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Aluno: Glenilson Stutz Curso: Direito Disciplina: Direito Civil IV – Responsabilidade Civil Professor: Eriton Toledo Arcain; Atividade: Black Board Leia os capítulos sugeridos e elabore um quadro sinótico com os casos especiais de responsabilidade por ato próprio. No quadro, sumarize as características e exemplifique os casos especiais indicados, conforme o modelo abaixo: CASOS ESPECIAIS DE RESPONSABILIDADE POR ATO PRÓPRIO Casos Características Exemplo Calúnia, difamação e injúria São crimes contra a honra, tem previsão no art. 953 CC, não depende de conclusão da ação penal. Os danos neste caso podem ser tanto os de aspecto moral, ou que causem abalos psicológicos, quanto os emocionais; Espalhar boatos que afetem a reputação da pessoa, a imagem desta com relação a terceiros, ou ainda que traga perda financeira ou patrimonial a pessoa em razão do fato, como, a título de exemplo, aquele que perde um emprego ou a oportunidade de um negócio por ser acusado falsamente do crime de estupro, ou tem a sua residência depredada pela falsa acusação de pedofilia, ou nos casos de injúria, seja chamado de ladrão e não consiga emprego em razão disso. Demanda de pagamento de dívida não vencida ou já paga Cobrar judicialmente dívida já paga no todo ou em parte, sem ressalvar as quantias recebidas configura ao credor violação do artigo 187, do Código Civil, desnecessária a comprovação da má-fé para a incidência da pena civil imposta na forma dobrada ou na sua equivalência. Atual redação contida no art. 940, Código Civil de 2002 (Lei 10.406/2002): Exemplo: Ação de cobrança de cotas condominiais que já haviam sido pagas. (agravo em recurso especial n° 270.303 – RJ, 2012/0263566-0) Abuso do direito O abuso de direito ocorre quando o agente, atuando dentro das prerrogativas que o ordenamento jurídico lhe concede, deixa de considerar a finalidade social do direito subjetivo e, ao utilizá-lo desconsideradamente causa dano a outrem.” Exemplificação de abuso de direitos: a) matar gado alheio que pasta no campo; b) requerer o credor arresto de bens que sabia não pertencer ao Coube ao Código Civil de 2.002 positivar a teoria do abuso de Direito e o fez no artigo 187: devedor; c) requerer busca e apreensão sem necessidade; d) requerer falência de alguém quando as circunstâncias e as relações entre ele e o requerente não o autorizam; e) provocar prejuízos que excedam os incômodos ordinários de vizinhança; f) requerer busca e apreensão preliminar de queixa-crime, por suposta contrafação de patente, visando eliminar concorrência; g) revogação, pelo mandante, de procuração sem nenhuma razão plausível; Rompimento de noivado Em nossa legislação não há nada que obrigue o noivo ou a noiva a respeitarem a promessa de casamento. Neste sentido, o rompimento injustificado da promessa acarreta, apenas a responsabilidade civil – ocasionando, desta forma, a reparação dos danos morais e patrimoniais sofridos pela “parte ofendida”. Podendo fazer uso dos artigos 186 CC e 927. Então, ocorrendo o rompimento, injustificadamente, da promessa de casamento, tanto por parte do noivo quanto da noiva, e ocasionando dano ao “inocente” (que não deu causa), responderá sim pelos seus atos, ficando obrigado a reparar os possíveis danos patrimoniais e morais sofridos. Indenização. Dano moral. Rompimento de noivado. Admissibilidade. –“A ruptura de noivado, quando este ocorre após sinais de sua exteriorização, alcançando familiares e amigos, gera a indenização por dano moral, uma vez que abalados os sentimentos da pessoa atingida, não só em relação a si própria como também perante os grupos sociais com os quais se relaciona”. (TJSP – 2ª C. – AI – Rel. Osvaldo Caron. – j. 25.02.97). Indenização – Responsabilidade civil – Desfazimento de noivado – Ressarcimento de quantias gastas com construção de moradia para o casal – Comprovação de parte das despesas alegadas – Artigo 333 do Código de Processo Civil – Ação parcialmente procedente – Recurso não provido. (TJSP – Apelação Cível n. 279.238-1 – Ribeirão Preto – 2ª Câmara de Direito Privado – Relator: Vasconcellos Pereira – https://jus.com.br/tudo/busca-e-apreensao 22.04.97 – v.u.). Ruptura de concubinato