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Processo Penal I

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Sistemas Processuais Penais e Princípios
O sistema processual de cada Estado varia com o contexto político-social em que se encontra. Nos Estados totalitários, a moldura da legalidade se estende, aumentando o espaço para a discricionariedade e para o campo de atuação do Estado-juiz. Já nos Estados democráticos, a atuação do juiz é mais restrita, encontrando seu limite nos direitos individuais.
Em um Estado Democrático de Direito, o sistema acusatório é a garantia do cidadão contra arbítrios do Estado. A contrario sensu, no Estado totalitário, em que há repressão e supressão dos direitos e garantias individuais, impera o sistema inquisitivo.
A doutrina tende a definir o sistema processual penal de cada Estado tomando por base uma característica considerada principal ou considerando, necessariamente, a presença de todos os princípios de forma integral para definir um ou outro sistema, classificando como misto o sistema que apresente características tanto de um regime totalitário quanto de um regime democrático.
Sistemas Processuais Penais
	 
	INQUISITÓRIO
	ACUSATÓRIO
	JULGADOR
	Júri
	Singular
	RELAÇÃO ENTRE SUJ
	Juiz acusa, defende, instrui, julga
	Separação de sujeitos
	ACUSAÇÃO
	De ofício (não era provocado)
	Órgão acusador provoca
	PROCESSO
	Secreto, sem contradição e ampla defesa
	Público, Contradição e Ampla defesa
	PROVA
	Tarifada (a prova tem o peso terminado pelo juiz)
Tortura (confissão)
	Livre convencimento
	SENTENÇA
	Sem coisa julgada
	Coisa julgada
	CAUTELARES
	Prisão como regra
	Liberdade é a regra
 
Fases Penais
- Inquérito
- Ação Penal
- Execução Penal
 
Princípios do Processo Penal
 
1) Presunção de Inocência
Art. 5°, LVII, CF: Tratar como inocente
- Princípio que surge como consequência direta do “princípio do devido processo legal”.
- Impõe ao juiz e às partes o dever de tratar o acusado como se ele fosse inocente – “todo ser humano é inocente até que se prove o contrário”.
- Nasceu na Revolução Francesa.
- ONU – Declaração Universal dos Direitos Humanos (adotada em 10 de dezembro de 1948): Art. 11, 1. – “Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa”;
- Apesar do princípio da presunção de inocência ser muito importante, há situações em que permite-se que ocorram prisões antes da sentença condenatória transitada em julgado (prisão em flagrante, temporária, cautelar, preventiva).
· A restrição à liberdade do acusado antes da sentença definitiva só deve ser admitida a título de medida cautelar, de necessidade ou conveniência, segundo estabelece a lei processual;
 
· O réu não tem o dever de provar sua inocência: cabe ao acusador comprovar sua culpa;
 
· Para condenar o acusado, o juiz deve ter a convicção de que ele é responsável pelo delito, bastando para a absolvição, a dúvida a respeito de sua culpa (in dubio pro reo).
 
2) Ampla defesa e contraditório
Art. 5°, IV, CF - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória
- Garantia constitucional que assegura a ampla defesa ao acusado, dispondo que o mesmo possui direito de defesa sem restrições, num processo em que deve estar assegurada a igualdade das partes. Não se aplica ao inquérito policial.
· Ampla defesa: direito que o acusado tem de se defender de tudo que é colocado contra ele;
· Contraditório: resposta que o acusado tem direito de dar à cada parte da acusação.
- Não é permitido imputar crime falso a alguém – isso significa violar as regras da ampla defesa, é cometer um crime.
- Deste princípio decorre a igualdade processual, ou seja, a igualdade de direitos entre as partes acusadora e acusada, que se encontram num mesmo plano e a liberdade processual, que consiste na faculdade que tem o acusado de nomear o advogado que bem entender.
- Revisão criminal: análoga à ação rescisória do processo civil, existe para corrigir erros como suborno ao juiz, decisões contrárias às provas dos autos, etc. Tal revisão trata-se de direito que só cabe à defesa. ➙ ideia de que o Estado é mais forte de que o acusado.
 
3) Devido processo legal
Art. 5°, IIV, CF
- O silêncio do réu não pode ser utilizado em seu desfavor;
- Esse princípio também implica no fato de que é permitido que o réu confesse apenas parte do crime cometido;
- Ficar calado é diferente de mentir; porém, o réu pode mentir (“calar a verdade”), ao contrário da testemunha, que pode até mesmo ser presa em flagrante caso faça isso. A testemunha está a serviço da justiça, ela faz parte das provas e, portanto, não pode mentir.
- Princípio relacionado à presunção de inocência;
 
4) Direito ao silêncio e de não produzir provas contra si
Art. 5° LXIII, CF
- “Junção” de todos os outros princípios;
- O processo devido é aquele que obedece a todos os outros princípios – qualquer violação a um deles faz com que não haja o devido processo legal.
Inquérito Policial
Conceito
“É o conjunto de diligências realizadas pela Polícia Judiciária para a apuração de uma infração penal e sua autoria, fim de que o titular da ação penal possa ingressar em juízo.” (Tourinho Filho).
 Investigação num processo administrativo feito por alguém que não é do poder judiciário. O delegado é do poder executivo.
Busca apurar AUTORIA e MATERIALIDADE presidido por delegado. Apura a probabilidade de culpa.
- Possui natureza inquisitória/ administrativa
- Busca indícios de AUTORIA
- O máximo que acontece com alguém durante o inquérito é o INDICIAMENTO, que significa colocar o nome da pessoa no sistema, para fins de consulta judicial, imputando a ele a provável autoria.
- O juiz não participa da produção de prova. É só ele quem pode fazer a quebra de sigilo.
Há certos elementos de prova que se encontram, exclusivamente, no inquérito: exames periciais, avaliações, buscas e apreensões, reconhecimentos.
O que ocorre no inquérito?
1. O delegado analisa as provas necessárias para apurar a probabilidade da autoria e da materialidade do crime.
1. O delegado não está autorizado a afirmar que o sujeito é culpado.
1. Ao final do inquérito, o Delegado emite um relatório, em que apenas relata indícios, mas sem emitir opinião.
1. O promotor não está vinculado ao indiciamento do Delegado.
1. O inquérito é administrativo e sigiloso.
 
 
Dispensa inquérito
CPP
Art. 39. O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial.
§ 5o O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a representação forem oferecidos elementos que o habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de quinze dias.
Lei 9.099
 
        Art. 60.  O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados ou togados e leigos, tem competência para a conciliação, o julgamento e a execução das infrações penais de menor potencial ofensivo, respeitadas as regras de conexão e continência.
 
Art. 61.  Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa.  
 
Art. 62.  O processo perante o Juizado Especial orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade, objetivando, sempre que possível, a reparação dos danos sofridos pela vítima e a aplicação de pena não privativa de liberdade.         
 
Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários.
 
Art. 77. Na ação penal de iniciativa pública, quando não houver aplicação de pena, pela ausência do autor do fato, ou pela não ocorrência da hipótese prevista no art. 76 desta Lei, o MinistérioPúblico oferecerá ao Juiz, de imediato, denúncia oral, se não houver necessidade de diligências imprescindíveis.
        § 1º Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base no termo de ocorrência referido no art. 69 desta Lei, com dispensa do inquérito policial, prescindir-se-á do exame do corpo de delito quando a materialidade do crime estiver aferida por boletim médico ou prova equivalente.
 
