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UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em MBA em Gestão Empresarial Milena Santaella Zanuto RECRUTAMENTO E SELEÇÃO DE TALENTOS LINS - SP 2010 MILENA SANTAELLA ZANUTO RECRUTAMENTO E SELEÇÃO DE TALENTOS Monografia apresentada à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, como requisito parcial para obtenção do título de especialista em MBA em Gestão Empresarial sob a orientação dos Professores M.Sc. Irso Tófoli e M.Sc. Heloísa Helena Rovery da Silva. LINS - SP 2010 Zanuto, Milena Santaella Recrutamento e seleção de talentos / Milena Santaella Zanuto. – – Lins, 2010. 95p. il. 31cm. Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins, SP para Pós-Graduação “Lato Sensu” em MBA em Gestão Empresarial, 2010. Orientadores: Irso Tófoli: Heloisa Helena Rovery da Silva 1. Recrutamento. 2. Seleção. 3. Gestão de talentos. 4. Recursos Humanos. I Título. CDU 796 P49g MILENA SANTAELLA ZANUTO RECRUTAMENTO E SELEÇÃO DE TALENTOS Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, para obtenção do título de especialista em MBA em Gestão Empresarial. Aprovada em:___/____/_____ Banca Examinadora: Prof. Irso Tófoli Mestre em Administração pela CNEC/FACECA-MG Prof. Heloísa Helena Rovery da Silva Mestre em Administração pela CNEC/FACECA - MG LINS – SP 2010 Dedico aos meus pais Valcinei e Fátima, aos meus irmãos Vitor e Lucas, à minha avó Hilda e ao meu namorado Sergio. Obrigada pelo amor, apoio e paciência para cumprir mais essa etapa da minha vida! Amo muito vocês!! AGRADECIMENTOS A Deus pelo valioso dom da vida, por proporcionar que pessoas especiais, nossa família e nossos amigos, fizessem parte da nossa história. Embora algumas vezes frente a situações impostas pela vida gerassem algumas dificuldades, Ele possibilitou recursos e meios para que pudesse superá-las e chegar até aqui. Agradeço pela Sua forma muito especial de me conduzir nos momentos em que mais precisei! Ao meu mestre Irso Tófoli pela ajuda e confiança depositada e pela dedicação na orientação desta monografia. A professora Heloisa pela orientação e interesse mútuo mostrando o caminho do conhecimento. Ao pessoal da biblioteca pela ajuda, dedicação e pela paciência no atendimento durante a realização desta monografia. As empresas que se disponibilizaram em responder o questionário e assim enriquecendo o conteúdo deste trabalho. RESUMO Desde o período de grandes guerras já se recrutavam e selecionavam pessoas para o combate como soldados, capitães, enfermeiras e médicos. Na revolução industrial já recrutavam capatazes para as fábricas. No entanto, hoje o recrutamento e a seleção passaram a ser planejados com mais cuidado e atenção, tornaram-se estratégia para melhorar os resultados da empresa através da contratação profissionais qualificados conhecidos atualmente como talentos. Isso deve-se a globalização do mercado e o surgimento da era da qualidade onde as pessoas passaram a ser mais valorizadas e a constituir o capital mais importante das organizações. Sendo assim, as pessoas constituindo o principal ativo da organização há uma maior preocupação no momento da escolha delas. A formação de equipes com pessoas qualificadas é um desafio constante das organizações em um período em que só se fala em apagão de talentos, por isso a captação de talentos é de certa maneira uma estratégia para sustentar o desenvolvimento de uma empresa. A área de Recursos Humanos é importante para estruturar esta condição, criando possibilidades de existência de políticas que estimulem a construção de equipes de alto desempenho que dão vida à empresa. Oferece técnicas para que os profissionais de alto desempenho sejam captados já que são grandes responsáveis pela produtividade da empresa. Definem competências as quais os candidatos devem possuir para preencher as vagas existentes. Recrutamento e seleção são atividades importantes da área de Recursos Humanos que agem em conjunto para atrair e escolher profissionais qualificados que possa potencializar os resultados da organização. O recrutamento sendo responsável por atrair candidatos com os perfis desejados e a seleção por escolher o que melhor se adapta a cultura e função da empresa, o que se destaca no processo. Daí, a ênfase em inovar cada vez mais nas metodologias de recrutamento e seleção de talentos. No contexto da economia atual a busca por talentos tornou-se vital, na empresas. Além disso, há a necessidade de criar e implantar maneiras de mantê-las na organização, como a comunicação, planos de carreira, liderança, entre outras já que a competitividade por pessoas qualificadas no mercado esta mais acirrada a cada dia e, assim, para que o processo de recrutamento e seleção não desperdiçado, visto que tem custos para a empresa, com a perda do talento. Palavras-chave: Recrutamento. Seleção. Gestão de Talentos. Recursos Humanos. ABSTRACT Since the times os the great wars, soldiers, captains, nurses and doctors have been recruted and selected for combate. Foremans were recruited for the factories in the industrial. However, today recruitment and selection are planned with more care and attention and they have become a strategy to improve a company´s results through the hiring of qualified professionals presently known as talents. This is do to globalization of the market and the appearance of the age of quality where people have more value and where they constitute the most important capital of an organization. Since people are the main asset of an organization, there is a major concern in the moment of choosing them. The formation of teams of qualified workers is a constant challenge for the organization in a period that is being considered as a blackout for talents. For this reason, the capitation of talents is a strategy for sustaining the growth of a company. The human resources department is important for structuring this condition by creating the possibilities for the existence of policies that stimulate the creation of high performance teams that give life to a company. Techniques are offered so that high performance professionals can be hired since they are the ones responsible for the productivity of a company. The definition of abilities and qualifications of which the candidates must have is needed to fill the existing vacancies. Recrutment an selection are important activities if the human resources area that act together to attract and choose qualified professionals that can potentiate an organizations results. Recrutment is responsible for attracting candidates with the desired profiles and selection chooses those who best adapt to the culture and the function of a company and who stand out in the process. Therefore the emphasis is on innovating more and more in the methodology of recruitment an selection of talents. In the context of the present day economy, the search for talents has become vital for the companies. Besides this, there is the necessity to create and implant ways of maintaining the talents in the organization with communication career plans, leadership among others. Since the competitivity for qualified people is fiercer each day, this process of recruitment and selection must not be wasted because the loss of talents has costs for a company. Keywords: Recrutment. Selection. Talent Management. Human Resources. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Evolução da visão e do foco do gerenciamento de pessoas............ 18 LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Influências dos movimentos e épocas na gestão de pessoas ....... 21 Quadro 2 - O velho papel de Recursos Humanos x O novo papel de Recursos Humanos .......................................................................................................... 23 Quadro 3: Blocos de indicadores de competências .......................................... 32 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ARH - Administração de Recursos Humanos GP - Gestão de Pessoas MT - Mercado de Trabalho QVT - Qualidade de vida no trabalho RH - Recursos Humanos T&D - Treinamento e Desenvolvimento SUMÁRIO INTRODUÇÃO .................................................................................................. 11 CAPÍTULO I - A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DE RECURSOS HUMANOS ....... 14 1 PROCESSO EVOLUTIVO DE RECURSOS HUMANOS ....................... 14 1.1 Até 1930 ................................................................................................. 14 1.2 Décadas de 40 e 50 ............................................................................... 16 1.3 Décadas de 60 e 70 ............................................................................... 16 1.4 Décadas de 80 e 90 ............................................................................... 17 1.5 A Evolução as área de Recursos Humanos no Brasil ............................ 18 1.6 Globalização ........................................................................................... 21 1.7 Gestão de Pessoas ................................................................................ 22 1.7.1 Objetivos da Gestão de Pessoas ........................................................... 24 1.7.2 Os Processos de Gestão de Pessoas .................................................... 26 CAPÍTULO II - RECRUTAMENTO E SELEÇÃO ............................................. 29 2 ESCOLHENDO A EQUIPE .................................................................... 29 2.1 Descrição de cargos ............................................................................... 