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Trabalho Direito Civil - Responsabilidade

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FACULDADE POLITÉCNICA DE CAMPINAS 
 
 
Bianca Aparecida Dias 
6º semestre Noturno 
202016135 
 
 
 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL 
 
Professor Mestre Tannus 
 
 
CAMPINAS 
2020 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Neste presente trabalho tenho como objetivo trazer o conceito de 
Responsabilidade Civil objetiva e sua principal teoria denominada teoria do 
risco, e a responsabilidade civil subjetiva e sua teoria denominada teoria da 
culpa com seu amplo conceito desde o código civil de 1916 até nosso atual 
código de 2002. 
Antes do aprofundamento em cada um dos temas que será tratado neste 
trabalho, devemos primeiramente saber e fato o que significa 
responsabilidade civil, qual seu fundamento e como vem sendo tratada ao 
longo da história. 
 
De imediato já podemos afirmar que a responsabilidade civil, em definição 
legal, trata-se de reparação de danos, ou seja aquele ato causador do dano 
deve ser reparado, uma noção de não prejudicar. Uma melhor definição para 
que seja perfeito seu entendimento, trago nas palavras de Rui Stoco: 
“A noção da responsabilidade pode ser haurida da própria origem da 
palavra, que vem do latim respondere, responder a alguma coisa, ou seja, a 
necessidade que existe de responsabilizar alguém pelos seus atos danosos. 
Essa imposição estabelecida pelo meio social regrado, através dos 
integrantes da sociedade humana, de impor a todos o dever de responder 
por seus atos, traduz a própria noção de justiça existente no grupo social 
estratificado. Revela-se, pois, como algo inarredável da natureza humana” 
(STOCO, 2007, p.114). 
 
Já com a definição do que vem a ser a responsabilidade civil, podemos 
prosseguir com os temas a serem tratados neste presente trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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SUMÁRIO 
1. Discorra Sobre os Conceitos Inerentes ..................................................02 
2. A Teoria da Responsabilidade Civil pela Perda de uma Chance.............04 
3. Responsabilidade Objetiva.....................................................................05 
3.1 Teorias da Responsabilidade Civil Objetiva ........................................ 05 
3.2 Teoria do Risco ................................................................................... 06 
3.3 Aplicabilidade ..................................................................................... 07 
4. Responsabilidade Subjetiva ...................................................................08 
4.1 Teorias da Responsabilidade Civil Subjetiva ........................................09 
4.3 Aplicabilidade ..................................................................................... 11 
5. Responsabilidade Aquiliana ..................................................................12 
6. Conclusão ..............................................................................................13 
7. Referências ............................................................................................14 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1- DISCORRA SOBRE OS CONCEITOS INERENTES AO 
ARTIGO ABAIXO: 
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a 
outrem, fica obrigado a repará-lo. 
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, 
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a 
atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua 
natureza, risco para os direitos de outrem. 
 
No tocante a que se refere o artigo 927 do código Civil, é possível 
afirmar que, no convívio a sociedade, todas as atividades exercidas que 
prejudique a outrem, carreta uma determinada desarmonia. 
No código civil de 1916 já se falava em reparação de dano. Esse dever 
sempre esteve entrelaçado a existência de culpa do agente causador do dano. 
O código civil de 2002 consagrou a responsabilidade civil sem culpa 
fundada no risco especial que atividades lícitas podem causar aos direitos 
alheios, conforme descrito no parágrafo único do artigo em questão, 
referindo-se então a Responsabilidade Civil. 
 
