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FACULDADE POLITÉCNICA DE CAMPINAS Bianca Aparecida Dias 6º semestre Noturno 202016135 RESPONSABILIDADE CIVIL Professor Mestre Tannus CAMPINAS 2020 INTRODUÇÃO Neste presente trabalho tenho como objetivo trazer o conceito de Responsabilidade Civil objetiva e sua principal teoria denominada teoria do risco, e a responsabilidade civil subjetiva e sua teoria denominada teoria da culpa com seu amplo conceito desde o código civil de 1916 até nosso atual código de 2002. Antes do aprofundamento em cada um dos temas que será tratado neste trabalho, devemos primeiramente saber e fato o que significa responsabilidade civil, qual seu fundamento e como vem sendo tratada ao longo da história. De imediato já podemos afirmar que a responsabilidade civil, em definição legal, trata-se de reparação de danos, ou seja aquele ato causador do dano deve ser reparado, uma noção de não prejudicar. Uma melhor definição para que seja perfeito seu entendimento, trago nas palavras de Rui Stoco: “A noção da responsabilidade pode ser haurida da própria origem da palavra, que vem do latim respondere, responder a alguma coisa, ou seja, a necessidade que existe de responsabilizar alguém pelos seus atos danosos. Essa imposição estabelecida pelo meio social regrado, através dos integrantes da sociedade humana, de impor a todos o dever de responder por seus atos, traduz a própria noção de justiça existente no grupo social estratificado. Revela-se, pois, como algo inarredável da natureza humana” (STOCO, 2007, p.114). Já com a definição do que vem a ser a responsabilidade civil, podemos prosseguir com os temas a serem tratados neste presente trabalho. 1 SUMÁRIO 1. Discorra Sobre os Conceitos Inerentes ..................................................02 2. A Teoria da Responsabilidade Civil pela Perda de uma Chance.............04 3. Responsabilidade Objetiva.....................................................................05 3.1 Teorias da Responsabilidade Civil Objetiva ........................................ 05 3.2 Teoria do Risco ................................................................................... 06 3.3 Aplicabilidade ..................................................................................... 07 4. Responsabilidade Subjetiva ...................................................................08 4.1 Teorias da Responsabilidade Civil Subjetiva ........................................09 4.3 Aplicabilidade ..................................................................................... 11 5. Responsabilidade Aquiliana ..................................................................12 6. Conclusão ..............................................................................................13 7. Referências ............................................................................................14 2 1- DISCORRA SOBRE OS CONCEITOS INERENTES AO ARTIGO ABAIXO: Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. No tocante a que se refere o artigo 927 do código Civil, é possível afirmar que, no convívio a sociedade, todas as atividades exercidas que prejudique a outrem, carreta uma determinada desarmonia. No código civil de 1916 já se falava em reparação de dano. Esse dever sempre esteve entrelaçado a existência de culpa do agente causador do dano. O código civil de 2002 consagrou a responsabilidade civil sem culpa fundada no risco especial que atividades lícitas podem causar aos direitos alheios, conforme descrito no parágrafo único do artigo em questão, referindo-se então a Responsabilidade Civil. Para a caracterização do dever de indenizar devem estar presentes os requisitos clássicos: ação ou omissão voluntária, relação de causalidade ou nexo causal, dano e, finalmente, culpa. No tocante especificamente à culpa, lembramos que a tendência jurisprudencial cada vez mais marcante é de