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black board dir civil 9-11-20 responsabilidae civil por atos próprios

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Aluno: Glenilson Stutz
Curso: Direito
Disciplina: Direito Civil IV – Responsabilidade Civil
Professor: Eriton Toledo Arcain; 
Atividade: Black Board
Leia os capítulos sugeridos e elabore um quadro sinótico com os casos especiais de
responsabilidade por ato próprio. No quadro, sumarize as características e exemplifique os
casos especiais indicados, conforme o modelo abaixo:
 
CASOS ESPECIAIS DE RESPONSABILIDADE POR ATO PRÓPRIO
Casos Características Exemplo
Calúnia, difamação e 
injúria
São crimes contra a honra, tem previsão no 
art. 953 CC, não depende de conclusão da 
ação penal. Os danos neste caso podem 
ser tanto os de aspecto moral, ou que 
causem abalos psicológicos, quanto os 
emocionais; 
 Espalhar boatos que afetem a 
reputação da pessoa, a imagem 
desta com relação a terceiros, ou 
ainda que traga perda financeira ou
patrimonial a pessoa em razão do 
fato, como, a título de exemplo, 
aquele que perde um emprego ou a
oportunidade de um negócio por 
ser acusado falsamente do crime 
de estupro, ou tem a sua residência
depredada pela falsa acusação de 
pedofilia, ou nos casos de injúria, 
seja chamado de ladrão e não 
consiga emprego em razão disso.
Demanda de pagamento 
de dívida não vencida ou 
já paga
 Cobrar judicialmente dívida já paga no todo
ou em parte, sem ressalvar as quantias 
recebidas configura ao credor violação do 
artigo 187, do Código Civil, desnecessária a
comprovação da má-fé para a incidência da 
pena civil imposta na forma dobrada ou na 
sua equivalência. Atual redação contida no 
art. 940, Código Civil de 2002 (Lei 
10.406/2002):
 Exemplo: Ação de cobrança de 
cotas condominiais que já haviam 
sido pagas. (agravo em recurso 
especial n° 270.303 – RJ, 
2012/0263566-0)
Abuso do direito O abuso de direito ocorre quando o agente,
atuando dentro das prerrogativas que o 
ordenamento jurídico lhe concede, deixa de 
considerar a finalidade social do direito 
subjetivo e, ao utilizá-lo 
desconsideradamente causa dano a 
outrem.”
 Exemplificação de abuso de 
direitos:
a) matar gado alheio que pasta no 
campo;
b) requerer o credor arresto de 
bens que sabia não pertencer ao 
Coube ao Código Civil de 2.002 positivar a 
teoria do abuso de Direito e o fez no artigo 
187:
devedor;
c) requerer busca e apreensão sem
necessidade;
d) requerer falência de alguém 
quando as circunstâncias e as 
relações entre ele e o requerente 
não o autorizam;
e) provocar prejuízos que excedam 
os incômodos ordinários de 
vizinhança;
f) requerer busca e apreensão 
preliminar de queixa-crime, por 
suposta contrafação de patente, 
visando eliminar concorrência;
g) revogação, pelo mandante, de 
procuração sem nenhuma razão 
plausível;
Rompimento de noivado Em nossa legislação não há nada que 
obrigue o noivo ou a noiva a respeitarem a 
promessa de casamento. Neste sentido, o 
rompimento injustificado da promessa 
acarreta, apenas a responsabilidade civil – 
ocasionando, desta forma, a reparação dos 
danos morais e patrimoniais sofridos pela 
“parte ofendida”. Podendo fazer uso dos 
artigos 186 CC e 927. Então, ocorrendo o 
rompimento, injustificadamente, da 
promessa de casamento, tanto por parte do 
noivo quanto da noiva, e ocasionando dano 
ao “inocente” (que não deu causa), 
responderá sim pelos seus atos, ficando 
obrigado a reparar os possíveis danos 
patrimoniais e morais sofridos.
 Indenização. Dano moral. 
Rompimento de noivado. 
