Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Universidade Federal do Rio Grande Escola de Química e Alimentos Tecnologia de Frutas e Hortaliças Prof. Roberto G. da Silva Processamento de compotas, doces e geleias (Parte 1) 1. Introdução Métodos alternativos de agregação de valor Semelhança na composição Diferença está no processamento, consistência e °Brix Produtos à base de frutas são populares e podem ser preparados de diversas maneiras Geleias Doces de frutas Conservas Cocção Açúcar e/ou Edulcorante 2. Produtos Geleias Doces em massa Doces cremosos Frutas em calda 2.1. Fluxograma geral Colheita Transporte Recepção Lavagem Seleção Preparo* Processamento* Envase* Armazenagem Comercialização Envolve etapas em comum Etapas variantes dependem: Matéria-prima (ex.: pêssego ≠ goiaba) Produto (compota, geleia, etc.) Processo adotado pela indústria Maquinário disponível 2. Produtos Matéria-prima 3. Compotas (ou Frutas em calda) 3.1. Definição (CNNPA nº 12, 1978) Compota ou fruta em calda é o produto obtido de frutas (inteiras ou em pedaços, com ou sem sementes ou caroços, com ou sem casca), submetida a cozimento incipiente (leve), envasadas em lata ou vidro, praticamente cruas, cobertas com calda de açúcar. Depois de fechado em recipientes, o produto é submetido a um tratamento térmico adequado Compota = Fruta em calda De acordo com a composição: a) Compota simples: apenas uma espécie de frutas b) Compota mista ou fruta mista em calda: duas espécies de frutas c) Salada de frutas ou miscelânea de frutas: três ou mais espécies de frutas, em pedaços de tamanho razoavelmente uniforme, até ao máximo de cinco, não sendo permitido menos de 20% da quantidade de qualquer espécie em relação ao peso das frutas drenadas Se contiver cerejas, estas podem perfazer a quantidade entre 3-8% sobre a massa total das frutas drenadas Se contiver uvas, estas podem perfazer a quantidade entre 6-12% sobre o mesmo total Simples Salada mista Mista em calda 3.2. Classificação (CNNPA nº 12, 1978) 3. Compotas (ou Frutas em calda) Aspecto de frutas inteiras ou em pedaços Cor própria da(s) fruta(s) de origem Cheiro próprio Sabor próprio A concentração de sólidos solúveis totais da calda: entre 14 e 40°Brix 3.4. Características físico-químicas (CNNPA nº 12, 1978) Características de integridade LEMBRAR °Brix é a quantidade de sólidos totais por 100 g de solução Exemplo.: 5°Brix 5 g de açúcar por 100 g de solução ou por 95 g de água 3.3. Características sensoriais (CNNPA nº 12, 1978) 3. Compotas (ou Frutas em calda) Após 14 dias de incubação a 35°C não se deve observar sinais: Alterações das embalagens Modificações de natureza física, química ou sensorial do produto Estufamentos Vazamentos Corrosões internas Cor, aroma, sabor e aparência devem se manter muito próximos do início 3.5. Características microbiológicas (CNNPA nº 12, 1978) 3. Compotas (ou Frutas em calda) Recepção a) Recepção: -Pesagem inicial -Pré-seleção Avaliação de rendimento Frutas deterioradas, folhas, galhos, etc. 3.6. Processamento de compota de goiaba 3. Compotas (ou Frutas em calda) Recepção -Imersão ou agitação -Aspersão b) Lavagem e sanificação: 30 ppm/20 min ou 100 ppm/10 min Retirada de cloro residual Lavagem/Sanificação 3.6. Processamento de compota de goiaba 3. Compotas (ou Frutas em calda) Recepção Seleção/Classificação -Classificação da fruta padronização do processo Remoção de frutas verdes ou muito maduras Classificação por tamanho (para frutas inteiras) -Frutas devem estar firmes tratamento térmico c) Seleção: Lavagem/Sanificação 3.6. Processamento de compota de goiaba 3. Compotas (ou Frutas em calda) Recepção Descascamento -Físico -Químico (pelagem) Água em ebulição Adição do NaOH (1-2% em relação ao volume de água) Quando T=80-90°C adiciona-se as frutas (1-3 min) Escurecimento da casca soda agindo na dissolução e mantendo as goiabas no formato original Retirar do tacho e lavar até remoção do resíduo de NaOH Teste fenolftaleína neutralização com ácido cítrico (0,25%) d) Descascamento (integral ou parcial): Remoção das partes machucadas Para grandes quantidades de frutas Seleção/Classificação Facas ou despolpadeira (peladoras) Vapor Lavagem/Sanificação 3.6. Processamento de compota de goiaba 3. Compotas (ou Frutas em calda) Recepção Descascamento Corte -Serve para remoção das sementes Manual Despolpadeira e) Corte Vídeo: descaroçamento de pêssego Seleção/Classificação Outros tipos de frutas podem ser submetidas a diferentes condições de corte (pêssegos grandes, abacaxis, abóboras, etc.) ou mesmo serem processadas inteiras (pêssegos pequenos, figos, morangos, etc.) Lavagem/Sanificação 3.6. Processamento de compota de goiaba 3. Compotas (ou Frutas em calda) -Em 2 ou mais partes (Ex: em tiras) ../../VÍDEOS/Descaroçador de pêssegos.mp4 Recepção Descascamento Corte Pesagem -Cálculo de ingredientes f) Pesagem 3.6. Processamento de compota de goiaba Fruta Açúcar Água Açúcar utilizado para preparo da calda Sacarose 100% Sacarose 75% + xarope de glicose 25% OBS: Glicose aumenta o Brix, diminui a doçura, aumenta o brilho e a translucidez da calda Seleção/Classificação Lavagem/Sanificação 3. Compotas (ou Frutas em calda) Ácido orgânico Recepção Descascamento Corte Pesagem Preparo da calda Cocção Refratômetro portátil Refratômetro digital g) Preparo da calda: Seleção/Classificação Lavagem/Sanificação 3.6. Processamento de compota de goiaba -Usada para cozinhar as frutas -Usada para complementar o sabor -Proporção água:açúcar Brix final de 14 a 40 °Brix Homogeneidade da doçura da massa 3. Compotas (ou Frutas em calda) Recepção Descascamento Corte Pesagem Preparo da calda Menor Brix, menor pressão osmótica pH da calda ≅ 3,6 -Misturar até ebulição (por aproximadamente 15 min) Cocção Controle de pH com ácido cítrico (0,1% - 0,5% em massa) Maior cuidado no tratamento térmico Seleção/Classificação Lavagem/Sanificação g) Preparo da calda: 3.6. Processamento de compota de goiaba 3. Compotas (ou Frutas em calda) -Usada para cozinhar as frutas -Usada para complementar o sabor -Proporção água:açúcar Brix final de 14 a 40 °Brix Homogeneidade da doçura da massa -Estimativa da quantidade de açúcar 𝑚𝑇 = massa total, ou seja, massa líquida da fruta + calda (g) °𝐵𝑓 = Concentração desejada da calda após equilíbrio (°Brix) 𝑚𝑓𝑟 = massa de enchimento da fruta (g) °𝐵𝑓𝑟 = Concentração de sólidos solúveis da fruta in natura (°Brix) 𝑚𝑐 = massa da calda adicionada (g) °𝐵𝑐 = 𝑚𝑇 °𝐵𝑓 − 𝑚𝑓𝑟 °𝐵𝑓𝑟 𝑚𝑐 OBS: A equação prevê a concentração da calda no equilíbrio (erro < 1%), desde que as frutas processadas sejam homogêneas quanto ao teor de sólidos solúveis (°Brix) e à massa das frutas g) Preparo da calda: 3.6. Processamento de