Características do Inquérito Policial
 
Discricionário
A polícia pode operar ou deixar de operar dentro de um campo limitado pelo Direito. É ilícito à autoridade policial deferir ou indeferir qualquer pedido de prova feito pelo indiciado ou pelo ofendido (art. 14 CPP), não estando sujeita a autoridade policial à suspeição (art. 107, CPP). O ato de polícia é autoexecutável, pois independe prévia autorização do Judiciário.
 
Escrito
Todas as peças do inquérito serão, em um só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas.
 
Sigiloso
Só assim a autoridade policial pode providenciar as diligências necessárias para a completa elucidação do fato sem que lhe seja posto empecilhos para impedir ou dificultar a colheita de informações, com ocultação ou destruição de provas, influência sobre testemunhas, etc. – art. 20, CPP. Tal sigilo não se estende ao Ministério Público, que pode acompanhar os atos investigatórios, nem ao Poder Judiciário. O advogado só pode ter acesso ao inquérito policial quando possua legimitatio ad procedimentum e, decretado o sigilo, em segredo de justiça, não está autorizada sua presença a atos procedimentais, diante do princípio da inquisitoriedade que norteia o CPP quanto à investigação. Pode, porém, manusear e consultar autos findos ou em andamento. Diante do art. 5º, LXIII da CF, que assegura ao preso a assistência do advogado, ao menos nessa hipótese, o advogado pode consultar os autos de inquérito policial e tomar medidas pertinentes em benefício do indiciado. 
 
Indisponível
Uma vez instaurado, não poderá ser arquivado. 
 
Obrigatório
na hipótese de crime apuráveis mediante ação penal pública incondicionada, a autoridade deverá instaurá-lo de ofício, assim que tenha notícia da prática da infração (art. 5º, I, CPP).
 
Indiciamento
 
Indício – art. 239, CPP: “Considera-se indício a circunstância conhecida e provada que, tendo relação com o fato, autoriza, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias.” 
· Pré-processual; é preparatório da ação penal.
· Apesar de importante, não é imprescindível – é dispensável.
· Não há certeza, mas, a partir de circunstâncias conhecidas e provadas, o delegado está autorizado a concluir outras questões por indução. O indício leva à conclusão de autoria, lugar, etc.
· O inquérito policial apenas investiga, jamais condena.
 
 O inquérito policial exige um objeto determinado para ser investigado!
 
 
Medidas cautelares
O Delegado pode representar diretamente ao juiz pela decretação de medidas cautelares (prisão preventiva, mandados de busca domiciliar, quebra de sigilo telefônico e bancário, etc.) ou conceder medidas cautelares de ofício, independentemente do Poder Judiciário.
 
· Toda quebra de sigilo deve ser autorizada pelo juiz; a lei dá à autoridade policial autonomia para requerer providências cautelares diretamente ao juiz criminal.
· Não há juiz de instrução no nosso Processo Penal – não há um juiz que participa da produção de provas.
 
Tipos de Investigação
O inquérito não é a única forma de investigação administrativa
1. IPM - Militares: Quando os crimes são praticados por militares, a autoridade militar faz, imediatamente, inquérito, que, apurada a competência da justiça comum, costuma ser requisitado, para juntar-se aos autos do processo quando não são logo remetidos à polícia ou ao juízo competente
2. Funcionário público federal: instaurado pela autoridade administrativa para apurar responsabilidade de funcionário. É remetido, ao final, para o MP oferecimento ou não da denúncia (arts. 143 a 173 da lei 8112/90.
3. Ordem econômica: apurar infrações contra ordem econômica, lei 8884/94, arts. 30 a 51.
4. CPI – inquérito parlamentar: Lei 1579/52. Se a comissão constatar ocorrência de crime comum o Ministério Público oferece denúncia.
5. Inquérito Civil: Lei 7347/85. Presidido pelo Ministério Público e objetiva a colheita de elementos para proposição de Ação Civil Pública (crimes de meio ambiente, consumidor, bens de valor artístico e histórico).
6. Câmara dos Deputados e Senado Federal: art. 52, XII da CF e Súmula 397 STF – poder de polícia compreende à prisão em flagrante e instauração de inquérito.
 
 O inquérito policial é uma espécie de um gênero, que é a INVESTIGAÇÃO CRIMINAL / INVESTIGAÇÃO PRELIMINAR.
(INVESTIGAÇÃO PRELIMINAR: CPI (poder legislativo); sindicância (procedimento administrativo da administração pública); inquérito policial; inquérito civil (nas ações civis públicas) - presidido pelo MP, que tbm pode originar ação penal.
 
Valor da prova
Há certos elementos de prova que se encontram no inquérito: exames periciais, avaliações, buscas e apreensões, reconhecimentos.
Art 12, CPP: o inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa sempre que servir de base a uma ou outra.
 
Competência para instauração do inquérito
 
O inquérito policial deve ser instaurado no lugar da consumação da infração.
 
Art. 4º, CPP: “A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria.
Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função.”
 
Art. 70, CPP: “A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.
§1º Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução.
§2º Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será competente o juiz do lugar em que o crime embora parcialmente, tenha produzido ou deva produzir seu resultado.
§3º Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.”
 
Formas de Instauração do Inquérito
 
· Ex ofício - Portaria (documento) – todas as ações penais, mas principalmente ação penal pública incondicionada
· Representação – ação penal pública condicionada
· Requerimento – ação penal privada
· Requisição (pedido, ordem, de juiz/promotor) – ação penal pública incondicionada
· Auto de prisão em flagrante – ressalva: é, na verdade, uma forma de iniciar uma portaria. – depende
· Termo circunstanciado (Lei n. 9.099/95) – ação penal pública incondicionada/condicionada ou ação penal privada
Notícia-crime:
Quando um crime ocorre as autoridades competentes são notificadas para dar início à investigação contra seu autor ou autores. Para tanto, é preciso fazer a exposição do fato criminoso à polícia ou ao Ministério Público.
Queixa:
É a petição inicial para dar origem à ação penal privada, perante o juízo criminal, com o pedido de que o autor ou os autores do crime sejam processados e condenados.
 
Denúncia: 
é a petição inicial da ação penal pública. Por ser de interesse público, a denúncia é promovida necessariamente pelo Ministério Público, sem a necessidade de que o ofendido esteja acompanhado de advogado ou defensor público.
Portaria:
 A Portaria é uma peça inicial do procedimento inquisitorial, onde a autoridade policial registra o conhecimento da prática de um crime de Ação Pública Incondicionada, especificando, se possível, o lugar, o dia e a hora em que foi cometido o crime, o pronome do autor e o da vítima, e conclui determinando a instauração do inquérito policial. 
Assim, Portaria é quando o delegado de ofício instaura o procedimento,sem que tenha havido prisão do suspeito.
- Na Portaria, o delegado de polícia inicia a investigação de ofício sobre determinadas pessoas. 
- O delegado não precisa indicar os nomes das pessoas enquanto a investigação não for concluída.
 A necessidade de abrir inquérito pode começar a partir da própria iniciativa do delegado – ele não precisa ser provocado.
1. Ex.: delegado vê uma pessoa cometendo homicídio, então pode instaurar inquérito. 
1. Crimes de ação penal pública incondicionada 
 
- CPP, Art. 5º, I e II: estabelece que o inquérito policial seja iniciado:
 
· De ofício;
 
· Mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
 
Se a autoridade policial souber, por meio de suas atividades de rotina, da existência de um crime, terá que ser examinado, para ver se trata-se de crime de ação pública incondicionada. Confirmado, terá o dever jurídico de instaurar o inquérito, ou seja, serão feitas investigações para apurar o fato e a autoria, por iniciativa própria.
 
