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Caso
● Você como estagiário do Promotor de Justiça 
da Vara de Execuções Criminais, que foi 
intimado da decisão de que o pedido de 
livramento condicional feito pela defesa do 
criminoso conhecido como Papagaio foi 
deferido, e o mesmo vai sair em liberdade 
condicional, fez para o Promotor uma minuta 
de recurso de agravo em execução. 
 
Caso
● O Promotor entendeu correto o recurso 
apresentado, e que todos os requisitos estavam 
preenchidos, assinando e protocolando o 
mesmo. No entanto, alguns dias depois, o 
mesmo Promotor lhe procura e noticia que o 
agravo em execução sequer foi recebido pela 
Juíza da Vara de Execuções Criminais, decisão 
que você e o Promotor analisando em conjunto 
entendem ser equivocada. 
 
Caso
● Desse modo, o Promotor lhe dá uma nova 
tarefa, qual seja, encontrar uma forma jurídica 
de atacar a decisão que não recebeu o 
agravo em execução.
O que você faz? 
Existe algum procedimento jurídico cabível 
nessa situação? 
 
Carta Testemunhável
● Para esses casos, temos o recurso previsto no 
art. 639 do CPP, a Carta Testemunhável. 
“Art. 639. Dar-se-á carta testemunhável:
I - da decisão que denegar o recurso;
II - da que, admitindo embora o recurso, obstar 
à sua expedição e seguimento para o juízo ad 
quem.”
 
Carta Testemunhável
● Portanto, a carta testemunhável é o recurso 
cabível contra a decisão que não receber o 
recurso interposto pela parte ou que, após o 
recebimento, obstacularizar o seu seguimento 
à instância superior. 
 
Caso
● Recordando caso anterior
● Lembram quando vocês apresentaram o Recurso em Sentido 
Estrito (RSE), no caso em que vocês eram advogados de Juarez 
Lima e foram intimados da seguinte decisão:“Decido. Ante todo o 
exposto, JULGO PROCEDENTE a denúncia oferecida pelo 
MINISTÉRIO PÚBLICO, para pronunciar o acusado XXXXXX por 
infração prevista no art. 121, § 2º, inc. I (motivo torpe) e IV 
(dissimulação), a fim de que seja submetido a julgamento perante o 
Conselho de Sentença, por seus pares”.
Naquele caso, considerando que no seu entendimento não haviam 
provas nos autos para pronunciar o réu e levá-lo ao tribunal do júri, 
você apresentou Recurso em Sentido Estrito (RSE), certo?
 
Caso
● No caso em questão, o RSE apresentado por 
vocês foi recebido. Contudo, passado algum 
tempo, vocês são intimados pelo Julgador que 
reconsiderou a decisão proferida, 
argumentando que em melhor análise, 
constatou que não era cabível o recurso em 
sentido estrito. 
● O que fazer? 
 
Carta Testemunhável
● Essa é a previsão do inciso II, do art. 639 do 
CPP. 
● E nesse caso a Carta Testemunhável é cabível 
porque não cabe nenhum outro recurso. Se 
fosse a mesma situação, mas o não 
recebimento de uma apelação ou a 
reconsideração da decisão de recebimento da 
apelação, não caberia a carta testemunhável, 
pois cabe RSE. 
 
Carta Testemunhável
● No caso da Carta Testemunhável temos que ter 
alguns cuidados, pois ela só é cabível se não 
houver outra previsão recursal. Por isso é 
um recurso de caráter subsidiário ou 
residual. 
I- se for cabível RSE não cabe carta 
testemunhável.
 
 
Carta Testemunhável
II- é cabível quando o julgamento do recurso 
denegado esteja afeto a uma instância 
superior.
Conforme o art. 645 do CPP: “O processo da 
carta testemunhável na instância superior 
seguirá o processo do recurso denegado.”
● Logo, o procedimento é o do recurso que 
deveria ter subido ao juízo superior.
 
