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0 DIDÁTICA DA LÍNGUA PORTUGUESA 1 MARÍLIA CARVALHO TELES DIDÁTICA DA LÍNGUA PORTUGUESA Fonte: https://robertodearaujocorreia.wordpress.com/2010/07/26/convivencia-em-equipe/ ÁGUA BRANCA-PI 2019 2 Diretor Geral Eloan Coimbra Lima Diretora Acadêmica Eloane Coimbra Lima Secretária Acadêmica Ginoã das Graças Coimbra Lima Coordenação do Curso Cleidinalva Maria Barbosa Oliveira Coordenação do Nead Tiago Soares da Silva TELES, Marília Carvalho. Didática da Língua Portuguesa. 1ª ed. Água Branca; Isepro – Cursos de Graduação. 94p. Bibliografia 1. Didática 2. Língua Portuguesa 3. Ensino-aprendizagem. Ficha Catalográfica Todos os direitos em relação ao design deste material são reservados à ISEPRO. Todos os direitos quanto ao conteúdo deste material são reservados ao autor. Todos os direitos de Copyright deste material didático são à ISEPRO. 3 09 10 12 13 13 16 18 19 19 26 28 29 35 37 38 39 42 44 46 48 50 52 54 61 UNIDADE 03 PERSPECTIVAS METODOLOGICAS PARA A LÍNGUA PORTUGUESA 3.1 ABORDAGENS METODOLÓGICAS SOBRE A LÍNGUA PORTUGUES....................................................................................62 Apresentação do curso ..................................................................... 06 Apresentação da disciplina................................................. 08 44 61 05 06 UNIDADE 01 LINGUAGEM E SUA EXPRESSÃO DE PENSAMENTO 1.1 PORTUGUÊS COMO LÍNGUA......................................................................... 1.2 HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA E SEUS SABERES............. 09 26 UNIDADE 02 LÍNGUA PORTUESA E OS PCN’S 2.1PORTUGUÊS E OS PCN’S........................................................45 4 70 54 UNIDADE 04 LEITURA, TEXTO E ANÁLISE LINGUISTICA 4 TEXTO E LINGUISTICA........................................................71 5 A concretização de um curso superior em Pedagogia na modalidade à distância tem como meta o atendimento às necessidades de toda comunidade quanto ao acesso e atendimento ao um ensino superior de qualidade. Desse modo, propõe-se a importância para o curso de Pedagogia numa perspectiva histórico- cultural, tendo como eixo articulador a interdisciplinaridade e a busca da construção de um currículo integrador. As disciplinas pedagógicas que formulam o currículo foram moldadas para uma sociedade cujo princípio da qualidade torna-se prioridade a partir da relação teoria-prática de um trabalho docente de qualidade que procure satisfazer as necessidades de aprendizagem, enriquecendo as experiências do educando no processo educativo. É dentro desta ideia que o curso de Pedagogia do ISEPRO na modalidade à distância constitui-se de uma base comum formada pelos conhecimentos de ciências humanas aliadas a tecnologia, de uma parte diversificada com uma ampliação dos fundamentos na leitura do fazer pedagógico dentro da escola e da sociedade e uma parte complementar com o objetivo de trabalhar os problemas educativos da realidade educacional em vista a qualificação do professor com novas formas de intervenções como aplicações de ferramentas metodológicas. O ISEPRO tem como recurso didático-educacional o uso de materiais como apostilas/livros, plataformas virtuais, internet, vídeos e principalmente um excelente sistema de acompanhamento à distância através de tutores e monitores. É válido salutar que este curso otimiza sempre seus resultados pelas experiências existentes e atendem a ampla procura de profissionais da área educacional. Os profissionais da área da educação serão orientados a sempre desenvolver a capacidade de intervenção científica e técnica assegurando a reflexão critica permanente sobre sua prática e realidade educacional historicamente contextualizada. O que espera deste docente é sua capacidade de (re) construir seu projeto pessoal e profissional a partir da compreensão da realidade histórica e profissional diante das políticas que direcionam as práticas educativas na sociedade. 6 A disciplina de Didática da Língua Portuguesa destina-se a estudantes da área da licenciatura sendo fundamental para o mecanismo que orienta e acompanha o processo educativo, tornando-se inevitável a reflexão sobre a ação que o educador deve ter frente o ato avaliativo. Assim, observemos todas as óticas aglutinadas neste campo tão complexo que é o da educação quando dirigimos as orientações teóricas e metodológicas que servirão como base para conduzi-lo ao conhecimento acerca das questões e debates que envolvem esta língua, não esquecendo de problematizar o tema e possibilitar uma visão ampla dos diversos aspectos relacionados ao processo de ensino-aprendizagem desta. A língua Portuguesa que se destaca pela sua dinamicidade que envolve o processo de desenvolvimento e ampliação. Assim, desejo-lhes bons estudos! Marília Carvalho Teles Licenciada em Pedagogia Mestre em Ciências da Educação Especialista em Docência do Ensino Superior, Psicopedagogia, AEE, Libras, Supervisão escolar. 7 UNIDADE 01 O ENSINO DA LINGUA PORTUGUESA E SUAS METODOLOGIAS 9 1 LINGUAGEM E SUA EXPRESSÃO DE PENSAMENTO 1.1 Português como língua A linguagem como expressão do pensamento e o ensino prescritivo/normativo tem a primeira das concepções, segundo Bagno (2002), está diretamente ligada ao conceito de língua literária que era usada pelos grandes filólogos gregos para escrever regras que deveriam ser empregadas por aqueles que produziam obras clássicas. De acordo com Mattos e Silva (1997) a origem do termo Gramática Tradicional está ligada diretamente a essa concepção que concebe a linguagem como mera expressão do pensamento. Segundo essa visão, o contexto de produção do ato comunicativo não exerce nenhum tipo de influência na linguagem, pois não considera as circunstâncias que fazem parte da situação social na qual o ato comunicativo acontece. Para Koch (2005) tal concepção de língua como representação apenas do pensamento, corresponde à imagem de um sujeito psicológico, individual, ou seja, dono de sua vontade e de suas ações. Assim, esse sujeito é visto como um ego que constrói uma representação mental e deseja que esta seja “captada” pelo interlocutor da maneira como foi mentalizada (KOCH, 2005, p.13). Para esta concepção a expressão (pensamento) seria criada apenas no interior da mente de cada sujeito, e a exteriorização era uma tradução daquilo que se pensava sem reflexão. Nessa perspectiva, a língua é compreendida como homogênea e estática, pois não considera que a produção de um enunciado, que se materializam em um gênero textual/discursivo, possui uma finalidade e utilização social, isto é, “para essa concepção, o modo como o texto, que se usa em cada situação de interação comunicativa, não depende em nada de quem se fala, em que situação se fala, como, quando e para quem se fala” (TRAVAGLIA, 1998, p. 22) 10 Didática da Língua Portuguesa Esse tipo de visão da linguagem desencadeou um modo de ensino que privilegiava apenas um único uso da língua. Tal ideia condicionava-se ao fato de que até o início da década de 1960, as escolas brasileiras se concentravam nas zonas urbanas e abrangiam prioritariamente a uma pequena camada privilegiada da sociedade brasileira (SOARES, 1998; BAGNO, 2007), ou seja, os falantes das variedades linguísticas urbanas de prestígio. De acordo com Bagno (2007, p. 30), “esses falantes se caracterizavamcomo pessoas que eram muito influenciadas pela cultura da escrita e pelo policiamento linguístico praticado pela escola e por outras instituições sociais”. Como consequência disso, o aluno já chegava à escola tendo domínio do da variedade de prestígio. Assim, o ensino de língua, nesse período, centrava-se apenas no reconhecimento da língua escrita, ou seja, existia um tipo de ensino que era considerado - e ainda é – como prescritivo, pois impõe ao falante a substituição de seus próprios padrões de atividades linguísticas, considerados, por normas tradicionais, como errados/inaceitáveis, por outros usos sociais da língua considerados corretos/aceitáveis. Ainda com relação a esse aspecto, Travaglia esclarece que esse ensino: é, portanto, um ensino que interfere com as habilidades linguísticas existentes. É ao mesmo tempo prescritivo, pois a cada “faça isso” corresponde a um não faça aquilo (...) e só privilegia, em sala de aula, o trabalho com a variedade escrita culta da língua, tendo como um de seus objetos básicos a correção formal da linguagem (TRAVAGLIA, 1998, p.38)”. Fonte: www.google.imagens.com.br http://www.google.imagens.com.br/ 11 Didática da Língua Portuguesa Com base no que propõe o autor acima, percebemos que a linguagem escrita sempre esteve como majoritária dentro da sala de aula, sendo usada como ferramenta fundamental para o desenvolvimento do que é considerado como “correto”, o que consequentemente levou o texto oral a não ter espaço para ser trabalhado como objeto de ensino, ou então, quando o ensino da linguagem oral é abordado considera-se apenas o trabalho com a variação linguística tomando por base uma visão preconceituosa ou então visualizando- se a relação entre oralidade/escrita como sendo formas dicotômicas (ROJO, 2003). Em linhas semelhantes à Travaglia, Soares (1998) mostra que essa concepção caracterizou o ensino de língua em nossas escolas durante um longo período como um sistema fechado, deixando transparecer que a linguagem – escrita - deveria ser encarada como algo intocável ou até mesmo imutável, daí essa primeira concepção da linguagem ter tanta aceitabilidade em nas escolas durante um longo período. Já Travaglia (1998, p.22), vê a linguagem como instrumento de comunicação, ou seja, como um meio objetivo para a comunicação Por meio desta compressão de linguagem, a língua é vista como um código, isto é, um conjunto de