compota de goiaba 3. Compotas (ou Frutas em calda) °𝐵𝑐 = Concentração da calda a ser preparada (°Brix) Fruta 𝑚𝑓𝑟; °𝐵𝑓𝑟 Calda 𝑚𝑐; °𝐵𝑐 Produto 𝑚𝑇; °𝐵𝑓 Açúcar 𝑚𝑎ç Água 𝑚𝐻2𝑂 Recepção Descascamento Corte Pesagem Cocção -Mistura a calda no tacho com as frutas -Funciona como um branqueamento Preparo da calda Liberação de água do fruto Inativação de enzimas (pectinesterase) Redução de carga microbiana Seleção/Classificação 85 a 90°C / 2 a 10 min Lavagem/Sanificação h) Cocção: 3.6. Processamento de compota de goiaba 3. Compotas (ou Frutas em calda) Recepção Descascamento Corte Pesagem Cocção Drenagem -Tela de inox -Separação da calda (adicionada no envase) Preparo da calda Calda (14-40 °B) i) Drenagem: Seleção/Classificação Para pesagem da massa da embalagem Lavagem/Sanificação3.6. Processamento de compota de goiaba 3. Compotas (ou Frutas em calda) Recepção Descascamento Corte Pesagem Cocção Drenagem Envase -Polpa adicionada no frasco (até 2 cm da borda) -Calda adicionada até formação do head space Preparo da calda Calda (14-40 °B) Espaço livre na parte superior da embalagem j) Envase: Seleção/Classificação Lavagem/Sanificação 3.6. Processamento de compota de goiaba 3. Compotas (ou Frutas em calda) Recepção Descascamento Corte Pesagem Cocção Drenagem Envase Exaustão -Risco de formação de bolsões de ar na adição da calda -Túnel de exaustão é o método tradicional -Fechamento (frascos de vidro) ou recravação (latas) Preparo da calda Calda (14-40 °B) k) Exaustão: Seleção/Classificação 90 a 95°C Lavagem/Sanificação 3.6. Processamento de compota de goiaba 3. Compotas (ou Frutas em calda) Recepção Descascamento Corte Pesagem Cocção Drenagem Envase Exaustão -Temperatura próxima a 100°C (10 min) -pH da calda indica a severidade Preparo da calda Calda (14-40 °B) Tratamento térmico l) Tratamento térmico: Seleção/Classificação Eliminação de patógenos e de deteriorantes Lavagem/Sanificação 3.6. Processamento de compota de goiaba 3. Compotas (ou Frutas em calda) Recepção Descascamento Corte Pesagem Cocção Drenagem Envase Exaustão Preparo da calda Calda (14-40 °B) Tratamento térmico Resfriamento m) Resfriamento: -Deve ser imediato após o tratamento térmico Para interromper o cozimento (perda de firmeza) Cuidado especial com latas: não deve resfriar até abaixo da T ambiente risco de enferrujar Seleção/Classificação Temperatura final entre 35 a 40°C Lavagem/Sanificação 3.6. Processamento de compota de goiaba 3. Compotas (ou Frutas em calda) Recepção Descascamento Corte Pesagem Cocção Drenagem Envase Exaustão Preparo da calda Calda (14-40 °B) Tratamento térmico Armazenamento n) Armazenamento: Resfriamento -Controle de T (≅ 𝟐𝟓°𝑪) e baixa UR% Altas T risco de oxidação do produto Seleção/Classificação Altas UR risco de oxidação das latas Lavagem/Sanificação 3.6. Processamento de compota de goiaba 3. Compotas (ou Frutas em calda) Problema 1: Deseja-se preparar um lote de pêssegos em calda. O lote é composto por 50 latas, conforme descrito na figura abaixo. A análise de sólidos solúveis totais dos pêssegos in natura é de 9,5 °Brix, e o lote é homogêneo. Determine a massa de açúcar e água a serem misturadas no preparo da calda deste lote, se a calda final deve apresentar 23 °Brix. °𝑩𝒊𝒏𝒊𝒄𝒊𝒂𝒍 = Concentração de sólidos solúveis da fruta in natura (°Brix) 𝒎𝒄𝒂𝒍𝒅𝒂 = massa da calda adicionada (g)
Compartilhar