Requerimento do Ofendido
 
- CPP, Art. 5º, II: estabelece que o inquérito policial pode ser iniciado mediante o requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
 
- O legislador entendeu que nos crimes de ação penal pública, nada impede que a vítima do delito ou seu representante legal (pais, tutor ou curador) possam endereçar uma petição solicitando formalmente à autoridade que a mesma inicie as investigações. Essa petição é utilizada quando há necessidade de uma narrativa mais minuciosa sobre o fato.
 
- Nada impede também que o fato seja relatado verbalmente, e que após o relato o inquérito seja instaurado. Nesse caso, a autoridade tomará declarações do ofendido ou do representante legal; com isso, a primeira peça do inquérito policial será o requerimento, podendo instaurá-lo mediante portaria citando à requisição ou ao requerimento.
 
- Compete à autoridade policial, no uso de suas atribuições, avaliar o cabimento da solicitação e, em caso de dúvidas quanto ao requerido, poder se utilizar da verificação da procedência de informações.
- Crimes de ação penal privada (só há início dessa ação a partir da existência de uma queixa) – art. 5º, §5º.
 
Requisição
 
- CPP, Art. 5º, II
- CF, Art. 129, VIII
- Ocorre quando o MP ou o Juiz ordena que o delegado abra inquérito policial.
- Só será aceita quando trata-se crime de ação pública incondicionada, pois a vítima não precisa autorizar a abertura da ação penal. 
1. Crimes de ação penal pública incondicionada
 
Representação do Ofendido
 
- CPP, Art. 5º, II
- A vítima ou seu representante legal (pais, tutor ou curador) podem requerer à autoridade solicitando que a mesma inicie as investigações.
- A vitima vai ate o delegado, fala sobre a ocorrência do crime e manifesta a vontade de abrir ação penal. A manifestação de vontade que a vítima apresenta de ver uma ação penal contra o autor já é suficiente para que o advogado instaure um inquérito pessoal.
A) Crimes de ação penal pública condicionado (ex.: lesão corporal leve – crimes em que a condição para o início da ação penal é a representação da vítima).
 
Providências cautelares
 
Primeira providência
 
· Evitar a alteração do estado das coisas
Art. 6º: Logo que tiver conhecimento da prática de infração penal, a autoridade policial deverá:
· dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais;
 
· Aplicável nos crimes materiais, quando a prática delitiva deixa vestígios (furto qualificado, roubo, estelionato, homicídio, incêndio, lesões corporais, falsidade ideológica...).
· A preservação do local onde ocorreu a infração deve ser mantida até a chegada dos peritos que realizarão o exame do local (fotografias, croquis, colheita de impressões digitais, colheita de vestígios e materiais para exame).
· Exceção: Art. 1º, Lei 5.970/73 – “Em caso de acidente de trânsito a autoridade ou agente policial que primeiro tomar conhecimento do fato poderá autorizar, independentemente de exame do local, a imediata remoção das pessoas que tenham sofrido lesão, bem como os veículos nele envolvidos, se estiverem no leito da via pública e prejudicarem o tráfego.”
· É através desta diligência policial que os peritos poderão levantar materiais suficientes para elucidação da autoria, bem como esclarecer o modo os meios empregados para a prática da infração.
 
Art. 158, CPP: “ Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. [...]”
· Obrigatoriedade de perícia nos crimes que deixam vestígios
 
Art. 169, CPP: “Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração, a autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o estado das coisas até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos.
Parágrafo único. Os peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado das coisas e discutirão, no relatório, as consequências dessas alterações na dinâmica dos fatos.”
 
Art. 173, CPP: “No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o lugar em que houver começado, o perigo que dele tiver resultado para a vida ou para o patrimônio alheio, a extensão do dano e o seu valor e as demais circunstâncias que interessarem à elucidação do fato.”
 
Segunda providência: 
· apreensão de objetos relacionados ao fato
Art. 6º, II: 
apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais;
 
· A apreensão dos objetos do crime é imprescindível, na medida em que podem vir a demonstrar o modo e meios como a infração penal foi praticada (ex.: faca no homicídio, pé de cabra no arrombamento, máquina para o fabrico de moeda falsa), podendo ser úteis para a própria defesa.
 
Dispositivos correlatos:
 
· Art. 11, CPP: “Os instrumentos do crime, bem como os objetos que interessam à prova, acompanharão os autos do inquérito.”
 
· Art. 118, CPP: “Antes de transitar em julgado a sentença final as coisas apreendidas não poderão ser restituídas enquanto interessarem ao processo.”
· Pedido de restituição de coisas apreendidas
 
· Art. 175, CPP: “Serão sujeitos a exame os instrumentos empregados para a prática da infração, a fim de se lhes verificar a natureza e eficiência.”
· Ex.: laudo de exame de arma de fogo – descreve a arma e assenta se ela tem ou não condições de uso.
 
· Normas para busca e apreensão: arts. 240 a 250 do CPP
 
Terceira providência:
· colher provas que sirvam para esclarecer o fato 
Art. 6º, III:
colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias;
 
· Norma genérica – caberá à autoridade policial ou seus agentes apreenderem no local do crime ou fora dele todos e quaisquer objetos que servirem para a elucidação dos fatos.
 
Quarta providência:
· coletar relato da vítima/ofendido
Art. 6º, IV:
ouvir o ofendido;
 
· Através do relato da vítima ou do ofendido, pode a autoridade policial apurar a autoria do crime, canalizar novas fontes probatórias e demonstrar com maior ênfase a prática delitiva.
· O ofendido é notificado para comparecer diante da autoridade policial para prestar declarações – não comparecendo injustificadamente, poderá ser conduzido coercitivamente (art. 201), além de ser indiciado por crime de desobediência (art. 330).
· O art. 240, §1, h) faculta à autoridade policial a busca e apreensão do ofendido.
 
Quinta providência: 
· ouvir o indiciado e redigir termo, assinado por duas testemunhas
Art. 6º, V:
ouvir o indiciado, com observância no que for aplicável, do disposto no capítulo III do Título VII deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que lhe tenham ouvido a leitura;
 
· Arts. 185 a 196: interrogatório do acusado. Verificar que a parte final do art. 186 foi revogada pelo art. 5º, LXIII da CF, que prevê o direito do réu ficar calado, sem qualquer restrição.
· O indiciado é intimado pelaautoridade policial para o interrogatório, mas pode reservar-se ao direito de prestar esclarecimentos somente na fase judicial (em benefício de sua defesa).
· A autoridade pode mandar conduzi-lo coercitivamente até sua presença para interrogá-lo, mas a falta de explicações não caracteriza o crime de desobediência (inquérito como peça administrativa).
· O mesmo não ocorre na fase judicial, em virtude do princípio do contraditório, razão pela qual não atendendo o acusado a intimação judicial, ser-lhe-á decretada a revelia (art. 366).
· Qualquer coação (vis corporalis ou compulsiva) empregada pela autoridade policial no sentido de obrigar o indiciado a responder aquilo que ele quer manter silêncio acarretará na total invalidade do interrogatório.
· A assinatura das testemunhas (na presença do indiciado) visa manter íntegro seu depoimento prestado.
· Não sendo possível a oitiva do indiciado, este deverá ser qualificado indiretamente.
 
