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Química Orgânica Experimental Estereoquímica de Alcenos • Adição de Haletos de Hidrogênio Considere a seguinte adição de HX a 1-buteno e observe que a reação leva à formação de produto, 2-halobutano, que contém um centro de quiralidade: O produto, portanto, pode existir como um par de enantiômeros, em que estes são formados em mesmas quantidades, sendo o carbocátion formado na primeira etapa da reação mostrada a seguir, é trigonal plano e é aquiral por não possuir os quatro substituintes distintos e realizar apenas três ligações, possuindo um orbital p vazio ortogonal ao plano da ligação principal. Na primeira parte do mecanismo de reação, o 1-buteno doa um par de elétrons para o próton HX para formar um carbocátion aquiral. Em seguida, tem-se como efetivada a formação do carbocátion aquiral e trigonal plano – em decorrência do orbital p vazio que se encontra em posição ortogonal à ligação que confere o plano da molécula – por último, como na segunda etapa do mecanismo, o carbocátion reage com o íon haleto com a mesma velocidade tanto pelo caminho (a) como pelo (b) para formar os enantiômeros como uma racemato (quando se tem a mesma quantidade dos dois enantiômeros formados, configurando-os como de mesma energia). • Adição Sin e Anti 1) Uma adição que coloca as partes do reagente que está sendo adicionado do mesmo lado ou face do reagente é definida como reação de adição sin, como a seguir. 2) Uma adição que coloca as partes do reagente que está sendo adicionado em lados ou faces opostas ao reagente é definida como reação de adição anti, como mostrado a seguir. Assim, podemos evidenciar algumas características provenientes da adição eletrofílica de haletos de hidrogênio em alcenos, como as informações citadas na tabela a seguir: Observação Mecanismo • Mecanismo envolve dois passos • A etapa que determina a velocidade da reação é a da formação do carbocátion • Rearranjos podem acontecer para alcançar máxima estabilidade Regiosseletividade • A regra de Markovnikov é seguida e em alcenos assimétricos, as bandas de hidrogênio substituem as de carbono para estabilizar a estrutura Estereoquímica • Adições sin e anti podem acontecer mediante formação de estereocentros • Adição de Água A adição de água catalisada por ácido à ligação dupla de um alceno (hidratação de um alceno) é um método para a preparação de álcoois de baixo peso molecular. Essa reação tem a sua maior utilidade em processos industriais de larga escala. Os ácidos mais frequentemente usados para catalisar a hidratação de um alceno são soluções aquosas diluídas de ácido sulfúrico e ácido fosfórico. Essas reações também são caracterizadas como regiosseletivas e a adição de água à ligação dupla segue a regra de Markovnikov. De forma geral, a reação tem a seguinte forma: Vale destacar que neste mecanismo de hidratação de alcenos utilizando como catalisador ácidos e visando formar um álcool, são necessários no mínimo três etapas durante todo o mecanismo reacional; • Adição de Halogênios Alcenos que reagem rapidamente com bromo e cloro em solventes não nucleófilos para formar dialetos vicinais. Um bom exemplo é a adição do cloro ao eteno. Esta adição é um processo industrial útil, porque o 1,2-dicloroetano pode ser usado como um solvente e por ser usado para sintetizar o cloreto de vinila, material de partida para o policloreto de vinila (PVC). Abaixo podemos ver outro exemplo da adição de halogênios à ligação dupla: No caso acima, é possível perceber que existem diversas maneiras de entrada do halogênio na molécula que antes constituía um alceno, tais maneiras acabam por originar enantiômeros ou compostos de estereoquímica específica. Com relação à adição de halogênios, é importante salientar o fato de que foi observado experimentalmente de que maneira as reações de adição entre alcenos e halogênios acontecem apenas pela ligação do tipo anti, não sendo capazes de formar quaisquer compostos do tipo cis, apenas do tipo trans. Para justificar tal fator, é necessário que compreendamos as diferenças no mecanismo de