signos que se combinam segundo regras. Desse modo, nessa nova percepção já se percebe o ato de comunicação, e se considerando o emissor e receptor, sendo que ambos deveriam dominar o código para que a comunicação seja efetiva-se. Koch (2000) nos esclarece que a linguagem vista enquanto um código, objetiva apenas a transmissão de informações, ou seja, o código – a língua – era vista como algo objetivo e externo à consciência individual, havendo assim uma limitação ao estudo do funcionamento interno da língua e desconsiderando-se o uso da língua em contextos sociais mais amplos. Já para Marcuschi (2008, p. 60) essa noção de linguagem desvincula a língua de suas características mais importantes: “de seu aspecto cognitivo e social”, ou seja, para essa concepção o falante tem em sua mente uma mensagem a transmitir a um ouvinte, isto é, informações que quer repassar a outro. Para 12 Didática da Língua Portuguesa isso, ele transporta essa mensagem para um código (codificação) e a remete para o outro através de um canal. Essa visão levou ao estudo da língua enquanto código virtual, isolado de sua utilização. Segundo Soares (1998) é a partir da década de 70 que se passa a tratar, no Brasil, a língua nacional nas escolas, como “instrumento de comunicação”. Assim, partindo dessa concepção, que está ligada à teoria da comunicação, o ensino de língua fundamentou-se na apropriação do código e caberia ao professor garantir que o aluno conhecesse o sistema alfabético e a gramática, para que este pudesse utilizar o código, ora como emissor – codificador - ora como recebedor – decodificador, o que caracterizou o ensino de língua como sendo descritivo. Com os estudos existentes a partir da linguística textual, análise do discurso, sociolinguística, e principalmente da linguística aplicada, é que se passa a considerar de fato, que as manifestações de uma língua, seja escrita ou oral, estão inseridas em um processo de construção interativa. Estes estudos estão no esteio da concepção que vê a linguagem como processo de interação. A linguagem é vista como atividade de interação humana e por intermédio dela os indivíduos praticam ações, que envolvem tanto fala quanto escrita, considerando o contexto sócio-histórico e ideológico que estão envolvidos no ato comunicativo, ou seja, para essa concepção a língua é encarada como um conjunto de práticas sociais e de linguagem historicamente situadas, em diversas esferas de comunicação da atividade humana, como propõe Bakhtin: todas as esferas da atividade humana, por mais variadas que sejam, estão sempre relacionadas com a utilização da língua. Não é de surpreender que o caráter e os modos dessa utilização sejam tão variados como as próprias esferas da atividade humana, o que não contradiz a unidade nacional de uma língua. (BAKHTIN, 1953/4). Para Travaglia (1998) nessa outra visão da linguagem, o que o sujeito faz ao usar a língua não é tão somente traduzir e exteriorizar um pensamento, ou transmitir informações a outrem, mas sim realizar ações, agir sobre o interlocutor (ouvinte/leitor). Assim, nessa concepção a linguagem, seja ela escrita ou oral, processa-se por meio de enunciados que se materializam em 13 Didática da Língua Portuguesa diversas interações, como esclarece Bakhtin (1929/30): a enunciação é o produto da interação de dois indivíduos socialmente organizados e, mesmo que não haja um interlocutor real, este pode ser substituído pelo representante médio do grupo social ao qual pertence o locutor. A palavra dirige-se a um interlocutor: ela é função da pessoa desse interlocutor (...). "Não pode haver interlocutor abstrato; não teríamos linguagem comum com tal interlocutor, nem no sentido próprio nem no figurado” (...) a enunciação enquanto tal é um puro produto da interação social, quer se trate de um ato de fala determinado pela situação imediata ou pelo contexto mais amplo que constitui o conjunto das condições de vida de uma determinada comunidade linguística. A perspectiva apresentada por Bakhtin nos mostra que a linguagem é situada como o lugar de constituição das relações sociais, ou seja, é na interação que se estabelecem/concretizam-se discursos e não apenas comunicações (SOARES, 1998), uma vez que as condições sociais e históricas em que o ato comunicativo ocorre são consideradas como partes integrantes da interação. Para Koch (2010) diferentemente das outras concepções de linguagem, na perspectiva interacional/dialógica da língua, os sujeitos são vistos, não mais como (pré)determinados pelos sistema lingüístico, mas sim como atores/construtores sociais, sujeitos ativos que – dialogicamente – se constroem e são construídos no texto, considerado o próprio lugar da interação, ou seja da constituição dos interlocutores. Esta nova perspectiva de linguagem trouxe contribuições significativas para o ensino de língua portuguesa, uma vez que alterou o modo como o texto era trabalhado em sala de aula. Esta concepção, juntamente com diversos trabalhos que foram e que estão sendo produzidos a partir de diversas releituras da teoria dos gêneros discursivos de Bakhtin (1953) e de pesquisas elaboradas dentro do campo da linguística aplicada no Brasil, mostram que na interpretação/compreensão e produção de qualquer texto, o aluno precisará acionar conhecimentos prévios, leituras de mundo, considerar o contexto de produção e outros elementos queestão envolvidos na constituição do fenômeno textual. 14 Didática da Língua Portuguesa As mudanças de paradigmas sobre a compreensão da linguagem provocaram mudanças também no que concerne aos objetivos do ensino de língua materna na escola. Situando as discussões em torno da terceira concepção de linguagem, hoje hegemônica entre os estudiosos da área percebemos, que o ensino de língua como nos apresenta Travaglia (1998) deve prioritariamente ter como objetivo central o desenvolvimento da competência comunicativa do aluno. Entretanto, mesmo que as discussões sobre linguagem e ensino de língua estejam pautadas atualmente no viés da linguagem como forma de interação, ainda é percebida a presença das outras perspectivas de linguagem (como mera expressão do pensamento e como meio para comunicação), convivendo no espaço escolar, ora na prática do professor, ora nos livros didático de língua portuguesa. Assim, em sentido mais amplo, ensinar língua e avaliar o ensino de língua, são atividades que refletem as noções/representações que temos acerca do que é uma língua, do que são seus diferentes componentes, e de como esses componentes intervêm na sua utilização. Desse modo, dessas concepções de linguagem vai variar, naturalmente, “o próprio objeto do ensino, e em desdobramento, todos os paradigmas de tratamento das questões linguísticas que devem nortear o ensino de língua materna na escola” (ANTUNES, 2009, p.218). A insegurança na comunicação, principalmente em situações formais, demonstrada pelos escolares, a incapacidade de redação na maioria dos candidatos em concurso vestibular e a dificuldade de compreensão de textos em todos os níveis escolares constituem indicações da importância do ensino na Língua Portuguesa, cujo questionamento vem ocupando uma posição central no contexto educacional. Essa situação faz com que os professores de Português realizem estudos e pesquisas e apresentem alternativas para melhor funcionalidade desse ensino, a partir da análise das suas deficiências. Os profissionais da Língua Portuguesa voltam-se às ciências linguísticas como a fonte de onde se podem inferir normas metodológicas para o ensino, que, associadas aos 15 Didática da Língua Portuguesa princípios metodológicos, permitem uma tomada de posição mais efetiva sobre o que ensinar e como fazê-lo. Nossa interpretação é de que o fato metodológico é realmente abrangente, visto encerrar uma filosofia de educação, o pensamento de uma sociedade com peculiaridades locais em permanente e acelerada mudança, e uma teoria linguística. No Brasil, o ensino da língua materna tem-se desenvolvido quase somente por meio do ensino da gramática tradicional. E o pressuporto básico, nessa acepção, é de que saber a teoria gramatical equivale a saber Português. A gramática é, portanto, colocada e vista como parte fundamental do ensino da língua. Decorrentes dessas premissa surgem as diretrizes metodológicas: toda a teoria gramatical é sistematizada e estruturada para que o escolar a domine no processo de escolarização. Os conteúdos das oito séries de 1º grau e os das três séries do 2º grau são reunidos num conjunto compartimentado. Há, assim, onze compartimentos, cada um correspondendo a um ano letivo, complementados com exercícios dimensionados, conceitos, regras e exceções. Embora essa metodologia de ensino da Língua Portuguesa eivada só de gramática seja desgastante, ela é de procedimento geral em classes de 1º grau. O posicionamento, visto assim, é fruto de uma tradição histórica, organizada numa concepção clássica do ensino da língua, trazida pelos jesuítas. Em termos concretos, essa tradição de ensino, que procurava seu aperfeiçoamento evitando qualquer alternativa, fazia com que o professor que só havia aprendido gramática, apenas gramática ensinasse, fechando assim um círculo vicioso, com poucas perspectivas de mudanças. Esse posicionamento foi sendo reforçado e estratificado pelas principais normas legislativas. Em 1959, por exemplo, a Portaria 36, do Ministério da Educação e Cultura (MEC), disciplina a adoção da Nomenclatura Gramatical Brasileira e recomenda seu uso no ensino programático como também em atividades que visem à verificação da aprendizagem. Nessa mesma Portaria são definidas as instruções quanto à seleção dos termos da 16 Didática da Língua Portuguesa nova nomenclatura: exatidão científica do termo; vulgarização