Para a caracterização do dever de indenizar devem estar presentes os 
requisitos clássicos: ação ou omissão voluntária, relação de causalidade ou 
nexo causal, dano e, finalmente, culpa. No tocante especificamente à culpa, 
lembramos que a tendência jurisprudencial cada vez mais marcante é de 
alargar seu conceito. Surgiu, daí, a noção de culpa presumida, sob o prisma 
do dever genérico de não prejudicar. Esse fundamento fez também nascer a 
teoria da responsabilidade objetiva, presente na lei em várias oportunidades, 
que desconsidera a culpabilidade, ainda que não se confunda a culpa 
presumida com a responsabilidade objetiva. 
Diante disto, podemos definir a Responsabilidade Civil como uma 
obrigatoriedade de reparação de danos causados, tanto material quanto 
moral. 
Conforme os ensinamentos de Carlos Roberto Gonçalves: 
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“A responsabilidade civil tem, pois, como um de seus pressupostos, a 
violação do dever jurídico e o dano. Há um dever jurídico originário, cuja 
violação gera um dever jurídico sucessivo ou secundário, que é o de 
indenizar o prejuízo” 
A responsabilidade civil pode-se dar de duas formas: 
• Contratual e; 
• Extracontratual 
 
A Responsabilidade civil contratual é aquela em que vítima possui um 
contrato, um vínculo legal, disposta no artigo 389 do código civil. 
Com isso é necessário que haja o descumprimento desse contrato para 
que assim possa existir a responsabilidade civil., também é necessário estar 
presente alguns pressupostos, como: ação ou omissão do agente e sua 
culpabilidade o dano e o nexo causal. 
Já a responsabilidade civil extracontratual, diferente da contratual, 
assim como sua própria denominação já diz, é aquela em que não há um 
contrato, porém faz-se necessário um vínculo legal com a vítima. Havendo, 
uma vez, o descumprimento do dever legal, com os mesmos pressupostos: 
ação ou omissão, nexo de causalidade e culpa ou dolo, causar a vítima um 
dano, nasce a responsabilidade civil extracontratual, ou também denominada 
aquiliana. 
Vale lembrar que os danos morais foram acrescidos legalmente neste 
artigo após a lei civil de 2002 entrar em vigor, antes não se falava, 
expressamente e juridicamente em danos morais. 
A responsabilidade civil deriva da agressão de um interesse 
eminentemente particular, sujeitando, assim o infrator ao pagamento de uma 
compensação pecuniária a vítima, caso não possa repor in natura o estado 
anterior das coisas. 
Decompõe-se dos seguintes requisitos: 
• Conduta (positiva ou negativa); 
• Dano e; 
• Nexo de causalidade. 
 
Não basta que ele tenha praticado uma conduta ilícita, e nem mesma 
que a vítima tenha sofrido o dano. É imprescindível que o dano tenha sido 
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causado pela conduta ilícita do agente e que exista entre ambos uma 
necessária relação de causa e efeito. 
 
2- A Teoria da Responsabilidade Civil pela Perda de uma Chance 
A teoria da perda de uma chance, surgiu no ano de 1965, por uma 
decisão da corte francesa, em um caso em que um médico diagnosticou 
erroneamente em um paciente, retirando dele suas chances de cura da doença 
real que lhe acometia. 
Essa é uma nova forma de interpretação de responsabilidade civil, 
criando uma modalidade de dano, dando oportunidade à indenização 
decorrente da subtração da oportunidade futura de obtenção de um benefício 
ou de evitar um prejuízo. Através dessa teoria é permitido uma indenização 
por um dano causado independente da certeza, apesar de ser necessário uma 
chance real. 
O primeiro caso ocorrido no brasil (Recurso Especial nº 788.459/BA) 
no STJ, Em que, no programa Show do Milhão, que oferecia o premio 
máximo de R$1.000.000,00, neste caso ficou comprovado que a autora 
perdeu a oportunidade de vencer a competição, por culpa exclusiva da 
produção do programa, que elaborou uma pergunta sem uma resposta 
válida 
No julgado, o STJ reconheceu a perda deuma chance da autora e 
aplicou a condenação equivalente ¼ da resposta certa, pois a pergunta era 
composta por 4 respostas, tratando-se de simples probabilidade 
matemática. 
Precisa ser comprovado que haveria a chance: probabilidade de obter 
um lucro ou evitar uma perda. 
A probabilidade em que haveria um ganho e a certeza que resultou 
prejuízo. A reparação não irá corresponder a vantagem esperada. 
A inexistência de lei regulamentando a teoria da perda de uma chance 
não impede a sua 
aplicação, tendo em vista que o Código Civil brasileiro adotou o 
sistema de cláusula geral, sem classificar exaustivamente o que pode ser 
considerado dano. Com isso há maior maleabilidade e adaptações para as 
lesões e aos interesses sociais. 
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3- RESPONSABILIDADE OBJETIVA 
 
