutos após o procedimento; avaliar o local da punção da cada 10 ou 15 minutos quanto ao sangramento; aplicar uma bolsa de gelo no local da punção para aliviar o desconforto e prevenir sangramento; avaliar o local da punção quanto à sinais de infecção; administrar analgésicos para reduzir a dor. Marcadores Tumorais Os marcadores tumorais são definidos como substâncias produzidas pelas células malignas ou benignas em resposta ao câncer. Podem ser detectados pela avaliação de fluidos corpóreos ou tecidos. Os marcadores tumorais podem ser usados para: • Identificação e detecção das neoplasias; • Monitoramento da doença; • Avaliação dos protocolos de tratamento. Aspectos da prevenção do Câncer e Diagnósticos 14 Para o monitoramento da doença e avaliação dos protocolos de tratamento, os marcadores tumorais são usados da seguintes forma: eles são medidos antes do tratamento e depois, e é realizada uma comparação; no caso de aumento, se pode sugerir que a doença progrediu. O Quadro 4 a seguir, apresenta exames laboratoriais e achados possíveis, assim como as neoplasias associadas. Quadro 4 – Exames laboratoriais, achados e possíveis neoplasias associadas. Tipo de Exame Neoplasias Associadas Ácido 5-hidroxi- indolacético (5HIAA) O aumento pode estar associado ao tumor carcinóide Ácido vanililmandélico (VMA) Aumentado em neuroblastoma Alfa-feto proteína (AFP) O aumento pode indicar câncer não-seminomatoso do testículo; coriocarcinoma; teratoblastoma gononal em crianças; câncer de pâncreas, cólon, pulmão, estômago, vias biliares, hepático. Antígeno de carcinoma de céulas escamosas (SCC) O aumento pode indicar carcinoma de cabeça e pescoço; colo de útero; esôfago; e pulmão Antígeno de superfície de linfóticos B e T Leucemia linfoblástica; linfomas Antígeno próstatico- específico (PSA) O aumento está associado ao câncer de próstata Aspiração da Medula Óssea Alterações podem indicar leucemias, linfomas, mielomas, e invasão da medula óssea por carcinomas, Antígeno Carboidrato 125 (CA125) Câncer de ovário (epitelial), pâncreas, mama, cólon, pulmão, e fígado Antígeno Carboidrato 15-3 (CA 15-3) Câncer de mama Antígeno Carboidrato 19-9 (CA 19-9) Câncer cólon, estômago, e pâncreas Antígeno Carboidrato 27.29 (CA 27.29) Câncer de mama Antígeno Carboidrato 72-4 (CA 72-4) Câncer de mama Beta-2 microglobulina Elevada no linfoma e mieloma Calcitonina Câncer medular da tireóide, pulmão, mama e tumores carcinóides Catecolaminas Neuroblastoma e feocromocitoma Aspectos da prevenção do Câncer e Diagnósticos 15 Catepsina D Câncer de mama Antígeno carcinoembrionário (CEA) Câncer colorretal, mama e pulmão, estômago, pâncreas Creatina quinase-BB (CK-BB) Câncer de mama, cólon, ovário, próstata, e pulmão pequenas células Coloração ácido periódico-Schiff (PAS) A positividade pode indicar leucemia granulocítica aguda; leucemia linfoblástica aguda; linfomas. Desidrogenase lática (LDH) O aumento está pode ocorrer em leucemias; linfomas; seminomas; carcinomas metastáticos. DU-PAN-2 Câncer de pâncreas Eletroforese de proteínas (urina – Bence Jones; sérica –imunoglobulinas) Alterada no mieloma e linfoma. Enolase neurônio-específica (NSE) Câncer de pulmão “oat cell”; tumores neuroendócrinos; neuroblastoma; melanoma; carcinoma medular da tireóide Fosfatase ácido prostática (PAP) Tumores metastáticos da próstata, mieloma e pulmão; sarcoma osteogênico Fosfatase alcalina Sarcomas, metástase por carcinoma Fosfatase alcalina leucocitária (LAP) A elevação nos níveis está associada com leucemia mielocítica crônica; linfoma; mieloma mútiplo. A redução está associada a leucemia mielocítica aguda; leucemia monocítica aguda; leucemia granulocítica crônica Fosfatase alcalina placentária (PLAP) Seminoma; tumores de ovário, útero e pulmão Galactosiltranferase (GTIII) Cânceer de pâncreas Gonodatrofina coriônica humana (b-hCG) Elevada em tumores trofoblásticos; tumores de testículo; produção ectópica no câncer de estômago, pâncreas, pulmão, cólon e fígado Hemograma Leucocitoses podem indicar leucemias; leucopenias podem ocorrer nas neoplasias. A linfocitose pode estar associada a leucemias, linfomas, mielomas. A trombocitose está presente nas leucemias (crônicas); e a trombocitopenia está associada às neoplasias hematológicas. Hormônio adrenocorticotrópico (ACTH) Elevado em tumores de pulmão, próstata, gastrointestinal e neuroendócrinos Hormônio antidiurético (ADH) Pode estar aumentado em adenocarcinomas; e no câncer de pulmão pequenas células Hormônio paratireóide (PTH) O aumento pode ocorrer no hiperparatireoidismo ectópico no câncer de rim, pulmão (células escamosas), pâncreas, ovário e mieloma Aspectos da prevenção do Câncer e Diagnósticos 16 Imunoglobulina linfócitos B Linfomas; mieloma múltiplo Tempo de sangramento O prolongamento