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Negociação e Gestão de Conflitos W B A 0 2 6 0 _ V 1. 1 2/178 Negociação e Gestão de Conflitos Autoria: Larissa Maria Palacio dos Santos Como citar este documento: DOS SANTOS, Larissa Maria Palacio dos. Negociação e Gestão de Conflitos. Valinhos: 2017. Sumário Unidade 1: O conflito 03 Unidade 2: Motivações para negociação 28 Unidade 3: Estilos de negociação 50 Unidade 4: Estratégias de negociação 71 Unidade 5: Mediação e conciliação 94 Unidade 6: O processo de negociação 116 Unidade 7: Ética nas negociações 135 Unidade 8: Teoria dos jogos 157 2/178 3/178 Unidade 1 O conflito Objetivos 1. Compreender o conceito de compor- tamento organizacional. 2. Entender o que são e como surgem os conflitos. 3. Compreender o que é o poder e como este afeta as relações humanas. 4. Aprender sobre a tomada de decisões e as principais armadilhas deste pro- cesso. Unidade 1 • O conflito4/178 Introdução Os indivíduos possuem características mui- to heterogêneas, sejam elas físicas psicoló- gicas ou emocionais. Com todas essas di- ferenças, o ser humano não consegue viver fora do convívio social. Vivemos em cons- tante relação uns com os outros, sendo es- sas relações caracterizadas por diferentes objetivos e graus de proximidade. O mesmo ocorre com relação ao ambiente organizacional, pois a relação dos indivídu- os com as organizações é atividade cotidia- na. Como já seria possível prever, relacionar indivíduos distintos em ambientes limitados implicaria em divergências entre eles como algo natural. Chamamos essas divergências de conflitos. É comum atribuir uma conotação negativa ao termo conflito, contudo, essa divergência de posicionamentos e ideias nem sempre é interpretada como negativa, sendo que do embate de interesses e opiniões podem de- correr a própria evolução da humanidade. As discussões que surgem diante do confli- to, se bem gerenciadas, podem contribuir para o crescimento individual e da organi- zação como um todo, pois a troca de ideias pode propiciar o surgimento de alternativas e ideias para os problemas, bem como pode consolidar conceitos. Nesta aula trataremos do comportamento humano no âmbito organizacional, buscan- do compreender o conceito de comporta- mento organizacional, o conceito de conflito e os principais fatores que o desencadeiam. Também será abordado o conceito de poder e suas implicações ao meio. Por fim, você Unidade 1 • O conflito5/178 aprenderá sobre o processo de tomada de decisões, bem como sobre as principais ar- madilhas que residem neste processo. 1. Comportamento humano nas organizações Cada um de nós seres humanos possuímos características físicas, psíquicas, emocio- nais e culturais distintas. Somos de dife- rentes etnias, possuímos diferentes genes, culturas, religiões, criações, pensamentos, entre outros elementos que nos distinguem uns dos outros. Todos nós, no entanto, esta- mos inseridos em uma sociedade e em gru- pos e subgrupos sociais, nos quais nos rela- cionamos uns com os outros (VANIN, 2013). Os grupos sociais podem ser as famílias, as amizades, os colegas de trabalho, da esco- la e da faculdade, os parentes, os vizinhos, e outros. Logo, as diferentes organizações sociais também se diferem quanto aos seus objetivos e aos indivíduos que a compõem, assim como pela relação entre os mesmos (VANIN, 2013). Link O conflito surge das relações interpessoais e tem sido alvo de discussão e estudos de diversos cam- pos do saber e de diferentes organizações, por exemplo, na administração de organizações de prestação de serviços de saúde, tema deste arti- go. Disponível em: <http://www.redalyc.org/ html/408/40820208/> . Acesso em: 24 set. 2017. http://www.redalyc.org/html/408/40820208/ http://www.redalyc.org/html/408/40820208/ Unidade 1 • O conflito6/178 Nesta aula, consideraremos o ambiente or- ganizacional como o local de interação en- tre os indivíduos, pois em nosso cotidiano estamos constantemente nos relacionando com as organizações, interna ou externa- mente, em atividades como o nosso traba- lho, enquanto consumidores, nos momen- tos de lazer, nos cursos que nos propomos a fazer etc (CHIAVENATO, 2014). O estudo das relações interpessoais no âm- bito das organizações é conhecido como “comportamento organizacional”, que pode ser compreendido como o estudo de indiví- duos ou grupos atuando em organizações, “que, por sua vez, se encontram em um am- biente dinâmico, mutável e competitivo; preocupa-se com a influência das pessoas e dos grupos sobre as organizações e, vice- -versa” (CHIAVENATO, 2014, p. 6). Neste contexto, comportamento organi- zacional pode ser analisado sob diferentes enfoques, sendo a perspectiva mais ampla a que trata das relações entre as organizações e seu ambiente externo (heteroperspecti- va), ou seja, a forma como a organização se relaciona e influencia ou é influenciada pelo meio no qual se insere (comunidade local, fatores políticos, aspectos econômicos ou culturais) (CHIAVENATO, 2014). A análise do comportamento organizacio- nal também pode ser compreendida numa perspectiva macro, tipo de análise que ocorre quando a organização é interpretada pelo enfoque sistêmico, neste caso trata de verificar a estrutura e a cultura organizacio- nal (CHIAVENATO, 2014). Unidade 1 • O conflito7/178 Com uma abrangência um pouco mais res- trita, a perspectiva intermediária do com- portamento organizacional observa as rela- ções entre os grupos e subgrupos formados no âmbito das instituições (CHIAVENATO, 2014). Por último, mas não menos importante, considera-se a perspectiva micro acerca do comportamento organizacional de indiví- duos que atuam isoladamente, focando em aspectos relativos às características intrín- secas do ser humano, como a sua persona- lidade, níveis de satisfação e estudos sobre a sua motivação (CHIAVENATO, 2014). Para efeitos didáticos, dividem-se as ca- racterísticas dos seres humanos com rela- ção aos seus grupos sociais em dois tipos, os quais estão classificados de acordo com sua capacidade de expressar sentimentos e emoções: os reservados e os expansivos, que podem ser chamados também de intro- Para saber mais Existe uma teoria que trata da motivação, a qual se denomina “teoria de Maslow”, por ter sido de- senvolvida pelo psicólogo Abraham Maslow. Essa teoria considera que diante da diversidade dos seres humanos e de suas condições sociais assim admite-se a existência de cinco níveis de necessi- dades motivacionais: fisiológicas, segurança, so- ciais, estima e autorrealização. Unidade 1 • O conflito8/178 vertidos e extrovertidos (VANIN, 2013). Há que se considerar ainda a subdivisão dos grupos mencionados em subgrupos: “1) muita ação, muita emoção; 2) pouca ação, muita emoção; 3) muita ação, pouca emo- ção; 4) pouca ação, pouca emoção” (VANIN, 2013, p. 81). Quando indivíduos tão distintos estão agrupados, muito possivelmente ocorrerá um estresse ou conflito, visto que haverá di- vergências e discordâncias, disputa de ego e poder, intolerâncias e outros. Os conflitos serão compreendidos em sua significância, seus impactos e tipos no tópico que segue. 1.1 Conflito Os agrupamentos sociais assumem dife- rentes formatos e configurações de acordo com o tipo de grupo composto, seus obje- tivos, as características da personalidade de cada um dos indivíduos que o compõem, além dos papéis por eles desempenhados dentro do grupo, que vão estabelecer as re- lações hierárquicas e a qualidade dos rela- cionamentos dentro daquele núcleo social (VANIN, 2013). Vanin (2013) assevera que os conflitos exis- tem desde os primórdios da humanidade e se caracterizam pela divergência de opini- ões, necessidades e interesses. O autor rela- ciona a presença de conflitos à própria evo- lução humana e da sociedade. Unidade 1 • O conflito9/178 Qualquer fato que altere a rotina do grupo, ou imponha uma divergência de opiniões, pensa- mentos, ideologias, poderá acarretar em conflitos.Nesse contexto, surge um questionamento inicial: o que é conflito? (VANIN, 2013). A bibliografia pertinente ao tema apresenta diversas definições para o termo conflito, contudo, todas elas se concentram na questão do início de um embate de posicionamentos entre partes (VANIN, 2013). A palavra conflito está ligada a discórdia, divergência, dissonância, controvérsia ou antagonismo. Para que haja conflito, além da diferença de objetivos e interes- ses, deve haver necessariamente uma interferência deliberada de uma das partes envolvidas. O conflito existe quando uma das partes – seja indivíduo ou grupo – tenta alcançar seus próprios objetivos interligados com outra parte e esta in- terfere na parte que procura atingir seus objetivos. A interfere ̂ncia pode ser ati- va – mediante ação para provocar obstáculos, bloqueios ou impedimentos – ou passiva – mediante omissão. Assim, o conflito é muito mais do que um simples desacordo ou desavenc ̧a: constitui uma interferência ativa ou passiva, mas de- liberada para impor um bloqueio sobre a tentativa de outra parte de alcanc ̧ar os seus objetivos. Unidade 1 • O conflito10/178 Os pressupostos teóricos da existência de conflitos residem em três aspectos princi- pais: a percepção das partes acerca da exis- tência do conflito, a interação entre as par- tes em um ambiente comum e a incompati- bilidade entre as partes (GABERLINI, 2014). Há três principais níveis de gravidade de conflitos: o conflito percebido, experiencia- do e manifestado. O conflito percebido é no- tável por ambas as partes, o experienciado é capaz de causar sensações e sentimentos negativos nos indivíduos e ocorre de for- ma velada. Por fim, o conflito manifestado é aquele que ocorre de maneira clara e vi- sível pelas partes, ocorre quando ao menos uma das partes se manifesta (CHIAVENATO, 2014). É importante mencionar ainda a questão do “poder” que deriva das hierarquias sociais e organizacionais e/ou da capacidade que um indivíduo tem de influenciar os seus pares a fazer aquilo que ele deseja que façam. Por isso, independentemente de sua classifica- ção, o poder caracteriza-se por ser efêmero (PESSOA, 2009). Para saber mais Idalberto Chiavenato é um dos autores nacionais mais conhecidos e respeitados nas áreas de Ad- ministração, Empresas e de Recursos Humano. Ele é Doutor e Mestre em Administração pela City University de Los Angeles, nos Estados Unidos, e já publicou mais de 40 livros de destaque no mer- cado. Unidade 1 • O conflito11/178 O poder pode assumir diferentes formas e advir de fontes diversas com relação à bus- ca pelo reconhecimento de outrem, na bus- ca por vantagens pessoais, hierárquicos e organizacionais, poder coercitivo – pelo exercício da autoridade, força ou intimida- ção – pela recompensa, pela especialização de conhecimentos (VANIN, 2013). Para a gestão, o poder pode ser benéfico quando é exercido como forma de lideran- ça, ou seja, como influência e estímulo, mas não como forma de coerção. Assim, con- sidera-se que nos conflitos e impasses, ou seja, nas divergências de opiniões, há tam- bém uma distribuição de poder entre as partes que precisa ser considerada (VANIN, 2013). Link O conceito de poder é discutido com base na te- oria do filosofo Michael Foucault, no interessante artigo disponível em: <http://www.convibra. org/2006/artigos/74_pdf.pdf>. Acesso em: 24 set.2017. Para saber mais Liderar é diferente de chefiar. O líder conduz as pessoas e as inspira, é conhecido como sendo um motivador de sua equipe. O chefe exerce um po- der imposto e autoritário. Unidade 1 • O conflito12/178 Retornando à questão do conflito, considera-se que este pode assumir diferentes conotações de acordo com a visão empregada pelo observador, conforme ilustra a Tabela 1.1 a seguir. Tabela 1.1 | Visões acerca do conflito Tipos de visões Definições Tradicional De 1930 a 1940 – Pressuposto de que o conflito deve ser evitado por ser negativo, indicador de falha de gestão e prejudicial à organização. Das relações humanas De 1940 a meados de 1970 (embora ainda seja predominante em algumas organizações) – Conflito como consequência natural das relações interpessoais. Interacionista De 1970 até a atualidade – Visão positiva acerca do conflito, considera que este é imprescindível para o desempenho eficaz de um grupo. Fonte: adaptada de Gaberlini (2014). Em suma, o conflito sempre existiu nas relações interpessoais de diferentes tipos e deriva das ca- racterísticas individuais e de personalidade. O foco da percepção acerca das relações interpes- soais é que se modificou com o passar dos anos, fazendo com que a percepção acerca do conflito e das negociações se alterasse substancialmente. Unidade 1 • O conflito13/178 1.2 Gatilhos dos conflitos Partindo do pressuposto de que os conflitos surgem nas relações interpessoais, de indi- víduos ou agrupamentos em determinados espaços, admite-se a existência de três fa- tores responsáveis por desencadear, ou en- gatilhar, os conflitos: de tarefa, de relacio- namento e de processo (GABERLINI, 2014). Ao trabalhar em equipe, cada um dos indi- víduos percebe e interpreta a execução das tarefas e atividades cotidianas de forma distinta. Neste caso, o conflito enriquece as relações humanas e o desempenho das atividades, visto que, ao propor a discussão acerca da tarefa, será criada uma atmosfera de reflexão até que se atinja um consenso (GABERLINI, 2014). Os conflitos de relacionamento, também co- nhecidos como conflitos socioemocionais, são aqueles que surgem de forma oculta, ou encoberta, mas que, nem por isso, são me- nos prejudiciais. Para esse tipo de conflito a motivação pode ser da ordem das ideias, das ideologias, das irregularidades na dis- tribuição de poder ou de outras naturezas que contribuam para que as partes possam disputar entre si. Dentre os principais tipos de conflitos, destaca-se que o conflito de relacionamento é o que não traz vantagem alguma, nem às partes, nem à organização (GABERLINI, 2014). O último tipo é o conflito de processo, que dentre todos os tipos figura como sendo o mais amplo. Tais conflitos podem ser origi- nados, por exemplo, pela interdependência Unidade 1 • O conflito14/178 entre funções, em outras palavras, quando o trabalho de um indivíduo ou equipe depen- de do desempenho de outro indivíduo ou equipe. A possibilidade de ocorrerem con- flitos é constante, visto que o desempenho do primeiro acarretará as possibilidades do segundo executar sua atividade com efici- ência (GABERLINI, 2014). Outros fatores que podem desencadear conflitos de processo são: a escassez de re- cursos, a indefinição acerca de regras e nor- mas, mudanças organizacionais e sistemas de recompensa competitivos (GABERLINI, 2014). 1.3 Tomada de decisão A decisão é comum ao cotidiano de qualquer indivíduo, qualquer atitude que tomamos, mesmo que de maneira não intencional ou planejada, implica uma tomada de decisão, pois deixamos de tomar outras atitudes, re- alizar outras atividades ou ter outros pensa- mentos quando optamos por praticar aquilo que estamos executando naquele momento (CHIAVENATO, 2014). Unidade 1 • O conflito15/178 O perfil de cada uma dessas pessoas e suas atitudes contribui para a tomada de deci- sões da organização como um todo. Supo- nhamos que as decisões que ocorrem no âmbito organizacional são sempre racio- nais, assim podemos, para efeitos didáticos, compreender que este processo ocorre em duas fases distintas: a identificação do pro- blema e a sua solução (CHIAVENATO, 2014). Chiavenato (2014, p. 120) classifica as deci- sões em dois tipos: programadas e não pro- gramadas. As decisões programadas “são decisões repetitivas, cotidianas e bem defi- nidas, com procedimentos já estabelecidos para resolver o problema”. As decisões não programadas são aquelas que fogem ao es- copo de atividades da organização e que surgem espontânea e esporadicamente. O modelo racionalde tomada de decisões, de acordo com Vanin (2013), é dividido em seis etapas sequenciais: Link O poder interfere consideravelmente nas deci- sões organizacionais, sendo que esta é explicada pelas relações multidimensionais que a contex- tualizam. Para saber mais sobre a relação entre o poder e o processo decisório, leia o artigo dispo- nível em: <http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/ index.php/rap/article/view/8100>. Acesso em: 24 set. 2017. http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rap/article/view/8100 http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rap/article/view/8100 Unidade 1 • O conflito16/178 1. Identificação do problema: tomar co- nhecimento da existência do proble- ma e buscar compreendê-lo. 2. Análise de possibilidades: refletir acerca da tomada de decisões, listan- do todas as atitudes possíveis diante do problema. 3. Preferências: estabelecer critérios para avaliar cada uma das possiblida- des de ação de minimização ou miti- gação do problema. 4. Olhar para o futuro: refletir sobre as implicações das decisões a longo pra- zo. 5. Limitações: considerar a existência de barreiras, impasses ou limitações para a adoção de cada uma das decisões. 6. Escolha da melhor decisão: optar pela decisão que traga o melhor retorno para o problema em questão. Embora possa parecer simples, existem um cuidado e um rigor para que a tomada de decisões atinja o objetivo que se propôs. Ademais, considera-se oportuno saber que existem algumas “ciladas” nos processos decisórios, tais como os diferentes tipos de armadilhas: da âncora, do status quo do custo investido, da evidência confirmada, das tabelas comparativas, da estimativa e previsão, do excesso de confiança (VANIN, 2013). As armadilhas do tipo âncora implicam de- cisões gessadas e repetitivas, com o olhar no histórico da própria organização ou de outras. O problema desse tipo de armadi- Unidade 1 • O conflito17/178 lha é que ele desconsidera a possibilidade de serem criadas novas alternativas e novos caminhos para resolver os problemas, que não aqueles já conhecidos (VANIN, 2013). Também é comum a armadilha do status quo, que implica decisões baseadas na ro- tina, sem que haja reflexões sobre outras possibilidades. A do tipo “custo investido” é aquela que valoriza demasiadamente o va- lor investido em uma ação, projeto ou pro- grama, a ponto de não aceitar que talvez seja melhor desistir daquilo do que tentar ajustá-lo (VANIN, 2013). A da evidência confirmada é aquela que acredita, sem constatar, em informações passadas por terceiros ou pela mídia, sem apropriar-se da questão. A da tabela com- parativa caracteriza-se pelo embasamento em dados falsos ou pouco confiáveis como auxiliadores da tomada de decisão. Nesse mesmo sentido, enquadra-se a armadilha de estimativa e previsão, que pode estar embasada em constatações errôneas. Além de todas essas, há também as armadilhas de excesso de confiança (VANIN, 2013). Unidade 1 • O conflito18/178 Glossário Armadilha: algo que engana alguém, também chamada de cilada. Enfoque sistêmico: no campo da administração, as organizações são consideradas como sis- temas, que são compostos por um conjunto de elementos que operam para atingir um objetivo comum. Hierárquico: que segue uma hierarquia, ou seja, uma distribuição organizada do poder. Questão reflexão ? para 19/178 Proponha-se agora a um exercício de analisar as pesso- as com as quais você convive em seu trabalho, identifi- cando o perfil de cada uma delas e o seu comportamen- to com relação ao grupo. Tente compreender e refletir como ocorre a distribuição do poder naquele local e de que forma você e seus gestores (se for o caso) têm to- mado as decisões pertinentes às suas funções. 