30 2.2 Mapeamento de competências .............................................................. 32 2.3 Recrutamento ......................................................................................... 34 2.3.1 Recrutamento Interno ............................................................................ 34 2.3.1.1 Vantagens ............................................................................................. 35 2.3.1.2 Desvantagens ....................................................................................... 35 2.3.2 Recrutamento Externo ........................................................................... 36 2.3.2.1 Técnicas de Recrutamento Externo ...................................................... 37 2.3.2.2 Avaliação dos Resultados do Recrutamento ........................................ 41 2.3.2.3 Vantagens ............................................................................................. 41 2.3.2.4 Desvantagens ....................................................................................... 42 2.4 Seleção de Pessoas ............................................................................... 42 2.4.1 Ferramentas ou estratégias de seleção ................................................. 43 2.4.2 Avaliação dos Resultados da Seleção de Pessoas ................................ 48 CAPÍTULO III - COMPETÊNCIAS DE TALENTO ............................................ 50 3 CAÇA AOS TALENTOS ........................................................................ 50 3.1 Conceitos ............................................................................................... 50 3.2 Tendências na captação e seleção de talentos ...................................... 51 3.2.1 Contratar ex-funcionários e de aposentados ......................................... 51 3.2.2 Programas de estagiários....................................................................... 52 3.2.3 Programas de trainees ........................................................................... 52 3.2.4 Empresabilidade ..................................................................................... 53 3.2.4.1 Cultura organizacional .......................................................................... 54 3.2.4.2 Comunicação ........................................................................................ 56 3.2.4.3 Liderança .............................................................................................. 57 3.2.4.4 Plano de Carreira .................................................................................. 58 3.2.4.5 Salários, Benefícios e Recompensas ................................................... 59 3.2.4.6 Treinamento e Desenvolvimento .......................................................... 59 3.2.4.7 Responsabilidade social ....................................................................... 61 3.3 Competências de talento ........................................................................ 61 3.3.1 Hábito 1 – Seja proativo ......................................................................... 62 3.3.2 Hábito 2 - Comece com o objetivo em mente ......................................... 63 3.3.3 Hábito 3 - Primeiro o mais importante ..................................................... 63 3.3.4 Hábito 4 - Pense Ganha/Ganha ............................................................. 64 3.3.5 Hábito 5 - Procure primeiro compreender, depois ser compreendido. ... 65 3.3.6 Hábito 6 - Crie Sinergia ........................................................................... 66 3.3.7 Hábito 7 - Afine o instrumento: ................................................................ 67 3.4 Gerações disponíveis no mercado ......................................................... 68 3.4.1 Baby Boomers ........................................................................................ 68 3.4.2 Geração X .............................................................................................. 69 3.4.3 Geração Y .............................................................................................. 69 CAPÍTULO IV - A PESQUISA .......................................................................... 72 4 INTRODUÇÃO ....................................................................................... 72 4.1 Identificação das empresas por setor ..................................................... 72 4.2 Depoimentos das empresas ................................................................... 72 4.3 Considerações dos depoimentos ........................................................... 84 CONCLUSÃO ................................................................................................... 86 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 89 APÊNDICE ....................................................................................................... 94 11 INTRODUÇÃO No ambiente corporativo, a palavra inovação tornou-se um pré-requisito para as organizações que buscam vencer a acirrada competitividade. E para quem acredita que isso se restringe apenas à melhoria de produtos e serviços é melhor ficar mais atento ao que acontece. Hoje, por exemplo, existem empresas que buscam novas metodologias para realizar seus processos de recrutamento e seleção na busca para captar e contratar talentos. Conforme Welch, Welch: Contratar pessoas capazes é difícil. Contratar pessoas ótimas é uma grande proeza. No entanto, nada é mais importante para a vitória do que conseguir as pessoas certas em cada área. Todas as estratégias inteligentes e tecnologias avançadas do mundo nãoadiantam nada sem indivíduos capazes de aplicá-las na prática. (WELCH; WELCH, 2005, p.75) Há três anos, faltava emprego. Hoje, o cenário se inverteu: os salários aumentaram, há vagas e a disputa por profissionais de alto nível é intensa. O motivo é que as companhias enfrentam uma crise mundial de talentos, que afeta também o Brasil. Dez em cada dez presidentes revelam a preocupação com a falta de profissionais qualificados e 62% dos presidentes de empresas estão mudando a maneira de recrutar, motivar e desenvolver pessoas para atrair mais talentos.(PENNA,2008) O órgão de Recursos Humanos surgiu com capatazes de fábricas que contratavam, demitiam e supervisionavam seus trabalhadores. Com o passar do tempo surgiram papéis mais especializados. Na década de 20, ocorre o surgimento dos “departamentos de pessoal” em conseqüência da escassez de mão-de-obra, o desenvolvimento de testes psicológicos e uma atenção crescente pelos estudos científicos como os de Frederick W. Taylor. (CHIAVENATO, 2008) Conforme Milkovich; Boudreau: Os recursos humanos (RH) trazem o brilho da criatividade para a empresa. As pessoas planejam e produzem os produtos e serviços, controlam a qualidade, vendem os produtos, alocam recursos financeiros e estabelecem as estratégias e objetivos para a organização. Sem pessoas eficazes é simplesmente impossível para qualquer empresa atingir seus objetivos. (MILKOVICH; BOUDREAU, 2000, p.19) 12 Para Chiavenato (2008), a seleção de pessoas integra o processo de agregar pessoas e funciona logo após o recrutamento. Ambos, o recrutamento e a seleção de pessoas fazem parte de um mesmo processo: a introdução de novos elementos humanos na organização. Enquanto o recrutamento é uma atividade de atração, divulgação e comunicação - portanto, uma atividade tipicamente positiva e convidativa -, a seleção é, ao contrário, uma atividade de escolha, de classificação e de decisão e, portanto, restritiva e obstativa. O mundo está mudando com uma rapidez incrível, afetando todos os setores (econômicos, tecnológicos, sociais, culturais, políticos) com uma intensidade inevitável. Assim, empresas e profissionais precisam acompanhar as mudanças para vencer a competitividade a qual o mundo se depara através de planejamento, treinamentos e planos de carreiras. Diante deste contexto uma das áreas que mais está sofrendo com as mudanças é a de Gestão de Pessoas. O Brasil sofre com um apagão de profissionais qualificados, o que compromete o desenvolvimento econômico do país, interfere nas oportunidades e empobrece profissões. Algumas empresas estão usando estratégias como captar profissionais já aposentados, pois já são qualificados e possuem experiência. Portanto, as organizações estão também buscando novas técnicas de recrutamento e seleção para identificar profissionais com competências que se enquadrem nas especificações que necessitam, com ênfase na personalidade e não focando tanto na competência técnica. (CHIAVENATO, 2008) O processo de captar pessoas busca a melhoria contínua do capital humano e agregar novos valores aos ativos da organização através de novos talentos. Conforme Terni (apud PENNA, 2008), talento, na antigüidade, era uma medida de massa, obtida por meio de uma garrafa (a forma) cheia de água (o conteúdo). Era sinônimo de equilíbrio. A definição é aplicável nos dias de hoje: talento é o profissional que consegue equilibrar sabedoria e a maneira certa de usá-la. Profissionais capazes de dosar em suas ações humildade e agressividade. Assim, talento é a pessoa que possui diferencial e agrega valor através do equilíbrio entre seus conhecimentos e atos. Portanto, a pesquisa teve como objetivos demonstrar se processos de recrutamento e seleção de talentos humanos utilizados pelas empresas 13 contemplam a escolha dos melhores profissionais; descrever as técnicas de recrutamento e seleção aplicadas pelas empresas; analisar as tendências atuais verificadas nos processos de recrutamento e de seleção de talentos; identificar e analisar as competências e habilidades de um profissional de talento e descrever a evolução histórica da Gestão de Recursos Humanos. Este trabalho teve como questionamento básico: os processos de recrutamento e seleção de talentos humanos utilizados pelas empresas contemplam a escolha dos melhores profissionais? O estudo foi através de revisão bibliográfica que abrangeu o período de 2000 a 2010. Além disso foi realizado e aplicado um roteiro de entrevista para dez gerentes de Recursos humanos de empresas de diferentes setores localizadas no interior de São Paulo. O trabalho foi dividido nos seguintes capítulos: Capítulo I: A evolução histórica dos recursos humanos – descreve o processo evolutivo de recursos humanos e apresenta os objetivos e processos da Gestão de Pessoas. Capítulo II: Recrutamento e seleção – define os processos de recrutamento e seleção, descreve os tipos e procedimentos de cada atividade utilizados pelas empresas. Capítulo III: Competências de talento – descreve as tendências para a captação de talentos, demonstra algumas competências de um profissional de talento e ainda apresenta as gerações existentes no mercado atual. Capítulo IV: Pesquisa – apresenta as entrevistas realizada com os gerentes de Recursos Humanos. Por fim, a Conclusão. 