Buscar

Aula 14 - Da Eficácia do Casamento

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DIREITO CIVIL V – DIREITO DE FAMÍLIA 
PROFESSORA: CAROLINE BITTENCOURT 
 
 
 
DA EFICÁCIA DO CASAMENTO 
ARTIGOS 1.565 À 1.570 DO CÓDIGO CIVIL 
 
1. DOS EFEITOS DO CASAMENTO 
O casamento, conforme amplamente estudado anteriormente, gera uma série de 
direitos e deveres entre os cônjuges, bem como seus familiares e o filhos havidos 
dessa comunhão matrimonial. Pode-se, em consequência, afirmar que as 
relações que se desenvolvem como corolário da constituição da família 
pertencem a três categorias: 
• As da primeira têm cunho social, irradiando as suas consequências por 
toda a sociedade. 
• As da segunda têm caráter puramente pessoal: limitam-se, em regra, aos 
cônjuges e aos filhos e são essencialmente de natureza ética e social. 
Assumem, no entanto, caráter propriamente jurídico pela consideração 
especial que lhes dá a ordem legal. Concernem, em geral, aos 
direitos e deveres dos cônjuges e dos pais em face dos filhos. 
• E as da terceira são fundamentalmente patrimoniais: abrangem 
precipuamente o regime de bens, a obrigação alimentar e os direitos 
sucessórios; podem eventualmente estender-se aos ascendentes e aos 
colaterais até o segundo grau (CC, art. 1.697), ou ainda até o quarto grau 
(art. 1.839) 
 
1.1. Efeitos Sociais 
Os efeitos do casamento, em razão de sua relevância, projetam-se no ambiente 
social e irradiam assuas consequências por toda a sociedade. O matrimônio 
legaliza as relações sexuais do casal, proibindo a sua prática com outrem e 
estabelecendo o debitum conjugale. O seu principal efeito, no entanto, é a 
constituição da família legítima ou matrimonial. Ela é a base da sociedade e 
tem especial proteção do Estado, conforme estatui o art. 226 da Constituição 
Federal, que reconhece também a união estável e a família monoparental como 
entidades familiares (§§ 3º e 4º). 
A nomenclatura legítima apenas é usada para se diferenciar dos outros tipos de 
família, não se aplicando com tom pejorativo que era utilizado para nomear os 
DIREITO CIVIL V – DIREITO DE FAMÍLIA 
PROFESSORA: CAROLINE BITTENCOURT 
 
 
 
filhos havidos fora do casamento, o qual foi proibido ser usado pela CF/88. Pode 
ser chamada de matrimonial também. 
Por sua relevância, o Estado não se limita apenas a chancelar sua existência, 
mas também impõe deveres e assegura direitos aos cônjuges, interferindo na 
vida particular do casal quando e se necessário. 
Insere-se no contexto social o planejamento familiar, hoje assegurado 
constitucionalmente ao casal (CF, art. 226, § 7º). Por sua vez, proclama o § 2º 
do art. 1.565 do Código Civil: 
 
“Art. 1.565. Pelo casamento, homem e mulher assumem 
mutuamente a condição de consortes, companheiros e 
responsáveis pelos encargos da família. 
§ 1º. Qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescer 
ao seu o sobrenome do outro. 
§ 2º. O planejamento familiar é de livre decisão do 
casal, competindo ao Estado propiciar recursos 
educacionais e financeiros para o exercício desse 
direito, vedado qualquer tipo de coerção por parte de 
instituições privadas ou públicas.” 
 
1.2. Efeitos Pessoais 
O principal efeito pessoal do casamento consiste no estabelecimento de uma 
“comunhão plena devida, com base na igualdade de direitos e deveres dos 
cônjuges” (CC, art. 1.511). O casamento, destarte, implica necessariamente 
união exclusiva, uma vez que o primeiro dever imposto a ambos os cônjuges 
no art. 1.566 do Código Civil é o de fidelidade recíproca. A aludida 
comunhão está ligada ao princípio da igualdade substancial, que pressupõe o 
respeito à diferença entre os cônjuges e a consequente preservação da 
dignidade das pessoas casadas. 
 
“Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges: 
I - fidelidade recíproca; 
DIREITO CIVIL V – DIREITO DE FAMÍLIA 
PROFESSORA: CAROLINE BITTENCOURT 
 
 
 
II - vida em comum, no domicílio conjugal; 
III - mútua assistência; 
IV - sustento, guarda e educação dos filhos; 
V - respeito e consideração mútuos.” 
 
Em complemento, dispõe o art. 1.565 do aludido diploma que, por meio do 
casamento, “homem e mulher assumem mutuamente a condição de consortes, 
companheiros e responsáveis pelos encargos da família”, reiterando o princípio 
da ratio do matrimônio (ou comunhão plena de vida), que dispõe 
compartilhamento mútuo de vida em todos os seus aspectos. 
É importante salientar que do casamento advém uma situação jurídica relevante 
para os cônjuges, que adquirem um status especial, o estado de casados, que 
se vem somar às qualificações pelas quais se identificam no seio da sociedade 
e do qual decorrem, como foi dito, inúmeras consequências, que não se aferem 
em valores pecuniários, mas têm expressiva significação, especialmente no 
tocante às relações jurídicas com a prole e com terceiros. 
Aos cônjuges é deferido o direito de adquirir o sobrenome um do outro, caso 
assim desejem. No entanto, há de se ratificar que não constitui uma obrigação, 
podendo ambos manterem o nome de solteiro. Outrossim, não poderá substituir 
o apelido de família, sendo permitido apenas acrescentar o sobrenome do 
cônjuge ao seu próprio. 
Cabe dizer que, no casamento não há diferença de direitos e deveres relativos 
aos sexos do contraentes, ao contrário, ambos tem direitos e deveres e iguais 
perante o todo que representa o casamento, conforme redação dos artigos 
1.566, 1.567 e 1.568 do CC/02: 
 
. 
“Art. 1.567. A direção da sociedade conjugal será exercida, 
em colaboração, pelo marido e pela mulher, sempre no 
interesse do casal e dos filhos. 
Parágrafo único. Havendo divergência, qualquer dos 
cônjuges poderá recorrer ao juiz, que decidirá tendo em 
consideração aqueles interesses.” 
DIREITO CIVIL V – DIREITO DE FAMÍLIA 
PROFESSORA: CAROLINE BITTENCOURT 
 
 
 
 
“Art. 1.568. Os cônjuges são obrigados a concorrer, na 
proporção de seus bens e dos rendimentos do trabalho, 
para o sustento da família e a educação dos filhos, 
qualquer que seja o regime patrimonial.” 
 
A direção da família caberá exclusivamente a um dos cônjuges, caso o outro 
esteja “em lugar remoto ou não sabido, encarcerado por mais de cento e oitenta 
dias, interditado judicialmente ou privado, episodicamente, de consciência, em 
virtude de enfermidade ou de acidente” (CC, art. 1.570). 
Os citados dispositivos do Código Civil refletem a orientação traçada pela 
Constituição Federal de 1988, que consagrou a mais ampla igualdade dos 
cônjuges em direitos e deveres concernentes à sociedade conjugal (art. 226, § 
5º). 
 
1.3. Efeitos Patrimoniais 
O casamento gera, para os consortes, além dos efeitos pessoais, 
consequências e vínculos econômicos, consubstanciados: 
• no regime de bens; 
• nas doações recíprocas; 
• na obrigação de sustento de um ao outro e da prole; 
• no usufruto dos bens dos filhos durante o poder familiar; 
• no direito sucessório; 
• O regime de bens e a mutabilidade motivada 
O regime de bens e a mutabilidade motivada: A lei cria para os cônjuges, com 
efeito, o dever de sustento da família, a obrigação alimentar e o termo inicial da 
vigência do regime de bens. Este, segundo dispõem os §§ 1º e 2º do art. 1.639 
do Código Civil, “começa a vigorar desde a data do casamento” e pode ser 
alterado “mediante autorização judicial em pedido motivado de ambos os 
cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados os direitos 
de terceiros”. A princípio, a regime de bens é imutável, devendo ser escolhido 
antes da celebração do casamento. No entanto, havendo justo motivo, sem 
prejuízo do direito de terceiros, poderá ocorrer a mudança do regime de bens, 
mediante processo judicial com sentença transitada em julgado. 
DIREITO CIVIL V – DIREITO DE FAMÍLIA 
PROFESSORA: CAROLINE BITTENCOURT 
 
 
 