Tanto a responsabilidade civil subjetiva quanto a objetiva, são 
analisadas sobre o prisma da ação ou omissão. Responsabilidade civil é 
aquela que é apurada independentemente da culpa do agente causador do 
dano, bastando assim que haja relação 
 
de causalidade entre a ação e o dano. Para a responsabilidade objetiva 
só é necessário comprovar a ação ou omissão, o dano e o nexo de 
causalidade. 
Desse modo podemos compreender que o elemento culpa não é 
essencial, pois o elemento fundamental é a ideia de risco porque ele se 
fundamenta na teoria do risco, que será discutida em tópicos a frente. O 
sujeito deve ser responsável pelos riscos que cria, mesmo que adote todos os 
meios possíveis para evitar danos a outras pessoas. Podemos dar como 
exemplo que, quase sempre envolve algum tipo de risco são atividades 
empresariais. 
Em tese, a responsabilidade civil objetiva cria maiores benefícios para 
a sociedade como um todo. 
 
3.1 TEORIAS DA RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA 
Em 1888 começaram a ser traçadas as teorias da responsabilidade civil 
objetiva, por Mataja, na Alemanha, porém apenas a partir de 1897, com os 
estudos dos franceses Saleilles e Josserand, que a teoria ganha adaptações e 
dimensões. 
No ano de 1888, foi feita a primeira posição sistemática na Alemanha, 
no qual assegurava que os danos cometidos de acidentes inevitáveis de uma 
empresa deveriam ser incluídos nas despesas do negócio, ao interesse da paz 
mundial. Com isso já existia a ideia de risco como fundamento da obrigação 
de indenizar. 
Já na França, julgava-se o âmbito da culpa com o propósito de resolver 
todo o problema da responsabilidade, semeando a reparação do dano 
decorrente, do fato ou do risco criado. Garantindo assim a reparação do dano 
às vítimas, independentemente de culpa do responsável. 
Os defensores da teoria objetiva que mais se destacaram foram os 
franceses Saleilles e Josserand, por ter incluído a responsabilidade sem 
culpa. Saleilles chega à conclusão oposta à doutrina legal defendida pelos 
autores do Código Francês de 1804, argumentando com preceitos que 
originalmente teriam em vista a responsabilidade fundada na culpa, constrói 
uma teoria em face da qual o dever de ressarcimento independe de culpa. 
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Uma síntese do pensamento de Saleilles: SALEILLES, Raymond apud 
DIAS, José de Aguiar. Da Responsabilidade Civil. Rio de Janeiro: Forense, 
1973, p. 69: 
“A lei deixa a cada um a liberdade de seus atos; ela não proíbe senão 
aqueles que se conhecem como causa direta do dano. Não poderia proibir 
aqueles que apenas trazem em si a virtualidade de atos danosos, uma vez 
que se possa crer fundamentalmente em tais perigos possam ser evitados, à 
base de prudência e habilidade. Mas, se a lei os permite, impõe àqueles que 
tomam o risco a seu cargo a obrigação de pagar os gastos respectivos, sejam 
ou não resultados de culpa. Entre eles e as vítimas não há equiparação. 
Ocorrido o dano, é preciso que alguém o suporte. Não há culpa positiva de 
nenhum deles. Qual seria, então, o critério e imputação do risco? A prática 
exige que aquele que obtém proveito de iniciativa lhe suporte os encargos, 
pelo menos a título de sua causa material, uma vez que essa iniciativa 
constitui um fato que, em si e por si, encerra perigos potenciais contra os 
quais os terceiros não dispõem de defesa eficaz. É um balanceamento a 
fazer. A justiça quer que se faça inclinar o prato da responsabilidade para 
o lado do iniciador do risco.” 
 