Sexta providência: 
· reconhecimento de pessoas e acareações 
Art. 6º, VI
proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações;
 
· Pessoas:
· Pessoa a ser reconhecida – aquela que está indiciada em inquérito policial ou aquela sobre a qual recai a suspeita de ter cometido o crime que está sendo investigado.
· O reconhecimento é feito pela vítima ou qualquer pessoa que possa eventualmente identificar o autor do fato punível.
· Art. 226, I a IV: estabelece normas que devem ser obedecidas para o reconhecimento de pessoas.
· O ato processual de reconhecimento de pessoa deve ser materializado em auto específico, onde a autoridade policial deve circunstanciar seu procedimento, devendo o mesmo ser por ela firmado e por duas testemunhas que tenham presenciado a realização desta prova.
· A não obediência destas formalidades acarretará a imprestabilidade desta prova.
· Objetos:
· Deverá ser elaborado auto circunstanciado, subscrito pela autoridade policial e por duas testemunhas que o tenham presenciado – art. 227.
· Acareação:
· Confronto de duas ou mais pessoas quando houver divergência em suas declarações sobre fatos ou circunstâncias relevantes – art. 229.
· Nessa oportunidade, poderão os acareados manter as narrativas por eles assentadas nos autos de inquérito ou modificá-las, dissipando a contradição.
· A acareação será reduzida a termo, onde deverá constar os pontos de divergência que ensejaram a acareação e as explicações por eles dadas.
 
Sétima providência: 
· exame de corpo de delito
Art. 6º, VII:
determinar, se for o caso, que se proceda a exame de corpo de delito e quaisquer outras perícias;
 
· Corpo de delito – fornece o elemento de convicção da existência do crime.
· É indispensável nas infrações que deixam vestígios, nos termos do art. 158 do CPP, com a ressalva do art. 167. Sua ausência gera nulidade (art. 564, III, b)
· No sentido técnico-processual, “corpo de delito é o conjunto de modificações físicas do mundo exterior provocado pela ação delituosa, ou seja, os vestígios deixados pela infração [...] O exame de corpo de delito é a constatação pericial dos vestígios resultantes da conduta do núcleo do tipo penal.”
· O exame objetiva a constatação de vestígios deixados pelos crimes materiais, não abrangendo os delitos formais ou de mera conduta, por não deixarem sinais da prática delitiva (ex.: injúria, difamação, calúnia feitas oralmente).
 
Oitava providência: 
· identificação dactiloscópica 
Art. 6º, VIII:
Ordenar a identificação do indiciado pelo processo dactiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes;
 
· Identificar: estabelecer a identidade através de seus sinais e dados pessoais – deformidades, cicatrizes, tatuagens, cor dos olhos...
· Qualificação: indicar seu prenome, patronímico de família, filiação, naturalidade, profissão e estado civil.
· Processo datiloscópico: tomada das impressões digitais do indiciado.
· Só é feita em casos excepcionais, como nos de falsificação de documentos.
 
Verificar:
 
Art. 5º, LVII da CF – “o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei;”
 
Súmula 568, STF: “A identificação criminal não constitui constrangimento ilegal, ainda que o indiciado já tenha sido identificado civilmente.”
 
· No campo jurisprudencial, há o entendimento de que o civilmente identificado não pode ser submetido à identificação criminal, em razão do preceito constitucional.
Termo Circunstanciado de Ocorrência
Lei nº 9.099/95 dos juizados especiais criminais
- Ocorre quando a autoridade policial registra e documenta os fatos que lhe são narrados pelos envolvidos e por testemunhas de uma ocorrência. Realizado para delitos cuja pena máxima cominada seja de até 2 anos, afastando a realização do procedimento administrativo preliminar com o objetivo de propiciar uma suposta celeridade processual
- Trata-se de um “Boletim de Ocorrência mais completo”.
- Não pode ser confundido com o Inquérito Policial.
- Crítica: mutilou o mecanismo de busca de prova e afastou a cerimônia que compõe a aura da Justiça; afastou o inquérito policial e aumentou a sensação de impunidade
 
Reconstituição / reprodução simulada dos fatos
Art 7° CPP
- A reconstituição / reprodução simulada dos fatos ocorre sempre quando há divergência de versões.
- O investigado não é obrigado a participar da reconstituição.
Encerramento do Inquérito Policial
 
Prazos para conclusão
O inquérito deve terminar em: (REGRA GERAL) - Os prazos referem-se apenas à prisão em flagrante e preventiva.
Máximo de 10 dias pra indiciado preso em flagrante (301) / preventivamente (312)
· Começa a contar a partir do dia em que se executar a ordem de prisão
· Prisão temporária foi deixada de fora do art. 10
· Prazo improrrogável
Máximo de 30 dias para indiciado solto
· Prazo prorrogável
 
Polícia Federal
Lei n° 5.010/66
· Preso: máximo 15 dias (prorrogavel por uma única vez)
· Solto: máximo 30 dias (prorrogavel por n vezes)
Contagem em dias corridos e favorável ao réu
 
Lei de drogas - n° 11.343/2006
1. 30 dias se o acusado estiver preso
· 90 dias se estiver solto – nessa modalidade, os prazos podem ser duplicados.
 
Crimes contra a economia popular
O prazo para a conclusão do inquérito policial é de 10 dias, independentemente de o acusado estar preso ou solto.
1. Caso ainda não tenha concluído a investigação, o delegado pode prorrogar o prazo do inquérito por mais 5 dias, somente uma única vez.
1. A prisão temporária pode ser renovada por mais 5 dias, por apenas ume vez.
 
Fim do inquérito
 
Delegado
Após o fim do prazo do inquérito, o delegado realiza o Relatório, que é o documento que encerra o inquérito.
- O próximo passo é mandar para a Justiça – o delegado manda o Relatório para o promotor.
 
Relatório: a autoridade policial deve limitar à narração do que foi apurado nas investigações, sem juízos de valor. Concluído o IPL, ele será remetido ao juiz competente juntamente com os instrumentos do crime e outros objetos.
Concluído o inquérito, ele é remetido a juízo, distribuído e registrado.
 
