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Cardiologia para o Clínico Geral I daniel daniel © Direitos reservados à EDITORA ATHENEU LTDA. II Ferreira - Atheneu Fer-00 - 3ª Prova 13/09/99 E-mail: abreussystem@uol.com.br ABREU’S SYSTEM daniel © Direitos reservados à EDITORA ATHENEU LTDA. Cardiologia para o Clínico Geral Celso Ferreira Professor Titular da Disciplina de Cardiologia da Faculdade de Medicina do ABC. Professor Adjunto e Livre-Docente da Disciplina de Cardiologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo Rui Póvoa Professor Adjunto da Disciplina de Cardiologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo. Doutor em Cardiologia. Docente da Disciplina de Cardiologia da Faculdade de Medicina do ABC São Paulo · Rio de Janeiro · Belo Horizonte III daniel © Direitos reservados à EDITORA ATHENEU LTDA. IV Ferreira - Atheneu Fer-00 - 3ª Prova 13/09/99 E-mail: abreussystem@uol.com.br ABREU’S SYSTEM EDITORA ATHENEU São Paulo — Rua Jesuíno Pascoal, 30 São Paulo Å Tel.: 222-4199 São Paulo Å Fax: 3362-1737 • 223-5513 São Paulo Å E-mail: info@atheneu.com.br www.atheneu.com.br Rio de Janeiro — Rua Bambina, 74 Rio de Janeiro Å Tel.: 539-1295 Rio de Janeiro Å Fax: 538-1284 Rio de Janeiro Å E-mail: info@atheneu.com.br www.atheneu.com.br Belo Horizonte — Rua Domingos Vieira, 319 — Conj. 1.104 PLANEJAMENTO GRÁFICO — CAPA: Equipe Atheneu PRODUÇÃO GRÁFICA — O. Prado FERREIRA C., PÓVOA R. Cardiologia para o Clínico Geral ©Direitos reservados à EDITORA ATHENEU — 1999 Ferreira , Celso Cardiologia para o clínico geral/Celso Ferreira, Rui Póvoa — São Paulo: Editora Atheneu, 1999. Vários colaboradores. 1. Cardiologia 2. Clínica médica 3. Coração — Doenças I. Póvoa, Rui. II. Título 99-3790 CDD-616.12 NLM-WG 100 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Índices para catálogo sistemático: 1. Cardiologia: Medicina 616.12 2. Coração: Doenças: Medicina 616.12 3. Medicina cardiovascular 616.12 Colaboradores ABILIO AUGUSTO FRAGATA FILHO Doutor em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. Médico do Setor de Miocardiopatias do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia de São Paulo e Responsável pelo Laboratório de Xenodiagnóstico. Professor Assistente de Clínica, Responsável pela Matéria de Cardiologia do Departamento de Medicina da Universidade de Taubaté, São Paulo ADAUTO CARVALHO SILVA Médico Pós-Graduando da Disciplina de Cardiologia do Departamento de Medicina da Universidade Federal de São Paulo — Escola Paulista de Medicina ADILSON CASEMIRO PIRES Doutor em Cirurgia Cardiovascular pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo. Regente da Disciplina de Cirurgia de Tórax da Faculdade de Medicina do ABC. Diretor Clínico do Hospital de Ensino — Faculdade de Medicina do ABC AGNALDO DAVID DE SOUZA Professor Adjunto e Chefe da Disciplina de Cardiologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia. Coordenador da Cardiologia Clínica da Fundação Baiana de Cardiologia. Presidente da Fundação para Desenvolvimento das Ciências (Entidade Mantenedora da Escola Baiana de Medicina) ALEXANDRE C. PEREIRA Médico Pesquisador do Laboratório de Genética e Cardiologia Molecular — Instituto do Coração — INCOR, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo AMBROSINA MARIA LIGNANI DEMIRANDA BERMUDES Professora de Educação Física do Laboratório de Fisiologia do Exercício da Universidade Federal do Espírito Santo — UFES. Mestranda em Ciências Fisiológicas do Centro Biomédico da Universidade Federal do Espírito Santo — UFES ANDRÉ GUSTAVO DA SILVA REZENDE Pós-Graduando pela Disciplina de Cardiologia da Universidade Federal de São Paulo — Escola Paulista de Medicina V Ferreira - Atheneu Fer-00 - 3ª Prova 13/09/99 E-mail: abreussystem@uol.com.br ABREU’S SYSTEM daniel © Direitos reservados à EDITORA ATHENEU LTDA. ANGELO AMATO VINCENZO DE PAOLA Professor Adjunto Livre-Docente da Disciplina de Cardiologia. Chefe do Setor de Eletrofisiologia Clínica da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo ANTONIO CARLOS CAMARGO CARVALHO Professor Titular da Disciplina de Cardiologia da Universidade Federal de São Paulo — Escola Paulista de Medicina ANTONIO CLÁUDIO DO AMARAL BARUZZI Doutor em Cardiologia do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Médico do Centro de Terapia Intensiva do Hospital Israelita Albert Einstein. Médico Coordenador da Unidade Coronária do Hospital Pan-Americano ANTONIOM. KAMBARA Chefe da Seção Médica de Radiologia do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia. Mestre em Radiologia Clínica pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo. Responsável pelo Setor de Radiologia Vascular do Hospital do Coração — Associação do Sanatório Sírio ARI TIMERMAN Chefe do Setor de Emergência e Terapia Intensiva do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia de São Paulo. Doutor em Medicina — Área de Concentração de Cardiologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo ARISTOTELES COMTE DE ALENCAR FILHO Mestre pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Especialista em Cardiologia. Coordenador do Comitê de Controle de Tabagismo — Sociedade Brasileira de Cardiologia — SBC AUGUSTO SCALABRINI NETO Docente da Disciplina de Emergências Clínicas do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Médico Assistente da Unidade Clínica Coronariopatias Crônicas BENTO FORTUNATO CARDOSO DOS SANTOS Professor Convidado da Disciplina de Nefrologia, Departamento de Medicina da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo. Médico do Laboratório Clínico do Hospital Israelita Albert Einstein BRÁULIO LUNA FILHO Doutorado em Cardiologia pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo. Pós-Graduando da Harvard Medical School (EUA). Ex-Fellow do Brigham and Women Hospital (Boston). Chefe do Setor de Eletrocardiologia do Hospital São Paulo, Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo CÉLIA MARIA CAMELO SILVA Mestrado em Cardiologia pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo. Fellow em Cardiologia Pediátrica no Royal Brompton Hospital — Londres — Inglaterra. Médica Assistente do Setor de Cardiologia Pediátrica da Escola Paulista de Medicina da Universidade de São Paulo CELSO FERREIRA Professor Titular da Disciplina de Cardiologia da Faculdade de Medicina do ABC. Professor Adjunto e Livre-Docente da Disciplina de Cardiologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo VI Ferreira - Atheneu Fer-00 - 3ª Prova 13/09/99 E-mail: abreussystem@uol.com.br ABREU’S SYSTEM daniel © Direitos reservados à EDITORA ATHENEU LTDA. CELSO FERREIRA FILHO Professor Adjunto da Faculdade de Medicina de Santo Amaro. Professor Assistente da Disciplina de Cardiologia da Faculdade de Medicina do ABC. Mestre em Cardiologia pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo CLÁUDIO APARÍCIO DA SILVA BAPTISTA Cardiologista pela Sociedade de Cardiologia. Cardiologista do Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa da Prefeitura Municipal de São Paulo. Presidente da Sociedade Paulista de Medicina Desportiva DALTON V. VASSALLO Médico Formado pela Universidade Federal do Espírito Santo. Doutor em Biofísica pelo Instituto de Biofísica da Universidade Federal do Rio de Janeiro — IBUFRJ. Professor Titular de Fisiologia da Escola de Medicina da Santa Casa de Misericórdia de Vitória — EMESCAM DIRCEU RODRIGUES DE ALMEIDA Doutor em Medicina pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo. Professor Adjunto da Disciplinade Cardiologia do Departamento de Medicina da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo. Responsável pelo Setor de Transplante Cardíaco da Disciplina de Cardiologia do Departamento de Medicina da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo DIRCEU VIEIRA DOS SANTOS FILHO Professor e Chefe da Disciplina de Cardiologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo. Chefe do Setor de Valvopatias da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo EDSON STEFANINI Doutor em Medicina pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo. Coordenador do Grupo de Coronariopatias da Disciplina de Cardiologia do Departamento de Medicina da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo. Instrutor do Advance Cardiac Life Suporte — ACLS da American Heart Association EDUARDO AUGUSTO DA SILVA COSTA Doutor em Medicina — Cardiologia pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo. Professor Adjunto Doutor e Coordenador da Disciplina de Cardiologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Pará. Presidente da Comissão de Pós-Graduação da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Pará ELIANE FOCACCIA PÓVOA Mestre em Reumatologia pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo ELISABETE SILVA SANTOS Médica Responsável pelo Pronto-Socorro do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia de São Paulo ELIUDEM GALVÃO DE LIMA Professor Titular do Departamento de Ciências Fisiológicas da Escola de Medicina da Santa Casa de Misericórdia. Professor Adjunto do Departamento de Ciências Fisiológicas da Universidade Federal do Espírito Santo. Professor do Curso de Pós-Graduação, Mestrado e Doutorado em Ciências Fisiológicas da Universidade Federal do Espírito Santo. Médico Cardiologista do Instituto de Cardiologia do Espírito Santo EMÍDIO BRANCO DE ARAUJO FILHO Professor Titular da Faculdade de Medicina de Santo Amaro — UNISA. Doutor em Cardiologia pela Universidade de São Paulo VII Ferreira - Atheneu Fer-00 - 3ª Prova 13/09/99 E-mail: abreussystem@uol.com.br ABREU’S SYSTEM daniel © Direitos reservados à EDITORA ATHENEU LTDA. ENIO BUFFOLO Professor