internacional e a sua tradição na vida escolar brasileira. E quanto às recomendações atinentes à aplicação, destaca-se: dá-se importância a revisão da doutrina gramatical e à realização de pesquisas contínuas para detectar os erros mais comuns cometidos pela coletividade escolar, atentatórios à gramática. Se é louvável a intenção da Portaria com relação à revisão permanente da doutrina gramatical - o que nunca foi feito - e com a pesquisa dos fatos linguísticos correntes - o que também nunca foi feito - é lamentável a concepção linguística subjacente à Portaria. É uma concepção defasada da variação linguística, vista como erros atentatórios à gramática, proveniente de um ensino monolítico, onde não se admitiam alternativas, características do ensino tradicional. Por fim, como um simples apêndice, a Portaria faz breve referência a que o ensino se subordine a um embasamento linguístico e a uma técnica dentro da Linguística Aplicada. É interessante ressaltar que os únicos efeitos concretos da Portaria 36 foram a unificação da nomenclatura gramatical e o reforço da postura tradicional de reduzir o ensino de Português ao ensino da gramática tradicional. A Portaria não abre perspectivas de mudanças na orientação geral do ensino. Apesar de a Lei 4.024, de 20 de dezembro de 1961, ter representado um avanço em termos de legislação educacional, por dar maior descentralização ao sistema, a essência do ensino da Língua Portuguesa continuou a mesma. A Lei 5.692/71, se bem que apresente também uma evolução do quadro da legislação, acabou por produzir uma situação extremamente paradoxal no ensino da Língua Portuguesa, quer em termos intrínsecos - contradição entre os pressupostos gerais da lei e seus desdobramentos em textos complemetares -, quer em termos extrínsecos - a contradição entre a lei e sua aplicação. Basicamente, a legislação assume a posição de distinguir um ensino centrado no uso da língua de um ensino a respeito da língua, acrescentando que o primeiro deve preceder ao segundo. Esses dados ficam claros pela leitura do Parecer 853/71. 17 Didática da Língua Portuguesa O artigo 5º desse Parecer afirma que nas séries iniciais, sem ultrapassar a quinta, a língua será desenvolvida sob a forma de Comunicação e Expressão, tratada predominantemente como atividade; em seguida, até o fim desse grau, sob a forma de Comunicação em Língua Portuguesa, tratada predominantemente como área de estudo; no ensino do 2º grau, sob a forma de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, tratada predominantemente como disciplina. O artigo 4º define que nas atividades, a aprendizagem far-se-á principalmente mediante experiências vividas pelo próprio educando no sentido que atinja, gradativamente, a sistematização de conhecimentos (parágrafo 1º); nas áreas de estudo, formadas pela integração de conteúdos afins, as situações de experiência tenderão a equilibrar-se com os conhecimentos sistemáticos para configuração da aprendizagem (§ 2º); nas disciplinas, a aprendizagem se desenvolverá predominantemente sobre conhecimentos sistemáticos (§ 3º). Se o analfabetismo é considerado desligado da questão sócio- econômica ou causador dela (desde a simples afirmação de que pobre é fruto de sua ignorância, até a mais sofisticada, de que essas pessoas são marginalizadas e tendem a praticar desajustes sociais por falta de instrumentalização cultural), parte-se,em geral, para a aplicação da teoria compensatória (como se fez em diversos locais, por exemplo, nos Estados Unidos, onde o próprio governo a adotou), julgando-se que "dando cultura" a essas populações resolver-se-iam seus graves desajustes. Essa posição é traduzida, na prática, pelo menosprezo da escola aos valores das pessoas oriundas das faixas marginalizadas da população, menosprezo esse que será uma das razões de seu fracasso escolar. Críticas de ordem teórica e empírica foram levantadas contra tal posicionamento. 18 Didática da Língua Portuguesa Fonte: www.google.imagens.com.br Se o analfabetismo for encarado como consequência da situação sócio-econômica, e é assim que o entendemos, outro será o sentido e o valor do ensino de Português. Poderá desempenhar papel importante na medida em que cria condições para que as pessoas possam ampliar seu universo de comunicações como perspectiva de situar-se melhor em meio aos conflitos decorrentes de sua situação sócioeconômica. A leitura ganha valor à medida que ela é caminho para novas informações, para aprendizagem de visões diferentes do mundo. A leitura passa a ser instrumento de libertação para a pessoa interpretar, refletir, formar-se, conscientizar-se. O mais importante da leitura, nesse enfoque, é que ela nos torna pensadores, pois irá instrumentalizar o indivíduo para uma compreensão mais ampla do seu mundo e para a comunicação. Dessa forma, a escola ganha novo sentido, o professor já não é a única fonte de informação. Outro desafio para o ensino de Português é a extensão social dos mais variados meios de comunicação, em decorrência dos avanços tecnológicos das últimas quatro décadas. O indivíduo está cercado, por todos os lados, pela força dos meios de comunicação, força essa que motiva as diretrizes da vida, que implusiona, que faz aparecer interesses e necessidades. http://www.google.imagens.com.br/ 19 Didática da Língua Portuguesa E, nesse campo, os veículos de comunicação marcam presença: seja pelo número de horas absorvidas pela assistência aos programas de TV, seja pela gama infindável de opções no campo das publicações. O trabalho do professor de Português ganha realce em face dessa situação, visto o aluno precisar adaptar-se criticamente a ela, desenvolvendo a capacidade de maior compreensão dessas formas de comunicação e evitando ser um receptor passivo: ele precisa discutir a mensagem postando-se ativamente diante das situações criadas. Rodriguez (1995) afirma que uma das tarefas da Linguística no Brasil é a investigação do nosso idioma e que há necessidade de se analisar ou reanalisar a língua portuguesa de um ponto de vista puramente descritivo. A esse respeito Isaura Higa se pronuncia colocando a necessidade que em todos os recantos de nosso país sejam feitas pesquisas linguísticas que venham contribuir de forma prática para elaboração de uma descrição da língua nacional que servirá de ponto de partida à atualização do ensino de nossa língua materna. Se, de um lado, uma descrição melhor da língua nos vai fornecer um panorama mais atualizado dela - e poderemos trabalhar nas escolas com uma língua menos arcaica e mais próxima das experiências e necessidades de nossos alunos -, será também de utilidade adiantar diretrizes gerias para o ensino da língua como base na aplicação de uma teoria que nos forneçam uma noção mais abrangente dessa língua, vista não apenas como um sistema formal, mas também como um sistema de opções comportamentais. Em relação ao ensino de línguas, dois grandes objetivos podem ser esclarecidos. Se entendermos língua como um sistema de opções comportamentais, o objetivo será desenvolver nos alunos as habilidades de expressão e compreensão de mensagens verbais: o uso ou apropriação da língua, em situações sociais concretas de intercâmbio linguístico. Se encarada como objeto de estudo - um sistema a ser identificado e descrito - o objetivo passará a ser o conhecimento consciente do sistema linguístico, saber a 20 Didática da Língua Portuguesa respeito da língua. A ênfase num ou noutro caracteriza um ensino prático ou mais teórico. Essa abordagem tem merecido, recentemente, especial atenção dos sociolinguístas e, nesse campo, os estudiosos têm dado maior destaque ao aspecto sócio-semântico das opções linguísticas que caracterizam a heterogeneidade do uso da língua entre uma determinada população. Em suma, para ele não há distinção entre estrutura e uso, estando ambos interligados. 1.2 História da Língua Portuguesa e seus saberes O português teve origem no que é hoje a Galiza e o norte de Portugal, derivada do latim vulgar que foi introduzido no oeste da península Ibérica há cerca de dois mil anos. Tem um substrato céltico-lusitano, resultante da língua nativa dos povos ibéricos pré-romanos que habitavam a parte ocidental da península (Galaicos, Lusitanos, Célticos e Cónios). Surgiu no noroeste da península Ibérica e desenvolveu-se na sua faixa ocidental, incluindo parte da antiga Lusitânia e da Bética romana. O romance galaico-português nasce do latim falado, trazido pelos soldados romanos, colonos e magistrados. (ZUMTHOR, 1993). O contato com o latim vulgar fez com que, após um período de bilinguismo, as línguas locais desaparecessem, levando ao aparecimento de novos dialetos. Assume-se que a língua iniciou o seu processo de diferenciação das outras línguas ibéricas através do contato das diferentes línguas nativas locais com o latim vulgar, o que levou ao possível desenvolvimento de diversos traços individuais ainda no período romano. (TRAVAGLIA, 1998) A língua iniciou a segunda fase do seu processo de diferenciação das outras línguas românicas depois da queda do Império Romano, durante a época das invasões bárbaras no século V quando surgiram as primeiras alterações fonéticas documentadas que se refletiriam no léxico. Começou a ser usada em documentos http://pt.wikipedia.org/wiki/Galiza http://pt.wikipedia.org/wiki/Norte_de_Portugal http://pt.wikipedia.org/wiki/Latim_vulgar http://pt.wikipedia.org/wiki/Pen%C3%ADnsula_Ib%C3%A9rica http://pt.wikipedia.org/wiki/Estrato_(lingu%C3%ADstica) http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADnguas_celtas http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_lusitana http://pt.wikipedia.org/wiki/Povos_ib%C3%A9ricos_pr%C3%A9-romanos http://pt.wikipedia.org/wiki/Galaicos