Promotor
- Possíveis atitudes do promotor:
1. Oferecer denúncia: quando o promotor acha que está suficiente
1. Novas diligências: caso ache que o inquérito está incompleto, pode pedir novas diligencias 
1. Abrir vistas ao ofendido para Queixa
1. Requerer arquivamento: art. 28, CPP – o promotor pede arquivamento ao juiz; o inquérito só pode sair do sistema por ordem judicial, afinal, é o Juiz que exerce a jurisdição e só ele pode determinar o arquivamento.
Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos informativos da mesma natureza, o órgão do Ministério Público comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade policial e encaminhará os autos para a instância de revisão ministerial para fins de homologação, na forma da lei.
§1º Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar com o arquivamento do inquérito policial, poderá, no prazo de 30 dias do recebimento da comunicação, submeter a matérias à revisão da instância competente do órgão ministerial, conforme dispusera respectiva lei orgânica.
· Promotor Geral de Justiça irá revisar, analisar o pedido de arquivamento do Promotor, caso a vítima não concorde com o arquivamento.
§2º Nas ações penais relativas a crimes praticados em detrimento da União, Estados e Municípios, a revisão do arquivamento do inquérito policial poderá ser provocada pela chefia do órgão a quem couber sua representação judicial.
O juiz não pode determinar o arquivamento de ofício.
1. Requerer decretação da extinção da punibilidade
1. Requerer devolução à polícia
1. Arguir coisa julgada ou incompetência do juízo (dentro do prazo do art. 46, CPP)
1. Antes do Pacote Anticrime, a vítima poderia requerer revisão do inquérito quando fosse arquivado, de modo que o promotor poderia reformar a decisão e então o juiz poderia ter uma denúncia proposta; 
1. Depois do Pacote Anticrime, o Ministério Público comunica a vítima que o Promotor pediu arquivamento – há comunicação prévia ao arquivamento.
Acordo de não persecução penal
 
CPP, Art. 28-A. 
Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 4 anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução penal, desde que necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as seguintes condições ajustadas cumulativa e alternativamente: [...]
§1º Para aferição da pena mínima cominada ao delito a que se refere o caput deste artigo, serão consideradas as causas de aumento e diminuição aplicáveis ao caso concreto. —> só não é considerada a “confissão”como causa de diminuição
Requisitos:
· O investigado ter confessado a prática da infração penal
· A infração ter sido sem violência ou grave ameaça
· A pena mínima ser inferior a 4 anos
 
· Medida despenalizadora que atinge o processo penal, pois é capaz de suspendê-lo; também atinge o CP.
· Plea Bargaining: consiste em negociações celebradas entre o MP e o suposto autor do fato, em que se barganha itens de acusação (redução do numero de acusações, reduções da pena a ser imposta, aplicação de penas menos severas, por ex.) e o réu abre mão do processo penal e, por conseguinte, de suas garantias processuais. 
· O MP propõe um acordo e o acusado pode aceitá-lo, sendo homologado pelo juiz sem que haja um julgamento. 
 
Leis
Lei 9.099/95 – composição civil, transação penal e suspensão condicional do processo;
Lei 9.807/99 – colaboração premiada como acordo;
Lei 12.850/13 – procedimento consensual como meio especial de obtenção de provas para o enfrentamento de organizações criminosas e crimes transnacionais;
Lei 12.846/13 – possibilidade de se formalizar acordos de leniência em matéria anticorrupção (Lei Anticorrupção Empresarial);
Lei 13.129/15 e Lei 13.140/15 – possibilidade de autocomposição e de arbitragem pela Administração Pública, em harmonia com a principiológica do CPC;
Lei 13.964/19 (Pacote Anticrime) – insere o Acordo de Não Persecução Penal no CPP (art. 28-A).
 
· Ideia de composição na esfera criminal
· Busca evitar a ação penal, o promotor não oferece a denúncia
· A lei processual penal deve incidir sobre o processo em andamento
· Benéfico, pois se o sujeito cumprir o acordo ele tem a punibilidade extinta
 
· Discussão: o ANPP é o direito do investigado, ou o Ministério Púbico pode não propor mesmo estando preenchidos todos os requisitos? 
· Aury Lopes Júnior entende como um direito do acusado, mas o MP pensa o contrário. 
· Para dizer que não é um direito, cita-se o exemplo da delação premiada: há casos que o MPF não aceita. 
· A jurisprudência ainda deve definir isso.
 
· Pena mínima: o cálculo da pena mínima de até 4 anos deve utilizar a pena que a lei dá. 
Ex.: art. 180 com qualificadora – pena mínima de 3 anos + 288 paragrafo único – pena mínima de 1 ano. 3+1 = 4, então tem direito ao benefício; porém, “a pena aumenta até a metade”
 
· Penas mínimas são somadas – não dá pra pedir acordo separadamente para cada crime, pois os tribunais e juizes utilizarão o precedente da Lei 9.099/95, que criou os juizados especiais, a qual diz em seu art. 89 que nos crimes em que a pena cominada for igual ou inferior a 1 ano, abrangidas ou não por esta lei, o MP pode propor a suspensão do processo por 2 a 4 anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou mais tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizam a suspensão condicional da pena.
· suspensão condicional do processo – pode ser crime fora do ajuizado também
 
· Súmula 723: para calcular se há direito a suspensão condicional do processo e ele responde por mais de um crime, não é possível realizar a analise separada de cada crime.
 
· Quando há causa de aumento ou diminuição com fração variável:
A defesa deve apresentar o menor aumento e a maior diminuição.
 
Como era o Acordo de Não Persecução Penal antes do Pacote Anticrime
· Art. 129, I da CF e art. 28 + art. 3º do CPP;
· Art. 18 da Resolução 181/17, alterada pela Resolução 183/18 (ambas do CNMP);
· Resistência na adoção do ANPP antes do Pacote Anticrime – ADINs 5793 (OAB) e 5790 (AMB).
 
· Havia orientação de que os membros do Ministério Público observassem os seguintes requisitos de cabimento para a realização dos ANPPS:
· Pena mínima abstrata inferior a 4 anos;
· Crime cometido sem violência ou grave ameaça à pessoa;
· Não cabimento de transação penal;
· Dano causado igual ou inferior a 60 salários mínimos ou valor superior quando assegurada integral reparação do dano;
· O investigado não incorrer em nenhuma das hipóteses do art. 76 §2º da Lei nº 9.099/95;
· Inexistência de risco de ocorrência de prescrição da pretensão punitiva em razão do aguardo do cumprimento integral do acordo;
· O delito não ser hediondo ou equiparado;
· Não ser caso de incidência da Lei nº 11.340/2006.
 
· Recomendação TRF 1ª Região Circular COGER – 8721150, 5 de setembro de 2019: RECOMENDA a todos os juízes criminais da 1ª Região a utilização dos acordos de não persecução penal (ANPPs) como alternativa à propositura de ação penal para certos tipos de crime, principalmente no momento presente, em que se faz premente a otimização dos recursos públicos. Decisão TRF 5ª Região 
· MANDADO DE SEGURANÇA – 0804975-89.2019.4.05.0000 Decisão da Segunda Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região que, de forma unânime, deferiu MS concedendo a ordem para assegurar que seja apreciado o ANPP apresentado pelo MPF perante o Juízo impetrado. Na decisão também ficou consignado que a Resolução Nº 181/2017, do CNMP, e o acordo de não persecução penal são harmônicos com os ditames da justiça e da sociedade moderna, com o movimento que visa a descarcerização e, sobretudo, com os princípios da celeridade e da economia processual, constitucionalmente consagrados.
 
· Com a lei anticrime, o ANPP passou a ser utilizado uniformemente em todos os juízos; Promotores estão propondo ANPP mesmo que os advogados não o peçam, quando os casos se encaixam nas hipóteses legais.
 