reação, que neste caso, tem como primeira etapa cerca de três setas envolvidas e que não se evidencia nenhuma formação de carbocátion, tais afirmações fazem parte da diferença entre as adições de haletos de hidrogênio e de haletos. Um mecanismo que explica a adição anti é aquele em que uma molécula de bromo transfere um átomo de bromo para o alceno, formando um íon chamado bromônio cíclico e liberando um íon brometo, desta forma, o íon bromônio cíclico produz adição anti ao final da reação, como a seguir. Quando uma molécula de bromo se aproxima de um alceno, a densidade eletrônica da ligação π do alceno repele a densidade eletrônica do bromo mais próximo, polarizando a molécula de bromo e tornando o átomo mais próximo eletrofílico. O alceno doa um par de elétrons para o bromo mais próximo, causando o deslocamento do átomo de bromo mais distante. À medida que isso ocorre, o átomo de bromo recém-ligado, devido ao seu tamanho e polarizabilidade, doa um par de elétrons para o carbono que, de outra maneira formaria o carbocátion, estabilizando desse modo a carga positiva por deslocalização. O resultado é um íon bromônio em ponte intermediário. Um ânion brometo ataca no lado de trás de um carbono (pode ser qualquer um dos carbonos relacionados com o íon bromônio) do íon bromônio em uma reação SN2 (substituição nucleofílica bimolecular), causando a abertura do anel e resultando na formação de um vic-dibrometo ou forma vicinal do brometo. • Reações Estereoespecíficas A adição anti de um halogênio a um alceno nos fornece um exemplo do que se chama de reação estereoespecífica, que pode ser definida como quando uma forma estereoisomérica do material de partida reage através de um mecanismo que fornece uma forma estereoisomérica específica do produto. Se considerarmos as seguintes reações do cis- e trans-2-buteno com o bromo molecular, quando o bromo reage com o trans-2-buteno, o resultado é a formação de um composto meso e do (2R,3S)-2,3-dibromobutano. Já quando o cis-2-buteno reage com o bromo, o produto é uma mistura racêmica de (2R,3R)-2,3-dibromobutano e (2S,3S)-2,3-dibromobutano. A partir dos reagentes e produtos evidenciados acima, é possível compreender do que se trata uma reação estereoespecífica, isto porque uma forma estereoisomérica, como por exemplo o composto trans-2-penteno, forma os dois enantiômeros, enquanto o cis-2-penteno forma apenas composto meso, que por possuírem pleno de simetria, equivalem à um composto. Para facilitar a visualização a partir da formação de compostos meso ou não, basta nomear os produtos formados, como a seguir. Quando vemos as reações acima, podemos pensar que o isômero trans-2-buteno deveria formar os dois enantiômeros, contudo, ao fazermos a nomenclatura, percebemos que apenas um composto é formado, o meso. Em contrapartida, ao realizarmos a nomenclatura dos produtos formados a partir do composto cis-2-buteno, vemos que dois enantiômeros são formados. Salientando que ambos os mecanismos são de adição do tipo anti, já que se trata da reação de adição de halogênios. • Oxidação de Alcenos: 1,2-Di-hidroxilação Sin Os alcenos sofrem diversas reações nas quais a dupla carbono-carbono é oxidado, como por exemplo o que acontece com a 1,2-Di-hidroxilação Sin, explicada mais profundamente a seguir: 1) 1,2-Di-hidroxilação Sin: Tetróxido de ósmio (OsO4) é amplamente utilizado para sintetizar 1,2-dióis (os produtos de 1,2- di-hidroxilação que também podem ser chamados de glicóis), para que a reação aconteça, se faz necessário o uso de catalisadores como o NaHSO3 (bissulfito de sódio) e a presença de água. O permanganato de potássio (KMnO4) também pode serutilizado, contudo, este é um agente oxidante forte e assim, se torna propenso a realizar a quebra do diol, produzindo uma oxidação adicional, por isso, quando o permanganato estiver sendo usado, a reação deve acontecer em meio básico, mediante a presença de água e a frio. É importante destacar de que maneira os ambientes reacionais devem estar para que as reações de oxidação aconteçam. Na parte superior, tem-se a reação de di- hidroxilação sin referente