no tempo de sangramento é observado na doença de Hodgkin; leucemias; linfomas; mieloma múltplo Tireoglobulina O aumento na tireoglobulina está associado ao câncer de tireóide Exames de Imagem, Medicina Nuclear, Ultrassonografia e Endoscópicos Tambem são utilizados exames de imagem, medicina nuclear, e endoscópicos, que podem determinar a localização do tumor, e guiar a realização da biópsia. Muitos destes exames também são utilizados para o estadiamento. Os exames de imagem permitem a visualização das estruturas internas do corpo. Os exames de imagem são úteis na confirmação da massa tumoral, localização de massas para a biópsia, e avaliação da extensão da doença. O exame é selecionado de acordo com a capacidade em detectar lesões, e também nos riscos associados ao exame. Radiologia Convencional Antes dos desenvolvimento de sistema de imagem que são mais sofisticados, os médicos tinham como ferramentas o exame clínico, a cirurgia e o Raio-X. O Raio-X é um exame não invasivo, mas a radiação penetra no corpo do paciente. É útil em tecidos que são densos, tais como o osso, porém órgãos de partes moles não são vistos com clareza. Assim, para que o Raio-X possa ser utilizado, é necessário associar com outras técnicas de imagem para ver os órgãos internos. O primeiro método é detectar como a energia é alterada e passa pelos tecidos com diferentes densi- dades. O segundo método está relacionado com uma molécula radioativa, chamada de radiofármaco ou radiotraçador, que tem a tendência de acumular em tecidos anormais, e que pode ser detectada no corpo. A energia é detectada pelo com- putador em uma imagem que pode ser analisada. No Raio-X tradicional, feixe de Raio-X em forma de cone passa em uma área do corpo, tal como tórax. No método tradicional de detecção de radiação, um filme é colocado no lado oposto a fonte de Raio-X. Quando o Raio-X atinge a área do filme, uma fonte de luz é produzida, e expõe o filme. A quantidade de luz gerada em uma área é proporcional a quantidade de radiação que recebe. Tecidos densos, tais como o osso, aparece como uma sombra de luz cinza ao Raio-X porque bloqueiam a passagem da luz do Raio-X no filme. Tecidos moles e outros órgãos aparecem em uma variedade de luz cinza em áreas com uma quantidade variável de ar, tais como, pulmões ou cólon, que aparecem negros, por conta da grande quantidade de radiação que pode passar por eles. A Figura 6 apresenta um Raio X normal de mão, com estrutura óssea. Aspectos da prevenção do Câncer e Diagnósticos 17 Figura 6 – Raio-X do osso, com as áreas em cinza, nas quais ocorreu a passagem da radiação no filme. (Fonte: http://renandiagnosticoporimagem. blogspot.com.br/2010/09/descoberta-do-raio-x.html) A Figura 7 apresenta o Raio-X do Tórax, no qual a estrutura do pulmão, que é densa aparece negra. Figura 7 – Raio-X do pulmão. (Fonte: http://saude.ig.com.br/ minhasaude/exames/raio+x+radiografia/ref1237829935074.html) O Raio-X digital é um método alternativo que utiliza um sensor conectado a um computador para detectar a radiação. A quantidade de radiação é interpretada pelo computador para gerar as imagens, de forma similar ao Raio-X tradicional. A radiografia digital tem diversas vantagens no método tradicional: a obtenção da imagem ocorre mais rapidamente, pois não há processo químico; há menor radiação, quando comparada ao Raio-X tradicional; a manipulação digital permite a obtenção da melhor imagem; os arquivos podem ser armazenados digitalmente e transferidos. A radiologia convencional é usada para a caracterização de lesões nos ossos; para a identificação de infecções (como pneumonias, por exemplo); controle de procedimentos tais como derrame pleural, confirmação de cateteres e sondas; acompanhamentos de neoplasias primárias e metástases, assim como diagnóstico e avaliação de neoplasias do tubo digestivo, utilizando os exames contrastado. Os exames contratados são realizados com bário ou iodo. A escolha do contraste depende do tipo de exame e o que se pretende avaliar. A mucosa do tubo digestivo é melhor avaliada com bário, porém quando há suspeita de fístula é melhor usar o iodo, pelo risco de mediastinite e peritonite. A EED (seriografia esôfago-estômago –duodeno) estuda todo o tubo digestivo e é útil no pós-operatório para avaliar a ausência de fístulas, permitindo a liberação da dieta do paciente com segurança. O trânsito intestinal é realizado para verificar o diagnóstico de lesões e realizar o diagnóstico de obstrução. Geralmente é realizado com bário. O enema opaco é realizado para a detecção de lesões, fístulas, e no planejamento na reconstrução intestinal. Consiste na introdução de contraste e posteriormente ar (resultando então no duplo contraste) por meio do ânus, por via retrógrada até o intestino