Hipóteses de não cabimento do ANPP 
(art. 28-A, § 2°)
I - se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais, nos termos da lei; 
II - se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as infrações penais pretéritas;
 III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da infração, em acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão condicional do processo; e
 IV - nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor do agressor.
 
Formalização
§ 3º O acordo de não persecução penal será formalizado por escrito e será firmado pelo membro do Ministério Público, pelo investigado e pelo seu defensor.
 
Homologação
§ 4º Para a homologação do acordo de não persecução penal, será realizada audiência na qual o juiz deverá verificar a sua voluntariedade, por meio daoitiva do investigado na presença do seu defensor, e sua legalidade. 
 
Condições
§ 5º Se o juiz considerar inadequadas, insuficientes ou abusivas as condições dispostas no acordo de não persecução penal, devolverá os autos ao Ministério Público para que seja reformulada a proposta de acordo, com concordância do investigado e seu defensor. 
 
Execução
§ 6º Homologado judicialmente o acordo de não persecução penal, o juiz devolverá os autos ao Ministério Público para que inicie sua execução perante o juízo de execução penal.
 
Recusa do juiz
§ 7º O juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender aos requisitos legais ou quando não for realizada a adequação a que se refere o § 5º deste artigo. § 8º Recusada a homologação, o juiz devolverá os autos ao Ministério Público para a análise da necessidade de complementação das investigações ou o oferecimento da denúncia
 
Intimação
§ 9º A vítima será intimada da homologação do acordo de não persecução penal e de seu descumprimento. 
 
Descumprimento do acordo
§ 10. Descumpridas quaisquer das condições estipuladas no acordo de não persecução penal, o Ministério Público deverá comunicar ao juízo, para fins de sua rescisão e posterior oferecimento de denúncia. 
§ 11. O descumprimento do acordo de não persecução penal pelo investigado também poderá ser utilizado pelo Ministério Público como justificativa para o eventual não oferecimento de suspensão condicional do processo.
 
Certidão de antecedentes
§ 12. A celebração e o cumprimento do acordo de não persecução penal não constarão de certidão de antecedentes criminais, exceto para os fins previstos no inciso III do § 2º deste artigo. 
 
Extinção da punibilidade
§ 13. Cumprido integralmente o acordo de não persecução penal, o juízo competente decretará a extinção de punibilidade. 
 
Recusa do MP
§ 14. No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em propor o acordo de não persecução penal, o investigado poderá requerer a remessa dos autos a órgão superior, na forma do art. 28 deste Código
 
Exemplos de Celebração de ANPP
· Procuradoria da República no Mato Grosso do Sul; http://www.mpf.mp.br/ms/sala-de-imprensa/noticias-ms/mpf-inova-em-ms-e-encerra-por-acordo-26-acoes-criminais-de-menor-gravidade- 26 acordos celebrados, com destaque para crimes de contrabando, não pagamento de imposto de importação, estelionato, falsificação de documentos, uso de moeda falsa, CNH falsa e importação e revenda de substâncias proibidas;-
· Revertidos para a sociedade um total de R$ 6,2 mil em produtos (fralda, roupa de cama e alimentos) e ainda 10 conjuntos escolares de mesas e cadeiras e um bebedouro entregues a entidades de assistência social, além de prestação de serviços à comunidade e reparação do dano à vítima;
· - Polícia Federal recebeu 60 webcams para uso nas investigações;»
· MPF em São Paulo celebra acordo em procedimento relacionado à fraude de uso indevido de informação privilegiada junto à CVM, com estipulação de prestação pecuniária a entidade pública cadastrada na Justiça Federal de São Paulo, via CEPEMA (NF 1.34.001.009085/2017-02);»
· MPF em Presidente Prudente/SP utilizará recursos provenientes do ANPP para financiamento de projetos sociais, preferencialmente nas áreas de saúde e educação 
· http://www.mpf.mp.br/sp/sala-de-imprensa/noticias-sp/edital-do-mpf-preve-financiamento-de-projetos-sociais-na-regiao-de-presidente-prudente-sp
Prisão
Conceito
É uma medida restritiva do direito de liberdade/ locomoção. É precedida de decisão judicial, ou até mesmo administrativa.
Nem sempre é restrição de liberdade lícita.
 
CF, art 5°
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente miliar, definidos em lei.
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada;
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado
LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial;
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança;
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel.
 
Prisão pena
 
· Ao ser condenado, ele vai cumprir pena.
· Sentença penal condenatória definitiva irrecorrível.
· É imposta ao autor de um fato criminoso como retribuição do Estado pela infração de natureza criminal.
· Visa a punição e prevenção (geral e específica)
· Busca a ressocialização e reinserção social
· Pode ser de reclusão ou detenção (art. 33 CP) 
 
Prisão sem pena
 
Prisão Cautelar (processual) É O TRATADO NO DIREITO PROCESSUAL PENAL
Ocorre dentro do processo para resguardar a pessoa, devido o andamento do processo, ou seja, durante quando ocorre a produção de provas.
· Prisão processual, civil, administrativa e disciplinar
· Prende a pessoa a qualquer dia, a qualquer hora.
 
- inviolabilidade do domicílio: deve ser respeitada a impossibilidade de entrar na casa da pessoa do crepúsculo até o amanhecer.
 
Exceções: exceção principal: 236/CE (5 dias antes e 48h depois), flagrante, sentença condenatória crime inafiançável, casa (150, parag. 4, CP), desrespeito a salvo conduto e candidato no prazo de 15 dias antes eleições.
 
 
Modalidades de prisão cautelar
 
Flagrante 
 
· Feito por qualquer pessoa
· Dispensa ordem judicial, o juiz só homologa.
Prisão em flagrante serve para quando o crime estiver ocorrendo naquele momento. A lei estende a prisão em flagrante em momentos posteriores, quando por ex cometo o crime e sou presa logo depois.
 
Art. 301.  Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito.
 
· Se o agente deixar de agir ele comete o crime de prevaricação.
 
Art. 302.  Considera-se em flagrante delito quem:
(Flagrante próprio) I - está cometendo a infração penal;
 
(flagrante próprio) II - acaba de cometê-la;
 
(flagrante impróprio) III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração;
 
(flagrante ficto ou presumido) IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração.
 
Ex: policiais perseguem bandidos ininterruptamente por 1 semana até pegarem os bandidos é prisão em flagrante. Não pode parar de perseguir. 
 
Ex do inciso IV: homem é parado numa blitz com o cadáver da sogra no porta malas 
 
Relaxamento do flagrante: toda pessoa que for presa ilegalmente/não preenche as hipóteses do art. 302 tem oportunidade de ter o relaxamento da prisão.
Deve ser proposto perante o juiz que homologa.
 
A pessoa tem que ficar 24h foragida para não ser presa em flagrante? Não. Na verdade o que importa é a pessoa não ser perseguida ou não haja certeza visual.
 
Mesmo que já haja a existência da investigação, em tese, se a pessoa for encontrada com uma faca cheia de sangue pode ser configurada a prisão em flagrante.
 
Flagrante preparado: é ilegal. é aquele que o policial cria uma cena, envolve o criminoso nessa cena para prendê-lo. Ex combinar compra com ladrão de veículos. Não é considerado válido exceto nos casos de crimes permanentes
 
Flagrante esperado: O policial conhece a rotina do ladrão de carros e não há interferência da polícia além de sua prisão.
 