Com o surgimento da responsabilidade civil objetiva, vários outros 
países foram influenciados, sendo a maior parte na Bélgica, no ano de 1927 
por Paul Leclercq, que para ele, tudo se resumida em Culpa ser equivalente 
a Dano. 
Leclercq confunde a culpa com a lesão ao direito alheio, seu raciocínio 
é de quando uma pessoa ou seu patrimônio são lesados, é necessário 
distinguir se esta lesão resulta do fato imediato de outra pessoa ou decorre 
do fato da coisa. O fato de lesar o direito de outrem constitui, por si só, uma 
culpa, resultando a responsabilidade. 
 
3.2 TEORIA DO RISCO 
Nesta teoria, também chamado de risco criado, leva-se em conta o perigo 
da atividade do dano causado por sua natureza e pela natureza dos meios 
adotados. É conveniente que qualquer acidente que venha a ocorrer em uma 
multidão, terá natureza grave, por mais que se adotem medidas de 
segurança. 
Os juristas, em busca da fundamentação para o estudo da 
responsabilidade objetiva, criaram a teoria do risco, que compreende que, se 
alguém exerce uma atividade criadora de perigos especiais, deve responder 
pelos danos que ocasionar a outrem. 
 
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Vejamos alguns riscos da teoria: 
 
• Risco proveito: responsabiliza aquele que busca tirar proveito da 
atividade danosa, baseando-se no preceito de quem aufere o bônus, 
deve suportar o ônus (Ubi emolumentum, ibi et onus esse debet). 
 
• Risco profissional: onde o dever de indenizar ocorre sempre que o 
fato prejudicial decorre da atividade ou profissão do lesado. Justifica a 
reparação dos acidentes de trabalho. 
 
• Risco excepcional: ocorre quando a reparação é devida sempre que 
o dano for consequência de um risco excepcional, que escapa à atividade 
comum da vítima, ainda que estranho ao trabalho que normalmente exerça. 
 
• Risco criado: ocorre quando aquele que, em razão de sua atividade 
ou profissão, cria um perigo, estando assim a reparar o dano que causar, salvo 
prova de haver obedecido a todas as medidas idôneas a evitá-lo. 
 
Além dos casos acima mencionados, encontramos a teoria do risco 
integral, considerada uma modalidade extremada da teoria do risco, onde o 
agente se obriga a reparar o dano causado até quando inexiste o nexo causal, 
ou seja, o dever de indenizar surge tão-somente em face do dano, ainda que 
oriundo de culpa exclusiva da vítima, fato de terceiro, caso fortuito ou força 
maior. 
 
3.3 APLICABILIDADE 
Neste tópico irei tratar a aplicabilidade da responsabilidade civil 
objetiva no campo jurídico do direito do consumidor. 
 
O Código de Defesa do Consumidor, em sua sistemática, divide a 
responsabilidade do fornecedor em: pelo fato do produto e do serviço (com 
previsão nos artigos 12 a 14), e pelo vício do produto e do serviço (previsto 
nos artigos 18 a 20). Com base nestas modalidades de responsabilização, e 
tendo em vista que em momento anterior já foram retratados os conceitos de 
defeito e vício, passo a discorrer acerca destas modalidades de 
responsabilidade. 
A responsabilidade pelo fato do produto e do serviço, assim como dito 
acima, encontra previsão no CDC, aduzindo acerca dos produtos defeituosos 
e sua consequente responsabilização pelos danos causados ao consumidor. 
Vale salientar que a responsabilidade incidente é objetiva, e que tal 
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modalidade de responsabilidade é fundada na teoria do risco (que já fora 
explanada em momento anterior). 
 
De acordo com Cavalieri Filho, a palavra chave para definir o fato do 
produto e do serviço é o defeito, e este é tão grave que provoca um acidente 
que vem a atingir o consumidor, causando assim um comprometimento na 
segurança do produto ou serviço,podendo vir decorrer em uma indenização 
por dano material ou moral para o consumidor. 
Diante de tais hipóteses podemos citar o dever do fornecedor na 
prestação da segurança pela qual se espera daquele produto. Tal dever é 
oriundo da teoria do risco e encontra previsão no artigo 12, § 1º do CDC. 
 