alargar seu conceito. Surgiu, daí, a noção de culpa presumida, sob o prisma do dever genérico de não prejudicar. Esse fundamento fez também nascer a teoria da responsabilidade objetiva, presente na lei em várias oportunidades, que desconsidera a culpabilidade, ainda que não se confunda a culpa presumida com a responsabilidade objetiva. Diante disto, podemos definir a Responsabilidade Civil como uma obrigatoriedade de reparação de danos causados, tanto material quanto moral. Conforme os ensinamentos de Carlos Roberto Gonçalves: 3 “A responsabilidade civil tem, pois, como um de seus pressupostos, a violação do dever jurídico e o dano. Há um dever jurídico originário, cuja violação gera um dever jurídico sucessivo ou secundário, que é o de indenizar o prejuízo” A responsabilidade civil pode-se dar de duas formas: • Contratual e; • Extracontratual A Responsabilidade civil contratual é aquela em que vítima possui um contrato, um vínculo legal, disposta no artigo 389 do código civil. Com isso é necessário que haja o descumprimento desse contrato para que assim possa existir a responsabilidade civil., também é necessário estar presente alguns pressupostos, como: ação ou omissão do agente e sua culpabilidade o dano e o nexo causal. Já a responsabilidade civil extracontratual, diferente da contratual, assim como sua própria denominação já diz, é aquela em que não há um contrato, porém faz-se necessário um vínculo legal com a vítima. Havendo, uma vez, o descumprimento do dever legal, com os mesmos pressupostos: ação ou omissão, nexo de causalidade e culpa ou dolo, causar a vítima um dano, nasce a responsabilidade civil extracontratual, ou também denominada aquiliana. Vale lembrar que os danos morais foram acrescidos legalmente neste artigo após a lei civil de 2002 entrar em vigor, antes não se falava, expressamente e juridicamente em danos morais. A responsabilidade civil deriva da agressão de um interesse eminentemente particular, sujeitando, assim o infrator ao pagamento de uma compensação pecuniária a vítima, caso não possa repor in natura o estado anterior das coisas. Decompõe-se dos seguintes requisitos: • Conduta (positiva ou negativa); • Dano e; • Nexo de causalidade. Não basta que ele tenha praticado uma conduta ilícita, e nem mesma que a vítima tenha sofrido o dano. É imprescindível que o dano tenha sido 4 causado pela conduta ilícita do agente e que exista entre ambos uma necessária relação de causa e efeito. 2- A Teoria da Responsabilidade Civil pela Perda de uma Chance A teoria da perda de uma chance, surgiu no ano de 1965, por uma decisão da corte francesa, em um caso em que um médico diagnosticou erroneamente em um paciente, retirando dele suas chances de cura da doença real que lhe acometia. Essa é uma nova forma de interpretação de responsabilidade civil, criando uma modalidade de dano, dando oportunidade à indenização decorrente da subtração da oportunidade futura de obtenção de um benefício ou de evitar um prejuízo. Através dessa teoria é permitido uma indenização por um dano causado independente da certeza, apesar de ser necessário uma chance real. O primeiro caso ocorrido no brasil (Recurso Especial nº 788.459/BA) no STJ, Em que, no programa Show do Milhão, que oferecia o premio máximo de R$1.000.000,00, neste caso ficou comprovado que a autora perdeu a oportunidade de vencer a competição, por culpa exclusiva da produção do programa, que elaborou uma pergunta sem uma resposta válida No julgado, o STJ reconheceu a perda deuma chance da autora e aplicou a condenação equivalente ¼ da resposta certa, pois a pergunta era composta por 4 respostas, tratando-se de simples probabilidade matemática. Precisa ser comprovado que haveria a chance: probabilidade de obter um lucro ou evitar uma perda. A probabilidade em que haveria um ganho e a certeza que resultou prejuízo. A reparação não irá corresponder a vantagem esperada. A inexistência de lei regulamentando a teoria da perda de uma chance não impede a sua aplicação, tendo em vista que o Código Civil brasileiro adotou o sistema de cláusula geral, sem classificar exaustivamente o que pode ser considerado dano. Com isso há maior maleabilidade e adaptações para as lesões e aos interesses sociais. 