Titular da Disciplina de Cirurgia Cardiovascular do Departamento de Cirurgia da Universidade Federal de São Paulo — Escola Paulista de Medicina EURÍPEDES FERREIRA Hematologista e Membro do Grupo de Transplante de Medula Óssea do Hospital Israelita Albert Einstein FADLO FRAIJE FILHO Professor Titular da Disciplina de Endocrinologia da Faculdade do ABC. Doutor em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Chefe do Serviço de Endocrinologia do Hospital Beneficência Portuguesa, São Paulo FRANCISCO ANTONIO HELFENSTEIN FONSECA Doutor em Medicina pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo. Ex-Fellow do Mount Sinai School of Medicine — NYU. Coordenador do Setor de Lípides, Aterosclerose e Biologia Vascular da Disciplina de Cardiologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo GIUSEPPE SEBASTIANO DIUGUARDI Especialista em Cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia — Associação Médica Brasileira. Médico da Seção de Cardiologia do Esporte do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia de São Paulo HENRIQUE HORTA VELOSO Doutor em Cardiologia pela Universidade Federal de São Paulo — Escola Paulista de Medicina HUMBERTO PIERRI Doutor em Cardiologia pela Universidade de São Paulo. Médico Assistente Doutor do Grupo de Cardiogeriatria do Instituto do Coração — INCOR do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo. Presidente do Grupo de Estudo de Cardiologia da Sociedade Brasileira de Cardiologia IRAN CASTRO Professor Pleno do Curso de Pós-Graduação do Instituto de Cardiologia — Fundação Universitária, RS. Mestre em Cardiologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Doutor em Cardiologia pelo Instituto de Cardiologia — Fundação Universitária de Cardiologia, RS. Ex-Presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Gestão 1995-1997 IRINEU TADEU VELASCO Professor Titular da Disciplina Emergências Clínicas do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo ISEU GUS Professor Responsável da Disciplina de Cardiologia da Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre. Chefe do Serviço de Epidemiologia do Instituto de Cardiologia — Fundação Universitária de Cardiologia do Rio Grande do Sul JAPY ANGELINI OLIVEIRA FILHO Professor Adjunto da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo. Doutor em Medicina na Área de Cardiologia pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo. Chefe do Setor de Ergometria e Reabilitação da Disciplina de Cardiologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo JOÃOMANOEL ROSSI NETO Médico do Setor de Emergências do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia. Coordenador Executivo do Centro Coordenador Brasileiro de Estudos Clínicos em Cardiologia do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia de São Paulo Ferreira - Atheneu Fer-00 - 3ª Prova 13/09/99 E-mail: abreussystem@uol.com.br ABREU’S SYSTEM VIII daniel © Direitos reservados à EDITORA ATHENEU LTDA. JOÃO PIMENTA Diretor do Serviço de Cardiologia do Hospital do Servidor Público Estadual, São Paulo JOSÉ DOMINGOS DE ALMEIDA Médico Assistente do Serviço de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista da Santa Casa de São Paulo. Especialista em Cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia . Membro Titular da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista JOSÉ EDUARDO KRIEGER Professor Associado do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Diretor do Laboratório de Genética e Cardiologia Molecular do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo JOSÉ HONÓRIO DE ALMEIDA PALMA DA FONSECA Professor Adjunto. Doutor da Disciplina de Cirurgia Cardiovascular do Departamento de Cirurgia pela Escola Paulista de Medicina da Universidade de São Paulo JOSÉ LUIZ SANTELLO Cardiologista, Doutor em Nefrologia. Assistente do Serviço de Nefrologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo JOSÉ NERY PRAXEDES Doutor em Nefrologia. Professor Assistente da Disciplina de Nefrologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo JORGE MICHALANY Professor Titular de Anatomia Patológica da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo. Professor Titular de Anatomia Patológica da Faculdade de Medicina da UNOESTE, Presidente Prudente, SP. Membro Emérito da Academia de Medicina de São Paulo LEOPOLDO SOARES PIEGAS Diretor do Serviço Médico do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, São Paulo. Professor Livre-Docente pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo LIGIA B. PINTO Mestre em Farmácia da Universidade de São Paulo — USP. Médica Assistente Doutora do Grupo de Cardiogeriatria do Instituto do Coração — INCOR- do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo LUCIANA VENTURINI ROSSONI Médica Formada pela Escola de Medicina da Santa Casa de Misericórdia de Vitória — EMESCAM. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Fisiológicas da Universidade do Espírito Santo LOURDES DE FÁTIMAG. GOMES Mestre em Pediatria e Pós-Graduanda da Disciplina de Cardiologia da Universidade Federal de São Paulo — Escola Paulista de Medicina LUIZ CÉSAR NAZÁRIO SCALA Doutor em Cardiologia pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo. Professor Adjunto da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Federal de Mato Grosso — UFMT. Professor de Pós-Graduação em Cardiologia — Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal de MatoGrosso — UFMT IX Ferreira - Atheneu Fer-00 - 3ª Prova 13/09/99 E-mail: abreussystem@uol.com.br ABREU’S SYSTEM daniel © Direitos reservados à EDITORA ATHENEU LTDA. LUIS GASTÃO MANGE ROSENFELD Coordenador do Laboratório de Patologia Clínica do Hospital Israelita Albert Einstein. Membro da Diretoria do Centro de Hematologia de São Paulo LUIZ ROBERTO LEITE DA SILVA Pós-Graduando pela Disciplina de Cardiologia da Universidade Federal de São Paulo-Escola Paulista de Medicina MARCO AURÉLIO DIAS DA SILVA Especialista em Cardiologia. Chefe do Serviço de Miocardiopatias do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia MARCOS KNOBEL Médico do Centro de Terapia Intensiva Adulto do Hospital Israelita Albert Einstein. Médico da Disciplina de Cardiologia do Departamento de Medicina da Universidade Federal de São Paulo — Escola Paulista de Medicina MÁRCIO LERCH STÜRMER Mestrando em Cardiologia no Instituto de Cardiologia — Fundação Universitária de Cardiologia MÁRIO TERRA FILHO Professor Titular de Pneumologia da Faculdade de Medicina do ABC. Professor Associado da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo MARIA CECÍLIA T. DAMASCENO Médica Assistente da Disciplina de Emergências Clínicas do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Pós-Graduanda da Disciplina de Emergências Clínicas do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo MARIA CRISTINA DE OLIVEIRA IZAR Pós-Graduanda da Disciplina de Cardiologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo. Ex-Research Fellow do Mount Sinai School of Medicine — NYU MARCELO GRANDINI SILAS Professor Voluntário da Disciplina de Cirurgia Torácica da Faculdade de Medicina do ABC e Cirurgião Torácico do Hospital de Ensino da Fundação do ABC MARCELO FRANKEN Acadêmico da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo MAURICIO WAJNGARTEN Professor Livre-Docente em Cardiologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Supervisor da Equipe de Cardiogeriatria do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo MAX GRINBERG Professor Livre-Docente da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Diretor do Serviço de Clínica do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo X Ferreira - Atheneu Fer-00 - 3ª Prova 13/09/99 E-mail: abreussystem@uol.com.br ABREU’S SYSTEM daniel © Direitos reservados à EDITORA ATHENEU LTDA. MICHEL BATLOUNI Professor Livre-Docente de Clínica Médica da Universidade Federal de Goiás. Professor de Pós-Graduação em Cardiologia da Universidade de São Paulo. Diretor Clínico do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia NABIL GHORAYEB Chefe da Seção Médica de Cardiologia do Esporte do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia. Vice-Presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia — Departamento de Ergometria e Reabilitação Cardiovascular — SBC-DERC. Diretor da Sociedade Brasileira de Cardiologia — Fundo de Aperfeiçoamento e Pesquisa em Cardiologia — SBC-FUNCOR. Coordenador do Comitê de Anti-Sedentarismo/Exercício da SBC-FUNCOR. Pós-Graduando, Nível Doutorado em Cardiologia no Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo NADERWAFAE Professor Titular da Disciplina de Anatomia Descritiva e Topografia do Departamento de Morfologia da Universidade Federal de São Paulo — Escola Paulista de Medicina. Livre-Docente da Disciplina de Anatomia Descritiva e Topografia do Departamento de Morfologia da Universidade Federal de São Paulo — Escola Paulista de Medicina. Professor Doutor da Disciplina de Anatomia Descritiva e Topografia do Departamento de Morfologia da Universidade Federal de São Paulo — Escola Paulista de Medicina NEIF MURAD Mestrado e Doutorado em Cardiologia pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo. Professor Doutor da Disciplina de Cardiologia da Faculdade de Medicina do ABC NELSON KASINSKI Professor Adjunto da Disciplina de Cardiologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo. Doutor em Medicina. Fellow da Harvard Medical School NEY VALENTE Médico Preceptor do Serviço de Cardiologia do Hospital do Servidor Público Estadual “FMO” PAULO ZIELINSKY Professor Adjunto Doutor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Chefe da Unidade de