http://pt.wikipedia.org/wiki/Lusitanos http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A9lticos http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%B3nios http://pt.wikipedia.org/wiki/Pen%C3%ADnsula_Ib%C3%A9rica http://pt.wikipedia.org/wiki/Lusit%C3%A2nia http://pt.wikipedia.org/wiki/B%C3%A9tica http://pt.wikipedia.org/wiki/Galaico-portugu%C3%AAs http://pt.wikipedia.org/wiki/Latim http://pt.wikipedia.org/wiki/Latim_vulgar http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADnguas_ib%C3%A9ricas http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADnguas_ib%C3%A9ricas http://pt.wikipedia.org/wiki/Latim_vulgar http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADnguas_rom%C3%A2nicas http://pt.wikipedia.org/wiki/Imp%C3%A9rio_Romano 21 Didática da Língua Portuguesa escritos pelo século IX, e no século XV tornara-se numa língua amadurecida, com uma literatura bastante rica. (ZUMTHOR, 1993). Chegando à Península Ibérica em 218 a.C., os romanos trouxeram com eles o latim vulgar, de que todas as línguas românicas (também conhecidas como "línguas novilatinas" ou "neolatinas") descendem. Só no fim do século I a.C. os povos que viviam a sul da Lusitânia pré-romana, os cónios e os celtas, começam o seu processo de romanização. As línguas paleo-ibéricas, como a Língua lusitana ou a sul-lusitana são substituídas pelo latim. A língua difundiu-se com a chegada dos soldados, colonos e mercadores, vindos das várias províncias e colônias romanas, que construíram cidades romanas normalmente perto de cidades nativas. (TRAVAGLIA, 1998) A partir de 409 d.C.,enquanto o Império Romano entrava em colapso, a península Ibérica era invadida por povos de origem germânica e iraniana ou eslava (suevos, vândalos, búrios, alanos),conhecidos pelos romanos. Os bárbaros (principalmente os suevos e os visigodos) absorveram em grande escala a cultura e a língua da península; contudo, desde que as escolas e a administração romana fecharam, a Europa entrou na Idade Média e as comunidades ficaram isoladas, o latim popular continuou a evoluir de forma diferenciada levando à formação de um proto-ibero-romance "lusitano" (ou proto-galego-português). (TRAVAGLIA, 1998) Desde 711, com a invasão islâmica da península, que também introduziu um pequeno contingente de saqalibas, o árabe tornou-se a língua de administração das áreas conquistadas. Contudo, a população continuou a usar as suas falas românicas, o moçárabe nas áreas sob o domínio mouro, de tal forma que, quando os mouros foram expulsos, a influência que exerceram na língua foi relativamente pequena. O seu efeito principal foi no léxico, com a introdução de cerca de mil palavras através do moçárabe-lusitano. (TRAVAGLIA, 1998) Em 1297, com a conclusão da reconquista, o rei D.Dinis I prossegue políticas em matéria de legislação e centralização do poder, adaptando o português como língua oficial em Portugal. O idioma se espalhou pelo mundo nos séculos XV e http://pt.wikipedia.org/wiki/Pen%C3%ADnsula_Ib%C3%A9rica http://pt.wikipedia.org/wiki/Latim_vulgar http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADnguas_rom%C3%A2nicas http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%B3nios http://pt.wikipedia.org/wiki/Celtas http://pt.wikipedia.org/wiki/Romaniza%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADnguas_paleo-ib%C3%A9ricas http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_lusitana http://pt.wikipedia.org/wiki/Escrita_do_sudoeste http://pt.wikipedia.org/wiki/Imp%C3%A9rio_Romano http://pt.wikipedia.org/wiki/Povos_germ%C3%A2nicos http://pt.wikipedia.org/wiki/Povos_iranianos http://pt.wikipedia.org/wiki/Povos_eslavos http://pt.wikipedia.org/wiki/Suevos http://pt.wikipedia.org/wiki/V%C3%A2ndalos http://pt.wikipedia.org/wiki/B%C3%BArios http://pt.wikipedia.org/wiki/Alanos http://pt.wikipedia.org/wiki/Idade_M%C3%A9dia http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_galego-portuguesa http://pt.wikipedia.org/wiki/711 http://pt.wikipedia.org/wiki/Saqaliba http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_%C3%A1rabe http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_mo%C3%A7%C3%A1rabe http://pt.wikipedia.org/wiki/Mouro http://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_palavras_portuguesas_de_origem_%C3%A1rabe http://pt.wikipedia.org/wiki/Mo%C3%A7%C3%A1rabe http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_oficial 22 Didática da Língua Portuguesa XVI quando Portugal estabeleceu um império colonial e comercial (1415-1999) que se estendeu do Brasil, na América, a Goa, na Ásia (Índia, Macau na China e Timor- Leste). Foi utilizada como língua franca exclusiva na ilha do Sri Lanka por quase 350 anos. Durante esse tempo, muitas línguas crioulas baseadas no português também apareceram em todo o mundo, especialmente na África, na Ásia e no Caribe (SILVA, 1997). Em março de 1994 foi fundado o Bosque de Portugal, na cidade sul- brasileira de Curitiba; o parque abriga o Memorial da Língua Portuguesa, que homenageia os imigrantes portugueses e os países que adotam a língua portuguesa; originalmente eram sete as nações que estavam representadas em pilares, mas com a independência de Timor-Leste, este também foi homenageado com um pilar construído em 2007. Em março de 2006, fundou-se em São Paulo o Museu da Língua Portuguesa. O Dia da Língua Portuguesa e da Cultura é comemorado em 5 de Maio, sendo promovido pela CPLP e celebrado em todo o espaço lusófono. (SILVA, 1997). O português é uma língua indo-europeia, do grupo das línguas românicas (ou latinas), as quais descendem do latim, pertencente ao ramo itálico da família indo-europeia. Considera-se, comparado com línguas da península Ibérica e excluindo o galego e o mirandês, ter maiores parecenças com o sistema vocálico catalão, mas também existem algumas similitudes entre o português e os falares pirenaicos centrais. Como fator decisivo para a evolução do português considera-se frequentemente a influência dum substrato celta. Os fonemas vocálicos nasais estabelecem uma similitude com o ramo galo-românico (especialmente com o francês antigo). (RODRÍGUEZ, 1995). A língua portuguesa é, em alguns aspectos, parecida com a língua castelhana, tal como com a língua catalã ou a língua italiana, mas é muito diferente na sua sintaxe, na sua fonologia e no seu léxico. Um falante de uma das línguas precisa de alguma prática para entender um falante da outra. Além do mais, as diferenças no vocabulário podem dificultar o entendimento. Entretanto, essa situação usualmente se configura usando o vocabulário corrente da língua. Geralmente, há http://pt.wikipedia.org/wiki/Portugal http://pt.wikipedia.org/wiki/Imp%C3%A9rio_portugu%C3%AAs http://pt.wikipedia.org/wiki/1415 http://pt.wikipedia.org/wiki/1999 http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil http://pt.wikipedia.org/wiki/Am%C3%A9rica http://pt.wikipedia.org/wiki/Goa http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81sia http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%8Dndia http://pt.wikipedia.org/wiki/Macau http://pt.wikipedia.org/wiki/Rep%C3%BAblica_Popular_da_China http://pt.wikipedia.org/wiki/Timor-Leste http://pt.wikipedia.org/wiki/Timor-Leste http://pt.wikipedia.org/wiki/Lingua_franca http://pt.wikipedia.org/wiki/Sri_Lanka http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_crioula http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81frica http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81sia http://pt.wikipedia.org/wiki/Caribe http://pt.wikipedia.org/wiki/1994 http://pt.wikipedia.org/wiki/Bosque_de_Portugal http://pt.wikipedia.org/wiki/Regi%C3%A3o_Sul_do_Brasil http://pt.wikipedia.org/wiki/Regi%C3%A3o_Sul_do_Brasil http://pt.wikipedia.org/wiki/Curitiba http://pt.wikipedia.org/wiki/Memorial_da_L%C3%ADngua_Portuguesa http://pt.wikipedia.org/wiki/Imigra%C3%A7%C3%A3o_portuguesa_no_Brasil http://pt.wikipedia.org/wiki/Timor-Leste http://pt.wikipedia.org/wiki/2007 http://pt.wikipedia.org/wiki/2006 http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A3o_Paulo_(cidade) http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A3o_Paulo_(cidade) http://pt.wikipedia.org/wiki/Museu_da_L%C3%ADngua_Portuguesa http://pt.wikipedia.org/wiki/5_de_Maio http://pt.wikipedia.org/wiki/CPLP http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADnguas_indo-europeias http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_rom%C3%A2nica http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_rom%C3%A2nica http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADnguas_indo-europeias#L.C3.ADnguas_it.C3.A1licas http://pt.wikipedia.org/wiki/Catal%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_castelhana http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_castelhana http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_catal%C3%A3 http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_italiana http://pt.wikipedia.org/wiki/Sintaxe http://pt.wikipedia.org/wiki/Fonologia http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%A9xico 23 Didática da Língua Portuguesa palavras portuguesas da mesma origem etimológica (às vezes em desuso) que as dos outros romances. (RODRÍGUEZ, 1995). Compare-se por exemplo: Ela fecha sempre a janela antes de jantar. (em português) (língua atual) Ella cierra siempre la ventana antes de cenar. (castelhano) Ela cerra sempre a ventana antes de cear. (usando a mesma etimologia) Enquanto os falantes de português têm um nível notável de compreensão do castelhano, os falantes castelhanos têm, em geral, maior dificuldade de entendimento. Isto acontece porque o português, apesar de ter sons em comum com o castelhano, também tem sons particulares. No português, por exemplo, há vogais e ditongos nasais (provavelmente