Tratando deste tema, Cavalieri Filho aduz que, observando-se que o 
produto é defeituoso, nos ditames legais, verifica-se que a noção de 
segurança depende da junção de dois elementos: a desconformidade com 
uma expectativa legítima do consumidor e a capacidade de causar acidente 
de consumo. 
 
 
4. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA 
Como se trata também de uma responsabilidade civil, ou seja, a 
responsabilidade de reparar o dano causado, a responsabilidade civil 
subjetiva está disposta no artigo 927 do Código Civil: 
“Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, 
fica obrigado a repará-lo”. 
Os artigos citados, 186 e 187, tratam daquele q causar ato ilícito 
voluntariamente ou por negligência ou imprudência. Isso nos traz a 
conclusão de que, aparecerá a figura do sujeito, ou seja, remete a culpa. A 
responsabilidade civil depende do dolo ou culpa do agente causador do dano, 
isto é, se ele age deliberadamente na intenção de causar um dano ou se ele 
age culposamente (negligentemente) ele deve se responsabilizar pela 
reparação do dano. A culpa neste caso refere-se a culpa em sentido amplo. 
 
São requisitos da responsabilidade Civil Subjetiva: 
• Conduta 
• Dano 
• Nexo causal 
• CULPA 
 
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A responsabilidade civil subjetiva é diferente da objetiva quanto à 
forma, sendo que não é correto afirmar que são de espécies diferentes, já que, 
em ambas, se enquadram os deveres de indenizar e reparar o dano causado, 
distinguindo-se no que diz respeito à existência ou não de culpa por parte do 
agente que causou o dano experimentado pela vítima. Em outros termos, é 
razoável que se discuta sobre as duas formas de responsabilidade, 
mencionando a subjetiva, como aquela pela qual o dano contra a vítima foi 
causado por culpa do agente, enquanto que a objetiva, por sua vez, configura-
se como sendo aquela que tem, por fundamento, a teoria do risco, onde não 
existe a obrigação de provar culpa para que prevaleça o dever de indenizar. 
Entretanto, é necessário um maior aprofundamento para distingui-las. 
Assim, como abrange o caput do art. 927, do Código Civil, aquele que, por 
ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, está obrigado a repará-lo; 
o que esclarece as características para existência da responsabilidade civil 
subjetiva como regra do Código atual. Desse modo, o ato ilícito, o dano a 
outrem e a culpa, caracterizam-se como a base da existência da 
responsabilidade civil subjetiva. 
Conforme Oliveira (2009), a culpa, para os defensores da teoria da 
responsabilidade civil subjetiva, é o elemento básico que gera o dever do 
ofensor de reparar o dano. Portanto, para que determinada pessoa seja 
obrigada a compensar o prejuízo ocasionado a outrem, por sua atitude, é 
necessário que está se apresente em estado de plena consciência, ou seja, que 
tenha sido intencional, caracterizando, com isso, o dolo; ou mesmo, que esta 
pessoa tenha descumprido seu dever de pater familiae, agindo, então, com 
negligência, imprudência e imperícia (culpa). 
Todavia, se o dano não tiver emanado de uma atitude dolosa (culpa lato 
senso) ou culposa (culpa em sentido estrito) do agente, compete à vítima 
suportar os prejuízos, como se tivessem sido causados em virtude de caso 
fortuito ou força maior. 
 
4.1 TEORIA DA CULPA 
Como já é de nosso conhecimento, a responsabilidade civil subjetiva é 
aquela que se materializa, quando o autor ou infrator, age com culpa lato 
sensu. 
• Conceito de culpa: A culpa é a inexecução de um dever que o agente 
podia conhecer e observar. Se efetivamente o conhecia e deliberadamente o 
violou, ocorre o delito civil, em matéria de contrato, o dolo contratual, o dolo 
contratual. 
 