20/178 Considerações Finais • Os indivíduos são heterogêneos e convivem entre si estabelecendo relações de troca e de parceria. O relacionamento entre os indivíduos com relação à organi- zação (independentemente do tipo de perspectiva adotada) é denominado de comportamento organizacional. • As opiniões, impressões, ideias, preferências e diferenças culturais e religiosas acabam por gerar conflitos entre os indivíduos. Os conflitos têm diferentes cau- sas e intensidades. • A forma de perceber os conflitos sofreu alterações no decorrer da história, alte- rando seu status de prejudicial para necessário. • O poder se distribui de maneira desigual entre os indivíduos e agrupamentos sociais, sendo também um contribuinte para a geração de conflitos. • O processo de tomada de decisões envolve uma série de etapas sequenciais que visam optar pela alternativa mais interessante para a mitigação dos conflitos. Unidade 1 • O conflito21/178 Referências CHIAVENATO, I. Comportamento organizacional: a dinâmica do sucesso das organizações. Ba- rueri: Manole, 2014. GABERLINI, V. M. P. Negociações e conflitos. Curitiba: Intersaberes, 2014. PESSOA, C. Negociação aplicada: como utilizar as táticas e estratégias para transformar confli- tos interpessoais em relacionamentos cooperativos. São Paulo: Atlas, 2009. VANIN, J. A. Processos de negociação. Curitiba: Intersaberes, 2013. 22/178 1. Qual das alternativas a seguir trata do conceito de comportamento orga- nizacional? a) Estudo do comportamento das empresas adiante da concorrência. b) Estudo do grau de comprometimento das empresas com relação às questões sociais. c) Trata dos estados e processos mentais e cognitivos. d) Trata do perfil individual dos seres humanos e de suas características. e) Estudo dos indivíduos ou grupos atuando em organizações. Questão 1 23/178 2. O que é conflito? a) Concordância de interesses entre duas partes. b) Mediação de ideias e valores entre um ou mais indivíduos. c) Problema social de cunho ambiental. d) Atos de violência, como agressões físicas e/ou verbais. e) Controvérsias entre opiniões, ideias e pensamentos. Questão 2 24/178 3. Sobre o comportamento organizacional, é correto afirmar que: a) Restringe-se à análise do ambiente interno das organizações. b) Trata de uma análise de perspectiva global ou macro. c) Trata das características individuais das pessoas. d) Admite a análise dos comportamentos em diferentes perspectivas. e) Analisa as relações a nível macro e micro organizacional. Questão 3 25/178 4. O que é o conflito percebido? a) É aquele em que há agressão física. b) É aquele que os níveis hierárquicos mais elevados percebem. c) É aquele em que ambas as partes percebem. d) É aquele que ocorre de maneira explícita. e) É aquele que causa danos psicológicos. Questão 4 26/178 5. Sobre o processo decisório, assinale a alternativa correta. a) Quando um conflito emerge de um investimento de alto custo, deve ser feito tudo para re- cuperá-lo. b) O gestor deve estar atento às notícias de jornais e da televisão para embasar suas decisões. c) Existem algumas armadilhas que atrapalham a tomada de decisões. d) Se um plano de ação funcionou no passado para mitigar um problema, ele dever ser reapli- cado no presente. e) Quando o gestor conhece bem o seu processo e é competente, a tomada de decisões deve ocorrer de maneira intuitiva. Questão 5 27/178 Gabarito 1. Resposta: E. Estudo dos indivíduos ou grupos atuando em organizações. O comportamento or- ganizacional é o estudo das relações entre os indivíduos no âmbito das organizações (dentro e/ou fora dela). 2. Resposta: E. De acordo com Chiavenato (2014), a palavra conflito está ligada a discórdia, divergência, dissonância, controvérsia ou antagonismo. 3. Resposta: D. O comportamento organizacional pode ser observado em diferentes perspectivas e/ou enfoques, em relação com o ambiente ex- terno, sob o enfoque sistêmico, a nível in- termediário e a nível micro (grupos e sub- grupos). 4. Resposta: C. O conflito percebido é aquele que ambas as partes identificam, pois seus objetivos são distintos. É também conhecido como con- flito latente. 5. Resposta: C. Existem algumasarmadilhas que atrapa- lham a tomada de decisões, tais como os equívocos cometidos quando se replica uma ação com base no histórico, pressupondo que também será a melhor alternativa para o presente; quando se valoriza demasiada- mente o custo investido; quando se toma decisões embasadas em dados imprecisos, incoerentes ou inconsistentes; ou quando se confia demais na intuição ou na eficiên- cia de alguém ou algo. 28/178 Unidade 2 Motivações para negociação Objetivos 1. Conhecer o conceito de negociação. 2. Compreender a dinâmica das nego- ciações distributivas. 3. Conhecer o conceito de negociação integradora. Unidade 2 • Motivações para negociação29/178 Introdução Utilizamos a palavra “negociação” em nos- so dia a dia com tanta frequência que, por vezes, não nos damos conta de sua defini- ção, de seu conceito e de sua origem. Por vezes, interpretamos a noção de negocia- ção de forma bastante simplista e reduzida, associando-a, por exemplo, ao processo de compra de um bem, produto ou serviço. Em primeiro lugar, é de suma importância compreender que, do ponto de vista con- ceitual, a relação de compra não implica em um processo de negociação, pois o mer- cado já ofertou o bem ou serviço a um de- terminado preço, e o cliente, ao adquiri-lo, está involuntariamente aceitando o acordo proposto. Outro princípio a ser discutido, antes de adentrarmos ao tema desta aula, é saber que a negociação envolve sempre ao me- nos duas partes, mas nem sempre ela fica restrita ao número de dois indivíduos. Al- guns tipos de negociações envolvem um número muito maior de atores. Ademais, as negociações podem ainda figurar-se entre diferentes sujeitos e grupos de sujeitos, tais como indivíduos, indivíduo e organização, organização e organização, e assim suces- sivamente. São muitos os arranjos que po- dem ser compostos, pois não há limitações de quantidade de envolvidos. Também podem variar as negociações de acordo com a intensidade das relações, o prazo de duração e os interesses. Os princi- pais tipos de negociações, que serão abor- dados nesta aula, são os tipos “distributi- vos” e “integradores”. Unidade 2 • Motivações para negociação30/178 1. Negociação Para que exista uma negociação, é preciso que se tenham duas ou mais partes que de- sejem interagir realizando trocas. O obje- tivo da negociação é propor um acordo ou consenso entre as partes. É preciso ressal- tar que as partes das negociações não ne- cessariamente são indivíduos, elas podem ser empresas, organizações, instituições de poder, entre outros. As trocas também não se restringem a objetos, pois podem ser de diferentes naturezas (CHIAVENATO, 2014). Em suma, os interesses das partes devem ser diferentes entre si, caso contrário, tra- tar-se-ia de mera aceitação e não de ne- gociação. As partes devem estar dispostas a abrir mão de algo, de ceder, de trocar, de barganhar para que a negociação se efetue (VANIN, 2013). Embora possa parecer que este é um assun- to complexo, a negociação ocorre em nosso cotidiano inúmeras vezes, sem que ao me- Para saber mais Quando as pessoas vão às ruas para realizar gre- ves, elas estão pleiteando seus direitos enquanto cidadãos e iniciando uma abordagem de nego- ciação para com os poderes públicos governa- mentais. Unidade 2 • Motivações para negociação31/178 nos nós percebamos que estamos envol- vidos neste processo. A negociação, aliás, está associada à própria condição do ser humano em sua concepção social, compar- tilhando território com outros indivíduos, interagindo e comunicando-se com tudo a sua volta (IAMIN, 2016). Neste contexto, por intermédio da comuni- cação é que uma das partes será capaz de influenciar a outra para efetivar e garantir seus interesses. Muitos autores consideram que a capacidade de negociar é inerente ao ser humano, ou seja, é uma capacidade nata. Contudo, caso o indivíduo não seja naturalmente um bom negociador, há di- versas formas de desenvolver tais habilida- des e técnicas (VASQUES, 2014). Para saber mais Os indivíduos enquanto seres sociais partilham do território em comum, para tanto, as conven- ções sociais que adotamos como práticas de ci- dadania implicam uma negociação, por exemplo, abrimos mão de um determinado território para que possamos ter o direito à nossa propriedade e privacidade. Para saber mais No que tange à negociação, acredita-se ser uma característica nata, pois até mesmo os bebês, por choro e outras expressões, negociam com seus pais para obterem aquilo que lhes interessam. Unidade 2 • Motivações para negociação32/178 Vasques (2014) assevera que existem três variáveis básicas na negociação: tempo, poder e informação. O tempo é uma variável a ser negociada, pois os prazos são defini- dos pelas partes envolvidas na negociação, gerando conflitos ou fortalecendo os víncu- los. O poder, segunda variável, será daquele que, entre as partes, detiver alguma vanta- gem adicional, que interesse à outra parte, por exemplo, capital, imagem fortalecida etc. Por fim, a informação é um elemento que pode contribuir com a negociação, pois, à medida que se descobre determinadas in- formações sobre a outra parte, fica mais fá- cil de criar estratégias para a negociação. A negociação pode assumir diferentes estra- tégias ou formatos, classificando-se como distributiva ou integradora (CHIAVENATO, 2014) (VASQUES, 2014). 1.1 Negociação distributiva A abordagem de negociação distributiva fi- gura como o modelo tradicional de negocia- ção. Nesta concepção da negociação, o ob- jetivo principal é ter mais vantagens do que a outra parte. Isso quer dizer que se parte do pressuposto de que qualquer ganho que se tenha na negociação o outro está perdendo Link O artigo “Técnicas e negociações” apresenta al- gumas das principais técnicas utilizadas para fa- vorecer as negociações. Disponível em: <http:// www.maringamanagement.com.br/novo/ index.php/ojs/article/viewArticle/33>. Aces- so em: 1 out. 2017. http://www.maringamanagement.com.br/novo/index.php/ojs/article/viewArticle/33 http://www.maringamanagement.com.br/novo/index.php/ojs/article/viewArticle/33 http://www.maringamanagement.com.br/novo/index.php/ojs/article/viewArticle/33 Unidade 2 • Motivações para negociação33/178 em algo. O termo “distributivo”, neste con- texto, está se referindo à distribuição do po- der e das vantagens na relação de negocia- ção (CHIAVENATO, 2014) (VASQUES, 2014). Cabe considerar ainda que a negociação distributiva pode ser dura ou suave, tam- bém conhecida como distributiva posicio- nal. A negociação é distributiva difícil ou dura quando uma das partes é irredutível e não está aberta a realizar concessões. As- sim, ocorre que a relação de negociação será de competição e o ganho de uma parte implica na perda por parte da outra (CHIAV- ENATO, 2014) (SCHERMERHORN JR.; HUNT; OSBORN, 2007). É no contexto das negociações distributivas duras que reside o cerne da gestão de con- flitos, pois nesses momentos é preciso que ambas as partes se sacrifiquem para chegar a um consenso (CHIAVENATO, 2014). A abordagem de negociação distributiva suave, por sua vez, ocorre quando uma das partes está disposta a ceder. Essa aborda- gem, também conhecida como posicional, parte do pressuposto de que uma das par- tes apresentará à outra suas intenções, fi- cando aberta a adotar diferentes posições para formalizarem o acordo (CHIAVENATO, 2014). Link Embora a negociação possa gerar conflitos entre as partes, pode também ser utilizada como ferra- menta para solucionar conflitos, como discutido no texto disponível no link a seguir: <http://re- vista.ugb.edu.br/index.php/episteme/arti- cle/view/159>. Acesso em: 2 out. 2017. http://revista.ugb.edu.br/index.php/episteme/article/view/159 http://revista.ugb.edu.br/index.php/episteme/article/view/159 http://revista.ugb.edu.br/index.php/episteme/article/view/159 Unidade 2 • Motivações para negociação34/178 De maneira genérica e sucinta,pode-se dizer nas negociações do tipo distributivas que as rela- ções são do tipo ganha-perde, e de todas as formas há uma insatisfação que persiste mesmo ao final da negociação (CHIAVENATO, 2014) (SCHERMERHORN JR.; HUNT; OSBORN, 2007). Algumas estratégias são válidas quando se trata de negociação distributiva, como as nove dire- trizes apontadas por Vasques (2014). • Em primeiro lugar, é preciso considerar que existe uma alternativa à negociação em ques- tão, que seria considerada o ponto ótimo para uma das partes se não houvesse o processo de negociação; a esse ponto chamamos MASA (Melhor Alternativa Sem Acordo). A primei- ra etapa de uma boa negociação seria, então, avaliar a sua própria MASA e redefini-la caso julgar necessário. • É preciso definir também o seu “ponto de reserva”, ou seja, até onde você pretende ceder na negociação. Sua MASA e seu ponto de reserva devem permanecer como informações Trata-se de eliminar as arestas e reduzir as diferenças; o objetivo é o acordo, con- fiar nos outros, mudar sua posição facilmente, fazer ofertas, tentar evitar um an- tagonismo de ideias e reduzir a pressão. (CHIAVENATO, 2014, p. 285) Unidade 2 • Motivações para negociação35/178 internas, pois a informação poderia favorecer à outra parte. • Sabendo que os negociadores pos- suem uma MASA e um ponto de re- serva, é valido pesquisar ou buscar estimar quais são as de seu oponente nesse processo. • Proponha metas otimistas acerca da negociação, contudo, não fuja à rea- lidade. • Dar o primeiro passo numa negocia- ção é um conselho sábio, visto que boas partes das negociações tendem a ser fechadas após a segunda oferta. • Pré-avalie quais concessões deverá realizar. • A comunicação tem relevante papel na negociação, por isso, adote um dis- curso convincente e lógico. Seu dis- curso deverá parecer plausível e coe- rente. • Em seu argumento, incorpore as nor- mas da justiça para ganhar credibili- dade. • Não aceite propostas de divisão igua- litária para firmar o acordo, pois nes- se tipo de negociação qualquer ganho do oponente implica em uma perda de sua parte e, neste caso, ambos esta- riam repartindo os prejuízos. É provável que o acordo entre as partes se encerre após tal negociação, pois um deles sairá com a sensação de derrota e injustiça Unidade 2 • Motivações para negociação36/178 e não fará sentido para ele permanecer na relação de troca. Por esse motivo, é impres- cindível refletir até que ponto é válido ex- plorar a outra parte, investindo em uma ne- gociação distributiva. Em alguns casos, por exemplo, quando se trata de fornecedores, o relacionamento de confiabilidade é de ex- trema importância, por isso desaconselha- -se o uso de tal técnica. 1.2 Negociação integradora A negociação integradora busca um des- fecho ideal para a negociação, caracteri- zado por atender às expectativas de ambas as partes envolvidas. Em contraposição à abordagem apresentada anteriormente, a relação da negociação integradora figura- -se como ganha-ganha, ou seja, todos os envolvidos devem sair ganhando ao final (CHIAVENATO, 2014). Uma série de propostas aceitáveis é coloca- da em pauta de avaliação e a escolha será guiada por decidir pela que seja mais bené- fica para todos. Normalmente os focos dos envolvidos são de um escopo ou de propor- ções maiores que aquilo que se está tratan- do, por isso vale a pena realizar concessões nesses quesitos para que se mantenha a negociação ou o contrato daquilo que lhe é mais interessante (CHIAVENATO, 2008) ( SCHERMERHORN JR.; HUNT; OSBORN, 2007). Outra característica da negociação inte- gradora é que ela tende a ser mais utilizada Unidade 2 • Motivações para negociação37/178 nas relações de longo prazo, ou, ainda, que devido à satisfação que proporciona, ela propicie relacionamentos mais duradou- ros (SCHERMERHORN JR.; HUNT; OSBORN, 2007). É nessa abordagem que se enquadram as relações colaborativas, as quais tanto se buscam e se abordam nos dias atuais. Po- de-se dizer que a abordagem integradora é mais pertinente ao contexto atual, visto que, mais do que nunca, as empresas têm se valido de estratégias de parcerias, alian- ças e outsourcing como vantagens competi- tivas (SCHERMERHORN JR.; HUNT; OSBORN, 2007). Considerando a natureza competitiva das empresas e a dificuldade de se confiar na outra parte, detecta-se automaticamente que, embora as negociações integradoras sejam mais interessantes para as empresas — de maneira geral —, elas não são encon- tradas com tanta facilidade (CHIAVENATO, 2014). Link A negociação integradora possui algumas par- ticularidades quando da sua implementação, para conhecê-las leia o artigo que aborda um exemplo prático. Disponível em: <http://www. scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi- d=S0101-74382004000300005>. Acesso em: 2 de out. 2017. Unidade 2 • Motivações para negociação38/178 Muitos gestores ainda não compreende- ram a necessidade de se alterar as formas de gestão, pensando no contexto de mundo globalizado, em que, cada vez mais, haverá a necessidade de as empresas contarem com parceiros para ampliar sua capacidade pro- dutiva, maximizar seus lucros, ampliar seu mercado ou qualquer outro objetivo e meta que se queira atingir (CHIAVENATO, 2014). Unidade 2 • Motivações para negociação39/178 Glossário MASA: o termo é a abreviação de “Melhor Alternativa Sem Acordo”, nada mais é do que o inte- resse de uma das partes, o que ela deseja ou pretende atingir, desconsiderando o fato de que terá de ceder na negociação. Ponto de reserva: ao apresentar suas intenções à outra parte, o negociador nunca expõe os seus reais limites, ele amplia suas aspirações mantendo em segredo um ponto limite ao qual pretende chegar para findar a negociação. Relações colaborativas: trabalhar ou operar em equipe com ajuda mútua. Questão reflexão ? para 40/178 No decorrer deste tema, vimos que a negociação é uma atividade que ocorre cotidianamente, na maioria das vezes de maneira não planejada, mas a partir de um ato intuitivo intrínseco à própria condição humana. Ago- ra que você conhece sobre o conceito de negociação, seus tipos e as técnicas envolvidas, atente-se, a partir de agora, aos processos de negociação que se envolver, ao tipo de postura a ser adotada e, se possível, execute a negociação de maneira racional. Em seguida, avalie se a conscientização da negociação interferiu em seu resul- tado. 41/178 Considerações Finais • A negociação é uma troca, um jogo de interesses entre duas partes com interesses distintos, que firmam um acordo entre si. • A capacidade de negociação é uma característica nata do ser humano, con- tudo, há técnicas para desenvolvê-la e aprimorá-la. • As relações de negociação podem ser classificadas em distributivas ou in- tegradoras. • As negociações são distributivas quando figuram uma relação ganha-per- de, em que qualquer ganho de uma parte implica perda da outra. Por ter um perdedor envolvido, as negociações distributivas acabam por dissolver as relações entre as partes após as negociações. • As negociações integradoras figuram como relações ganha-ganha, ou seja, busca-se um ponto de equilíbrio entre as expectativas de ambas as partes. Esse tipo de negociação tende a ser mais duradoura e, também, mais con- dizente com os atuais contextos de mercado. Unidade 2 • Motivações para negociação42/178 Referências CHIAVENATO, I. Planejamento e Controle da Produção. Barueri: Manole, 2008. CHIAVENATO, I. Comportamento organizacional: a dinâmica do sucesso das organizações. Ba- rueri: Manole, 2014. IAMIN, G. P. Negociação: conceitos fundamentais e negócios internacionais. Curitiba: Intersa- beres, 2016. SCHERMERHORN JR., J. R.; HUNT, J. G.; OSBORN, R. N. Fundamentos de comportamento organi- zacional. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2007. VANIN, J. A. Processos de negociação. Curitiba: Intersaberes, 2013. VASQUES, E. F. Técnicas de negociação e apresentação. São Paulo: PearsonEducation do Brasil, 2014. 43/178 1. Quais são as variáveis básicas da negociação? a) Tempo, poder e informação. b) Tempo, inteligência e informação. c) Empatia, perseverança e dinheiro. d) Empatia, perseverança e poder. e) Tempo, poder e dinheiro. Questão 1 44/178 2. Sobre as negociações distributivas é correto afirmar que: Questão 2 a) Ambas as partes terminam a negociação satisfeitas. b) Propiciam relacionamentos duradouros. c) São colaborativas. d) São também conhecidas como ganha-ganha. e) Qualquer ganho de uma parte implica perda da outra. 45/178 3. As negociações distributivas podem ser classificadas em dois tipos distin- tos: duras ou suaves. Nesse contexto, é correto afirmar que: Questão 3 a) Nas negociações suaves, ambas as partes estão propensas a chegar a um acordo benéfico para todas. b) As negociações distributivas suaves são sinônimas de negociações integradoras. c) Nas negociações distributivas duras, uma das partes está disposta a adotar diferentes posi- cionamentos de acordo com as propostas que recebe. d) As negociações distributivas suaves são marcadas por dois elementos inflexíveis. e) As negociações distributivas suaves são aquelas em que um dos elementos apresenta flexi- bilidade. 46/178 4. Sobre as negociações integradoras, é correto afirmar que: Questão 4 a) São marcadas pela colaboração e flexibilidade entre as partes e propostas. b) As partes não estão abertas a realizar concessões. c) Uma das partes faz muitas exigências, a outra apenas as aceita. d) Ambas as partes são rígidas com relação a seus objetivos. e) Envolve no máximo duas pessoas. 47/178 5. Qual dos tipos de negociação é mais adequada ao contexto de mundo globalizado? Questão 5 a) Disruptiva. b) Integradora. c) Ganha-perde. d) Distributiva dura. e) Distributiva suave. 48/178 Gabarito 1. Resposta: A. Tempo, poder e informação. A variável tem- po pode ser um motivo de fortalecimento do vínculo ou de conflito entre as partes, dependendo da rigidez exigida para o cum- primento do prazo. O poder é determinado por aquilo que uma das partes possui e que interessa à outra. A informação é valiosa no processo de negociação, pois quanto mais se conhece a outra parte, mais fácil é cons- truir uma estratégia de negociação. 2. Resposta: E. Qualquer ganho de uma parte implica perda por parte da outra. As negociações distribu- tivas consideram a escassez dos recursos, por isso qualquer avanço no sentindo de benefícios alcançados por um implica per- da por parte da outra, como num “cabo de guerra”. 3. Resposta: E. A abordagem de negociação distributiva suave ocorre quando uma das partes está disposta a ceder. Essa abordagem, também conhecida como posicional, parte do pres- suposto de que uma das partes apresenta- rá à outra suas intenções, ficando aberta a adotar diferentes posições para formaliza- rem o acordo. 49/178 Gabarito 4. Resposta: A. São marcadas pela colaboração e flexibili- dade entre as partes e propostas. O próprio nome integrador está atrelado ao fato de que será proposta uma condição que inte- gre, ou seja, incorpore os objetivos e anseios das partes. 5. Resposta: B. Integradora, porque esse tipo de negocia- ção é pautado na colaboração, condição essencial para a adoção de estratégias de terceirização, muito importante como es- tratégias de competitividade nos dias atu- ais devido à sua capacidade de interferir nos custos de produção e/ou em sua qualidade. Há relações que também precisam manter certo padrão de qualidade e serem dura- douras para que a empresa consiga manter elevados os níveis de satisfação do público consumidor. 50/178 Unidade 3 Estilos de negociação Objetivos 1. Compreender a existência de diferenças entre os indivíduos quanto aos seus esti- los negociais. 2. Conhecer e aprender sobre o modelo de JUNG. 3. Conhecer o modelo de LIFO. 4. Verificar que os negociadores não ado- tam um único estilo. 5. Identificar semelhanças entre os diferen- tes modelos. Unidade 3 • Estilos de negociação51/178 Introdução Historicamente o mundo vem passando por diversas transformações em suas diferen- tes esferas. Tais mudanças na estrutura so- cial, política e econômica repercutem nos hábitos dos indivíduos criando novos com- portamentos e, consequentemente, novas formas de relacionamentos interpessoais. Nesse sentido, também as organizações têm de se enquadrar e se adequar às novas expectativas e exigências de mundo, bus- cando formas mais efetivas de gerenciar as pessoas que a constituem. Desse modo, é preciso que se busque com- preender a natureza humana como uma forma de identificar padrões de compor- tamentos que se repetem e as suas moti- vações. Além disso, conhecendo melhor os perfis das pessoas, torna-se factível traçar estratégias para gerenciá-las de maneira eficaz. Sendo assim, o presente tema tem por intui- to apresentar alguns dos principais modelos de classificação de estilos de negociadores, visto que a negociação é frequente em di- ferentes tipos de relacionamentos, partindo do pressuposto de que é essencial conhecer os principais modelos, tanto para adequar sua própria conduta quanto para poder li- dar com os conflitos cotidianos. 1. Estilos de negociação Os negociadores adotam diferentes po- sicionamentos e condutas quando estão envolvidos nesse processo. Tais posiciona- mentos compõem o estilo de negociação, Unidade 3 • Estilos de negociação52/178 que será adotado pelos indivíduos. Normal- mente, cada negociador possui seu próprio estilo de negociação (MARTINELLI, 2015) (MARTINELLLI, 2011). Por estilo de negociação podemos entender que são todas as características de compor- tamento de um indivíduo envolvido em uma negociação. 1.1 Modelo de Jung Carl Jung, psiquiatra suíço, classificou os estilos de personalidade e a partir da cor- relação entre esses estilos e a personalida- de, bem como os impulsos às ações, Sparks (1992) definiu um modelo de estilos de ne- gociadores (HIRATA, 2007) (MARTINELLI, 2015) (MARTINELLLI, 2011). Link Os negociadores precisam possuir determinadas habilidades para que sejam efetivos e consigam atingir os resultados esperados. Leia mais sobre o tema em: <http://www.angrad.org.br/_re- sources/files/_modules/producao/produ- cao_621_201212051834228e9c.pdf>. Acesso em: 23 out. 2017. http://www.angrad.org.br/_resources/files/_modules/producao/producao_621_201212051834228e9c.pdf http://www.angrad.org.br/_resources/files/_modules/producao/producao_621_201212051834228e9c.pdf http://www.angrad.org.br/_resources/files/_modules/producao/producao_621_201212051834228e9c.pdf Unidade 3 • Estilos de negociação53/178 Carl Jung elencou duas grandes classes prin- cipais de personalidades: introvertidas e ex- trovertidas. Acerca dos impulsos, existem, de acordo com Sparks (1992), quatro tipos principais: controle, desconsideração, defe- rência e confiança. O controle é o impulso orientado à dominação do outro. A descon- sideração é o impulso que visa destruir o outro, de modo a rebaixá-lo. O impulso da deferência é o impulso daquele que, quando coagido, deixa que o outro assuma o domí- nio. Por fim, o impulso da confiança é o que prioriza o trabalho cooperativo, atribuindo importância ao outro (HIRATA, 2007) (MAR- TINELLI, 2015) (MARTINELLLI, 2011). Link O desenvolvimento e o estudo das tipologias hu- manas sempre foi algo presente em diversas cul- turas e áreas do conhecimento humano. Dentro da Psicologia não ocorreu de forma diferente. Assim sendo, entre as linhas psicológicas que propõem uma tipologia, encontra-se a teoria junguiana. Para saber mais sobre o tema, acesse o artigo dis- ponível em: <https://seer.cesjf.br/index.php/ cesRevista/article/view/405>. Acesso em: 22 out. 2017. Para saber mais Carl Jung foi um dos mais famosos psiquiatras do mundo, nascido em julho de 1875 na Suíça, e é co- nhecido como o fundador das teorias do incons- ciente coletivo, daindividuação e dos arquétipos. https://seer.cesjf.br/index.php/cesRevista/article/view/405 https://seer.cesjf.br/index.php/cesRevista/article/view/405 Unidade 3 • Estilos de negociação54/178 Cada um desses impulsos pode ser combi- nado de diferentes formas, e cada uma des- sas combinações dá forma a um estilo de negociação, os quais Jung atribuiu os no- mes de estilo restritivo, ardiloso, amigável, confrontador (MARTINELLI, 2015) (MARTI- NELLI, 2011). O estilo restritivo é uma mistura dos im- pulsos de controle e de desconsideração. O grande objetivo desse estilo é obter vanta- gem sob o outro, pouco se importando com os impactos negativos causados. Esse estilo de negociação parte da premissa de que o outro deve agir para lhe favorecer (MARTI- NELLI, 2015). O estilo ardiloso combina a desconsidera- ção e a deferência, por isso preconiza que a outra parte da negociação deve ser mantida a certa distância, com a justificativa de que os efeitos do relacionamento serão preju- diciais a si próprios. Para evitar chateações, esse estilo recomenda que as negociações sejam ditadas por regras e normas, man- tendo sempre o mínimo de pessoalidade (MARTINELLI, 2015). Contrariando o que supõe os dois primei- ros estilos apresentados, o estilo amigável prefere partir do pressuposto da amizade e da colaboração entre as partes. Trata-se de um modelo que combina a deferência e a confiança. É bem aplicado em casos que se deseja manter o relacionamento com a ou- tra parte (MARTINELLI, 2015). Por fim, o estilo confrontador pode ser Unidade 3 • Estilos de negociação55/178 compreendido como cooperativo, ou seja, que busca um acordo justo para ambas as partes. Trata-se de uma junção entre a con- fiança e o controle (MARTINELLI, 2015). 1.2 Modelo de LIFO O modelo de LIFO – Life Orientations (orien- tações de vida) tem origem nos estudos da tipologia humana, os quais são uma tenta- tiva de compreensão da natureza humana. Como se sabe, tais tentativas datam dos primórdios da humanidade e remontam aos primeiros filósofos e pensadores (MARTI- NELLI, 2015). Os principais pensadores dessa teoria de classificação são Atkins e Katcher (1980), psicólogos americanos que se dedicaram ao estudo das características comporta- mentais de executivos de diversas partes do mundo, relacionando tais padrões aos estilos categorizados. Os autores alegam Para saber mais A tipologia humana é uma ciência derivada da psi- cologia e à qual atribuímos o nome de “psicologia analítica”. Tal ramo estuda os tipos de personali- dades dos homens, seus elementos morfológicos, psicológicos, biológicos e sociológicos. Carl Jung era um seguidor de Freud, ainda que discordas- se do viés sexual que o segundo atribuía à grande parte das ações e comportamentos humanos. Unidade 3 • Estilos de negociação56/178 que não existem estilos ou padrões de com- portamento mais desejáveis ou melhores do que outros, sendo que cada situação de- manda de um tipo de postura distinta (MAR- TINELLI, 2015). É ainda importante mencionar o fato de que classificar pessoas de acordo com qualquer critério que se queira eleger é considera- do um risco, pois, por vezes, podem ocorrer erros de classificação e interpretação. To- davia, os autores elencaram quatro princi- pais estilos de negociadores (MARTINELLI, 2015): 1. Dá e apoia (D/A). 2. Toma e controla (T/C). 3. Mantém e conserva (M/C). 4. Adapta e negocia (A/N). O primeiro estilo (D/A) caracteriza-se por um comportamento de pleno envolvimen- to e comprometimento com a realização do trabalho. Normalmente, trata-se de pesso- as com um perfil voltado ao perfeccionismo e que são incapazes de dizer não. Embora a dedicação ao trabalho seja algo positivo, nesse tipo de perfil as pessoas impõem altos níveis de expectativas, tanto para si quanto para os outros, e são demasiadamente ide- alista (MARTINELLI, 2015). O segundo estilo (T/C) é o tipo de pessoa que aproveita todas as oportunidades em benefício próprio e para o cumprimento dos seus objetivos pessoais/organizacionais. São pessoas com uma postura ágil, capazes de atuar em múltiplas tarefas e projetos e que apresentam facilidade de relacionar-se Unidade 3 • Estilos de negociação57/178 com os outros. Em cenários de alto desem- penho organizacional, esse perfil costuma atuar de forma independente, e quando o cenário é de baixo desempenho, o mesmo torna-se impositivo e coercitivo com os de- mais (MARTINELLI, 2015). O terceiro estilo (M/C) é composto por pes- soas que têm um ritmo de trabalho mais lento, mas que prezam pela qualidade da execução, com isso, conseguem ponderar as tomadas de decisões e não tomar ati- tudes impulsivas. Quando estão em perío- do de queda de desempenho, os elementos desse perfil tornam-se distantes e tendem a refletir sobre o problema, de tal forma que perdem a oportunidade de agir (MARTINEL- LI, 2015). O quarto e último estilo (A/N) é o mais vol- tado à sociabilidade dentre os quatro. Tra- ta-se de pessoas empáticas e que priorizam a manutenção de um bom clima organiza- cional. Por esse motivo, são sempre elemen- tos que se relacionam com quase todos os outros e que possuem um senso de humor, além de serem otimistas. No entanto, quan- do em situações de dificuldade, os elemen- tos desse perfil acabam por falhar quanto à seriedade com a qual tratam os problemas e/ou deixam que a opinião do outro preva- leça, simplesmente para que não percam as amizades (MARTINELLI, 2015). Os autores reiteram ainda que nenhuma pessoa adota exclusivamente um estilo, sendo que cada indivíduo pode combinar até quatro estilos, sendo uns mais expressi- vos que outros. Unidade 3 • Estilos de negociação58/178 1.3 Outros estilos de negociadores Ainda no mesmo intuito de compreender as relações humanas e sua natureza, outros autores empenharam-se em criar suas próprias classificações de perfis de negociadores, por exemplo, Gottschalk, que também enfocou o comportamento organizacional. Esse autor nomeou suas classes de negociadores também em quatro tipos distintos: duro, caloroso, dos números e ne- gociador. Ainda que os nomes de cada uma das classes sejam diferentes dos apresentados ante- riormente, em essência representam os mesmos tipos de perfis, a similaridade pode ser obser- vada na Tabela 3.1 a seguir (MARTINELLI, 2015). Tabela 3.1 | Similaridades entre estilos de negociação Fonte: adaptada de Godinho; Macioski (2005, p. 152). Unidade 3 • Estilos de negociação59/178 Outros autores, tais como Junqueira (1990) e Matos (1990), também criaram seus próprios crité- rios ou modelos de estilos de negociadores. Para Matos, os negociadores são: racionais, metódi- cos, sociáveis ou decididos. Para Junqueira, os mesmos classificam-se em catalisador, apoiador, controlador e analíticos. Para saber mais Hirata classificou os perfis em cinco estilos distintos: 1) Decisor, que é aquele que tenta influenciar os outros apresentando as consequências da negociação, sejam elas positivas ou negativas; 2) Narrador, que busca influenciar o outro ouvindo seu posicionamento e conferindo as relações de causa-efeito; 3) Provedor, que é aquele que apresenta como argumento de negociação ideias que se convertem em benefícios para a outra parte; 4) Explorador, que cria e une visões que são comuns a ambas as partes, partindo destas como estra- tégia de negociação; 5) Inventor, que é extremamente racional e tenta mostrar ao outro que as pessoas são distintas dos problemas em questão; 6) Improvisador, que busca apresentar as vantagens competitivas que a outra parte terá se aceitar sua oferta; e 7) Preparador, que é aquele que busca influenciar pela razão, pela lógica, pelas evidências e pelos dados. Unidade 3 • Estilos de negociação60/178 Comparando os modelos citados, encontra- mos entre eles muitos aspectos semelhan- tes, por exemplo, o perfil restritivo (Jung), o controlador (Junqueira) e o duro (Gotschalk) têm descrições de perfis equivalentes. Da mesma forma,há compatibilidade entre o estilo confrontador (Jung), dá e apoia(LIFO), racional (Matos) e negociador (Gottschalk). Por fim, há similaridade também entre o estilo ardiloso (Jung), mantém e conserva (Atkins e Katcher), analítico (Junqueira) e dos números (Gottschalk). Não existe, contudo, um modelo ideal de negociação a ser seguido devido às particu- laridades dos conflitos. Também não existe modelo de classificação de negociadores que seja mais adequado ou verdadeiro. Link Leia o artigo a seguir que trata do modelo de com- portamento esperado de um bom negociador. Disponível em: <http://www.vision.com.br/ portalnew/artigos/VisionModeloComporta- mentoBomNegociador.pdf>. Acesso em: 23 out. 2017. Unidade 3 • Estilos de negociação61/178 Glossário Comportamento: procedimento de alguém face a estímulos sociais, a sentimentos e/ou a ne- cessidades íntimas. Deferência: atitude de respeito com relação ao outro ou a alguém a quem se considere superior. Introvertidos: indivíduo que parece fechado, contido e crítico. Questão reflexão ? para 62/178 Faça uma pesquisa na internet e, com base nos perfis descritos neste tema, tente identificar qual o tipo de perfil de negociador ao qual você normalmente mais se relaciona. Se possível, exercite também identificar o perfil de outras pessoas próximas. 