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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE - FURG ESCOLA DE QUÍMICA E ALIMENTOS - EQA BIOQUÍMICA EXPERIMENTAL Prática 1: DETERMINAÇÃO DE AÇÚCARES REDUTORES PELO MÉTODO ESPECTROFOTOMÉTRICO DO 3,5 DINITROSALICÍLICO (DNS) Júlia Gonzalez - 86756 Lisliane Kickofel - 71591 Simone Soares - 47475 Profª.: Márcia Luvielmo Rio Grande 2018 1. INTRODUÇÃO Os açúcares estão presentes em praticamente todos os alimentos, podendo ser encontrados na forma de monossacarídeos e polissacarídeos (DORNEMANN et al., 2016). Os açúcares redutores são carboidratos que possuem seu grupo carbonílico e cetônico livres, capazes de se oxidar na presença de agentes oxidantes em solução alcalina. Essa oxidação ocorre apenas com os monossacarídeos (glicose, frutose, etc) em sua forma lineares – que estão em equilíbrio com sua estrutura cíclica. Assim, o carbono carbonílico, denominado anomérico quando na estrutura cíclica, é oxidado a um grupo carboxílico. Por outro lado, os carboidratos cujos carbonos anoméricos estão envolvidos em ligações glicosídicas, sendo incapazes de assumirem a sua forma linear e, portanto, de se oxidarem em solução alcalina, são denominados açúcares não redutores, como exemplo, a sacarose (SILVA et al., 2003; NELSON, COX et al., 2014; DOS SANTOS et al., 2016). Na Figura 1 é possível observar as estruturas da glicose e sacarose. Figura 1. Estrutura da glicose e da sacarose Segundo Silva et al. (2003), existem vários métodos químicos não seletivos que fornecem resultados, com alto grau de confiabilidade, quando aplicados corretamente, também há outros métodos mais seletivos que vêm sendo utilizados e estudados como a cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE). Porém os métodos mais clássicos e conhecidos para a análise de açúcares redutores são na sua maioria pela redução de íons cobre em soluções alcalinas (solução de Fehling), assim como aqueles que utilizam a desidratação dos açúcares, pelo uso de ácidos concentrados, com uma posterior coloração com compostos orgânicos, além da simples redução de compostos orgânicos, formando outros compostos de coloração na região do visível. Sendo eles, a refratometria em escala Brix (método refratométrico), Somogyi-Nelson, fenol-sulfúrico (métodos espectrofotométricos) e Lane-Eynon (método titulométrico). O método de DNS foi inicialmente empregado em 1921 para medir açúcares no sangue e na urina, onde a amostra era misturado com DNS e NaOH, que é o redutor da ação da glicose sobre o ácido 3,5-dinitrosalicílico, mas Sumner em 1924 apresentou modificações ao método decorrente de um estudo de 3 anos, as quais ele introduziu tartarato de duplo de sódio e potássio (ou sal de Rochelle), o que possibilitou a prevenção da destruição de parte das moléculas de açúcar pelo oxigênio que é dissolvido durante o processo de aquecimento, assim como o aumento da quantidade de cor gerada, proporcionando melhor detecção de pequenas quantidades de glicose. Lopo após, Sumner propôs a adição do fenol e pequenas quantidades de bissulfito de sódio, visando aumentar a quantidade de cor gerada pela glicose (SUMNER, 1921; SUMNER; SISLER, 1944; GONÇALVES et al., 2010; TEIXEIRA et al., 2012; VASCONCELOS et al., 2013). Mais tarde, Miller (1959) aperfeiçoou o ensaio, de modo que seu protocolo foi o mais empregado por muitos anos, com diversos fins, e o mais citado na literatura. O ácido 3,5-dinitrosalicílico (agente oxidante presente no reativo DNS), sob condições alcalinas, reage com o carbono carbonílico de açúcares redutores e se reduz a ácido 3-amino-5-nitrosalicílico (Figura 2), um composto corado cuja absorção máxima de luz se dá a 540 nm (GONÇALVES et al., 2010; NEGRULESCU et al., 2012). Figura 2. Reação de redução do ácido DNS (DORNEMANN et al., 2016) Uma desvantagem desse método é que a equivalência entre o ácido 3-amino-5-nitrosalicílico produzido e a quantidade de açúcares redutores não é exata (DORNEMANN et al., 2016). 