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DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO

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DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO (DRGE) 
FISIOPATOLOGIA 
→O esfíncter esofágico inferior (EEI) tem o papel primário de impedir o refluxo do conteúdo 
gástrico para o esôfago. 
→Ele é claramente identificado como uma zona de alta pressão durante a avaliação manométrica 
quando o dispositivo sensor passa do estômago para o esôfago. 
→Vários fatores contribuem para a geração dessa zona de alta pressão. 
→O primeiro é a musculatura intrínseca do esôfago distal. Essas fibras musculares diferem 
daquelas em outras áreas do esôfago pelo estado de contração tônica em que se encontram. Elas 
normalmente relaxam com o início de uma deglutição e logo após retornam ao estado de contração 
tônica. 
→O segundo fator que contribui para a pressão do EEI são as fibras musculares oblíquas (em 
gravata) da cárdia. Essas fibras estão na mesma profundidade anatômica das fibras musculares 
circulares do esôfago, embora orientadas numa direção diferente. 
→Elas têm um curso diagonal entre a junção cardiotuberositária e a pequena curvatura. Essas fibras 
são responsáveis por um percentual significativo da zona de alta pressão no esôfago inferior. 
→O terceiro fator contribuinte para a manutenção da zona de alta pressão no esôfago distal é o 
diafragma. Ao passar do tórax para o abdome, o esôfago é circundado pelos pilares do 
diafragma. 
→Durante a inspiração, o diâmetro anteroposterior da abertura crural é estreitado, comprimindo 
o esôfago e aumentando a medida da pressão no EEI. 
→Esse conceito é particularmente importante durante a interpretação dos traçados manométricos 
do esôfago. 
→Por convenção, a pressão do EEI deve ser aferida no meio ou no final da expiração, fornecendo 
uma medida de pressão confiável e reprodutível. 
→O último componente da pressão gerada na zona de alta pressão do esôfago distal é a pressão 
transmitida pela cavidade abdominal. O compartimento abdominal tem uma pressão relativamente 
superior à cavidade torácica. 
 
→O refluxo gastroesofágico pode ocorrer quando a pressão da zona de alta pressão no esôfago 
distal é muito baixa para prevenir que os conteúdos gástricos entrem no esôfago ou quando um 
esfíncter com pressão normal apresenta relaxamento espontâneo, não associado a uma onda 
peristáltica do corpo do esôfago. 
→Outras alterações da zona de alta pressão, como encurtamento, que ocorre como parte do 
deslocamento cefálico ou como distensão gástrica de alimentos ou ar, podem também eliminar a 
barreira e resultar em refluxo. 
→Em virtude de mesmo pequenas alterações na zona de alta pressão comprometerem a sua eficácia, 
episódios de refluxo ocorrem em pessoas normais. 
→A distinção entre a doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) e refluxo gastroesofágico é 
sutil e importante e requer conhecimento dos sintomas associados, lesão da mucosa do esôfago, 
quantidade total de exposição ao ácido e outros fatores. 
→A DRGE está associada, com frequência, a uma hérnia de hiato. 
→Embora qualquer tipo de hérnia hiatal possa dar origem a uma incompetência da cárdia, o mais 
comum é a hérnia tipo I, também chamada de uma hérnia hiatal por deslizamento. 
→Uma hérnia tipo I ocorre quando a junção gastroesofágica não é mantida na cavidade abdominal 
pela membrana frenoesofágica. Assim, a cárdia migra para trás entre o mediastino posterior e a 
cavidade peritoneal. 
→A membrana frenoesofágica é uma continuação da fáscia endoabdominal que se ancora ao esôfago 
na região hiatal. Ela se situa imediatamente acima da reflexão peritoneal no hiato e continua pelo 
mediastino. 
→A presença de uma pequena hérnia hiatal por deslizamento não implica necessariamente uma 
incompetência da cárdia, mas, quanto maior seu tamanho, maior o risco de refluxo gastroesofágico 
anormal. 
 