14 CAPÍTULO I A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DE RECURSOS HUMANOS 1 PROCESSO EVOLUTIVO DE RECURSOS HUMANOS Segundo Pacheco (2009), a história da organização do trabalho é destacada desde sua fase manual, agrícola e de base familiar. As funções como limpar casa, cultivar e caçar eram basicamente divididas por características pessoais como idade, sexo, força e aptidão. Todavia, foi a partir da Revolução Industrial que surgiu o conceito atual de trabalho. No final do século XIX, economia passa de agrária de subsistência para uma economia industrial emergente. Começa-se ocorrer mudanças sociais, econômicas e no estilo vida da sociedade. Com o declínio da agricultura e a sociedade tornando-se maquinaria, de forma que, pessoas com condições financeiras adquiriam máquinas e outras cediam sua força de trabalho ocorreu o surgimento de firmas e, conseqüentemente um aumento no ambiente competitivo. A produção passou a ser de larga escala e complexa, políticas começaram a ser estabelecida, daí a necessidade de administrar pessoas em um contexto organizacional. (PACHECO, 2009) Portanto, é evidente a transformação que a Revolução Industrial trouxe no desenrolar da história do trabalho humano, pois modificou o mercado na época e, assim, as empresas que começaram a delinear seus formatos direcionando-os assim para novas perspectivas e um constante crescimento. Segundo Knapik (2006), neste período da industrialização nasce o Departamento Pessoal, apresentando uma gestão burocrática, de controle e punição. Essa transformação influenciou os modelos administrativos. 1.1 Até 1930 15 A Primeira Guerra Mundial foi o grande marco para o desenvolvimento da Administração de Pessoal nos Estados Unidos. O surgimento do movimento sindical e as modificações ocorridas no relacionamento entre operários e a administração das empresas, são fatos que marcam este desenvolvimento (SAMMARTINO, 2002). Neste período, Montana e Charnov (2003) destaca que, o exército começou a utilizar testes para recrutar e selecionar oficiais, começaram, então, os programas de treinamento no serviço. A primeira metade do século XX assistiu ao crescimento e desenvolvimento de grandes organizações tipo fabril e seus programas de pessoal, à implantação de diversas leis fundamentais e ao surgimento dos princípios da ciência social para orientar a administração dos recursos humanos. (MONTANA; CHARNOV,2003) Sammartino (2002) ainda evidencia que a crescente mudança de posição do Estado americano,no processo produtivo, a partir de 1929, trouxe sensíveis alterações nas relações industriais e isto foi um fator decisivo para a consolidação da Administração Pessoal como área autônoma. Neste período, que se estende até meados da década de 30, a ARH é caracterizada pelo pensamento mecanicista e por um modelo de gestão eminentemente paternalista. Pacheco (2009), destaca que um dos que mais contribuíram nessa época foi Frederick W. Taylor, pois na época tinha uma visão mecanicista dos empregados, que eram primariamente motivados por razões econômicas. Apesar disso, Taylor destacava questões como produtividade, incentivos para os trabalhadores e uma preocupação com as condições de trabalho. Assim, teve participação na criação do departamento de funcionários o qual determinava aplicações sobre análise de cargo, treinamento, enfermeiras em casos de acidentes e doenças, refeitórios entre outras questões, visto que, anteriormente a função de RH era simplesmente desempenhada por contratar, demitir e supervisionar seus trabalhadores. Conforme Milkovich e Boudreau (2000), o movimento de Relações Humanas teve como um dos principais marcos as pesquisas coordenadas por Elton Mayo na fábrica da Western Electric Company em Hawthorne durante a década de 30. Mostrou que a atenção dedicada aos empregados podia melhorar a produtividade e o moral, o que levou ao estabelecimento de um 16 outro conjunto de processos destinados a reforçar os relacionamentos no trabalho, como o enriquecimento das funções, comunicação com os empregados e assim por diante. Fez com que os pressupostos mecanicistas, que marcaram a gestão das pessoas nas décadas anteriores, começassem a serem revistos. Montana e Charnov (2003) ainda apontam que, o estudo descobriu que fatores informais (como ambiente social e os grupos de trabalho informais) podiam ter um impacto igual, se não maior, na produtividade. Do ponto de vista dos recursos humanos, esse estudo formou uma base importante para programas sociais, como recreação, benefícios para o funcionário e aconselhamento. A psicologia organizacional surge como uma disciplina que tem como finalidade facilitar o processo de compreensão e intervenção no comportamento das pessoas no trabalho. O enfoque da gestão de recursos humanos deixa de se concentrar exclusivamente em aspectos legais e econômicos, passando a incorporar instrumentos e ferramentas específicas para o recrutamento, treinamento e avaliação de pessoal. (SAMMARTINO, 2002) 1.2 Décadas de 40 e 50 Durante os anos 40 e 50 evidenciou-se uma acentuada intervenção do Estado nas relações trabalhistas exigindo um novo posicionamento da área de RH, a qual assumiu o papel de representantes das empresas nas negociações e atuasse como mediador nos conflitos capital e trabalho, isto conseqüente da crescente organização dos trabalhadores e do fortalecimento dos sindicatos. As práticas e políticas de remuneração e benefícios começam a surgir. (SAMMARTINO, 2002) 1.3 Décadas de 60 e 70 17 As décadas de 60 e 70 viram a mudança do enfoque das relações trabalhistas para a administração de pessoal, e a emergência do profissional de pessoal. Segundo Milkovich e Boudreau (2000), a legislação foi a mola propulsora dessa modificação. A maior parte das leis de oportunidades iguais de trabalho foram criadas na década de 60, o que criou a necessidade de profissionais que soubessem interpretá-las e implementar as políticas apropriadas. Milkovich e Boudreau (2000), ainda destaca que o moral passou a ser um indicador básico do sucesso, e tornou-se amplamente aceita a idéia da área de RH como um conjunto integrado de atividades projetadas para ajudar os empregados e a organização a atingirem seus objetivos. 1.4 Décadas de 80 e 90 Os anos 80 e 90 trouxeram pressões econômicas ainda maiores e a consciência de que as empresas e os indivíduos enfrentam uma crescente e definitiva competição globalizada e também oportunidades. A área de RH não ficou imune a essas mudanças, situação essa que teve resposta o modelo que necessitava maior envolvimento entre a empresa e seus funcionários. (MILKOVICH; BOUDREAU, 2000). Segundo Sammartino (2002), estas décadas são marcadas pelo início do pensamento estratégico em RH. Sammartino (2002) evidencia a década de 90 com intensidade nas mudanças e apresenta algumas transformações com maior potencial de impacto para a área de RH: a) intensificação da globalização e aumento da competitividade; b) evolução da tecnologia da informação, marcada disseminação dos sistemas integrados de gestão e principalmente pelo rápido avanço da internet; c) intolerância crescente da sociedade em relação à poluição e a degradação ambiental promovidas pelas organizações; d) intensificação dos processos de fusões e de grandes aquisições; e) movimento de concentração dos mercados em blocos econômicos. 18 Portanto, a trajetória do trabalho iniciou-se manualmente e tornou-se industrial evidenciando o quanto a evolução de recursos humanos tem conquistado valor e importância no auxílio da conquista dos objetivos empresariais, visto que nas últimas décadas experimentou grandes mudanças no seu papel dentro das organizações. Tradicionalmente percebida como uma área dedicada basicamente às atividades administrativas, relacionadas com gestão de benefícios, folha de pagamento e outras tarefas rotineiras, a área de recursos humanos, durante a década de 90, viu-se diante do desafio de efetivamente participar do esforço de mudança organizacional, com vistas a um novo modelo competitivo delineado pelo ambiente. Fonte: Knapik, 2006, p. 40 Figura 1 - Evolução da visão e do foco do gerenciamento de pessoas 1.5 A Evolução as área de Recursos Humanos no Brasil A evolução da área de Recursos Humanos no Brasil tem como marco principal o surgimento do trabalhismo, durante o primeiro governo de Getúlio Vargas na década de 30. A partir da instituição do Ministério do Trabalho e da promulgação de uma série de leis regulamentado as relações sindicais e de trabalho, as empresas Brasileiras foram obrigadas a criar áreas específicas para controlar a aplicação desta legislação. Surgem os Departamentos de DEPARTAMENTO PESSOAL Gestão focada na burocracia e no controle das pessoas. A empresa é mais centralizadora, e o RH é visto como um órgão fiscalizador. ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS Gestão mais dinâmica e focada no desenvolvimento e na motivação das pessoas. Preocupa- se com os interesses dos colaboradores. GESTÃO DE PESSOAS Gestão focada no gerenciamento com e para pessoas. Considera os colaboradores como talentos dotados de capacidades, habilidades e intenção de levar a empresa ao sucesso. 19 pessoal e a figura do chefe de pessoal. A partir na década de 50 a área de pessoal ingressa numa fase “tecnicista”, marcada principalmente pela instalação das montadores de automóveis no país, e conseqüente importação das técnicas de gestão do EUA. A partir de meados da década de 60 consolida-se a profissionalização da área, com a implantação de áreas específicas de recrutamento, treinamentos cargos e salários. É neste período que o Chefe de Pessoal transforma-se no Gerente de Relações Industriais e posteriormente em Gerente de Recursos Humanos. (SAMMARTINO, 2002) No final dos anos de 1970 e início dos anos de 1980, os programas de desenvolvimento organizacional ancorados no planejamento estratégico foram amplamente adotados no Brasil. O desenvolvimento organizacional foi um modelo dos mais significativos e fez com que dirigentes repensassem suas empresas, dando um salto qualitativo em sua maneira de gerenciar pessoas. (SAMMARTINO, 2002) Gramigna (2007), explica que ainda na década de 1980, o movimento da qualidade se inicia com a prática daformação dos círculos de controle de qualidade, principalmente nas indústrias, onde o forte componente humano fazia a diferença. Comitês formados por supervisores, gerentes e colaboradores responsabilizaram-se por boa parte das melhorias nos processos de trabalho, ampliando sua capacidade produtiva. Problemas e dificuldades que antes tinham suas soluções sob a responsabilidade de supervisores, chefes imediatos, gerentes ou diretores, passaram a ser discutidos e implantados, agora com a participação dos empregados. Proliferam as caixas de sugestões, as reuniões sistematizadas para a discussão de problemas e as pessoas tiveram seus espaços para contribuir. A década de 1990 é reconhecida no Brasil como a dos serviços e das competências. Estabelecida a guerra entre mercados cada vez mais competitivos, o mundo começou a formar blocos comerciais, o que exigiu das nações envolvidas nesse processo flexibilidade, agilidade, inovações e mobilização por parte das pessoas. Fez-se necessário oferecer produtos e serviços competitivos em termos de qualidade e preço. Ao mesmo tempo, as 20 organizações se empenhavam em descobrir fórmulas para reduzir os custos de produção. A abertura do mercado brasileiro às exportações, a estabilização da moeda e a expansão da globalização fizeram cair a máscara e deixaram transparecer nossas práticas de gestão e a ineficiência de seus processos. Empresas antes consideradas de sucesso começaram a expor suas mazelas. Alerta geral: dirigentes perceberam que, se não mudassem suas práticas, certamente não sobreviveriam aos concorrentes de outros países, que ganhavam popularidade entre os consumidores. Nesse momento, inicia-se a escalada rumo à excelência. Ainda nos anos de 1990, chega ao nosso país a reengenharia, modelo adotado por algumas empresas brasileiras. Sua filosofia, apoiada por estratégias de alterações nas organizações, priorizou mudanças de cultura, estrutura e indivíduos. Seus frutos não foram satisfatórios por causa da forma radical como o modelo foi entendido e implantado. O resultado foram perdas inestimáveis de talentos, saberes e elementos culturais desnecessários. Seu tempo de credibilidade foi pequeno e não chegou a ameaçar o movimento da qualidade total. Desenvolvimento organizacional, qualidade total e reengenharia certamente foram os mais importantes movimentos brasileiros das últimas décadas, que influenciaram as práticas de gestão, principalmente na área de Recursos Humanos. continua MOVIMENTOS E ÉPOCA EM QUE FORAM MAIS EVIDENTES INFLUÊNCIA NA GESTÃO DE PESSOAS DESENVOLVIMENTO ORGANIZACIONAL (Final da década de 1970/ início dos anos80) Participação das pessoas na definição de suas missões setoriais, objetivos e metas de trabalho. Melhor compreensão do negócio pelos gerentes das diversas áreas e possibilidades de nortear as decisões relativas ao aproveitamento das competências individuais. 21 conclusão QUALIDADE (Início da década de 1980/ auge nos anos 90) Surgimento da cultura participativa, gerando o envolvimento das pessoas nas decisões direcionadas a melhorias nos processos de trabalho. Identificação de indicadores de desempenho, servindo como padrão para a mensuração do desempenho individual e das equipes. REENGENHARIA (Anos 90) Constatação da inutilidade de adotar medidas radicais de enxugamento de quadros como forma de reduzir custos e aumentar a produtividade. Retorno à idéia de valorizar e reter os talentos. Fonte: Gramigna, 2007, p.7 Quadro 1 – Influências dos movimentos e épocas na gestão de pessoas A área de Recursos Humanos (RH), antes centralizadora e responsável por todos os processos de pessoal, vem assumindo, finalmente, seu espaço estratégico, descentralizando-se, distribuindo as responsabilidades pelo desenvolvimento das pessoas aos gerentes diretos, instrumentalizando-se para uma nova ordem e partindo para uma gestão integrada e focada no negócio. 1.6 Globalização Atualmente, a globalização trouxe a tendência de elevar o gerenciamento de pessoas a uma dimensão mais estratégica tendo uma visão mais sofisticada de administrar em parceria com as pessoas. Os colaboradores são estimulados a assumir junto com a direção a responsabilidade de levar a empresa a atingir seus resultados, e o Departamento de Gestão de Pessoas (GP) tem uma abordagem menos centralizadora e mais de consultoria. (KNAPIK, 2006) 22 A competição gerada pela globalização desenvolve centros de excelência que utilizam tecnologias locais que são partilhadas e desenvolvidas mundialmente, além de a movimentação de produtos ser consideravelmente rápida e a circulação de informações ser quase instantânea. Com a globalização da economia, a competição desencadeia um novo comportamento dos investidores: não se desenvolve somente um produto nacional, pensando- se em vendê-lo lá fora, mas sim existe uma preocupação em termos globais agindo em termos locais. 1.7 Gestão de Pessoas A área de Recursos Humanos tem como objetivo principal administrar as relações da organização com as pessoas que a compõe, consideradas, hoje em dias, parceiras do negócio, e não mais meros recursos empresariais. Esse passou a ser o mais importante desafio interno das empresas, em plena era da informação – uma função estratégica demais para ficar centralizada e monopolizada nas mãos de poucos especialistas, que atuam simplesmente na esfera tática ou operacional. ( RIBEIRO, 2006) Além de ser responsável por ações como recrutamento, seleção, treinamento, planos de cargos e salários, contratação, remuneração e questões trabalhistas, a área de RH deve, ainda, visando uma atuação estratégica adotar medidas para desenvolver talentos e criar um ambiente de trabalho aberto a novas idéias. “Na era pós industrial novas abordagens e práticas são essenciais na gestão de recursos humanos para que as empresas fomentem seu potencial inovador”.(MUNDIM;RICARDO,2004,p. 18) Segundo os profissionais de Recursos Humanos mais respeitados pelo mercado – os mesmos que ditam as tendências, que ajudam as organizações a se desenvolver e obter o melhor potencial de seus talentos –, o líder “linha dura”, aquele que diz coisas do tipo: “manda quem pode, obedece quem tem juízo”, é coisa do passado, e está enterrado, definitivamente. Não existe mais espaço para práticas consideradas agressivas à qualidade de vida das pessoas. (RIBEIRO, 2006, p.11) 23 VELHO PAPEL DE RH NOVO PAPEL DE RH Controlar rigidamente a carreira dos funcionários. Propor, definir e garantir um conjunto de normas e procedimentos alinhados com os princípios empresariais e de acordo com a Legislação Trabalhista. Manter as escalas em segredo, de tal forma que nem os gerentes saibam como tal escala funciona. Criar e operar sistemas que permitam que as oportunidades de emprego e desenvolvimento de carreira estejam disponíveis a todos. Manter a avaliação de potencial como tarefa exclusiva da função de Recursos Humanos. Dar suporte às demais unidades da empresa prestadora de serviços ou funcionar como facilitador nos processos de administração de pessoas. Entender que a manutenção de um clima organizacional adequado é tarefa exclusiva de Recursos Humanos. Dar suporte às demais unidades da empresa no recrutamento e desenvolvimento de pessoas. Manter tudo que diga respeito a Recursos Humanos em um clima cheio de mistérios e segredos. Criar, propor e administrar instrumentos que possibilitem uma remuneração competitiva a todos os funcionários. Conservar a imagem de Recursos Humanos com um departamento fechado e à parte da organização. Buscar sempre a diversidade, com o objetivo principal de aumentar o capital intelectual, de modo a garantir a capacidade de atualização e inovação da empresa. Valorizarexcessivamente a área, em detrimento dos objetivos estratégicos da empresa. Ver as pessoas e a organização como seres espirituais e ajudá-las a dar o próximo passo em seu processo de desenvolvimento Fazer com que os custos de pessoal não digam respeito à área de Recursos Humanos, e sim a cada setor, respectivamente. Ter no treinamento a principal ferramenta para retenção do capital humano, e desenvolver novas competências para a atual era empresaria Oferecer treinamento para todos, de maneira indiscriminada. Dignificar o trabalho e o seu humano. Fonte: Ribeiro, 2006, p. 16 - 17 Quadro 2 - O velho papel de Recursos Humanos x O novo papel de Recursos Humanos Chiavenato (2008) cita alguns aspectos fundamentais da moderna Gestão de Pessoas, sendo: a) as pessoas como seres humanos. 