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Maria Gabriella Thorpe - Odontologia UFPE Tumores de Glândulas Salivares Oncologia Oral Os tumores de glândulas salivares representam o segundo grupo de tumores mais comuns que acontecem na boca e podem ser classificados em benignos ou malignos. Os malignos correspondem ao segundo grupo mais comum de boca, depois do carcinoma epidermoide. As neoplasias de glândulas salivares são relativamente frequentes, não são raras. Já tumores, existem os que são comuns e os que são raros. Dos benignos e de todos os tumores de glândulas salivares, o Adenoma Pleomórfico é o mais frequente. Dos malignos, os mais frequentes são o Carcinoma Mucoepidermoide e o Carcinoma Adenoide Cístico. Algumas características clínicas são comuns uns aos outros, o que difere é o tratamento de acordo com o diagnóstico. Características gerais e Epidemiologia São lesões relativamente frequentes com prevalências ao redor do mundo, desde 0,4 até 13,5 casos para cada 100 mil habitantes. Em relação às glândulas, a maior parte do casos dos tumores acontecem nas parótidas, seguidaos pela boca, glândulas submandibulares e raramente as glândulas sublinguais vão ser afetadas. Não se sabe as razões para isso, mas é um dado epidemiológico importante, que mostra que as glândulas menores da boca são frequentemente afetadas, o que é importante a atenção dos CD para realizar o diagnóstico. Tendem a ocorrer mais em mulheres, não tendo evidências explicativas para isso. Geralmente ocorrem em adultos a partir dos 40 anos de idade, mas pode acontecer em jovens. Neoplasias de glândulas salivares intrabucais (glândulas salivares melhores): cerca de metade delas é maligna! O que é importante fazer uma análise correta, biópsia no tempo adequado e enxergar um diagnóstico precoce. Em termos de localização, a maioria ocorre em: parótida > palato > lábio superior > língua > região retromolar > assoalho de boca. Adenoma Pleomórficoo • Tumor benigno e mais comum • Grande parte segue a epidemiologia dos tumores de glândulas salivares de maneira geral • A maioria ocorre nas parótidas. Em regiões sublinguais (local raro), quando ocorre, 90% são malignos. Paciente jovem. É possível visualizar aumento de parótida do lado direito, nódulo muito bem delimitado, lesão móvel, não tendo infiltração, próximo ao lóbulo da orelha. Em tumores de glândulas salivares maiores, a biópsia incisional é contraindicada, pela possibilidade de contaminação bacteriana, por ser uma área de difícil controle e contaminação tumoral das áreas ao redor. Contraindicação: Risco de recidivas tumorais e risco de lesão do nervo facial. O que se faz para diagnóstico de lesões como essa é punção aspirativa por agulha fina, onde se insere uma agulha acoplada numa seringa, acoplada num equipamento chamado citoaspirador, onde o clínico faz movimentos de vaivém e a ponta da agulha faz microcortes no tumor e o êmbolo tracionado aspira essas células que São cortadas pela ponta da agulha Outra opção é a biópsia por congelação, em que já tem o exame clinico, de imagem, que apontam um tmor sólido e o médico já programa a remoção cirurgica do tumor sob anestesia geral antes de fazer a ressecção e remove um fragmento pequeno, analisando o tumor, se é benigno ou maligno. Já em tumores intrabucais, a biópsia incisional ou excisional é indicada, dependendo da característica clínica da lesão. Paciente jovem, aumento submandibular do lado esquerdo, lesão bem delimitada, móvel à palpação. Diagnóstico feito por punção aspirativa por agulha fina. OBS: Apesar de o Adenoma Pleomórfico ser benigno, pode recidivar. A taxa de recidiva é proporcional ao tipo de tratamento, mas gira em torno de 10% (taxa alta para um tumor benigno). Recomenda-se o acompanhamento do paciente para observar se a lesão vai recidivar ou não. Paciente jovem, nódulo bem delimitado à direita do palato duro, recoberto por mucosa de coloração normal. Não se consegue movimentar a lesão, pela sua localização. Foi feita uma biópsia excisional e o nódulo foi facilmente removido e a área totalmente cicatrizada. Deve-se acompanhar para confirmar que não vai recidivar. Paciente jovem com assimetria facial por conta do nódulo grande na mucosa jugal. Quando se fazia palpação bidigital, era móvel e a mucsa que recobria era de coloração normal, íntegra e