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Historia e antropologia da Nutrição Aula 3 - 13 páginas

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Disciplina: História e antropologia da nutrição
Aula 3: Mitos, tabus e crenças
Apresentação
Partindo da ideia de que a alimentação pode ser percebida a partir de in�uências simbólicas, nesta aula, distinguiremos
mitos, tabus e crenças, como construções histórico-sociológicas que in�uenciam nos hábitos alimentares.
Procuramos, primeiramente, explicar o que são mitos. Depois apresentamos subsídios para perceber diferentes tabus
alimentares. Além de reconhecer os limites entre as crenças e a ciência nutricional. Para isso, discutiremos a diferença entre
pensamento crítico e senso comum.
Também apresentamos o Guia alimentar para a população brasileira, do Ministério da Saúde, e destacaremos como ele
pode ser um instrumento e�caz para auxiliar os nutricionistas no estabelecimento de diretrizes para uma educação alimentar
e nutricional sustentável e saudável.
Objetivos
Explicar como mitos, crenças e tabus alimentares são historicamente construídos;
Discriminar perspectiva crítica de perspectiva do senso comum;
Identi�car a importância e aplicabilidade do Guia alimentar para a população brasileira.
Saber popular × saber cienti�co
Quase todos nós já ouvimos alguma história, lenda urbana, sobre alimentos que são bons por um motivo ou fazem mal por outro.
Isso acontece porque, paralelamente ao aos saberes considerados cientí�cos, existem os saberes populares.

Mas qual a diferença entre eles?
Saberes populares são aqueles que nascem, se consolidam e se propagam
em meio à população, não tendo nenhuma validade cientí�ca, método ou
teoria comprovada.
Atenção
Ao contrário disso, um saber é considerado cientí�co quando é formado a partir de uma teoria ou hipótese, validado por meio de
métodos reconhecidos pelo campo cientí�co, comprovado ou demonstrado empiricamente.
Durante muito tempo, acreditou-se que o saber cientí�co era o único saber verdadeiro, bom e con�ável, ao passo que os saberes
populares eram vistos como errôneos, falsos e propensos a ine�cácias ou problemas.
Há pessoas ainda hoje que defendem isso. Contudo, esse pensamento mais rígido sobre os saberes que circulam no mundo vem,
cada vez mais, se �exibilizando. Segundo o pesquisador Simon Schwartzman uma das principais contribuições das Ciências
Sociais para a construção moderna do conhecimento é o rompimento com a diferenciação rígida que sempre existiu entre o
“conhecimento verdadeiro”, também chamado de cientí�co, e o conhecimento popular, não cientí�co.
Por muito tempo, o primeiro era visto como verdade e o segundo como algo errado, pouco con�ável. Hoje já sabemos que nem o
conhecimento cientí�co é totalmente livre de erros e inverdades, nem o conhecimento popular está sempre totalmente errado.
(Schwartzman, 1998, p. 1).
Claro que precisamos encontrar a justa medida dessa relação, uma vez que não podemos crer que os saberes cientí�cos são
fonte única e exclusiva de verdade, pois a força cotidiana de aplicação dos saberes populares é uma realidade em grande parte de
nosso país. Tampouco podemos romantizar os saberes populares em detrimento dos saberes cientí�cos, como se estes fossem
a verdadeira e original fonte de verdade e solução dos problemas.
Dica
É fundamental encontrarmos um meio termo. Um exemplo dos perigos de não chegarmos a esse meio termo pode ser visto no
retorno de doenças erradicadas no Brasil há alguns anos, graças às ações e campanhas de vacina do Ministério da saúde, por
conta da disseminação de crenças e saberes populares que questionam os efeitos e validades da vacinação.
Diversos fatores atuam na propagação dessas crenças e mitos. Atualmente, a Internet tem sido um espaço que, ao mesmo
tempo em que permite a democratização do acesso a informações de validade cientí�ca, mostra-se como um espaço de
Senso comum e pensamento crítico
Mas o que seria exatamente cada um deles?