24 b) as pessoas como ativadores de recursos organizacionais c) as pessoas como parceiros da organização d) as pessoas como talentos fornecedores de competências e) as pessoas como capital humano da organização 1.7.1 Objetivos da Gestão de Pessoas Chiavenato (2008) evidencia que as pessoas constituem o principal ativo da organização. Daí a necessidade de tornar as organizações mais conscientes e atentas para seus funcionários. As organizações bem-sucedidas estão percebendo que apenas podem crescer, prosperar e manter sua continuidade se forem capazes de otimizar o retorno sobre os investimentos de todos os parceiros. Principalmente, o dos empregados. E quando uma organização está voltada para as pessoas, a sua filosofia global e sua cultura organizacional passam refletir essa crença. A GP é a função que permite a colaboração eficaz das pessoas – empregados, funcionários, recursos humanos, talentos, ou qualquer denominação que seja utilizada – para alcançar os objetivos organizacionais e individuais. Os nomes – como departamento de pessoal, relações industriais, recursos humanos, desenvolvimento de talentos, capital humano ou capital intelectual – são utilizados para descrever a unidade, departamento ou equipe relacionada com a gestão das pessoas. Cada qual deles reflete uma maneira de lidar com as pessoas. O termo Administração de Recursos Humanos (ARH) ainda é o mais comum de todos eles. Administração de Recursos Humanos (ARH) é o conjunto de políticas e práticas necessárias para conduzir os aspectos da posição gerencial relacionados com as “pessoas” ou recursos humanos, incluindo recrutamento, seleção, treinamento, recompensas e avaliação do desempenho. (CHIAVENATO, 2008, p.9) As pessoas podem aumentar ou reduzir as forças e fraquezas de uma organização, dependendo da maneira como elas são tratadas. Elas podem ser a fonte de sucesso como podem ser a fonte de problemas. É melhor tratá-las como fonte de sucesso. Para que os objetivos da Gestão de Pessoas sejam 25 alcançados, é necessário que as pessoas sejam tratadas como elementos básicos para a eficácia organizacional. Segundo Chiavenato (2008), os objetivos da GP são: a) ajudar a organização a alcançar seus objetivos e realizar sua missão: a função da GP é um componente fundamental da organização de hoje. Não se pode imaginar a função de GP sem se conhecer o negócio de uma organização. Cada negócio tem diferentes implicações na GP. b) proporcionar competitividade à organização: isto significa saber criar, desenvolver e aplicar as habilidades e competências da força de trabalho. c) proporcionar à organização de pessoas bem treinadas e bem motivadas: preparar e capacitar continuamente as pessoas é o primeiro passo. O segundo é dar o reconhecimento às pessoas e não apenas dinheiro. Isso significa recompensar bons resultados e não recompensar pessoas que não se desempenham bem. Tornar objetivos claros e explicitar como são medidos e quais as decorrências do seu alcance. d) aumentar a auto-avaliação e a satisfação das pessoas no trabalho: para que sejam produtivas, as pessoas devem sentir que o trabalho é adequado às suas competências e que estão sendo tratadas equitativamente. Para elas, o trabalho é a maior fonte de identidade pessoal. As pessoas despendem a maior parte de suas vidas no trabalho, e isso requer uma estreita identidade com o trabalho que fazem. A felicidade na organização e a satisfação no trabalho são determinantes do sucesso organizacional. e) desenvolver e manter qualidade de vida no trabalho – (QVT): um programa de QVT procura estruturar o trabalho e o ambiente de trabalho no sentido de satisfazer a maioria das necessidades individuais das pessoas e tornar a organização um local desejável e atraente. A confiança das pessoas na organização também é fundamental para a retenção e a fixação de talentos. 26 f) administrar e impulsionar a mudança: nas últimas décadas, houve um período turbulento de mudanças sociais, tecnológicas, econômicas, culturais e políticas. Essas mudanças e tendências trazem novas abordagens, mais flexíveis e ágeis, que devem ser utilizadas para garantir a sobrevivência das organizações. E os profissionais de GP devem saber como lidar com mudanças se realmente querem contribuir para o sucesso de sua organização. São mudanças que se multiplicam exponencialmente e cujas soluções impõem novas estratégias, filosofias, programas, procedimentos e soluções. a GP está comprometida com as mudanças. g) manter políticas éticas e comportamento socialmente responsável: toda atividade de GP deve ser aberta, transparente, justa, confiável e ética. As pessoas não devem ser discriminadas, e os seus direitos básicos devem ser garantidos. A responsabilidade social não é uma exigência feita apenas às organizações, mas também e principalmente às pessoas que nelas trabalham. h) construir a melhor empresa e a melhor equipe: não basta mais cuidar somente das pessoas. Ao cuidar dos talentos, a GP precisa cuidar também do contexto onde eles trabalham. Isso envolve a organização do trabalho, a cultura corporativa e o estilo de gestão. ao lidar com essas variáveis, a GP conduz à criação não somente de uma força de trabalho fortemente engajada como também a uma nova e diferente empresa. 1.7.2 Os Processos de Gestão de Pessoas Chiavenato (2008), apresenta que no trabalho, cada administrador – seja ele um diretor, gerente, chefe ou supervisor – desempenha as quatro funções administrativas que constituem o processo administrativo, a saber: planejar, organizar, dirigir e controlar. A GP procura ajudar o administrador a desempenhar todas essas funções porque ele não realiza seu trabalho 27 sozinho, mas através das pessoas que formam sua equipe. É com sua equipe de subordinados que o administrador executa as tarefas e alcança metas e objetivos. Conforme Chiavenato, (2008) a GP refere-se às políticas e práticas necessárias para administrar o trabalho das pessoas, tais como: a) agregar talentos à organização; b) integrar e orientar talentos em uma cultura participativa, acolhedora e empreendedora; c) modelar o trabalho seja individual ou em equipe de maneira a torná- lo significativo, agradável e motivador; d) recompensar os talentos pelo excelente desempenho e pelo alcance de resultados como reforço positivo; e) avaliar o desempenho humano e melhorá-lo continuamente; f) comunicar, transmitir conhecimento e proporcionar retroação intensiva; g) treinar e desenvolver talentos para criar uma organização de aprendizagem; h) proporcionar excelentes condições de trabalho e melhorar a qualidade de vida no trabalho; i) manter excelentes relações com talentos, sindicatos e comunidade em geral; j) aumentar a competitividade dos talentos para incrementar o capital humano da organização e, conseqüentemente, o capital intelectual. k) incentivar o desenvolvimento organizacional. No fundo, tudo isso significa criar todas as condições para aumentar o capital humano,bem como do capital intelectual seja das pessoas ou da organização. Chiavenato(2008) define a GP como um conjunto integrado de processos dinâmicos e interativos ele ainda resume políticas e práticas em seis processos básicos que são: a) Processo de agregar pessoas. São os processos utilizados para incluir novas pessoas na empresa. Podem ser denominados processos de provisão ou de suprimento de pessoas. Incluem recrutamento e seleção de pessoas. 28 b) Processos de aplicar pessoas. São os processos utilizados para desenhar as atividades que as pessoas irão realizar na empresa, orientar e acompanhar seu desempenho. Incluem desenho organizacional e desenho de cargos, análise e descrição de cargos, orientação das pessoas e avaliação do desempenho. c) Processos de recompensar pessoas. São os processos utilizados para incentivas as pessoas e satisfazer suas necessidades individuais mais elevadas. Incluem recompensas, remuneração e benefícios e serviços sociais. d) Processos de desenvolver pessoas. São os processos utilizados para capacitar e incrementar o desenvolvimento profissional e pessoal das pessoas. Envolvem seu treinamento e desenvolvimento, gestão do conhecimento e gestão de competências, aprendizagem, programas de mudanças e desenvolvimento de carreiras e programas de comunicações e consonância. e) Processos de manter pessoas. São os processos utilizados para criar condições ambientais e psicológicas satisfatórias para as atividades das pessoas. Incluem administração da cultura organizacional, clima, disciplina, higiene, segurança e qualidade de vida e manutenção de relações sindicais. f) Processos de monitorar pessoas. São os processos utilizados para acompanhar e controlar as atividades das pessoas e verificar resultados. Incluem banco de dados e sistemas de informações gerenciais. Todos esses processos estão intimamente relacionados entre si, de tal maneira que se interpenetram e se influenciam reciprocamente. Cada processo tende a favorecer ou prejudicar os