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Saúde do idoso Acadêmica: Juliana Rabelo da Silva Sousa Referências: 1. MORAES, E. ABREU, M. RIBEIRO, R. Principais síndromes geriátricas. Rev Med Minas Gerais; 20(1): 54-66, 2010. 2. MORAES, E. Princípios básicos da geriatria e gerontologia. Coopemed. Belo Horizonte, 2008 3. GORZONI, M. MORAES, R. PIRES, S. Medicamentos potencialmente inapropriados para idosos. Rev Assoc Med Bras; 58(4):442-446, 2012. Conceito de saúde para o idoso A saúde do idoso está relacionada com a sua funcionalidade global, definida como a capacidade de gerir a própria vida ou cuidar de si mesmo. O idoso é considerado saudável quando é capaz de funcionar sozinho, de forma independente e autônoma, mesmo que tenha doenças. Desta forma, resgata-se o conceito de saúde estabelecido pela OMS como sendo o mais completo bem-estar biopsicossocial-cultural-espiritual, e não simplesmente a ausência de doenças. Essa capacidade de funcionar sozinho é avaliada por meio da análise das atividades de vida diária (AVDs), que são tarefas do cotidiano realizadas pelo paciente. As AVDs avaliam o grau de autonomia e independência do indivíduo. Avaliação da sua funcionalidade com aplicação de escalas de AVD básicas e instrumentais A capacidade funcional é a habilidade do indivíduo em desempenhar independentemente as atividades ou tarefas cotidianas, identificadas como essenciais para a manutenção do seu bem-estar. Atividades de vida diárias: tarefas pessoais diárias e mais simples são denominadas atividades básicas de vida diária ABVDs, refelete sua capacidade de cuidar do seu corpo ou autocuidado. Tarefas mais complexas que requerem mais alto grau de independência e autonomia são denominadas atividades instrumentais de vida diária AIVDs, refletem sua capacidade de cuidar da sua vida ou de viver sozinho na comunidade. Autocuidado ou atividades básicas de vida diária ABVDs A perda da independência e autonomia nas atividades básicas representam principal índice de gravidade ou comprometimento funcional. A escala de Katz (banhar-se, vestir-se, usar o banheiro, transferir- se ou deslocar-se, continência urinária e fecal e alimentar-se) é muito simples e de fácil aplicação. O índice avalia cinco atividades e uma função (continência). As atividades banhar-se, vestir-se e usar o banheiro são influenciadas pela cultura e aprendizado, portanto mais complexas. Transferência, continência e alimentação são funções vegetativas simples, portanto mais difíceis de serem perdidas. Esse caráter hierárquico é extremamente útil, o declínio funcional inicia com tarefas mais complexas e progride ate chegar ao nível de dependência completa. O comprometimento do controle esfincteriano pode não refletir um grau mais alto de dependência por ser uma função e não uma atividade. Segundo Katz, a necessidade de ajuda humana indica dependência naquela função. Após avaliação os pcts são agrupados em categorias: Independente: realiza todas as atividades de forma independente. Semi dependente: comprometimento de uma das funções influenciadas pela cultura e aprendizagem. Dependente incompleto: comprometimento de uma das funções vegetativas simples, além de ser dependente para banhar-se, vestir-se e usar o banheiro. A presença de incontinência não é considerada Dependente completo: comprometimento de todas AVDs, inclusive alimentar-se. Grau máximo de dependência ou fragilidade. Atividades instrumentais de vida diária AIVDs Mais complexas e indicadoras da capacidade do idoso de viver sozinho na comunidade. Diversificadas e influenciadas pela cultura, gênero, nível socioeconômico e etc. Devem ser individualizadas. Lawton e Brody (1969) propuseram a observação de atividades mais corriqueiras, como preparo dos alimentos, fazer compras, manter o controle financeiro, habilidade para usar o telefone, trabalhos domésticos, lavar e passar roupa, responsabilidade pelos próprios medicamentos e sair de casa sozinho. As limitações mais comuns relacionam-se a cultura e gênero que podem superestimar a dependência de homens. Lawton sugere que atividades como preparo dos alimentos, lavar e passar roupa e trabalhos domésticos não sejam avaliadas em homens. Outra dificuldade é a superproteção de determinadas famílias que impedem que o idoso exerça atividades limitando a utilidade diagnóstica. A questão “O que o senhor (a) gostaria de fazer e que não está fazendo ?” fornece informações preciosas quanto as necessidades funcionais do ponto de vista do pct e deve ser incluída na avaliação. A autonomia e independência nas atividades diárias estão relacionadas ao funcionamento integrado e harmonioso das funções de cognição, humor, mobilidade, comunicação. O comprometimento das ABVDs e AIVDs pode ser reflexo de uma doença grave ou conjunto de doenças que interferem direta ou indiretamente nas funções. A perda de uma função nunca deve ser atribuída à velhice e sim