e de união estável Na ruptura do concubinato a fim de combater o enriquecimento ilícito o STF editou a súmula 380 “comprovada a existência de sociedade de fato entre concubinos, é cabível a sua dissolução judicial, com a partilha do patrimônio adquirido pelo esforço comum” Já na união estável foi acolhida pelo CC que dedicou o seu Título III do seu Livro IV “Do Direito de Família” à união estável, disposta entre os artigos 1.723 e 1.727, apresentando a união estável como entidade familiar regida sob a comunhão parcial de bens (artigo 1.725), conferidos direitos, como os de meação (sobre os bens provenientes de esforço mútuo) e alimentos. COMPANHEIRA E CONCUBINA – DISTINÇÃO. Sendo o Direito uma verdadeira ciência, impossível é confundir institutos, expressões e vocábulos, sob pena de prevalecer a babel. UNIÃO ESTÁVEL – PROTEÇÃO DO ESTADO. A proteção do Estado à união estável alcança apenas as situações legítimas e nestas não está incluído o concubinato. PENSÃO – SERVIDOR PÚBLICO – MULHER – CONCUBINA – DIREITO. A titularidade da pensão decorrente do falecimento de servidor público pressupõe vínculo agasalhado pelo ordenamento jurídico, mostrando- se impróprio o implemento de divisão a beneficiar, em detrimento da família, a concubina”. (Recurso Especial n. 397762, Bahia – BA, Primeira Turma do STF, Relator: Min. Marco Aurélio, julgamento em 03/06/08, publicação em 12/09/08). Entre cônjuges A responsabilidade civil dos cônjuges e companheiros entre si estão relacionadas com a prática de ato ilícito, nos moldes dos artigos 186, 187 e 927 do CC, e em decorrência da violação dos deveres conjugais contidos no art. 1.566 do Código Civil e da prática de outras condutas danosas. Exemplos: a monogamia, e temos jurisprudência do Tribunal Justiça do RJ. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. DANO MORAL. VIOLAÇÃO DOS DEVERES DO CASAMENTO. INFIDELIDADE CONJUGAL. ADULTÉRIO. PROVA INEQUÍVOCA. TRAIÇÃO GERA DOR, ANGÚSTIA, SOFRIMENTO, DESGOSTO, REVOLTA, CONSTRANGIMENTO E SE TRATA DE OFENSA GRAVE. DANO MORAL CONFIGURADO. ART. 5º, V e X, CARTA POLÍTICA. ART. 186 c/c 1566, INCISOS I e V, DO CÓDIGO CIVIL. VERBA QUE COMPORTA MAJORAÇÃO DIANTE DA EXTENSÃO DA OFENSA E CAPACIDADE ECONÔMICA DAS PARTES ALÉM DO CARÁTER DIDÁTICO. (Acordão nº 302776. Relator Des. Sandoval Oliveira. J. 11/12/2007) Dano ecológico ou ambiental A responsabilidade civil por dano ambiental é objetiva, ou seja, é independente de demonstração de culpa, basta a comprovação do dano e existência de nexo causal que faça frente ao causador para que ocorra a obrigatoriedade de indenizar. Protegida pelo art. 225 da CF, artigo 14, § 1° da Lei 6.938/81, ainda fazemos uso art. 927 CC, responsabilidade civil objetiva. Alguns exemplos de dano ecológico estão elencados no art. 3° da Lei n. 6.938/81 em seus incisos: (...) II — degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das características do meio ambiente; III — poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos; IV — poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental. Violação do direito à própria imagem Ocorre a violação do dano, pois “retratar uma pessoa sem que ela saiba ou contra a sua vontade é umato ilícito, ofensivo ao direito à própria imagem. É imprescindível o consentimento do retratado, por ter ele o direito de impedir que não se use a líbito a sua imagem” (DINIZ, 2007, p. 174). O art. 20 do CC... a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas.... traz características da violação do direito a própria imagem. Exemplos: Temos o direito a imagem de biografia não autorizada, RESPONSABILIDADE CIVIL DO SITE E/OU PROVEDOR Provedores de serviços são entidades que proporcionam variados serviços relacionados ao funcionamento da Internet. Dependendo da atividade realizada, podem ser classificados em: provedores de backbone, hospedagem, acesso, conteúdo e de correio eletrônico. Ou seja, provedor de serviço é o gênero que abarca as diversas espécies mencionadas anteriormente (LAWAND, C. J., 2007, p. 30) Na Jurisprudência abaixo, é possível se indenizar por danos morais e materiais: INDENIZATÓRIA POR DANOS MORAIS. DIREITO DE IMAGEM E INFORMAÇÃO JORNALÍSTICA. PUBLICAÇÃO DE IMAGEM SEM AUTORIZAÇÃO PRÉVIA NA INTERNET. DESNECESSIDADE. PARTICIPAÇÃO EM EVENTO PÚBLICO. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO TJ-SP - APELAÇÃO : APL 00725974120128260100 SP 0072597-41.2012.8.26.0100. AIDS É possível reconhecer a responsabilidade civil de pessoa que transmite o vírus HIV no âmbito de relação conjugal quando presentes os pressupostos da conduta (ação ou omissão) do agente: dolo ou culpa, dano e nexo de causalidade. Se faz aqui o uso do art. 186 CC. O STF através do HC 98.712 (BRASIL, 2009) afirma que aquele que, sabendo-se portador do vírus HIV, mantém relações sexuais com outrem, sem o uso de preservativo, comete o delito previsto no art. 131 do Código Penal, em detrimento de possível tentativa de homicídio, bem como gerará responsabilidade civil. Ementa: APELAÇÃO Nº 0017355- 69.2012.8.26.0562. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS PELA TRANSMISSÃO DO VÍRUS HIV. COMARCA: SANTOS. JUIZ: SILVIA ESTELA GIGENAO. APELANTE: LEONIDAS RODRIGUES. APELADO: GIZELA SANTOS. VOTO Nº: 4799.O parceiro que transmitiu o vírus HIV, ainda que de forma culposa, violou a honra, a intimidade, mas, sobretudo a integridade moral e física do outro, ocasionando o enfraquecimento do sistema imunológico, e a estigmatização perante a sociedade preconceituosa. Além disso, a responsabilidade da indenização do dano moral se consubstancia, também, na gravidade da situação, pois, dentro de um relacionamento afetivo, se supõe haver amor, companheirismo, confiança e deveres éticos envolvidos. (APELAÇÃO Nº 0017355-69.2012.8.26.0562, 2ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, Relatora: Rosângela Telles, Julgado em 12/04/2016). Internet Quando o uso da internet provoca um dano para alguém, ou então esse uso constitui um fato tipificado como crime, será necessário reparar o dano civil, e ainda a autoridade pública ser acionada para aplicação da pena ao infrator. Legislador criou a Lei 12.965/14, mais conhecida como Marco Civil da Internet. Embora limitado, tem a finalidade de garantir os direitos fundamentais no ambiente virtual e a responsabilidade civil. Foi disciplinada, no Marco Civil da Internet, em seus artigos 3º, 7º e 10º: a garantia da liberdade de expressão; proteção da privacidade; inviolabilidade da intimidade e da vida privada, além do sigilo das informações. Exemplos de responsabilidade civil na internet: Os casos mais comuns de aplicação da teoria da responsabilidade civil na internet decorre de: a)fraudes bancárias: os bancos precisam sempre atualizar seus sites, investir em segurança e exigir dos clientes mais de uma senha; b) interrupção do acesso à rede: por problemas do provedor ou das linhas telefônicas, cabos e sinais de satélite que o provedor utiliza; c) invasão de privacidade: na internet há muita segurança (senhas, criptografia – escrita em código), mas há também ataques de “hackers” e seus vírus capazes de acessar e divulgar informações secretas das pessoas (ex: declaração do imposto de renda, endereço residencial, violação e alteração de e-mails, difamação, etc.), violando a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem dessas pessoas – art. 5o, X, CF; o mérito do “hacker” é poder modificar dados de um site disponível apenas para leitura, gravando em seguida suas modificações no provedor; d) violação do direito autoral: a internet serve para utilizar e divulgar obras escritas, musicais e audiovisuais sem o respeito ao copyright. Dano atômico A responsabilidade civil por danos nucleares é objetiva, tal qual a responsabilidade civil ambiental, ou seja, independe de aferição de culpa. ... Adiciona-se a Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, Lei nº. 6.938/1981 que também previa a responsabilidade objetiva do poluidor, e a Lei n° 6453/1977 que regulamentou a responsabilidade civil por danos nucleares. Temos como exemplo o incidente que ocorreu em Goiás com uma bomba de césio 137 abandonada no antigo prédio do Instituto Goiano de Radioterapia (IGR) que já não lhe servia mais, contaminado várias pessoas, e que levou a óbito quatro dessas pessoas, o MP ajuizou ação civil pública contra a UF, a CNEN, o estado de Goiás, o IPASGO e ainda contra os dirigentes do IGR, processo n° 0008354- 98.1995.4.01.3500.