delgado. A urografia excretora é realizada por meio da introdução de iodo por via endovenosa para avaliação da anatomia do sistema urinário. Com isto pode ser avaliada obstrução, dilatação, ou estenose. A mamografia é a radiografia das mamas, e tem finalida- des não só de rastreamento, mas também de diagnóstico. A mamografia segue padrões de qualidade que são rígidos e pré-estabelecidos, e envolve técnicos treinados, além de material e equipamento adequado. No Brasil, é a Portaria número 453 do Ministério da Saúde, publicada em 1998, que estabelece os padrões de qualidade em mamografia. A mamografia para ser adequada deve ter as incidências crânio-caudal, e médio-lateral oblíqua, e devem ser analisa- Aspectos da prevenção do Câncer e Diagnósticos 18 das como imagem especular, examinando as mamas quan- do à simetria. Além disso, deve ser utilizado uma lente de aumento, para examinar os pequenos detalhes. As pacientes que fizeram cirurgias estéticas (mamoplas- tia) e implantes, é necessário o deslocamento da prótese pelo técnico, com incidências extras, para retirada do mate- rial do campo, com exposição do tecido. A paciente sempre deve ser orientada a levar a mamo- grafia anterior para comparação. O laudo possui um padrão que é elaborado de acordo com o American College of Radiology, e é chamado de BI- -RADS (Breast Imaging Reporting and Data System),e deve conter as seguintes informações: densidade da mama, des- crição do que foi encontrado, compração dos exames an- teriores, e uma classificação em uma das sete categorias a seguir: • BI-RADS 0: Inconclusiva – necessidade de avalia- ção radiológica adicional e/ou mamografias prévias para comparação (especificar qual seria a comple- mentação necessária); • BI-RADS 1: Negativa – nenhum achado significativo presente, e portanto a mulher deve continuar com o seguimento de rotina recomendado pelo médico; • BI-RADS 2: Achado benigno – achados comuns da fisiologia da mulher (cistos simples, linfonodo in- tramamário, fibroadenomas, etc) e a paciente deve continuar com o acompanhamento de rotina; • BI-RADS 3: Provavelmente benigno – os achados incluídos nesta categoria são massas circunscritas, densidades simétricas no parênquima sem asso- ciação com área palpável, agrupamentos de mi- crocalcificação regulares, de forma arredondada, e aspecto homogêneo. Neste tipo de resultado, a chance de câncer é menor que 2%, assim é sugeri- do a repetição do exame seis meses depois; • BI-RADS 4: Anormalmente suspeita – os achados desta categoria variam entre 3% a 94% de pro- babilidade de ser câncer e devem ser investigados com estudo anátomo-patológico; • BI-RADS 5: Altamente sugestivo de câncer – pro- babilidade maior que 95% de câncer deve ser re- alizada biópsia destas lesões; • BI-RADS 6: Câncer comprovado por estudo aná- tomo-patológico – esta categoria é utilizada para paciente em tratamento com quimioterapia neo- adjuvante, para avaliação de resposta ao trata- mento. A mamografia permite a orientação de biópsias percu- tâneas por estereotaxia (biópsia guiada por agulhas) de imagem só caracterizadas neste método, como por exem- plo, microcalcificações, além da localização pré-operatória dessas imagens, por meio do método de fio, ROLL (Radio- guided Occult Lesion Localization) e linfonodo sentinela. Tomografia Computadorizada A Tomografia Computadorizada é um procedimento que leva o Raio-X digital ao próximo nível. A técnica usa o procedimento de Raio-X para produzir imagens múltiplas, detalhadas de estruturas do corpo. (A Figura 8 apresenta o cone da radiação) O tomógrafo rotacional 360 graus no paciente emitindo um cone triangular de Raio-X que passa pelos planos do corpo. Um detector de radiação é posicionado oposto a fonte de Raio-X enquanto realiza a rotação do paciente. (A Figura 9 apresenta a estrutura do tomógrafo). O re- sultado é uma série de imagens da mesma parte do corpo, cada uma com um ângulo levemente diferentes. O computador reúne as imagens para criar um plano detalhado do corpo. O processo resulta em imagens 3-D. Uma Tomograma leva 5-30 minutos a depender da área do corpo que deve ser examinada. Aspectos da prevenção do Câncer e Diagnósticos 19 Figura 8 – Comparação do tomógrafo tradicional (A); e do tomógrafo de feixe cônico (B) com a fonte e o detector de Raio-X. (Fonte: http:// clinicadimaf.blogspot.com.br/2009/06/avaliacao-radiografica-em.html) Figura 9 – Estrutura do equipamento do tomógrafo. (Fonte: http://www.sabereletronica.com.br/secoes/leitura/263) O paciente deve ficar em uma mesa de exame, em um arco que contém a fonte para o exame. É possível fazer tomografias contrastadas, que permi- tem a discriminação de tecidos menos densos em órgãos maiores e vasos, assim como tumores. O médico também pode rodar imagens 