Admissibilidade. –“A ruptura de 
noivado, quando este ocorre após 
sinais de sua exteriorização, 
alcançando familiares e amigos, 
gera a indenização por dano 
moral, uma vez que abalados os 
sentimentos da pessoa atingida, 
não só em relação a si própria 
como também perante os grupos 
sociais com os quais se relaciona”. 
(TJSP – 2ª C. – AI – Rel. Osvaldo 
Caron. – j. 25.02.97).
Indenização – Responsabilidade 
civil – Desfazimento de noivado – 
Ressarcimento de quantias gastas 
com construção de moradia para o 
casal – Comprovação de parte das 
despesas alegadas – Artigo 333 do 
Código de Processo Civil – Ação 
parcialmente procedente – Recurso
não provido. (TJSP – Apelação 
Cível n. 279.238-1 – Ribeirão Preto 
– 2ª Câmara de Direito Privado – 
Relator: Vasconcellos Pereira – 
https://jus.com.br/tudo/busca-e-apreensao
22.04.97 – v.u.).
Ruptura de concubinato e 
de união estável
 Na ruptura do concubinato a fim de 
combater o enriquecimento ilícito o STF 
editou a súmula 380 “comprovada a 
existência de sociedade de fato entre 
concubinos, é cabível a sua dissolução 
judicial, com a partilha do patrimônio 
adquirido pelo esforço comum” 
Já na união estável foi acolhida pelo CC que
dedicou o seu Título III do seu Livro IV “Do 
Direito de Família” à união estável, disposta 
entre os artigos 1.723 e 1.727, 
apresentando a união estável como 
entidade familiar regida sob a comunhão 
parcial de bens (artigo 1.725), conferidos 
direitos, como os de meação (sobre os bens
provenientes de esforço mútuo) e alimentos.
 COMPANHEIRA E CONCUBINA –
DISTINÇÃO. Sendo o Direito uma 
verdadeira ciência, impossível é 
confundir institutos, expressões e 
vocábulos, sob pena de prevalecer 
a babel. UNIÃO ESTÁVEL – 
PROTEÇÃO DO ESTADO. A 
proteção do Estado à união estável 
alcança apenas as situações 
legítimas e nestas não está incluído
o concubinato. PENSÃO – 
SERVIDOR PÚBLICO – MULHER 
– CONCUBINA – DIREITO. A 
titularidade da pensão decorrente 
do falecimento de servidor público 
pressupõe vínculo agasalhado pelo
ordenamento jurídico, mostrando-
se impróprio o implemento de 
divisão a beneficiar, em detrimento 
da família, a concubina”. (Recurso 
Especial n. 397762, Bahia – BA, 
Primeira Turma do STF, Relator: 
Min. Marco Aurélio, julgamento em 
03/06/08, publicação em 12/09/08).
Entre cônjuges A responsabilidade civil dos cônjuges e 
companheiros entre si estão relacionadas 
com a prática de ato ilícito, nos moldes dos 
artigos 186, 187 e 927 do CC, e em 
decorrência da violação dos deveres 
conjugais contidos no art. 1.566 do Código 
Civil e da prática de outras condutas 
danosas.
 Exemplos: a monogamia, e temos 
jurisprudência do Tribunal Justiça 
do RJ.
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO 
INDENIZATÓRIA. DANO MORAL. 
VIOLAÇÃO DOS DEVERES DO 
CASAMENTO. INFIDELIDADE 
CONJUGAL. ADULTÉRIO. PROVA
INEQUÍVOCA. TRAIÇÃO GERA 
DOR, ANGÚSTIA, SOFRIMENTO, 
DESGOSTO, REVOLTA, 
CONSTRANGIMENTO E SE 
TRATA DE OFENSA GRAVE. 
DANO MORAL CONFIGURADO. 
ART. 5º, V e X, CARTA POLÍTICA. 
ART. 186 c/c 1566, INCISOS I e V, 
DO CÓDIGO CIVIL. VERBA QUE 
COMPORTA MAJORAÇÃO 
DIANTE DA EXTENSÃO DA 
OFENSA E CAPACIDADE 
ECONÔMICA DAS PARTES ALÉM
DO CARÁTER DIDÁTICO.