Cardiologia Fetal do Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul. Coordenador do Programa Preventivo Nacional de Detecção Pré-Natal de Cardiopatias Congênitas do FUNCOR — Fundo de Aperfeiçoamento e Pesquisa em Cardiologia — Sociedade Brasileira de Cardiologia — SBC ORLANDO CAMPOS FILHO Professor Adjunto-Doutor de Cardiologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo. Médico do Setor de Ecocardiografia do Hospital Sírio-Libanês, São Paulo RENATO ENRIQUE SOLOGUREN ACHÁ Professor Doutor Titular de Clínica Médica da Universidade Federal de Uberlândia — UFU. Coordenador do Curso de Mestrado em Clínica Médica da Universidade Federal de Uberlândia. Chefe do Serviço de Cardiopatia e Gravidez e Ecocardiografia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia ROBERTO ALEXANDRE FRANKEN Professor Titular da Disciplina de Cardiologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo RONEYORISMAR SAMPAIO Médico Especialista em Cardiologia. Pós-Graduando, Nível Doutorado, pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Médico Pesquisador da Unidade Clínica de Valvopatia do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo XI Ferreira - Atheneu Fer-00 - 3ª Prova 13/09/99 E-mail: abreussystem@uol.com.br ABREU’S SYSTEM daniel © Direitos reservados à EDITORA ATHENEU LTDA. ROSIANE VIANA ZUZA DINIZ Médico Pós-Graduando da Disciplina de Cardiologia do Departamento de Medicina da Universidade Federal de São Paulo RUBENS RODRIGUES Professor Pleno e Coordenador do Curso de Pós-Graduação do Instituto de Cardiologia — Fundação Universitária de Cardiologia RUI PÓVOA Professor Adjunto da Disciplina de Cardiologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo. Doutor em Cardiologia. Docente da Disciplina de Cardiologia da Faculdade de Medicina do ABC SILVIO ROBERTO BORGES ALESSI Pós-Graduando pela Disciplina de Cardiologia da Universidade Federal de São Paulo TALEL KADRI Professor Instrutor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo SÉRGIO ATALAH DIB Professor Adjunto da Disciplina de Endocrinologia do Departamento de Medicina da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo. Vice-Diretor do Centro de Diabetes da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo. Ex-Fellow da Joslin Diabetes Center Harvard Medical School — Boston, MA, EUA SÉRGIO TIMERMAN, MD Supervisor do Centro de Treinamento do Instituto do Coração — INCOR — do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Presidente do Comitê Nacional de Ressuscitação da Sociedade Brasileira de Cardiologia — Fundo de Aperfeiçoamento e Pesquisa em Cardiologia — SBC-FUNCOR. Co-chair da ECC Interamerican Heart Foundation VALDECI DA CUNHA Doutor em Farmacologia pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto — USP. Professor Adjunto de Farmacologia e do Programa de Pós-Graduação em Ciências Fisiológicas da Universidade Federal do Espírito Santo VALTER CORREA DE LIMA Professor Adjunto Doutor da Disciplina de Cardiologia pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo. Chefe do Grupo de Coronária da Disciplina de Cardiologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo. Coordenador do Programa de Residência da Disciplina de Cardiologiada Escola Paulista de Medicina da Universidade de São Paulo. Chefe do Serviço de Hemodinâmica, Cardiologia Intervencionista e Radiologia Vascular do Hospital do Rim e Hipertensão, Fundação Oswaldo Ramos, Escola Paulista de Medicina da Universidade de São Paulo VALQUÍRIA DE GALLIO Mestrando em Cardiologia no Instituto de Cardiologia — Fundação Universitária de Cardiologia VICTOR MANOEL OPORTO LOPEZ Médico da Divisão de Cardiologia da Universidade Federal de São Paulo — Escola Paulista de Medicina. Especialista em Cardiologia Infantil da Universidade Federal de São Paulo — Escola Paulista de Medicina XII Ferreira - Atheneu Fer-00 - 3ª Prova 13/09/99 E-mail: abreussystem@uol.com.br ABREU’S SYSTEM daniel © Direitos reservados à EDITORA ATHENEU LTDA. WILSON OLIVEIRA JR. Professor de Cardiologia da Universidade de Pernambuco — UPE. Supervisor do Grupo de Miocardiopatias e Insuficiência Cardíaca e Coordenador do Ambulatório de Doença de Chagas, do Hospital Universitário Oswaldo Cruz — HUOC/UPE WLADMIR FAUSTINO SAPORITO Professor Voluntário da Disciplina de Cirurgia Torácica da Faculdade de Medicina do ABC e Cirurgião Torácico do Hospital de Ensino da Fundação do ABC XIII Ferreira - Atheneu Fer-00 - 3ª Prova 13/09/99 E-mail: abreussystem@uol.com.br ABREU’S SYSTEM daniel © Direitos reservados à EDITORA ATHENEU LTDA. XIV Ferreira - Atheneu Fer-00 - 3ª Prova 13/09/99 E-mail: abreussystem@uol.com.br ABREU’S SYSTEM Dedicatória Ao pequenino Matheus, “o presente de Deus” — a certeza do porvir. Celso Ferreira A meus pais, com o reconhecimento pela minha formação. À Eliana, cúmplice de todas as realizações. Ao Fernando, a esperança da continuidade. Rui Póvoa XV Ferreira - Atheneu Fer-00 - 3ª Prova 13/09/99 E-mail: abreussystem@uol.com.br ABREU’S SYSTEM daniel © Direitos reservados à EDITORA ATHENEU LTDA. XVI Ferreira - Atheneu Fer-00 - 3ª Prova 13/09/99 E-mail: abreussystem@uol.com.br ABREU’S SYSTEM Agradecimentos A evolução do conhecimento nas últimas décadas tem aumentado em escala exponencial o volume de informações, que rapidamente tornam distante a capacidade individual do pleno conhecimento, e ainda mais laboriosa sua materialização. O reconhecimento desta realidade evidencia a necessidade da associação de equipes de trabalho, para a eficiência e a proficiência de tarefas como a da presente obra. Daí, registrarmos aqui os agradecimentos aos amigos que se engajaram nesta jornada, imbuídos pelo mesmo propósito. Agradecemos: Aos autores deste livro, que entendendo nossos objetivos, concederam a esta obra a força dos seus conhecimentos, a experiência da docência, o precioso tempo subtraído de seus merecidos descansos, e a paciência com que indulgentemente nos demonstraram apreço. À Editora Atheneu, parceira de nosso ideal nesta caminhada, nossos mais sinceros agradecimentos dirigidos especialmente ao Dr. Paulo Rzezinski, seu Diretor Médico, pela sensibilidade e delicadeza, permitindo a materialização do presente trabalho. Estendemos nossos agradecimentos à Sra. Suzana Venetianer, Sra. Elisabeth Chalian, bem como à magnífica produção, na pessoa do Sr. Orimar Prado. Aos grandes amigos da SBC-FUNCOR, Wilson Neglia Gilda Castro Fabiana Groppo Rafael Santiago que, com desprendimento, foram colaboradores incansáveis, dedicando horas de descanso, contribuindo decisivamente para que este livro se tornasse realidade. Muito obrigado! Celso Ferreira Rui Póvoa XVII Ferreira - Atheneu Fer-00 - 3ª Prova 13/09/99 E-mail: abreussystem@uol.com.br ABREU’S SYSTEM daniel © Direitos reservados à EDITORA ATHENEU LTDA. XVIII Ferreira - Atheneu Fer-00 - 3ª Prova 13/09/99 E-mail: abreussystem@uol.com.br ABREU’S SYSTEM Prefácio Estamos no limiar de um novo milênio e no alvorecer do século XXI, caracterizado como o século da sociedade do conhecimento e da informação. A cada segundo estas informações são ampliadas e, portanto, precisam ser classificadas, selecionadas, incorporadas e organizadas de modo a fazerem sentido. Conhecimento e informações devem interagir para construirmos significados, enfatizando suas relevâncias. A formação médica tem que ser voltada para competência, habilidades e atitudes. Há de se estimular e desenvolver a autonomia intelectual através da capacidade de aprendizagem ativa. É importante aprender com base nos fundamentos científicos e tecnológicos. Hoje fazemos a medicina baseada em evidências, sendo imprescindível incorporar o lado humanitário e ético da clássica medicina. Relacionamos a teoria com a prática, através da compreensão dos significados como instrumentos de organização cognitiva da realidade, além de termos flexibilidade e adaptabilidade, no sentido de compreendermos que, ao longo da vida, teremos que aprender a aprender e, através da educação continuada, nos mantermos atualizados. É de fundamental importância a capacidade de análise, de resolver problemas, de tomar as decisões e, sobretudo, a formação ética e humanística associada aos sentimentos de solidariedade e altruísmo. A cardiologia está entre as áreas da medicina que mais tem se beneficiado dos avanços do conhecimento científico-tecnológico. Ao mesmo tempo, é a de maior interesse clínico, epidemiológico, social e econômico. Por causa de sua alta morbimortalidade, o somatório de ações preventivas e curativas tem implicado um aumento da sobrevida e da qualidade de vida, bem como da expectativa de vida da população. Dos 52 milhões de mortes registradas em todo o mundo, em 1990, 15 milhões são atribuídas às doenças cardiovasculares-DCV. Estas são responsáveis por quase 10% da carga global das doenças medidas pela combinação de morte e incapacidade, o que se espera aumentar até 15%, próximo ao ano 2020. No Brasil, em 1996, as DCV foram responsáveis por 62% das mortes, sendo 36,5% antes dos 65 anos. A expectativa de vida ao nascer, para a maior parte das populações do mundo, tem aumentado mais do que 25 anos. No Brasil, chegará próximo dos 70, nos anos iniciais do novo milênio, com nítida vantagem para as mulheres. Por tudo isso, o livro Cardiologia para o Clínico Geral cresce de importância, ao trazer informações e conhecimentos com significados decorrentes da experiência docente e profissional dos seus autores. Devemos, como professores, pesquisadores, ou profissionais experientes, ajudar aos colegas iniciantes e também àqueles desejosos de continuar aprimorando seu processo de formação, a construírem significados, dando sentido