herança das línguas célticas). Além disso, no português europeu há uma profunda redução de intensidade das sílabas finais e as vogais átonas finais tendem a ser ensurdecidas ou mesmo suprimidas. Esta particularidade da variedade europeiaresulta do chamado ‘processo de redução do vocalismo átono’. O português é, naturalmente, relacionado com o catalão, o italiano e todas as outras línguas de origem latina. Há muitas línguas de contato derivadas do ou influenciadas pelo português, como por exemplo o patuá macaense de Macau. No Brasil, destacam-se o lanc-patuá derivado do francês e vários quilombolas, como o cupópia do Quilombo Cafundó, de Salto de Pirapora, no estado brasileiro de São Paulo. Sobre a ortografia, o português tem duas variedades escritas (padrões ou standards) reconhecidas internacionalmente: Português europeu e africano (português europeu) Português do Brasil (português brasileiro) http://pt.wikipedia.org/wiki/Processo_do_vocalismo_%C3%A1tono_do_portugu%C3%AAs_europeu http://pt.wikipedia.org/wiki/Processo_do_vocalismo_%C3%A1tono_do_portugu%C3%AAs_europeu http://pt.wikipedia.org/wiki/Patu%C3%A1_macaense http://pt.wikipedia.org/wiki/Macau http://pt.wikipedia.org/wiki/Lanc-patu%C3%A1 http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_francesa http://pt.wikipedia.org/wiki/Quilombola http://pt.wikipedia.org/wiki/Cup%C3%B3pia http://pt.wikipedia.org/wiki/Quilombo_Cafund%C3%B3 http://pt.wikipedia.org/wiki/Salto_de_Pirapora http://pt.wikipedia.org/wiki/Estados_do_Brasil http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A3o_Paulo http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A3o_Paulo http://pt.wikipedia.org/wiki/Portugu%C3%AAs_europeu http://pt.wikipedia.org/wiki/Portugu%C3%AAs_brasileiro 24 Didática da Língua Portuguesa Empregado por cerca de 85% dos falantes do português, o padrão brasileiro é hoje o mais falado, escrito, lido e estudado do mundo. É, ademais, amplamente estudado nos países da América do Sul, devido à grande importância econômica do Brasil no Mercosul. (RODRÍGUEZ, 1995). As diferenças entre as variedades do português da Europa e do Brasil estão no vocabulário, na pronúncia e na sintaxe, especialmente nas variedades vernáculas, enquanto nos textos formais essas diferenças diminuem bastante. As diferenças não são maiores que entre o inglês dos Estados Unidos e do Reino Unido ou o francês da França e de Québec. Ambas as variedades são, sem dúvida, dialetos da mesma língua e os falantes de ambas as variedades podem entender-se apenas com pequenas dificuldades pontuais. (GARCIA, 2000) Essas diferenças entre as variantes são comuns a todas as línguas naturais, ocorrendo em maior ou menor grau, dependendo do caso. Com um oceano entre Brasil e Portugal, e ao longo de quinhentos anos, a língua evoluiu de maneira diferente em ambos os países, dando origem a dois padrões de linguagem simplesmente diferentes, não existindo um padrão que seja mais correto em relação ao outro. É importante salientar que dentro daquilo a que se convencionou chamar "português do Brasil" e "português europeu" há um grande número de variações regionais. (GARCIA, 2000) Fonte: www.google.imagens.com.br Um dos traços mais importantes do português brasileiro é o seu conservadorismo em relação à variante europeia, sobretudo no aspecto fonético. Um português do século XVI mais facilmente reconheceria a fala de um brasileiro http://pt.wikipedia.org/wiki/Am%C3%A9rica_do_Sul http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil http://pt.wikipedia.org/wiki/Mercosul http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_inglesa http://pt.wikipedia.org/wiki/Estados_Unidos http://pt.wikipedia.org/wiki/Reino_Unido http://pt.wikipedia.org/wiki/Reino_Unido http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_francesa http://pt.wikipedia.org/wiki/Fran%C3%A7a http://pt.wikipedia.org/wiki/Qu%C3%A9bec http://pt.wikipedia.org/wiki/Linguagem http://www.google.imagens.com.br/ 25 Didática da Língua Portuguesa do século XX como sua do que a fala de um português. O exemplo mais forte disto é o vocalismo átono usado no Brasil, que corresponde ao do português da época dos descobrimentos. Assim, a linguística não só retira qualquer autoridade de qualquer variante em relação às outras, como mostra que a distância entre as variantes e entre os seus falantes não é tão grande como muitos pensam. (GARCIA, 2000) O que mais afasta as duas variantes não é o seu léxico ou pronúncia distintos, considerados naturais até num mesmo país, mas antes a circunstância, pouco comum nas línguas, de seguirem duas ortografias diferentes. Por exemplo, o Brasil eliminou o "c" das sequências interiores cc/cç/ct, e o "p" das sequências pc/pç/pt sempre que não são pronunciados na forma culta da língua, um remanescente do passado latino da língua que persistiu no português europeu. (LERNER, 2002) Também ocorrem diferenças de acentuação devido a pronúncias diferentes. No Brasil, em palavras como acadêmico, anônimo e bidêusa-se o acento circunflexo por tratar-se de vogais fechadas, enquanto nos restantes países lusófonos estas vogais são abertas: acadêmico, anônimo e bidé respectivamente. (LERNER, 2002) Durante muitos anos, Portugal (até 1975, incluía as suas colônias) e o Brasil tomaram decisões unilateralmente e não chegaram a um acordo comum, legislando sobre a língua. Existiram pelo menos cinco acordos ortográficos: Acordo Ortográfico de 1911, Acordo Ortográfico de 1943, Acordo Ortográfico de 1945, Acordo Ortográfico de 1971 e o Acordo Ortográfico de 1990. Todos eles estiveram envolvidos em polêmicas e divergências entre os países signatários. Os mais significativos foram o Acordo Ortográfico de 1943 que esteve em vigor apenas no Brasil entre 12 de agosto de 1943 e 31 de dezembro de 2008 (com algumas alterações introduzidas pelo Acordo Ortográfico de 1971) e o Acordo Ortográfico de 1945, em vigor em Portugal e todas as colônias portuguesas da época, desde 8 de Dezembro de 1945 até à entrada em vigor do Acordo Ortográfico de 1990 (que ainda não entrou em vigor em todos os países signatários) (LERNER, 2002) O Acordo Ortográfico de 1990 foi proposto para criar uma norma ortográfica única, de que participaram na altura todos os países de língua oficial http://pt.wikipedia.org/wiki/Imp%C3%A9rio_Portugu%C3%AAs http://pt.wikipedia.org/wiki/Acordo_Ortogr%C3%A1fico_de_1911 http://pt.wikipedia.org/wiki/Acordo_Ortogr%C3%A1fico_de_1911 http://pt.wikipedia.org/wiki/Acordo_Ortogr%C3%A1fico_de_1943 http://pt.wikipedia.org/wiki/Acordo_Ortogr%C3%A1fico_de_1945 http://pt.wikipedia.org/wiki/Acordo_Ortogr%C3%A1fico_de_1945 http://pt.wikipedia.org/wiki/Acordo_Ortogr%C3%A1fico_de_1971 http://pt.wikipedia.org/wiki/Acordo_Ortogr%C3%A1fico_de_1990 http://pt.wikipedia.org/wiki/Acordo_Ortogr%C3%A1fico_de_1990 26 Didática da Língua Portuguesa portuguesa, e em que esteve presente uma delegação não oficial de observadores da Galiza. Os signatários que ratificaram o acordo original foram Portugal (1991), Brasil (1995), Cabo Verde (1998) e São Tomé e Príncipe (2006). Variedades ortográficas Portugal e países que não assinaram o acordo de 1990 Brasil e países que assinaram o acordo de 1990 Direção direção Óptimo Ótimo Em julho de 2004 foi aprovado, em São Tomé e Príncipe, o Segundo Protocolo Modificativo, durante a Cúpula dos Chefes de Estado e de governo da CPLP. O Segundo Protocolo vem permitir que o Acordo possa vigorar com a ratificação de apenas três países, sem a necessidade de aguardar que todos os demais membros da CPLP adotem o mesmo procedimento, e contempla também a adesão de Timor-Leste, que ainda não era independente em 1990. Assim, tendo em vista que o Segundo Protocolo Modificativo foi ratificado pelo Brasil (2004), Cabo Verde (2005) e São Tomé e Príncipe (2006), e que o Acordo passaria automaticamente a vigorar um mês após a terceira ratificação necessária, tecnicamente o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa está em vigor, na ordem jurídica internacional e nos ordenamentos jurídicos dos três Estados acima indicados, desde 1º de Janeiro de 2007. Sobre o processo de leitura, Ferreiro (1987)afirma no sentido literal da palavra que a escola é um dos diversos fatores, bens e maus, que podem influir no desenvolvimento da criança, onde a aprendizagem da leitura pode ser considerada como um resultado natural quando a criança está exposta a um meio global no qual a comunicação da linguagem escrita é funcional. Ou seja, o efeito positivo ou http://pt.wikipedia.org/wiki/CPLP http://pt.wikipedia.org/wiki/CPLP 27 Didática da Língua Portuguesa negativo da escola em relação ao ensino é diretamente proporcional ao poder de aquisição da leitura e da escrita nas pessoas, sendo, no entanto, necessário o estudo de fatores psicológicos fundamentais que afetam essa aprendizagem. Na verdade, a leitura para ser compreendida em seu processo de aquisição, não importa que método ou materiais utilize o professor, os processos psicológicos essenciais estão presentes. Em outras palavras, Ferreiro (1987) confirma que é necessário maior importância no ato de se estudar o desenvolvimento da criança que daqueles conceitos que se utilizam quando pensamos na destreza (agilidade) de ler e na destreza de escrever. 