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Habilidades Médicas V – Anne Caroline Maltez Ausculta Cardíaca Existem diversos fenômenos que a ondas sonoras sofrem com a passagem de meios. Líquidos se movimentam no nosso corpo de diferentes de locais de maior pressão para de menor. Ausculta: Deve ser iniciada pelo FOCO MITRAL (onde está o ictus, que primeiramente será feita a inspeção, procurando ver se ele é visível. Depois, faz-se a palpação. É o “choque da ponta” do ventrículo esquerdo; local em que o ápice do VE encosta no gradil costal), para poder localizar as bulhas, palpar o pulso carotídeo junto (B1 corresponde ao pulso). Ainda no foco mitral, conta-se a FREQUÊNCIA CARDÍACA O posicionamento do ictus dele varia de acordo com o paciente, se é brevelíneo, longelíneo ou normolíneos. Em seguida, auscultar todos os focos: TRICÚSPIDE, AORTICO, AORTICO ACESSÓRIO, PULMONAR. Observar se há presença de sopro, como está a fonese das bulhas, se há desdobramento das bulhas, cliques ou estalidos e o ritmo! Ciclo Cardíaco Como é ciclo pode começar em qualquer momento. Ele possui 3 eventos principais: A Sístole ou contração ventricular, A Diástole ou relaxamento ventricular e o Enchimento ventricular. Dentro deles, estão fases bem determinadas. NOTA: Os átrios se contraem juntos, há um pequeno atraso no nó atrioventricular, que resulta numa contração ventricular posterior. Sendo assim, o que falar da câmara esquerda acontecerá na direita, a diferença é a origem do sangue e o destino dele. É preciso antes de tudo, compreender a Fisiologia... Imagine então, o ventrículo esquerdo já cheio de sangue, oriundo dos pulmões, quando inicia a contração de suas paredes. Ele supera a pressão do A.E e por isso força o fechamento da valva mitral. Porém essa contração, ainda não fornece pressão suficiente para vencer a resistência da aorta e abrir a valva aórtica. Como está acontecendo contração ventricular, porém o volume do mesmo não está se alterando devido as ambas as valvas estarem fechadas, essa 1ª fase da contração se chama CONTRAÇÃO ISOVOLUMÉTRICA. Porém, a pressão continua a subir com a contração e o V.E agora sim supera a pressão da aorta, forçando a abertura da valva semilunar esquerda com consequente ejeção brusca de 70% de todo o sangue no vaso, chamada etapa de EJEÇÃO RÁPIDA. Só que o estímulo contrátil já cessou e nesse momento o ventrículo entra em diástole e a pressão nele começa a cair, mas ainda assim uma parte do sangue Habilidades Médicas V – Anne Caroline Maltez continua a ser deslocado, ejetando assim os 30% restantes, essa é a 1ª fase do relaxamento chamada EJEÇÃO LENTA. Logo, a pressão da aorta novamente se torna maior que a do ventrículo, o movimento inicial é interrompido, e como a pressão do vaso está maior que a do ventrículo o sangue tende a voltar para o V.E, aí os seios das valvas se enchem e a valva aórtica se fecha, aí como temos o ventrículo relaxando, as valvas aórticas e mitral estão fechadas temos a fase RELAXAMENTO ISOVOLUMÉTRICO. Falando agora dos átrios, temos que enquanto a valva mitral estava fechada, o sangue vinha ainda para o coração dos pulmões que foi se acumulando no A.E, que foi ganhando pressão por esse aumento de volume, e somado a isso temos o relaxamento do V.E, resultado disso a pressão do A.E supera a dos ventrículos forçando a reabertura da valva artrioventricular e o sangue que estava no átrio despenca para o ventrículo, fase chamada de ENCHIMENTO RÁPIDO Como o fluxo sanguíneo é contínuo, e mais sangue continua a chegar, e como a valva mitral está aberta agora, o sangue enche diretamente o ventrículo, porém, agora numa velocidade menor que a anterior, por isso essa fase é a do ENCHIMENTO LENTO OU DIÁSTASE. Por fim, ocorre a contração atrial, que impulsiona um pouco mais de sangue ao ventrículo finalizando o enchimento com essa fase chamada de SISTOLE ATRIAL. E o que ocorre logo depois da contração atrial? a contração ventricular, que foi por onde comecei a falar, que é quando a pressão ventricular superará a do átrio forçando o fechamento da valva atrioventricular e por aí o ciclo se repete. Legenda: do lado esquerdo de ejeção – contração isov.; do lado direito de ejeção – diastole isov. Abaixo de enchimento (rápido- diástase -contração isov.) Bulhas O coração como acabemos de ver possui um ciclo bem determinado, em que o fechamento das valvas produz sons característicos das duas primeiras bulhas. A identificação delas na ausculta é Habilidades Médicas V – Anne Caroline