e relevância às informações, operacionalizando-as, sobretudo para que possamos aplicá-las de forma adequada na área médica. Os professores Celso Ferreira e Rui Póvoa são eminentes profissionais da cardiologia brasileira, com prática de educação na Universidade Federal de São Paulo — UNIFESP, e na Faculdade de Medicina do XIX Ferreira - Atheneu Fer-00 - 3ª Prova 13/09/99 E-mail: abreussystem@uol.com.br ABREU’S SYSTEM daniel © Direitos reservados à EDITORA ATHENEU LTDA. ABC. São possuidores de uma folha de serviços expressiva e digna, responsáveis pela formação de inúmeros médicos, pesquisadores e professores. Ao editarem esta obra, demonstram suas experiências de docência e pesquisa desenvolvidas, especialmente, na tradicional e distinguida Escola Paulista de Medicina, atual UNIFESP, e nos seus consultórios, além de reunir uma plêiade de especialistas renomados nos seus campos de trabalho. A forma lógica, adequada e atualizada como os capítulos e os ensinamentos são apresentados permite ao leitor o conhecimento do normal e do patológico, do diagnóstico clínico e da utilização dos exames complementares, e o entendimento de situações especiais da cardiologia. A abrangência do livro expressa-se através da prevenção e do tratamento clínico, da inter- e multidisciplinaridade na abordagem das diversas entidades, permitindoa garantia de uma visão holística da cardiologia, promovendo uma ampla gama de práticas saudáveis e terapias. Bons livros têm sido produzidos no cenário brasileiro, mas este, em especial, brinda-nos com o destaque e a relevância do papel do médico, do clínico, na abordagem diagnóstica, na relação médico-paciente e no entendimento que a tecnologia e os exames diagnósticos complementares são efetivamente complementares, e não preliminares, a avaliação clínica adequada, que entende que cada paciente é um ser humano que merece respeito e atenção, aliados a um tratamento individualizado. Portanto, é com muita honra e efetivo prazer que prefacio este livro, que combina a praticabilidade com a qualidade, decorrentes da competência dos seus autores. Tenho a certeza de que será extremamente útil a vocês, estudantes, internistas, residentes, médicos clínicos e cardiologistas, desejosos de ampliarem e consolidarem a sua formação na cardiologia. Éfrem de Aguiar Maranhão Professor de Cardiologia da Universidade Federal de Pernambuco; Secretário de Educação de Pernambuco; Presidente do Conselho Nacional de Educação e do Conselho Nacional de Secretários de Educação. XX Ferreira - Atheneu Fer-00 - 3ª Prova 13/09/99 E-mail: abreussystem@uol.com.br ABREU’S SYSTEM daniel © Direitos reservados à EDITORA ATHENEU LTDA. Apresentação Na literatura nacional, embora se constate a existência de inúmeros livros de alta qualificação em cardiologia, estes se voltam mais para consultas específicas do que para oferecer uma visão geral e objetiva sobre os diferentes temas. Assim, mesmo para informações específicas, tornam-se freqüentemente insuficientes e remetem o leitor para a literatura especializada ou de periódicos. Faltam livros destinados à formação, com porte e forma apropriados, fácil manuseio, conteúdo abrangente e objetividade dirigida à prática quotidiana. Uma obra atualizada capaz de satisfazer as necessidades do clínico geral interessado em cardiologia clínica, e também do leitor empenhado na pós-graduação no sentido amplo ou estrito do termo. Por estes motivos a publicação de Cardiologia para o Clínico Geral destina-se a todos aqueles, especialistas ou não, que se interessem pelo assunto, tratado com amplitude e objetividade na “medida exata”. Para atingir tais propósitos, contou-se com a colaboração preciosa de renomados professores de todo o território nacional que, como o leitor pode constatar, constituem uma plêiade de especialistas com larga experiência clínica e didática, indispensável para adequar o conteúdo desta obra aos objetivos propostos. Para uniformidade, sugerimos que os assuntos contivessem: conceito, etiologia, fisiopatogenia, diagnóstico, diagnóstico diferencial, exames complementares e tratamento. Sugerimos também que contivessem gráficos, tabelas e ilustrações para tornar o texto didático e “amigável”, e, além disso, procuramos adequar o conteúdo à realidade brasileira, porém dentro do contexto globalizado que envolve a especialidade. Finalmente, é necessário registrar que, dentro da proposta elaborada, não temos a pretensão de que esta obra esteja completa e acabada. Esperamos que com o curso de sua utilização sejam detectadas imperfeições estruturais, de responsabilidade dos editores, e possam ser ajustadas e corrigidas em novas apresentações. Celso Ferreira Rui Póvoa XXI Ferreira - Atheneu Fer-00 - 3ª Prova 13/09/99 E-mail: abreussystem@uol.com.br ABREU’S SYSTEM daniel © Direitos reservados à EDITORA ATHENEU LTDA. XXII Sumário 1 A Cardiopatia, o Paciente e o Médico, 1 Marco Aurélio Dias da Silva 2 O Coração Normal, 7 Nader Wafae 3 Coração como Bomba. Fisiologia do Coração Normal, 23 Neif Murad 4 Exame do Paciente, 29 4.1 Anamnese e Exame Físico, 31 Celso Ferreira Filho Emídio Branco de Araújo Jr. 4.2 Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA), 41 Celso Ferreira Filho 4.3 Radiologia do Coração, 45 Antonio M. Kambara 4.4 Ecodopplercardiografia, 69 Orlando Campos Filho 4.5 Eletrocardiografia, 97 Japy Angelini Oliveira Filho Bráulio Luna Filho 4.6 Teste Ergométrico, 113 Japy Angelini Oliveira Filho Bráulio Luna Filho 4.7 Cateterismo Cardíaco, 125 Valter Correia de Lima 5 As Cardiopatias no Brasil — Epidemiologia, 131 Iseu Gus Paulo Zielinsky XXIII daniel © Direitos reservados à EDITORA ATHENEU LTDA. 6 Fatores de Risco Coronário, 145 6.1 Hipertensão Arterial, 147 Celso Ferreira 6.2 Hipertensão Arterial Secundária, 157 José Luiz Santello José Nery Praxedes 6.3 Dislipidemias, 165 Francisco Antonio Helfenstein Fonseca Maria Cristina de Oliveira Izar 6.4 Sedentarismo, 177 Nabil Ghorayeb Cláudio Baptista Giuseppe S. Diuguardi 6.5 Sobrepeso e Obesidade, 185 Fadlo Fraige Filho 6.6 Estresse, 191 Agnaldo David de Souza 6.7 Diabete Melito, 195 Sergio Atalah Dib 6.8 Hereditariedade, 201 Alexandre C. Pereira José Eduardo Krieger 6.9 Tabagismo, 209 Aristóteles Comte de Alencar Filho 7 Insuficiência Cardíaca, 215 Iran Castro Michel Batlouni Rubem Rodrigues Márcio Lerch Sturmer Valquiria de Gallio 8 Reconhecimento e Conduta Frente às Arritmias Cardíacas, 229 Angelo Amato V. de Paola Sílvio Roberto B. Alessi Henrique Horta Veloso André Gustavo da Silva Resende Luiz Roberto Leite da Silva 9 Marcapassos Cardíacos, 261 João Pimenta 10 Cor Pulmonale, 275 Mário Terra Filho 11 O Coração e as Colagenoses, 281 Rui Póvoa Eliane Focáccia Póvoa 12 Doença Reumática, 287 Luiz César Nazário Scala XXIV daniel © Direitos reservados à EDITORA ATHENEU LTDA. 13 Hipertensão Arterial Pulmonar, 301 Wilson de Oliveira Jr 14 Cardiopatia e Gravidez, 315 Renato Sologuren Achá 15 Miocardites e Miocardiopatias, 329 Abílio Augusto Fragata Filho 16 Valvopatias, 345 16.1 Valvopatias Mitral e Aórtica, 347 Eduardo Augusto da Silva Costa Dirceu Vieira dos Santos Filho 16.2 Valvopatia Pulmonar, 365 José Domigos de Almeida Roberto A. Franken 16.3 Valvopatia Tricúspide, 367 Talel Kadri Roberto A. Franken 16.4 Prolapso da Válvula Mitral, 371 Roberto A. Franken Marcelo Franken 17 Endocardite Infecciosa, 377 Roney Orismar Sampaio Max Grinberg 18 Pericardites, 385 Bráulio Luna Filho Japy Angelini Oliveira Filho 19 Coronariopatias, 395 Edson Stefanini 20 O Coração do Idoso, 409 Lígia B. Pinto Humberto Pierri Maurício Wajngarten 21 Emergências, 417 21.1 Crises Hipertensivas, 419 Celso Ferreira 21.2 Síndromes Coronárias Agudas, 425 Leopoldo Soares Piegas João Manoel Rossi Neto 21.3 Edema Agudo de Pulmão, 445 Antonio Claudio do Amaral Baruzzi Marcos Knobel 21.4 Embolia Pulmonar, 451 Nelson Kasinski XXV Ferreira - Atheneu Fer-00 - 2ª Prova 09/09/99 E-mail: abreussystem@uol.com.br ABREU’S SYSTEM daniel © Direitos reservados à EDITORA ATHENEU LTDA. daniel Ferreira - Atheneu Fer-00 - 2ª Prova 09/09/99 E-mail: abreussystem@uol.com.br ABREUS SYSTEM daniel 21.5 Choque Cardiogênico, 461 Maria Cecília de T. Damasceno Augusto Scalabrini Irineu Tadeu Velasco 21.6 Tamponamento Cardíaco, 469 Adilson Casemiro Pires Marcelo Grandini Silas Wladmir Faustino Saporito 21.7 Dissecções da Aorta, 473 José Honório de Almeida Palma da Fonseca Enio Buffolo Antonio Carlos Camargo Carvalho 21.8 Síncope e Hipotensão Postural, 483 Ney Valente 21.9 Parada Cardiorrespiratória, 497 Sergio Timerman Ari Timerman Elizabete Silva dos Santos 21.10 Cardiologia Intervencionista, 509 Valter Correia de Lima 22 Cardiopatias Congênitas, 517 Célia Maria Camelo Silva Victor Manuel Oporto Lopez Lourdes de Fátima G. Gomes 23 Tumores do Coração, 531 Jorge Michalany 24 Transplante Cardíaco, 543 Dirceu Rodrigues de Almeida Rosiane Viana Zuza Diniz Adauto Carvalho Silva 25 Risco Operatório Cardíaco, 561 Rui Póvoa 26 Reabilitação Cardíaca, 569 Eliudem Galvão Lima Ambrosina Maria Lignanide Miranda Bermudes 27 Fármacos em Cardiologia, 575 Dalton Valentim Vassallo Valdeci da Cunha Luciana Venturini Rossoni 28 Laboratório Clínico em Cardiologia. Infarto do Miocárdio, Trombose, Anticoagulação, Monitoração de Drogas, 595 Eurípides Ferreira Bento C. Santos Luis Gastão M. Rosenfe Índice Remissivo, 599 XXVI Ferreira - Atheneu Fer-00 - 2ª Prova 09/09/99 E-mail: abreussystem@uol.com.br ABREU’S SYSTEM daniel © Direitos reservados à EDITORA ATHENEU LTDA. daniel Ferreira - Atheneu Fer-00 - 2ª Prova 09/09/99 E-mail: abreussystem@uol.com.br ABREUS SYSTEM FERREIRA - ATHENEU FER-01 - 3ª Prova 27/08/99 ABREU’S SYSTEM e-mail: abreussystem@uol.com.br A abordagem do tema proposto no presente capítu- lo nos remete a aspectos que, embora importantes, têm sido freqüentemente negligenciados na prática médica atual: uma visão global do paciente e da sua doença, o significado e a relevância da relação médico/paciente e as interações e repercussões que o paciente e sua doen- ça têm com e sobre o contexto social no qual está inse- rido. Por visão global da cardiopatia e do cardiopata o que se pretende, fundamentalmente, é chamar a aten- ção para o fato de que um coração não adoece sozinho, dada a óbvia constatação de que se acha integrado em um todo e que este todo, por sua vez, não é formado apenas pelo conjunto de órgãos e sistemas que o com- põem. Ao contrário do que provavelmente ocorre com os animais, o adoecer do ser humano é um processo bem mais complexo, no qual as causas externas e iden- tificáveis sobrepõem-se e interagem com um compo- nente subjetivo e interior que é próprio de cada indiví- duo e que não comporta generalizações. Sendo assim, se cada tipo de doença pode, aos olhos do médico, com- portar-se de forma semelhante e são as doenças passí- veis, portanto, de ser tratadas de forma estereotipada e “em série”, o doente a vê e a sente de forma peculiar e muito sua. Cada paciente, portanto, é único. O respeito e a atenção para com esta singularidade deverão forço- samente ser levados em conta pelo médico e é isso o que o deferirá, fundamentalmente, “de um mero mecâ- nico de manutenção”, no qual a visão concentra-se no defeito e não no conjunto. Ao contrário, justamente, do que há muito já nos ensinara Esculápio1,2. No caso mais específico das doenças do coração, a visão que o doente tem da sua doença reveste-se de ain- da maior relevância. Assim é pela tremenda importân- cia que cabe ao coração no imaginário das pessoas. Desde há milênios, possivelmente desde que o desejo de conhecer a si próprio e ao seu corpo transitou pela mente humana, o coração é considerado um órgão es- pecial3. Mesmo não sendo o único órgão vital do corpo, há profunda vinculação, simbólica e real, entre ele e a vida. Além desta concepção de órgão — sede da vida, de há muito associa-se também o coração à idéia de sede das emoções. Ora, tudo isto em conjunto explica o impacto psicológico que significa, para o doente, sa- ber-se portador, ou suspeito de sê-lo, de uma cardiopa- tia. A forma como ele se sente em face desta situação conferirá, sem dúvida, características ímpares à exterio- rização e mesmo ao curso da doença, para as quais deve o médico estar atento e sensível. Como bem salientou Porto, sentir-se doente é algo diferente de estar doen- te4: muito embora as duas situações na maioria das ve- zes coexistam, constituem, sem dúvida, fenômenos distintos. O PAPEL DO ESPECIALISTA A ênfase dada aqui à importância de se ter uma vi- são global (holística) do paciente e do seu adoecer não elide, obviamente, a figura e a importância do especia- lista, no nosso caso, do cardiologista. É necessário, no entanto, ter bem claro o papel que lhe cabe e o que dele deve esperar o clínico que o solicita e o paciente que o procura. A tendência à excessiva especialização consti- tui, sem dúvida, uma das graves distorções da prática médica observada em nossos dias e em nosso meio. Por conta dela, embora não somente por causa dela, nós, os médicos, passamos a entender, às vezes até muito bem, o funcionamento de determinado órgão e das suas do- 1 1 A Cardiopatia, o Paciente e o Médico Marco Aurélio Dias da Silva daniel © Direitos reservados à EDITORA ATHENEU LTDA. enças, mas perdemos a capacidade de ver o doente como um todo. Além desta visão fragmentada e impró- pria da doença e do adoecer, o conceito equivocado de especialização ora vigente encerra duas outras não me- nos importantes distorções: o envio freqüente do paci- ente a outro profissional e a excessiva valorização e emprego de métodos e técnicas sofisticados e caros de diagnóstico e terapêutica. Neste contexto, quanto mais caro, sofisticado e de ponta for um método diagnóstico, mais é solicitado, encarecendo enormemente os custos da assistência médica e relegando a plano secundário o raciocínio clínico e o exercício da semiologia. Por outro lado, a prática, cada vez mais usual, de remeter-se o paciente a colega de outra especialidade, à menor queixa que não seja estritamente relacionada com a área de atuação do médico que o atende, precisa ser revista. Além da rejeição que, muitas vezes, signifi- ca para o paciente, este tipo de atitude, se usada abusi- vamente, é uma forma, consciente ou não, de diluir a responsabilidade e, em muitos casos, diminuir e até romper o vínculo com o paciente, fragilizando a rela- ção. O aparecimento da figura do especialista, inexis- tente até os primórdios deste século, foi uma decorrên- cia inevitável da era da tecnologia na qual estamos vi- vendo. O extraordinário impulso da ciência, com a aquisição vertiginosa e crescente de novos e profundos conhecimentos, não mais permite reunir em um único profissional, saber e habilidade suficientes para condu- zir, sozinho e com competência, o combate a todos os agravos à saúde que possam ocorrer ao longo da vida de uma pessoa. O especialista veio, pois, para ficar. O que não se pode permitir é que o clínico do paciente dei- xe de ser o responsável principal, o “conselheiro” do paciente para assuntos relativos à sua saúde e depositá- rio maior da sua confiança. Como diz Porto4: “Não é difícil resolver este problema. Basta que o clínico que cuida do paciente seja, de fato, o seu médico. Os demais devem exercer o papel de co-participantes, realizando os exames e os procedimentos que se tornarem neces- sários.” A RELAÇÃO MÉDICO — PACIENTE Uma das mais inquietantes preocupações que afli- gem aos que, médicos ou não, militam na área da saúde, é a constatação da cada vez maior pobreza humana da assistência médica que vem sendo prestada, e a contí- nua e crescente deteriorização na qualidade das rela- ções do médico com o seu paciente. Múltiplas são as causas, alheias ao desejo do médico, que podem ser elencadas para explicar o fenômeno. Mas o médico pode e deve ter importante papel no resgate desta rela- ção, a despeito dos fatores externos que contra ela conspiram. Há, em primeiro lugar, a necessidade, vital, de que o paciente tenha o seu médico, que seja único e sempre o mesmo. No atual modelo de saúde praticado em nos- so país, o paciente, em grande parte das vezes, é cliente de uma equipe, de um hospital ou de uma empresa de convênio e, freqüentemente, nem sabe o nome do mé- dico que o atende. Este, por sua vez, com talvez ainda maior freqüência, também desconhece o nome da pes- soa a quem está atendendo. Cria-se, assim, uma situa- ção de dupla anomia, na qual ambas as partes envolvi- das na relação sequer sabem o nome uma da outra. Ora, como pode haver uma relação interpessoal plena entre pessoas que não conhecem os respectivos nomes e, por extensão, como pode estabelecer-se uma sólida e rica relação médico/paciente que não seja lastreada em uma sólida e rica relação interpessoal? É evidente não ser possível. O fato de o paciente ter o seu médico, que ele, o pa- ciente, osinta como seu, com afeto e confiança, é de enorme relevância clínica e prática. Estou hoje conven- cido, e seguro de não estar sozinho nesta convicção, de que as chances de êxito de uma dada terapêutica guar- dam estreita vinculação com a crença que nela deposi- tar a pessoa para quem foi prescrita. Sendo assim, o grau de aderência do paciente e as possibilidades de êxito de uma prescrição médica dependerão, em grande parte, dos vínculos de confiança e bem-querer existen- tes entre ambos. Atendida esta exigência básica — a do paciente ter o seu médico — o passo seguinte é aprendermos a ou- vi-lo. Deixar fluir livremente o discurso do paciente já é, em si, uma terapia, fazendo-lhe, portanto, um grande bem. Além disso, possibilita, ao médico, conhecer me- lhor a história da vida e do adoecer do seu paciente e as razões subjacentes à doença. Ou seja, ajuda a obter a vi- são global da pessoa que está doente e do processo que a levou a adoecer. Vou, entretanto, mais além. Não bas- ta, apenas, não cercear o discurso do paciente. Se, es- pontaneamente, não vierem à baila aspectos ligados à sua vida emocional e afetiva, deve o clínico buscá-los ativamente, sempre no afã de compreendê-lo e conhe- cê-lo. Outro aspecto importante diz respeito ao genuíno interesse pelo enfermo e pelo seu sofrer. Muito embora a ideologia que nos seja passada, formal ou informal- mente, seja a ideologia do não envolvimento5, não há dúvidas de que algum grau de envolvimento é necessá- 2 FERREIRA - ATHENEU FER-01 - 3ª Prova 27/08/99 ABREU’S SYSTEM e-mail: abreussystem@uol.com.br daniel © Direitos reservados à EDITORA ATHENEU LTDA. FERREIRA - ATHENEU FER-01 - 3ª Prova 27/08/99 ABREU’S SYSTEM e-mail: abreussystem@uol.com.br rio. Não parece ser possível ajudar de fato a alguém que sofre, se não se sentir também, por pouco que seja, o seu sofrer. Ou seja, o envolvimento querendo significa sentir também a dor do paciente é desejável e deve existir. O que não se pode permitir é que interfira no ra- ciocínio e na conduta. Ou, em outras palavras, o envol- vimento deve ser o necessário para revestir de afeto e solidariedade a relação do médico com o seu paciente, mas não pode ser tanto que comprometa a objetividade da ação do médico. A questão do afeto é, sem dúvida, de crucial impor- tância. Na medicina que hoje, em linhas gerais, vem sendo praticada, o paciente é visto com alguém a ser enfrentado, não como alguém a ser ajudado e de