 
 
→Segundo sua anatomia, as hérnias de hiato são classificadas em três tipos (I a III). 
→As hérnias de hiato tipos II e III são frequentemente denominadas hérnias paraesofágicas, 
embora possam estar associadas à DRGE. 
→Além disso, são as hérnias maiores e mais difíceis de serem tratadas, podendo estar associadas a 
sintomas obstrutivos agudos ou crônicos. 
→Uma hérnia tipo II, também conhecida como hérnia por rolamento ou paraesofágica, ocorre quando 
a junção gastroesofágica encontra-se ancorada no abdome, mas o defeito hiatal, geralmente grande, 
fornece espaço para as vísceras migrarem para dentro do mediastino. 
→A pressão relativamente negativa dentro do tórax facilita a migração visceral. Geralmente, é o 
fundo do estômago que migra para o mediastino; entretanto, o cólon e o baço podem ser 
ocasionalmente identificados. 
→A hérnia tipo III é uma combinação das duas hérnias, em que junção gastroesofágica e a 
tuberositária (ou outra víscera) estão livres para movimentar-se para o interior do mediastino. 
→A presença de uma hérnia de hiato não é necessária nem suficiente para fechar o diagnóstico de 
DRGE, e o achado de uma hérnia não constitui uma indicação para correção cirúrgica. 
→As implicações teóricas da presença de uma hérnia de hiato tipos I e III são que a cárdia e 
o esôfago distal têm o potencial de serem expostos à pressão negativa da cavidade torácica. 
→Isso poderia reduzir a pressão do EEI, permitindo que o refluxo ocorra mais facilmente. 
→Muitos pacientes com hérnia de hiato não têm sintomas e não requerem tratamento. 
QUADRO CLÍNICO 
→A apresentação clínica mais comum dos pacientes com DRGE inclui uma história longa de dor do 
tipo queimação retroesternal (pirose) e uma história mais recente de regurgitação. 
→Azia, quando típica, é um sintoma confiável. A azia é restrita às áreas epigástricas e 
retroesternal. Ela é identificada como uma sensação de ardência ou cáustica. Ela não se irradia para 
as costas e não é caracteristicamente descrita como uma sensação de pressão. 
→É recomendável solicitar ao paciente para descrever em detalhes o tipo de sensação que ele vem 
apresentando. 
→Às vezes, os sintomas descritos poderão ser mais característicos de doença ulcerosa péptica, 
colelitíase ou doença arterial coronariana. 
→A presença de regurgitação indica progressão da doença. Alguns pacientes serão incapazes de se 
inclinar sem experimentar um episódio desconfortável. 
→Deve-se fazer uma distinção entre a regurgitação de alimentos digeridos e de não digeridos. 
→Alimentos não digeridos no conteúdo regurgitado são indicativos de um outro processo 
patológico, como um divertículo esofágico ou acalasia. 
→Além de azia e regurgitação, alguns pacientes sofrem de disfagia. Com maior frequência, a disfagia 
representa uma obstrução mecânica, sendo mais pronunciada na ingestão de sólidos do que na de 
líquidos. 
→Se a disfagia para sólidos e líquidos ocorre em um mesmo momento e com a mesma intensidade, 
deve-se suspeitar de um distúrbio neuromuscular. 
→Quando um paciente apresenta disfagia, a estenose péptica do esôfago distal é provavelmente a 
causa. No entanto, tumor, divertículos e distúrbios motores precisam ser excluídos porque essa 
determinação afetará a abordagem cirúrgica. 
→Outros sintomas poderão estar presentes em pacientes com refluxo gastroesofágico. 
→A maioria é proveniente do trato gastrointestinal; entretanto, muitos pacientes terão sintomas 
relacionados ao trato respiratório, também chamado de sintomas extraesofágicos. 
 
EXAME FÍSICO 
→O exame físico dos pacientes com DRGE raramente contribui para confirmar o diagnóstico. 
→Em pacientes com doença avançada, várias observações podem ajudar na identificação da origem 
de seu desconforto. 
→Um paciente que constantemente bebe água durante a entrevista está facilitando o 
esvaziamento esofágico, o que pode ser indicativo de refluxo contínuo ou obstrução distal. 
→Outros pacientes com doença avançada ficarão sentados inclinando-se para a frente e 
permanecerão durante a entrevista com seus pulmões inflados próximo à capacidade vital. Essa 
é uma tentativa de manter o diafragma retificado,o diâmetro anteroposterior do hiato 
esofágico, estreitado, e, dessa forma, a pressão do EEI, elevada. 
→Pacientes com refluxo proximal importante e com regurgitação de conteúdo gástrico para a 
cavidade oral podem ter erosão da sua dentição (revelando dentes amarelados pela perda da dentina), 
mucosa orofaríngea inflamada ou sinais de sinusite crônica. 
→O exame físico pode ser útil na determinação de outras doenças. 
→A presença de linfonodos supraclaviculares anormais em um paciente com queimação e disfagia 
pode sugerir câncer esofágico ou gástrico. 
→Se a dor retroesternal do paciente puder ser induzida com palpação, é provável, então, uma causa 
somática. 
→Excluídas essas apresentações extremas, o exame físico geralmente pouco contribui para a 
confirmação ou exclusão do refluxo gastroesofágico como causa dos sintomas. 
AVALIAÇÃO PRÉ-OPERATÓRIA 
→A rotina pré-operatória de um paciente candidato ao tratamento cirúrgico ajudará a confirmar 
o diagnóstico, a excluir outras entidades mórbidas e a direcionar a intervenção operatória. 
 