5 3- RESPONSABILIDADE OBJETIVA Tanto a responsabilidade civil subjetiva quanto a objetiva, são analisadas sobre o prisma da ação ou omissão. Responsabilidade civil é aquela que é apurada independentemente da culpa do agente causador do dano, bastando assim que haja relação de causalidade entre a ação e o dano. Para a responsabilidade objetiva só é necessário comprovar a ação ou omissão, o dano e o nexo de causalidade. Desse modo podemos compreender que o elemento culpa não é essencial, pois o elemento fundamental é a ideia de risco porque ele se fundamenta na teoria do risco, que será discutida em tópicos a frente. O sujeito deve ser responsável pelos riscos que cria, mesmo que adote todos os meios possíveis para evitar danos a outras pessoas. Podemos dar como exemplo que, quase sempre envolve algum tipo de risco são atividades empresariais. Em tese, a responsabilidade civil objetiva cria maiores benefícios para a sociedade como um todo. 3.1 TEORIAS DA RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA Em 1888 começaram a ser traçadas as teorias da responsabilidade civil objetiva, por Mataja, na Alemanha, porém apenas a partir de 1897, com os estudos dos franceses Saleilles e Josserand, que a teoria ganha adaptações e dimensões. No ano de 1888, foi feita a primeira posição sistemática na Alemanha, no qual assegurava que os danos cometidos de acidentes inevitáveis de uma empresa deveriam ser incluídos nas despesas do negócio, ao interesse da paz mundial. Com isso já existia a ideia de risco como fundamento da obrigação de indenizar. Já na França, julgava-se o âmbito da culpa com o propósito de resolver todo o problema da responsabilidade, semeando a reparação do dano decorrente, do fato ou do risco criado. Garantindo assim a reparação do dano às vítimas, independentemente de culpa do responsável. Os defensores da teoria objetiva que mais se destacaram foram os franceses Saleilles e Josserand, por ter incluído a responsabilidade sem culpa. Saleilles chega à conclusão oposta à doutrina legal defendida pelos autores do Código Francês de 1804, argumentando com preceitos que originalmente teriam em vista a responsabilidade fundada na culpa, constrói uma teoria em face da qual o dever de ressarcimento independe de culpa. 6 Uma síntese do pensamento de Saleilles: SALEILLES, Raymond apud DIAS, José de Aguiar. Da Responsabilidade Civil. Rio de Janeiro: Forense, 1973, p. 69: “A lei deixa a cada um a liberdade de seus atos; ela não proíbe senão aqueles que se conhecem como causa direta do dano. Não poderia proibir aqueles que apenas trazem em si a virtualidade de atos danosos, uma vez que se possa crer fundamentalmente em tais perigos possam ser evitados, à base de prudência e habilidade. Mas, se a lei os permite, impõe àqueles que tomam o risco a seu cargo a obrigação de pagar os gastos respectivos, sejam ou não resultados de culpa. Entre eles e as vítimas não há equiparação. Ocorrido o dano, é preciso que alguém o suporte. Não há culpa positiva de nenhum deles. Qual seria, então, o critério e imputação do risco? A prática exige que aquele que obtém proveito de iniciativa lhe suporte os encargos, pelo menos a título de sua causa material, uma vez que essa iniciativa constitui um fato que, em si e por si, encerra perigos potenciais contra os quais os terceiros não dispõem de defesa eficaz. É um balanceamento a fazer. A justiça quer que se faça inclinar o prato da responsabilidade para o lado do iniciador do risco.” Com o surgimento da responsabilidade civil objetiva, vários outros países foram influenciados, sendo a maior parte na Bélgica, no ano de 1927 por Paul Leclercq, que para ele, tudo se resumida em Culpa ser equivalente a Dano. Leclercq confunde a culpa com a lesão ao direito alheio, seu raciocínio é de quando uma pessoa ou seu patrimônio são lesados, é necessário distinguir se esta lesão resulta do fato imediato de outra pessoa ou decorre do fato da coisa. O fato de lesar o direito de outrem constitui, por si só, uma culpa, resultando a responsabilidade. 