Maltez fundamental se quisermos reconhecer as alterações. Lembrando então que B1 corresponde ao fechamento das valvas mitral e tricúspide (sendo aqui melhor audível) na sístole ventricular, quando a pressão ventricular supera a atrial e força o fechamento, então palpar preferencialmente o pulso carotídeo. Enquanto a B2 corresponde ao fechamento das valvas aórtica e pulmonar no final da sístole (aqui são mais audíveis), quando a pressão dos ventrículos fica menor do que os grandes vasos devido a ejeção do sangue por eles. Podemos ver então que B1 (TUM- grave) inicia a sístole e tem duração maior e B2 (TÁ- agudo) finaliza. O silêncio (distância) do Ta até o Tum, é maior e corresponde a diastole. Fonese: A fonese das bulhas é determinada pela posição do folheto da valva: quanto mais fechado o folheto, menor é a fonese; quanto mais aberto está o folheto, maior é a fonese. OBS: para a valva MITRAL, outro componente importante para a determinação da fonese é a contração do VE: quanto maior a contração, maior é a fonese da bulha. → Na bradicardia: bulhas são HIPOFONÉTICAS, pois o tempo diastólico é maior (VE se enche mais) -→ Na taquicardia e nas extrassístoles: bulhas estão HIPERFONÉTICAS, pois o tempo diastólico é menor e o VE se enche menos. Para distinguir 1ª bulha de 2ª palpa o pulso. De formas normais não é para ouvir bem 1 ou 2ª bulhas em vasos. ET: ESTENOSE TRICUSPIDE IM: INSUFICIÊNCIA MITRAL B3 e B 4 A B3 costuma aparecer em cenário fisiológico, é a consequência da ejeção atrial, que ocorre na diástole, ela é resultado da coluna de sangue que se concentrou nos átrios se chocando com a parede dos ventrículos, que é audível em algumas pessoas principalmente jovens. Está entre o TA -TUM, tendo então o som TUM-TA-TUM. É um som grave e curto, Habilidades Médicas V – Anne Caroline Maltez audível através da campanula do esteto, assim como B4. B4 ainda não tem uma explicação definitiva, mas ela ocorre na contração atrial um pouco antes de iniciar a sístole, NO FINAL DA DIASTOLE. O som é TA-TUM- TA. Também pode ser ouvido em pessoas jovens em caráter fisiológico (dificilmente), mas ela está mais associada a patologias. Qualquer causa que faça o coração trabalhar a mais vai causar a 4ª bulha, como HPA etc. B2 desdobramento Fisiológico Ocorre devido ao fechamento das valvas correspondentes, onde existe uma pequena diferença de tempo, ou seja, uma fecha e logo depois a outra, eaí no desdobramento de B2 ao invés de um TA você passa a ouvir TLA. Normalmente está relacionado com a inspiração profunda, onde ocorre o aumento da pressão negativa intratoráxica, o que favorece o retorno venoso, consequentemente enchendo mais de sangue o lado direito, fazendo com que demore um pouco mais de ejetar todo o sangue do lado direito que do esquerdo, e sendo assim leva a pulmonar a fechar depois da aórtica enquanto o paciente estiver segurando a respiração. A expiração, valvas voltam a fechar ao mesmo tempo, formando B2. Então, desdobramento de B2 só é audível no foco pulmonar, visto que o fechamento da valva pulmonar não é audívelno foco aórtico. DESDOBRAMENTOS PATOLÓGICOS: Desdobramento paradoxal: Estará desaparecido na inspiração e vai aparecer na expiração. É o contrário do fisiológico. Ocorre quando eventos atrasam o coração esquerdo, como a estenose aórtica, que aumenta o tempo necessário pelo VE para ejetar, atrasando o fechamento da valva aórtica. Outra causa possível é o bloqueio do ramo esquerdo, na qual o coração direito contrai antes do esquerdo. A inspiração, valva pulmonar atrasa, desaparecendo o desdobramento. Então, varia com o padrão respiratório. Desdobramento amplo: presente em doenças que naturalmente retardam o coração direito, como a hipertensão arterial pulmonar. Doenças do coração esquerdo com aumento de pressão geram aumento de pressão retrogradamente, podendo causar hipertensão arterial pulmonar, sobrecarregando o coração direito, produzindo insuficiência cardíaca direita e congestão sistêmica, produz; normalmente hipertensão pulmonar é causada por eventos à esquerda. Coração direito não está preparado para ejetar sangue contra uma pressão tão elevada, demorando mais tempo para ejetar; sístole demorada, levando a valva pulmonar a fechar atrasada em relação à valva aórtica. Outra causa possível é a estenose pulmonar, bem como bloqueio do ramo direito – situação na qual o ramo esquerdo causará a contração do lado direito, tardiamente. Nessa situação, haverá desdobramento mesmo à respiração normal. A inspiração lenta