sem sinal de infiltração. O Adenoma Pleomórfico, apesar de ser benigno e ter um crescimento lento, a neoplaisa benigna pode ter um crescimento ilimitado, podendo alcançar dimensões grotescas, como esse caso (30 anos de evolução). Aspecto polinodular, com área ulcerada e com área isquêmica. Após a remoção a mímica facial e estruturas vizinhas foram preservadas. A doença tem esse nome por conta de adenoma (neoplasia benigna de glândula) + pleomórfico (várias formas). O adenoma pleomórfico, microscopicamente, pode apresentar um aspecto muito amplo de característivas microscópicas diferentes, sobretudo o estroma. A parte parenquimatosa é formada por uma proliferação de túbulos/ductos que as células tumorais se arranjam, a formação de lençóis de células epiteliais. O estroma é considerado pleomórfico porque pode assumir várias características: de cartilagem (estroma condroide), estroma osteoide (ósseo), estroma adiposo... Áreas de coloração em creme, vitrificadas (de cartilagem). As células tumorais não invadem a cartilagem, elas formam esse estroma. Aspectos histopatológicos • Proliferação ductal/tubular (marca do adenoma pleomórfico), distribuídos em dupla camada de células que recobrem e as mioepiteliais • Estroma fibroso e outro mais frouxo • Células plasmocitoides (mioepiteliais) • Áreas com estroma condroide/cartilaginoso • Pode apresentar metaplasia escamosa Maria Gabriella Thorpe - Odontologia UFPE Tratamento: remoção cirúrgica conservadora Prognóstico: bom, apesar da taxa de recidiva poder ser alta Carcinoma Mucoepidermoide • Tumor maligno mais comum das glândulas salivares • Muco (células mucosas neoplásicas) + epidermoide (células escamosas ou epidermoides) • Parótida é o local mais comum, seguido do palato • Pode se assemelhar a um tumor benigno Lesão grande na parótida direita com áreas de aparente infiltração Paciente jovem com nódulo grande no palato duro, com uma coloração azulada que indica algum conteúdo líquido ou viscoso, lembrando sangue. É prudente que se faça uma punção para verificar se há sangue. Não poderia ser uma mucocele, pois ela é facilmente rompida e difícil de acontecer em palato duro. O Carcinoma Mucoepidermoide pode ser subclassificado, dependendo das células mucosas, em: Baixo grau: células mucosas abundantes. Microscopicamente, apresenta uma área cística preenchida por muco, com grande quantidade de celulas mucosas com citoplasma amplo com granulação dentro dele. Apesar de ter um prognóstico melhor, pode causar metástase. Grau intermediário: células intermediárias (nem mucosas nem escamosas/epidermoides) Alto grau: poucas ou nenhuma célula mucosa, apresenta necrose, pleomorfismo, mitoses atípicas Tratamento: ressecção cirúrgica ampla com margens de segurança (de baixo grau e grau intermediário) e além da ressecção cirúrgica ampla, radioterapia para diminuir a possibilidade de recidiva (alto grau) Prognóstico: além do grau histológico, o tamanho interfere no prognóstico Carcinoma Adenoide Cístico • Segunda neoplasia maligna mais comum de glândulas salivares • Ele não tem uma velocidade de crescimento muito rápida (é mais rápida que o adenoma pleomórfico) • Tem uma afinidade muito grande em infiltrar tecido nervoso (infiltração perineural), tendo uma taxa de recidiva alta, tanto local quanto a distância, principalmente nos pulmões. • A palpação bidigital indica infiltração e o paciente apresenta dor. Carcinoma Adenoide Cístico de glândula submandibular. Foram feitas duas punções por agulha fina. CACde palato bastante grande. Tumor infiltrativo. Microscopicamente, o CAC pode ser: Cribiforme: analogia com “queijo suíço” pelos espaços maiores que a arquitetura do tumor forma. As células são pequenas, com núcleos hipercorados, o citoplasma é escasso, não se vê pleomorfimos ou mitoses, mesmo sendo uma neoplasia maligna. Tubular: células se organizam em túbulos ou ductos Sólido: células se apresentam maiores, em blocos tumorais com centros que contém necrose. Ele cresce numa velocidade maior e é mais infiltrativo, nem sempre conseguirá ser removido e tem alta taxa de recidiva. Tratamento: ressecção cirúrgica ampla + radioterapia pós operatória. Prognóstico: reservado. Para o tubular e cribiforme, a história médica é mais “arrastada”, tendo uma evolução mais lenta.
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