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NATUREZA JURÍDICA
Ao longo da história, estudiosos do Direito têm-se debruçado sobre a definição de "processo" ou sobre qual seria sua natureza jurídica.
Formularam-se, pois, algumas teorias sobre a natureza jurídica do processo:
1. O processo como contrato: para esta teoria o processo é o resultado de um contrato entre as partes através do qual se obrigam a submeter o conflito ao juiz e a acolher a decisão que for por ele pronunciada. Tem mero significado histórico, pois parte do pressuposto, hoje falso, de que as partes se submetem voluntariamente ao processo e aos seus resultados, quando, na verdade, as partes se sujeitam ao processo e à tutela jurisdicional que o juiz impõe independentemente da voluntária aceitação.
2. O processo como quase-contrato: enquanto no contrato as obrigações dele decorrentes são determinadas diretamente pela própria vontade das partes, no "quase-contrato" as obrigações são determinadas pela lei com base na presumível vontade das partes. Assim, segundo esta teoria, o processo seria um quase-contrato, pela circunstância de as partes comparecerem voluntariamente e de se submeterem às decisões judiciais. Trata-se de uma explicação do processo a partir de uma perspectiva nitidamente privatista e individualista.
3. O processo como relação jurídica: o processo contém uma relação jurídica entre as partes e o Estado-Juiz, a chamada relação jurídica processual. Esta se distingue da relação de direito material por três aspectos: a) pelos seus sujeitos (autor, réu e Estado-Juiz); b) pelo seu objeto (a prestação jurisdicional); c) e pelos seus pressupostos (os pressupostos processuais).
4. O processo como situação jurídica: o processo não seria uma relação jurídica, mas, isto sim, uma situação jurídica – que é o estado de uma pessoa enquanto tenta fazer valer o direito material afirmado em juízo. A teoria da situação jurídica foi elaborada para opor-se à teoria da relação jurídica. A sua tese central é a de que o processo não encerra uma relação jurídica entre os seus sujeitos, pois não há direitos e deveres jurídicos entre eles. A única relação jurídica existente seria a de direito material. O que há no processo são possibilidades, ônus e meras expectativas de se obter vantagem. Tal teoria foi abandonada, por não ter conseguido convencer os estudiosos de que não haveria a relação jurídica processual.
5. O processo como instituição: O processo seria uma instituição jurídica. Seus defensores entendiam o processo como conjunto de regras de direito que formam um todo único. A crítica imediata a tal teoria seria, de plano, a manifesta impossibilidade de se definir, com precisão e convergência de entendimentos, o significado de "instituição jurídica". Não se presta, assim, a explicar minimamente a natureza jurídica do processo.
6. O processo como mero procedimento: concepção segundo a qual o processo é um mero procedimento, ou seja, é uma série ordenada de atos previstos normativamente tendentes à produção de um efeito jurídico final. Processo, aqui, seria espécie do gênero procedimento. E tão-somente isso!
7. O processo como procedimento em contraditório: Complementando a teoria anterior, entende-se, aqui, o processo como procedimento realizado em contraditório e propõe que, no lugar da denominada relação jurídica processual, se passe a considerar como elemento do processo essa abertura à participação, que é constitucionalmente garantida. Seria o contraditório o elemento qualificador do processo, hábil a distingui-lo das demais espécies de procedimento. 
8. O processo como categoria complexa. O processo é uma entidade complexa, podendo ser encarado sob o aspecto dos atos que lhe dão corpo e da relação entre eles (procedimento) e igualmente sob o aspecto das relações entre os seus sujeitos (relação jurídica processual). Há, pois, na estrutura de tal entidade complexa, um aspecto extrínseco (o procedimento realizado em contraditório) e um aspecto intrínseco (a relação jurídica processual). Compreende-se, pois, o processo como o procedimento realizado mediante o desenvolvimento da relação entre os seus sujeitos, sempre presente o contraditório.
9. O processo como categoria jurídica autônoma. Para os defensores de tal teoria, as demais teorias acerca da natureza jurídica do processo procuram, desnecessariamente, classificá-lo dentro de uma das categorias jurídicas já existentes - o que seria um erro metodológico. Optam, pois, por atribuir ao processo uma categoria jurídica autônoma, sob o simplório brocardo "o processo é o processo".

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