63/178 Considerações Finais • Diversos autores buscaram compreender a natureza do comportamento humano. • Os estudos deswes autores levaram a diferentes classificações dos modelos de perfis de negociadores. • Tais perfis são padrões de comportamentos que os negociadores comumen- te adotam. • Quase todos os modelos de classificação chegaram a quatro perfis princi- pais, embora as nomenclaturas sejam distintas. • Cada negociador pode se enquadrar em mais de um tipo de perfil negocial. Unidade 3 • Estilos de negociação64/178 Referências GODINHO, Wagner Botelho; MACIOSKI, Juliana Maria Klüppel. Estilos de negociação: a maneira pessoal de realizar negócios internacionais. Ciência Opinião, v. 2, nº 1/2, p. 143-65, 2005. HIRATA, R. Estilos de negociação. São Paulo: SARAIVA, 2007. MARTINELLI, D. P. Negociação empresarial: enfoque sistêmico e visão estratégica. 2. ed. Barueri: Manole, 2015. MARTINELLLI, D. P. Negociação Internacional. São Paulo: Atlas, 2011. 65/178 1. Carl Jung foi um psiquiatra que estudou o comportamento humano e buscou estabelecer tipos de perfis comportamentais. Ele também buscou compreender os impulsos, sobre os quais é correto afirmar que: a) São classificados em dois tipos distintos: extrovertidos e introvertidos. b) São compostos por três tipos distintos: restritivo, ardiloso, confrontador. c) São compostos pelos estilos dá e apoia, toma e controla, mantém e conserva, adapta e ne- gocia. d) São classificados como: controle, desconsideração, deferência e confiança. e) São classificados como: duro, caloroso, de números, negociador. Questão 1 66/178 2. Sobre o modelo de LIFO, o estilo “dá e apoia” é aquele que: a) É altamente comprometido com o trabalho. b) Quando coagido costuma deixar que o outro o domine. c) Visa destruir ou rebaixar seu oponente negocial. d) É ágil e capaz de atuar em múltiplas tarefas. e) É o estilo mais sociável dentre todos os mencionados. Questão 2 67/178 3. Diferentes autores buscaram classificar os perfis de negociadores, alguns desses estilos são coincidentes, por exemplo, o estilo “restritivo” de Sparks, que é similar: a) Ao estilo “toma e controla” de Atkins e Katcher. b) Ao estilo amigável de Atkins e Katcher. c) Ao estilo negociador de Gottschalk. d) Ao estilo “de números” de Gottschalk. e) Ao estilo catalisador. Questão 3 68/178 4. O estilo “adapta e negocia”, do modelo LIFO, apresenta algumas desvan- tagens quando opera em períodos de queda de desempenho; sobre isso as- sinale a alternativa correta. a) Falta de sociabilidade. b) Deixam que a opinião alheia prevaleça sobre sua própria. c) É muito idealista e crítico. d) Atua de forma isolada. e) Perde a oportunidade de agir. Questão 4 69/178 5. Dentre os tipos de perfis de negociadores propostos por Sparks, com base nas teorias de Jung, analise as alternativas a seguir e assinale a correta. a) Adota um perfil colaborativo, que busca repartir os bônus da negociação. b) Preza pelo distanciamento entre as partes. c) Trata-se de um estilo composto pela mistura entre os impulsos de controle e de desconside- ração. d) Desconsidera os efeitos negativos que a negociação pode trazer às partes envolvidas ou ao outro. e) Busca negociar com base em regras e normas formais. Questão 5 70/178 Gabarito 1. Resposta: D. Os impulsos são classificados como contro- le, desconsideração, deferência e confiança. As diferentes combinações entre eles com- põem os estilos de negociações elencados por Sparks. 2. Resposta: A. Sobre o modelo de LIFO, o estilo “dá e apoia” é aquele que é altamente comprometido com o trabalho e tende a ser perfeccionista. 3. Resposta: A. Diferentes autores buscaram classificar os perfis de negociadores, alguns desses esti- los são coincidentes, por exemplo, o estilo restritivo de Sparks, que é similar ao estilo “toma e controla” de Atkins e Katcher, assim como ao estilo controlador e ao estilo duro de Gottschalk. 4. Resposta: B. Quando em situação de queda de desem- penho, o estilo “adapta e negocia” tende a faltar com seriedade e acaba priorizando o relacionamento com o outro, deixando que a opinião deste prevaleça em detrimento de sua própria. 5. Resposta: A. O estilo confrontador é provocativo e usa a negociação como uma oportunidade de discussão enriquecedora, da qual as partes devem repartir os bônus e ônus. 71/178 Unidade 4 Estratégias de negociação Objetivos 1. Compreender o embate entre os inte- resses particulares e a importância do relacionamento. 2. Identificar os diferentes tipos de ne- gociação. 3. Compreender a dinâmica e as carac- terísticas de cada um dos tipos de ne- gociação. Unidade 4 • Estratégias de negociação72/178 Introdução A existência de personalidades distintas é um fato que pode ser percebido por qual- quer um que se proponha a analisar, mesmo que superficialmente, as pessoas em seu entorno. As características dessas perso- nalidades são percebidas à medida que as pessoas se expressam (verbal ou fisicamen- te). Para que a mensagem desses indivíduos seja passada, é preciso que haja um recep- tor do outro lado da relação, o qual também possui uma personalidade. Diante dessa condição, podemos concluir que haverá diversos tipos de relacionamen- tos interpessoais, tantas quantas forem as combinações de personalidades. Contudo, não podemos nos esquecer de que existem também regras e convenções sociais que são adotadas para a manutenção de uma “ordem” no convívio social. Cada ambiente, portanto, adota condutas e regras próprias para tais relacionamentos, as quais, mesmo que não formalizadas, são propagadas não só pela cultura do ambiente, mas também pelas relações de poder e hierarquias que nele se estabelecem. Além das questões de poderes hierárquicos existe, também, a questão do afeto nas re- lações, por isso, muitas das atitudes que se- riam instintivamente praticadas, passam a ser filtradas e transformam-se em posturas e condutas típicas de alguns tipos de rela- cionamentos. Nesse tema você terá a oportunidade de conhecer os diferentes tipos de relaciona- mentos estabelecidos entre indivíduos e/ Unidade 4 • Estratégias de negociação73/178 ou organizações, do ponto de vista das re- lações de poder que os permeiam e do grau de interesse particular no relacionamento em questão. 1. Estratégias de negociação Os conflitos são decorrentes das relações humanas e são também pelas característi- cas intrínsecas ao ser humano, e da perso- nalidade, que eles ocorrem. Os sentimentos e as emoções acabam interferindo nas re- lações humanas, de forma que as negocia- ções, por vezes, se dão de maneirainstintiva e não planejada. Contudo, para gerenciar conflitos, é preciso que se consiga raciona- lizá-lo, e perceber que a principal questão envolvida nas negociações reside na ques- tão controversa entre obtenção de vanta- gens ou ganhos e a manutenção do relacio- namento (CHIAVENATO, 2014) (FERREIRA, 2013) (VANIN, 2013). Link A literatura considera a existência de alguns tipos de personalidades, que são caracterizados pela repetição de comportamentos, são eles: perfec- cionista, prestativo, bem-sucedido, romântico/ individualista, observador, protetor, sonhador, confrontador e mediador. Leia o artigo deste link que trata deste tema. Disponível em: <http:// scholar.googleusercontent.com/scholar?- q=cache:yiGf2kU51MgJ:scholar.google. com/&hl=pt-BR&as_sdt=0,5>. Acesso em: 18 out. 2017. http://scholar.googleusercontent.com/scholar?q=cache:yiGf2kU51MgJ:scholar.google.com/&hl=pt-BR&as_sdt=0,5 http://scholar.googleusercontent.com/scholar?q=cache:yiGf2kU51MgJ:scholar.google.com/&hl=pt-BR&as_sdt=0,5 http://scholar.googleusercontent.com/scholar?q=cache:yiGf2kU51MgJ:scholar.google.com/&hl=pt-BR&as_sdt=0,5 http://scholar.googleusercontent.com/scholar?q=cache:yiGf2kU51MgJ:scholar.google.com/&hl=pt-BR&as_sdt=0,5 Unidade 4 • Estratégias de negociação74/178 O ato de negociar envolve uma racionaliza- ção, ou seja, uma estratégia a qual parte de um planejamento prévio, que deve analisar alguns aspectos envolvidos na negocia- ção, tais como: os objetivos que se preten- de atingir, o perfil da outra parte, o seu grau de poder na relação etc. Devido a essas ca- racterísticas é que se afirma que não existe um modelo padrão a ser seguido para obter sucesso na negociação, pelo contrário, cada situação negocial possui peculiaridades que demandam tato, habilidade e perspicácia do negociador (VANIN, 2013). Embora não haja padronização da estraté- gia de negociação, algumas de suas carac- terísticas e de seus objetivos costumam re- petir-se com frequência, e variam de acordo com o grau do conflito que se deseja assu- mir e da importância da manutenção do re- lacionamento para o futuro (VANIN, 2013). Nesse sentido, Vanin (2013) e Chiavenato (2014) classificam a negociação em quatro tipos estratégicos distintos: relacionamen- Para saber mais “A relevância da compreensão do processo de conflito interpessoal nas equipes e nas organiza- ções se dá a partir do ponto em que as reações emocionais sejam reconhecidas como importan- te fator no processo de decisão das organizações, no momento em que se saiba retirar, desse pro- cesso, a emoção como elemento de interferência no julgamento das decisões da equipe.” (MON- TEIRO, 2007, p.70) Unidade 4 • Estratégias de negociação75/178 todavia, a manutenção do relacionamento possui menor relevância, por isso os confli- tos estão presentes tanto em um como em outro, sendo que no tipo “indiferença” não há preocupações em minimizá-los, confor- me ilustra a Figura 4.1 a seguir (CHIAVENA- TO, 2014) (VANIN, 2013). tos, cooperação, coopetição e indiferença, além de um tipo adicional que é, na reali- dade, um ponto neutro entre os tipos es- tratégicos e é denominado de transigência. Os modelos descritos por ambos os autores são coincidentes, o que se altera é apenas a nomenclatura atribuída a cada um deles. Outros autores aderem a diferentes tipos de classificações, com outras nomenclaturas, mas que em sua essência podem ser todos descritos pelos modelos apontados pelos referidos autores. Para os tipos “relacionamentos” e “coope- ração”, o relacionamento com a outra parte é muito importante e pretende-se ou ne- cessita-se mantê-lo a longo prazo, por isso não faz parte da estratégia criar conflitos. Para os tipos “coopetição” e “indiferença”, Unidade 4 • Estratégias de negociação76/178 Figura 4.1 | Os cinco estilos de gestão de conflitos Fonte: Chiavenato (2014, p. 280). Unidade 4 • Estratégias de negociação77/178 O estilo de gerenciamento de conflitos, ou negociação, de competição é caracteriza- do pela importância que se atribui ao ato de “vencer” a negociação. Normalmente ele é utilizado em causas de necessidade urgente ou emergente, e naquele momento não se visualiza as consequências que a imposição causará (CHIAVENATO, 2014). Ferreira (2013) aborda a questão da nego- ciação conflitiva/competitiva atribuindo- -lhe o nome de “negociação primal”. O au- tor afirma que “o negociador primal aplica toda a ênfase no exercício do seu poder, na expressão das suas vontades e interesses, na conquista de ganhos, sem considerações pelo relacionamento” (FERREIRA, 2013, p. 30). O autor complementa ainda que as ne- gociações desse tipo se assemelham às lu- tas ou guerras. Na competição, o interesse, financeiro ou de qualquer outra natureza, é tão evidente que não se deseja abrir mão dele, não há inte- resses em manter relacionamentos futuros, ou seja, o vínculo entre as partes será des- feito ao findar a negociação. Como exem- plos desse tipo de negociação, Vanin (2013) menciona os divórcios e as aquisições de bens. O estilo de abstenção, ou indiferença, é ca- racterizado quando o jogo de interesses é de importância trivial para as partes, por isso não há interesse em criar ou prolongar si- tuações de conflito pela questão envolvida. Por exemplo, uma relação de compra e ven- da de um produto de baixo custo, ou quando vamos a um local que estabelece regras cla- Unidade 4 • Estratégias de negociação78/178 ras que podemos até, internamente, ques- tionar, mas que discutir naquele momento implicaria desperdício de tempo e esforço muito maior do que o próprio interesse ou indignação (CHIAVENATO, 2014) (VANIN, 2013). O estilo de negociação de relacionamento tem como principal objetivo manter o vín- culo de relacionamento entre as partes por longo prazo. É marcado por um alto grau de colaboração e compreensão entre as par- tes. Nesses casos, o importante é não gerar conflitos e ambas as partes são conscientes sobre o que é “certo” ou “errado” dentro da- quela relação (CHIAVENATO, 2014) (VANIN, 2013). Dentre as características da negociação do tipo relacionamento, podemos mencionar a realização de concessões em prol do outro, aceitar certas condições ou fazer aquisições sem pensar no favorecimento imediato, dentre outros aspectos (VANIN, 2013). Nes- se tipo de relacionamento de negociação pode ocorrer alguma insatisfação não ma- nifestada pelas partes. A fuga ou a esquiva se manifesta nas rela- ções pessoais sob a forma de silêncio, afas- tamento entre as partes ou pela expressão ferina do sarcasmo. Os ressentimentos in- ternalizados pelas pessoas, quando muito fortes e repetitivos, se transformam em for- tes emoções, capazes de ocasionar proble- mas de saúde, como aumento da pressão sanguínea, doenças cardíacas, insônia, falta de concentração e até úlceras. (FERREIRA, 2013, p. 32) Unidade 4 • Estratégias de negociação79/178 Ferreira (2013) denomina esse tipo de ne- gociação (de relacionamento) como “fuga” ou “esquiva”. Nos relacionamentos inter- pessoais, esse tipo de conduta gera uma falsa sensação de “paz”, que futuramente explodirá em um problema ainda maior, pois aquele que abre mão e abdica, hora ou ou- tra, se sentirá incomodado com a situação que concordou, e ou não vai cumprir com os acordos, ou entrará em confronto. Por isso, é sempre recomendado estimular o diálogo entre as partes para que esse tipo de situa- ção não venha a ocorrer. A relação de colaboração apresenta alta assertividade e alta colaboração, trata- -se de uma relação em que ambas as par- tes são “ganhadoras”, ou seja, ambas veem vantagens em manter a relação. Por isso, o conflito se faz presente, pois quando os in- divíduos entram em contradição de ideias e posicionamentos, é gerada uma discus- são que pode promover o crescimento e a evolução de ambos. O conflito, nesse caso, é positivo, pois ele gerará mudanças pensa- das por ambos e eliminará as visões tradi- cionalistas acercadaquele problema de for- ma que ambos se beneficiem dos resultados (CHIAVENATO, 2014) (VANIN, 2013). Unidade 4 • Estratégias de negociação80/178 O relacionamento colaborativo exige em- patia e um alto nível de conscientização da emoção e do autocontrole. Nas negociações comerciais, esse tipo de relacionamento é mais natural do que nas relações interpes- soais, porque as pessoas têm dificuldade de conseguir analisar o problema ou a re- lação de poder de forma racional e empáti- ca. Contudo, quando consegue, o indivíduo inicia sua preocupação com a obtenção de seus objetivos e também com o outro. Essa negociação, por envolver racionalidade, é também conhecida como cognitiva (FER- REIRA, 2013). Link De acordo com William Ury, professor da Univer- sidade de Harvard, existem algumas ferramentas que garantem que as negociações sejam benéfi- cas para ambas as partes. O artigo a seguir tra- ta desta temática e está disponível em: <http:// scholar.googleusercontent.com/scholar?- q=cache:acpNK5mjMYcJ:scholar.google. com/+%22estilos+de+negocia%C3%A7%- C3%A3o%22&hl=pt-BR&as_sdt=1,5&as_ vis=1>. Acesso em: 8 out. 2017. Link Quando se opta pela negociação cognitiva, a qual é mais recomendada, presumimos que haja a comunicação eficiente entre as partes. Nes- se sentido, o artigo a seguir trata da influência da comunicação nesse processo. Disponível em: <http://www.educorp.net.br/arquivos/pd- f/2016-comunicacao-e-negociacao-estu- dos-de-comunicacao.pdf>. Acesso em: 8 out. 2017. http://scholar.googleusercontent.com/scholar?q=cache:acpNK5mjMYcJ:scholar.google.com/+%22estilos+de+negocia%C3%A7%C3%A3o%22&hl=pt-BR&as_sdt=1,5&as_vis=1 http://scholar.googleusercontent.com/scholar?q=cache:acpNK5mjMYcJ:scholar.google.com/+%22estilos+de+negocia%C3%A7%C3%A3o%22&hl=pt-BR&as_sdt=1,5&as_vis=1 http://scholar.googleusercontent.com/scholar?q=cache:acpNK5mjMYcJ:scholar.google.com/+%22estilos+de+negocia%C3%A7%C3%A3o%22&hl=pt-BR&as_sdt=1,5&as_vis=1 http://scholar.googleusercontent.com/scholar?q=cache:acpNK5mjMYcJ:scholar.google.com/+%22estilos+de+negocia%C3%A7%C3%A3o%22&hl=pt-BR&as_sdt=1,5&as_vis=1 http://scholar.googleusercontent.com/scholar?q=cache:acpNK5mjMYcJ:scholar.google.com/+%22estilos+de+negocia%C3%A7%C3%A3o%22&hl=pt-BR&as_sdt=1,5&as_vis=1 http://scholar.googleusercontent.com/scholar?q=cache:acpNK5mjMYcJ:scholar.google.com/+%22estilos+de+negocia%C3%A7%C3%A3o%22&hl=pt-BR&as_sdt=1,5&as_vis=1 http://www.educorp.net.br/arquivos/pdf/2016-comunicacao-e-negociacao-estudos-de-comunicacao.pdf http://www.educorp.net.br/arquivos/pdf/2016-comunicacao-e-negociacao-estudos-de-comunicacao.pdf http://www.educorp.net.br/arquivos/pdf/2016-comunicacao-e-negociacao-estudos-de-comunicacao.pdf Unidade 4 • Estratégias de negociação81/178 Há, por fim, um quinto tipo de relaciona- mento estratégico de negociação, Vanin (2013) chama de negociação traiçoeira e Chiavenato (2014) classifica como transi- gente. Observe que na Figura 4.1 esse tipo de modelo está no centro, isso ocorre devi- do à sua característica de moderação, trata- -se de uma relação que tem divisão igual de interesses e poderes. A relação de equidade requer jogo de cintura até que se chegue ao momento de agir, e tal ação será conduzida de acordo com o interesse do momento. Vanin (2013, p. 46) elenca alguns tipos de ações que podem ser adotadas na negocia- ção transigente: • Pode-se tolerá-la, prosseguir na ne- gociação e se defender de forma a não assumir perdas, evitar negociar com a pessoa no futuro. • Pode-se também reagir à altura, re- tribuindo com propostas ultrajantes, situação em que a negociação segue para rumos inflexíveis e dificilmente se chega a um acordo. Obviamente que essa situação ocorre proposita- damente e objetiva não chegar a um acordo. • Se o item negociação é muito impor- tante e necessário, nessa situação po- de-se negociar também a forma como a negociação ocorrerá, o que evitará que ocorram propostas descabidas num próximo encontro. • Outra alternativa é desmascarar a ou- Unidade 4 • Estratégias de negociação82/178 tra parte, alternativa difícil de prati- car de forma não emocional. O ideal é agir friamente, de forma a demonstrar firmeza e perspicácia, o que levará a outra parte a evitar agir assim nova- mente com você. Irritar-se e atacar a outra parte pode ser considerado ati- tude anormal e fatalmente levará a posicionamentos inadequados para ambas as partes. Portanto, ser transigente ou traiçoeiro na negociação é algo que deve ser veemente- mente combatido, podendo traçar estraté- gias para que tal negociação se transforme em um dos outros quatro tipos de relacio- namentos. É claro que o tipo de conflito a ser encarado não depende da decisão de apenas uma das partes, pois não há como controlar e decidir pelo outro (VANIN, 