 ENDOSCOPIA 
→A endoscopia é um passo essencial para os pacientes com DRGE que estão sendo considerados 
para intervenção cirúrgica. 
→Esse estudo tem valor na sua habilidade para excluir outras doenças, especialmente tumores, e 
em documentar a presença de lesão péptica no esôfago. 
→O grau de lesão pode ser medido usando-se um escore como o de Savary-Miller (o grau 1 indica 
eritema; 2, ulceração linear; 3, ulcerações convergentes, e 4, estenose). 
 
→O extremo de lesão da mucosa é o esôfago de Barrett. 
→Amostras de biópsias têm sido usadas para confirmar o desenvolvimento de metástases e 
excluir disfagia. 
→O endoscópio tem sido empregado para graduar a chamada válvula em aba. 
→Isso é interpretado numa visão retrofletida da junção gastroesofágica. 
→A válvula é graduada de 1 a 4, sendo o grau 4 uma junção completamente patulosa (“patente”), com 
o lúmen esofágico totalmente visível a partir do corpo do estômago. 
 
 BIÓPSIA NA ENDOSCOPIA 
→Deve ser realizada em todos os pacientes com úlcera e /ou estenose. 
→Está indicada em caso de reepitelização com mucosa avermelhada, circunferencial ou não, com 
extensão de pelo menos 2 cm, acima do limite das pregas gástricas. Nesse caso, o diagnóstico 
endoscópico deve ser anunciado como “sugestivo de esôfago de Barrett”. 
→Está indicada nos casos de reepitelização com mucosa avermelhada, menor que 2 cm de extensão. 
O diagnóstico endoscópico deve ser enunciado como “sugestivo de epitelização colunar do esôfago 
distal”. 
→Não deve ser realizada na fase aguda da esofagite erosiva, sem úlcera, estenose ou suspeita de 
metaplasia colunar. 
 
 MANOMETRIA 
→Um número importante de informações sobre a função do corpo esofágico e do EEI pode ser 
obtido através da manometria esofágica estática. 
→Este teste permitirá ao cirurgião excluir distúrbios primários de motilidade como acalasia, que 
podem simular os sintomas de refluxo, e em pacientes com DRGE, possibilitará que o cirurgião 
planeje o melhor procedimento cirúrgico, fornecendo dados sobre a capacidade do esôfago para 
limpar-se do alimento ingerido. 
→O cateter de manometria é um tubo flexível com dispositivos sensíveis à pressão (preenchidos por 
água ou em estado sólido) organizados em intervalos de 5 cm. 
→O esfíncter esofágico superior (EES) é notoriamente difícil de ser analisado, pois ele migra de 
posição durante a fase cervical da deglutição. 
→Felizmente, as características do EES são raramente relevantes para a prática clínica. 
→As informações pertinentes a serem obtidas com os traçados manométricos se referem à 
função do EEI e do corpo esofágico. 
 
→O EEI é analisado para a pressão média de repouso. 
→Outras informações a serem obtidas do EEI são o comprimento total, o comprimento intra-
abdominal e a distância do esfíncter em relação às narinas. 
→Quanto mais longa a zona de alta pressão e quanto maior o componente intra-abdominal, maior é a 
barreira ao refluxo dos conteúdos gástricos. 
→O corpo esofágico é aferido para determinar a efetividade da peristalse. 
→Com os quatro canais posicionados em 3, 8, 13 e 18 cm acima do EEI, é fornecida uma série de 
alíquotas de 5 mL de água para ser deglutida (no mínimo 10). 
→A atividade peristáltica é reportada como a porcentagem de deglutições iniciadas que são 
transmitidas a cada canal com sucesso. Normalmente, um paciente deve ter acima de 80% de 
peristalse. 
→A segunda característica de importância clínica é a amplitude da onda peristáltica. A amplitude 
é simplesmente a média das pressões geradas no esôfago distal durante as ondas peristálticas 
transmitidas de forma efetiva. 
→A motilidade esofágica ineficaz é definida como menos de 70% de peristalse ou amplitudes 
menores que 30 mmHg e é frequentemente associada com DRGE importante. 
 