Flagrante retardado: flagrante lícito que consiste no policial retardar o momento da prisão para obter mais sucesso. Para prender mais pessoas ou apreender materiais/ provas. 
Ex: policial sabe da entrega de drogas em determinado local e deverá comunicar o juiz de querer fazer a operação controlada, retardandoo flagrante. O juiz precisa saber disso.
 
Flagrante forjado: é flagrante ilegal, mais grave, em que o policial comete um crime. A pessoa é envolta num crime que não cometeu. Ex: policial coloca arma em casa de pessoa 
 
Flagrante em crime permanente: ?
 
Flagrante em crimes de ação penal privada: se dividirmos o ato de prisão em flagrante em quatro fases, sendo o encarceramento algo limite, pode-se dizer que pelo menos 3 das fases serão executadas. A prisão não irá acontecer, mas se faz o flagrante. Nesse sentido, pode, desde que a vítima autorize.
 
(Em ação privada só vai ter inquérito se a vítima quiser.)
1. surpreender o autor do fato e interrompe a ação
1. Conduz para a delegacia
1. Lavra-se auto de infração
1. Encarceramento
 
Nota de Culpa
 
Conceito: Quando a pessoa é presa entrega-se uma nota de culpa para ela assinar, que é a ciência dos motivos da prisão. Se a pessoa não quiser de assinar, uma testemunha pode assinar.
 
Art. 306.  A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente, ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa por ele indicada.       
 
§ 1o  Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, será encaminhado ao juiz competente o auto de prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o nome de seu advogado, cópia integral para a Defensoria Pública.          
§ 2o  No mesmo prazo, será entregue ao preso, mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condutor e os das testemunhas.   
 
Audiência de custódia: em até 24h a pessoa presa deve ser levada ao juiz para analisar como foi o tratamento da polícia. 
 
Auto de flagrante
 
É uma peça formal na qual será assegurado 
· o direito de assistência de família e advogado (art. 5° LXII CF)
· Oitiva do condutor
· Oitiva de testemunhas
· Interrogatório
· Comunicação ao juiz em 24h (para que o juiz decida sobre a legalidade da prisão - audiência de custódia)
A partir do pacote anticrime tornou-se um ponto importante. 
 
 Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, o juiz deverá promover audiência de custódia com a presença do acusado, seu advogado constituído ou membro da Defensoria Pública e o membro do Ministério Público, e, nessa audiência, o juiz deverá, fundamentadamente:
I - relaxar a prisão ilegal; ou
II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312 deste Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão; ou
III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança. 
§ 1º Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente praticou o fato em qualquer das condições constantes dos incisos I, II ou III do caput do art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade provisória, mediante termo de comparecimento obrigatório a todos os atos processuais, sob pena de revogação. 
§ 2º Se o juiz verificar que o agente é reincidente ou que integra organização criminosa armada ou milícia, ou que porta arma de fogo de uso restrito, deverá denegar a liberdade provisória, com ou sem medidas cautelares.
§ 3º A autoridade que deu causa, sem motivação idônea, à não realização da audiência de custódia no prazo estabelecido no caput deste artigo responderá administrativa, civil e penalmente pela omissão.
 
 § 4º Transcorridas 24 (vinte e quatro) horas após o decurso do prazo estabelecido no caput deste artigo, a não realização de audiência de custódia sem motivação idônea ensejará também a ilegalidade da prisão, a ser relaxada pela autoridade competente, sem prejuízo da possibilidade de imediata decretação de prisão preventiva.
 
A eficácia deste artigo está suspensa
 
 
A regra é que o juiz pode decretar prisão preventiva de ofício, sem o pedido do MP, somente na ação penal.
 
Prisão preventiva
· É prisão processual, cautelar. 
· Medida excepcional
· Prisão cautelar que pode ocorrer no inquérito ou na ação penal
· Só o juiz pode decretar
 
Fundamentos
 
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado. 
§ 1º  A prisão preventiva também poderá ser decretada em caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de outras medidas cautelares
§ 2º A decisão que decretar a prisão preventiva deve ser motivada e fundamentada em receio de perigo e existência concreta de fatos novos ou contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida adotada.
 
Art. 313.  Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva:         
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos;            
II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal;       
III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência;   
IV - (revogado).     
§ 1º  Também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da medida.    
§ 2º Não será admitida a decretação da prisão preventiva com a finalidade de antecipação de cumprimento de pena ou como decorrência imediata de investigação criminal ou da apresentação ou recebimento de denúncia. 
 
Art. 315. A decisão que decretar, substituir ou denegar a prisão preventiva será sempre motivada e fundamentada.     
§ 1º Na motivação da decretação da prisão preventiva ou de qualquer outra cautelar, o juiz deverá indicar concretamente a existência de fatos novos ou contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida adotada. 
§ 2º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que:     
I - limitar-se à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida;   
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso;    
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;    
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador;     
V - limitar-se a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos;     
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.  
 
Art. 316. O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a prisão preventiva se, no correr da investigação ou do processo, verificar a falta de motivo para que ela subsista, bem como novamente decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.
Parágrafo único. Decretada a prisão preventiva, deverá o órgão emissor da decisão revisar a necessidade de sua manutenção a cada 90 (noventa) dias, mediante decisão fundamentada, de ofício, sob pena de tornar a prisão ilegal. 
 
· Nessa modalidade de prisão não há tempo determinado para que acabe, ainda que seja revisada a cada 90 dias.
· Prisão por perigo à ordem pública: impedir que a pessoa volte a delinquir
· Perigo à ordem econômica· Conveniência da instrução criminal
· Assegurar a aplicação da lei penal
· Suspeita fundada ex: interceptação telefônica/ passagem aérea comprada
· A regra no Brasil é a liberdade.
Ex: decretar prisão preventiva por entender que uma pessoa vai fugir por ter altas condições financeiras não é motivo suficiente para isso. É necessária uma informação precisa.
 
Prisão temporária
 
· Prisão com prazo determinado
· Só cabe para as investigações policiais. Não cabe no âmbito de ação penal.
· Aspectos de guarda, salvaguarda e sucesso da investigação.
· Específica de acordo com a lei e visa resguardar as provas do processo
· No caso de crime não hediondo cabe no prazo de 5 dias sendo que pode ser prorrogada por mais 5 dias. Pode ser convertida em prisão preventiva.
· No caso de crime hediondo (por ex tráfico de drogas) a regra é prisão temporária de 30 dias sendo que pode ser prorrogada por mais 30 dias.
· O juiz pode revogar a prisão antes do tempo.
 
 
 
Cabimento
Lei 7960
1. Cabe prisão temporária quando for imprescindível para as investigações do inquérito
1. Caberá quando o indiciado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos para esclarecer sua identidade
1. Sempre que o sujeito for suspeito de participar de crimes descritos no rol do inciso 3°
 
· De acordo com a jurisprudência não é necessário que os três pontos estejam presentes para que seja decretada a prisão temporária, somente um deles. No entanto, o inciso 1° sempre deve estar presente.
 