3-D em todas as direções, e ajudar na obtenção do tamanho e localização do tamanho. A tomografia também é utilizada para ajudar na loca- lização de tumores para a obtenção de material para bi- ópsias (biópsias guiadas pela tomografia). A tomografia é o método de escolha para o estadiamento e acompa- nhamento de linfomas, neoplasias de cabeça e pescoço, pulmão, mediastino, fígado, pâncreas, rins, bexiga, e tubo digestivo. Tem papel auxiliar no estadiamento de neopla- sias uterinas, ovarianas e de próstata. A tomografia tem papel na determinação do tamanho do tumor, porque as medidas são usadas na prática clínica para avaliar a resposta, além do planejamento nas amplas ressecções de lesões, viabilizando a chance cirúrgica de cura de forma que o tecido seja suficiente para manuten- ção da função. Também é o método padrão para o planejamento da radioterapia, pois tem grande habilidade no delineamento do tumor, e sua relação com as estruturas adjacentes, per- mitindo o planejamento de modo tridimensional. É usada para guiar biópsias pulmonares, ósseas, hepá- ticas, pancreáticas, renais, adrenais. É usada para guiar a drenagem de coleções nos pacientes no pós-operatório, e para a colocação de drenos ou cateteres para desobstru- ção de alguns órgão comprimido. Também há a colonografia virtual, chamada de colono- grafia por tomografia computadorizada (CTC). A indicação é avaliar os seguimentos do intestino em pacientes nos quais a progressão do colonoscópio não é possível por le- sões que causam estenose. Também é usada em pacien- tes que recusam a colonoscopia. Ressonância Nuclear Magnética Outra técnica utilizada é a ressonância nuclear mag- nética (RNM) que utiliza um campo magnético e ondas de rádio (no lugar de radiação Raio-X) para produzir figuras de órgãos e estruturas internas do corpo. Durante o procedimento, o paciente fica em uma mesa que desliza em um espaço tubular que fica cercado por um forte ímã. A RNM emite pulsos de ondas de rádio, uma for- ma de energia, que são absorvidas pelo núcleo de certos átomos do corpo. Os átomos liberam energia na forma de diferentes on- das de rádio que são registras em um detector. Um com- putador registra estas ondas que rádio e constrói uma imagem dos tecidos do corpo. A RNM é superior ao Raio-X Aspectos da prevenção do Câncer e Diagnósticos 20 e a Tomografia, e produz imagens claras e mais detalha- das de tecidos moles, e permitem a detecção de pequenas alterações, e mudanças de estruturas do corpo. O uso do meio de contraste paramagnético aumenta a capacidade de detecção dos tumores. O agente mais usado é o gadolíndeo, usado como marcador da barreira hematoencefálica, e com grande valor na capacidade de diferenciar entre tumores e edemas. Os riscos e efeitos colaterais do gadolíneo são mínimos quando comparados aos meios de contraste iodado utilizados na tomografia computadorizada. Este tipo de exame é bastante usado para obter imagens de tecidos moles, tais como, múscu- los, tendões, cérebro, coluna, tórax, abdome, pélvis, útero, ovário, próstata, vasos sanguíneos, e até a medula óssea. A Figura 10 apresenta uma ressonância magnética de crânio. Figura 10 – Ressonância magnética do crânio. (Fonte: http://www.famerp.br/projis/grp25/ressonancia2.html) Existem algumas desvantagens na RNM: o paciente pode ter claustrofobia, pois o tubo é bem apertado onde o paciente deve ficar durante a realização do exame; é um exame mais caro quando comprado aos outros testes; a disponibilidade do equipamento não é mesma. Não há riscos associados com a RNM. O campo mag- nético, pode criar uma situação perigosa se há metal pró- ximo ao corpo. Por exemplo, um marcapasso pode falhar, ou próteses de metais podem mover se posicionadas no corpo. Assim é importante incluir questionários antes do procedimento. Ultrassonografia É um exame som de alta-frequência para ver tecidos e órgãos no corpo. A máquina de ultrassom usa um pro- be que produz ondas de som, e quando o som é colocado contra o corpo, a onda sonora caminha no tecido até que é refletida ao atingir um tecido ou osso que reflete, causan- do um eco. O computador converte as ondas refletidas em uma imagem em branco e preto. A frequência do som irá determinar o quanto irá penetrar nos tecidos. É um procedimento seguro e sem dor, e é escolhidopara órgãos moles ou aqueles que são preenchidos com líquidos. Este exame pode ser usado para verificar uma variedade de tecidos (tais como, reto, próstata e mama). Tem três papéis em particular: detecção de lesões ou massas, definição da natureza da lesão e estimativa da extensão da extensão da lesão. Apesar de um grande número de órgãos serem avalia- dos pela USG com boa sensibilidade, a exatidão é limitada em alguns órgãos. Órgãos superficiais como