quem, portanto, se deve ser amigo. E, no entanto, conseguir estabelecer relações afetuosas e cordiais com o pacien- te é de suma importância, como já salientamos, para sua aderência à orientação recebida e sucesso terapêuti- co. IMPACTO MÉDICO-SOCIAL DA CARDIOPATIA A discussão do impacto médico-social de uma dada doença ou condição deve levar em conta dois as- pectos: o significado da doença do ponto de vista médi- co e de saúde pública, considerando sua relevância no quadro nosológico geral da população e na gravidade que representa individualmente para as pessoas e, in- terligadamente, as repercussões que traz do ponto de vista estritamente social e econômico. O primeiro des- tes aspectos inclui a incidência e a prevalência, e a gra- vidade, representada esta pela morbidade e mortalida- de. A observação da Fig. 1.1, que relaciona o coeficiente de mortalidade por doenças cardiovasculares dos países americanos, nos permite verificar: 1) o elevado impac- to deste grupo de doenças em todos os países; e 2) os ín- dices são maiores entre os países menos pobres ou, mesmo pobres, apresentam menos desigualdades sociais e melhor sistema de saúde (caso de Cuba). No Brasil, as DCV constituem a maior causa de morte, se considera- da a mortalidade por todas as causas e faixas etárias, responsável, em 1988, por 34% de todos os óbitos6. No que tange à morbidade, avaliada pelo número de inter- nações hospitalares, as doenças cardiovasculares figu- raram, em 1991, como a quarta causa de internações hospitalares no Brasil, com 1.496.087 casos7; abaixo, apenas, dos eventos e complicações obstétricas, doen- ças de aparelho respiratório e transtornos mentais. Da- dos mais recentes mostram que, em 1996, as doenças 3 Fig. 1.1 — Internações por doenças do coração no Brasil em 1996. Fonte: DATASUS/FNS/NS. daniel © Direitos reservados à EDITORA ATHENEU LTDA. do coração, excluídas outras afecções vasculares, res- ponderam por 792.884 internações havendo claro pre- domínio dos casos de insuficiência cardíaca (Fig. 1.2). Do ponto de vista econômico e social propriamente dito, os custos são elevados. Em 1991 foram gastos cer- ca de 458 milhões de dólares apenas com internações hospitalares resultantes de doenças cardiovasculares6. Em 1996, 79.344 brasileiros foram, por esta razão, jul- gados incapacitados e receberam auxílio-doença. No plano individual, as doenças cardiovasculares respon- dem por grande cota de sofrimento e agravos à felicida- de e Qualidade de Vida das pessoas. QUALIDADE DE VIDA E RELAÇÃO CUSTO/BENEFÍCIO As repercussões de uma doença e do seu tratamen- to sobre o indivíduo que dela padece e as repercussões sobre sua Qualidade de Vida têm merecido, nos últimos anos, grande atenção e se revestido de importância. Três são as razões a justificar a ênfase que, de há algum tempo para cá, vem sendo dada à Qualidade de Vida re- lacionada às doenças cardiovasculares e justificado a preocupação em aferi-la: primeiro, o dilema da valida- de de intervenções que, embora prolongando a vida, comprometem sua qualidade ou, ao contrário, melho- ram a qualidade à custa de maior mortalidade; segundo, a relação que há entre os efeitos de uma droga sobre a Qualidade de Vida e a adesão do paciente à prescrição e, por fim, a aferição da validade, do ponto de vista eco- nômico, de uma dada intervenção. No que tange ao primeiro aspecto, são muitas as si- tuações nas quais os efeitos colaterais, riscos e/ou in- convenientes de uma intervenção terapêutica são tão molestos e os ganhos em Qualidade de Vida tão modes- tos, que tais intervenções se afiguram, aos nosso olhos, não compensadoras. Deve-se ter em mente, no entanto, que o juiz desta decisão é o paciente: é dele o direito — inquestionável — de decidir a maneira de viver ou morrer, cabendo ao médico respeitar esta decisão. Além do respeito à decisão que venha o paciente tomar, cabe também ao médico municiá-lo das informações necessárias para tomá-la. Para tanto, deve o médico dispor de dados relacionados não somente à mortalida- de e prognóstico, mas também à Qualidade de Vida com e sem a intervenção terapêutica em tela. Às vezes, no entanto, ocorre o inverso: a intervenção alivia os sintomas mas abrevia a vida. No campo da cardiologia, foi o que ocorreu com vários dos chamados inodilata- dores, ou seja, drogas inotrópicas positivas e vasodila- tadores. Novamente aqui a aferição da Qualidade de Vida ajudará na decisão de manter, ou não, o uso de de- terminada droga e o que é mais relevante para o pacien- te. 4 FERREIRA - ATHENEU FER-01 - 3ª Prova 27/08/99 ABREU’S SYSTEM e-mail: abreussystem@uol.com.br Fig. 1.2 — Coeficiente de morte por doenças cardiovasculares nas Américas. daniel © Direitos reservados à EDITORA ATHENEU LTDA. FERREIRA - ATHENEU FER-01 - 3ª Prova 27/08/99 ABREU’S SYSTEM e-mail: abreussystem@uol.com.br A questão da relação entre a adesão do paciente a um dado tratamento e o seu impacto sobre a Qualidade de Vida é crucial na hipertensão arterial. Pesquisas in- dicam que quase 50% dos pacientes que iniciaram tra- tamento para a hipertensão arterial irão abandoná-lo dentro de um ano devido aos efeitos adversos8. As evi- dências colhidas nos grandes estudos sobre a hiperten- são arterial mostram que a exposição ao tratamento an- ti-hipertensivo implica significativo porcentual de des- continuação da terapêutica. O terceiro aspecto que confereimportância à medi- ção da Qualidade de Vida é o econômico. Em época de recursos escassos, há que avaliar a relação custo/bene- fício de todas as intervenções, diagnósticas e terapêuti- cas. A avaliação desta relação deve levar em conta tan- to a sobrevida e o prognóstico como a Qualidade de Vida. Criou-se então a necessidade de dispor de um único índice que englobasse os dois aspectos da ques- tão. O mais utilizado destes índices é o “Anos de Vida Ajustados à Qualidade” (QALY — Quality Adjusted Life Years). Embora este índice tenha sido criado para permitir comparações entre programas e orientar políti- cas e investimentos em saúde, representa a mais bem fundamentada tentativa, conceitual e metodológica, de combinar informação a respeito da quantidade e quali- dade de vida9. A ilação maior a ser obtida da valorização que se vem conferindo à Qualidade de Vida é a de que a ques- tão da sobrevida e da mortalidade, por mais importante que seja, não é o único fator que pesa, visto haver muito mais a considerar na vida do que o quanto ela dura. Não basta, apenas, lutarmos para aumentar os anos de vida dos nossos pacientes; necessário se faz, também, adici- onarmos mais vida aos anos que lhes restam viver. BIBLIOGRAFIA 1. Oliveira JW. A cardiopatia não pode perder o seu coração. RBMP 1(3):173-74, 1997. 2. Dias da Silva MA. Quem Ama não Adoece. Ed. Beste-Seller, 18ª Ed. São Paulo, 1998. 3. Dias da Silva MA. O coração e os distúrbios emocionais. In: Porto CC (Ed). Doenças do Coração. Prevenção e Tratamento. Ed. Guanabara — Koogan, Rio de Janeiro, 83-86, 1998. 4. Porto CC. In: Porto CC (ed). Doenças do Coração Prevenção e Trata- mento. Ed. Guanabara — Koogan — Rio de Janeiro, 12-19, 1998. 5. Zaidhaft S. Morte e Formação Médica. Ed. Francisco Alves, Rio de Janeiro, 1990. 6. Doenças Cardiovasculares no Brasil. Sistema Único de Saúde — Co- ordenação de Doenças Cardiovasculares. Ministério da Saúde, Brasí- lia, 1993. 7. Índice Epidemiológico do SUS. Cenepi. Fundação Nacional de Saúde. Ministério da Saúde, Brasília, julho de 1992. 8. Turner RR. Role of Quality of Life in Hipertension Therapy: implica- tion for patient compliance. Cardiology 80 (suppl I):11-22, 1992. 9. Hunt SM, Mackenna SP, McEwen J et al. A quantitative aproach to perceveid health status: a validation study. J Edidemiol Community Health 34:281-286, 1980. 5 daniel © Direitos reservados à EDITORA ATHENEU LTDA. FERREIRA - ATHENEU FER-02 - 3ª Prova 27/08/99 ABREU’S SYSTEM e-mail: abreussystem@uol.com.br CONCEITO O coração é um órgão predominantemente muscu- lar, com cavidades e válvulas em seu interior, cuja prin- cipal função é movimentar o sangue mediante mecanis- mos de aspiração e propulsão semelhantes a uma bom- ba hidráulica. A função endócrina12-32 do coração pela produção do hormônio atrial natriurético, particularmente por cé- lulas do átrio direito, é assunto de pesquisas recentes. SITUAÇÃO É órgão ímpar, situado na cavidade torácica por trás do esterno e das cartilagens costais, por diante da coluna vertebral (5ª à 8ª vértebras) e do esôfago, sobre o diafragma, e entre os dois conjuntos pleuropulmona- res, na região denominada mediastino médio. FORMA No vivo, sua forma é de um cone de base superior; após a morte e conseqüente fixação passa a se apresen- tar como uma pirâmide triangular com base, três faces e um ápice. DIMENSÕES Em média o peso do coração situa-se em torno de 5g por quilo de peso na pessoa adulta, a altura entre 13 e 15cm, a largura entre 9 e 10cm e a espessura em torno de 6cm. No entanto, essas medidas médias podem ser alteradas por influências de vários fatores como: idade, sexo, biotipo e desenvolvimento muscular, não consi- derando, é claro, os fatores patológicos. ORIENTAÇÃO O eixo cardíaco, que se estende do centro da base ao ápice, orienta-se de cima para baixo, da direita para a esquerda e de trás para diante. É o ápice que toca na parede torácica no nível do 4º ou 5º espaço intercostal esquerdo (“choque da ponta”) por estar em posição mais anterior. ESTÁTICA O coração é mantido em posição, apesar de seu di- namismo, pela continuidade com os grandes vasos da base. A cruz venosa, formada pelas veias cavas superior e inferior, que constituem o tirante vertical, e veias pul- monares, responsáveis pelo tirante horizontal, é o prin- cipal meio de fixação. Justifica-se, assim, o alonga- mento vertical do átrio direito e o alongamento hori- zontal do átrio esquerdo. Já a artéria aorta é importante meio de suspensão do coração. É a tendência de retifi- cação de seu arco que ocorre pela entrada do sangue durante a sístole que leva o coração, particularmente a ponta, contra a parede do tórax. DESCRIÇÃO EXTERNA Externamente o coração apresenta: três faces, um ápice, uma margem, uma base e quatro sulcos. As faces são três: esternocostal ou anterior, pulmo- nar ou esquerda e diafragmática ou inferior. 