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Se a violação do dever, podendo ser conhecida e evitada, é involuntária, 
constitui culpa simples, chamada fora da matéria contratual de quase-delito. 
A culpa implica um juízo de reprovabilidade sobre a conduta de uma 
pessoa, tendo-se em conta a prudência de diligência do atuas do sujeito. 
Assim, incorrer em culpa consistente em não se conduzir como se deveria. 
A ideia de culpa não guarda relação com a violação intencional de um 
dever capaz de causar um prejuízo a outrem. Importante analisar o escólio 
do professor Rui Estoco: 
“Quando existe uma intenção deliberada de ofender o direito, ou de 
ocasionar prejuízo a outrem, há o dolo, isto é, o pleno conhecimento do mal 
e o direito propósito de o praticar. Se não houvesse esse intento deliberado, 
proposital, mas o prejuízo veio a surgir, por imprudência ou negligência, 
existe a culpa (stricto sensu)” 
De acordo com a opinião de Maria Helena Diniz, não há 
responsabilidade sem culpa, exceto disposição legal expressa, caso em que 
se terá a responsabilidade objetiva. 
A teoria da culpa, também chamada de responsabilidade subjetiva, é a 
regra geral de nossa legislação pátria, onde se faz necessária a existência da 
culpa para gerar o dever de indenizar. 
Foi a Lei Aquília o divisor e transformador da responsabilidade civil, 
tendo, senão trazido diretamente o elemento culpa, introduzido o elemento 
subjetivo para permitir a reparação do dano. 
Com base no Direito Romano, precursor do nosso Direito, e através do 
Direito Francês, que recepcionou a responsabilidade civil fundada na culpa, 
o Brasil adotou a teoria geral da responsabilidade civil subjetiva – teoria da 
culpa. 
Como vimos, é a regra geral, enquanto a responsabilidade objetiva é a 
exceção, sendo esta possível se prevista em lei. Necessitamos, para que haja 
o dever de indenizar, de quatro pressupostos, a saber: conduta humana (ação 
ou omissão); nexo causal; dano; e a culpa. 
Cabe à vítima provar o dano experimentado, e que este dano partiu de 
uma ação ou omissão culposa do agente. Quanto ao agente, poderá se eximir 
do dever de indenizar, se provar a inexistência de um dos pressupostos, ou 
através das excludentes. Se provar que foi prudente, diligente e observou as 
leis vigentes, inexistirá o elemento culpa. Se o prejuízo suportado pela vítima 
não se relaciona com seu ato, inexistirá o elemento nexo causal. E se não 
ocorreu nenhum prejuízo para a vítima, quer patrimonial quer moral, 
inexistirá o elemento dano. 
 
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É preciso provar a conduta culposa (culpa) do agente para que haja o 
dever de indenizar, que se origina do ato ilícito. A culpa aqui referida é a 
voluntariedade de conduta do agente. 
Para se caracterizar o ato ilícito, necessitamos de dois pressupostos: a 
imputabilidade do agente, que é o elemento subjetivo, e a conduta culposa, 
que é o elemento objetivo. Sem estes elementos não existirá o ato ilícito. A 
imputabilidade do agente define-se como o conjunto de condições pessoais 
que concede ao agente a capacidade de responder pelas consequências de sua 
conduta contrária à norma jurídica. A imputabilidade está ligada à 
responsabilidade, a capacidade de entender que o fato é ilícito, e de agir em 
conformidade com esse entendimento. A nossa legislação não define o que 
imputabilidade, apenas enumera os casos que a excluem, os considerados 
inimputáveis. Desta forma, estes são considerados incapazes, não sendo 
responsáveis pelos atos cometidos. Porém, de conformidade com a lei, pelos 
atos dos incapazes, responde aquele que detém sua guarda, sendo exceção o 
contido no art. 928 e seu parágrafo único do Código Civil: 
O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele 
responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios 
suficientes. 
Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser 
equitativa, não terá lugar se privar do necessário oincapaz ou as pessoas que 
dele dependem. 
 
