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INDICAÇÃO DOS EXAMES LABORATORIAIS Para gerar informação útil, um teste laboratorial precisa ser solicitado com objetivo clínico específico. O clínico relaciona cada um desses objetivos buscando informação por meio do conhecimento fisiopatológico da doença ou das doenças em consideração. 1. Diagnóstico: testar hipótese e as questões específicas levantadas após a anamnese e o exame físico. O exame ajuda a confirmar, documentar ou excluir uma determinada doença; 2. Monitoração: medir a progressão/ regressão de determinada doença, a resposta ao tratamento ou os níveis do fármaco; 3. Prognóstico: definido pela presença de um determinado marcador ou pelo seu maior ou menor grau de anormalidade; 4. Rastreamento: a utilização dos exames como medida de diagnóstico precoce ou preventiva é cada mais frequente; 5. Tranquilização do paciente; 6. Solicitação do paciente; OBJETIVO DO ATENDIMENTO MÉDICO • Detectar e quantificar risco futuro da doença; • Detectar doença subclínica; • Estabelecer e excluir diagnóstico; • Avaliar a gravidade da doença e definir prognósticos; • Selecionar terapia adequada; • Monitorar a evolução da doença e a resposta terapêutica. SEQUÊNCIA DE SOLICITAÇÃO DE EXAME A ordem em que os exames devem ser solicitados dependem da situação clínica. Os casos de urgência exigem que o teste de maior capacidade de definição seja utilizado primeiro, mesmo que seja de maior rico ou custo. Quando não houver urgência, é definido assim: • Do menor para o maior custo; • Do menor para o maior risco; • Do mais simples par o mais complexo. deve sempre tentar realizar o exame mais eficiente, de maior sensibilidade, especificidade, valor preditivo e rapidez no resultado. FONTES DE VARIABILIDADE NOS RESULTADOS A interpretação correta da informação, ou seja, o ato de discernir o significado e a importância do resultado de um determinado teste laboratorial no contexto da questão médica que desencadeou o pedido final é a mais crítica de uma série de eventos complexos que pode ser conhecido com ‘’ciclo do exame’’. O ciclo do exame consiste em uma relação estreita clínico laboratorial. VARIABILIDADES BIOLÓGICAS QUE AFETAM OS RESULTADOS DOS TESTES LABORATORIAIS • Ritmos biológicos: Circadianos: cortisol sérico; Ultradianos: hormônios liberados em pulsos, como testosterona; Infradianos: ciclo menstrual. • Fatores constitucionais: sexo, idade e genótipo. • Fatores extrínsecos: postura, exercício, dieta, drogas, uso de álcool, gestação. Ciclo do exame laboratorial Isabella Alvarenga – UNINOVE – T4C São variáveis que não conseguem ser intervistas na hora do exame. • Idade; • Sexo; • Algumas medicações ou condições (ex. gestação, paciente acamado): Exemplo: Na gravidez vai ter alterações de alguns hormônios, se o médico não pergunta e a paciente não informa, pode ter alteração no exame. Outro exemplo é o uso de alguns medicamentos que podem ter uma reação com a amostra do exame, levando ao erro. Por isso que é muito importante uma boa anamnese e um bom exame físico do próprio médico São as variáveis que conseguem ser intervistas na hora do exame. • Jejum; • Atividade física; • Álcool, drogas; • Tabagismo; • Medicamentos. • Cronobiologia; Exemplo: Um erro na fase pré-analítica pode ser devido a uma variável modificável, ou seja, se o paciente for avisado ou até mesmo o médico pode ser que o erro não ocorre. Ao fazer um exame de sangue, um paciente ficou muitas horas em jejum, o exame pode dar alterado porque o paciente passou do tempo, porém nem o médico e nem o laboratório perguntou para ele o tempo, e isso permitiu a modificação no exame. Se o paciente fosse orientado de maneira correta ao médico, o erro não teria acontecido. VARIABILIDADE DO PONTO DE VISTA DO LABORATÓRIO Podem ser divididas em etapas pré-analíticas, analíticas e pós-analíticas. VARIABILIDADE PRÉ-ANALÍTICA Fase que engloba desde a solicitação médica até todos os procedimentos realizados com a amostra antes que seja submetida ao procedimento da fase analítica. É a fase mais sujeita a erros. Pode ser derivado do preparo inadequado do paciente (hora da coleta, jejum, certos alimentos, exercício físico e medicações) ou da coleta e manipulação da amostra. Além disso, é importante que o clínico considere os cuidados que um determinado laboratório toma para evitar problemas mais sérios. • Nome do paciente; • Descrição legível dos exames; • Hipótese diagnóstica; • Descrição adequada do analito a ser determinado; • Se o exame