De modo simpli�cado, podemos dizer que senso comum é o conjunto de saberes, crenças e verdades que nasce, se renova e se
constitui como fonte de explicação para diversos fenômenos da sociedade, formado pela própria sociedade e para esta, sem
validade cientí�ca. A pesquisadora Ediara Rios nos traz uma boa de�nição de senso comum.
propagação massiva de notícias falsas, que alimentam essas crenças prejudiciais.
Entretanto, quando falamos que essas crenças são historicamente construídas, isso signi�ca que existe uma relação histórico-
cultural na formação e propagação das crenças.
 (Fonte: Folha de São Paulo
<https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2018/08/motivo-de-alerta-hoje-resistencia-a-
vacina-gerou-mortes-e-revolta-em-1904.shtml> ).
Usando ainda a questão da vacinação como exemplo, em
1904, ocorreu, no Rio de Janeiro, a Revolta da Vacina, que
entre outros motivos socioeconômicos, foi motivada pelo
con�ito entre o saber cientí�co, que determinou a vacinação
obrigatória contra febre amarela, a �m de combater a doença
epidêmica no país, contra o saber popular, que disseminava a
crença de que a vacina seria uma política do governo de
extermínio aos pobres, ao inocular o vírus da doença no corpo
das pessoas.
Mais do que olhar para crenças como ignorâncias, é preciso sensibilidade para compreender e lidar com elas, procurando
minimizar os con�itos e atender às demandas e necessidades, em nosso caso, nutricionais e alimentares da população brasileira.
A Antropologia tem uma maneira de diferenciar a construção ideológica desses saberes
chamando-os de senso comum e pensamento crítico.

https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2018/08/motivo-de-alerta-hoje-resistencia-a-vacina-gerou-mortes-e-revolta-em-1904.shtml

(...) um conjunto de informatizações não sistematizadas que aprendemos por processos
formais, informais e, às vezes inconscientes, e que inclui um conjunto de valorações.
Essas informações são, no mais das vezes, fragmentárias e podem incluir fatos históricos
verdadeiros, doutrinas religiosas, lendas ou partes delas, princípios ideológicos às vezes
conflitantes, informações científicas popularizadas pelos meios de comunicação de
massa, bem como a experiência pessoal acumulada. Quando emitimos opiniões,
lançamos mão desse estoque de coisas da maneira que nos parece mais apropriada para
justificar e tornar os argumentos aceitáveis.
Fonte: RIOS, 2007, p.503.
Em oposição ao senso comum, a Antropologia chama de pensamento crítico aquilo que seria a re�exão crítica sobre o senso
comum. Ao invés de utilizar argumentos prontos, advindo desses saberes do senso comum, há questionamento, re�exão, e
pesquisas para obter respostas cientí�cas para os problemas cotidianos.
Como dizia o �lósofo Decartes, “Penso, logo existo”. Todavia, o objetivo dessa disciplina não é defender saberes populares,
valorizar o senso comum, denegrir o pensamento cientí�co, nada disso. Procuramos iluminar esses diferentes conceitos para
ampliar seu conhecimento e perspectiva sobre a sociedade. Essa é uma das funções do diálogo entre as Ciências Sociais e
Biológicas.
Atenção
O importante mesmo é que o saber cientí�co, esse que você adquire ao cursar Nutrição em uma faculdade, deve ser traduzido de
forma clara à sociedade. Esse é ponto fundamental, como defende Rios.

O saber científico deve-se fazer entendido pelo saber popular. A ciência adota uma
taxinomia muitas vezes impronunciável pelo senso comum, tornando complicada a
compreensão desse tipo de linguagem pelos leigos e, em consequência, dificultando a
comunicação entre os dois saberes. É ideal que se busquem estratégias de forma a
viabilizar a comunicação entre profissionais da saúde e as comunidades envolvidas nas
ações de saúde. Cremos que a criação de metáforas simplifique os termos existentes ou
traduza-os, quando necessário, para a linguagem nativa, a fim de que a comunidade
trabalhada seja beneficiada com o avanço científico e com os conhecimentos
relacionados à saúde.
Fonte: RIOS, 2007, p.502.
Já sabemos que mitos , crenças e tabus são socialmente construídos e compõem os saberes populares do senso comum.1 2
http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0065/aula3.html
http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0065/aula3.html
Mas qual é a diferença entre eles?