7 2 O Coração Normal Nader Wafae daniel © Direitos reservados à EDITORA ATHENEU LTDA. Face Esternocostal ou Anterior. Pouco abaula- da, é onde o tecido adiposo, em geral, se deposita em maior quantidade, apresenta um sulco oblíquo, o sulco interventricular anterior que separa as paredes dos ven- trículos direito e esquerdo que constituem esta face, sendo a parede do ventrículo direito, a predominante. A parte do ventrículo direito que antecede a artéria pul- monar chama-se cone arterioso. Face Esquerda ou Pulmonar. É a mais abaulada, pouco tecido adiposo e não apresenta sulcos é portanto constituída somente pela parede do ventrículo esquer- do, formou-se em função da maior espessura da parede do ventrículo esquerdo. Face Diafragmática. Ou inferior, é plana por co- locar-se sobre o centro tendíneo do músculo diafragma, o tecido adiposo está ausente ou em pequena quantida- de, as paredes dos dois ventrículos entram em sua for- mação sem predomínio evidente de uma delas e estão separadas pelo verticalizado sulco interventricular pos- terior. O Ápice ou Ponta do Coração. É predominante- mente constituído pela parede do ventrículo esquerdo separado da pequena porção do ventrículo direito por um sulco chamado incisura do ápice que representa a continuidade entre os sulcos interventriculares anterior e posterior. Margem Direita. Aguda, formada pelo encontro das faces esternocostal e diafragmática é constituída unicamente pela parede do ventrículo direito que, por ser pouco espessa, não chegou a formar uma face como aconteceu no lado esquerdo. Base. Embora não haja uniformidade na sua deli- mitação, consideramos como a parte do coração situa- da acima e atrás do sulco coronário que separa externa- mente as paredes dos átrios e ventrículos. Assim defini- da entram na constituição da base: os átrios direito e es- querdo, as aurículas direita e esquerda, o sulco intera- trial e os grandes vasos. Estes compreendendo, a parte inicial da aorta e do tronco pulmonar e as terminações das veias cava superior e cava inferior e das veias pulmonares direitas superior e inferior e esquerdas supe- rior e inferior. Os átrios são as câmaras receptoras do sangue pro- veniente das circulações, o átrio direito recebe o sangue das veias cavas superior e inferior e o átrio esquerdo, das quatro veias pulmonares (duas de cada pulmão). As aurículas são apenas apêndices que prolongam os átrios anteriormente envolvendo parcialmente as artérias aor- ta e pulmonar. O sulco interatrial, que indica o local da separação interna dos átrios, é pouco pronunciado e se situa ao lado das desembocaduras das veias pulmonares direi- tas. Na parede do átrio direito, entre os óstios das veias cavas, encontramos o sulco terminal representação ex- terna da crista terminal e que indica a separação entre as partes do átrio que derivam do seio venoso e do átrio primitivo. Sulcos. Representam externamente a separaçãointerna que existe entre as câmaras cardíacas ou através dos septos, como os existentes entre os átrios e entre os ventrículos, ou através dos óstios dotados de válvas como os que existem entre os átrios e os ventrículos do mesmo lado. O sulco interventricular anterior, situado na face esternocostal, separa as paredes dos ventrículos, é oblí- quo, vai do ápice às proximidades da origem da artéria pulmonar e aurícula esquerda, é ocupado por gordura, pela artéria interventricular anterior e pela veia cardía- ca magna ou interventricular anterior. O sulco interventricular posterior, situado na parte média da face diafragmática, é verticalizado e contém a artéria interventricular posterior e a veia cardíaca mé- dia ou interventricular posterior. O sulco coronário separa os átrios dos ventrículos, contorna o coração, sua parte anterior é ocupada à direita pela artéria coronária direita e à esquerda pela artéria circunflexa, a parte posterior direita, pela continuação da artéria coronária direita e a parte esquerda pelo seio coronário. O sulco interatrial, que indica a separação entre os átrios, encontra-se na base e já foi descrito. ARQUITETURA DO CORAÇÃO O coração é um vaso diferenciado, assim sendo apresenta em sua arquitetura três camadas, a mais inter- na é o endocárdio, a média e mais desenvolvida é o mio- cárdio e a externa é o epicárdio ou lâmina visceral do pericárdio seroso. O endocárdio que forra toda a parte interna das pa- redes atriais e ventriculares é formado por células en- doteliais e um extrato subendotelial de tecido frouxo com fibroblastos, fibras colágenas, elásticas e muscula- res lisas. Uma camada conjuntiva subendocárdica co- loca-se entre o endocárdio e o miocárdio contendo va- sos, filetes nervosos e tecido condutor. O miocárdio é a camada média muscular formada principalmente por fibras musculares cardíacas. Antes de analisá-lo temos que descrever o esqueleto fibroso do coração, no qual direta ou indiretamente as fibras cardíacas se inserem. 8 FERREIRA - ATHENEU FER-02 - 3ª Prova 27/08/99 ABREU’S SYSTEM e-mail: abreussystem@uol.com.br daniel © Direitos reservados à EDITORA ATHENEU LTDA. FERREIRA - ATHENEU FER-02 - 3ª Prova 27/08/99 ABREU’S SYSTEM e-mail: abreussystem@uol.com.br O esqueleto fibroso do coração é um conjunto de anéis e feixes de tecido conjuntivo fibroso e fibrocarti- lagíneo interligados que dão sustentação à musculatura cardíaca, às valvas atrioventriculares e contribuem para a preservação da forma do coração. É formado por componentes horizontais e verticais. Os componentes horizontais são: anel fibroso direito, que contorna o ós- tio atrioventricular direito entre o átrio e ventrículo di- reitos, anel fibroso esquerdo, que contorna o óstio atrio- ventricular esquerdo entre o átrio e ventrículo esquer- dos, anel fibroso pulmonar, que contorna o óstio do tronco pulmonar entre o ventrículo direito e tronco pul- monar, anel fibroso aórtico, que contorna o óstio da aorta entre o ventrículo esquerdo e a aorta, trígono fi- broso direito, feixe triangular, situado na confluência dos anéis fibrosos direito, esquerdo e aórtico, trígono fibroso esquerdo, feixe triangular, situado na confluên- cia esquerda dos anéis fibrosos esquerdo e aórtico, e o tendão do cone, feixe oblíquo que liga o anel fibroso aórtico ao anel fibroso pulmonar. O componente verti- cal é representado pela porção membranácea do septo interventricular. O esqueleto fibroso funciona como um centro tendí- neo, já que direta ou indiretamente toda a musculatura cardíaca se insere nele. A musculatura dos átrios se inse- re em sua parte superior e lateral, e a musculatura ventri- cular, na parte inferior e lateral; são, portanto, indepen- dentes, tendo no esqueleto fibroso o ponto comum de in- serção. O coração assemelha-se, assim, a um músculo digástrico, em que átrios e ventrículos são os feixes mus- culares e o esqueleto fibroso, o tendão intermediário. As cúspides das valvas atrioventriculares direita e esquerda se inserem na parte interna dos anéis fibrosos. As fibras musculares cardíacas se dispõem segundo um trajeto preferencial e fundamental, que é helicoidal tridimensional, predominantemente no sentido horário e de cima para baixo. Desta forma, uma mesma fibra pode em um ponto ocupar a superfície do órgão e em outro ponto estar no meio da musculatura ou até mesmo em sua parte interna. Por isso é difícil imaginarmos o mio- cárdio ser constituído por camadas independentes super- postas. O que existe são níveis preferenciais de trajeto das fibras que caminham juntas numa determinada ex- tensão, mas que se separam em momentos diferentes para seguir o seu trajeto de espiras tridimensionais. Miocárdio Atrial Sendo câmaras receptoras do sangue, a musculatu- ra atrial é bem menos desenvolvida do que a dos ventrí- culos. Por isso, suas paredes são finas, mesmo assim podemos distinguir feixes comuns a ambos os átrios e feixes especiais para cada átrio. Os feixes comuns são superficiais, como, por exemplo, o feixe interatrial ho- rizontal que se estende pelas faces anterior e superior de ambos os átrios e o feixe interatrial vertical que se aprofunda no nível do sulco interatrial para participar da constituição do septo interatrial. Os feixes especiais são mais comuns no átrio direito, como demonstra o re- levo de suas paredes internas contrastando com as pare- des lisas do átrio esquerdo. Alguns destes feixes do átrio direito marcam a transição que existia entre o seio venoso e o átrio primitivo, como a crista terminal e os feixes límbicos do septo e outros já pertenciam à pare- de rugosa do átrio como os músculos pectinados. Exis- tem ainda os feixes circulares, que contornam as desem- bocaduras das veias cavas no átrio direito e das veias pulmonares no átrio esquerdo. Miocárdio Ventricular Da mesma forma que os átrios, os ventrículos apre- sentam feixes comuns superficiais e feixes próprios de cada ventrículo. Musculatura Comum. As fibras originam-se no contorno anterior dos anéis fibrosos dirigem-se para baixo e no sentido horário, aquelas que não se aprofun- daram