é realizado em mais de um tipo de amostra (ex. sangue ou urina ou saliva): • Descrever a amostra (ex. cortisol sérico, cortisol salivar, cortisol urinário). • Se o exame precisa ser realizado em horário específico ou época do mês, descrever: Cortisol salivar à meia-noite X Cortisol sérico as 8h; FSH: 3o ao 6o dia do ciclo menstrual; Fatores pré-analíticos que, com frequência, são apontados como fontes de erros: (o médico solicita a realização de um exame desnecessário); O médico deve sempre saber qual exame solicitar ao paciente para evitar procedimentos desnecessários. Isabella Alvarenga – UNINOVE – T4C (o laboratório não entende a caligrafia do médico, não sendo possível a identificação do exame ou até do paciente); A prescrição do exame deve estar legível para evitar possíveis erros; (o paciente deve cumprir os preparos prévios para a coleta do material. Por exemplo: execução do jejum, restrição de exercícios físicos); O paciente deve sempre ser orientado sob os exames solicitados e as possíveis amostras modificáveis (necessidade de jejum, álcool, drogas); : habitualmente recomenda-se jejum para a coleta de sangue de rotina de 8 horas, podendo ser reduzido para 4 horas, para a maioria dos exames. Períodos de jejum muito prolongados (ex: acima de 16h) devem ser evitados e a coleta suspensa. um erro in vivo é quando algo biológico (tipo a medicação que o paciente toma) causa alteração no paciente e essa alteração vai ser expressa no resultado do exame. determinados exames (exemplo: detecção de alterações hormonais e variação circadiana) devem ser coletados em horários determinados e isso deve ser explicado de maneira clara ao paciente. é de extrema importância que a identificação de materiais, NÃO gerem dúvidas no que diz a respeito do nome do paciente, tipo de material coletado, data e hora da coleta (o comprometimento dessas informações normalmente gera a necessidade de nova coleta de dados): nessa etapa, variações devido a obtenção, preparação e transporte de amostra podem provocar a perda de material biológico destina à análise. Nessa etapa envolve cuidados com a amostra (tipos de tudo para a coleta, temperatura de centrifugação, temperatura de armazenamento, tempo entre a coleta e a realização do exame; Deve-se tomar cuidado com a hemólise e o efeito torniquete (evitar o uso de torniquete por mais de 30 segundos); Citrato: testes de coagulação (TP, TTPa), VHS; EDTA: hematologia, CD4+/CD8+, carga viral, genotipagem; EDTA/fluoreto de sódio: glicose e lactato; Heparina sódio e lítio: bioquímica, genética; Seringa para gasometria: heparina liofilizada; Anticoagulantes: inibem a formação do coágulo : lise de membranas celulares, liberação de componentes e enzimas intracelulares proteolíticas. Isabella Alvarenga – UNINOVE – T4C VARIABILIDADE ANALÍTICA Fase em que são realizados os procedimentos para a obtenção dos resultados. Fatores analíticos que podem ser apontados como fontes de erros: os erros cometidos nessa fase podem decorrer de preparação incorreta, validade vencida, armazenamento inadequado, problemas de pipetagem das amostras e reagentes e aferição inadequada. Bolha ou fibrina na amostra; (turvação causada por concentrações séricas elevadas de triglicerídeos,o que ocorre frequentemente por jejum inadequado, fazendo com que o soro e o plasma adquirem cor esbranquiçada); (a concentração sérica de bilirrubina total fica > 2,5 md/dl, fazendo com que o soro e o plasma adquirem cor alaranjada); (lise anormal de eritrócitos liberando substâncias que os constituem e fazendo com que o soro e o plasma adquirem cor avermelhada). erros nessa fase decorrem de interferências ‘’in vitro’ (ex: uso de vitamina C gera uma interferência em exames de urina 1, com resultando falso-negativo de glicose). = a alteração na medicação da amostra gera um resultado que não se relaciona com a clínica do paciente. (exemplo: pacientes que usam biotina livre pode se ligar a streptavidina usada na amostra e assim causar um resultado falsamente baixo do antígeno alvo). O medicamento gera uma interferência na amostra. VARIABILIDADE PÓS-ANALÍTICA Fase de aprovação e liberação do resultado gerado na fase analítica, inclui ainda a interpretação do resultado. Inclui: cálculo de resultados, análise de consistência dos resultados, liberação de laudos, armazenamento do material ou amostra do paciente, transmissão ou arquivamento de resultados. Fatores pós-analíticos que podem ser apontados como fontes de erros: Isabella Alvarenga – UNINOVE – T4C