ao permanganato de potássio, para que a reação ocorra, é exigido que o meio esteja básico, na presença de água e a frio. Já na reação inferior, o meio deve estar necessariamente na presença de bissulfito de sódio e água. O mecanismo para a formação de um 1,2-diol a partir do tetróxido de ósmio envolve um intermediário cíclico que resulta da adição de dois oxigênios na cadeia principal que antes correspondia ao alceno, chamado éster osmato cíclico. Após a formação do intermediário cíclico com o ósmio, o rompimento da ligação oxigênio ocorre sem alterar a estereoquímica das duas novas ligações entre os carbonos provenientes do alceno e os oxigênio que antes eram do tetróxido de ósmio. A estereoquímica sin dessa di-hidroxilação pode ser evidenciada pela reação entre o ciclopenteno e o tetróxido de ósmio, formando como produto o cis-1,2-ciclopentanodiol. • Quebra Oxidativa de Alcenos Alcenos podem ser quebrados oxidativamente utilizando permanganato de potássio ou ozônio em conseguinte com outros reagentes responsáveis por tornar o meio adequado para que as reações aconteçam. O permanganato de potássio (KMnO4) é utilizado quando se deseja uma oxidação forte, já o ozônio é o escolhido quando a necessidade exige uma oxidação mais suave. 1) Quebra oxidativa com Permanganato de potássio a quente em meio básico Acredita-se que a quebra ocorra via um intermediário cíclico similar ao que é formado com o tetróxido de ósmio e a formação intermediária de um 1,2-diol. Alcenos com átomos de carbono monossubstituídos são quebrados oxidativamente a sais de ácidos carboxílicos. Os carbonos de alcenos dissubstituídos são quebrados oxidativamente para gerar cetonas. Carbonos de alcenos não substituídos são oxidados a dióxido de carbono. Os alcenos a seguir evidenciam os resultados da quebra oxidativa por permanganato de potássio com diferentes padrões de substituição, no caso em que o produto é o sal carboxilato, uma etapa de acidificação é realizada para a obtenção de ácido carboxílico. A quebra oxidativa deve ser quente com meio básico para que a reação seja mais drástica o suficiente para quebrar a ligação presente no alceno separando as duas partes que eram unidas por ela. • Epoxidação: Di-hidroxilação do tipo anti O anel de três membros altamente tensionado nas moléculas dos epóxidos, faz com que eles sejam muito mais reativos frente à substituição nucleofílica do que outros éteres. A catálise por ácidos auxilia na abertura do anel epóxido, fornecendo um grupo de saída melhor (um álcool) no átomo de carbono que sofre o ataque nucleofílico. Essa catálise é especialmente importante se o nucleófilo é fraco como a água ou um álcool, um exemplo disso é a hidrólise catalisada por ácido de um epóxido mostrada a seguir. No mecanismo acima, é possível observar a formação de um trans-diol e, é importante salientar que podem existir dois enantiômeros da estrutura trans formada. Além disso, os epóxidos podem ser sintetizados através de uma reação de um alceno com um peroxiácido ou perácido (RCO3), como o ácixo peróxiacético ou o ácido meta-cloroperóxidobenzóico (MCPBA). A oxidação de alcenos pode levar a compostos, contendo oxigênio ligado a um dos carbonos da ligação dupla. Vários tipos diferentes de agentes oxidantes são empregados, dependendo da natureza do produto desejado. Os perácidos usados são normalmente os ácidos perbenzóico (C6H5CO3H), monoperftálico (O-HOOCC6H4CO3H) e o peracético (CH3CO3H). Os perácidos orgânicos são espécies eletrofílica, desta forma, a velocidade das reações com alcenos aumenta com a presença, na ligação dupla, de substituintes que liberam elétrons (por exemplo, grupos alquila). Alcenos com três ou quatro substituintes alquila transformam-se, quando reagem com perácidos, em epóxidos. • Quebra Oxidativa com Ozônio A ozonólise consiste no borbulhamento de ozônio em uma solução muito fria, em cerca de – 78°C, do alceno em CH2Cl2, seguido pelo tratamento da solução com sulfeto de dimetila (ou zinco e ácido acético), tal método pode ser descrito como o mais útil para a quebra de alcenos. A reação é útil como ferramenta