Proteção do patrimônio comum e dos cônjuges: No intuito de preservar o 
patrimônio da entidade familiar, o novo diploma regula a instituição do bem de 
família nos arts. 1.711 a1.722. Visando ainda proteger o patrimônio comum 
e de cada cônjuge, especifica os atos que não podem ser praticados por um 
dos cônjuges sem a anuência do outro (art.1.647). E, além de assegurar ao 
cônjuge sobrevivo (art. 1.838) os direitos sucessórios que o diploma de 1916 já 
lhe conferia, na ausência de descendentes e ascendentes, inova ao incluí-
lo como herdeiro necessário (art. 1.845), concorrendo à herança com os 
descendentes e ascendentes (arts. 1.829, I e II,1.832 e 1.837). No art. 1.789 
proclama que, se houver herdeiros necessários, “o testador só poderá dispor da 
metade da herança”. 
Direito sucessório dos cônjuges: Somente é reconhecido direito sucessório ao 
cônjuge sobrevivente, todavia, “se, ao tempo da morte do outro, não estavam 
separados judicialmente, nem separados de fato há mais de dois anos” (CC, art. 
1.830), ressalvada, nesta última hipótese, a prova de que “essa convivência se 
tornara impossível sem culpa do sobrevivente”. A participação na herança se dá 
nos seguintes casos: 
• se o regime de bens era o da separação convencional; 
• se o regime de bens era o da comunhão parcial e o de cujus tinha bens 
particulares — hipótese em que o cônjuge será, ao mesmo tempo, 
herdeiro e meeiro, incidindo a meação apenas sobre o patrimônio comum; 
• se o regime de bens era o da participação final nos aquestos (CC, art. 
1.672), com direito também à herança e meação (art. 1.685) 
Direito real de habitação: O art. 1.831 do Código Civil assegura ao cônjuge 
supérstite, “qualquer que seja o regime de bens” e sem prejuízo da participação 
que lhe caiba na herança, o “direito real de habitação”, desde que o imóvel 
seja destinado à residência da família e o único daquela natureza a inventariar. 
Se houver dois ou mais imóveis residenciais, não se pode falar em direito real 
de habitação. 
 
2. DOS DEVERES RECÍPROCOS DOS CÔNJUGES 
Estão elencados no artigo 1.566 do CC/02, a saber: 
 
“Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges: 
I - fidelidade recíproca; 
DIREITO CIVIL V – DIREITO DE FAMÍLIA 
PROFESSORA: CAROLINE BITTENCOURT 
 
 
 
II - vida em comum, no domicílio conjugal; 
III - mútua assistência; 
IV - sustento, guarda e educação dos filhos; 
V - respeito e consideração mútuos.” 
 
Embora o casamento estabeleça vários deveres recíprocos aos cônjuges, a lei 
ateve-se aos principais ,considerados necessários para a estabilidade conjugal. 
A infração a cada um desses deveres constituía causa para a separação judicial, 
como o adultério, o abandono do lar conjugal, a injúria grave etc. (CC, art. 
1.573). Com o advento da Emenda Constitucional n. 66/2010, ficam eles 
contidos em sua matriz ética, desprovidos de sanção jurídica, exceto no caso 
dos deveres de “sustento, guarda e educação dos filhos” e de “mútua 
assistência”, cuja violação pode acarretar, conforme a hipótese, a perda da 
guarda dos filhos ou ainda a suspensão ou destituição do poder familiar, e a 
condenação ao pagamento de pensão alimentícia. 
 
2.1. Fidelidade Recíproca 
O dever de fidelidade recíproca é uma decorrência do caráter monogâmico do 
casamento. É dever de conteúdo negativo, pois exige uma abstenção de 
conduta, enquanto os demais deveres reclamam comportamentos positivos. 
A infração a esse dever, imposto a ambos os cônjuges, configura o adultério ou 
infidelidade, indicando a falência da moral familiar, além de agravar a honra do 
outro cônjuge. Se extrapolar a normalidade genérica, pode ensejar indenização 
por dano moral. 
 