28 Didática da Língua Portuguesa ATIVIDADE E FÓRUM Como a gramática é, portanto, colocada e vista como parte fundamental do ensino da língua? Enfatize sobre os malefícios de ser analfabeto sob os olhos da sociedade e da educação como um todo. 29 Didática da Língua Portuguesa educação como um todo UNIDADE 02 LÍNGUA PORTUGUESA E OS PCN’S Fonte: https://google.com.imagem 30 Didática da Língua Portuguesa 2.1 Portugues e os PCN’S Durante o período histórico que antecedeu às escolas, cabia a família ensinar a arte da escrita e leitura a seus filhos, onde estes então davam maior ênfase aos seus interesses e conveniências sociais, políticas e ou religiosas. Com a criação das escolas, coube a estas a tarefa de alfabetizar, ensinar a ler e a escrever. Daí então surgiu também às dúvidas com relação ao como fazê-lo, que caminhos seguir, como alfabetizar vários alunos de uma só vez, se cada um tem suas peculiaridades, seu tempo e condições de aprendizagem. (TFOUNI, 2000) Sabemos que atividade da leitura se faz presente em todos os níveis educacionais das sociedades letradas. E que tal presença, sem dúvida é marcante e abrangente e o aluno desde a alfabetização à universidade terá sempre encontros com livros, textos materializados na prática escolar sob a forma de livros adotado, texto base, bibliografia obrigatória, leitura suplementar, apostilha, etc. ao longo de sua trajetória acadêmica. Sendo assim o domínio da leitura imprescindível. (TFOUNI, 2000) Na verdade, seria difícil conceber uma escola onde o ato de ler não tivesse presente - isto ocorre porque o patrimônio histórico, cultural e científico da humanidade se encontra fixado em diferentes tipos de livros. Demo (2009) afirma que observando a escola e a universidade, hoje, dificilmente escapamos do susto de reconhecer que parecem preparar os alunos para a idade média e não para o mundo de hoje. A afirmação comprova que a linguagem escolar está cada vez mais distante da linguagem real da vida diária dos alunos. O que acaba por tornar inútil a vida escolar, pois o que se faz na escola tende a servir simplesmente para ela própria, tamanha é a distância do mundo escolar do mundo real fora dela. O ambiente escolar têm sido ao longo de sua existência meramente reprodutivista não conseguindo assim atender as demandas sociais do seu tempo. E podemos observar claramente que o ensino da língua natural, a qual é gerada 31 Didática da Língua Portuguesa ouvindo e falando é vivenciada pelo aluno brasileiro como uma espécie de “língua estrangeira”, de difícil compreensão. E isso se deve principalmente porque a escola não consegue se aproximar da vida cotidiana dos alunos. Tornado o estudo da nossa língua e a leitura como algo incomum, incapaz de fazer parte do rol de nossas diversões. Segundo Martins (2005, p.34): Aprender a ler significa também aprender a ler o mundo, dar sentido a ele e a nós próprios, o que, mal ou bem, fazemos sem ser ensinados. A função do educador não seria precisamente a de ensinar a ler, mas a de criar condições para o educando realizar a sua própria aprendizagem, conforme seus próprios interesses, necessidades, fantasias, segundo as dúvidas e exigências que a realidade lhe apresenta. O que a citação acima afirma que deveria estar presente na maioria das escolas dentro da obrigação de cada educador em ensinar seus educandos dentro de cada interesse, necessidade e realidade que cada um vive, onde mesmo na maioria das famílias de baixa renda, o ato de leitura e de escrita é raro ou quase sempre não existe, sendo a escola assim, a principal estação no processo da formação do leitor. Daí a importância da escola incentivar desde a educação infantil o gosto pela leitura, para que as pessoas quando adultos reconheçam e possuam condições de usufruir e oferecer aos demais, os benefícios oferecidos pela prática da leitura, tendo condições de entrar em contato com as diversas formas de participar ativamente na sociedade. (TFOUNI, 2000) Desenvolver o comportamento leitor desde cedo é uma forma de amenizar as dificuldades sociais e econômicas que abrem um abismo entre a qualidade da escolarização de pessoas de classe alta com as de baixa renda. Além desses existem uma série de outros fatores que dificultam a atuação do professor em sala 32 Didática da Língua Portuguesa de aula como por exemplo: salas com um número grande de pessoas, pessoas especiais que precisam de uma atenção mais específica e que somente um professor não consegue atender. (TFOUNI, 2000) São fatores que existem e que contribuem para que o professor, os alunos e a escola não consigam obter um resultado satisfatório. Porém, enquanto a escola só reconhecer como alfabetização a aquisição do alfabeto, continuar investindo no ensino de gramática, negando-se a oferecer os instrumentos para o indivíduo exercer sua cidadania, torna-se difícil reverter a atual realidade. Os Pcn’s de Língua Portuguesa (1998, p.54) caracterizam o leitor competente como alguém que, por iniciativa própria, é capaz de selecionar, dentre os trechos que circulam socialmente, aqueles que podem atender a uma necessidade sua. Porém é evidente que para isso a escola precisa veementemente vir a contribuir para que isso ocorra e o que no entanto observa-se é que às escolas caminham na contramão dos ideais da sociedade letrada, a qual determina uma leitura compreensiva, o que é fundamental para o desenvolvimento humano e exercício pleno da cidadania e consequentemente uma maior qualificação para o mundo do trabalho. Fonte: www.google.imagens.com.br Assim, podemos perceber que a aprendizagem da leitura é sem dúvida um dos processos mais emocionantes da vida de todo e qualquer ser, seja ele adulto ou criança e que a escola como o mundo do conhecimento não pode separar-se do http://www.google.imagens.com.br/ 33 Didática da Língua Portuguesa mundo dos sentimentos, das emoções, devendo sempre mesclar emoção e razão na busca de sabedoria. Ao abordarmos as dificuldades de leitura no processo ensino aprendizagem, vale ressaltar que o ato de ler inicia-se quando um sujeito, através da sua percepção, toma consciência de documentos escritos existentes no mundo. A leitura é um processo muito complexo e as dificuldades podem ocorrer de maneiras diversas. E de acordo com o desenvolvimento de atividades que incentive a leitura aos poucos, esta deixa de ser complexa e as pessoas começam a se identificar com tal processo. Nesse sentido a atividade docente desempenha um importantíssimo papel, pois levará os alunos a adquiremmaiores conhecimentos despertando-os a ver as opções políticas, ideológicas, estimulando a reflexão e criatividade. Porém para que isso ocorra é imprescindível que exista maior promoção de atividades que amplie o universo do aluno, estimulando-os a escrever, argumentar, contribuindo dessa forma na realização de aulas interessantes e na formação de leitores habituais e não meros decodificadores de signos. Além disso, é importante também proporcionar aos estudantes um permanente contato com diferentes tipos de textos, histórias, oferecendo uma rotina de trabalho variado onde ocorram constantes intervenções do processo proporcionando reflexão sobre as letras e palavras, pois as atividades devem ser um meio e não um fim. Também, temos a aquisição da leitura e escrita como fator fundamental e favorecedor dos conhecimentos futuros, é uma ferramenta essencial, ou mesmo a estrutura mestra onde serão alicerçadas as demais aquisições. Observa-se que o leitor tem papel dos mais importantes na definição do significado e no processo de aprendizagem da leitura. Pois quem lê só o faz quando atribui significados ao texto. Esse significado do texto vem das experiências prévias e do conhecimento do mundo do leitor. (TFOUNI, 2000) Isso significa que a leitura depende da sociedade, da cultura, da língua, das concepções, dos conhecimentos e das crenças que o leitor vivencia. Nessa 34 Didática da Língua Portuguesa perspectiva, através da leitura a criança observa pontos de vista, vários discursos e registros da língua, amplia essa percepção de tempo e espaço no seu vocabulário, desenvolvendo reflexões e o espírito crítico permitindo a mesma pensar, duvidar, se questionar para compreender o mundo letrado. (TFOUNI, 2000) Assim cabe a escola, especialmente ao professor, articular-se e reconhecer que o leitor pré-existe à descoberta do significado das palavras escritas e que este processo configura-se no decorrer das experiências de vida, desde as mais elementares e individuais às oriundas do intercâmbio de seu mundo pessoal e o universo social e cultual ao qual está inserido. Vygotsky (1989) já assim define que o saber que não vem da experiência não é realmente saber, e defende então a participação de um adulto como mediador facilitador do processo conduzido pelo próprio aluno. Dessa forma, o conhecimento da língua não é o único e suficiente meio para a leitura se efetivar na medida em que aprendemos a ler a partir do nosso contexto pessoal. Assim a ação docente deve valorizar o contexto pessoal, possibilitando através de sua mediação condições do aluno pode ir além. E um fator determinante para que isso aconteça está justamente na crença do professor de que o aluno pode aprender independentemente de sua condição social. Esse olhar do professor é capaz de abrir as portas do mundo da leitura e da escrita, pois este é um processo no qual a criança passa por etapas, com alguns avanços e constantes recuos, até se apossar do código linguístico e dominá-lo. Sendo que cada etapa é o tempo necessário para o aluno superar suas dificuldades, este dar-se de forma variada, sendo necessário, portanto que haja um respeito a evolução de cada criança, além da compreensão que um desempenho mais vagaroso não significa dizer que tal criança seja menos inteligente. De fato, os professores precisam fazer de sua ação pedagógica, uma prática bem planejada com muita dedicação, atuando como um mediador, observando, intervindo de acordo com as necessidades de cada aluno, identificando que cada um possui seu ritmo de aprendizagem com níveis de conhecimentos variados onde existe uma grande riqueza para ser trabalhada. (TFOUNI, 2000) 35 Didática da Língua Portuguesa Considerando que o ponto de partida da aprendizagem é a própria