tireóide, pa- ratiróide, mama, testículos, e vasos periféricos são melhor avaliados do que órgãos de localização profunda. No entanto, tumor no fígado, árvore biliar, vesícula biliar, pâncreas, baço, rins, próstata, ovários e bexiga podem ser avaliados com boa sensibilidade pela USG. A USG mamá- ria diagnóstica e intervencionista tem grande participação como exame complementar à mamografia e à clínica. É um método cada vez mais utilizado para guiar bióp- sias. Para o paciente oncológico com alguma complicação, o USG é bastante utilizado, porque pode ser utilizado na beira do leito. É possível usar o USG para o diagnóstico de coleções neoplásicas e infecciosas, diagnóstico de trombose venosa profunda, e até para a implantação de cateteres centrais de implantação periférica. Aspectos da prevenção do Câncer e Diagnósticos 21 Medicina Nuclear A Medicina Nuclear é uma modalidade de diagnóstico por imagem e de terapia. Seu princípio está na detecção da distribuição biológica de substâncias farmacológicas que estão ligadas isótopos radioativos (radiofarmácos). As imagens de distribuição são adquiridas com um equipamento denominado gama-câmara. Os exames de medicina nuclear con- sistem na obtenção de imagens a partir da ingestão ou administração endovenosa de composto radioisótopos. Estes exames se apoiam no fato que o metabolismo anormal dos tumores é capaz de captar os radioisotópos con- jugados a moléculas de glicose. Entre as diversas aplicações atuais no diagnóstico estão a avaliação das metástases ósseas; linfomas; tumores da tireóide; e tumores neuroendócrinos. A Tomografia por Emissão de Positron (PET), ou PET Scan é um exame que avalia a capacidade metabólica dos tecidos para verificar a existência de tecido neoplásico. O PET scan é geralmente classificado como uma forma de medicina nuclear porque analisa a fisiologia ou atividade bioquímica, e não a anatomia do corpo. Os scans nucleares usam moléculas radioativas conhecidas como traçadores que se acumulam em áreas do corpo, criando pontos “quentes” ou “frios” de imagem no computador, a depender da captação do tecido. (Figura 11 mecanismo do PET) Figura 11 – Mecanismo do PET – Positron Emission Tomography. (Fonte: http://vefir.mh.is/emjul/efni/nemverk/nemverkv09/SPG/eldsneyti.htm) Aspectos da prevenção do Câncer e Diagnósticos 22 Uma das características que diferencia a célula maligna da célula normal é sua taxa metabólica mais alta, em razão de sua taxa de crescimento mais elevada. Antes do PET, o paciente recebe um injeção de uma forma radioativa de glicose, a fonte de energia preferida das células. As células neoplásicas necessitam de quantidades de glicose maior do que as células normais para satisfazer suas altas necessidades de energia, e desta forma captam a glicose. Na medida que o PET passa no corpo, a radioatividade é liberada do açúcar. O computador reúne a informação e cria uma imagem que indica a localização onde a glicose está acumulada. (Figura 12 é a fusão entre a RNM) Figura 12 – PET com fusão da Imagem da RNM. (Fonte: http://www.medical.siemens.com/webapp/wcs/stores/servlet/PSGenericDis play?storeId=10001&langId=-1&catalogId=-1&pageId=87048) Atualmente, o PET-CT é usado em diversas situações como no estadiamento, avaliação de resposta e seguimento de carcinomas de mama, colorretais, de pâncreas, nos hepatomas e tumores estromais (GIST); tumores de cabeça e pescoço, melanomas, linfomas, neoplasias endócrinas, e musculoesqueléticas. As moléculas traçadoras podem ser ligadas podem ser ligadas a anticorpos, que são proteínas que tem a habilidade de estar presentes na membrana de certas células neoplásicas. Aspectos da prevenção do Câncer e Diagnósticos 23 Exames Endoscópicos A endoscopia é um método para visualizar diretamente as estruturas internas das vísceras. O endoscópio é forma- do por um cabo de fibra ótica com luz em sua ponta, e que transmite imagens que podem ser registradas. O endoscópio permite inspeção visual, remoção de tecido para biópsia, aspiração para exame citológico, e estadiamento da extensão da doença. Os procedimentos endoscópicos são nomeados de acordo com a estrutura visualizada. Biópsia A biópsia é um aspecto fundamental no diagnóstico, uma vez que a identificação do tipo histológico, é um com- ponente na determinação do tratamento. Depois que a biópsia é removida, é colocada em um frasco com líquido para preservar o tecido e encaminhada para análise ao patologista. Antes da análise, o espécime é processado, e observado no microscópio para avaliar quanto as características celu- lares. As biópsias podem ser obtidas de diferentes formas, o que vai depender da localização do tumor, tamanho e condições do paciente. Os tipos de biópsias são descritas a seguir: • Biópsia por agulha (chamada por