3.2 TEORIA DO RISCO Nesta teoria, também chamado de risco criado, leva-se em conta o perigo da atividade do dano causado por sua natureza e pela natureza dos meios adotados. É conveniente que qualquer acidente que venha a ocorrer em uma multidão, terá natureza grave, por mais que se adotem medidas de segurança. Os juristas, em busca da fundamentação para o estudo da responsabilidade objetiva, criaram a teoria do risco, que compreende que, se alguém exerce uma atividade criadora de perigos especiais, deve responder pelos danos que ocasionar a outrem. 7 Vejamos alguns riscos da teoria: • Risco proveito: responsabiliza aquele que busca tirar proveito da atividade danosa, baseando-se no preceito de quem aufere o bônus, deve suportar o ônus (Ubi emolumentum, ibi et onus esse debet). • Risco profissional: onde o dever de indenizar ocorre sempre que o fato prejudicial decorre da atividade ou profissão do lesado. Justifica a reparação dos acidentes de trabalho. • Risco excepcional: ocorre quando a reparação é devida sempre que o dano for consequência de um risco excepcional, que escapa à atividade comum da vítima, ainda que estranho ao trabalho que normalmente exerça. • Risco criado: ocorre quando aquele que, em razão de sua atividade ou profissão, cria um perigo, estando assim a reparar o dano que causar, salvo prova de haver obedecido a todas as medidas idôneas a evitá-lo. Além dos casos acima mencionados, encontramos a teoria do risco integral, considerada uma modalidade extremada da teoria do risco, onde o agente se obriga a reparar o dano causado até quando inexiste o nexo causal, ou seja, o dever de indenizar surge tão-somente em face do dano, ainda que oriundo de culpa exclusiva da vítima, fato de terceiro, caso fortuito ou força maior. 3.3 APLICABILIDADE Neste tópico irei tratar a aplicabilidade da responsabilidade civil objetiva no campo jurídico do direito do consumidor. O Código de Defesa do Consumidor, em sua sistemática, divide a responsabilidade do fornecedor em: pelo fato do produto e do serviço (com previsão nos artigos 12 a 14), e pelo vício do produto e do serviço (previsto nos artigos 18 a 20). Com base nestas modalidades de responsabilização, e tendo em vista que em momento anterior já foram retratados os conceitos de defeito e vício, passo a discorrer acerca destas modalidades de responsabilidade. A responsabilidade pelo fato do produto e do serviço, assim como dito acima, encontra previsão no CDC, aduzindo acerca dos produtos defeituosos e sua consequente responsabilização pelos danos causados ao consumidor. Vale salientar que a responsabilidade incidente é objetiva, e que tal 8 modalidade de responsabilidade é fundada na teoria do risco (que já fora explanada em momento anterior). De acordo com Cavalieri Filho, a palavra chave para definir o fato do produto e do serviço é o defeito, e este é tão grave que provoca um acidente que vem a atingir o consumidor, causando assim um comprometimento na segurança do produto ou serviço,podendo vir decorrer em uma indenização por dano material ou moral para o consumidor. Diante de tais hipóteses podemos citar o dever do fornecedor na prestação da segurança pela qual se espera daquele produto. Tal dever é oriundo da teoria do risco e encontra previsão no artigo 12, § 1º do CDC. Tratando deste tema, Cavalieri Filho aduz que, observando-se que o produto é defeituoso, nos ditames legais, verifica-se que a noção de segurança depende da junção de dois elementos: a desconformidade com uma expectativa legítima do consumidor e a capacidade de causar acidente de consumo. 4. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA Como se trata também de uma responsabilidade civil, ou seja, a responsabilidade de reparar o dano causado, a responsabilidade civil subjetiva está disposta no artigo 927 do Código Civil: “Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”. Os artigos citados, 186 e 187, tratam daquele q causar ato ilícito voluntariamente ou por negligência ou imprudência. Isso nos traz a conclusão de que, aparecerá a figura do sujeito, ou seja, remete a culpa. A responsabilidade civil depende do dolo ou culpa do agente causador do dano, isto é, se ele age deliberadamente na intenção de causar um dano ou se ele age culposamente (negligentemente) ele deve se responsabilizar pela reparação do dano. A culpa neste caso refere-se a culpa em sentido amplo. São requisitos da responsabilidade Civil Subjetiva: • Conduta • Dano • Nexo causal • CULPA 9 A responsabilidade civil subjetiva é diferente da objetiva quanto à forma, sendo que não é correto afirmar que são de espécies diferentes, já que, em ambas, se enquadram os deveres de indenizar e reparar o dano causado, distinguindo-se no que diz respeito à existência ou não de culpa por parte do agente que causou o dano experimentado pela vítima. Em outros termos, é razoável que se discuta sobre as duas formas de responsabilidade, mencionando a subjetiva, como aquela pela qual o dano contra a vítima foi causado por culpa do agente, enquanto que a objetiva, por sua vez, configura- se como sendo aquela que tem, por fundamento, a teoria do risco, onde não existe a obrigação de provar culpa para que prevaleça o dever de indenizar. Entretanto, é necessário um maior aprofundamento para distingui-las. Assim, como abrange o caput do art. 927, do Código Civil, aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, está obrigado a repará-lo; o que esclarece as características para existência da responsabilidade civil subjetiva como regra do Código atual. Desse modo, o ato ilícito, o dano a outrem e a culpa, caracterizam-se como a base da existência da responsabilidade civil subjetiva. Conforme Oliveira (2009), a culpa, para os defensores da teoria da responsabilidade civil subjetiva, é o elemento básico que gera o dever do ofensor de reparar o dano. Portanto, para que determinada pessoa seja obrigada a compensar o prejuízo ocasionado a outrem, por sua atitude, é necessário que está se apresente em estado de plena consciência, ou seja, que tenha sido intencional, caracterizando, com isso, o dolo; ou mesmo, que esta pessoa tenha descumprido seu dever de pater familiae, agindo, então, com negligência, imprudência e imperícia (culpa). Todavia, se o dano não tiver emanado de uma atitude dolosa (culpa lato senso) ou culposa (culpa em sentido estrito) do agente, compete à vítima suportar os prejuízos, como se tivessem sido causados em virtude de caso fortuito ou força maior. 4.1 TEORIA DA CULPA Como já é de nosso conhecimento, a responsabilidade civil subjetiva é aquela que se materializa, quando o autor ou infrator, age com culpa lato sensu. • Conceito de culpa: A culpa é a inexecução de um dever que o agente podia conhecer e observar. Se efetivamente o conhecia e deliberadamente o violou, ocorre o delito civil, em matéria de contrato, o dolo contratual, o dolo contratual. 