2013). Contudo, sempre é possível influenciar a outra parte com estratégias de negociação, por exemplo, incluindo na pauta da nego- ciação outros aspectos e fatores que pos- sam somar valor à questão em discussão. Dessa forma, você trará novas opções e ho- rizontes à outra parte e, devido ao jogo de Link O artigo “Intercooperação e estilos de negocia- ção em cooperativas produtoras de vinho no Rio Grande do Sul” trata do relacionamento de coope- tição, trazendo um estudo de caso sobre coopera- tivas de vinícolas. Disponível em: <http://www. redalyc.org/articulo.oa?id=87815121005 >. Acesso em: 8 out. 2017. Unidade 4 • Estratégias de negociação83/178 interesses em pauta, poderá conseguir ti- rá-la do estado competitivo/primal e trazê- -la para uma discussão mais racionalizada (FERREIRA, 2013). Por tudo isso, aconselha-se que, ao identifi- car um conflito, é preciso ter cautela e, após iniciar o processo de discussão, propor uma trégua ou afastamento para que as partes possam refletir sobre o ocorrido, sobre as vantagens e desvantagens envolvidas na negociação, sobre seus anseios e expectati- vas e, assim, conseguir finalizar a discussão de forma mais cognitiva do que emocional. Só dessa forma será possível que a negocia- ção se encerre sem deixar sequelas (FERREI- RA, 2013). Para saber mais Por vezes, recomenda-se a presença de um me- diador, que é um terceiro elemento que seja im- parcial à questão conflitante e que consegue faci- litar a comunicação entre as partes, possibilitan- do a construção de uma solução satisfatória para ambos (SALES, 2017, p. 967). Unidade 4 • Estratégias de negociação84/178 Glossário Cognitivo: relativo ao processo mental de percepção e raciocínio. Coopetição: trata-se de um neologismo que tem por significado a junção entre cooperação e competição. Empatia: capacidade de compreender o outro, colocando-se em sua posição. Instintiva: do substantivo instinto. Impulso natural que faz o indivíduo agir com uma finalidade específica. Por exemplo, a preservação da espécie. Primal: primitivo, instintivo. Transigente: aquele que chega a um acordo utilizando de concessões para a outra parte. Questão reflexão ? para 85/178 Exercite, em seu cotidiano, identificar o tipo da próxima relação conflituosa ou processo de negociação, o grau de conflito que você e/ou as partes desejam assumir e a ne- cessidade ou intenção de manutenção do relacionamento (seja ele um namoro, casamento, relação de trabalho ou amizade). A partir dessas constatações, exercite transfor- mar essa negociação em um processo racional, partindo das premissas apontadas neste tema. 86/178 Considerações Finais • Assim como existe uma multiplicidade de personalidades, dos relacionamentos entre elas emergem diferentes tipos de relacionamentos. • Alguns dos relacionamentos são efêmeros e se dissolvem ao término da discus- são e da negociação entre as partes, outros se prolongam por longo prazo. • O tempo de duração do relacionamento está ligado ao grau de interesse das partes na relação. • Os conflitos e as negociações entre indivíduos e/ou organizações são coman- dados pelo grau de conflito que aspartes desejam assumir, em razão do grau de interesse na relação. • As negociações são classificadas em quatro tipos principais distintos e um quinto tipo, o qual é considerado apenas por alguns autores: “relacionamentos, cooperação, coopetição e indiferença e transigências”. Embora existam outras nomenclaturas, todas elas dizem respeito a essas mesmas classificações. Unidade 4 • Estratégias de negociação87/178 Referências CHIAVENATO, I. Comportamento organizacional: a dinâmica do sucesso das organizações. Ba- rueri: Manole, 2014. FERREIRA, G. Negociação: como usar a inteligência e a racionalidade. São Paulo: Atlas, 2013. VANIN, J. A. Processos de negociação. Curitiba: Intersaberes, 2013. MONTEIRO, Maria Joana Salter Cid Vaz. Emoções e conflitos: compreensão, percepção e relação com o desenvolvimento grupal. In: Emoções e conflitos: compreensão, percepção e relação com o desenvolvimento grupal. [S.l.: s.n.], 2007. SALES, Lília Maia de Morais. A Mediação de Conflitos: lidando positivamente com as emoções para gerir conflitos. Pensar, v. 21, n. 3, p. 965-986, 2017. 88/178 1. Quais são os principais aspectos que interferem nas negociações? a) Poder hierárquico institucionalizado ou não e status social dos envolvidos. b) Grau de envolvimento entre as partes e valor monetário do objeto negociado. c) Grau de conflito que se deseja assumir e importância do relacionamento. d) Quaisquer características inerentes as personalidades das partes e, principalmente, o pa- rentesco. e) Grau de assertividade, capacidade de comunicação, posição de trabalho que as partes ocu- pam na instituição. Questão 1 89/178 2. O que é priorizado numa negociação de competição? a) A satisfação de ambas as partes. b) A repartição dos benefícios. c) A obtenção do produto ao menor preço. d) A vantagem com relação ao outro. e) A compreensão entre as partes. Questão 2 90/178 3. Qual das alternativas a seguir caracteriza uma negociação marcada pela indiferença? a) O foco está no resultado que se pretende obter. b) O relacionamento é mais importante do que o negócio. c) O diálogo e a empatia são demasiadamente importantes. d) As emoções saem de cena dando espaço ao racional. e) A mediação entre as partes. Questão 3 91/178 4. Qual dos tipos de relacionamentos mencionados exige empatia? a) Primal. b) Competição. c) Acomodação. d) Transigente e) Colaboração. Questão 4 92/178 5. Sobre a negociação transigente, é correto afirmar que: a) É um dos principais tipos de negociação. b) Beneficia ambas as partes. c) É sinônima de negociação competitiva. d) Por ser moderada deve ser priorizada. e) O problema é postergado. Questão 5 93/178 Gabarito 1. Resposta: C. Existem inúmeros fatores que interferem num conflito ou numa relação de negocia- ção, contudo, o que dita suas regras são o grau de interesse que os envolvidos têm na manutenção do relacionamento e o grau do conflito que se deseja assumir. 2. Resposta: D. Qualquer concessão, permissão ou recuo numa negociação de competição é inter- pretado como perda, visto que se trata de uma relação perde-ganha ou ganha-perde. 3. Resposta: D. Nesse tipo de negociação o objeto ou situ- ação em questão é de importância trivial para as partes, o relacionamento é que é o prioritário. 4. Resposta: E. Dentre os tipos de relacionamentos e ne- gociações mencionados, o único que exige empatia das partes é o relacionamento de colaboração, pois, neste caso, as conces- sões são feitas com base nos interesses de ambas as partes. 5. Resposta: E. A negociação transigente possui modera- ções em todos os sentidos, contudo, ela pro- vavelmente se transformará em outro tipo de negociação no futuro e deve ser evitada, pois, ao conter as emoções e interesses, as partes podem ter reações mais negativas no futuro. 94/178 Unidade 5 Mediação e conciliação Objetivos 1. Conhecer os métodos autocompositi- vos e heterocompositivos de solução de conflitos. 2. Aprender quais as técnicas e os méto- dos de solução de conflitos extrajudi- ciais existentes. 3. Compreender a dinâmica e a aplica- bilidade dos métodos de solução de conflitos. Unidade 5 • Mediação e conciliação95/178 Introdução Por inúmeros motivos, em nosso cotidia- no, presenciamos o surgimento de confli- tos, que ocorrem por diversas naturezas e em todos os tipos de relacionamentos in- terpessoais. Sabe-se que tais conflitos se manifestam de maneiras distintas, as quais são ditadas pela importância que as partes atribuem ao relacionamento em questão e o grau de interesse que elas têm em mantê- -lo a longo prazo. A solução desses conflitos também ocorre de maneiras distintas, por vezes de manei- ra espontânea, e outras carecendo de um processo de gestão para que sejam concluí- das. Para solucionar os conflitos, podem-se utilizar os caminhos legais ou as técnicas de negociação, ou ainda os métodos de solu- ção de conflitos extrajudiciais (MESCs). Os métodos de solução de conflitos extra- judiciais podem ser restritos a uma nego- ciação que ocorra entre as partes, por inter- médio do diálogo e do exercício da empatia, ou ainda contando com a figura de sujeitos interventores; mediadores, conciliadores e árbitros. Neste tema você aprenderá sobre a impor- tância do diálogo e da escuta ativa na reso- lução de conflitos. Além disso, terá a opor- tunidade de conhecer a dinâmica e a aplica- ção de cada um dos tipos de gerenciamento de conflitos. Principalmente, você compre- enderá como se porta o terceiro elemento neutro à negociação em cada um dos tipos de intervenção, ou seja, o mediador ou con- ciliador. Unidade 5 • Mediação e conciliação96/178 1. Métodos de solução de confli- tos Como consequência do processo de globa- lização, os mercados econômicos se torna- ram mais competitivos, assim, as empresas tiveram de adaptar-se às novas circunstân- cias para que conseguissem sobreviver. Isso tornou todos os processos organizacionais mais complexos e focados na geração de valor para o consumidor final. No âmbito or- ganizacional, isso levou à busca por proces- sos de melhoria contínua e foco pela otimi- zação de toda e qualquer tarefa que ocor- ra em seu escopo de processos (FERREIRA, 2013). Embora a sociedade sempre tenha neces- sitado de regras para garantir sua própria existência, também houve impactos das mudanças no seu cenário econômico, tra- zendo mudanças de comportamento indi- vidual, as quais se deram pela homogenei- zação de culturas, levaram à mudança do perfil de consumo e, também, à propagação do sentimento de competitividade entre os indivíduos (FERREIRA, 2013). Essa competitividade é explicada pela con- corrência que ocorre por vagas no mercado de trabalho, pela formação escolar que visa tornar os indivíduos mais capazes de com- petir e, assim, pela incorporação da compe- titividade em todos os tipos de relaciona- mentos interpessoais (FERREIRA, 2013). Unidade 5 • Mediação e conciliação97/178 No contexto organizacional, pode-se afir- mar que a gestão do clima organizacional e dos relacionamentos interpessoais tam- bém influencia os resultados da empresa. Quando surgem conflitos — seja entre fun- cionários ou clientes —, na organização há um clima de euforia por parte dos colabo- radores. Quando são mal geridos, ocorre há propagação do sentimento de insegurança e insatisfação no ambiente do trabalho, o que leva à perda de motivação e também à perda de capital intelectual, pois muitos funcionários acabam optando por deixar a organização (FERREIRA, 2013). O que se propõe não é a extinção dos con- flitos no ambiente organizacional, mas uma gestão que seja capaz de solucioná-los com base em diálogos, extraindo na situação ne- gativa alguma lição ou aprendizado (FER- REIRA, 2013). Para saber mais Zygmunt Baumann é um dos principais sociólo- gos da modernidade, autor de inúmeros livros e da ideia da sociedade líquida. Esta caracteriza-se pela incorporação da competição e da efemerida-de em seus relacionamentos interpessoais, como uma consequência do capitalismo. Unidade 5 • Mediação e conciliação98/178 Há uma eminente confusão sobre o concei- to de “diálogo”, pressupondo que isso ocorra exclusivamente entre duas partes, contudo, deve-se esclarecer que o diálogo pode ser uma reflexão interna do indivíduo para com ele mesmo (FERREIRA, 2013). No campo jurídico, a questão da mediação de conflitos também se faz pertinente, vis- to que na prática a justiça é buscada quan- do duas ou mais partes não são capazes de solucionar informalmente seus impasses (GUILHERME, 2016). Cabe relembrar que existem diferentes ti- pos de conflitos, os quais são classificados de acordo com o grau de interesse na ma- nutenção futura do relacionamento e no grau do conflito que as partes desejam as- sumir. Alguns deles tornam-se impossíveis Link O gestor atua como conciliador ou mediador nos conflitos organizacionais, para tanto, é necessário que tenha conhecimentos sobre os tipos de con- flitos e as formas de intervenção mais adequadas. O link a seguir traz uma reflexão sobre o tema: <http://scholar.googleusercontent.com/ scholar?q=cache:7iU_qnioWWAJ:scho- lar.google.com/+%22gest%C3%A3o+de+- conflitos+organizacionais%22+%22con- cilia%C3%A7%C3%A3o%22&hl=pt-BR&as_ sdt=1,5&as_vis=1>. Acesso em: 14 out. 2017. http://scholar.googleusercontent.com/scholar?q=cache:7iU_qnioWWAJ:scholar.google.com/+%22gest%C3%A3o+de+conflitos+organizacionais%22+%22concilia%C3%A7%C3%A3o%22&hl=pt-BR&as_sdt=1,5&as_vis=1 http://scholar.googleusercontent.com/scholar?q=cache:7iU_qnioWWAJ:scholar.google.com/+%22gest%C3%A3o+de+conflitos+organizacionais%22+%22concilia%C3%A7%C3%A3o%22&hl=pt-BR&as_sdt=1,5&as_vis=1 http://scholar.googleusercontent.com/scholar?q=cache:7iU_qnioWWAJ:scholar.google.com/+%22gest%C3%A3o+de+conflitos+organizacionais%22+%22concilia%C3%A7%C3%A3o%22&hl=pt-BR&as_sdt=1,5&as_vis=1 http://scholar.googleusercontent.com/scholar?q=cache:7iU_qnioWWAJ:scholar.google.com/+%22gest%C3%A3o+de+conflitos+organizacionais%22+%22concilia%C3%A7%C3%A3o%22&hl=pt-BR&as_sdt=1,5&as_vis=1 http://scholar.googleusercontent.com/scholar?q=cache:7iU_qnioWWAJ:scholar.google.com/+%22gest%C3%A3o+de+conflitos+organizacionais%22+%22concilia%C3%A7%C3%A3o%22&hl=pt-BR&as_sdt=1,5&as_vis=1 http://scholar.googleusercontent.com/scholar?q=cache:7iU_qnioWWAJ:scholar.google.com/+%22gest%C3%A3o+de+conflitos+organizacionais%22+%22concilia%C3%A7%C3%A3o%22&hl=pt-BR&as_sdt=1,5&as_vis=1 Unidade 5 • Mediação e conciliação99/178 de serem solucionados sem a presença de um mediador ou conciliador. De maneira geral, classi- ficam-se os conflitos entre cognitivos ou primais (FERREIRA, 2013). A negociação cognitiva é aquela que lida com uma racionalização acerca do problema e com uma postura flexível a qual prioriza a resolução do conflito. Por isso, tais negociações envolvem domínio das emoções e um grau de empatia das partes (FERREIRA, 2013). Ou seja, é preciso que as partes envolvidas no processo de negociação busquem compreender a posição do outro, seja de forma empática (colocando-se em seu lugar), seja mostrando a ele que respeita seu posicionamento. A partir de então, pode-se iniciar o diálogo (FERREIRA, 2013). Duas formas distintas de empatia são reconhecidas: a cognitiva e a afetiva. A empatia cognitiva procura entender a realidade na perspectiva do outro, estando mais focalizada na solução dos problemas. Por sua vez, a empatia afetiva se refe- re às respostas que o negociador expressa em relação às emoções do outro, e que se manifesta por um suporte social.(FERREIRA, 2013, p. 130) Unidade 5 • Mediação e conciliação100/178 1.1 Transação e resolução de conflitos pelo diálogo O diálogo entre as partes é elementar para o processo de negociação e resolução de con- flitos. Ele é a base para a transação, a me- diação, a conciliação e para a arbitragem, os quais são considerados meios extrajudiciais para a resolução de conflitos (GUILHERME, 2016). O primeiro tipo de negociação e resolução de conflitos é a transação, que, de acordo com Ferreira (2013), necessita de diálogo para se desenvolver. Três exigências bási- cas devem ser cumpridas para que o mesmo seja efetivo (GUILHERME, 2016): 1. Os participantes devem ser tratados com igualdade. 2. Proposição de um clima de segurança e confiança para que as ideias e emo- ções sejam expostas. 3. Manifestação da escuta proativa. Mesmo que exista classificação hierárquica — formal ou informal — entre as partes, no momento do diálogo estas devem ser trata- das e tratar-se com igualdade. Ainda que as ideias de algum dos participantes pareçam Link Para compreender as principais mudanças insti- tucionais do Brasil desde 1980, no que tange à solução de conflitos, leia o artigo disponível em: <https://revistas.ufrj.br/index.php/dilemas/ article/view/7208/5801>. Acesso em: 14 out. 2017. https://revistas.ufrj.br/index.php/dilemas/article/view/7208/5801 https://revistas.ufrj.br/index.php/dilemas/article/view/7208/5801 Unidade 5 • Mediação e conciliação101/178 não fazer sentido algum, todas elas, assim como os posicionamentos e expressões, de- vem ser ouvidas e respeitadas. Todos devem sentir-se seguros para expressar seus sen- timentos e pensamentos mais íntimos. Por fim, a manifestação da escuta proativa é a expressão da empatia, no verdadeiro senti- do da palavra (FERREIRA, 2013). Assim, considera-se que tal método de re- solução de conflito é autocompositivo, ou seja, é solucionado sem que seja necessária a intervenção de outros, como advogados, psicólogos, conselheiros etc. Entretanto, os demais métodos demandam da figu- ra de um terceiro que não esteja envolvido no conflito, e que seja neutro com relação ao problema em questão (FERREIRA, 2013) (GUILHERME, 2016). 