representar sinal precoce de doença. Conceito de autonomia, independência e a relação com os domínios funcionais do idoso A autonomia é a capacidade individual de decisão e comando sobre as suas ações, estabelecendo e seguindo as próprias regras. Significa capacidade para decidir e depende diretamente da cognição e do humor. A independência refere-se à capacidade de realizar algo com os próprios meios. Significa execução e depende diretamente de mobilidade e comunicação. Portanto, a saúde do idoso é determinada pelo funcionamento harmonioso de quatro domínios funcionais: cognição, humor, mobilidade e comunicação. Tais domínios devem ser rotineiramente avaliados na consulta geriátrica. Cognição, funções corticais, aplicação dos testes cognitivos e sua interpretação A cognição é a capacidade mental de compreender e resolver os problemas do cotidiano. É constituída por um conjunto de funções corticais, formadas pela memória (capacidade de armazenamento de informações), função executiva (capacidade de planejamento, antecipação, sequenciamento e monitoramento de tarefas complexas), linguagem (capacidade de compreensão e expressão da linguagem oral e escrita), praxia (capacidade de executar um ato motor), gnosia (capacidade de reconhecimento de estímulos visuais, auditivos e táteis) e função visuoespacial (capacidade de localização no espaço e percepção das relações dos objetos entre si). Memória 1. Memória de curto prazo Memoria sensorial: a informação é percebida e registrada pelos órgãos sensoriais e registrada na amemoria sensorial de forma transitória. Memória de curto prazo (memória imediata e memoria de trabalho – lobo frontal): capacidade reter por alguns segundos um numero limitado de informações enquanto esteja preservado o seu sistema atencional. Memoria de trabalho ou operacional permite a manutenção ativa da informação por alguns segundos ou minutos ate que adquira algum dignificado ou sofra alguma transformação. È processada pelo córtex pré- frontal. Através do córtex entorrinal, parietal superior e hipocampo a informação é processada e comparada com memorias preexistentes. Tem a função de selecionar as informações uteis e encaminhalas a memoria de longo prazo. Diretamente afetada pelo humor, sono e atenção. 2. Memória de longo prazo (circuito de Papez) Permite que a informação seja armazenada por horas, dias ou anos. Capacidade ilimitada. Envolve processos separados, interdependentes e dinâmicos de armazenamento (transferência de informação da memoria de curto prazo para memória de longo prazo), consolidação ou estocagem ()visual ou verbal e resgate ou evocação (transferência da informação da memoria de longo przo para a memoria de trabalho para ser utilizada). Permite a aprendizagem dependendo da importância emocional e da repetição. Memória visual: refere-se acapacidade de abstração de formas geométricas, copia ou construção de desenho previamente mostrado e reconhecimento visual. O armazenamento de informações visuais e verbais ocorre em áreas distintas do cérebro, nos lobos temporais mediais direito e esquerdo. Memoria verbal (explicita): onde há consciência do aprendizado. O processo de aprendizagem é deliberado e relaciona-se a experiências sobre fatos e eventos do passado, tendo acesso consciente. As estruturas envolvidas se localizam nas porções mediais do lobo temporal. As memorias declarativas são armazenadas por períodos curtos (<30 dias) no hipocampo e amídala, por tempos maiores (30-60 dias) no córtex entorrinal e por períodos mais prolongados (60 dias ou mais ) no córtex parietal. È subdividida em: Memória episódica (eventos): caráter autobiográfico. Pode ser recente, intermediaria ou remota. Na DA ocorre perda dessa memoria na extensão de seu gradiente, sendo correlacionada a gravidade. O termo memoria prospectiva refere-se à habilidade de lembrar-se de atividades programadas. Memória semântica (fatos ou conceitos): permite o conhecimento geral sobre o mundo. Intimamente relacionada com a memoria episódica e com a linguagem. Toda informação armazenada passa pela memoria semântica. Memoria procedural (implícita): informações ou habilidades armazenadas sem consciência da aprendizagem. Não há acesso consciente, sendo evidenciável apenas por meio do desempenho. È revelada quando a experiência previa facilita o desempenho numa tarefa. O treinamento repetitivo permite a aquisição da habilidade de forma progressiva e gradual. Pode ser dividida em: Pré-ativação (priming ou acionamento por repetição): exposição repetitiva a uma palvra facilita seu processamento horas depois. Mais comprometida nas demências corticais. Procedural (habilidades, hábitos e condicionamento): aquisição de habilidades motoras ou cognitivas. Aprendizado de ações automáticas como dirigir, escovar os dentes, andar. Relacionada ao funcionamento dos gânglios da base, comprometida nas demências subcorticais (Parkinson, Huntington). A