(Acordão nº 302776. Relator Des. 
Sandoval Oliveira. J. 11/12/2007)
 
Dano ecológico ou 
ambiental
 A responsabilidade civil por dano 
ambiental é objetiva, ou seja, é 
independente de demonstração de culpa, 
basta a comprovação do dano e existência 
de nexo causal que faça frente ao causador 
para que ocorra a obrigatoriedade de 
indenizar. Protegida pelo art. 225 da CF, 
artigo 14, § 1° da Lei 6.938/81, ainda 
fazemos uso art. 927 CC, responsabilidade 
civil objetiva.
 Alguns exemplos de dano 
ecológico estão elencados no art. 
3° da Lei n. 6.938/81 em seus 
incisos:
 (...) II — degradação da qualidade 
ambiental, a alteração adversa das 
características do meio ambiente; 
III — poluição, a degradação da 
qualidade ambiental resultante de 
atividades que direta ou 
indiretamente: a) prejudiquem a 
saúde, a segurança e o bem-estar 
da população; b) criem condições 
adversas às atividades sociais e 
econômicas; c) afetem 
desfavoravelmente a biota; d) 
afetem as condições estéticas ou 
sanitárias do meio ambiente; e) 
lancem matérias ou energia em 
desacordo com os padrões 
ambientais estabelecidos; IV — 
poluidor, a pessoa física ou jurídica,
de direito público ou privado, direta 
ou indiretamente, por atividade 
causadora de degradação 
ambiental.
Violação do direito à 
própria imagem
 Ocorre a violação do dano, pois “retratar 
uma pessoa sem que ela saiba ou contra a 
sua vontade é umato ilícito, ofensivo ao 
direito à própria imagem. É imprescindível o 
consentimento do retratado, por ter ele o 
direito de impedir que não se use a líbito a 
sua imagem” (DINIZ, 2007, p. 174). O art. 
20 do CC... a exposição ou a utilização da
imagem de uma pessoa poderão ser 
proibidas.... traz características da violação
do direito a própria imagem.
 Exemplos: Temos o direito a 
imagem de biografia não 
autorizada, RESPONSABILIDADE 
CIVIL DO SITE E/OU PROVEDOR
Provedores de serviços são 
entidades que proporcionam 
variados serviços relacionados ao 
funcionamento da Internet. 
Dependendo da atividade 
realizada, podem ser classificados 
em: provedores de backbone, 
hospedagem, acesso, conteúdo e 
de correio eletrônico. Ou seja, 
provedor de serviço é o gênero que
abarca as diversas espécies 
mencionadas anteriormente 
(LAWAND, C. J., 2007, p. 30)
Na Jurisprudência abaixo, é 
possível se indenizar por danos 
morais e materiais:
INDENIZATÓRIA POR DANOS 
MORAIS. DIREITO DE IMAGEM E 
INFORMAÇÃO JORNALÍSTICA. 
PUBLICAÇÃO DE IMAGEM SEM 
AUTORIZAÇÃO PRÉVIA NA 
INTERNET. DESNECESSIDADE. 
PARTICIPAÇÃO EM EVENTO 
PÚBLICO. TRIBUNAL DE 
JUSTIÇA DE SÃO PAULO TJ-SP - 
APELAÇÃO : APL 
00725974120128260100 SP 
0072597-41.2012.8.26.0100.
AIDS É possível reconhecer a responsabilidade 
civil de pessoa que transmite o vírus HIV no
âmbito de relação conjugal quando 
presentes os pressupostos da conduta 
(ação ou omissão) do agente: dolo ou culpa,
dano e nexo de causalidade. Se faz aqui o 
uso do art. 186 CC.
O STF através do HC 98.712 (BRASIL, 
2009) afirma que aquele que, sabendo-se 
portador do vírus HIV, mantém relações 
sexuais com outrem, sem o uso de 
preservativo, comete o delito previsto no art.
131 do Código Penal, em detrimento de 
possível tentativa de homicídio, bem como 
gerará responsabilidade civil.
 Ementa: APELAÇÃO Nº 0017355-
69.2012.8.26.0562. INDENIZAÇÃO
POR DANOS MORAIS PELA 
TRANSMISSÃO DO VÍRUS HIV. 