aumentará esse desdobramento. Desdobramento Fixo: “Tum trá”. Ocorre na Comunicação Interatrial: o lado direito do coração recebe sangue da VCS, da VCI e do AE (sobrecarga de volume). Na inspiração, há aumento do retorno venoso com aumento da pressão no AD, isso diminui a diferença de pressão entre AE e AD e Habilidades Médicas V – Anne Caroline Maltez diminui o shunt. Na expiração, o retorno venoso diminui, a pressão do VD também, mas a diferença de pressão entre AE e AD aumenta, aumentando o shunt. Ritmo normal não Taquicárdico O ritmo sinusal é o ritmo cardíaco normal que se inicia no nó sinusal (fica no teto do A.D). Na maioria dos casos este estímulo percorre tudo o sistema de condução despolarizando primeiro aos átrios e posteriormente aos ventrículos. Espera-se que se tenha os sons em 2 tempos Quando isso ocorre sem grandes alterações é denominado ritmo sinusal normal. Como é o ritmo mais frequente, é importante saber reconhecer as suas características em um eletrocardiograma. Ter a certeza de que um ECG está em ritmo sinusal normal é um dos primeiros passos de sua análise. O ritmo sinusal tem uma F.C maior de 60 bpm e menor de 100 bpm. Se a frequência cardíaca é menor de 60 bpm se denomina bradicardia sinusal, e se é maior de 100 bpm se denomina taquicardia sinusal. Como o ritmo sinusal é regular se a distância entre dois complexos QRS (intervalo R-R) é maior de 3 quadrados grandes e menor de 5 quadrados grandes, a frequência cardíaca é normal. Taquicardia Sinusal É uma situação de taquicardia que normalmente é resultante de situações cotidianas, como após a realização de um exercício físico, um esforço, ingestão de cafeína (estimulantes), mas também pode ocorrer junto a situações que indiquem complicações cardíacas, como início de infarto, problemas de pressão, embolia pulmonar, insuficiência, dentre outros. Em muitas vezes, a taquicardia sinusal não é sequer percebida pelas pessoas, em outras, pode ser sentida em sintomas leves e até mesmo em reações mais graves. Adultos, pode-se considerar uma taquicardia sinusal quando um coração de frequência média de 100 batimentos por minuto alcança uma frequência de 180 bpm ou mais. Fibrilação Atrial É uma arritmia supraventricular em que ocorre uma completa desorganização na atividade elétrica atrial, fazendo com que os átrios percam sua capacidade de contração, não gerando sístole atrial. Ao eletrocardiograma, a ausência de despolarização atrial organizada reflete-se com a substituição das ondas P, características do ritmo sinusal, por um tremor de alta frequência da linha de base do eletrocardiograma que varia em sua forma e amplitude. Habilidades Médicas V – Anne Caroline Maltez A atual classificação proposta para a FA é: inicial, paroxística, persistente e permanente. Sopros Caracterização: 1.Situação 2.Localização 3.Irradiação 4.Intensidade (mais bem validada pela escala de Levine) 5.Manobras Regurgitativo: Insuficiência Mitral O sopro da IM é tipicamente holossistólico regurgitativo, ou seja, de intensidade contínua do início ao fim. Mais intenso no foco mitral. Ocorre borramento da segunda bulha e esse fato ajuda a diferenciar do sopro da estenose aórtica que é em diamante e deixa a segunda bulha bem nítida na ausculta! Ejetivo: Estenose Aórtica O sopro da estenose aórtica é tipicamente sistólico, mais intenso na base do coração e em formato de diamante, ou em crescendo-decrescendo. Tem como característica se encerrar antes da segunda bulha, o que ajuda a diferenciar do sopro sistólico regurgitativo da insuficiência mitral. Aspirativo: Insuficiência aórtica O sopro da insuficiência aórtica é um sopro diastólico, de alta frequência e que se inicia logo após ao componente A2 da segunda bulha (portanto, início precoce). É aspirativo e em decrescendo, estando a gravidade mais correlacionada à duração do sopro do que a intensidade do mesmo. Casos de IC descompensada podem interromper o sopro mais cedo pela equalização das pressões do ventrículo esquerdo e aorta. Em ruflar: Estenose Mitral A estenose mitral, classicamente causa um sopro diastólico tipo ruflar, que, na presença de ritmo sinusal vem acompanhado de um reforço pré-sistólico (pelo aumento do fluxo transmitral durante a contração atrial). Em valvas doentes, mas não tão calcificadas, é possível ouvir, antes do sopro, um estalido de abertura, significando se tratar de uma valva não tão acometida e, portanto, passível de tratamento percutâneo com balão
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