Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Fisiopatologia e Dietoterapia da “Obesidade” - Parte II Estácio - Curso de Nutrição Fisiopatologia da Nutrição e Dietoterapia I Prof.ª Sheila Guimarães Alterações Hipotalâmicas na Obesidade maior envolvimento no controle da fome e do peso corporal produtores de neuropeptídeos orexígenos ( apetite) Centro da saciedade Produz peptídeos orexígenos ( apetite) Vias orexígenas Grelina estômago NPY ingestão alimentar Neuropeptídeo Y (NPY) Obesidade → RI → hipersecreção de NPY → hiperfagia Estimula o consumo de carboidrato OBESOS Estado PÓS- PRANDIAL Grelina ingestão alimentar NORMAL Estado PÓS- PRANDIAL Grelina Ingestão alimentar Alterações Hormonais na Obesidade OBESIDADE Citocinas pró- inflamatórias produção de cortisol Estresse e NPY compulsão alimentar Hiperatividade do eixo Hipotálamo-adrenal (HPA) Catecolaminas adrenorrecptores -2 LPL Lipogênese Alterações Hormonais na Obesidade OBESIDADE Leptina Resistência a ação da Leptina Hiperleptinemia Apetite Ingestão alimentar termogênese Acúmulo de gordura corporal Alterações Hormonais na Obesidade OBESIDADE Adiponectina ↑ SÍNTESE CITOCINAS (TNF) sensibilidade à insulina Resistência Insulínica Disbiose X Obesidade Disbiose X Obesidade e Síndrome Metabólica Tratamento Nutricional na Obesidade • Etapas da atenção nutricional: 1. Avaliação do estado nutricional 2. Plano de Ação Nutricional 3. Implementação da dietoterapia 4. Prescrição Nutricional e Dietética 5. Educação Nutricional Etapas da Assistência nutricional na Obesidade 1. Estabelecer o diagnóstico nutricional – Calcular o IMC – Definir o PESO IDEAL: • PESO IDEAL (PI) = IMC ideal (kg/m2) x Estatura (m2) • IMC ideal: – Média da faixa do IMC ideal: » Média para Homem e Mulher = 21,7 » Média para idoso = 24,5 • Estabelecer a melhor opção para o indivíduo dentro da faixa de normalidade • Desvios nutricionais: tratar de forma lenta e gradual • Aplicação do Peso Habitual/Usual – PERDA DE PESO PEQUENA DE FORMA MODERADA É BENÉFICO – PACIENTES COM PERDA DE 5 A 10% TEM MAIOR PROBABILIDADE DE MELHORA DA SAÚDE, REDUZINDO A GRAVIDADE DE COMORBIDADES ASSOCIADAS. Etapas da Assistência nutricional na Obesidade 2. Traçar o Objetivo: ▪ produzir balanço negativo de energia para reduzir o peso e melhorar a composição corporal. 3. Calcular e estimar as necessidades energéticas diárias – Taxa metabólica basal – Valor Energético Total (VET) ou Gasto Energético Total (GET): – FAO/WHO (2001/2004) – Dietary Reference Intakes - DRI (2011) IMPORTANTE: se utilizar o Peso “ajustado”, não precisa fazer o reajuste calórico negativo (não precisa reduzir 500 a 1000 kcal) Homens Mulheres Idade (anos) TMB (kcal/dia) TMB (kcal/dia) < 3 59,512 x P – 30,4 58,317 x P – 31,1 3 – 9,9 22,706 x P + 504,3 20,315 x P + 485,9 10 – 17,9 17,686 x P + 658,2 13,384 x P + 692,6 18 – 29,9 15,057 x P + 692,2 14,818 x P + 486,6 30 – 59,9 11,472 x P + 873,1 8,126 x P + 845,6 > 60 11,711 x P + 587,7 9,082 x P + 658,5 Segundo FAO/WHO (2001/2004): Nível de atividade física (NAF) 1. Não há mais distinção nos valores para M e H 2. Foi criada uma faixa e não mais um valor fixo •Sedentários ou atividades leves → 1,40 a 1,69 •Ativo ou moderadamente ativo → 1,70 a 1,99 •Atividades pesadas → 2,00 a 2,40 GET = TMB x FA TMB = taxa metabólica basal FA = fator atividade Dietary Reference Intakes - DRI (2002) HOMEM 662 – 9,53 (idade em anos) + AF*(( 15,91(peso atual em kg) + 539,6(altura em metros)) MULHER 354 – 6,9 (idade em anos) + AF*(( 9,36(peso atual em Kg) + 726(altura em metros)) 1,0 a 1,39 Sedentário, executando atividades tipicamente da rotina diária (andando para pegar ônibus, atividades domésticas,...) 