PAAF – Punção Aspirativa por Agulha Fina): uma agulha fina (21- 22) é inserida em uma massa palpável – pode ser usada para fluidos ou células; é um procedimen- to simples, ambulatorial; e depende da citologia das células para diagnóstico; pode ser empregada como primeiro método; sua acurácia depende da amostra obtida, preparo da espécie, e especialida- de do patologista; erros na amostra ou diagnóstico exige outras intervenções; é usada para nódulos tireoideanos, linfonodos; • Core Biósia: uma agulha grossa é inserida e um pedaço de tecido é obtida, neste tipo de biópsia, mais tecido é obtido do que a agulha fina; ocorre maior trauma tecidual que a agulha fina, porém com menor contaminação; é combinada com ra- diologia intervencionista em massas não palpáveis • Biópsia Incisional: é realizada uma incisão e um pedaço de tumor é obtido, usada para tumores maiores (maiores que 3cm), nos casos nos quais é necessário tratamento adicional para remoção do tumor, e pode ser usada quando a previsão de tratamento adjuvante, ou é necessária resseção ampla; não fornece informações sobre a margem do tumor • Biópsia Excisional: é a remoção de todo o tumor com algum tecido adicional para obtenção de mar- gens livres; é realizada para tumores acessíveis e menores de 3cm nos quais a cirurgia é definitiva; o uso limitado se o tumor é muito grande ou se o defeito estético é inaceitável • Biópsia Endoscópica: ocorre a visualização do tu- mor através do endoscópio, nesta biópsia um pedaço (incisional) ou tudo o tumor é removido (excisional); é utilizada comumente para tumores do trato gastrintestinal, trato gênito-urinário, e pul- monares; neste tipo de biópsia pode ocorrer per- furação, e hemorragia; evita trauma cirúrgico e também a cirurgia aberta; • Biópsia Laparoscópica: visualização do tumor por es- copia, o espécime pode ser obtido por uma variedade de técnicas (incisional, excisional, lavado peritoneal), é também útil no estadiamento; ocorre risco de perfu- ração, hemorragia e outras complicações pós-opera- tórios; esta biópsia evita o trauma da cirurgia aberta; • Biópsia aberta: neste tipo de biópsia é realizada uma cirurgia exploratória ou definitiva para obten- ção do diagnóstico primário; é realizada a remo- ção da doença e de massas visíveis ou palpáveis; permite o acesso ao tumor e órgãos adjacentes, pode ser usada em lesões no pâncreas. Durante a biópsia cirúrgica um ou mais linfonodos da área drenada de um tumor é removido. Uma biópsia dolinfonodo ou dissecção é realizada para determinar Aspectos da prevenção do Câncer e Diagnósticos 24 se há células neoplásicas do tumor que atingiram o linfonodo, e migraram para o tecido linfático. • Citologia se refere ao estudo da estrutura, função e patologia das células. Os métodos citológicos são utilizados como procedimento de rastreamento para a detecção de lesões pré-malignas ou malig- nas. Nos métodos citológicos, após a obtenção do material, o material é colocado em lâminas, e são corados por diversos métodos para visualização no microscópio. As amostras para exame citoló- gico podem ser obtidas através de esfregaços ou obtenção de fluidos (urina, fluido cerebroespinhal, peritoneal, pericárdico, pleural). Implicações para o Enfermeiro O enfermeiro é parte da equipe multidisciplinar, e parti- cipa do processo de diagnóstico e estadiamento. O período entre o aparecimento dos sintomas, a suspeita da neoplasia e a confirmação do diagnóstico é variável, e este período pode ser fonte de angústia para o paciente e família. Desta forma, o enfermeiro deve estabelecer interven- ções para reduzir o estresse neste período. O paciente e família devem ser orientados sobre os objetivos dos proce- dimentos, os possíveis desconfortos advindos dos testes, e o tempo necessário para a divulgação dos resultados. Nas unidades de diagnóstico, o enfermeiro atua como gerenciador da unidade, organizando o atendimento, e es- tabelece protocolos para preparo para os exames. Também atua como educador ao preparar paciente e família para os procedimentos, orientando quanto ao prepa- ro, descrevendo as sensações físicas e desconfortos que o paciente pode sentir durante os procedimentos, e relatando os resultados esperados e limitações dos exames. Durante a realização dos exames, o enfermeiro deve re- conhecer o potencial para complicações, tais como, reações ao contraste, sangramento, perfurações, e dor. O enfermei- ro também avalia a necessidade de sedação de um paciente antes da realização do exame, e orienta a equipe quanto aos cuidados frente aos exames. Estadiamento O estadiamento é caracterização da extensão da neo- plasia. E possui diversas finalidades que são mostradas a seguir. O estadiamento é fundamental para a indicação e o pla- nejamento do melhor