1.2 Mediação, conciliação e ar- bitragem A mediação, conciliação e arbitragem são métodos heterocompositivos de resolução de conflitos, porque além das partes en- volvidas, recruta-se a figura de um terceiro elemento que seja imparcial ao problema em questão. Também são conhecidos como MESCs (métodos extrajudiciais para a so- lução de conflitos), porque não recorrem à sentença de um juiz para finalizar a questão. Unidade 5 • Mediação e conciliação102/178 A mediação é um processo de negociação que envolve a figura de um terceiro, que deve apenas realizar o papel de conciliar as partes, sem interferir. A ideia central da me- diação é a de transformar um conflito, que era visto como um embate entre as partes, em um diálogo que possa chegar a um con- senso (GUILHERME, 2016). O método de mediar é mais bem aplica- do quando as partes possuem sentimentos uma pela outra, ou simplesmente quando por motivos quaisquer desejem manter o Para saber mais O art. 165 do Código de Processo Civil prevê a criação, pelos tribunais, de Centros Judiciários de Solução Consensual de Demandas, responsáveis pelas audiências de conciliação e de mediação. Nessa medida, faz-se distinção entre (CPC, §§ 2º e 3º do art. 165): a) mediação: preferencialmente quando houver vínculo anterior entre as partes; e b) conciliação: preferencialmente quando não houver vínculo anterior entre as partes. Link Para compreender melhor sobre a mediação e o papel do mediador, leia o artigo disponível em: <http://revistas.rcaap.pt/antropologicas/ article/view/910>. Acesso em: 14 out. 2017. CUNHA, Pedro; LOPES, Carla. Em torno do concei- to de mediação: algumas ideias de base. Antro- pológicas, nº 5, p. 151-160, 2001. http://revistas.rcaap.pt/antropologicas/article/view/910 http://revistas.rcaap.pt/antropologicas/article/view/910 Unidade 5 • Mediação e conciliação103/178 vínculo de relacionamento entre si. Como as partes chegarão ao consenso sem imposições do terceiro, o termo que melhor se aplica à mediação é a “gestão de conflitos” e não a “solução de conflitos” (FIORELLI; FIORELLI; MALHADAS JUNIOR, 2008). Fiorelli et al (2008, p. 60) afirmam que a mediação Na conciliação,por sua vez, o terceiro se encarrega de propor soluções ao conflito, contudo, a de- cisão ainda é das partes. Por isso, considera-se que o conciliador é mais ativo do que o negocia- dor. Ademais, esse profissional não busca compreender as causas que levaram ao conflito, mas apenas ocupa-se de auxiliar a sua resolução. O trabalho do conciliador restringe-se aos fatos e argumentos revelados pelas partes (FIORELLI; FIORELLI; MALHADAS JUNIOR, 2008) (GUILHERME, 2016). [...] não é psicoterapia; não tem por objetivo modificar estruturas intrapsíquicas. Por ser educativa – os mediandos aprendem novas maneiras de se comportar – é inevitável, entretanto, o efeito transformador. A vida da pessoa que aprende a ler nunca mais será a mesma; na mediação, passa-se pela experiência de uma nova leitura dos acontecimentos; a mudança ocorre para aqueles que aprendem a re- alizá-la. Unidade 5 • Mediação e conciliação104/178 Por deixar de cuidar de elementos ocultos do conflito, a conciliação tem como des- vantagens o fato de não apresentar um ca- ráter educativo que vise minimizar a ocor- rência de conflitos, além de que tal método é mais eficaz quando ambas as partes são, mesmo que em partes, culpadas pelo confli- to (FIORELLI; FIORELLI; MALHADAS JUNIOR, 2008). Por tudo isso, considera-se que a concilia- ção é mais bem aplicada quando o problema que levou ao conflito é recente, e trata-se de uma negociação na qual as partes não tem intenção de manter um relacionamen- to futuro, tampouco se importam em criar conflitos (FIORELLI; FIORELLI; MALHADAS JUNIOR, 2008). A arbitragem refere-se a problemas relacio- nados ao patrimônio das partes, com base na decisão de árbitros que realizam uma convenção privada para decidir o problema em questão, dando uma sentença irrecorrí- vel (GUILHERME, 2016). De acordo com Guilherme (2016, p. 13): A resolução de conflitos por meio da arbi- tragem possui algumas características es- pecíficas: a) É efetuada por um terceiro ou por órgão colegiado escolhido pelas partes; b) A sentença arbitral vincula as partes, e sua execução é passível junto ao Poder Judiciário; c) A escolha válida da arbitragem, para al- guns, implica a exclusão do Estado do mérito do conflito. Unidade 5 • Mediação e conciliação105/178 Só pode ser utilizada quando houver uma cláusula compromissória entre as partes e, embora seja um método bastante antigo, tem sido amplamente utilizada na atualida- de, porque é rápida, efetiva, garante o sigi- lo e é realizada por elementos que tenham especialidade na área (FIORELLI; FIORELLI; MALHADAS JUNIOR, 2008). Para saber mais “A arbitragem é um dos mais antigos meios de composição de conflitos pela heterocomposição, ou seja, a solução do conflito por um terceiro im- parcial. [...] No Direito Romano, a arbitragem vo- luntária e facultativa era admitida e até estimu- lada; sempre foi aceita e mesmo incentivada. A arbitragem obrigatória também existiu entre as fases das ações da lei (“legis actiones”) e do pro- cesso formulário (“per formulas”).” (SCAVONE JU- NIOR, 2016, p. 1) Unidade 5 • Mediação e conciliação106/178 Glossário Empatia: capacidade de compreender o outro, colocando-se em seu lugar, e tentando sentir o que o outro sente. Escuta ativa: técnica de comunicação que implica um diálogo, no qual o ouvinte demonstra que está compreendendo o que é dito pelo emissor — aquele que fala. Método de solução de conflito extrajudicial: método de solução de conflitos que não deman- dam a submissão do caso ao poder judiciário para a obtenção de um direito. Questão reflexão ? para 107/178 Agora que você conhece as principais técnicas para o gerenciamento de conflitos, exercite buscar exemplos práticos para os quais você recomenda- ria as técnicas de mediação e conciliação. Busque justificar sua recomendação com base nas proposi- ções aqui apresentadas. 108/178 Considerações Finais • Cada conflito possui particularidades distintas e, portanto, carece de ser ge- renciado de forma específica. • O diálogo é fundamental para a resolução de conflitos. • Por vezes, as partes são incapazes de desenvolver sozinhas o diálogo, neces- sitando de um terceiro, que seja neutro com relação às partes e o problema, para conduzi-lo. • O terceiro pode ser um árbitro, um mediador ou um conciliador. • O que diferencia a arbitragem, a mediação e a conciliação é o grau de inter- venção do terceiro na negociação. Unidade 5 • Mediação e conciliação109/178 Referências BRASIL. Código de Processo Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em: 14 nov. 2017. FERREIRA, G. Negociação: como usar a inteligência e a racionalidade. São Paulo: Atlas, 2013. FIORELLI, J. O.; FIORELLI, M. R.; MALHADAS JUNIOR, J. O. Mediação e solução de conflitos: Teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2008. GUILHERME, L. F. do V. A. Manual do MESCs: Meios Extrajudiciais de solução de conflitos. Barueri: Manole, 2016. SCAVONE JUNIOR, Luiz Antônio. Manual de Arbitragem: mediação e conciliação. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016. 110/178 1. Sobre a transação, é correto afirmar que: a) Trata-se de um meio jurídico de resolução de conflitos. b) As hierarquias e as relações de poder devem ser respeitadas. c) Carece da presença de um mediador. d) Carece da presença de um terceiro. e) A escuta proativa é um de seus requisitos. Questão 1 111/178 2. Sobre os métodos autocompositivos de resolução de conflitos, é correto afirmar que: Questão 2 a) Envolvem apenas as partes. b) Demandam de um juiz. c) Demandam de um conciliador. d) Demandam de um árbitro. e) Envolvem um mediador. 112/178 3. Sobre os métodos de conciliação e mediação, assinale a alternativa cor- reta. Questão 3 a) Tratam-se do mesmo método de resolução de conflitos. b) São indicados para conflitos que carecem de vias judiciais. c) O segundo é relativo a conflitos acerca de questões patrimoniais. d) O primeiro é relativo a negociações de compra e venda. e) São métodos heterocompositivos de resolução de conflitos. 113/178 4. Analise as assertivas a seguir sobre o processo de mediação e assinale a alternativa correta. Questão 4 a) O conflito é solucionado por um juiz. b) O mediador conduz o diálogo entre as partes. c) O mediador aconselha e interfere nas decisões. d) É mais indicado para conflitos que não envolvam emoções. e) O mediador decide pelas partes. 114/178 5. Sobre a conciliação, é correto afirmar que: Questão 5 a) É indicada para conflitos de relacionamentos de longo prazo. b) Trata-se de um método judicial de solução de conflitos. c) Resolve as questões pelo diálogo e pela empatia. d) Os problemas ocultos entre as partes não são solucionados. e) É indicada para conflitos já consolidados. 115/178 Gabarito 1. Resposta: E. A escuta proativa é um dos requisitos à im- plementação da transação para resolução de conflitos, outros requisitos são: a igual- dade no tratamento das partes e a propa- gação de um clima de confiança e liberdade de expressão. 2. Resposta: A. Envolvem apenas as partes, as quais se de- senvolvem e solucionam o conflito pelo di- álogo. 3. Resposta: E. São métodos heterocompositivos de reso- lução de conflitos, o primeiro envolve a fi- gura de um conciliador e o segundo, de um mediador. 4. Resposta: B. A mediação é um método de resolução de conflito extrajudicialmente, que demanda de um terceiro imparcial para seu desfecho. Esse terceiro, o mediador, não interfere nas decisões acordadas, apenas conduz os ele- mentos ao diálogo. 5. Resposta: D. Alguns problemas não manifestados pelas partes ficam ocultos e não são resolvidos na conciliação. Isso ocorre porque o papel do conciliador é lidar apenas com os fatos apresentados pelas partes, com isso, surge a possibilidade do descumprimento do acor- do, quando aquele que ocultou informações futuramente vier a achar que a proposta foi injusta. 116/178 Unidade6 O processo de negociação Objetivos 1. Compreender que a negociação é composta por uma série de etapas. 2. Conhecer as etapas do processo de negociação. 3. Entender a dinâmica da negociação. Unidade 6 • O processo de negociação117/178 Introdução O termo negociação é amplamente utili- zado no cotidiano, mas poucos se colocam a refletir sobre seu conceito e significado. Muitos podem relacionar a negociação ao ato da reunião, na qual as partes realizam trocas de informações até que cheguem a um acordo. Contudo, a negociação é um processo bem mais complexo e que envolve uma série de etapas. É claro que certas negociações cotidianas são difíceis de serem analisadas sob essa ótica, devido à rapidez com que elas fluem e à simplicidade da causa envolvida. Autores diferentes classificam de formas distintas as fases do processo de negocia- ção, alguns consideram que ela seja com- posta apenas por três fases: pré-negocia- ção, a possibilidade de uma solução nego- ciada e a terceira, representada pela defini- ção dos objetivos e princípios que guiarão o acordo (MARTINELLI, 2015). Outros autores dividem a etapa de planeja- mento da negociação em quatro subetapas distintas: preparação, planejamento, esta- belecimento de limites e definição de metas (MARTINELLI, 2015). Sob o ponto de vista sistêmico, a negocia- ção pode ser encarada como um proces- so, no qual as entradas, ou recursos, são as diferenças individuais, os valores pessoais dos envolvidos, os interesses em comum e o relacionamento humano, que pelo processo de negociação e todos os recursos e variá- veis nele adotados resultam nas negocia- ções concluídas (MARTINELLI, 2015). Unidade 6 • O processo de negociação118/178 Neste tema vamos analisar, sob o enfoque de Vasques (2014) e Vanin (2013), a dinâmi- ca do processo de negociação, bem como compreenderemos cada uma das etapas. 1. O processo de negociação O início do processo de negociação antecede o encontro entre as partes, instaura-se da privação de algo que seja de interesse de qualquer um dos elementos e vai até à necessidade ou ao desejo de supri-la. A partir daí, inicia- se um processo decisório, guiado por duas possíveis alternativas que são: verificar as possibilidades de decidir sobre aquilo e verificar quais os entraves que o impossibilitam (VANIN, 2013). O interesse é o cerne da questão da negocia- ção, é ele que motiva e dispara todo o pro- cesso. Pode ser considerado como qualquer coisa que seja desejada por alguém. A par- tir de então, surgem as opções, ou seja, as possibilidades de as partes chegarem a um acordo. Cada uma das opções será avalia- da para verificar sua legitimidade, as quais estão relacionadas ao senso de justiça. Por fim, são avaliadas as alternativas que são os Link O artigo a seguir traz uma visão acerca da nego- ciação estratégica sob o enfoque sistêmico e seus benefícios. Disponível em: <https://www.fun- dace.org.br/revistaracef/index.php/racef/ article/view/39>. Acesso em: 30 out. 2017. https://www.fundace.org.br/revistaracef/index.php/racef/article/view/39 https://www.fundace.org.br/revistaracef/index.php/racef/article/view/39 https://www.fundace.org.br/revistaracef/index.php/racef/article/view/39 Unidade 6 • O processo de negociação119/178 caminhos que poderão ser seguidos pelas partes, caso a negociação seja malsucedida (VASQUES, 2014). Como visto, o processo de negociação é mais complexo do que o próprio ato de negociar, iniciando-se em um esquema mental prévio que, por vezes, passa despercebido pelos sujeitos. Do ponto de vista da negociação estratégica, no entanto, faz-se necessário identificar tais etapas que antecedem a ne- gociação e traçar um planejamento para a sua execução (VANIN, 2013). De todas as fases de uma negociação, o pla- nejamento destaca-se como sendo a mais importante. Nessa etapa, recomenda-se coletar as mais diversas informações possí- veis sobre a outra parte e sobre o processo Para saber mais Matos (2014) elenca como condições essenciais para o sucesso da negociação o fato de “precisar negociar”, “querer negociar” e “saber negociar”. A partir desse conceito, surgiu o método pedagó- gico NCV: Negociação, ciclo vital que é bastante conhecido e respeitado como estratégia de nego- ciação. Link No link indicado encontra-se um artigo que trata da importância do planejamento para o sucesso da negociação. Disponível em: <http://periodi- cos.unifacef.com.br/index.php/forumadm/ article/view/672>. Acesso em: 30 nov. 2017. Unidade 6 • O processo de negociação120/178 de negociação propriamente dito. São essas informações que fornecerão subsídios para que se elaborem estratégias eficazes de ne- gociação (VANIN, 2013). Ainda no escopo do planejamento (primeira fase da negociação), é preciso definir os ob- jetivos do processo, considerando a impor- tância atribuída ao relacionamento e o grau do conflito que se deseja assumir para obter a conclusão da negociação. Recomenda- -se que os esforços sejam canalizados para essa fase sob o argumento de que esta é a etapa que garantirá o sucesso do processo (VANIN, 2013) (VASQUES, 2014). A partir da definição dos objetivos e da cole- ta de informações, elabora-se o plano para a execução da negociação. O planejamento é imprescindível para que, no ato da nego- ciação, seus argumentos sejam coerentes com os objetivos e o tipo de negociação a ser adotado (VANIN, 2013). Devem ser consideradas três perspectivas principais na fase de elaboração do planeja- mento: a da autoavaliação, na qual o sujeito Link Acredita-se que a eficácia da negociação es- teja diretamente relacionada ao esforço des- prendido em seu planejamento. Tal raciocínio é abordado no artigo disponível em: <http:// reposi tor io .pgsskroton.com.br/bi ts- tream/123456789/1552/1/v.2%2C%20 n.3%2C%202008-85-98.pdf>. Acesso em: 30 nov. 2017. http://repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/1552/1/v.2%2C n.3%2C 2008-85-98.pdf http://repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/1552/1/v.2%2C n.3%2C 2008-85-98.pdf http://repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/1552/1/v.2%2C n.3%2C 2008-85-98.pdf http://repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/1552/1/v.2%2C n.3%2C 2008-85-98.pdf Unidade 6 • O processo de negociação121/178 avalia quais são as suas intenções e quais as limitações ou condições que fará para con- seguir obter o acordo; a análise do outro e, por fim, a análise da situação de forma ho- lística. Além disso, o planejamento evita que se seja surpreendido na negociação e se re- aja negativamente, afetando o resultado do processo (VANIN, 2013) (VASQUES, 2014). É preciso ter bem definidos os anseios que se têm com relação à negociação, não pro- pondo metas impossíveis, tampouco abrin- do mão de coisas que julgam necessárias em prol do fechamento do negócio (VASQUES, 2014). Na etapa de autoavaliação, dois conceitos emergem: o da MASA (Melhor Alternativa Sem Acordo) e o ponto de reserva do nego- ciador, ou seja, até que ponto o negociador está suscetível a ceder, por exemplo, quanto ao menor valor que ele aceitará para fechar um negócio (VASQUES, 2014). A segunda etapa do processo é a abertura da negociação, a qual fluirá melhor caso te- nha sido devidamente planejada, pois, neste momento, a outra parte já será conhecida, bem como o estilo de postura a ser adota- do que já foi previamente definido (VANIN, 2013). É importante que o negociador adote uma postura que lhe faça parecer confiável pe- rante o oponente, atenuando e minimi- zando possíveis desconfortos que possam surgir diante de ataques da parte contrária (VANIN, 2013). Unidade 6 • O processo de negociação122/178 Nessa etapa, inicia-se também o processo de comunicação entre as partes, que pode ser considerado como a base da negocia- ção. Encontros e reuniões são bem-vin- dos, principalmente porque possibilitam acomunicação efetiva entre os elementos (VASQUES, 2014). Para saber mais: As reuniõesdevem ser iniciadas com um clima de positividade, em seguida busca-se identificar os reais interesses da outra parte, compreendendo suas intenções e interes- ses iniciando-se, então, a terceira etapa; de teste ou exploração, quando a negociação começa de fato. A escuta ativa é imprescin- dível neste momento, bem como o nego- ciador deve estimular o outro a falar, pois, desta forma, conseguirá obter dele maiores informações sobre seus interesses e suas propostas (VANIN, 2013) (VASQUES, 2014). Para saber mais Matos (2014) considera que a reunião contribui para consolidar a integração do grupo, e a cola- boração entre todos permite que as tensões se- jam minimizadas. Nesse momento, é possível identificar os problemas e as incompatibilidades entre os sujeitos, bem como possibilitar a exposi- ção e correção desses. Unidade 6 • O processo de negociação123/178 É importante também ser convincente, mostrando ao outro as vantagens e os be- nefícios que sua proposta lhe trará. O foco do diálogo deve ser a identificação de as- pectos comuns entre os interesses das par- tes. Rascunhar, em papel ou meio digital, as informações coletadas é importante porque permite que as informações não se percam durante o processo (MARTINELLI, 2015) (VANIN, 2013). A quarta fase é chama de “convicção”, que figura como a fase mais tensa dentre todas as mencionadas. O grande desafio neste momento é manter o controle emocional e ser criativo para propor soluções à negocia- ção. Lembrando que as propostas não de- vem fugir ao escopo inicial do planejamen- to, por isso, o ideal é ser flexível, mas sem perder o foco, garantindo que a negociação seja positiva para uma ou para ambas as partes (VANIN, 2013). Ainda na fase de convicção, todas as pro- postas são detalhadas e esclarecidas, ela- boram-se relatórios das propostas e clari- ficam-se as ideias apresentadas pelas par- Para saber mais “A boa reunião de negociação deve começar an- tes da hora. Cabe ao dirigente ou coordenador to- mar uma série de providências prévias. A primei- ra delas diz respeito ao conteúdo da negociação. Determiná-lo e adaptá-lo ao tempo disponível para exposição é imprescindível para o êxito da reunião.” (MATOS, 2014, p.105-106) Unidade 6 • O processo de negociação124/178 tes, garantindo a segurança da negociação (VANIN, 2013). A quinta fase do processo de negociação é a do resultado, que ocorre após a finalização de todas as etapas anteriores, desde que as mesmas tenham sido bem conduzidas. Neste momento, surgem as impressões dos envolvidos sobre o processo, sendo satisfa- tória ou insatisfatória (VANIN, 2013). Por fim, chega a fase da implementação do acordo, ou seja, o momento em que as propostas acordadas são realizadas e efe- tivadas na prática. Essa etapa é muito im- portante, pois, antes de fechar o negócio, as partes devem verificar se têm possibili- dades de cumprir com o que foi combinado (VANIN, 2013). Vale lembrar que, embora as fases descritas não devam ser puladas ou desconsideradas, nem todas as negociações seguem o mes- mo script, algumas são mais complexas e, por isso, é possível que o processo não siga as etapas linearmente (VANIN, 2013). Unidade 6 • O processo de negociação125/178 Glossário Holística: geral, global, “como um todo”. Interesse: algo que seja importante, útil ou vantajoso. Sistêmico: o enfoque sistêmico é relativo à visão estrutural de algum processo ou conjunto com- posto ordenadamente e que operam para atingir um objetivo em comum. Questão reflexão ? para 126/178 Reflita sobre seus anseios e identifique um motivo pelo qual você está disposto a negociar. Exercite planejar cada uma das etapas desta negociação, execute seu plano e tome nota dessa experiência. Busque compreender se o processo de planejamento influenciou os seus resulta- dos. 127/178 Considerações Finais • A negociação pode ser considerada como um processo. • A principal fase do processo de negociação é o planejamento e este pode interferir significativamente nos resultados. • Analisar os seus próprios anseios é importante para o planejamento da ne- gociação. • Não menos importante é a verificação acerca das características e dos an- seios da outra parte, bem como a realização da análise da situação como um todo. • Metas e objetivos devem ser propostos, mas deve se ter por base as possibi- lidades de eles serem cumpridos. • O processo de negociação encerra-se com a execução do que foi acordado, e não com o ato de firmar a proposta de negociação. Unidade 6 • O processo de negociação128/178 Referências MARTINELLI, D. P. Negociação empresarial: enfoque sistêmico e visão estratégica. 