2.2. Vida em comum, no domicílio conjugal 
A vida em comum, no domicílio conjugal, ou dever de coabitação, obriga os 
cônjuges a viver sob o mesmo teto e a ter uma comunhão de vidas. Essa 
obrigação não deve ser encarada como absoluta, pois uma impossibilidade 
física ou mesmo moral pode justificar o seu não cumprimento. Assim, um 
dos cônjuges pode ter necessidade de se ausentar do lar por longos períodos 
em razão de sua profissão, ou mesmo de doença, sem que isso signifique quebra 
do dever de vida em comum. 
DIREITO CIVIL V – DIREITO DE FAMÍLIA 
PROFESSORA: CAROLINE BITTENCOURT 
 
 
 
O que caracteriza o abandono do lar é o animus, a intenção de não mais 
regressar à residência comum. Só a ausência do lar conjugal durante um ano 
contínuo, sem as finalidades do 1.569, caracteriza o abandono voluntário, como 
dispõe o art. 1.573, IV, do Código Civil (caracteriza separação de fato). 
 
2.3. Justa causa para a cessação da vida em comum 
Cessa, todavia, o dever de vida em comum, havendo justa causa para o 
afastamento do lar: 
• Se um consorte não trata o outro com o devido respeito e consideração. 
• Se o marido, por exemplo, pretender que a mulher o acompanhe na sua 
vida errante, ou que com ele perambule para subtrair-se a condenação 
criminal 
 
2.4. Pagamento do debitum conjugale 
O cumprimento do dever de coabitação pode variar, conforme as circunstâncias. 
Assim, admite-se até a residência em locais separados, como é comum 
hodiernamente. Porém, nele se inclui a obrigação de manter relações sexuais, 
sendo exigível o pagamento do debitum conjugale. Já se reconheceu que a 
recusa reiterada da mulher em manter relações sexuais com o marido 
caracteriza injúria grave, salvo se ela assim procedeu com justa causa. No 
entanto, tal determinação não abrange certos tipos de preferências sexuais, tais 
como fantasias ou taras, principalmente se o cônjuge se sentir ofendido em sua 
integridade psicológica ou física, o que caracteriza o justo motivo para recusar-
se. 
 
2.5. Aspectos da comunhão de vida 
A comunhão de vida sexual é, contudo, apenas um dos aspectos da 
comunhão de vida, sendo dominada pela ideia diretriz de dedicação 
exclusiva, mostrando íntima conexão com o dever de fidelidade recíproca. 
A união de vida abrange, além dos aspectos materiais da comunidade de 
vida sexual e coabitação (comunhão de cama, mesa e casa), o aspecto 
espiritual. 
 
DIREITO CIVIL V – DIREITO DE FAMÍLIA 
PROFESSORA: CAROLINE BITTENCOURT 
 
 
 
2.6. Domicílio conjugal 
A vida em comum desenvolve-se no local do domicílio conjugal. A fixação do 
domicílio competia ao marido. Hoje, no entanto, diante da isonomia de 
direitos estabelecida na Constituição Federal e do mencionado art. 1.569 do 
Código Civil, a escolha do local deve ser feita pelo casal. Caberá ao juiz 
solucionar eventual desacordo no tocante a essa escolha, bem como à direção 
da sociedade conjugal (CC, art. 1.567, parágrafo único). 
 
2.7. Mútua assistência 
O dever de mútua assistência obriga os cônjuges a se auxiliarem 
reciprocamente, em todos os níveis. Assim, inclui a recíproca prestação de 
socorro material, como também a assistência moral e espiritual. Envolve o 
desvelo próprio do companheirismo e o auxílio mútuo em qualquer circunstância, 
especialmente nas situações adversas. Trata de um conjunto de gestos, 
atenções, cuidados na saúde e na doença, serviços, suscitados pelos 
acontecimentos cotidianos. 
 
2.8. Abandono material e ausência de apoio moral 
Não só o abandono material como também a falta de apoio moral configuram 
infração ao dever de mútua assistência. 
 No primeiro caso, constitui fundamento legal para a ação de alimentos. Se 
qualquer dos cônjuges faltar ao dever de assistência, pode ser compelido 
compulsoriamente à prestação alimentar. O dever de mútua assistência 
extingue-se, porém, com a dissolução da sociedade conjugal pelo divórcio. 
A igualdade dos cônjuges no casamento, assegurada em nível 
constitucional, não mais permite qualquer distinção baseada na diversidade de 
sexos ou em concepção hierarquizada que impute à mulher dever de obediência 
e ao marido dever de proteção da mulher, como ocorria outrora. 
 