demais, quando bem ou mal utilizado. Um processo rudimentar de agregar pessoas pode exigir um intenso processo de desenvolver pessoas para compensar as suas falhas. Se o processo de recompensar pessoas é falho, ele pode exigir um intenso processo de manter pessoas. O equilíbrio na condução de todos esses processos é fundamental. (CHIAVENATO, 2008) 29 CAPÍTULO II RECRUTAMENTO E SELEÇÃO 2 ESCOLHENDO A EQUIPE A globalização aumentou a competitividade das empresas e a batalha para manter-se em pé e defender seu capital está cada vez mais acirrada, visto que o maior objetivo da organização é perpetuar seu capital. O avanço tecnológico colaborou com otimização dos processos e o fornecimento informações rápidas para as tomadas decisões. Contudo, sem o ser humano não é possível utilizar a tecnologia e as informações inseridas no mercado a cada dia nem alcançar com sucesso os objetivos da empresa. Assim, é indispensável um processo seletivo alinhado a estratégia da empresa para escolher a equipe que possua os valores compatíveis a cultura da mesma. São as pessoas que lidam com a tecnologia, criam e utilizam processos de trabalho, compõem a estrutura organizacional, fazem produtos e serviços e atendem os clientes. São elas que proporcionam produtividade, qualidade e competitividade para as organizações. Sem as pessoas, as organizações não funcionam. Sem as pessoas, não há dinâmica organizacional, nem resultados e nem sucesso. A competitividade organizacional depende das competências das pessoas. Elas proporcionam o capital humano da empresa (CHIAVENATO, 2008, p. 132). Considerando o mercado competitivo em que estão inseridas, as organizações têm o desafio de captar pessoas e investem cada vez mais em recrutamento e seleção. Araujo (2008) define que recrutamento e seleção são atividades consideradas pontos de partida para a ligação entre pessoas e empresas. Trata-se de uma forma de as empresas suprirem as suas necessidades de recursos humanos, para distinguir seus objetivos por intermédio de uma estrutura social realmente qualificada. Conforme Milkovich e Boudreau (2000), antes que o recrutamento possa começar, a organização precisa decidir a natureza das vagas para as funções e as qualificações necessárias para preenchê-las. O planejamento do emprego ajuda a identificar o número e o tipo de trabalhadores que serão precisos. A 30 análise de funções e tarefas ajuda a identificar os comportamentos e as características dos empregados requeridos para sua realização. Johnson assim se manifesta: Se você está em uma empresa global e precisa de gerentes globais certamente faz sentido ir às compras sempre que possível, mas tenha certeza de que você sabe quem quer colocar no seu carrinho. Um gerente importante de uma indústria também importante pode parecer uma boa alternativa, mas será que ele consegue se adaptar à atmosfera pesada e conservadora de uma indústria tradicional? Talvez o mais importante seja ter clareza sobre a tarefa que devem fazer e o espaço que terão para realizá-la. (JOHNSON, 2004 p.63) Assim, é indispensável um planejamento descrevendo os cargos e as competências desejadas, verificando as reais necessidades e como serão supridas e a partir daí tomar as decisões. Existem duas alternativas para fundamentar o processo seletivo: o cargo a ser preenchido ou as competências a serem capturadas. Assim, de um lado, o processo seletivo baseia-se em dados e informações sobre o cargo a ser preenchido ou, de outro lado, ocorre em função das competências desejadas pela organização. As exigências dependem desses dados e informações para que a seleção tenha maior objetividade e precisão para preencher o cargo ou agregar as competências. Se por um lado observa-se o cargo a ser preenchido ou as competências desejadas, o outro, observa-se candidatos profundamente diferentes, disputando a mesma posição e concorrendo entre si. Nesses termos, a seleção passa a ser configurada basicamente como um processo de comparação e de decisão. E isso ocorre dos dois lados: a organização compara e decide sobre as pretensões dos candidatos; estes comparam e decidem sobre as ofertas das organizações onde se candidatam. (CHIAVENATO, 2008) 2.1 Descrição de cargos Baseado em Chiavenato (2008) e Knapik (2006), a identificação das características e das exigências do cargo pode ser realizada por intermédio da descrição do cargo, da requisição de pessoa, técnicas dos incidentes críticos e da análise de cargo no mercado. 31 a) Descrição do cargo: formulário com o levantamento de todas as responsabilidades atribuídas ao cargo e as exigências que o cargo faz do seu ocupante, suas habilidades, competências e atitudes desejadas. Em posse dessas informações, o selecionador tem um norte no processo seletivo, conhece as especificações e as exigências do cargo. b) Requisição de pessoal: formulário de solicitação de pessoal que contém as principais informações necessárias para o selecionador iniciar o processo de pesquisa dos candidatos. Constitui uma ordem de serviço que o gerente emite para solicitar uma pessoa para ocupar um determinado cargo vacante. Quando não existe um programa de análise e descrição de cargos, a requisição de pessoal substitui a descrição do cargo. c) Técnicas dos incidentes críticos: consistem na observação direta do cargo, identificando os pontos críticos, as características que serão valorizadas ou indesejadas nos candidatos. Essa técnica visa a localizar as características desejáveis (que melhoram o desempenho) e as indesejáveis (que pioram o desempenho) que deverão ser investigadas no processo seletivo dos futuros candidatos ao cargo. Para a eficácia desse meio de identificação das características do cargo, é necessária a familiaridade do observador com o cargo, poisa avaliação é subjetiva e sujeita a erros. d) Análise do cargo no mercado: quando não existe o cargo na empresa, por se tratar de algum cargo novo ou cujo conteúdo esteja fortemente atrelado ao desenvolvimento tecnológico, ela lança mão da pesquisa de mercado nesses casos, utilizam-se a pesquisa e a análise de cargos comparáveis ou similares no mercado para colheita e obtenção de informações a respeito. O cargo comparado chama-se cargo representativo ou cargo de referência (benchmark job). Modernamente, as empresas estão fazendo benchmarking, isto é, comparando os seus cargos com a estrutura dos cargos das empresas bem-sucedidas no mercado, no sentido de desenhá-los melhor e adequá-los às novas demandas do mercado. 32 Com as informações a respeito do cargo a ser preenchido, o processo seletivo tem sua base de referência estabelecida. A partir dessas informações, o processo de seleção tem condições de convertê-las para sua linguagem de trabalho. As informações sobre o cargo e o perfil desejado do ocupante são transferidas para uma ficha de especificações do cargo ou ficha profissiográfica, que deve conter os atributos psicológicos e físicos necessários ao desempenho do ocupante no cargo considerado. A partir dela, podem-se estabelecer quais as técnicas de seleção mais adequadas para pesquisar tais atributos psicológicos e físicos que o cargo impõe ao seu futuro ocupante. (CHIAVENATO, 2008) 2.2 Mapeamento de competências A empresa precisa ter claros e definidos os objetivos organizacionais, sua missão, sua visão e seus valores para mapear as competências necessárias para conduzir seus colaboradores na atividade da organização. Scott B. Parry define competências como: Um agrupamento de conhecimentos, habilidades e atitudes correlacionadas, que afeta parte considerável da atividade de alguém, que se relaciona com seu desempenho, que pode ser medido segundo padrões preestabelecidos, e que pode ser melhorado por meio de treinamento e desenvolvimento. (PARRY apud LEME, 2007, p.20) Uma competência pode ser observada no dia-a-dia e no trabalho e também pode ser desdobrada em três blocos: HABILIDADES CONHECIMENTOS ATITUDES Capacidade de colocar seus conhecimentos em ação para gerar resultados, domínios de técnicas, talentos, capacidades – SABER FAZER Informações, fatos, procedimentos e conceitos – SABER Valores, princípios, comportamentos, pontos de vista, opiniões e percepções, atos pessoais – QUERER Fonte: Gramigna, 2007, p.50 Quadro 3: Blocos de indicadores de competências 33 O Conhecimento é o saber, é o que se aprende nas escolas, universidades, nos livros, no trabalho, na escola da vida. A Habilidade é o saber fazer, é tudo o que se utiliza do conhecimento no dia-a-dia. A Atitude é o que leva a exercitar a habilidade de um determinado conhecimento, é o querer fazer. Para Chiavenato (2008), uma competência constitui um repertório de comportamentos capazes de integrar, mobilizar, transferir conhecimentos, habilidades, julgamentos e atitudes que agregam valor econômico à organização e valor social à pessoa. Em cada indivíduo, a competência é construída a partir de suas características inatas e adquiridas. Ainda conforme Chiavenato (2008), as competências podem ser hierarquizadas da seguinte maneira: a) competências essenciais da organização (core competences). são as competências distintivas que toda organização precisa construir e possuir para manter sua vantagem competitiva sobre as demais; b) competências funcionais. são as competências que cada unidade organizacional ou departamento deve construir e possuir para servir de base às competências essenciais da organização. assim, cada uma das diversas áreas da organização – marketing, produção/operações, finanças, RH, tecnologia – precisa construir competências próprias de sua especialização; c) competências gerenciais. são as competências que cada gerente ou executivo precisa construir e possuir para atuar como gestor de pessoas; d) competências individuais. são as competências que cada pessoa deve construir e possuir para atuar na organização ou em suas unidades. O processo seletivo tem como foco a aquisição de competências individuais indispensáveis para o sucesso organizacional e não somente preencher cargos vagos e disponíveis na organização. Atualmente, as empresas têm o processo seletivo como um mecanismo eficiente para aumentar seu capital humano. (CHIAVENATO, 2008). 