10 Se a violação do dever, podendo ser conhecida e evitada, é involuntária, constitui culpa simples, chamada fora da matéria contratual de quase-delito. A culpa implica um juízo de reprovabilidade sobre a conduta de uma pessoa, tendo-se em conta a prudência de diligência do atuas do sujeito. Assim, incorrer em culpa consistente em não se conduzir como se deveria. A ideia de culpa não guarda relação com a violação intencional de um dever capaz de causar um prejuízo a outrem. Importante analisar o escólio do professor Rui Estoco: “Quando existe uma intenção deliberada de ofender o direito, ou de ocasionar prejuízo a outrem, há o dolo, isto é, o pleno conhecimento do mal e o direito propósito de o praticar. Se não houvesse esse intento deliberado, proposital, mas o prejuízo veio a surgir, por imprudência ou negligência, existe a culpa (stricto sensu)” De acordo com a opinião de Maria Helena Diniz, não há responsabilidade sem culpa, exceto disposição legal expressa, caso em que se terá a responsabilidade objetiva. A teoria da culpa, também chamada de responsabilidade subjetiva, é a regra geral de nossa legislação pátria, onde se faz necessária a existência da culpa para gerar o dever de indenizar. Foi a Lei Aquília o divisor e transformador da responsabilidade civil, tendo, senão trazido diretamente o elemento culpa, introduzido o elemento subjetivo para permitir a reparação do dano. Com base no Direito Romano, precursor do nosso Direito, e através do Direito Francês, que recepcionou a responsabilidade civil fundada na culpa, o Brasil adotou a teoria geral da responsabilidade civil subjetiva – teoria da culpa. Como vimos, é a regra geral, enquanto a responsabilidade objetiva é a exceção, sendo esta possível se prevista em lei. Necessitamos, para que haja o dever de indenizar, de quatro pressupostos, a saber: conduta humana (ação ou omissão); nexo causal; dano; e a culpa. Cabe à vítima provar o dano experimentado, e que este dano partiu de uma ação ou omissão culposa do agente. Quanto ao agente, poderá se eximir do dever de indenizar, se provar a inexistência de um dos pressupostos, ou através das excludentes. Se provar que foi prudente, diligente e observou as leis vigentes, inexistirá o elemento culpa. Se o prejuízo suportado pela vítima não se relaciona com seu ato, inexistirá o elemento nexo causal. E se não ocorreu nenhum prejuízo para a vítima, quer patrimonial quer moral, inexistirá o elemento dano. 11 É preciso provar a conduta culposa (culpa) do agente para que haja o dever de indenizar, que se origina do ato ilícito. A culpa aqui referida é a voluntariedade de conduta do agente. Para se caracterizar o ato ilícito, necessitamos de dois pressupostos: a imputabilidade do agente, que é o elemento subjetivo, e a conduta culposa, que é o elemento objetivo. Sem estes elementos não existirá o ato ilícito. A imputabilidade do agente define-se como o conjunto de condições pessoais que concede ao agente a capacidade de responder pelas consequências de sua conduta contrária à norma jurídica. A imputabilidade está ligada à responsabilidade, a capacidade de entender que o fato é ilícito, e de agir em conformidade com esse entendimento. A nossa legislação não define o que imputabilidade, apenas enumera os casos que a excluem, os considerados inimputáveis. Desta forma, estes são considerados incapazes, não sendo responsáveis pelos atos cometidos. Porém, de conformidade com a lei, pelos atos dos incapazes, responde aquele que detém sua guarda, sendo exceção o contido no art. 928 e seu parágrafo único do Código Civil: O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes. Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser equitativa, não terá lugar se privar do necessário oincapaz ou as pessoas que dele dependem. 4.2 APLICABILIDADE Como exemplos da aplicação da teoria subjetiva, temos a responsabilidade por conduta omissa e a do agente público causador do dano em ação regressiva. Como regra temos que o Estado responde objetivamente pelos danos causados aos administrados, isto é, para a responsabilização da Administração Pública por danos gerados por seus agentes, basta ao lesionado comprovar o dano, a conduta estatal e o nexo causal entre um e outro. Desnecessário, pois, demonstrar a culpa ou o dolo na conduta estatal. Nas palavras de KIYOSHI HARADA: “A responsabilidade civil do Estado, por atos comissivos