 MONITORIZAÇÃO DO PH 
→O padrão-ouro para diagnóstico e quantificação do refluxo ácido é a pHmetria de 24 horas. 
→Esse estudo é realizado colocando-se um cateter fino contendo um ou mais eletrodos sólidos no 
esôfago. Os eletrodos são espaçados entre si em 5 a 10 cm e são capazes de captar flutuações no 
pH entre 2 e 7. 
→Os eletrodos são conectados a um gravador de dados que o paciente veste durante o período de 
observação. 
→Há um relógio digital inserido no gravador. 
→Quando o paciente tem um evento (p. ex., queimação, dor torácica, eructação), ele deve marcar o 
evento em um diário, anotando o horário no gravador. 
 
→Uma grande quantidade de informações pode ser adquirida a partir do estudo – total número de 
episódios de refluxo (pH < 4), o episódio de refluxo, número de episódios que duram mais de 5 
minutos, grau de refluxo na posição ereta e grau de refluxo na posição supina. 
→Um escore geral é obtido usando-se uma fórmula que assinala um peso para cada item, de acordo 
com sua capacidade de causar lesão esofágica. 
→Esse valor, conhecido como escore de DeMeester, deve ser inferior a 14,7. 
→Uma maneira mais simples para determinar se está ocorrendo um refluxo anormal é estimar o 
percentual total de tempo em que o pH está abaixo de 4 nos canais proximais e distais. 
→Isso é calculado dividindo-se quanto o pH era inferior a 4 pela duração total do estudo e 
multiplicando por 100. 
→No esôfago proximal (15 cm acima do EEI), a exposição ácida normalmente ocorre menos de 1% do 
tempo; no esôfago distal (5 cm acima do EEI), normalmente ocorre menos de 4% do tempo. 
→O diário de sintomas do paciente deve ser correlacionado com os episódios de refluxo. 
→A correlação entre a queimação retroesternal ou dor torácica com uma queda do pH tem valor 
clínico significativo porque ajuda a confirmar uma relação de causa e efeito. 
 
 INDICAÇÕES DE PHMETRIA 
→Pacientes com sintomas típicos de DRGE que não apresentam resposta satisfatória ao tratamento 
com inibidor da bomba protônica e nos quais o exame endoscópico não revelou dano à mucosa 
esofágica. Nesses casos, o exame deve ser realizado na vigência da medicação. 
→Pacientes com manifestações atípicas extra-esofágicas sem presença de esofagite. Nesses casos, 
recomenda-se a realização do exame pHmétrico com dois ou mais canais sensores de pH para 
caracterização simultânea do refluxo gastroesofágico e do refluxo supraesofágico (laringofaríngeo). 
→Pré-operatório nos casos bem caracterizados, em que o exame endoscópico não revelou esofagite. 
 
TRATAMENTO E RESULTADO 
TRATAMENTO CLÍNICO 
→Quando um paciente é visto pela primeira vez, não é necessária uma investigação extensa se a 
história e o exame físico são consistentes com DRGE. 
→Seria prudente investigar anemia crônica nesse paciente e prescrever terapia medicamentosa com 
supressão de ácido por 6 semanas. 
→A maioria dos autores concorda que uma dose dupla de um IBP é a abordagem inicial no tratamento 
clínico. 
→Desta maneira, o uso de terapia clínica torna-se uma ferramenta diagnóstica.Se os sintomas 
persistirem após uma tentativa de terapia, uma avaliação mais extensa, como descrito 
anteriormente, estaria indicada. 
→Os medicamentos disponíveis para tratar o refluxo ácido incluem antiácidos, agentes pró-cinéticos, 
bloqueadores de histamina 2 e IBP. 
→O tratamento farmacológico da DRGE tem sido revolucionado pelo advento dos IBP. 
→Essas substâncias agem ligando irreversivelmente a bomba de prótons nas células parietais do 
estômago, assim efetivamente interrompendo a produção de ácido gástrico. 
→O efeito máximo ocorre após aproximadamente 4 dias de tratamento, e os efeitos persistirão 
durante o restante da vida da célula parietal. 
→Assim, a supressão ácida irá persistir por 4 a 5 dias após a terapia terminar, de modo que 
o paciente precisa interromper a terapia por 1 semana antes de ser avaliado com monitoração 
do pH. 
→Em comparação com bloqueadores de H2, os IBP são mais efetivos na cicatrização de 
ulcerações esofágicas secundárias à exposição ácida. 
→Esses medicamentos são relativamente caros, mas são bem tolerados. 
→Efeitos colaterais podem incluir cefaleia, dor abdominal, flatulência, constipação e diarreia. 
→Vários estudos têm revelado uma associação entre o uso de IBP a longo prazo e aumento do risco 
de deficiências nutricionais e complicações infecciosas. 
→Outros estudos ligaram o uso prolongado de IBP à formação de pólipos gástricos, ocorrendo 
geralmente com mais de 1 ano de tratamento. A maioria destes pólipos é hiperplásica e não parece 
ser maligna. 
 