34 2.3 Recrutamento Recrutamento consiste num processo que visa atrair candidatos potencialmente qualificados e capazes de ocupar cargos dentro da organização. (GIL, 2008) Chiavenato (2008) define recrutamento como um processo pelo qual a organização atrai candidatos no Mercado de Recursos Humanos - MRH para abastecer seu processo seletivo. Na verdade, o recrutamento funciona como um processo de comunicação: a organização divulga e oferece oportunidades de trabalho ao MRH. O recrutamento – tal como ocorre com o processo de comunicação – é um processo de duas mãos: ele comunica e divulga oportunidades de emprego, ao mesmo tempo em que atrai os candidatos para o processo seletivo. Se o recrutamento apenas comunica e divulga, ele não atinge seus objetivos básicos. O fundamental é que atraia e traga candidatos para serem selecionados. (CHIAVENATO, 2008) O recrutamento pode estar focalizado na busca de candidatos para preencher cargos vagos na organização e manter inalterado o status quo. Ou pode estar concentrado na aquisição de competências necessárias ao sucesso organizacional para aumentar a competitividade no negocio. Quando o recrutamento está baseado na atração de candidatos para preencher cargos vagos e disponíveis, vale a pena adicionar a preocupação em atrair também competências necessárias ao sucesso da organização. (CHIAVENATO, 2008) O recrutamento pode ser interno ou externo. Contribuem para a formação e contínua atualização do banco de talentos que servirá de fonte para os recrutamentos futuros. 2.3.1 Recrutamento Interno Segundo Chiavenato (2008), o recrutamento interno atua sobre os candidatos que estão trabalhando dentro da organização através de oferta de 35 promoções (cargos mais elevados e, portanto, mais complexos, mas dentro da mesma área de atividade da pessoa) e de transferências (cargos do mesmo nível, mas que envolvam outras habilidades e conhecimentos da pessoa e situados em outra área de atividade na organização, buscando melhor aproveitar as competências internas e assim, motivando também seus colaboradores a uma melhoria contínua. Trata-se de uma técnica de remanejamento, visto que valoriza e desenvolve o potencial dos colaboradores da empresa. 2.3.1.1 Vantagens De acordo com Lacombe (2005) o aproveitamento do pessoal da empresa tem as seguintes vantagens: a) motiva todos os empregados, sinalizando a disposição de se promover a prata da casa e de se criar perspectivas de carreira; b) no longo prazo, facilita o recrutamento de pessoas mais qualificadas; c) costuma ser mais rápido pois as pessoas estão disponíveis e as vagas são preenchidas mais depressa; d) o custo da admissão é praticamente nulo; e) se houver uma boa avaliação dos candidatos, a probabilidade de acerto tende a ser maior, uma vez que eles já estão na empresa e são conhecidos; f) aproveita melhor o treinamento do pessoal; g) diminui a probabilidade de rejeição pelos colegas. 2.3.1.2 Desvantagens Segundo Chiavenato (2008) as desvantagens do recrutamento interno são: 36 a) Pode bloquear a entrada de novas idéias, experiências e expectativas; b) Facilita o conservantismo e favorece a rotina atual; c) Mantém quase inalterado o atual patrimônio humano da organização; d) Ideal para empresas burocráticas e mecanísticas; e) Mantéme conserva a cultura organizacional existente; f) Funciona como um sistema fechado de reciclagem contínua. 2.3.2 Recrutamento Externo O recrutamento externo atua sobre candidatos que estão no MRH, portanto fora a organização, para submetê-los ao seu processo de seleção de pessoal para que funcione bem a empresa precisa abordar o mercado de maneira precisa e eficaz, no sentido de alcançar e atrair os candidatos que deseja buscar. Conforme Chiavenato (2008), o recrutamento externo aborda um enorme contingente de candidatos que estão espalhados pelo MRH. Seu âmbito de atuação é imenso e seus sinais nem sempre são recebidos pelos candidatos. Por essa razão, o recrutamento externo utiliza várias e diferentes técnicas para influenciar e atrair candidatos. Trata-se de escolher os meios mais adequados para ir até o candidato desejado – onde quer que ele esteja – e atraí-lo para a organização. Lacombe (2005), enfatiza que o recrutamento externo traz pessoas com novas experiências e percepções, e também novos conhecimentos, que podem colaborar para aperfeiçoar os procedimentos da empresa e para sensibilizar a administração para o ambiente externo e o mercado. O processo de recrutamento inicia com o candidato preenchendo a sua proposta de emprego ou apresentando seu curriculum vitae à organização. A proposta de emprego é um formulário que o candidato preenche, anotando os seus dados pessoais, escolaridade, experiência profissional, conhecimentos, endereço e telefone para contatos. O curriculum vitae (CV) assume enorme 37 importância no recrutamento externo. Funciona como um catálogo, currículo ou portfólio do candidato. (CHIAVENATO, 2008) 2.3.2.1 Técnicas de Recrutamento Externo Segundo Knapik (2006), o recrutamento externo é realizado por intermédio de diferentes técnicas, dependendo da exigência de qualificação, do nível hierárquico e das especificações do cargo. Antes da divulgação da vaga, é preciso analisar o cargo e identificar os meios mais viáveis para atrair os candidatos certos para o processo seletivo. Pode ocorrer também de algumas vagas estrategicamente serem divulgadas, sem se identificar a empresa que está contratando. Nesse caso, a escolha das técnicas de recrutamento deve respeitar essa condição de sigilo. Conforme Knapik (2006), os métodos de recrutamento externo são bem variados, a seguir estão descritos alguns mais utilizados: a) Recrutamento virtual: é feito por meios eletrônicos e a distância através da internet. Muitas empresas mantêm um espaço, no site, reservado para divulgação das vagas disponíveis, oferecendo um campo de cadastro para as pessoas que têm interesse em candidatar-se a vaga. A internet veio revolucionar o processo de recrutamento. Conforme Chiavenato: Seu valor reside no imediatismo e na facilidade de interagir digitalmente com candidatos potenciais. Ela traz facilidades tanto às empresas quanto aos candidatos. Os candidatos podem entrar em contato diretamente com sites de empresas ou de agências de recrutamento sem necessidade de sair de suas casas. A facilidade e a simplicidade são enormes. A internet oferece às empresas uma plataforma que permite a comunicação por e-mail pronta e rápida, dispensando qualquer forma de intermediação (CHIAVENATO, 2008, p.123-124). Segundo Knapik (2006), as pesquisas na internet vêm desbancando outras fontes que já foram as mais eficazes, como anúncios em jornais. O Brasil tem bons sites (como exemplo a CATHO e CIEE), os quais possuem ótimos candidatos cadastrados, não só nos níveis operacionais, mas 38 principalmente profissionais para ocupar cargos administrativos, analistas, engenheiros e até candidatos a cargos de alta gerência e diretoria. b) Meios de comunicação (jornais, revistas especializadas): trata-se de uma fonte que obtêm um bom resultado na divulgação de vagas em cargos relativos a todos os níveis hierárquicos da empresa. Existem alguns jornais específicos, especializados em ofertas de emprego. Algumas oportunidades de gerência ou estratégicas também podem ser divulgadas em revistas especializadas e de gestão. O anúncio pode ser aberto ou fechado, ou seja, pode conter ou não o nome da instituição contratante. Deve ser claro, preciso, mencionar os requisitos exigidos pela vaga e conter uma breve apresentação da empresa. Segundo Chiavenato (2008), especialistas em propaganda salientam que o anúncio deve possuir quatro características, representadas pelas letras AIDA. A primeira é chamar a atenção. A segunda é desenvolver o interesse. A terceira é criar o desejo através do aumento do interesse, ao mencionar aspectos como satisfação no trabalho, desenvolvimento de carreira, participação nos resultados e outras vantagens. Por fim, a ação. c) Consultoria em gestão de pessoas: as empresas de consultoria em gestão de pessoas tem se especializado em intermediar os processos de captação de talentos, exercendo um grande apoio para as organizações. A terceirização dos processos de seleção tem aumentado nos últimos anos, a área de gestão de pessoas tem estado mais ocupada com atividades de planejamento, enquanto as consultorias executam as funções mais operacionais do processo de recrutamento e seleção. Conforme Knapik (2006), todos os cargos podem ser selecionados pelas consultorias de RH, as quais podem ser divididas em dois tipos: Consultorias focadas na seleção de profissionais: não têm custo para o candidato, o cliente é a empresa contratante, e o objetivo consiste em encontrar o profissional que atenda às necessidades da empresa. Consultorias de recolocação de profissionais: têm um custo para o candidato, o cliente é o profissional que está procurando um 39 emprego, e o objetivo da consultoria é a recolocação do candidato no mercado de trabalho. Chiavenato (2008) defende que as agências de recrutamento são eficazes em situações como: a organização não