4.2 APLICABILIDADE 
Como exemplos da aplicação da teoria subjetiva, temos a 
responsabilidade por conduta omissa e a do agente público causador do dano 
em ação regressiva. Como regra temos que o Estado responde objetivamente 
pelos danos causados aos administrados, isto é, para a responsabilização da 
Administração Pública por danos gerados por seus agentes, basta ao 
lesionado comprovar o dano, a conduta estatal e o nexo causal entre um e 
outro. Desnecessário, pois, demonstrar a culpa ou o dolo na conduta estatal. 
Nas palavras de KIYOSHI HARADA: 
“A responsabilidade civil do Estado, por atos comissivos ou omissivos 
de seus agentes, é de natureza objetiva, isto é, prescinde da comprovação de 
culpa. Neste particular, houve uma evolução da responsabilidade civilística, 
que não prescinde da culpa subjetiva do agente, para a responsabilidade 
pública, isto é, responsabilidade objetiva. Esta teoria é a única compatível 
com a posição do Poder Público ante os seus súditos, pois, o Estado dispõe 
de uma força infinitamente maior que o particular. Aquele, além de 
privilégios e prerrogativas que o cidadão não possui, dispõe de toda uma 
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infra-estrutura material e pessoal para a movimentação da máquina 
judiciária e de órgãos que devam atuar na apuração da verdade processual. 
Se colocasse o cidadão em posição de igualdade com o Estado, em uma 
relação jurídica processual, evidentemente, haveria um desequilíbrio de tal 
ordem que comprometeria a correta distribuição da justiça.” 
 
Todavia, ressalte-se que, excepcionalmente, o Direito Administrativo 
consagra a aplicação da teoria subjetiva na apuração da responsabilidade 
estatal, notadamente nos casos de dano gerado por omissão do ente público 
e na responsabilidade do agente público apurado por ação regressiva. 
Em caso de omissão, o Estado só pode ser responsabilizado se 
comprovada sua culpa ou dolo, na medida em que a doutrina e jurisprudência 
têm aplicado, nessa hipótese, a teoria da responsabilidade subjetiva. Dessa 
maneira, a vítima, além de comprovar o dano, a conduta omissa e nexo causal 
entre eles, deverá demonstrar que a não prestação da atividade estatal 
tendente a evitar o dano suportado pelo particular resultou de culpa ou dolo 
da Administração. 
 