COMARCA: SANTOS. JUIZ: 
SILVIA ESTELA GIGENAO. 
APELANTE: LEONIDAS 
RODRIGUES. APELADO: GIZELA 
SANTOS. VOTO Nº: 4799.O 
parceiro que transmitiu o vírus HIV, 
ainda que de forma culposa, violou 
a honra, a intimidade, mas, 
sobretudo a integridade moral e 
física do outro, ocasionando o 
enfraquecimento do sistema 
imunológico, e a estigmatização 
perante a sociedade 
preconceituosa. Além disso, a 
responsabilidade da indenização do
dano moral se consubstancia, 
também, na gravidade da situação, 
pois, dentro de um relacionamento 
afetivo, se supõe haver amor, 
companheirismo, confiança e 
deveres éticos 
envolvidos. (APELAÇÃO Nº 
0017355-69.2012.8.26.0562, 2ª 
Câmara de Direito Privado do 
Tribunal de Justiça do Rio Grande 
do Sul, Relatora: Rosângela Telles,
Julgado em 12/04/2016).
Internet
 Quando o uso da internet provoca um 
dano para alguém, ou então esse uso 
constitui um fato tipificado como crime, será 
necessário reparar o dano civil, e ainda a 
autoridade pública ser acionada para 
aplicação da pena ao infrator. Legislador 
criou a Lei 12.965/14, mais conhecida como
Marco Civil da Internet. Embora limitado, 
tem a finalidade de garantir os direitos 
fundamentais no ambiente virtual e 
a responsabilidade civil. Foi disciplinada, no 
Marco Civil da Internet, em seus artigos 3º, 
7º e 10º: a garantia da liberdade de 
expressão;
proteção da privacidade;
inviolabilidade da intimidade e da vida 
privada, além do sigilo das informações.
 Exemplos de responsabilidade civil
na internet: Os casos mais comuns 
de aplicação da teoria da 
responsabilidade civil na internet 
decorre de: a)fraudes bancárias: os
bancos precisam sempre atualizar 
seus sites, investir em segurança e 
exigir dos clientes mais de uma 
senha; b) interrupção do acesso à 
rede: por problemas do provedor ou
das linhas telefônicas, cabos e 
sinais de satélite que o provedor 
utiliza; c) invasão de privacidade: 
na internet há muita segurança 
(senhas, criptografia – escrita em 
código), mas há também ataques 
de “hackers” e seus vírus capazes 
de acessar e divulgar informações 
secretas das pessoas (ex: 
declaração do imposto de renda, 
endereço residencial, violação e 
alteração de e-mails, difamação, 
etc.), violando a intimidade, a vida 
privada, a honra e a imagem 
dessas pessoas – art. 5o, X, CF; o 
mérito do “hacker” é poder 
modificar dados de um site 
disponível apenas para leitura, 
gravando em seguida suas 
modificações no provedor; 
d) violação do direito autoral: a 
internet serve para utilizar e 
divulgar obras escritas, musicais e 
audiovisuais sem o respeito ao 
copyright.
 Dano atômico A responsabilidade civil por danos 
nucleares é objetiva, tal qual 
a responsabilidade civil ambiental, ou 
seja, independe de aferição de culpa. ... 
Adiciona-se a Lei da Política Nacional do 
Meio Ambiente, Lei nº. 6.938/1981 que 
também previa a responsabilidade objetiva
do poluidor, e a Lei n° 6453/1977 que 
regulamentou a responsabilidade civil por 
danos nucleares.
Temos como exemplo o incidente 
que ocorreu em Goiás com uma 
bomba de césio 137 abandonada 
no antigo prédio do Instituto Goiano
de Radioterapia (IGR) que já não 
lhe servia mais, contaminado várias
pessoas, e que levou a óbito quatro
dessas pessoas, o MP ajuizou ação
civil pública contra a UF, a CNEN, o
estado de Goiás, o IPASGO e 
ainda contra os dirigentes do IGR, 
processo n° 0008354-
98.1995.4.01.3500.

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