Começando pelos mitos, que é uma palavra que apesar de
estar na moda, remonta a sociedade antigas.
Mito era como os pesquisadores de�niam as construções
narrativas criadas pelas sociedades da Antiguidade Histórica,
algumas dessas sociedades, como os gregos, romanos e
egípcios, tiveram uma quantidade tão grande de mitos
reunidos, que historiadores chamam esses conjuntos de mitos
de mitologia.
Praticamente todas as sociedades possuem mitos para
explicação das coisas. Esses mitos são também uma forma
de explicar fenômenos do presente a partir de narrativas de
tempos primordiais, como nos mostra Marcelo da Cruz.
 (Fonte: LaInspiratriz / Shutterstock).

Os mitos são definidos como uma explicação dos fatos atuais através de acontecimentos
primordiais, que se encontram sempre presentes, sendo que, pelo rito, se faz a ligação
do atual ao primordial. Deste modo, os mitos, ao se referirem aos acontecimentos
primordiais, estão nos trazendo uma explicação do atual, pois esses acontecimentos
ocorreram em determinados espaços e tempos sagrados. Essa referência a um contexto
transcendente valida o espaço e o tempo profanos, dando sentido à cotidianidade.
Fonte: DA CRUZ, 2007, p. 2.
Leia mais
Por último, tabus alimentares são restrições e proibições alimentares que dialogam com diferentes saberes de uma determinada
sociedade. Geralmente, eles estão associados a alguma dimensão sagrada, um conjunto dogmático religioso ou mítico. Esses
complexos de saberes e crenças ditam o que não faz bem, para quem e porque, con�gurando-se que, assim, um alimento que se
torna um tabu para esse indivíduo.
Esse tabu pode ter relação com os seguintes aspectos:
http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0065/aula3.html
Ciclos da natureza humana, como
a menstruação feminina, a
puberdade masculina, a gravidez
etc;
Fenômenos da natureza, em dias
de chuva forte ou sol intenso;
Períodos do ano, dias especí�cos,
como, por exemplo, não comer
carne na semana Santa para
católicos, ou não consumir
produtos que levem dendê em sua
preparação para alguns adeptos
de religiões de matrizes africanas,
ou não comer carne bovina para
os indianos hinduístas.
A pesquisadora Monique Augras trata no livro O que é tabu sobre a origem dessa palavra, que, segundo ela, deriva de tapu, palavra
utilizada pelo navegante inglês James Cook (1728-1779) no registro de sua última viagem à Oceania, na qual pesquisou os
nativos das Ilhas de Tonga.
Os nativos da ilha usavam a palavra tapu para designar aquilo que era, ao mesmo tempo, proibido e sagrado. Eles usavam a
palavra tanto para apontar o que era sagrado ou proibido, mas também para os mecanismos estruturados para lidar com essas
coisas. (AUGRAS, 1989, P.13-14)
Fato é que esses tabus possuem sentido simbólico para algumas sociedades e para
determinados grupos sociais. Nesse sentido, não podemos julgar ou olhar para esses
tabus de forma desconectada em relação ao contexto que os signi�ca.
Atenção
É importante entender os signos que dão o sentido simbólico aos tabus alimentares pois muitas vezes dão corpo à dieta
alimentar de restrições alimentares de algumas pessoas. Entretanto falaremos mais profundamente sobre tabus alimentares em
nossa quinta aula, quando falaremos sobre alimentação e religiosidade.
Guia alimentar para a população brasileira
Se ainda estiver difícil materializar a aplicação prática desses conhecimentos na dimensão da Nutrição, apresento agora uma
ferramenta cienti�camente validada e e�caz no auxílio a promoção de hábitos alimentares saudáveis e sensíveis à pluralidade de
saberes da construção cultural brasileira.
 (Fonte: Biblioteca Virtual em Saúde
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf>
/ MINISTÉRIO DA SAÚDE).
Este instrumento é o Guia Alimentar para a população
brasileira. Um dos primeiros pontos que devemos enaltecer no
guia é sua abordagem multidisciplinar, como destacam as
nutricionistas Elisabetta Recine e Ana Beatriz Vasconcellos,
pois a própria ideia do que seria promover uma alimentação
saudável é pensada a partir de um diálogo da interação entre
biológico e sociocultural.