sintética, assim como um método para determinar a localização de uma ligação dupla no alceno através do raciocínio inverso a partir das estruturas dos produtos. No processo final acima, resulta na quebra da ligação dupla do alceno, com cada carbono da ligação dupla fazendo uma ligação dupla com o oxigênio que entra durante a ozonólise. Os exemplos acima tornam claros os resultados após a quebra garantida com a ozonólise, em que são formadas estruturas conhecidas como acetonas e acetaldeídos (na reação superior) e no mecanismo inferior tem-se a formação do isobutiraldeído e do formaldeído. Abaixo segue o mecanismo geral da quebra oxidativa por ozonólise. O mecanismo de adição de ozônio a alcenos começa com a formação de compostos instáveis chamados de ozonetos iniciais (também chamados de molozonetos). O processo acontece vigorosamente e leva ao rearranjo espontâneo formando compostos conhecidos como ozonetos. Acredita-se que o rearranjo ocorra com a dissociação do ozonetos inicial em fragmentos reativos que se recombinam para produzir o ozonetos, estes são compostos muito instáveis, sendo os ozonetos de baixa massa molecular muitas vezes altamente explosivos, salientamos que a explosão ocorre violentamente. Ao lado, vemos o resultado nos produtos dispostos após a ocorrência da ozonólise, sendo aldeídos ou cetonas. • Hidrogenação catalítica Os alcenos reagem com hidrogênio na presença de uma variedade de catalisadores metálicos. Nessa reação ocorre a adição de um átomo de hidrogênio a cada átomo de carbono da ligação dupla. As reações de hidrogenação que envolvem catalisadores insolúveis finamente divididos de platina, paládio ou níquel ocorrem através de catálises heterogênea porque o substrato é solúvel na mistura reacional, mas o catalisador não é solúvel. As reações de hidrogenação onde o catalisador é solúvel na mistura reacional se intitulam como catálises homogêneas. Os catalisadores homogêneos de hidrogenação típicos envolvem complexos de ródio e rutênio que contêm vários átomos de fósforo e outros ligantes. Um dos catalisadores homogêneos de hidrogenação mais conhecidos é o de Wilkinson, o cloreto de tris(trifenilfosfina)ródio, Rh[(C6H5)3P]Cl. As reações vistas a seguir são alguns exemplos que envolvem catálise heterogênea: O tipo de reação que ocorre nesses exemplos é uma reação de adição, em que o produto resultante dessa adição em alcenos nada mais é do que um alcano. Os alcanos tem apenas ligações simples e contêm o número de átomos de hidrogênio que um hidrocarboneto possui, por essa razão, os alcanos são chamados compostos saturados. Uma vez que alcenos possuem a ligação dupla e por isso não consegue ter a quantidade máxima de hidrogênios, estes são caracterizados como insaturados. Na hidrogenação de alcenos o processo é exotérmico e apesar disso, normalmente existe uma elevada energia livre de ativação para a hidrogenação não catalítica do alceno e por isso, a reação sem catalisador não ocorre à temperatura ambiente. Entretanto, a hidrogenação ocorrerá rapidamente em temperatura ambiente mediante a presença de um catalisador porque este fornece uma nova maneira de mecanismo reacional envolvendo uma energiade ativação consideravelmente reduzida. O catalisador heterogêneo de hidrogenação catalítica normalmente contém platina, níquel, paládio ou ródio finamente dividido, depositado sobre uma superfície de carbono (carvão). O gás hidrogênio introduzido na atmosfera do ambiente de reação, é adsorvido no metal através de uma reação química onde os elétrons desemparelhados da superfície do metal se emparelham com os elétrons dos hidrogênios e os ligam à superfície. A colisão de um alceno com a superfície contendo o hidrogênio adsorvido também provoca a adsorção do alceno. Então ocorre uma transferência por etapas dos átomos de hidrogênio e produz-se um alcano antes que a molécula orgânica deixe a superfície do catalisador. Como consequência, ambos os átomos de hidrogênio geralmente são adicionados do mesmo lado da molécula, por isso é chamado de modo de adição sin.
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