no trajeto chegam ao ápice, voltam-se sobre si mesmas formando no ápice as fibras vorticiais e se con- tinuam em níveis mais profundos da própria parede, ou entram no septo ou ainda nos músculos papilares, de al- guma forma, diretamente ou através das cordas tendí- neas ou das cúspides voltarão ao esqueleto fibroso de onde vieram. Musculatura Própria. São mais numerosas no ventrículo esquerdo e importante fator de sua força de propulsão, nascem no contorno anterior dos anéis fi- brosos e trígono esquerdo e descrevem diversos traje- tos que incluem o ápice, o septo muscular, os músculos papilares e a parede da face esquerda. A disposição em espiral das fibras, formada durante o desenvolvimento pela torção cardíaca, resulta que na sístole cardíaca, o coração roda sobre seu eixo fazendo com que a face esquerda se anteriorize. Feixes circulares próximos à emergência das artérias atuariam como es- fíncteres para impedir o refluxo ao final da sístole. Pericárdio É uma membrana fibroserosa em forma de bolsa que recobre o coração. É formado por duas partes dis- tintas, uma externa, fibrosa, e outra interna, serosa. O pericárdio fibroso de tecido conjuntivo denso fi- broelástico é externo, opaco, espesso, resistente e inex- 9 daniel © Direitos reservados à EDITORA ATHENEU LTDA. tensível quando solicitado subitamente. Pela face infe- rior está aderido ao centro tendíneo do diafragma pelos ligamentos frenopericardíacos, anteriormente liga-se ao esterno por formações de tecido conjuntivo pseudo- ligamentosos esternopericardíacas e posteriormente fi- xa-se aos órgãos do mediastino posterior por tecido conjuntivo frouxo. O pericárdio seroso de tecido conjuntivo frouxo e mesotélio é fino, brilhante e frágil e costuma-se divi-di-lo em duas lâminas, embora sejam contínuas, a lâmi- na visceral, também denominada epicárdio, reveste e adere ao miocárdio, portanto, é a própria camada exter- na do coração; e a lâmina parietal, que reveste interna- mente o pericárdio fibroso. Entre essas lâminas for- ma-se um espaço chamado cavidade pericardíaca que contém pequena quantidade de líquido pericardíaco, protetor e lubrificante A reflexão que dá continuidade a essas lâminas ocorre no nível dos grandes vasos da base, e no adulto forma recessos chamados seios. O seio situado entre o tronco pulmonar e a aorta ascen- dente, pela frente, e pelas paredes dos átrios e aurículas, por trás, chama-se seio transverso. O recesso que se forma entre a face posterior do átrio esquerdo e as veias pulmonares é o seio oblíquo que por formar o nível de maior declive, estando o paciente em decúbito dorsal, é onde se acumulam as secreções. Funções do Pericárdio A ausência congênita da bolsa pericardíaca ou sua retirada cirúrgica ou experimental (Moore apud De- brünner)10 sem repercussão evidente sobre o funciona- mento cardíaco têm suscitado dúvidas sobre sua fun- ção. Mas ficou demonstrado (Debrünner)10 que adapta- ções que ocorrem no epicárdio, no tecido conjuntivo intersticial cardíaco e no próprio miocárdio compensa- riam a falta da bolsa pericardíaca. Sabe-se hoje que o pericárdio atua como superfície de deslizamento diminuindo a resistência provocada pelo atrito, dá ao coração a contenção fibro-elástica necessária para impedir a distensão excessiva da fibra miocárdica e conseqüente lesão, protege contra trau- mas em choques por súbita diminuição da velocidade (princípio da inércia) e impede a deformação do cora- ção que os movimentos do diafragma ou que a aspira- ção torácica pela pressão negativa poderiam provocar. DESCRIÇÃO INTERNA As câmaras cardíacas são separadas entre si ou por septos que no indivíduo normal impedem qualquer tipo de comunicação ou por óstios que providos de valvas permitem a comunicação ou não, de acordo com a fase do ciclo cardíaco. SEPTOS Septo Interatrial. É uma parede predominante- mente muscular (há locais apenas com tecido conjunti- vo) revestida de endocárdio que separa os átrios. Parti- cipam de sua formação duas expansões: o septum pri- mum e o septum secundum Em ambos os lados, apre- senta vestígios da primitiva comunicação que existia entre os átrios durante o período fetal intra-uterino. Septo Atrioventricular. É a porção do septo que separa o átrio direito do ventrículo esquerdo. O átrio di- reito mais longo em virtude da tração vertical exercida pelas veias cavas e a formação da valva atrioventricular esquerda em ponto mais superior devem interferir para esse desnível. Septo Interventricular. É a parede que separa os ventrículos, apresenta duas partes bem diferenciadas: uma inferior, larga e maior é a parte muscular e outra superior, pequena e estreita é a parte membranácea da formação da qual participam o próprio septo interven- tricular primitivo, os coxins atrioventriculares e a crista do tronco -cone. Óstios Óstios Atrioventriculares. São passagens arre- dondadas existentes entre átrios e ventrículos corres- pondentes, podendo estar fechados pelas valvas consti- tuídas por cúspides quando estas se fecham ou abertos quando as valvas se abrem, dependendo da fase do ci- clo cardíaco, sístole ou diástole. O óstio atrioventricu- lar direito é maior do que o esquerdo. ÁTRIO DIREITO A parede posterior do átrio direito é lisa, nela se en- contram os óstios das veias cavas e do seio coronário deriva, portanto, do seio venoso sendo chamada seio intervenoso ou entrecavas, onde pode-se observar uma saliência denominada tubérculo intervenoso (de Lo- wer), vestígio de um dos feixes musculares do primiti- vo seio venoso. Os óstios da veia cava inferior e do seio coronário são dotados de válvulas, vestígios da válvula direita de separação entre seio venoso e átrio primitivo, em geral insuficientes ou até mesmo ausentes. A parede lateral apresenta numerosos relevos mus- culares: crista terminal, e músculos pectinados. A crista terminal, também vestígio da válvula direita do seio ve- noso, constitui importante feixe muscular e marca a 10 FERREIRA - ATHENEU FER-02 - 3ª Prova 27/08/99 ABREU’S SYSTEM e-mail: abreussystem@uol.com.br daniel © Direitos reservados à EDITORA ATHENEU LTDA. FERREIRA - ATHENEU FER-02 - 3ª Prova 27/08/99 ABREU’S SYSTEM e-mail: abreussystem@uol.com.br transição entre o seio venoso e o átrio primitivo. Os músculos pectinados formam diversos feixes muscula- res que se destacam perpendicularmente da crista ter- minal semelhante a um pente e correspondem à parede rugosa da parte direita do átrio primitivo. A parede medial ou parte direita do septo interatrial deriva do septum secundum, e apresenta em sua parte central uma depressão oval de consistência fina chama- da fossa oval, vestígio do forame oval da circulação fe- tal através do qual o sangue proveniente da veia cava inferior passava para o átrio esquerdo. A fina membra- na que forra a fossa deriva do septum primum situado à esquerda. Contornando superiormente a fossa oval en- contra-se o saliente feixe límbico superior, formando o limbo da fossa oval que, pelo menos em parte, procede da válvula esquerda do seio venoso. Inferiormente, a fossa oval é delimitada por outro feixe muscular, me- nos saliente, o límbico inferior. Na parede inferior além do óstio atrioventricular convém mencionar a presença de um pequeno triângu- lo (de Koch) delimitado por: margem posterior do óstio atrioventricular direito, válvula do seio coronário e por uma prega que se estende da válvula da veia cava infe- rior à porção membranácea do septo interventricular (tendão de Todaro). ÁTRIO ESQUERDO A parede posterior do átrio esquerdo, como as de- mais, é lisa, apresenta os quatro óstios das veias pulmo- nares: dois das veias direitas e dois das veias esquerdas. A parede medial ou parte esquerda do septo intera- trial deriva do septum primum, mais fino do que o sep- tum secundum, também mostra vestígios da primitiva passagem que existia na circulação fetal, a válvula do forame oval, uma prega em meia-lua simples ou dupla (6,5%) situada no quadrante ântero-superior do septo (85%) por diante da fossa oval, que em nosso meio é permeável em cerca de 25% dos casos (Wafae F° e col.)36. ELEMENTOS COMUNS AOS VENTRÍCULOS DIREITO E ESQUERDO Os dois ventrículos possuem estruturas que são en- contradas tanto no lado direito como no lado esquerdo, embora com as especificidades próprias de cada lado, são as trabéculas cárneas e as estruturas que compõem o aparelho valvar (Fig. 2.1). As trabéculas cárneas são feixes musculares que se distribuem pelas paredes dos ventrículos, costuma-se classificá-las em três tipos: cristas, presas às paredes 11 Fig. 2.1—Coração aberto mediante corte frontal. Observam-se as quatro câmaras cardíacas e as separações pelos septos e pelos óstios atrio- ventriculares: a— átrio direito; b— ventrículo direito; c— átrio esquerdo; d— ventrículo esquerdo; e— septo interventricular (parte muscular); f — septo interventricular (parte membranácea; g— septo interatrial; h— anel fibroso esquerdo no nível do óstio atrioventricular esquerdo sec- cionado; i — anel fibroso direito no nível do óstio atrioventricular direito. daniel © Direitos reservados à EDITORA ATHENEU LTDA. dos ventrículos em toda extensão; pontes, presas às pa- redes dos ventrículos apenas pelas extremidades; e músculos papilares, presos às paredes dos ventrículos apenas por uma extremidade e ligados às cúspides pela outra extremidade. As trabéculas cárneas em conjunto orientam a cor- rente sangüínea para circular da via de entrada para a via de saída do ventrículo; aumentam a força de contra- ção do ventrículo sem a necessidade de hipertrofiar ain- da mais a parede ventricular
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