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Faculdade Maurício de Nassau Curso de Direito Disciplina: Direito das Coisas Professora: Ana Geórgia Santos Donato Alves Exercícios de revisão para AV1 1) Conceito de Direito das Coisas. Trata dos direitos de posse e propriedade dos bens móveis e imóveis, bem como das formas pelas quais esses direitos podem ser transmitidos. Que tem como conteúdo relações jurídicas entre pessoas e coisas determinadas ou determináveis. Flávio Tartuce leciona que “O Direito das Coisas é o ramo do Direito Civil que tem como conteúdo relações jurídicas estabelecidas entre pessoas e coisas determinadas, ou mesmo determináveis” 2) Quais as diferenças entre direitos reais e direitos pessoais? Direitos reais, consiste em um conjunto de normas, predominantemente obrigatórias, que tendem a regular o direito atribuído à pessoa sobre bens corpóreos, móveis ou imóveis de conteúdo econômico. A eficácia do direito exercido é em face de todos (‘erga omnes’), assim, é um direito absoluto, e independe da intermediação de outrem. Direitos reais as relações jurídicas entre uma pessoa (sujeito ativo) e uma coisa. O sujeito passivo não é determinado, mas é toda a coletividade (sujeito passivo universal). Direito pessoal, é um conjunto de normas que regem as relações jurídicas de ordem patrimonial, onde um sujeito tem o dever de prestar e o outro tem o direito de exigir essa prestação, ou seja, um deve fazer algo e o outro deve receber esse algo. Trata dos vínculos entre credores e devedores, somente trata das relações pessoais, uma vez que, seu conteúdo é a prestação patrimonial que é a ação ou omissão da parte vinculada (devedor) tendo em vista o interesse do credor, que tem o direito de exigir o cumprimento da obrigação. Direito pessoais relações jurídicas entre uma pessoa (sujeito ativo – credor e a outra (sujeito passivo devedor). 3) Cite as principais características jurídicas do Direito das Coisas. As características principais dos direitos reais são: taxatividade, oponibilidade “erga omnes”, seqüela e aderência. A taxatividade (numerus clausus) releva que não há direitos reais quando a leinão os declara. O art. 1.225 do CC é a referência para os que proclamam a taxatividade do número dos direitos reais. O direito de seqüela ou jus persequendi, isto é, de perseguir a coisa e de reivindicá-la em poder de quem quer que esteja (ação real), bem como o jus praeferendi ou direito de preferência. O direito de seqüela é o que tem o titular de direito real de seguir a coisa em poder de todo e qualquer detentor ou possuidor. Aderência do direito real à coisa não é senão a constatação do fato de que o direito real permanece incidindo sobre o bem, ainda que este circule de mão em mão e se transmita a terceiros, pois o aludido direito segue a coisa (jus persequendi), em poder de quem quer que ela se encontre. Em consequência, a tutela do direito real é sempre mais enérgica e eficaz que a do direito de crédito. 4) No que diz respeito às teorias quanto à origem da posse, quais as diferenças existentes nas teorias de Savigny e Ihering? A Teoria Subjetiva de Savigny, acredita que a posse é a união de dois elementos: o corpus, que seria a possibilidade de disposição da coisa, e o animus, que resulta da vontade e a intenção do possuidor de ter a coisa como sua. Assim, numa situação fática, se uma pessoa exerce sobre a coisa o poder de dispor da forma que bem entender, e ainda, age como com a vontade de ser dono, está-se diante da posse. Contudo, caso exista somente o elemento corpus, para essa teoria, será considerado detenção. A teoria de Ihering, não acredita no elemento subjetivo animus para que a posse seja configurada. Justifica o autor da teoria que o animus, por ser um elemento subjetivo, é de difícil comprovação, e assim, somente seria necessário o elemento objetivo, o corpus, pois o possuidor agiria da mesma forma que o proprietário. No Código Civil de 2002, para a configuração da posse adotou-se essa teoria, embora em alguns casos, a lei aborde a questão do elemento animus. Assim, possuidor é aquele que age como se fosse proprietário. Nesse sentido dispõe o art. 1196 do CC: Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade. Assim, verifica-se que o artigo em tela não menciona o elemento subjetivo, mas refere-se ao aspecto do comportamento objetivo para que seja configurado possuidor. Os poderes inerentes à propriedade são: usar, gozar, fruir e dispor da coisa. 5) No que diz respeito às teorias quanto ao conceito de posse, quais as diferenças existentes nas teorias de Savigny e Ihering? Teoria subjetiva Para Savigny, a posse é um estado de fato sobre a coisa, segundo o qual o possuidor, além de deter a coisa em seu poder (corpus), tem o ânimo de detê-la como dono (animus domini). Em razão disso, sua teoria é conhecida como subjetiva, pois depende da análise subjetiva da vontade do detentor de possuir a coisa como dono. Teoria objetiva a teoria de Ihering explica melhor a diferença entre posse e detenção e possibilita enxergar o fenômeno da divisão da posse em direta e indireta. Para Ihering, a posse existe quando exercida de forma a aparentar o domínio sobre a coisa, ou seja, para o referido doutrinador, a posse é a exteriorização do domínio. Para que haja posse, não é necessário que o possuidor tenha ânimo de dono sobre a coisa, mas apenas que detenha a coisa (corpus) de forma a exercer poderes próprios de proprietário. 