ou omissivos de seus agentes, é de natureza objetiva, isto é, prescinde da comprovação de culpa. Neste particular, houve uma evolução da responsabilidade civilística, que não prescinde da culpa subjetiva do agente, para a responsabilidade pública, isto é, responsabilidade objetiva. Esta teoria é a única compatível com a posição do Poder Público ante os seus súditos, pois, o Estado dispõe de uma força infinitamente maior que o particular. Aquele, além de privilégios e prerrogativas que o cidadão não possui, dispõe de toda uma 12 infra-estrutura material e pessoal para a movimentação da máquina judiciária e de órgãos que devam atuar na apuração da verdade processual. Se colocasse o cidadão em posição de igualdade com o Estado, em uma relação jurídica processual, evidentemente, haveria um desequilíbrio de tal ordem que comprometeria a correta distribuição da justiça.” Todavia, ressalte-se que, excepcionalmente, o Direito Administrativo consagra a aplicação da teoria subjetiva na apuração da responsabilidade estatal, notadamente nos casos de dano gerado por omissão do ente público e na responsabilidade do agente público apurado por ação regressiva. Em caso de omissão, o Estado só pode ser responsabilizado se comprovada sua culpa ou dolo, na medida em que a doutrina e jurisprudência têm aplicado, nessa hipótese, a teoria da responsabilidade subjetiva. Dessa maneira, a vítima, além de comprovar o dano, a conduta omissa e nexo causal entre eles, deverá demonstrar que a não prestação da atividade estatal tendente a evitar o dano suportado pelo particular resultou de culpa ou dolo da Administração. 5. RESPONSABILIDADE AQUILIANA A Responsabilidade Civil Contratual, como o nome mesmo já sugere, ocorre pela presença de um contrato existente entre as partes envolvidas, agente e vítima. Na responsabilidade aquiliana, o agente não tem vínculo contratual com a vítima, mas, tem vínculo legal, uma vez que, por conta do descumprimento de um dever legal, o agente por ação ou omissão, com nexo de causalidade e culpa ou dolo, causará à vítima um dano. Desse modo, pode-se verificar que a única diferença entre as duas figuras de responsabilidade civil encontra-se no fato de a primeira existir em razão de um contrato que vincula as partes e, a segunda surge a partir do descumprimento de um dever legal. Uma pessoa pode causar prejuízo a outrem por descumprir uma obrigação contratual (dever contratual), (...). O inadimplemento contratual acarreta a responsabilidade de indenizar as perdas e danos nos termos do art. 389 do Código Civil. Quando, porém, a responsabilidade não deriva de contrato, mas de infração ao dever de conduta (dever legal) imposto genericamente no art. 927 do mesmo diploma, diz-se que ela é extracontratual ou aquiliana. 13 6. CONCLUSÃO Conforme apresentando ao longo do trabalho, podemos afirmar que a responsabilidade civil é fundamental e está presente em todas as ações de reparação de danos e principalmente, atualmente, com a ação de dano moral. Conclui-se que A responsabilidade civil se constitui em uma obrigação de reparar o dano causado por quem o comete, em favor de quem o suporta, assim, trata-se de uma obrigação civil, a obrigação de reparar o dano. Desta forma, existe uma distinção entre a responsabilidade subjetiva e objetiva, ao qual, a subjetiva é constituída de 4 elementos, eles são conduta comissiva ou omissiva, em que esta conduta possua culpa "latu sensu"(culpa ou dolo), além de nexo de causalidade entre a conduta e o último elemento que é o resultado dano. Já a responsabilidade civil objetiva, assim é denominada pela ausência do elemento vontade, se afirmar na desconsideração do íntimo do sujeito. Essa forma de responsabilidade civil decorre de uma evolução doutrinária, em que adotou a teoria do risco, por motivo desta a obrigação de reparar o dano surge em virtude do risco da atividade do sujeito que origina o dano. Esse risco pode ser proveito, risco profissional, risco excepcional, risco criado e risco integral, ao quais são as modalidades abordadas na teoria do risco, desta forma a responsabilidade objetiva será formada por apenas 3 elementos, que são conduta, com nexo de causalidade com resultado dano. Assim, observa-se que o elemento subjetivo é suprimido, de forma que não é necessário comprovar a culpa do agente para que este tenha a obrigação de reparar o dano, pois é uma forma objetiva da responsabilidade civil. 