tratamento. Com a determinação do estadiamento, é possível oferecer o tratamento mais ade- quado de acordo com o que está estabelecido na evidência científica. Com o sistema TNM é possível agrupar os pacientes em estádios clínicos, e com isso, uniformizar as informações. Os pacientes que são classificados no mesmo estádio apresen- tam o prognóstico igual. O estadiamento também permite realizar o prognóstico, ou seja, fazer uma estimativa do tempo de sobrevida. Esta indicação é importante para se estabelecer um programa de tratamento, e também para o seguimento. Para os casos que são considerados localizados (chama- dos de estádios clínicos I e II), o tratamento será diferente dos casos considerados mais avançados (chamados de es- tádios clínicos III e IV). No primeiro caso, como o prognóstico geralmente é me- lhor, é realizada o tratamento localizado (com cirurgia e radioterapia), e o tratamento sistêmico é realizado quando necessário. Nos casos mais avançados, o tratamento é a forma preferencial de quimioterapia. Para avaliar os resultados de pesquisa entre os centros, é necessário que sejam comparados os casos parecidos. O estadiamento ajuda a estabelecer um padrão de condu- ta mais adequado nos casos baseados nas experiências e evidências da literatura. Para que a troca de informações entre as instituições seja eficiente é essencial a descrição do estadiamento dos pacientes tratados. O estadiamento também contribui para a realização das pesquisas, que são importantes para o progresso da onco- logia. Aspectos da prevenção do Câncer e Diagnósticos 25 Para fazer o estadiamento é importante conhecer a his- tória natural do tumor, seu comportamento biológico, assim como a sua via de disseminação. Os tumores sólidos tem a capacidade de invadir os teci- dos vizinhos. O tumor pode se espalhar por diversas vias: • continuidade: quando se espalham por extensão local, como exemplo um tumor de esôfago invade o cárdia; • contiguidade: quando o tumor invade estruturas vizinhas, como por exemplo, o tumor de reto in- vade a próstata ou bexiga; • implantes (via trancelômica): via peritoneal, como por exemplo, tumor de ovário que invade o peri- toneo; • via linfática: é a principal via de disseminação, que atinge os linfonodos regionais; • via hematogênica: via de disseminação pelos ca- pilares (órgãos à distância). Os sarcomas por exemplo, são tumores que se pro- pagam por via hematogênica, e causam metástases pul- monares, sendo a tomografia computadorizada de tórax usada para avaliação pulmonar. O estadiamento considera três aspectos: o tamanho ou extensão do tumor primário (chamado estádio T); a presença ou ausência de células neoplásicas para os lin- fonodos regionais (chamado estádio N); e a presença ou ausência de metástases (chamado estádio M). O estadiamento segue o princípio da história natural da doença. De acordo com a história natural da doença, um tumor cresce, depois ganha a circulação e pode invadir linfonodos, e depois passa a invadir outros órgãos. Assim segue o sentido: Tumor>Linfonodo>Metástase O primeiro item é o T (Tumor), e como foi mencionado anteriormente, se avalia tamanho ou extensão. Para cada localização há uma classificação, mas como regra geral, quanto maior o T, maior é a extensão ou tamanho do tumor, e portanto, maior a chance do tumor apresentar invasão dos linfonodos. O que não significa que um tumor pequeno não apre- senta invasão linfonodal, uma vez que características bio- lógicas são consideradas também. O Quadro 5 apresenta a classificação T do sistema TNM. Quadro 5 – Classificação T do sistema TNM. Sigla Descrição Tx O tumor primário não pode ser avaliado T0 Não há evidências do tumor primário Tis Tumor in situ T1-T4 Extensão/invasão do tumor O Tx se refere a um tumor que não pode ser primário. Isto significa que não foi possível avaliar o tamanho ou extensão do tumor. Um exemplo, é um paciente que chega a um hospital, quando já foi operado em outro local, e não se tem infor- mação sobre o tumor anteriormente. T0 se refere a um tumor no qual não há evidência. Ge- ralmente se aplica a casos nos quais se fez tratamento e o tumor sumiu após uma quimioterapia. Tis é o carcinoma in situ. Em seguida temos o estadiamento N (de linfoNodo). O N representa a avaliação dos linfonodos, que podem estar ou não comprometidos pela neoplasia. Da mesma forma, quanto maior o N, maior é chance presença de metástases. O Quadro 6 apresenta o estádio N. Aspectos da prevenção do Câncer e Diagnósticos 26 Quadro 6 – Estádio N do Sistema TNM. Estádio N Descrição Nx Os linfonodos regionais não podem ser avaliados N0 Não há linfonodos regionais comprometidos pela neoplasia N1-N3 Linfonodos regionais comprometidos pela neoplasia Da mesma forma, o Nx representa que os linfonodos não