possui um órgão de RH e não está preparada para recrutar ou selecionar pessoas de um certo nível; há necessidade de atrair um grande número de candidatos qualificados e a organização não sente capaz disso; o esforço de recrutamento visa alcançar pessoas que estão atualmente empregadas e que não se sentem confortáveis em lidar diretamente com empresas concorrentes; o preenchimento do cargo é confidencial e não pode ser divulgado ao mercado ou internamente. A utilização de agências requer os seguintes cuidados: dar à agência uma descrição completa e acurada do cargo a preencher. a agência precisa compreender exatamente o cargo a ser preenchido para proporcionar um conjunto adequado de candidatos; especificar à agência quais as ferramentas a utilizar na seleção dos candidatos potenciais, como formulários de emprego, testes e entrevistas, como parte do processo seletivo e os aspectos relevantes para o cargo; proporcionar retroação adequada à agência, ou seja, quais os candidatos rejeitados e qual a razão da rejeição; d) headhunters: técnica bastante semelhante à assessoria, já que existirá uma pessoa contratada para recrutar. no entanto, na sua essência é muito diferente, visto que não se trata apenas de recrutar, mas também recrutar os melhores do mercado, mesmo que estes estejam trabalhando em empresas concorrentes. Funciona como agências de recrutamento para altos executivos que entrevistam e pré-selecionam os candidatos a posições mais elevadas.O fato que enquanto a mão-de-obra não qualificada tende a ser terceirizada pelas grandes empresas, a mão-de-obra especializada é formada internamente ou contratada em empresas cuja atividade-fim seja fornecer profissionais desse nível (headhunters) (TACHIZAWA; FERREIRA; FORTUNA, 2001 apud ARAUJO, 2008, p.22). 40 Araujo (2008), explica que: headhunters, pela sua tradução literal, como caçadores de cabeças; em tradução livre, teríamoscaça-talentos. Assim contratam-se empresas ou pessoas que sejam capazes de buscar os melhores profissionais do mercado para trabalharem com a organização que os contratou. E as organizações sabem que os caçadores de talentos tentarão ainda vantagens adicionais para o talento que oferecem ao contratante. e) Divulgação em universidades, centros de integração de estagiários: é uma fonte de recrutamento utilizada principalmente para contratação de estagiários e profissionais para ocupar cargos técnicos, tem um baixo custo e é uma porta aberta para os jovens universitários ingressarem no mundo do trabalho. Conforme Araujo: Vinculando-se a outras instituições, associações, agremiações, cooperativas e/ou sindicatos: estas interligações possibilitam “acesso direto às fontes de captação de pessoas, programas de trainees, projetos científicos junto com entidades educacionais ou associações profissionais, suporte ou realização de congressos profissionais entre outros.” (ARAUJO, 2008, p24). f) cartazes: constituem um meio de recrutamento de baixo custo e são mais adequados para cargos operacionais ou específicos. No caso de motoristas carreteiros, por exemplo, um cartaz, fixado em postos de abastecimento de diesel ou em postos, pode atrair os candidatos certos para o processo de seleção. (KNAPIK, 2006) g) indicação de funcionários: Knapik (2006) explana que esta fonte também tem um baixo custo de operacionalização, e nesse caso, constitui-se num processo geralmente rápido e com um forte envolvimento dos funcionários. Dependendo de como o processo é desenvolvido, o funcionário sente-se um importante co-responsável pela admissão do candidato além de indicar quem considera capaz para o cargo já que pode ficar com uma imagem ruim na empresa pela indicação se a pessoa não se adaptar as normas ou tiver competência duvidosa. De certa forma, a organização delega aos seus funcionários boa parte da continuidade da sua organização informal. h) networking: a rede de contatos tem demonstrado sua eficácia, e a velocidade das informações via internet contribui para a rápida 41 divulgação das oportunidades de trabalho. Essa fonte obtém melhores resultados para os cargos de nível administrativo, para técnicos, especialistas e posições de gerência. (KNAPIK, 2006) i) banco de dados: pode ser físico ou informatizado. Hoje a informática disponibiliza sofwares de recrutamento que dispensam as pastas de arquivamento físico de currículos e tornam mais ágeis os processos de seleção. É comum as empresas serem procuradas por bons profissionais e não terem vagas disponíveis. Preservar esses currículos minimiza custos e dinamiza futuros processos seletivos. (KNAPIK, 2006) 2.3.2.2 Avaliação dos Resultados do Recrutamento Lacombe (2005), cita que o recrutamento abrange o conjunto de práticas e processos usados para atrair candidatos para as vagas existentes ou potenciais e deve proporcionar resultados para ambas as partes. Portanto, a avaliação dos resultados é importante para aferir se o recrutamento está realmente cumprindo a sua função e a que custo. O recrutamento não sai barato, custa tempo e dinheiro, porém compensa. Seu retorno ultrapassa de longe qualquer investimento neste sentido. Recrutar pessoas passou a ser estratégico para as organizações. Atrair talento é fundamental para o sucesso organizacional, seja no longo ou no curto prazo. (CHIAVENATO, 2008) Conforme Chiavenato (2008), o recrutamento externo tem suas vantagens e desvantagens. 2.3.2.3 Vantagens De acordo com Chiavenato (2008) as vantagens do recrutamento externo: 42 a) introduz sangue novo na organização: talentos, habilidades e expectativas; b) enriquece o patrimônio humano, pelo aporte de novos talentos e habilidades; c) aumenta o capital intelectual ao incluir novos conhecimentos e destrezas; d) renova a cultura organizacional e a enriquece com novas aspirações; e) incentiva a interação da organização com o mercado de recursos humanos; f) indicado para enriquecer mais intensa e rapidamente o capital intelectual. 2.3.2.4 Desvantagens Segundo Chiavenato (2008), as desvantagens do recrutamento externo são: a) afeta negativamente a motivação dos atuais funcionários da organização; b) reduz a fidelidade dos funcionários ao oferecer oportunidades a estranhos; c) requer aplicação de técnicas seletivas para escolha dos candidatos externos. isso significa custos operacionais; d) exige esquemas de socialização organizacional para os novos funcionários; e) é mais custoso, oneroso, demorado e inseguro que o recrutamento interno. 2.4 Seleção de Pessoas 43 Seleção é escolher e classificar os candidatos mais adequados às necessidades do cargo e as estratégias da organização. Processo pelo qual a organização utiliza certas estratégias para filtrar e identificar os candidatos que reúnem as qualificações e as competências exigidas para ocupar o cargo oferecido pela empresa em um determinado momento. O processo de seleção deve levar em consideração o perfil profissional exigido pelo cargo e o capital intelectual que deve ser preservado ou aumentado. (KNAPIK, 2006) A seleção, diz Chiavenato (2008), é um processo de comparação. O sucesso da seleção de pessoas consiste na habilidade do profissional em comparar as necessidades e as características comportamentais e culturais da empresa com as apresentadas pelo candidato, sendo, portanto, um processo de comparação. O processo seletivo tem como base as informações oferecidas pelo cargo e inicia, então, seu processo de comparação com os candidatos que se apresentarem para a vaga. 2.4.1 Ferramentas ou estratégias de seleção A seleção de pessoal é constituída por uma série de etapas, e cada fase desse processo fornece uma série de informações sobre as pessoas. Ao passo que os candidatos que vão sendo bem-sucedidos vão avançando no programa de seleção. Para assegurar bons resultados no processo, é importante utilizar mais de uma ferramenta de seleção. A escolha das técnicas de seleção deve obedecer às especificações e à natureza do cargo visando os objetivos estratégicos da atividade da empresa. Knapik (2006), explica que ferramentas de seleção são técnicas utilizadas para observar e analisar os candidatos que participam do processo de seleção e comparar com os requisitos exigidos pelo cargo. Devem ter um caráter prognóstico, identificando traços pessoais que podem prever o comportamento futuro do candidato como funcionário da empresa. As técnicas mais utilizadas estão descritas abaixo: 44 2.4.1.1 Entrevistas de seleção É a técnica mais utilizada em processos de seleção. O entrevistador procura conhecer o candidato, pesquisa seus conhecimentos e suas habilidades e aplica determinados estímulos para ver as reações e os indícios do estilo comportamental do candidato, permitindo um contato direto com ele. Knapik (2006) classifica a entrevista da seguinte maneira: a) Quanto à direção: Diretiva: a entrevista tem o objetivo de induzir as respostas desejadas, identificar pontos de vista, conceitos e interesses. Exige habilidade do entrevistador para saber formular as perguntas e suscitar as respostas. Não diretiva: a entrevista não segue nenhum padrão e não busca respostas específicas, visa mais à exploração. b) Quanto ao formato: Padronizada: a entrevista segue um roteiro de perguntas já elaboradas com base nas informações que se deseja obter do candidato. Não padronizada: a estrutura da entrevista não segue nenhum roteiro ou padrão estabelecido previamente, pode ser diretiva, e as questões são formuladas no momento da entrevista. Tradicional: o entrevistador geralmente formula questões mais abertas e gerais, relacionadas às expectativas de futuro, à trajetória profissional,
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