 
→Os pacientes que não apresentam resposta totalmente satisfatória ao tratamento com IBP 
por 12 semanas devem ter a dose de IBP dobrada por mais 12 semanas, antes de se determinar 
um insucesso terapêutico. 
TRATAMENTO CIRÚRGICO 
→As indicações para tratamento cirúrgico mudaram desde o advento de IBP. 
→Pacientes com evidência de lesão esofágica grave (p. ex., úlcera, estenose, mucosa de 
Barrett) e resolução incompleta dos sintomas ou recaídas durante o tratamento médico são 
candidatos à cirurgia. 
 
 Válvula de 360 Graus (Abordagem pelo Pilar Esquerdo) 
→Fundoplicatura à Nissen, que deve ser o procedimento de escolha para a maioria dos doentes. 
→Essa abordagem tem a vantagem de fornecer acesso direto e precoce aos vasos gástricos 
curtos e ao baço. 
→Uma vez vencido esse obstáculo, há pouca chance de lesão esplênica durante o restante do 
procedimento. 
→O paciente é colocado em posição de litotomia (coloca-se um suporte para deixar o paciente com 
o quadril e joelhos fletidos) 
→O cirurgião posiciona-se entre as pernas do paciente, enquanto o assistente fica do lado esquerdo. 
→Quatro trocartes e o afastador de fígado são colocados para que sejam criados dois triângulos 
equiláteros compartilhando um ângulo medial comum. 
→O cirurgião opera através dos dois portais mais cefálicos. 
→O assistente opera através dos dois portais caudais mais próximos. 
→O afastador de fígado é colocado imediatamente à esquerda da linha média, na região subxifoide. 
 
→Com o assistente afastando primeiro a grande curvatura e depois o omento, o pilar esquerdo 
e a grande curvatura são dissecados pelo cirurgião. 
→Os vasos gástricos curtos são abordados precocemente para mobilizar o fundo. 
→Com o fundo mobilizado, a membrana frenoesofágica sobre o pilar esquerdo deve ser dissecada 
até que as fibras crurais sejam identificadas. 
→A extensão completa do pilar esquerdo é mobilizada nessa hora. 
 
 
→A dissecção do pilar direito é, então, realizada abrindo-se o pequeno omento e mobilizando-
o até a membrana frenoesofágica à direita. 
→A dissecção anterior e posterior do pilar direito revelará o pilar esquerdo já dissecado. 
→Deve-se ter cuidado em preservar os vagos anterior e posterior durante essa mobilização. 
Ambos serão contidos na válvula. 
→Um dreno de Penrose é colocado ao redor do esôfago para facilitar a dissecção mais proximal 
e ajudar na confecção da válvula. 
 
→Uma vez que o esôfago esteja mobilizado, os pilares são reaproximados posteriormente com firmes 
pontos de fio inabsorvível, possibilitando a passagem de uma vela de 52 French com facilidade. 
→A face posterior do fundo gástrico é, então, passada por trás do esôfago, da esquerda para a 
direita. 
→A válvula é criada numa extensão de 2,5 a 3 cm com três ou quatro pontos ininterruptos de fio 
permanente. 
→Esse reparo deve também permitir a passagem de uma vela de 52 French com facilidade. 
→Com a vela removida, a válvula é ancorada ao esôfago e ao pilar direito no hiato. 
→Isso ajuda a prevenir herniação e deslizamento. 
→Uma sutura similar é confeccionada à esquerda. 
→A válvula é ancorada anterior e posteriormente aos pilares com duas suturas adicionais. 
 