6) Qual a teoria adotada pelo Código Civil brasileiro no que se refere ao conceito da posse? Explique e fundamente a sua resposta. Há duas teorias sobre a posse. A Teoria Subjetiva (de Savigny ) entende que a posse se configura quando houver a apreensão física da coisa ( corpus ), mais a vontade de tê-la como própria ( animus domini ). Segunda teoria, por sua vez, a TeoriaObjetiva (de Ihering ), indica que a posse se configura com a mera conduta de dono, pouco importando a apreensão física da coisa e a vontade de ser dono da mesma. Basta ter a coisa consigo, mesmo sem ter a intenção de possuí-la. Exemplo: comodato. Nosso Código Civil adotou a Teoria Objetiva de Ihering , pois não trouxe como requisito para a configuração da posse a apreensão física da coisa ou a vontade de ser dono dela. Exige-se tão somente a conduta de proprietário. Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade. 7) De que se trata o fâmulo da posse? Fundamente e dê exemplos. O fâmulo da posse é aquele que possui relação de dependência com o proprietário do bem, agindo de acordo com as suas determinações. Trata-se, por exemplo, do detentor, que exerce sobre a coisa, não um poder próprio, mas dependente. O fâmulo da posse ou detentor é aquele que, em razão de sua situação de dependência econômica ou de um vínculo de subordinação em relação a uma outra pessoa http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02 (possuidor direto ou indireto), exerce sobre o bem, não uma posse própria, mas a posse desta última e em nome desta, em obediência a uma ordem ou instrução. Exemplos: Empregados em geral, caseiros, administradores, bibliotecários, diretores de empresa e etc... 8) Detentor pode invocar os interditos possessórios? Explique a sua resposta. A detenção é a posse desqualificada, na qual há poder de fato, físico sobre a coisa, porém, está tipificado na lei como situação de mera detenção. O caput traz o caso do fâmulo da posse, que ocorre quando alguém sob dependência de outrem, conserva a posse em nome deste ou em cumprimento de ordens ou instruções suas. Como exemplo temos o caseiro da fazenda, que sob dependência financeira e ordens do patrão, ocupa imóvel alheio, porém, somente como o mero detentor. É importanteressaltar que a mera detenção não enseja a proteção possessória por meio dos interditos possessórios (visto que, é uma prerrogativa referente a posse, não a detenção), porém o mero detentor, no caso do fâmulo da posse, poderá fazer uso da autotutela (exceção no direito, que veda a justiça feita por suas próprias mãos) para proteger o imóvel de seu patrão. 9) O que significa dizer que a posse possui oponibilidade erga omnes? A oponibilidade Erga Omnes, de modo objetivo, significa que uma pessoa titular de direito real sobre uma coisa, é livre para exercer seu poder sobre esta, cabendo a todos os demais, o dever de respeitar o exercício de tal direito, daí o termo oponível contra todos. Em decorrência da oponibilidade, a publicidade do direito é indispensável e determinada por lei. Desta feita, a publicidade dos bens imóveis é realizada por meio de registro dos atos perante Cartório de Registro de Imóveis, e a publicidade de bens móveis se dá por meio da tradição. 10) Quais as diferenças entre posse direta e indireta? Cite um exemplo de cada. A posse direta seria a de quem exerce o poder de uso (poder de fato sobre a coisa). Como exemplo poderia ser citado a situação do locatário em relação ao locador; o locatário exerce o poder de uso, está ocupando o imóvel e sobre ele exerce a posse, nesse caso, a direta. A posse direta pode ser explicada como a posse daquele que a exerce diretamente sobre a coisa, exercendo os poderes do proprietário, sem nenhum obstáculo, tendo, pois, o contato físico com a coisa. A posse indireta é aquela exercida por quem detém todos os outros direitos, a não ser o de uso (já que esse é exercido em nome do possuidor direto). Trata-se do verdadeiro proprietário do bem, que possui a ampla gama de poderes relacionados a propriedade e sobre eles tem poder de decisão. Novamente, utiliza-se o exemplo da locação, porém, quem exerce a posse indireta é o locador, que detém os poderes de gozo, disposição e o direito de reaver a coisa, mas não o de uso. A posse indireta é a do possuidor que entrega a coisa a outrem, em virtude de uma relação jurídica existente entre eles, como no caso de contrato de locação, deposito, comodato e tutela, quando couber ao tutor guardar os bens do tutelado. Nesta, portanto, não há contato físico do possuidor com a coisa.
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