2.9. Sustento, guarda e educação dos filhos 
O sustento e a educação dos filhos constituem deveres deambos os cônjuges. 
A guarda é, ao mesmo tempo, dever e direito dos pais. A infração ao dever em 
epígrafe sujeita o infrator à perda do poder familiar e constitui fundamento para 
ação de alimentos. 
DIREITO CIVIL V – DIREITO DE FAMÍLIA 
PROFESSORA: CAROLINE BITTENCOURT 
 
 
 
Subsiste a obrigação de sustentar os filhos menores e dar-lhes orientação moral 
e educacional mesmo após a dissolução da sociedade conjugal, até eles 
atingirem a maioridade, podendo ser estendido até a aquisição de diploma de 
graduação em nível superior de educação. 
a) Dever de sustento: O dever de sustento ou de prover à subsistência 
material dos filhos compreende o fornecimento de alimentação, vestuário, 
habitação, medicamentos e tudo mais que seja necessário à sua 
sobrevivência. 
b) Dever de fornecer educação: Abrange a instrução básica e 
complementar, na conformidade das condições sociais e econômicas dos 
pais. 
c) Dever de guarda: Obriga à assistência material, moral e espiritual, 
conferindo ao detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive pais. 
É um dever que compete a ambos os pais em igualdade de deveres e 
direitos e não se extingue com a dissolução da sociedade conjugal. 
Mesmo que apenas um dos genitores seja o detentor da guarda (como no 
caso de guarda unilateral), permanece a igualdade dos dois referente aos 
filhos. 
 
2.10. Respeito e consideração mútuos 
O respeito e consideração mútuos representam a base da sociedade conjugal, 
insculpido pelo artigo 1.511 do CC, segundo o qual o casamento estabelece 
comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos 
cônjuges. Tem relação com o aspecto espiritual do casamento e com o 
companheirismo que nele deve existir. Demonstra a intenção do legislador de 
torná-lo mais humano. 
O dever ora em estudo inspira-se no princípio da dignidade da pessoa humana, 
que não é um simples valor moral, mas um valor jurídico, tutelado no art. 1º, III, 
da Constituição Federal. 
 
3. DIREITOS E DEVERES DE CADA CÔNJUGE 
O art. 233 do Código anterior estabelecia que o marido era o chefe da 
sociedade conjugal, competindo-lhe a administração dos bens comuns e 
particulares da mulher, o direito de fixar o domicílio da família e o dever de prover 
à manutenção da família. 
DIREITO CIVIL V – DIREITO DE FAMÍLIA 
PROFESSORA: CAROLINE BITTENCOURT 
 
 
 
Todos esses direitos agora são exercidos pelo casal, em sistema de cogestão, 
devendo as divergências ser solucionadas pelo juiz. Dispõe, a propósito, o art. 
1.567 do Código Civil de 2002: 
 
“Art. 1.567. A direção da sociedade conjugal será exercida, 
em colaboração, pelo marido e pela mulher, sempre no 
interesse do casal e dos filhos. 
Parágrafo único. Havendo divergência, qualquer dos 
cônjuges poderá recorrer ao juiz, que decidirá tendo em 
consideração aqueles interesses.” 
 
Não há mais que falar em poder marital. Não cabe ao marido interferir nos 
assuntos particulares da mulher, impor-lhe ou proibir-lhe leituras e estudos, nem 
abrir-lhe a correspondência. O mesmo se diga da mulher em relação ao marido. 
O dever de prover à manutenção da família deixou de ser apenas um encargo 
do marido, incumbindo também à mulher, de acordo comas possibilidades de 
cada qual. Preceitua, com efeito, o art. 1.568 do Código Civil: 
 
“Art. 1.568. Os cônjuges são obrigados a concorrer, na 
proporção de seus bens e dos rendimentos do trabalho, 
para o sustento da família e a educação dos filhos, 
qualquer que seja o regime patrimonial.” 
 
Se qualquer dos cônjuges estiver desaparecido ou preso por mais de cento e 
oitenta dias, interditado judicialmente ou privado, temporariamente, de 
consciência, em virtude de enfermidade ou de acidente, “o outro exercerá com 
exclusividade a direção da família, cabendo-lhe a administração dos bens” (CC, 
art. 1.570).

Mais conteúdos dessa disciplina