criança, permitindo assim compreender porque a escola consegue alfabetizar alguns e não outros. Porém a ação pedagógica com relação à disposição, no que diz respeito a difusão da prática da leitura, despertando interesses e criando meios de multiplicar o número de leitores, estimulando o gosto pela leitura entre as pessoas, atraindo o público com textos adequados aos interesses de acordo com a faixa etária, ainda não acontece de forma efetiva, pois a leitura no ambiente escolar consiste basicamente ao uso do livro didático. Silva (1998, p.1) afirma que: [...] através da docência, a escola tem por responsabilidade proporcionar condições para que os alunos conheçam e recriem o conhecimento já existente em diferentes áreas [...] a escola pode ler e analisar os problemas da realidade circundante e acionar os seus conhecimentos e/ou os seus recursos no sentido de tentar minimizar ou resolver esses problemas. Com a citação acima, fica evidente que a própria instituição escolar, principal responsável pelo ensino do registro verbal principalmente ler e escrever deve subsidiar suas ações a partir de constantes análises de sua eficácia, refletindo constantemente sua função procurando iluminá-la teoricamente. O sucesso ocorre nas escolas em que a leitura e a escrita são tratadas como conteúdo central procurando meios de inserir o estudante na sociedade, permitindo o acesso aos bens culturais, evitando que o trabalho com textos didáticos e literários se efetive de maneira burocrática, sem sentido para os alunos. Acredita-se, entretanto, que a motivação não é o único, mas o principal problema da leitura, antes, porém há que se compreender quais os fatores intervenientes (sociais, linguísticos, individuais) que geram dificuldades. Para tanto, é necessário que se possa ter uma compreensão mais exata do que é a leitura. 36 Didática da Língua Portuguesa Apenas a partir daí é que os docentes poderão solucionar os problemas de leitura tão marcantes nas suas aulas. Contribuindo para discussões no que tange à aquisição da leitura ao longo do desenvolvimento escolar do aluno, despertando o gosto pelo livro (mesmo que este contenha várias páginas, seja grosso) algo atualmente raro em nosso país. O aprendizado da leitura tem sido concebido pela escola como um simples ato de decodificar o sistema linguístico, não contemplando o aprendizado de habilidades linguísticas, as quais contemplem o ler, escrever, falar, escutar e entender. Assim, toda e qualquer atividade docente deve ter como objetivo principal, meios que desenvolvam um comportamento leitor em todos os estudantes, podendo desenvolver várias atividades em sala ou fora dela, fazer cantinhos de leitura, baú da leitura, dramatizações, procurar usar a interdisciplinaridade, mostrar vários tipos de leituras incentivando os mesmos a buscar novos livros só pela curtição de viajar em suas páginas, despertando o potencial crítico, autônomo, pensante e questionador. Constata-se que a linguagem e realidade se prendem dinamicamente, a compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto. No entanto, esse é um tipo de prática que inibe, ao invés de promover, a formação de leitores. Nas primeiras séries caracteriza-se essa prática por preocupação de aferimento da capacidade de leitura, que a aula se reduz quase que exclusivamente à leitura em voz alta. Assim, os autores do PCNs (1998, p. 69): [...] vêm a leitura como um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de compreensão e interpretação do texto, a partir de seus objetivos, de seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de tudo o que sabemos sobre a linguagem. 37 Didática da Língua Portuguesa Tal prática é justificada porque permitirá ao professor ‘’perceber se o aluno está atento ou não’’, apesar de sabermos que é mais fácil perder o fio da história quando estarmos prestando atenção à forma, à pronúncia, à pontuação, aspectos que deve, ser atendidos quando estamos lendo em voz alta. OsPCNs de Língua Portuguesa (1998, p.54), caracterizam o leitor competente como: [...] alguém que, por iniciativa própria, é capaz de selecionar, dentre os trechos que circulam socialmente, aqueles que podem atender a uma necessidade sua. Que consegue utilizar estratégias de leitura adequada para abordá-los de forma a atender a essa necessidade. Percebe-se que o leitor competente não se limita a ser uma entidade passiva e receptiva, cabe-se não apenas retirar o significado dos textos, mas atribuir um sentido aos membros. Na leitura não se processa apenas informação visual, a qual, tem a capacidade de prever, antecipar, seja com base na eliminação de alternativas ou na formulação e verificação de hipóteses. A leitura é um processo ativo quando o leitor toma decisões com base na eliminação de alternativas, quando reconstrói o sentido. A carga cognitiva, já aumentada pela leitura em voz alta (pelo fato de ter que atender tanto a pronuncia como ao sentido), é agravada quando o dialeto da criança não é o dialeto padrão, pois nesse caso ela deverá ainda traduzir o dialeto padrão no qual o texto está escrito para seu dialeto. (TFOUNI, 2000) Se ainda a professora exigir que a pronúncia da criança também seja padrão, então essa carga se aproxima dos limites do intolerável do ponto de vista cognitivo. Podemos imaginar os efeitos dessa vigência não apenas na autoconfiança e outros aspectos afetivos, mas também no desenvolvimento da compreensão: certamente essa exigência tomará a forma de correções à pronúncia, e 38 Didática da Língua Portuguesa consequentes interrupções nos processos através dos quais professor e aluno deveriam estar tornando o texto inteligível e coerente. A leitura é, no entanto, justamente o contrário: são elementos relevantes ou representativos os que conta, em função do significado do texto, a experiência do leitor é indispensável para construir o sentido, não há leituras autorizadas num sentido absoluto, mas apenas reconstruções de significados, algumas mais e outras menos adequadas, segundo os objetivos e intenções do leitor. Fonte: www.google.imagens.com.br Quando a leitura é entendida como interlocução, tal qual outras atividades de linguagem, só que à distância, então aqueles aspectos que diferenciam a interação oral da escrita e que permitem, de certa maneira, um enfoque que toma o texto como conjunto de palavras, passam a ter uma relevância menor. Mantendo em mente o fato de que tanto o texto oral quanto o texto escrito são produtos de uma intencionalidade, isto é, escritos por alguém, com alguma intenção de chegar aos outros, para informar, persuadir, influenciar tal qual acontece quando é evitado perder de vista o texto por causa das palavras que o veiculam. Outro ponto importante é quando um pai ou uma mãe, que assim se disponha a ensinar, mesmo não sendo um (a) pedagogo(a) ou linguista de formação, poderá, com esse procedimento, ajudar na formação leitora de seus filhos. No entanto, motivados por essa preocupação, muitos dos estudiosos, especialmente da área da Educação, vêm desenvolvendo uma verdadeira campanha de motivação para a leitura desde as fases iniciais de escolarização. (TFOUNI, 2000) http://www.google.imagens.com.br/ 39 Didática da Língua Portuguesa Acredita-se, entretanto, que a motivação não é o único nem o principal problema da leitura, antes há que se compreender quais os fatores intervenientes – sociais, linguísticos, individuais – que geram essa dificuldade. Para tanto, é necessário que se possa ter uma compreensão mais exata do que é a leitura. Apenas a partir daí é que se pode sugerir aos professores algumas soluções para os problemas de leitura que esses profissionais vêm enfrentando nas suas aulas. Visando contribuir para essa discussão, especialmente no que tange aos déficits linguísticos envolvidos na aquisição da leitura, no domínio da palavra e da frase, ao longo dos diferentes estágios no desenvolvimento escolar do aluno. Quanto à avaliação contemplada nos PCNS e compreendida como elemento integrador entre aprendizagem e o ensino. Dessa forma, o objetivo da avaliação é o ajuste e a orientação da intervenção pedagógica para que o aluno aprenda da melhor forma. Essa forma de avaliar permite ao professor fazer uma contínua reflexão sobre sua prática educativa. O aluno tem de ser avaliado durante todo o processo de ensino-aprendizagem e não apenas em momentos específicos, como no caso da prova. (TFOUNI, 2000) Variam os entendimentos do seja avaliação, conforme o enfoque com que o criador do conceito visualiza. Assim, na literatura sobre o assunto, vamos encontrar diversos significados atribuídos á avaliação educacional. Umas concepções enfatizam a dimensão medida, enquanto outras estão mais voltadas para o aspecto julgamento, ou juízo de valor, enquanto outras, ainda, permeiam as duas dimensões. Vejamos alguns desses conceitos e definições. (Godoy ( apud THORNDINE; et. el. 1960) temos […]: Avaliação em educação significa descrever algo em termos de atributos selecionados e julgar o grau de aceitabilidade do que foi descrito. O algo, que deve ser descrito e julgado, pode ser qualquer aspecto educacional, mas é tipicamente: (a) um programa escolar, (b) um procedimento curricular ou (o) comportamento de indivíduo ou de um grupo. 