Crimes:
Homicídio doloso
Sequestro ou cárcere privado
Roubo
Extorsão
Extorsão mediante sequestro
Estupro
Atentado violento ao pudor
Rapto violento
Epidemia com resultado morte
Envenenamento de água potável
Quadrilha ou bando
Genocídio
Tráfico de drogas
Crime contra o sistema financeiro
Crimes previstos na lei do terrorismo
 
Prisão Civil
· Alimentos (art 733 CPC) e depositário infiel (art 652, cc)
 
Mandado de Prisão
· Consiste em ordem escrita e fundamentada da autoridade para restringir a liberdade
· Qualifica-se o preso
· Descreve-se o que motiva a prisão
· Especifica a prisão
· O juiz competente assina
 
Súmula Vinculante 11/STF
Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.
Prisão fora de área limitada
A prisão é realizada no lugar em que ela tem a investigação. Mas se há fuga, ou precisa ser feita em outra localidade, o delegado envia uma carta precatória (expediente do judiciário através do qual um juiz pede a outro que cumpra uma determinada diligência) e a prisão, portanto, será realizada pela equipe naquela região.
· No caso de flagrante não se necessita de precatória. O policial pode perseguir a pessoa e finalizar a investigação na cidade onde ocorreu o crime.
 
Custódia
A prisão pode ocorrer em:
· Penitenciária
· Colônia Penal Agrícola
· Casa do albergado (não existe no Brasil)
· Cadeia Pública
 
Prisão Especial
É uma norma elitista que surgiu no período do Império.
· Vale apenas para antes do trânsito em julgado
· Para pessoas com ''qualidades especiais ''
· Art 295 CPP
· Magistrados, oficiais forças armadas, ministros de estado, de confissão religiosa, delegados de polícia, advogados.
Liberdade
Hoje a liberdade continua sendo regra no processo penal.
Embora existam medidas cautelares alternativas à prisão, elas são exceções.
 
Fiança
 
· É uma forma de manter o preso vinculado ao processo. 
· Garantia patrimonial prestada pelo preso cautelar para pagamento de multa, indenização, custas processuais (se condenado) e como garantia de vínculo do réu ao processo. (art. 336, CPP)
· Embora a fiança não seja uma garantia plena, pois a pessoa pode fugir.
· Tem 2 atuações: condição para liberdade e como medida cautelar diversa da prisão
· Pode ser arbitrada pelo delegado desde que o crime supostamente cometido não ultrapasse na sua pena máxima 4 anos.
· Se o delegado se recusa a arbitrar a fiança nos crimes que não excedem 4 anos, pode-se pedir a um juiz que analise o pedido de liberdade.
· A partir de 4 anos de pena só o juiz pode arbitrar a fiança.
· Não cabe fiança em prisão civil.
Valor da fiança
Em caso de flagrante e Pena <4 anos: delegado estabelece 1 a 100 salários mínimos de fiança
Pena > 4 anos: juiz arbitra 10 a 200 salários mínimos
Pode ser:
· Dispensada 
· Reduzida em até 2/3
· Aumentada em até 1.000 vezes
· Adotada outra cautelar do art. 319
O que pode ser dado:
· Depósito em dinheiro
· Pedras preciosas
· Objetos preciosos
· Metais preciosos
· Títulos da dívida pública
· Hipoteca, desde que seja colocada em primeiro grau
Reforço
· É estabelecido um valor inicialmente de fiança, mas depois o juiz percebe que o indivíduo tem condições de pagar mais, e por isso pede mais.
Art. 383.  O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em conseqüência, tenha de aplicar pena mais grave.   
§ 1o  Se, em conseqüência de definição jurídica diversa, houver possibilidade de proposta de suspensão condicional do processo, o juiz procederá de acordo com o disposto na lei.  
 § 2° Tratando-se de infração da competência de outro juízo, a este serão encaminhados os autos.      
Destinação
· O dinheiro da fiança pode ter vários destinos. Ou volta para a pessoa quando é absolvida, ou pra pagamento de indenização... Depende da situação.
Cassação
Quando for incabível a fiança será devolvida integralmente
Crimes inafiançáveis
Significa que não cabe ao delegado arbitrar fiança; o juiz ainda pode soltar a pessoa.
 
Art. 323.  Não será concedida fiança:       
I - nos crimes de racismo;          
II - nos crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, terrorismo e nos definidos como crimes hediondos;           
III - nos crimes cometidos por grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;          
IV - (revogado);     
V - (revogado).       
Art. 324.  Não será, igualmente, concedida fiança:        
I - aos que, no mesmo processo, tiverem quebrado fiança anteriormente concedida ou infringido, sem motivo justo, qualquer das obrigações a que se referem os arts. 327 e 328 deste Código;        
II - em caso de prisão civil ou militar;           
III - (revogado);    
IV - quando presentes os motivos que autorizam a decretação da prisão preventiva (art. 312).   
 
Quebramento de fiança
Se o indivíduo é intimado e não comparece á audiência, por exemplo, sua fiança é quebrada. Ele não terá direito a outro benefício como esse no processo. 
· Perda da metade do valor e até preventiva
 
Art. 341.  Julgar-se-á quebrada a fiança quando o acusado:   
I - regularmente intimado para ato do processo, deixar de comparecer, sem motivo justo;       
II - deliberadamente praticar ato de obstrução ao andamento do processo;          
III - descumprir medida cautelar imposta cumulativamente com a fiança;          
IV - resistir injustificadamente a ordem judicial;          
V - praticar nova infração penal dolosa.          
Perda 
· Quando o imputado não se apresentar para o cumprimento da pena
 
Prisão domiciliar
 
Art. 317.  A prisão domiciliar consiste no recolhimento do indiciado ou acusado em sua residência, só podendo dela ausentar-se com autorização judicial. 
 
Art. 318.  Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for: 
I - maior de 80 (oitenta) anos; 
II - extremamente debilitado por motivo de doença grave;   
III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência;
IV - gestante; 
V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos; 
VI - homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos.  
Parágrafo único.  Para a substituição,o juiz exigirá prova idônea dos requisitos estabelecidos neste artigo.  
 
Art. 318-A.  A prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência será substituída por prisão domiciliar, desde que:
I - não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa;              
II - não tenha cometido o crime contra seu filho ou dependente.              
Art. 318-B.  A substituição de que tratam os arts. 318 e 318-A poderá ser efetuada sem prejuízo da aplicação concomitante das medidas alternativas previstas no art. 319 deste Código. 
Medidas cautelares diversas/ alternativas da prisão 
Art. 319.  São medidas cautelares diversas da prisão:             
I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar atividades;          
II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para evitar o risco de novas infrações;         
III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante;       
IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente ou necessária para a investigação ou instrução;       
V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o investigado ou acusado tenha residência e trabalho fixos;        
VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais;          
VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do Código Penal) e houver risco de reiteração;             
VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial;        
IX - monitoração eletrônica.           
§ 1o  (Revogado).     
§ 2o  (Revogado).     
§ 3o  (Revogado).      
§ 4o  A fiança será aplicada de acordo com as disposições do Capítulo VI deste Título, podendo ser cumulada com outras medidas cautelares.          
Art. 320.  A proibição de ausentar-se do País será comunicada pelo juiz às autoridades encarregadas de fiscalizar as saídas do território nacional, intimando-se o indiciado ou acusado para entregar o passaporte, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas.

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