1,4 a 1,59 Atividade de baixa intensidade – executando atividades tipicamente da rotina diária + o adicional de 30 a 60min de atividade moderada diariamente. Exemplo: caminhada de 5 a 7km/h 1,6 a 1,89 Ativo fisicamente – executando atividades tipicamente da rotina diária + o adicional de 60min diários de atividade física moderada 1,9 a 2,5 Muito ativo fisicamente – executando atividades tipicamente da rotina diária + o adicional de no mínimo 60min de atividades diárias moderada com adicional ainda de 60min de atividade vigorosa OU 120min de atividade moderada diária. *Atividade Física (AF): - Institute of Medicine. Dietary Reference Intakes for Energy, Carbohydrate, Fiber, Fat, Fatty Acids, Cholesterol, Protein, and Amino Acids. Washington (DC): The National Academies Press; 2002. Etapas da Assistência nutricional na Obesidade 4. Estabelecer restrição calórica moderada (ESCOLHER dentre as estratégias abaixo): a) Restrição moderada e progressiva de Kcal: 500 a 1000kcal/dia b) Método VENTA: - 7700 x Kg* x no de meses ÷ 30 dias *quantidade de Kg que deseja perder no mês. c) Ajustado para Obesidade: - Fórmula: (PA – PI ) x 0,25 +PI (Glynn et al, 1998; Frankenfield, D.C. et al, 2003) Etapas da Assistência nutricional na Obesidade 5. Estabelecer RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS: 1º Proteína 2º Carboidrato 3º Lipídeo 4º Fibras 5º Hidratação – Necessidade hídrica Recomendações Nutricionais na Obesidade ▪ Carboidratos: ▪ 50% - 55% (Krause) e 55 a 60% (Cuppari) ▪ Fibras: entre 20 e 30g /dia ▪ Proteínas: ▪ 15%-25% (Krause) 15 a 20% (Cuppari) (não menos de 0.8 g/ Kg de peso desejável) ▪ Gorduras: ▪ 20%-30% (Krause) e 20 a 25% (Cuppari), com 7% de gorduras saturadas, 10% de gorduras poliinsaturadas e 13% de gorduras monoinsaturadas ▪ Colesterol: < 300mg/dia Cuppari, L. Guia de Nutrição, 2ª Edição, Unifesp, 2005. Recomendações de MACRONUTRIENTES em função da porcentagem do valor energético total (VET) Nutrientes DRI-AMDR (2002) SBC (2005) Proteína 10 a 35% - Carboidratos 45 a 65% 50 a 60% Lipídeo Total 20 a 35% 25 a 35% AG saturado não definido < 10% < 7% se LDL ↑ AG mono não definido ≤ 20% AG poli não definido ≤ 10% AG linoléico n-6 5 a 10% - AG linolênico n-3 0,6 a 1,2% - AG trans restrição Colesterol - < 300mg/dia < 200mg/dia (se LDL ↑) Recomendações - Necessidades Hídricas 1 a 10kg 100ml/kg/dia 11 a 20kg 1000ml + 50ml/kg para cada kg > 10kg > 20kg 1500ml + 20ml/kg para cada kg > 20kg 15 a 30 anos 40ml/kg/dia 25 a 55 anos 35ml/kg/dia 55 a 65 anos 30ml/kg/dia > 65 anos 25ml/kg/dia Fonte: WIDTH, Mary. et al. MdS, Manual de Sobrevivência para Nutrição Clínica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012. Recomendação considerando a oferta calórica: 1ml/kcal/dia Recomendações Nutricionais na Obesidade ▪ SAL: ▪ adequada a situação biológica individual ▪ Se HIPERTENSO: ▪ Dieta hipossódica ▪ Restrição de sódio: ✓ 3 a 6g de sal/dia) Cuppari, L. Guia de Nutrição, 2ª Edição, Unifesp, 2005. Recomendações de SÓDIO Sódio WHO (2003; 2012) < 2000mg/dia DRI (2004) AI 1200 a 1500mg/dia UL 2300mg/dia Recomendação de Cloreto de Sódio (SAL) Referência Recomendação WHO (2003; 2012) < 5g/dia SBC (2005) < 6g/dia Recomendações Nutricionais na Obesidade ▪ Álcool: não é aconselhável sua recomendação ▪ Vitaminas e Minerais: SUPLEMENTAR quando não atingidos os requerimentos totais nos planos de 1200 kcal ou maiores ▪ Líquidos: 1500ml/1000kcal ▪ Distribuição: 6 refeições/dia Cuppari, L. Guia de Nutrição, 2ª