14 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS • Responsabilidade civil do Estado. Jus Navigandi, Teresina, ano 5, n. 41, [1] maio [2000]. Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/491>. Acesso em: 26 setembro. 2020). • Direito civil: responsabilidade civil / Sílvio de Salvo Venosa. - 13. ed. -São Paulo : Atlas, 2013. -(Coleção direito civil; v. 4). • https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/9348/Responsabilidade- objetiva-do-Estado-teoria-do-risco-administrativo • https://www.compliancepme.com.br/artigos/o-que-e-responsabilidade- objetiva-20180311 • https://jus.com.br/artigos/64351/responsabilidade-civil-subjetiva-e- responsabilidade- civilobjetiva#:~:text=Enquanto%20que%20na%20teoria%20subjetiva,sem %20culpa%20ou%20pela%20atividade • https://philipemcardoso.jusbrasil.com.br/artigos/474353684/voce-sabe- o-que-e-responsabilidade-objetiva-e-subjetiva • https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-civil/teoria-da-perda- de-uma-chance/ <Acesso em 26 de setembro de 2020> • https://www.direitonet.com.br/dicionario/exibir/985/Responsabilidade- aquiliana#:~:text=Trata%2Dse%20de%20responsabilidade%20objetiva,out rem%2C%20ainda%20que%20exclusivamente%20moral. <acesso em 26 de setembro de 2020> https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/9348/Responsabilidade-objetiva-do-Estado-teoria-do-risco-administrativo https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/9348/Responsabilidade-objetiva-do-Estado-teoria-do-risco-administrativo https://www.compliancepme.com.br/artigos/o-que-e-responsabilidade-objetiva-20180311 https://www.compliancepme.com.br/artigos/o-que-e-responsabilidade-objetiva-20180311 https://jus.com.br/artigos/64351/responsabilidade-civil-subjetiva-e-responsabilidade-civilobjetiva#:~:text=Enquanto%20que%20na%20teoria%20subjetiva,sem%20culpa%20ou%20pela%20atividade https://jus.com.br/artigos/64351/responsabilidade-civil-subjetiva-e-responsabilidade-civilobjetiva#:~:text=Enquanto%20que%20na%20teoria%20subjetiva,sem%20culpa%20ou%20pela%20atividade https://jus.com.br/artigos/64351/responsabilidade-civil-subjetiva-e-responsabilidade-civilobjetiva#:~:text=Enquanto%20que%20na%20teoria%20subjetiva,sem%20culpa%20ou%20pela%20atividade https://jus.com.br/artigos/64351/responsabilidade-civil-subjetiva-e-responsabilidade-civilobjetiva#:~:text=Enquanto%20que%20na%20teoria%20subjetiva,sem%20culpa%20ou%20pela%20atividade https://philipemcardoso.jusbrasil.com.br/artigos/474353684/voce-sabe-o-que-e-responsabilidade-objetiva-e-subjetiva https://philipemcardoso.jusbrasil.com.br/artigos/474353684/voce-sabe-o-que-e-responsabilidade-objetiva-e-subjetiva https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-civil/teoria-da-perda-de-uma-chance/ https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-civil/teoria-da-perda-de-uma-chance/ https://www.direitonet.com.br/dicionario/exibir/985/Responsabilidade-aquiliana#:~:text=Trata%2Dse%20de%20responsabilidade%20objetiva,outrem%2C%20ainda%20que%20exclusivamente%20moralhttps://www.direitonet.com.br/dicionario/exibir/985/Responsabilidade-aquiliana#:~:text=Trata%2Dse%20de%20responsabilidade%20objetiva,outrem%2C%20ainda%20que%20exclusivamente%20moral https://www.direitonet.com.br/dicionario/exibir/985/Responsabilidade-aquiliana#:~:text=Trata%2Dse%20de%20responsabilidade%20objetiva,outrem%2C%20ainda%20que%20exclusivamente%20moral