Carta Testemunhável
Isso significa que é inviável a interposição de carta 
testemunhável contra decisão denegatória de recurso 
que deva ser decidido na própria instância em que 
proferida a decisão recorrida. 
Ex: embargos de declaração. Não cabe carta 
testemunhável contra decisão que desacolheu os 
embargos de declaração. Nesse caso (não acolhimento 
ou denegação dos embargos declaratórios, não tem 
recurso específico, tem que ser atacada a decisão 
anterior. Ex: por apelação se embargou sentença). 
 
Carta Testemunhável
● De forma mais clara, podemos dizer que a 
carta testemunhável vai caber para:
a) não recebimento ou negativa de seguimento 
ao recurso em sentido estrito.
b) não recebimento ou negativa de seguimento 
de agravo da execução. 
 
Carta Testemunhável
● Casos que devem observar a decisão dos tribunais 
ou da banca do concurso, pois são controversos:
a) decisão que não admitir os recursos 
extraordinários e especial (ver art. 641 do CPP* ver 
observação a seguir).
b) decisão do Presidente do Tribunal de Justiça ou 
do Tribunal Regional Federal que não admitir ou que 
negar seguimento ao recurso ordinário 
constitucional para o STJ. 
 
Carta Testemunhável
● Prazo
A carta testemunhável deve ser requerida no 
prazo de 48 horas após a intimação da 
decisão que denegou ou obstou o seguimento 
do recurso. Se na intimação não tiver sido 
colocado o horário, deve ser contado o prazo 
de dois dias. 
 
Carta Testemunhável
● Processamento
É processada por traslado (lembrar das cópias). 
Petição já vem com as razões.
ATENÇÃO!!!! A petição deverá ser endereçada ao chefe do 
cartório ou secretaria (escrivão, diretor de secretaria, 
secretário da presidência). 
“Art. 640. A carta testemunhável será requerida ao escrivão, 
ou ao secretário do tribunal, conforme o caso, nas quarenta e 
oito horas seguintes ao despacho que denegar o recurso, 
indicando o requerente as peças do processo que deverão ser 
trasladadas.”
 
Carta Testemunhável
“Art. 641. O escrivão, ou o secretário do 
tribunal, dará recibo da petição à parte e, no 
prazo máximo de cinco dias, no caso de 
recurso no sentido estrito, ou de sessenta 
dias, no caso de recurso extraordinário, fará 
entrega da carta, devidamente conferida e 
concertada.”
● OBS: Não cabe mais carta para recurso 
extraordinário em razão da Lei 12.322/2010. 
 
Carta Testemunhável
● O processamento vai ser de acordo com o 
processamento do recurso denegado.
“Art. 645. O processo da carta testemunhável 
na instância superior seguirá o processo do 
recurso denegado.”
● Ou seja, se lá intimava para contrarrazões, 
aqui intima-se para contrarrazões, etc...
 
Carta Testemunhável
● E se o chefe da secretaria se recusar a dar o recebimento?
O art. 642 do CPP já responde. 
“Art. 642. O escrivão, ou o secretário do tribunal, que se negar 
a dar o recibo, ou deixar de entregar, sob qualquer pretexto, o 
instrumento, será suspenso por trinta dias. O juiz, ou o 
presidente do Tribunal de Apelação, em face de representação 
do testemunhante, imporá a pena e mandará que seja extraído 
o instrumento, sob a mesma sanção, pelo substituto do escrivão 
ou do secretário do tribunal. Se o testemunhante não for 
atendido, poderá reclamar ao presidente do tribunal ad quem, 
que avocará os autos, para o efeito do julgamento do recurso e 
imposição da pena.”
 
Carta Testemunhável
● Efeitos 
● Não possui efeito suspensivo.
“Art. 646. A carta testemunhável não terá efeito 
suspensivo.”
● Possui os demais efeitos. 
 
Carta Testemunhável
● E se a carta testemunhável for conhecida, o que 
ocorre?
“Art. 644. O tribunal, câmara ou turma a que competir 
o julgamento da carta, se desta tomar conhecimento, 
mandará processar o recurso, ou, se estiver 
suficientemente instruída, decidirá logo, de meritis.”
● Ou seja, que se a carta for conhecida e julgada 
procedente, poderá o Tribunal, se tiver os elementos, 
decidir a própria matéria que gerou a interposição do 
recurso não recebido ou trancado pelo magistrado. 
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