 
→A válvula é inspecionada. A linha de sutura deve repousar imediatamente à direita da linha 
média do esôfago. 
→O aspecto posterior da válvula não deve ter estômago redundante, o que implicaria que a 
válvula tivesse sido confeccionada muito baixa, possivelmente com o corpo e não com o fundo 
gástrico. 
→Deve haver um tênue deslizar da válvula sobre a grande curvatura. Se ela for angulada 
abruptamente, pode haver muita tensão no fundo gástrico. 
→Quando todos esses passos estiverem completos, a válvula estará terminada. 
 
 
COMPLICAÇÕES 
→Em geral, complicações têm sido relatadas em 3% a 10% dos pacientes. 
→Muitas complicações são menores e estão relacionadas à intervenção cirúrgica em geral (p. 
ex., retenção urinária, infecção da ferida, trombose venosa, íleo adinâmico). 
→Outras são relacionadas especificamente ao procedimento ou abordagem (p. ex., lesão 
esplênica, perfuração de víscera oca, disfagia, pneumotórax). 
→As complicações podem ser divididas nas identificadas no período operatório e nas observadas no 
pós-operatório. 
 
→Sangramentos e Úlceras 
CONSIDERAÇÕES ESPECIAIS 
→Dentro do espectro da DRGE, existem várias condições que devem receber atenção especial. O 
cirurgião deve estar atento a essas variações e às considerações a elas relacionadas. 
 ESTENOSES 
→As estenoses impõem um problema sério ao paciente com DRGE, embora com o 
aperfeiçoamento das terapias clínicas isso seja uma complicação um tanto rara atualmente. 
→A disfagia, um sintoma mais preocupante, muitas vezes acaba sendo decorrente da formação 
de uma estenose. 
→Além disso, as estenoses são oriundas de inflamações agudas e crônicas, que não só diminuem o 
diâmetro do esôfago como também encurtam o esôfago, dificultando sobremaneira uma intervenção 
cirúrgica. 
→A avaliação desses pacientes pode ser mais difícil, já que a presença de uma estenose grave pode 
impedir o refluxo num estudo de pH de 24 horas. Esse estudo deve ser idealmente realizado após a 
dilatação. 
→Outras causas de estenose (tumor, estenose cáustica) devem ser excluídas antes da operação. 
→Estenoses resultantes da DRGE são indicativas de doença de longa duração e podem estar 
associadas a um encurtamento do esôfago ou ao esôfago de Barrett. 
→A terapia mais efetiva para uma estenose péptica do esôfago é a operação antirrefluxo. 
→Embora haja evidências para apoiar o controle sintomático efetivo com dilatações endoscópicas e 
terapia de manutenção com IBP, o tratamento cirúrgico resulta em menor número de dilatações por 
paciente. 
 ESÔFAGO DE BARRETT 
→Em alguns pacientes, a exposição ácida prolongada e possivelmente a lesão alcalina levam a 
uma mudança na mucosa esofágica do seu epitélio escamoso usual para uma configuração colunar 
(esôfago de Barrett). 
→As células quase sempre se estendem em sentido proximal à junção escamocolunar num padrão 
contíguo. 
→Se o esôfago de Barrett é encontrado, múltiplas biópsias são necessárias para excluir 
displasia, o que pode indicar uma tendência para o desenvolvimento de um adenocarcinoma. 
→Embora a incidência de adenocarcinoma em pacientes com esôfago de Barrett seja cerca de 40 
vezes maior do quena população em geral (estudos de Barrett com incidência aumentada), a 
incidência de câncer nesses pacientes é ainda muito baixa. 
→Em virtude de o esôfago de Barrett ser o resultado de lesões repetidas da mucosa por refluxo 
gastroesofágico (de ácido ou bile), pode-se esperar que um procedimento antirrefluxo diminua a taxa 
de displasia e câncer, no entanto, a evidência na literatura não é conclusiva. 
→Independentemente do impacto de um procedimento antirrefluxo na evolução do esôfago de 
Barrett, pacientes são examinados endoscopicamente para vigilância da metaplasia após a 
operação. 
 
Referência: Sabiston – Tratado de Cirurgia, 19 edição.

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