Além disso, a redação do Guia se apresenta como um instrumento multifocal voltado para famílias, pro�ssionais de saúde,
gestores e formuladores de políticas públicas, como também para o setor produtivo de alimentos, expondo as responsabilidades
de cada um desses atores sociais, bem como caminhos possíveis de atuação destes no sentido da promoção de uma
alimentação saudável. (RECINE, 2011, p.75)
A partir dessa prerrogativa multidisciplinar, o guia traça caminhos de orientação para uma alimentação saudável, com o diálogo
entre os aspectos biológico e sociocultural, respeitando as características regionais dos hábitos alimentares brasileiros. De
acordo com o próprio Guia:

(...) alimentos específicos, preparações culinárias, resultam da combinação e preparo
desses alimentos e modos de comer particulares constituem parte importante da cultura
de uma sociedade e, como tal, estão fortemente relacionados com a identidade e o
sentimento de pertencimento social das pessoas, com a sensação de autonomia, com o
prazer propiciado pela alimentação e, consequentemente, com o seu estado de bem-
estar.
Por olhar de forma abrangente a alimentação e sua relação
com a saúde e o bem-estar, as recomendações deste guia
levam em conta nutrientes, alimentos, combinações de
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf
alimentos, preparações culinárias e as dimensões culturais e
sociais das práticas alimentares.
Para �nalizar esta aula, depois de todas as explanações
apresentadas, acreditamos que esse material possa ser um
ponto de partida para a re�exão crítica de valores que todos
nós trazemos do senso comum, para que a Nutrição e você,
como futuro pro�ssional desse campo, possa, cada vez mais,
assumir um olhar amplo e de diálogo multidisciplinar em
relação à alimentação humana.
 (Fonte: ARTvektor / Shutterstock).
Atividade
1. Mitos, tabus e crenças são elementos que fazem parte de praticamente todas as sociedades humanas ao longo de diferentes
gerações. O tempo pode conferir a eles algumas mudanças, principalmente por se tratarem de tradições de transmissão oral,
mas, no geral, eles remontam ou conversam com tempos anteriores ao momento em que estão sendo utilizados por alguém.
Neste sentido, podemos dizer que eles são historicamente construídos? Por que?
2. Vimos em nossa aula, que apesar das semelhanças, mitos, crenças e tabus alimentares são coisas diferentes. Diferencie e
explique cada um deles.
3. A charge mostra como, algumas vezes, é mais fácil aceitar o pensamento do senso comum do que questionar e pensar
criticamente.
Com base no que vimos na aula, de�na e diferencie senso comum de pensamento crítico.
 (Fonte: Nelson Veras / Blog Bicudo, o Pombo <https://bicudoopombo.blogspot.com/2011/02/bicudo-16.html> ).
4.. O Guia Alimentar para a população Brasileira foi lançado em 2006 e atualizado em 2015, sendo a primeira ferramenta o�cial do
governo de compilação de orientações para uma alimentação saudável voltada tanto para pro�ssionais de saúde, quanto para a
população em geral, além de oferecer orientações para a cadeira produtiva de alimentação. Como o caráter interdisciplinar do
Guia Alimentar pode ajudar o ofício no nutricionista?
5. Qual é o papel do Nutricionista na mediação entre crenças e conhecimento cientí�co?
Notas
Mitos 1
Segundo o pesquisador Everardo Rocha, em seu livro “O que é mito”, um mito é uma narrativa, um discurso usado por diferentes
sociedades para explicarem paradoxos, inquietações, por meio do espelhamento de suas contradições. (ROCHA, 2017, p. 5)
Crenças 2
Elaborações populares, verdades do senso comum, historicamente construídas e que nem sempre tem embasamento cientí�co,
mas que, algumas vezes relacionam-se com saberes cienti�camente validados.