5. RESPONSABILIDADE AQUILIANA 
A Responsabilidade Civil Contratual, como o nome mesmo já sugere, 
ocorre pela presença de um contrato existente entre as partes envolvidas, 
agente e vítima. 
Na responsabilidade aquiliana, o agente não tem vínculo contratual com 
a vítima, mas, tem vínculo legal, uma vez que, por conta do descumprimento 
de um dever legal, o agente por ação ou omissão, com nexo de causalidade 
e culpa ou dolo, causará à vítima um dano. 
Desse modo, pode-se verificar que a única diferença entre as duas 
figuras de responsabilidade civil encontra-se no fato de a primeira existir em 
razão de um contrato que vincula as partes e, a segunda surge a partir do 
descumprimento de um dever legal. 
Uma pessoa pode causar prejuízo a outrem por descumprir uma 
obrigação contratual (dever contratual), (...). O inadimplemento contratual 
acarreta a responsabilidade de indenizar as perdas e danos nos termos do art. 
389 do Código Civil. Quando, porém, a responsabilidade não deriva de 
contrato, mas de infração ao dever de conduta (dever legal) imposto 
genericamente no art. 927 do mesmo diploma, diz-se que ela é 
extracontratual ou aquiliana. 
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6. CONCLUSÃO 
Conforme apresentando ao longo do trabalho, podemos afirmar que a 
responsabilidade civil é fundamental e está presente em todas as ações de 
reparação de danos e principalmente, atualmente, com a ação de dano moral. 
Conclui-se que A responsabilidade civil se constitui em uma obrigação 
de reparar o dano causado por quem o comete, em favor de quem o suporta, 
assim, trata-se de uma obrigação civil, a obrigação de reparar o dano. 
Desta forma, existe uma distinção entre a responsabilidade subjetiva e 
objetiva, ao qual, a subjetiva é constituída de 4 elementos, eles são conduta 
comissiva ou omissiva, em que esta conduta possua culpa "latu sensu"(culpa 
ou dolo), além de nexo de causalidade entre a conduta e o último elemento 
que é o resultado dano. 
Já a responsabilidade civil objetiva, assim é denominada pela ausência 
do elemento vontade, se afirmar na desconsideração do íntimo do sujeito. 
Essa forma de responsabilidade civil decorre de uma evolução doutrinária, 
em que adotou a teoria do risco, por motivo desta a obrigação de reparar o 
dano surge em virtude do risco da atividade do sujeito que origina o dano. 
Esse risco pode ser proveito, risco profissional, risco excepcional, risco 
criado e risco integral, ao quais são as modalidades abordadas na teoria do 
risco, desta forma a responsabilidade objetiva será formada por apenas 3 
elementos, que são conduta, com nexo de causalidade com resultado dano. 
Assim, observa-se que o elemento subjetivo é suprimido, de forma que 
não é necessário comprovar a culpa do agente para que este tenha a obrigação 
de reparar o dano, pois é uma forma objetiva da responsabilidade civil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
• Responsabilidade civil do Estado. Jus Navigandi, Teresina, ano 5, n. 41, 
[1] maio [2000]. Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/491>. 
Acesso em: 26 setembro. 2020). 
• Direito civil: responsabilidade civil / Sílvio de Salvo Venosa. - 13. ed. -São 
Paulo : Atlas, 2013. -(Coleção direito civil; v. 4). 
• https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/9348/Responsabilidade-
objetiva-do-Estado-teoria-do-risco-administrativo 
• https://www.compliancepme.com.br/artigos/o-que-e-responsabilidade-
objetiva-20180311 
• https://jus.com.br/artigos/64351/responsabilidade-civil-subjetiva-e-
responsabilidade-
civilobjetiva#:~:text=Enquanto%20que%20na%20teoria%20subjetiva,sem
%20culpa%20ou%20pela%20atividade 
• https://philipemcardoso.jusbrasil.com.br/artigos/474353684/voce-sabe-
o-que-e-responsabilidade-objetiva-e-subjetiva 
• https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-civil/teoria-da-perda-
de-uma-chance/ <Acesso em 26 de setembro de 2020> 
• https://www.direitonet.com.br/dicionario/exibir/985/Responsabilidade-
aquiliana#:~:text=Trata%2Dse%20de%20responsabilidade%20objetiva,out
rem%2C%20ainda%20que%20exclusivamente%20moral. <acesso em 26 
de setembro de 2020> 
https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/9348/Responsabilidade-objetiva-do-Estado-teoria-do-risco-administrativo
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https://www.compliancepme.com.br/artigos/o-que-e-responsabilidade-objetiva-20180311
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https://jus.com.br/artigos/64351/responsabilidade-civil-subjetiva-e-responsabilidade-civilobjetiva#:~:text=Enquanto%20que%20na%20teoria%20subjetiva,sem%20culpa%20ou%20pela%20atividade
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https://philipemcardoso.jusbrasil.com.br/artigos/474353684/voce-sabe-o-que-e-responsabilidade-objetiva-e-subjetiva
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https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-civil/teoria-da-perda-de-uma-chance/
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https://www.direitonet.com.br/dicionario/exibir/985/Responsabilidade-aquiliana#:~:text=Trata%2Dse%20de%20responsabilidade%20objetiva,outrem%2C%20ainda%20que%20exclusivamente%20moralhttps://www.direitonet.com.br/dicionario/exibir/985/Responsabilidade-aquiliana#:~:text=Trata%2Dse%20de%20responsabilidade%20objetiva,outrem%2C%20ainda%20que%20exclusivamente%20moral
https://www.direitonet.com.br/dicionario/exibir/985/Responsabilidade-aquiliana#:~:text=Trata%2Dse%20de%20responsabilidade%20objetiva,outrem%2C%20ainda%20que%20exclusivamente%20moral

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