40 Didática da Língua Portuguesa É importante reiterar que há diversas modalidades de avaliação que podem ser empregadas na escola, dependendo do que se pretende verificar. As formas de avaliação que, atualmente, parecem ser mais frequente empregadas nas escolas são a prova escrita, os trabalhos em grupos, a auto avaliação que alguns professores convidam seus alunos a fazerem sobre seu seu próprio desempenho e a avaliação que as vezes pedem para o aluno fazer do curso. Porém, vamos nos concentrar escrita, já que parece ser, ainda, o principal instrumento de avaliação empregado pela maioria das escolas. (TFOUNI, 2000) Assim, situações efetivas de uso da escrita e da leitura devem ser criadas em sala de aula para que se possa avaliar o que ela conhece e entende sobre a escrita, como por exemplo: leitura e produção de texto, fichas, etc. Poderíamos também falar de tipos e espécies de avaliação. Mas nos parecem os últimos termos de uso mais válido quando desejamos tentar uma classificação de todas as formas de avaliação que possam ser até o momento conhecidas. Este, porém, não é nosso propósito. Pretendemos somente explicar o que Godoy, Hasting e Madaus (1971) indicaram como: “avaliação diagnóstica, formativa e somativa.” a) Avaliação diagnóstica Como todas as formas de avaliação, dizem os autores mencionados, a avaliação diagnóstica envolve a descrição, a classificação e a determinação do valor de algum aspecto do comportamento do aluno. Contudo,propósitos particulares a tornar distintas outras formas. A avaliação diagnóstica está relacionada a uma metodologia do diagnóstico . Teríamos então que considerar as formas em que um diagnóstico pode ser realizado. Uma forma de diagnosticar é determinar o grau em que o aluno domina os objetivos previstos para iniciar uma unidade de ensino, uma disciplina ou em curso. Outra forma é verificar se existem alunos que já possuem o conhecimento e as habilidades previstas afim de orientá-los a outras oportunidades, novas aprendizagens. (TFOUNI, 2000) 41 Didática da Língua Portuguesa Assim o que podemos observar é que a avaliação diagnóstica consiste na sondagem, das situações dos desenvolvimentos do aluno permitindo descobrir as causas de repetidas dificuldades de aprendizagem. Quais os objetivos não foram atingidos e procurar elaborar novas estratégias e em certos casos analisar as causas de repetidas incapacidades naaprendizagem. b) Avaliação formativa A avaliação formativa busca basicamente identificar insuficiências principais em aprendizagens iniciais, necessárias a realização de outras aprendizagens. Providencia elementos para, de maneira direta, orientar a organização do ensino aprendizagem corretiva ou terapêutica. Nesse sentido deve ocorrer frequentemente durante o ensino. A avaliação formativa é aquela que o educador utilizará durante o decorrer do ano letivo, pois informa o professor e aluno sobre os resultados da aprendizagem no desenvolvimento das atividades escolares. c) Avaliação somativa É também chamada de classificatória ou tradicional. A avaliação somativa é um processo de descrição e julgamento para classificar os alunos ao final de uma unidade, semestre ou curso, segundo níveis de aproveitamento, expressos em graus (notas) ou conceitos. “Dirige-se pois para uma verificação geral do grau em que os resultados mais amplos foram obtidos. Um propósito complementar que orienta a avaliação somativa é o de comunicar resultados para os pais e administradores.” Basicamente, no entanto abrange comparação de resultados. Por tanto a avaliação somativa tem por objetivo classificar os educandos ao final da unidade segundo níveis de aproveitamento apresentados não apenas com o objetivos indivíduos, mas também pelo grupo. É necessário que ocorra uma conscientização de todos estes seguimentos, onde avaliação deve ser repensada para que a qualidade do ensino não fique comprometida e o educador deve ter o cuidado nas 42 Didática da Língua Portuguesa influências nas histórias da vida do aluno e do próprio professor para que não haja, mesmo inconscientemente, a presença do autoritarismo e da arbitrariedade que a perspectiva construtivista tanto combate. Desde o início da década de 80, o ensino da língua portuguesa vem sido muito discutido acerca da necessidade de melhorar a educação do país. Uma das maiores dificuldades das escolas é ensinar seus alunos a ler e a escrever, tal barreira reflete num índice de pessoas alfabetizadas não muito favorável. Este obstáculo é encontrado no fim da primeira série do ensino fundamental (alfabetização) e na quinta série do mesmo (ineficiência da linguagem). (TFOUNI, 2000) Através do PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais), o professor encontra uma espécie de síntese mostrando um possível avanço hoje, comparado a anos anteriores. Nos anos 60, por exemplo, buscava-se no aluno o fracasso escolar; havendo lógica, visto que em parte dos discentes o ensino parecia funcionar. Nos anos oitenta, começava a circular entre os educadores livros e artigos que davam conta de uma mudança no processo de alfabetização: “Como se ensina” e “Como se aprende”. Esse seguimento ajudou os professores a compreenderem aspectos importantes de aprendizagem da leitura e da escrita. (TFOUNI, 2000) Deduziu-se que as pessoas de famílias favorecidas, financeiramente, desenvolviam um melhor aprendizado em virtude de viverem em círculos sociais mais cultos e estarem mais perto de escritores e leitores “assíduos” e, muitas vezes, praticantes. Essas investigações também favoreceram para o entendimento que o processo de alfabetização não é um processo baseado em memorização, mas sim um seguimento no qual o aluno, para aprender a ler e escrever, precisa construir um conhecimento de natureza conceitual, ou seja, ele precisa entender não só o que a escrita representa, mas de que forma representa graficamente. O professor de Língua Portuguesa que tem como base as indicações dos Parâmetros Curriculares Nacionais utiliza-se de boas dicas e exemplos a http://www.infoescola.com/pedagogia/ensino-da-lingua-portuguesa/ http://www.infoescola.com/educacao/ensino-fundamental/ http://www.infoescola.com/educacao/ensino-fundamental/ http://www.infoescola.com/pedagogia/parametros-curriculares-nacionais-da-lingua-portuguesa/ http://www.infoescola.com/pedagogia/ensino-da-lingua-portuguesa/ http://www.infoescola.com/pedagogia/ensino-da-lingua-portuguesa/ 43 Didática da Língua Portuguesa serem usados em sala de aula. O PCN tem como objetivo auxiliar o educador no cumprimento de seu trabalho juntamente aos educandos, visando assim um bom aproveitamento de ambos; mestre e aluno. (TFOUNI, 2000) O acesso aos recursos culturais vai depender do espírito empreendedor de cada professor, este pode ser criativo, utilizando o que a escola tem a oferecer a seus alunos, e a partir disso trabalhar em sala de aula. A Língua Portuguesa requer muitas atividades, nas quais os gêneros textuais estejam inseridos, ou seja, o uso de propagandas, revistas, jornais, folhetins, bilhetes, receitas, enfim. Estes materiais não são de difícil acesso, independente da situação em que a instituição encontra-se. E o fundamental e essencial a ser repassado aos estudantes não é tarefa difícil, um professor que esteja em constante evolução saberá como trabalhar assuntos interessantes de acordo a idade e série a ser ensinada. (TFOUNI, 2000) Porém é fato que uma escola, onde o acervo de materiais, fornecidos a alunos e professores, seja de grande proporção, ajudará e colaborará numa melhor aprendizagem e formação dos estudantes. Uma biblioteca que tenha um grande acervo de livros, recurso áudio-visual, laboratórios de informática, entre outros; fará com que os educadores estejam frente a frente com uma infinidade de opções e formas de ensinar. Mas sempre com a prioridade de educar os alunos para a vida, lidando com as realidades do dia a dia, usufruindo as mais variadas culturas que cada sala de aula possui (alunos). Sendo assim, os Parâmetros Curriculares Nacionais servem, também, como instrumento de discussão entre professores e orientadores na elaboração das aulas, criação de projetos, feiras estudantis e, finalizando, como atualização e crescimento profissional a todos educadores que usarem do PCN para fins dentro de cada instituição (GARCIA, 2000) A importância e o valor dos usos da linguagem são determinados historicamente segundo as demandas sociais de cada momento. Atualmente exigem-se níveis de leitura e de escrita diferentes e muito superiores aos que http://www.infoescola.com/pedagogia/ensino-da-lingua-portuguesa/ 44 Didática da Língua Portuguesa satisfizeram as demandas sociais até bem pouco tempo atrás — e tudo indica que essa exigência tende a ser crescente. Para a escola, como espaço institucional de acesso ao conhecimento, a necessidade de atender a essa demanda, implica uma revisão substantiva das práticas de ensino que tratam a língua como algo sem vida e os textos como conjunto de regras a serem aprendidas, bem como a constituição de práticas que possibilitem ao aluno aprender linguagem a partir da diversidade de textos que circulam socialmente. (GARCIA, 2000) Toda educação verdadeiramente comprometida com o exercício da cidadania precisa criar condições para o desenvolvimento da capacidade de uso eficaz da linguagem que satisfaça necessidades pessoais — que podem estar relacionadas às ações efetivas do cotidiano, à transmissão e busca de informação, ao exercício da reflexão. De modo geral, os textos são produzidos, lidos e ouvidos em razão de finalidades desse tipo. Sem negar a importância dos que respondem a exigências práticas da vida diária, são os textos que favorecem a reflexão crítica e imaginativa, o exercício de formas de pensamento mais elaboradas e abstratas, os mais vitais para a plena participação numa sociedade letrada. Cabe, portanto, à escola viabilizar o acesso do aluno ao universo dos textos que circulam socialmente, ensinar a produzi-los e a interpretá-los. Isso inclui os textos das diferentes disciplinas, com os quais o aluno se defronta sistematicamente no cotidiano escolar e, mesmo assim, não consegue manejar, pois não há um trabalho planejado com essa finalidade.
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