podem ser avaliados. Aqui diferente do estádio T, no está- dio N, o N0 representa que não há linfonodos comprometidos pela neoplasia. O N1-N3 significa que há a presença de linfonodos presentes pela neoplasia. A depender do tumor, o N vai até N2. Finalmente, o M representa a avaliação das metástases, que podem estar ausentes ou presente. O Quadro 7 a seguir representa o estádio M do sistema TNM. Quadro 7 – Estádio M do Sistema TNM. Estádio M Descrição Mx Metástases não podem ser avaliadas M0 Não há evidências de metástases M1 Presença de metástases O estadiamento TNM é então agrupado nos estadiamento clínicos que variamde acordo com o tipo de tumor. O Quadro 8 a seguir apresenta o estadiamento do câncer de cólon. Quadro 8 – Agrupamento por Estádio (TNM) do câncer colorretal de acordo com o AJCC. Estágio T N M 0 Tis N0 M0 I T1 T2 N0 N0 M0 M0 IIA T3 N0 M0 IIB T4a N0 M0 IIC T4b N0 M0 IIIA T1-T2 T1 N1/N1c N2a M0 M0 Aspectos da prevenção do Câncer e Diagnósticos 27 IIIA T3-T4a T2-T3 T1-T2 N1-N1c N2a N2b M0 M0 M0 IIIC T4a T3-T4a T4b N2a N2b N1-N2 M0 M0 M0 IVA Qualquer T Qualquer N M1a IVB Qualquer T Qualquer N M1b Este é um exemplo, porque para cada tumor, o agrupamento muda. Mas de forma geral, o estádio 0 se refere aos tumores in situ (tumores que não ultrapassaram a lâmina basal); os tumores com estádio I são chamados de tumores precoces; os tumores estádio II são estádio localmente avançado; os tumores estádio III apresentam linfonodos positi- vos, ou são localmente avançados; e os tumores estádio IV são tumores metastáticos. O estadiamento é realizado considerando a história natural da doença, ou seja, como ocorre o padrão de dissemina- ção local do tumor, e como ocorre a disseminação à distância, ou seja, quais são os sítios preferenciais de metástases. Desta forma, os exames laboratoriais, de imagem, medicina nuclear e endoscópicos são escolhidos de acordo com as limitações dos exames, e a história natural da doença. O estadiamento pode ser realizado em diversas fases da doença, e a depender da fase em que é realizado, recebe uma sigla: • cTNM – estadiamento clínico, realizado a partir dos dados obtidos através do exame clínico e de métodos diag- nósticos não invasivos realizados antes do início do tratamento; • sTNM – estadiamento cirúrgico; realizado durante o ato operatório; • pTNM – estadiamento patológico; realizado a partir do exame anatomopatológico, é a informação mais precisa a cerca da extensão do tumor, e do comprometimento dos linfonodos; • rTNM – estadiamento realizado após a recorrência; • aTNM – estadiamento realizado durante a necrópsia. Estadiamento clínico O estadiamento clínico leva em conta dados sobre a história e exame físico, mas muitas vezes utiliza-se de métodos complementares de diagnósticos, como endoscopias (endoscopias digestiva alta, broncoscopia, cistoscopia), e métodos de imagem para a avaliação do caso. Aspectos da prevenção do Câncer e Diagnósticos 28 Estadiamento cirúrgico Para muitos tumores sólidos o estadiamento cirúrgico é importante para avaliação da disseminação da doença, fornecendo informação de sua extensão. O câncer de ovário é um exemplo de como a lapara- tomia pode fornecer dados para o estadiamento, onde o inventário da cavidade, realizado durante a cirurgia, com a realização de biópsias peritoniais, análise citológica da as- cite ou lavados peritoniais, além do tratamento cirúrgico, permite a avaliação da extensão da doença. Estadiamento patológico É a principal forma de estadiamento, e realizada pelo patologista. É realizada a caracterização do tamanho do tumor, sua relação das estruturas que estão infiltradas pelo tumor, presença de comprometimento do tumor nos linfonodos, nos vasos sanguíneos, e invasão perineural. Todas estas informações são importantes para ajudar a traçar um plano de tratamento adjuvante (depois da cirur- gia) e também para determinar o prognóstico. Nas cirurgias onde os linfonodos são retirados, quan- to maior o número de linfonodos que são retirados, mais linfonodos estão disponíveis para avaliação do patologista para determinar a amostra do N. Para muitos tumores há uma recomendação de um nú- mero mínimo de linfonodos que devem ser removidos para o estadiamento correto. Nas cirurgias de cólon, por exem- plo, é necessário o exame, de no mínimo 12 linfonodos para que a avaliação seja correta. Referências Eggert J. Cancer Basics. Pittisburg, Oncology Nursing Society, 2010. Lopes A; Chammas R; Iyeyasu H. Oncologia para a Graduação. 3.ed. São Paulo, Lemar, 2013. Omerod KF. Diagnostic evaluation, classification, and staging. In: Yarbro CH, Frogge MH, Goodman M (editores). Cancer nursing: principles and practice. 6.ed. Boston, Jones and Bartlett, 2005.
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