2. OBJETIVO Empregar a técnica de quantificação através da curva padrão e determinar os açúcares redutores totais na amostra. 3. MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 Materiais ● HCl 2 M; ● NaOH 2 M; ● Solução padrão de glicose 1 mg/mL; ● Solução de sacarose 1 mg/mL; ● Solução de amido 5 mg/mL. ● Pêra de sucção; ● Pipeta de 10 mL; ● Pipeta de 5 mL; ● Pipeta de 1 mL; ● Tubos de ensaio; ● Béqueres de 50 mL; ● Espectrofotômetro; ● 3,5-dinitrosalicílico preparado conforme o procedimento abaixo: ➔ solução A: 13,5 g de NaOH em 300 mL de água destilada; ➔ solução B: 8,8 g de 3,5 DNS; 255 g de tartarato de sódio e potássio em 800 mL de água destilada (o reagente DNS foi dissolvido em 400 mL de água, depois adicionou-se o tartarato); ➔ solução C: misturou-se A e B; ➔ solução D: 2,2 g de NaOH; 10 g de fenol em 100 mL de água destilada. 3.2 Métodos 3.2.1 Curva padrão da glicose Enumerou-se 7 tubos de ensaio em duplicatas e procedeu-se conforme com a Tabela 1. Tubo Glicose (mL) Água (mL) DNS (mL) Banho maria 100º C (min) Banho de Gelo (min) Água (mL) Branco 0,0 3,0 1 5 1 6,0 1 0,2 2,8 1 5 1 6,0 2 0,4 2,6 1 5 1 6,0 3 0,6 2,4 1 5 1 6,0 4 0,8 2,2 1 5 1 6,0 5 1,0 2,0 1 5 1 6,0 6 1,8 1,5 1 5 1 6,0 Tabela 1. Procedimento para a execução da curva padrão da glicose. Adicionou-se a glicose, exceto no tudo do branco, com variadas mL de solução, adicionou-se 1 mL do reagente 3,5 DNS e deixou-se durante 5 minutos em banho maria a 100ºC e esfriou-se a solução em banho de gelo, logo após adicionou-se 6 mL de água destilada e realizou-se a leitura a 546nm. 3.2.2 Determinação de açúcares redutores totais Enumerou-se 6 tubos de ensaio em duplicata (A, B, C, D, E e F). Tomou-se 1 mL de solução de sacarose 1 mg/mL ou 1 mL de solução de amido 5 mg/mL e procedeu-se de acordo com a Tabela 2 apresentada. Tubo Amostra (mL) Água (mL) HCl (mL) Banho 100º C (min) NaOH (mL) DNS Banho 100º C (min) Banho de Gelo (min) Água (mL) A (branco) 0,0 1,0 1,0 0 1,0 1,0 5 1 6,0 B 1,0 0,0 1,0 0 1,0 1,0 5 1 6,0 C 1,0 0,0 1,0 2 1,0 1,0 5 1 6,0 D 1,0 0,0 1,0 5 1,0 1,0 5 1 6,0 E 1,0 0,0 1,0 10 1,0 1,0 5 1 6,0 F 1,0 0,0 1,0 15 1,0 1,0 5 1 6,0 Tabela 2. Procedimento para execução da determinação nas amostras. Adicionou-se a solução de sacarose ou amido, solução ácida e aqueceu-se, após a solução básica, 1 mL de reagente 3,5 DNS. Deixou-se por 5 minutos em banho maria 100º C, resfriou-se a solução banho de gelo em torno de 1 minuto. Adicionou-se 6 mL de água destilada e realizou-se a leitura a 546 nm. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Absorbâncias obtidas através da análise pelo método de espectrofotométrico utilizando 3,5 DNS na região de 546 nm, mostrados na Tabela 3. A amostra de calibração (branco) é utilizada para zerar a absorbância do equipamento. Tubo 1. Absorbância 2. Absorbância Média Absorbância (descontando o branco) Branco 0,091 0,090 0,0905 - 1 0,100 0,094 0,097 0,0065 2 0,216 0,199 0,2075 0,117 3 0,352 0,349 0,3505 0,26 4 0,485 0,474 0,4795 0,389 5 0,652 0,597 0,6245 0,534 6 1,765 1,573 1,669 1,5785 Tabela 3. Absorbâncias obtidas na curva padrão pelo espectrofotômetrona região de 546 nm. Com o coeficiente de determinação (R²) é possível ver a alta linearidade da curva padrão da glicose (Gráfico 1), que está acima de 0,99, de acordo com o guia de validação de métodos determinado pela ANVISA (2017) e acima de 0,90, de acordo com o INMETRO (2016). Lembrando que, para possuir essa linearidade, foi retirado o último ponto. Gráfico 1. Curva padrão da glicose Devido a sacarose não ser um açúcar redutor, ela foi hidrolisada pela presença do ácido e do calor (VASCONCELOS et al., 2016), para se tornar açúcar redutor, gerando glicose e frutose. A reação pode ser observada na Figura 3. Figura 3. Hidrólise da sacarose A maioria dos métodos conhecidos para a análise de açúcares redutores são baseados na redução de íons em solução alcalina, outros fundamentos na desidratação dos açúcares através de ácidos concentrados com posterior coloração