Mas qual é a diferença entre eles? 3
https://bicudoopombo.blogspot.com/2011/02/bicudo-16.htmlNesse sentido, os mitos em relação à alimentação remontam a hábitos longínquos, impregnados de construções afetivas e
simbólicas, podendo ser hábitos que trazem benefícios à saúde ou que não fazem muito sentido do ponto de vista cientí�co. Isso
porque o sentido do mito tem um valor simbólico (vimos isso na aula anterior). Um exemplo disso, pensando no âmbito da
alimentação, é a relação de alguns alimentos como comida dos deuses, como uvas, azeite, mel, ou mesmo a sacralização do pão
e do vinho para algumas religiões. Tudo isso faz parte de construções simbólicas.
Além dos mitos, existem também as crenças. Um bom exemplo disso é a crença de que leite com manga faz mal ou que canjica e
cerveja preta são alimentos que aumentam o volume de produção de leite em gestantes e lactantes. Essas crenças fazem parte
de saberes populares e devem ser tratadas pelo nutricionista com cuidado e sensibilidade para que seja possível oferecer à
população o esclarecimento necessário em relação a estas, sem, contudo, cometer atitudes etnocêntricas.
Referências
AUGRAS, Monique. O que é tabu. São Paulo: Brasiliense, 1989.
BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia alimentar para a população
brasileira / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. 2. ed. Brasília: Ministério da
Saúde, 2014.
DA CRUZ, Marcelo Silverio. Mitos - suas origens e sua importância para o homem contemporâneo. Disponível em: https://
docplayer.com.br/ 6437432- Mitos- suas- origens- e- sua- importancia- para- o- homem- contemporaneo.html
<https://docplayer.com.br/6437432-Mitos-suas-origens-e-sua-importancia-para-o-homem-contemporaneo.html> . Acesso em: 22
jan. 2019.
MACIEL, Maria Eunice. Cultura e alimentação ou o que têm a ver os macaquinhos de Koshima com Brillat-Savarin? Disponível
em: http:// www.scielo.br/ scielo.php? script=sci_arttext & pid=S0104-71832001000200008 <http://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S0104-71832001000200008> . Acesso em 22 jan. 2019.
RECINE, Elisabetta; VASCONCELLOS, Ana Beatriz. Políticas nacionais e o campo da alimentação e nutrição em saúde coletiva:
cenário atual. Disponível em: http:// www.scielo.br/scielo.php? script=sci_arttext & pid=S1413-81232011000100011
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232011000100011> . Acesso em 22 jan. 2019.
RIOS, Ediara Rabello Girão et al. Senso comum, ciência e �loso�a: elo dos saberes necessários à promoção da saúde. Disponível
em: http:// www.scielo.br/ scielo.php? pid=S1413-81232007000200026 & script=sci_abstract & tlng=pt
<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-81232007000200026&script=sci_abstract&tlng=pt> . Acesso em: 22 jan. 2019.
ROCHA, Everardo. O que é mito. São Paulo: Brasiliense, 2017.
SONATI, Jaqueline Girnos et al. In�uências Culinárias e Diversidade Cultural da Identidade Brasileira: Imigração, Regionalização e
suas Comidas. In: MENDES, Roberto Teixeira et al. Qualidade de vida e cultura alimentar. Campinas: Ipês Editorial, 2009.
Disponível em: https:// www.fef.unicamp.br/ fef/ sites/ uploads/ deafa/ qvaf/ cultura_alimentarcompleto.pdf
<https://www.fef.unicamp.br/fef/sites/uploads/deafa/qvaf/cultura_alimentarcompleto.pdf> . Acesso em: 09 dez. 2018.
Próxima aula
Sistemas alimentares;
Hábitos alimentares;
Transformações históricas da alimentação humana.
https://docplayer.com.br/6437432-Mitos-suas-origens-e-sua-importancia-para-o-homem-contemporaneo.html
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-71832001000200008
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232011000100011
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-81232007000200026&script=sci_abstract&tlng=pt
https://www.fef.unicamp.br/fef/sites/uploads/deafa/qvaf/cultura_alimentarcompleto.pdf
Explore mais
Guia alimentar para a população brasileira, do Ministério da Saúde
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf> .
TV UFBA no ar <https://www.youtube.com/watch?v=Y2B_VNpqmKI> . Vídeo sobre tabus alimentares.
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf
https://www.youtube.com/watch?v=Y2B_VNpqmKI

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