Edição, Unifesp, 2005. Conduta Nutricional na Obesidade Planejamento Nutricional • HIPOcalórico • NORMO a HIPERprotéico • NORMOglicídico • HIPOlipídico a NORMOlipídico Recomendações de FIBRAS FIBRAS SBAN (1990) SBC (2005) 20g/dia 20 a 30g/dia 8 a 10g/1000kcal Idade Gênero AI (g) 1 a 3 anos ambos 19 4 a 8 anos ambos 25 9 a 13 anos masculino 31 feminino 26 14 a 50 anos masculino 38 feminino 25 ≥ 51 anos masculino 38 feminino 21 Fonte: IOM (2002) Cuidados Nutricionais no Tratamento Cirúrgico da Obesidade Indicações para Cirurgia 1. Pacientes com índice de massa corporal (IMC) ≥ 40 kg/m2 : – sem comorbidades – com falha documentada de tratamentos conservadoresprévios realizados durante pelo menos dois anos. 2. Pacientes com índice de massa corporal (IMC) entre 35 e 39,9 kg/m2 – com comorbidades associadas e desencadeadas ou agravadas pela obesidade – com falha documentada de tratamentos conservadores prévios realizados durante pelo menos dois anos. Características adicionais obrigatórias a todos pacientes • Ausência de causas secundárias da obesidade • Idade entre 16 e 65 anos • Capacidade intelectual para compreender todos os aspectos do tratamento • Compromisso com o seguimento pré e pós-operatório • Ausência de dependência química a álcool e/ou drogas ilícitas • Ausência de distúrbio psicótico grave (consulta com psiquiatra se necessário) ou história de tentativa de suicídio nos últimos 12 meses Contraindicações para Cirurgia • Transtornos de comportamento alimentar • Transtornos psicóticos graves • Dependência química • Tentativa de suicídio nos últimos dois anos • Insuficiência orgânica grave • Doença neoplásica, infecciosa e inflamatória em atividade Sugestões para Avaliação Nutricional no Pré-operatório 1. História Clínica 2. Antropometria 3. História de peso 4. História Psicológica 5. Ingestão Alimentar 6. Atividade física 7. Apoio psicossocial para intervenção cirúrgica Procedimentos para Tratamento da Obesidade Gástricos Restritivos Técnica Cirúgica Mista Disabsortivos https://blausen.com/pt-br/video/bypass-gastrico-em-y-de-roux-rybg/ https://www.sbcbm.org.br/tecnicas-cirurgicas-bariatrica/ https://blausen.com/pt-br/video/bypass-gastrico-em-y-de-roux-rybg/ https://www.sbcbm.org.br/tecnicas-cirurgicas-bariatrica/ Procedimentos gástricos restritivos Balão Intra- gástrico (BIG) Banda Gástrica Ajustável Gastroplastia Vertical com Banda Gastrectomia Vertical – “Sleeve” Técnica Endoscópica Técnicas Cirúrgicas Dietoterapia no BIG • Consistência da Dieta: – 1º ao 3º dia: líquida de prova. – A partir 4º dia: seguida de dieta líquida (iniciar sem lactose). – Evoluir gradativamente para pastosa conforme aceitação do paciente. • Volume e fracionamento: – Inicial (3 dias): 50ml a cada 1h – 4º ao 7º dia: 100ml a cada 2horas – Evolução gradativa • Recomenda-se: – Polivitamínico – Suplemento hiperprotéico no 1º mês. Dietoterapia na Banda Gástrica Ajustável • 1º DPO: líquida de prova • 2º ao 15º DPO: dieta líquida sem lactose, CHO simples e hipolipídica • 15º ao 30º DPO: dieta semi-líquida evoluindo para pastosa • >30º DPO: dieta normal, hipocalórica, fracionada em 6 refeições. • Recomenda-se: – Polivitamínico – Suplemento hiperprotéico no 1º mês Criada em 1984 e trazida ao Brasil em 1996, a banda gástrica ajustável representa hoje menos de 1% dos procedimentos realizados no País e praticamente se encontra abandonada. Gastroplastia Vertical com Banda Gastrectomia Vertical – Cirurgia Sleeve TÉCNICA CIRÚRGICA MISTA “Bypass Gástrico em Y-Roux” - CAPELA • principal tipo de cirurgia bariátrica realizado atualmente (75% das cirurgias) • Técnica CIRÚRGICA MISTA por: 1. restringir o tamanho da cavidade gástrica e, consequentemente, a quantidade de alimentos ingerida 2. reduzir a superfície intestinal em contato com o alimento (disabsorção). • Deficiências predominantes de B12, ácido fólico e ferro O paciente submetido à cirurgia perde de 70% a 80% do excesso de peso inicial. Nesse procedimento misto, é feito o grampeamento de parte do estômago, que reduz o espaço para o alimento, e um desvio do intestino inicial, que promove o aumento de hormônios que dão saciedade e diminuem a fome Procedimentos cirúrgicos DISABSORTIVOS Cirurgia de Scopinaro Switch Duodenal Técnicas por “Derivação Biliopancreática” – combinação de restrição (ressecção) e má absorção. Técnica mista onde há ressecção gástrica e manutenção do piloro e início do duodeno. Evolução da Consistência da Dieta APÓS cirurgia de Gastroplastia Tipo de Dieta Características Duração Líquida Restrita/de Prova Alimentos líquidos transparentes Temperatura ambiente Volume = 50ml 2 a 3 dias (3º ao 5º dia) Inicia somente no 3º dia pós-operatório Líquida Completa Alimentos líquidos incluindo laticínios Temperatura ambiente Volume = 100ml A partir do 6º dia 1 mês Semi-líquida OU Líquida pastosa Alimentos líquidos; Sopas não liquidificadas; Purês, arroz papa; Carne moída, desfiadas Variável Dieta de transição Pastosa Alimentos em purês ou cremes; Arroz papa, feijão liquidificado, ovo cozido; frutas cozidas ou raspadas 1 mês Branda Alimentos de consistência normal Mantêm restrição de fibras e vegetais CRUS; Sem frituras Indeterminada Dependerá da evolução do paciente Normal Dieta completa, sem restrições Apenas manter o CONTROLE do VOLUME das refeições e BALANCEAMENTO NUTRICIONAL Dietoterapia nas Derivações Biliopancreáticas Dieta • hipocalórica, • hiperprotéica, • hipoglicídica, • Hipolipídica, • rica em líquidos. Implicações Nutricionais das Cirurgias Bariátricas CAUSAS: • alterações anatômicas e fisiológicas que prejudicam as vias de absorção e/ou ingestão alimentar. EXIGÊNCIA PARA O NUTRICIONISTA: • Boa compreensão da fisiologia de absorção do trato gastrointestinal • compreender as potenciais deficiências nutricionais após a cirurgia Principais alterações metabólicas Rev Assoc Med Bras 2011; 57(1):113-120 Consequências da Cirurgia Bariátrica que justificam a Suplementação Nutricional Rev Assoc Med Bras 2011; 57(1):113-120 Consequências da técnica cirúrgica Implicações Nutricionais Restrição da capacidade gástrica < ingestão de Kcal e micronutrientes < produção de HCl Exclusão do Estômago e intestino do trânsito alimentar Absorção produção de fatores necessários à absorção de nutrientes: FI e enzimas digestivas Intolerância a alimentos Exclusão da dieta de alimentos fontes de nutrientes Suplementação Nutricional “Preventiva” Recomendação de PROTEÍNA: • 60 a 80 g/dia ou 1,0 a 1,5 g/kg de peso ideal • 100g/dia com suplemento protéico (módulo) • Glutamina 20 a 30g/dia (7 a 30 dias) Rev Assoc Med Bras 2011; 57(1):113-120 Suplementos/características Dosagem *Polivitamínico 1 a 2 comprimidos/dia Ácido fólico > 400mcg Ferro (fumarato ferroso) > 18mg *Conter Zinco e Selênio Rev Assoc Med Bras 2011; 57(1):113-120 ANVISA: Podemos prescrever até 1000mcg/dia ANVISA: Podemos prescrever até 1500mg/dia ANVISA Dose "IDEAL“ ORAL 200mg Mínimo 5mg 40 a 45mg ANVISA: Podemos prescrever até 65mg/dia UL: 45mg VITAMINA “A”: ANVISA: Podemos prescrever até 10.000UIdia VITAMINA “D”: ANVISA: Podemos prescrever até 800UI ou 20mcg/dia https://www.sbcbm.org.br/ https://www.sbcbm.org.br/
Compartilhar