com compostos orgânicos, além da redução de um composto orgânico formando compostos de coloração mensurável na região visível (SILVA et al, 2003). Conforme Imagem 1. Imagem 1. Foto retirada da prática experimental. Tubo Média das absorbâncias Absorbância (descontando o branco) a (branco) 0,076 - b 0,085 0,009 c 0,1725 0,0965 d 0,162 0,086 e 0,0845 0,0085 f 0,0845 0,0085 Tabela 4. Média das absorbâncias obtidas para as amostra O cálculo da concentração de glicose obtida a partir da hidrólise da sacarose foi realizado a partir da equação da curva padrão de glicose (Gráfico 1), sendo: y = 6,635x - 0,1368 Onde: y é a absorbância e x é a concentração da glicose. Tubo Concentração (mg/mL) b 0,0219 c 0,0351 d 0,0335 e 0,0218 f 0,0218 Tabela 5. Concentração obtida nas amostras Testou-se diferentes tempos de aquecimento, para a verificação de qual seria o melhor tempo para a total hidrólise da sacarose, que poderia ser visto com a absorbância que aumentaria de acordo com a maior concentração da glicose, porém devido a alguns erros, como erros do analista, a vidraria que não estava limpa o suficiente, ocorrendo assim a presença de precipitado e turbidez na solução causando grandes diferenças nas absorbâncias, como pode ser visto no Gráfico 2. Gráfico 2. Diferentes tempos de aquecimento para a reação de hidrólise da sacarose É possível verificar pela concentração que o tempo de 2 minutos é suficiente para a hidrólise total da sacarose. Em 5 minutos obteve-se uma concentração parecida, porém um pouco menor e as últimas concentrações diminuíram. Um dos possíveis erros para explicar esse comportamento do Gráfico 2, pode-se ser devido a má homogeneização da amostra, após o preparo; problemas com os reagentes ou até mesmo, a temperatura de aquecimento, onde pode ter ocorrido perda de calor. 5. CONCLUSÃO Com a realização da prática foi possível observar que a determinação de açúcares redutores pelo método espectrofotométrico do 3,5 DNS se mostrou rápido e eficaz, mesmo com possíveis erros, possuindo o melhor tempo de hidrólise da sacarose de 2 minutos. 6. REFERÊNCIAS 1. DORNEMANN, Guilherme Moraes. Comparação de métodos para determinação de açúcares redutores e não-redutores. 2016. 2. GONÇALVES, C.; RODRIGUEZ-JASSO, R. M.; GOMES, N.; TEIXEIRA, J. A.; BELO, I. Adaptation of dinitrosalicylic acid method to microtiter plates. Analytical Methods, London, v. 2, p. 2046-2048, 2010. 3. DOS SANTOS, Gabriela Lima; GEMMER, Ruan Ezequiel; OLIVEIRA, Eniz Conceição. Análise de açúcares totais, redutores e não-redutores em refrigerantes pelo método titulométrico de Eynon-Lane. Revista Destaques Acadêmicos, v. 8, n. 4, 2016. 4. VASCONCELOS, N. M.; PINTO, G. A. S.; DE ARAGAO, F. A. S. Determinação de açúçares redutores pelo ácido 3, 5-dinitrosalicílico: histórico do desenvolvimento do método e estabelecimento de um protocolo para o laboratório de bioprocessos. Embrapa Agroindústria Tropical-Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento (INFOTECA-E), 2013. 5. SILVA, R. N.; MONTEIRO, V. N.; ALCANFOR, J. A. X.; ASSIS, E. M.; ASQUIERI, E. R. Comparação de métodos para a determinação de açúcares redutores e totais em mel. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 23, n. 3, p. 337-341, 2003. 6. NELSON, D. L.; COX, M. M. Princípios de bioquímica de Lehninger. Porto Alegre: Artmed, 2014. 7. NEGRULESCU, A.; PATRULEA, V.; MINCEA, M. M.; IONASCU, C.; VLAD-OROS, B. A.; OSTAFE, V. Adapting the reducing sugars method with dinitrosalicylic acid to microtiter plates and microwave heating. Journal of the Brazilian Chemical Society, São Paulo, v. 23, n. 12, p. 2176-2182, 2012. 8. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA – ANVISA. Resolução – RDC Nº 166, de 24 de julho de 2017. 9. INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA, NORMALIZAÇÃO E QUALIDADE INDUSTRIAL (INMETRO). Orientação sobre validação de métodos analíticos. DOQ-CGCRE-008 – Revisão 05 – Ago/2016
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