2. ed. Barueri: Manole, 2015. MATOS, Francisco Gomes de. Negociação e conflito. São Paulo: Saraiva, 2014. VANIN, J. A. Processos de negociação. Curitiba: Intersaberes, 2013. VASQUES, E. F. Técnicas de negociação e apresentação. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014. 129/178 1. Quando se inicia o processo de negociação? Questão 1 a) Na fase de reunião. b) No fechamento do acordo. c) No momento do diálogo. d) No encontro entre as partes. e) Na identificação da necessidade. 130/178 2. Qual a fase mais importante da negociação? Questão 2 a) O fechamento do acordo. b) A implementação do que foi acordado. c) O planejamento. d) A reunião. e) A convicção acerca da negociação. 131/178 3. Sobre o processo de planejamento da negociação, analise as assertivas que seguem e assinale a correta. Questão 3 a) Na autoavaliação, o sujeito avalia quais as concessões e limitações que serão as barreiras do processo negocial. b) O comportamento do outro é sempre uma surpresa, por isso parte-se do pressuposto de que ele será agressivo. c) Algumas ações não podem ser planejadas. d) Suas ações devem ser planejadas para reagir e conceder de acordo com a pressão exercida pela outra parte. e) Torna-se desnecessário quando a negociação é do tipo cooperativa, ou seja, quando as par- tes estão dispostas a propor benefícios mútuos. 132/178 4. Qual a fase mais tensa da negociação? Questão 4 a) O planejamento. b) A reunião. c) O fechamento. d) A implementação. e) A convicção. 133/178 5. Pode se considerar que a negociação é um processo que se divide em uma série de fases, neste contexto, a fase do resultado é: Questão 5 a) A fase mais importante da negociação. b) A fase em que surgem mais conflitos. c) A fase em que é imprescindível ter controle emocional. d) A última fase da negociação. e) A hora do fechamento do acordo. 134/178 Gabarito 1. Resposta: E. A negociação inicia-se muito antes do con- tato entre as partes quando se identifica uma necessidade ou motivação para a ne- gociação. 2. Resposta: C. O planejamento. Diversos autores apontam o planejamento como o responsável pelo sucesso da negociação porque é neste mo- mento que são definidas as diretrizes estra- tégicas. 3. Resposta: A. Na autoavaliação, o sujeito avalia quais as concessões e limitações que serão as bar- reiras do processo negocial. 4. Resposta: E. A quarta fase é chama de “convicção”, que figura como a fase mais tensa dentre todas as mencionadas. O grande desafio neste momento é manter o controle emocional e ser criativo para propor soluções à negocia- ção. Lembrando que as propostas não de- vem fugir ao escopo inicial do planejamen- to. 5. Resposta: E. A fase do resultado é a penúltima fase do processo negocial, que antecede a imple- mentação do acordo. É quando as partes chegam a um ponto comum. 135/178 Unidade 7 Ética nas negociações Objetivos 1. Aprender a definição do conceito de “ética”. 2. Compreender a relação entre a ética e as diferentes culturais. 3. Relacionar a ética às negociações. Unidade 7 • Ética nas negociações136/178 Introdução O termo “ética” possui origem grega, do termo ethos, e é bastante difundido na atualidade em âmbitos formais e informais de diferentes situações. Sua origem é bastante antiga eremonta às raízes da filosofia e seu significado está relacionado à maneira habitual de atuação e ação ou ao conceito de índole (ANTUNES, 2012). De acordo com o dicionário Michaellis Oline (2017, [s.p.]), ética é o Do ponto de vista científico, cada campo do saber atribui significados próprios e específicos a esse mesmo termo, ainda que, de forma geral, todos eles remetam a um significado geral similar. Nesse tema, abordaremos o conceito de ética sob o enfoque das negociações e da gestão de conflitos, viés de estudo que se faz altamente relevante em razão da globalização e da mun- Ramo da filosofia que tem por objetivo refletir sobre a essência dos princípios, valores e problemas fundamentais da moral, tais como a finalidade e o sentido da vida humana, a natureza do bem e do mal, os fundamentos da obrigação e do dever, tendo como base as normas consideradas universalmente válidas e que norteiam o comportamento humano. Unidade 7 • Ética nas negociações137/178 dialização de mercados que levam tanto as empresas a operarem em diferentes merca- dos. As organizações lidam com diferentes povos e culturas e, assim, surgem dilemas éticos diante da necessidade de competir de forma entusiástica para sobreviver no mercado. 1. Ética nas negociações A ética é um assunto bastante debatido, polemizado e difundido na atualidade. É comum o surgimento de debates acerca da ética em diferentes contextos, sobre julga- mento de casos em que os comportamen- tos são dúbios de acordo com o que se es- pera como comportamento aceitável e re- comendável (ANTUNES, 2012). O conceito de ética remete à consolidação da sociedade nos moldes como hoje co- nhecemos. Historicamente, é sabido que a partir do momento no qual o homem pas- sou a desenvolver técnicas de agricultura e pecuária, tornou-se possível a fixação de residência. Consequentemente surgiram as primeiras formas de sociedade e juntos de- las surgiram também às concepções de pro- priedade e de território (ANTUNES, 2012). Nesse sentido, constatou-se que seria ne- cessário que o conjunto de habitantes de determinado território, os quais constitu- íam um povo, deveriam adotar determina- dos padrões de comportamento, respeitan- do os limites impostos pela liberdade e di- reito à segurança e à propriedade do outro, para que a vida em comunidade fosse pos- Unidade 7 • Ética nas negociações138/178 sível sem que, a todo o momento, surgissem conflitos e confrontos (ANTUNES, 2012). Enquanto tema de discussão a ética tornou- -se ainda mais interessante e atual devido a uma crescente preocupação com o meio ambiente — motivada pelos visíveis impac- tos ambientais — e com a sociedade, dada a evidenciação da desigualdade social, da pobreza e da miséria que assolam o mundo. Também se pode atribuir a retomada da dis- cussão sobre ética à globalização, às altera- ções organizacionais e de valores pessoais (GABERLINI, 2014). Ao padrão de comportamentos socialmente aceitos e desejáveis por um povo chamamos de “ética”. A concepção de ética é, portanto, a de proporcionar uma qualidade de vida a um povo, o qual tem resguardado alguns di- reitos, à medida que possui também deve- res, ambos voltados para o benefício da vida em sociedade (ANTUNES, 2012). Pode se considerar, então, que a ética está relacionada à definição de normas para o vi- ver em sociedade. É desse conjunto de nor- mas que emerge o Direito enquanto ciên- cia. Importante ressaltar, todavia, que nem toda norma de conduta ética dará origem a uma lei, sendo o inverso também verdadeiro (ANTUNES, 2012). O processo de tomada de decisões (cons- cientes), que ocorre tanto no dia a dia dos indivíduos quanto nas organizações, pres- supõe a existência de uma ética como guia para suas condutas. Considerando que num processo decisório, até quando se opta por permanecer com a mesma estratégia Unidade 7 • Ética nas negociações139/178 de ações, está se adotando um posiciona- mento, temos que, neste contexto, a ética deve considerar três aspectos principais: as consequências, os deveres e a integridade (VANIN, 2013) (ANTUNES, 2012 ). As consequências estão relacionadas ao impacto da sua ação ou decisão na vida ou na dinâmica dos demais, os deveres são aqueles que foram pré-acordados em um processo de negociação e a integridade diz respeito ao comportamento do tomador de decisão (VANIN, 2013). Para que o tomador de decisão seja consi- derado ético, é preciso que ele apresente al- gumas características de comportamento e personalidade: honestidade, coragem, tole- rância e flexibilidade e humildade (GABER- LINI, 2014). Diante da constatação de que a ética é va- riável de acordo com o contexto no qual se insere, pode-se afirmar que, no que tange às negociações, não existe um modelo que se aplica a todas elas, pelo contrário, a ética nas negociações pressupõe questões pró- Link A tomada de decisões numa negociação pode levar a dilemas éticos, os quais tem sido objeto de estudo de diversos campos do saber. O arti- go deste link também se dedicou ao mesmo ob- jeto de análise, contudo, seu objetivo foi analisar os indivíduos e seus diferentes padrões de valo- res e julgamentos, buscando relacioná-los com as tomadas de decisões eticamente questioná- veis. Disponível em: <http://www.redalyc.org/ html/1954/195415633002/>. Acesso em: 6 nov. 2017. http://www.redalyc.org/html/1954/195415633002/ http://www.redalyc.org/html/1954/195415633002/ Unidade 7 • Ética nas negociações140/178 prias de seu contexto (VANIN, 2013). A vivência em sociedade ou grupos, con- forme abordado em temas anteriores, aca- ba por gerar conflitos, assim, a negociação emerge como uma forma de propiciar um acordo que seja moralmente aceito pelas partes (ANTUNES, 2012). Nesse contexto surgem alguns exemplos de comportamentos antiéticos, como a ten- tativa de suborno, a tentativa de confundir alguém com informações pouco concisas e desorganizadas, a manipulação ou coerção, a tática da escalada — que ocorre quando surgem novas exigências após o fechamen- to do negócio. Diante da constatação de posturas antiéticas por parte da oposição, surge um dilema sobre confrontar o outro mencionando a sua percepção acerca da atitude do outro (aquele que foi antiético), e a melhor decisão será indicada caso a caso, particularmente (VANIN, 2013). No ambiente organizacional, todavia, há que se propagar entre os colaboradores os princípios e as normas éticas de conduta para que se promova um sadio ambiente de trabalho. O código de ética organizacional auxilia também a questão da imagem da empresa perante a sociedade, a qual poderá ser afetada pelas atitudes de cada um dos colaboradores, isolada ou coletivamente (GABERLINI, 2014). O conceito de ética organizacional pressu- põe uma análise em três vieses distintos: in- dividual, nas organizações e a nível macro, ou seja, no contexto social e econômico no qual a empresa está situada. Entretanto, há que se considerar que, dado o conceito de ética como o “comportamento socialmente Unidade 7 • Ética nas negociações141/178 aceitável”, estamos atribuindo às organi- zações características intrínsecas dos seres humanos, contudo, o que se espera é que a análise se dedique à coletividade, a qual continuará a existir ainda que o quadro de recursos humanos se altere (ANTUNES, 2012). Embora seja difícil propagar um padrão de comportamentos esperados e aceitáveis entre todos os membros da organização, a ética não deve ser enfrentada como algo que desafie a organização, pelo contrário, ser ético pode impulsionar os resultados da organização e levar o trabalhador a progre- dir em sua carreira (GABERLINI, 2014). A vantagem competitiva desencadeada pelo comportamento ético ocorre princi- palmente na atualidade, quando se contam com empresas parceiras e colaboradores terceirizados, os quais, diante da fidelidade de consumo/fornecimento — os quais são possibilitados pela adoção de técnicas de negociação éticas —, garantirávantagens competitivas às organizações (GABERLINI, Para saber mais No intuito de criar um consenso universal de va- lores éticos a serem adotados pelas empresas, a ONU criou o Pacto Mundial ou Global Compact. Trata-se de uma carta que figura um documento formal o qual deverá ser assinado pelas organi- zações comprometendo-se a adotar comporta- mentos e condutas éticas com relação a seus tra- balhadores, a sociedade e o meio ambiente (AN- TUNES, 2012). Unidade 7 • Ética nas negociações142/178 2014). No que tange ao processo de tomada de de- cisões no âmbito empresarial, três questões tornam-se os eixos da ética: 1. Aspectos legais acerca da decisão. 2. Conduta ética em questões que ultra- passam as previsões legais. 3. A gestão dos conflitos interpessoais deve atender aos interesses organi- zacionais e/ou individuais (ANTUNES, 2012). As primeiras reflexões acerca da ética da atividade empresarial diziam respeito às relações entre patrão e empregado, bem como as condições de trabalho. Posterior- mente, em meados de 1970, surgiram os debates éticos advindos das questões ine- rentes à internacionalização dos mercados, como consequência direta da globalização (ANTUNES, 2012). O mais recente debate acerca da ética diz respeito ao relacionamento entre orga- nização e sociedade, que numa perspectiva de macro análise verifica os impactos das atividades econômicas no meio ambien- te e na sociedade. O comportamento ético das organizações para com a sociedade e o meio ambiente é tratado por “responsabi- lidade socioambiental “ ou “responsabili- dade social” e “responsabilidade ambiental (GABERLINI, 2014). Unidade 7 • Ética nas negociações143/178 Quando uma empresa é vista como socio- ambientalmente responsável, sua imagem é fortalecida, tanto na sociedade quanto no mercado consumidor, fornecedor e concor- rente. Atualmente, tal questão deixou de ser um adendo que propicia competitividade e passou a ser elemento essencial para a so- brevivência das organizações dado as pres- sões legais e populares. Nas negociações, a ética também pode ser interpretada como a transparência com os stakeholders (GABER- LINI, 2014). Link Desde 1988, o Brasil conta com um instituto que tem por missão mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerirem seus negócios de forma so- cialmente responsável. O grupo surgiu de uma iniciativa privada de um grupo de empresários e localiza-se na cidade de São Paulo. O link a seguir é a página do instituto, na qual há inúmeras infor- mações tanto sobre este quanto sobre a respon- sabilidade social. Disponível: <https://www3. ethos.org.br/:>. Acesso em: 5 nov. 2017. https://www3.ethos.org.br/: https://www3.ethos.org.br/: Unidade 7 • Ética nas negociações144/178 Os conflitos interpessoais são a fonte das regras de comportamentos e condutas éti- cas. Especialmente nas organizações, a fi- gura dos líderes é capaz de refletir positiva- mente no comportamento dos demais cola- boradores e na imagem da empresa perante a sociedade (ANTUNES, 2012). Para saber mais Quando a empresa é socioambientalmente res- ponsável, ela está adotando uma postura ética perante a sociedade e o meio ambiente. Isso quer dizer que ela adota práticas de ações e tomadas de decisões que são coerentes com o conceito de sustentabilidade, o qual pode ser definido como o atendimento das necessidades das presentes ge- rações, de forma a garantir que as futuras gera- ções possam também satisfazer as suas próprias. Desse modo, o foco das empresas deve ser o de mitigar os impactos e as externalidades de seus processos produtivos. Link O artigo disponível neste link traz uma reflexão acerca da influência do líder na postura ética da organização e de seus liderados. Para tanto, utiliza como exemplo, e como estudo de caso, as figuras de dois memoráveis líderes: Jack Welch, da Gene- ral Electric, e Konosuke Matsushita, da National Panasonic. Disponível em: <http://www.revis- tas.usp.br/rai/article/view/79026/83098>. Acesso em: 7 nov. 2017. http://www.revistas.usp.br/rai/article/view/79026/83098 http://www.revistas.usp.br/rai/article/view/79026/83098 Unidade 7 • Ética nas negociações145/178 Do confronto de opiniões surge o dilema so- bre chegar a um ponto moralmente aceito por ambas as partes ou a imposição da von- tade de uma das partes sobre a outra. Neste sentido, Durkheim justificava a ética sob a constatação de que existe uma universali- dade ética, isto é, existem valores humanos que são considerados como virtudes, ca- ráter, integridade e/ou retidão (ANTUNES, 2012). Outra fonte de criação de padrões e normas éticas são as reflexões e a autoanálise, as quais são guiadas pelas experiências indivi- duais de cada um. Por fim, a terceira origem das normas éticas está na presença de ins- trumentos regulatórios para determinados padrões nas sociedades (ANTUNES, 2012). Para saber mais A virtude é uma característica da moral do indiví- duo que coaduna com o seu caminho para com o “bem”, o “correto”. A questão da virtude foi bas- tante explorada pela filosofia, principalmente por Aristóteles e posteriormente por outros filósofos como Platão e Sócrates. Enquanto a moderna filo- sofia relaciona a ética a uma decisão boa ou ruim, a ética da virtude associava os mesmos conceitos ao caráter das pessoas. Unidade 7 • Ética nas negociações146/178 Glossário Globalização: união de mercados e redução de fronteiras, unificação do mundo. Propriedade: direito legal que uma pessoa física ou jurídica tem de possuir algo. Stakeholder: indivíduo ou grupo de indivíduos que se interessam ou são afetados pelas ações da organização. Questão reflexão ? para 147/178 O presente tema afirmou que os dilemas éticos são bas- tante corriqueiros, por isso, a partir do estudo deste tema, analise ao menos uma situação cotidiana em que você tenha se colocado em um dilema ético. Aproveite para refletir acerca de temas relevantes e polêmicos dos noti- ciários e sobre os dilemas éticos que deles emergem. 148/178 Considerações Finais • O conceito de ética é relacionado aos padrões de comportamentos social- mente aceitos e desejáveis. • Dilemas éticos emergem das relações interpessoais de diferentes naturezas. • O ambiente organizacional, bem como as negociações, são molas propulso- ras de dilemas éticos. • A ética não deve ser contraposta aos objetivos da organização, pelo contrá- rio, a conduta ética pode representar vantagens competitivas. Unidade 7 • Ética nas negociações149/178 Referências ANTUNES, M. T. P. Ética. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2012. GABERLINI, V. M. P. Negociações e conflitos. Curitiba: Intersaberes, 2014. MODERNO dicionário da Língua Portuguesa. 2017. Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/ moderno-portugues/>. Acesso em: 17 nov. 2017. VANIN, J. A. Processos de negociação. Curitiba: Intersaberes, 2013. 150/178 1. O conceito de ética pode ser entendido como: Questão 1 a) Diferenças de pensamentos e posicionamentos entre pessoas. b) Diálogo para que se chegue a um consenso entre as partes. c) Conjunto de comportamentos socialmente aceitos por um povo. d) Opinião pessoal sobre determinado tema. e) Posse sobre determinada extensão geograficamente delimitada. 151/178 2. Sobre a relação entre a ética e o direito, assinale a alternativa correta. Questão 2 a) O padrão ético não influencia no direito. b) Condutas antiéticas sempre levam a punições legais. c) O direito dá origem às normas e condutas éticas. d) O direito embasa-se na ética para criar suas próprias normas. e) Condutas éticas são, normalmente, ilegais. 152/178 3. Um processo decisório ético considera: Questão 3 a) As consequências, os deveres e a integridade. b) As vantagens, os deveres e o lucro. c) As consequências, os direitos e os deveres. d) A integridade, as vantagens e o lucro. e) As consequências, os direitos e o lucro. 153/178 4. Quais das características de personalidade,a seguir, diz respeito à um sujeito ético? Questão 4 a) Corruptível. b) Infiel. c) Desleal. d) Flexibilidade. e) Egoísta. 154/178 5. Quando uma organização adota uma postura de colaboração para com a sociedade e o meio ambiente, dizemos que ela é: Questão 5 a) Rentável. b) Socialmente responsável. c) Antiética. d) Socioambientalmente responsável. e) Competitiva no mercado. 155/178 Gabarito 1. Resposta: C. Cada povo possui seus próprios padrões de comportamentos embasados pela sua his- tória e seus costumes, os quais chamamos de cultura. Para cada cultura existe um pa- drão de comportamento desejável e social- mente aceito, ao qual denominamos de éti- ca. 2. Resposta: D. O direito embasa-se na ética para criar suas próprias normas. O direito abstrai, da éti- ca e da moral de um povo, as questões que devem ser regulamentadas e, a partir delas, institui suas próprias leis. 3. Resposta: A. As consequências, os deveres e a integrida- de. Quando se toma uma decisão ética, con- sidera-se que suas ações podem implicar na liberdade e nos direitos do outro. Levam-se em consideração ainda a sua integridade moral e os deveres enquanto ser pertencen- te àquele círculo social. 4. Resposta: D. As características de um sujeito ético são “honestidade, coragem, tolerância e flexibi- lidade e humildade”. 156/178 Gabarito Resposta: D. Quando uma empresa é ativa para com o meio ambiente e a sociedade, ela é conside- rada socioambientalmente responsável, ou seja, ela adota práticas éticas em sua ges- tão. 157/178 Unidade 8 Teoria dos jogos Objetivos 1. Compreender em que consiste a teo- ria dos jogos. 2. Entender como a teoria dos jogos tor- nou-se famosa e qual sua principal aplicação. 3. Estudar o dilema dos prisioneiros para auxiliar a compreensão acerca da teo- ria dos jogos. Unidade 8 • Teoria dos jogos158/178 Introdução Neste tema trataremos sobre uma teoria matemática conhecida como a “Teoria dos Jogos”, que passou a ser aplicada para a re- solução de problemas sociais, econômicos e políticos. A aplicação de uma teoria ma- temática a questões sociais, como você já pode imaginar, gera uma série de polêmi- cas, pois busca explicar e propor soluções de maneira completamente racional, igno- rando o fato de que os seres humanos pos- suem diferentes impulsos, instintos e per- sonalidades. Polêmicas à parte, a Teoria dos jogos foi ga- nhadora de um Nobel em Economia, rece- bido por John Nash, que não foi essencial- mente o criador da teoria dos jogos, mas um estudioso que levou adiante o estudo e que, devido à morte de seus criadores, foi o re- presentante dessa sociedade na premiação. Os criadores dessa teoria foram John Von Neumann, matemático, e Oskar Morgem- nstern, em 1944. John Nash deu novos ares à teoria, aplican- do a ela sua contribuição, a “teoria do equi- líbrio de Nash”. A importância desse estudo, dentro do tema de negociação e gestão de conflitos, é especialmente explicada pelo fato de que essa teoria que, atualmente pode ser aplicada com o auxílio de softwa- res, pode auxiliar o processo decisório e o fechamento de acordos de forma estratégi- ca. Unidade 8 • Teoria dos jogos159/178 1. Teoria dos jogos A “Teoria dos jogos” é uma teoria matemá- tica que pode ser aplicada a problemas so- ciais, econômicos e políticos. Foi criada na década de 1940, período conhecido como o obscurantismo da matemática, e que per- durou até 1994 (MARINHO, 2011). A “Teoria dos Jogos” da qual trataremos aqui se tornou famosa devido ao grande sucesso do filme “Uma mente Brilhante”, lançado em 2001, e que foi vencedor de quatro Oscars. O filme retratou a história de John Forbes Nash Junior, um matemático conhecido por ser um dos precursores da Teoria dos Jogos, que foi refutado como mais genial do que o próprio Albert Einstein (MARINHO, 2011). John Nash, um dos precursores dessa teo- ria, era de nacionalidade húngara e mudou- -se para os Estados Unidos para estudar na Universidade de Princeton. À época — me- ados do século XX —, a universidade abri- gava um grupo de gênios das ciências exa- tas (MARINHO, 2011). O matemático integrou dois grandes pro- jetos, o computador digital e a bomba atô- mica. No que tange à bomba atômica, Nash atuava como conselheiro estratégico de Guerra do Governo dos EUA e, à época, es- tava envolvido com os estudos da Teoria dos jogos, por isso, considera-se que o ataque tenha sido fortemente influenciado por ela. Com fatos marcantes em sua vida, foi diag- nosticado com esquizofrenia e recebeu um prêmio Nobel em economia pela Teoria dos jogos (MARINHO, 2011). Unidade 8 • Teoria dos jogos160/178 O matemático defendeu um ataque dos EUA à União Soviética, com bombas atô- micas como estratégia de guerra, pois caso não o fizesse, os EUA poderia se tornar alvo do ataque da outra parte. Por isso, a ética da Teoria dos jogos, utilizada para fundamen- tar tal decisão, é questionável. Nesse caso concreto, a Teoria dos jogos aplicada teve como consequência o ataque a Hiroshima e Nagasaki (MARINHO, 2011). Para saber mais Nos dias 6 e 9 de agosto de 1945, os EUA utili- zaram bombas atômicas para atacar a região de Hiroshima e Nagasaki no intuito de reforçar a rendição japonesa e evitar a morte de milhares de soldados americanos. O ataque destruiu quase que completamente as cidades, matando imedia- tamente 80 mil pessoas. Link O primeiro computador digital do mundo foi o Eniac, construído entre 1943 e 1945. Suas dimen- sões e peso eram imensos e ocupavam quase um galpão inteiro, pesando 30 toneladas. Disponível em: <http://www.hardware.com.br/guias/ historia-informatica/eniac.html>. Acesso em: 21 nov. 2017. http://www.hardware.com.br/guias/historia-informatica/eniac.html http://www.hardware.com.br/guias/historia-informatica/eniac.html Unidade 8 • Teoria dos jogos161/178 O “jogo” da Teoria dos jogos é um mode- lo matemático análogo a uma equação ou função. Polêmicas à parte, essa teoria tem implicações éticas por ser uma ferramen- ta de cálculo, muito utilizada para modelar comportamentos, e que tem como ponto central de sua lógica o egoísmo. Por isso, ela é vista com preconceito tanto pela mate- mática quanto pela ciência social (MARIN- HO, 2011). Link A teoria dos jogos pode e é estrategicamente apli- cada a negociações, com vistas a promover a van- tagem competitiva empresarial. Nesse contexto, a teoria é capaz de auxiliar o processo de tomada de decisões, fornecendo possíveis cenários de ações e de reflexos das ações e reações dos concorren- tes. Também é importante por colocar em voga o principal questionamento sobre as negociações, que é o dilema entre cooperação e competição. O artigo a seguir traz uma reflexão sobre este tema: <http://guilhermeazevedo.com/public/ate- oriadosjogosn.pdf>. Acesso em: 21 nov. 2017. http://guilhermeazevedo.com/public/ateoriadosjogosn.pdf http://guilhermeazevedo.com/public/ateoriadosjogosn.pdf Unidade 8 • Teoria dos jogos162/178 O pressuposto central da teoria é a premis- sa “penso que você pensa o mesmo que eu penso sobre você mesmo”, ou seja, vou em- basar minhas decisões naquilo que eu penso que você vai fazer. Isso porque consigo pre- ver sua decisão já que parto da suposição de que você está pensando o mesmo que eu (MARINHO, 2011). Em contraposição a essa teoria, temos o pensamento do altruísmo, o qual tem como precursor o filósofo e pensador do século XIX, Augusto Comte. Augusto Comte foi um dos fundadores do positivismo e defendeu que, para que um indivíduo consiga evoluir e ser altruísta, é preciso que ele receba uma educação positivista (MARINHO, 2011). Outra considerável contraposição da Teoria dos jogos é a hermenêutica, que é a crença de que toda verdade emana da cultura e que só é possível criar conhecimentos interpre- tando outros conhecimentos que já tenham sido previamente adquiridos (MARINHO, 2011). Para saber mais O positivismo de Augusto Comte é consideradocomo uma doutrina sociológica, filosófica e polí- tica que se opõe ao idealismo e ao racionalismo, aceitando unicamente o saber científico como sendo o único verdadeiro, pois é o único que pode ser comprovado. De origem francesa, e de pro- pagação em meados do século XIX e início do XX, tem como outro importante precursor John Stuart Mill. Unidade 8 • Teoria dos jogos163/178 Em suma, o que a teoria quer dizer é que os seres humanos ou cooperam ou confli- tam entre si, adotando posturas egoístas ou altruístas, como num conjunto binário. As aspirações dos indivíduos são distintas e os levam a adotar essas diferentes postu- ras, assim como as informações são distri- buídas de maneira desigual entre as partes (MARINHO, 2011). Assim, a teoria torna possível a formulação de estratégias para chegar a bons acordos entre as partes, desde que parta-se do pres- suposto de que os acordos devem parecer vantajosos a ambas as partes, ou seja, deve haver reciprocidade para que as negocia- ções sejam positivas (BÊRNI; FERNANDEZ, 2014) (MARINHO, 2011). Para saber mais A hermenêutica é uma ciência voltada à com- preensão e interpretação de algo que pode ser um texto, um discurso ou qualquer fenômeno ou questão passível de interpretação. Em sua pri- meira concepção, associava-se à leitura e inter- pretação de textos e a passagens bíblicas ou re- ligiosas. Etimologicamente, o termo hermenêuti- co faz alusão ao Deus grego Hermes, o Deus da oratória. Posteriormente passou a ser associado à interpretação filosófica e, mais recentemente, foi incorporado ao campo jurídico. Unidade 8 • Teoria dos jogos164/178 Embora não seja mais necessário realizar cálculos para aplicar a Teoria dos jogos, o texto precisa ser traduzido para ser resolvido matematicamente, por intermédio de softwares. Para explicar melhor o funcionamento dessa teoria, um importante exemplo é utilizado, o “dilema dos prisio- neiros” (BÊRNI; FERNANDEZ, 2014) (MARINHO, 2011): Link Uma “lenda” que leva à reflexão acerca da teoria dos jogos ocorreu durante a Copa de 1958, numa partida en- tre Brasil e União Soviética. O então técnico da seleção Vicente Feola teria reunido os jogadores e combinado a estratégia de partida, ditando passo a passo o que cada um dos jogadores fariam para iludir o adversário e, desta forma, conseguir vencer a partida. Ao final da sua explicação, que detalhou o passo a passo, Garrincha perguntou: “Tá legal, seu Feola... mas o senhor já combinou isso com os russos?”. Tal questionamento, ainda que não intencionalmente, levou em consideração a Teoria dos jogos, ao saber que toda estratégia precisa considerar que a outra parte pode ter reações às suas atitudes. Para saber mais sobre essa lenda e ter outras explicações simplificadoras sobre a Teoria dos jogos acesse: <http://www.cienciadaestrategia.com.br/ teoriadosjogos/capitulo.asp?cap=i2>. Acesso em: 22 nov. 2017. Unidade 8 • Teoria dos jogos165/178 Dois larápios, João e Pedro, combinam um roubo, e no momento da execução são pe- gos em flagrante. Ambos são presos em sa- las separadas e mantidos incomunicáveis e lhes restam duas opções: calar-se ou con- fessar. Cada uma delas implica uma pena- lidade: • Se ambos cooperarem entre si, fican- do calados, cada um cumpre um ano de prisão. • Se ambos confessarem, ou seja, am- bos não cooperarem entre si, os dois ficarão dois anos presos. • Se João confessar e Pedro ficar calado (deserta e coopera), João fica 5 anos preso. • Mas se João calar e Pedro confessar, é Pedro quem fica 5 anos na cadeia. Observe que o processo decisório no dilema dos prisioneiros é binário (0 e 1): ou coopera ou deserta. Parte-se do pressuposto da au- sência total de afeto, moral, religião e ética. Dessa forma: a) Cooperação recíproca parece a melhor opção. b) Se eu sou João e penso que Pedro vai fi- car quieto, saio melhor traindo, mesmo que seja eticamente incorreto. c) Se Sou Pedro e penso que João ficará quieto, saio melhor confessando. d) Se sou João ou Pedro e penso que o ou- tro vai confessar, não posso ficar cala- do, ou sou eu quem ficará cinco anos Unidade 8 • Teoria dos jogos166/178 preso enquanto o outro sairá livre. e) Se eu achar que meu comparsa pensa igual a mim, concluo que ele vai confes- sar. Ou seja, a única opção viável é con- fessar. O resultado da história é que ambos confes- sam e ficam dois anos presos, levando à te- oria do equilíbrio de Nash, ou seja, a melhor decisão possível levando em conta a deci- são que o outro deve tomar. Na realidade, a grande contribuição de Nash para a Te- oria dos jogos foi a proposta do “Equilíbrio de Nash”, que diz que uma teoria está em equilíbrio quando um par de estratégias é o melhor para ambas as partes (MARINHO, 2011). O dilema dos prisioneiros é uma aplicação da Teoria dos jogos, mas não a única. Busca- -se por intermédio dessa teoria uma solu- ção que maximize os ganhos e minimize as perdas, formando um teorema MINI-MAX (MARINHO, 2011). Trata-se de uma simplificação teórica, exis- tem obviamente outras variáveis que inter- ferem no comportamento das pessoas. Se o jogo se repete, ou seja, se João e Pedro pre- tendem ou vêm roubando há anos, ambos têm uma expectativa com relação as joga- das futuras, por isso tendem a cooperar en- tre si (MARINHO, 2011). As expectativas de manter o relacionamen- to interferirão na postura e nos resultados acerca do que é mais vantajoso: cooperar ou desertar. Entretanto, cabe lembrar que a Teoria dos jogos é extremante racional, ou Unidade 8 • Teoria dos jogos167/178 seja, exclui qualquer possibilidade de os su- jeitos estarem tomando decisões pautadas na emoção, no afeto, nos valores morais e éticos. Além disso, desconsidera a assime- tria de informações entre as partes (MARIN- HO, 2011). Unidade 8 • Teoria dos jogos168/178 Glossário Altruísmo: amor desinteressado ao próximo, filantropia, abnegação. Binário: que tem dois elementos ou comporta dois aspectos. Obscurantismo: que fica na ausência da luz. Questão reflexão ? para 169/178 Para a Teoria dos jogos, a sugestão de reflexão vai além de apenas pensar e buscar exemplos práticos, sugiro que assistam ao filme “Uma mente brilhante” e que, a partir de então, reflitam sobre o filme e os aprendizados aqui apresentados, buscando fazer analogia também à outras temáticas como a ética nas negociações. 170/178 Considerações Finais • A Teoria dos jogos é uma teoria da matemática que pode ser aplicada às questões sociais, políticas e econômicas. • A teoria envolve polêmicas devido às suas implicações éticas, principalmen- te as relacionadas ao ataque de Hiroshima e Nagasaki. • O pressuposto central da teoria é o egoísmo e a premissa do “penso que você pensa o mesmo que eu penso sobre você mesmo”. • A teoria, apesar de aplicada a questões sociais, desconsidera a existência de afeto entre as pessoas, assim como de questões éticas e morais. Unidade 8 • Teoria dos jogos171/178 Referências BÊRNI, D. de A.; FERNANDEZ, B. P. M. Teoria dos jogos: crenças, desejos e escolhas. São Paulo: Saraiva, 2014. MARINHO, R. Prática na Teoria: aplicação da teoria dos jogos e da evolução dos negócios. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. SILVA, D. N. Bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki. Brasil Escola. Disponível em: <http:// brasilescola.uol.com.br/historiag/bombas-atomicas-hiroshima-nagasaki.htm>. Acesso em: 21 nov. 2017. http://brasilescola.uol.com.br/historiag/bombas-atomicas-hiroshima-nagasaki.htm http://brasilescola.uol.com.br/historiag/bombas-atomicas-hiroshima-nagasaki.htm 172/178 1. A Teoria dos jogos é pertencente a ciência: a) da Matemática. b) da Administração. c) da Filosofia. d) da Sociologia. e) do Direito. Questão 1 173/178 2. Dentre os nomes abaixo, assinale a opção que corresponde ao criador da Teoria dos jogos. Questão 2 a) John Nash. b) Augusto Comte. c) John Vohn Neumann. d) Albert Eisten. e) Aristóteles. 174/178 3. John Nash envolveu-secom dois grandes projetos de relevante impor- tância para o mundo. Quais são eles? Questão 3 a) Eletricidade e Eniac. b) Bomba atômica e eletricidade. c) Bomba atômica e internet. d) Internet e Eniac. e) Bomba atômica e Eniac. 175/178 4. Por que a teoria dos jogos é questionável do ponto de vista ético? Questão 4 a) Por ter como premissa o altruísmo de Augusto Comte. b) Pois embasa-se na hermenêutica. c) Parte de pressupostos infundados sobre a ação do outro. d) Pois tem o egoísmo como premissa central. e) Por defender a guerra em qualquer situação. 176/178 5. Por que John Nash recebeu o prêmio Nobel pela Teoria dos jogos? Questão 5 a) Por ter sido o responsável pela sua criação. b) Pela sua contribuição, a “Teoria do equilíbrio de Nash”. c) Por ser o responsável pelo ataque de Hiroshima e Nagasaki. d) Pela defesa e promoção da paz mundial por intermédio da teoria. e) Por quebrar paradigmas quanto à sua esquizofrenia. 177/178 Gabarito 1. Resposta: A. Embora a Teoria dos jogos seja aplicada a diversas outras ciências, ela é uma teoria matemática. 2. Resposta: C. John Vohn Neumann e Oskar Morgemns- tern desenvolveram a Teoria dos jogos. John Nash apenas a estudou e contribuiu com a Teoria do equilíbrio de Nash. 3. Resposta: E. John Nash envolveu-se com dois grandes projetos: o ataque de Hiroshima e Nagasaki com bomba atômica, enquanto conselhei- ro de guerra dos EUA, e o desenvolvimento do Eniac, o primeiro computador digital do mundo. 4. Resposta: D. Tem como premissa central o egoísmo e desconsidera valores morais e éticos. 5. Resposta: D. John Nash estudou a Teoria dos jogos a fun- do e adicionou a ela a concepção da Teoria do equilíbrio de Nash, que propõe que seja tomada uma decisão que equalize o acordo entre as partes.