topografia da memoria esta relacionada ao sistema límbico e circuito de papez. Linguagem: permite a comunicação e interação com as pessoas. Depende da capacidade de compreensão e expressão da linguagem oral e escrita. Afasia: distúrbios da linguagem. É controlada pela região temporo- parietal esquerda. Pode ser avaliada pela observação da fala espontânea, compreensão oral, repetição de palavras e frases, nomeação, leitura e escrita. Principais alterações nos quadros demenciais são: Anomia: dificuldade de nomeação. Na DA, é compensada por termos vagos, circunlóquios (rodeio de palvras), repetição de ideias, tornando o discurso pobre. Parafasias: substituição de palavras. Verbal ou semântica (substituição da palavra inteira por outra semelhante) e fonêmica (substituição de sílabas). Normalmente acompanhada de neologismos. Fluência: ausência de rupturas na produção oral. Afasia de broca é não fluente e Wernicke fluente. Anosognosia: falta de consciência do problema cognitivo. Dislexia: distúrbio na leitura escrita. Alexia: incapacidade de ler. Disgrafia: distúrbio na escrita. Agrafia: incapacidade de escrever. Repetição de palavras ou frases: preservada ate fases avançadas de demência. Ecolalia: repetição de sons ou palavras sem motivo aparente Mutismo: ausência de linguagem oral. Função executiva: habilidades necessárias para o planejamento, antecipação, sequenciamento temporal, monitorização, seleção de estratégias e desempenho efetivo em atividades complexas. Relaciona-se também a flexibilidade de pensamento, atenção, memoria de trabalho e resgate das informações armazenadas. Sindrome órbito-frontal: hipesexualidade, impulsividade, labilidade emocional, falha de julgamento e alegria inapropriada. Sindrome ventro-medial: redução da motivação, apatia, redução da espontaneidade e mutismo acinético. Praxia: capacidade de formular, sequencia, coordenar e executar gestos ou atos motores aprendidos com facilidade determinada. Apraxia: incapacidade na ausência de anormalidades sensoriais ou motorasou falta de atenção ou compreensão do comando. Lobo parietal principalmente esquerdo é o responsável por essa função. Apraxia ideomotora: incapacidade de transformar a ideia em ação. Apraxia ideatória: dificuldade de realização de ações que utilizam ou dependem de um objeto; Gnosia: agnosia é a incapacidade de decodificação ou reconhecimento do estimulo na ausência de comprometimento dos órgãos do sentido. Pode ser visual, auditiva, tátil ou associativa. Prosopagnosia: dificuldade no reconhecimento de faces conhecidas. Função visuoespacial: capacidade de localização no espaço, percepção da relação dos objetos entre si e localiza-se na região parieto-occiptal. Triagem cognitiva Mini exame do estado mental Aplicação do teste: Composto de 11 itens, a pontuação máxima são 30 pontos. A primeira metade do teste avalia a memoria, atenção e concentração (itens 1-5). A segunda metade avalia outras funções corticais (linguagem, gnosia, praxia, função executiva e visuoespacial). Não se deve dar pistas, o aplicador deve ser rigoroso na aplicação e flexível na interpretação. Solicita-se ao paciente prestar atenção nas perguntas que serão realizadas, cujo objetivo é avaliar sua “memória”. Nunca fale que as perguntas são fáceis, pois caso encontre dificuldades em responde-las ficará ansioso. Não deixe que perceba os erros cometidos. Nos itens orientação temporal e espacial, cada acerto vale um ponto. Entretanto do ponto de vista qualitativo: A orientação temporal é mais precocemente comprometida nas síndromes demenciais, em que a memoria episódica é mais afetada Nos idosos institucionalizados é relativamente frequente a desorientação temporal, pela ausência de estímulo. O erro em itens mais fáceis, como ano ou mês, indica mais comprometimento cognitivo quando comparado com erros nos itens dia da semana ou mês, considerados mais difíceis. Considera-se hora aproximada a variação de mais ou menos uma hora. No registro, cuidado de falar as três palavras com clareza e pausadamente para focalizar a atenção auditiva. Oriente o paciente a ouvir atentamente as três palavras e logo em seguida repeti-las. Cada acerto equivale a um ponto. Esta primeira repetição determina o escore (0 a 3). Após a pontuação, certifique-se de que o paciente memorizou as palavras, explicando que terá que repeti-las posteriormente. O próximo item avalia a atenção, concentração e função executiva, além de servir como elemento distrator para avaliação da memoria de evocação. Solicite que faça o cálculo ou que soletre a palavra mundo da ultima letra para a primeira. Avalia a capacidade de atenção e cálculo. Utilize o score mais alto (5 pontos). A tendência é o uso do sete seriado por depender menos do nível de escolaridade. Alguns cuidados: Em pacientes analfabetos esse item não é realizado Um ponto é dado para cada acerto na subtração, mesmo que a subtração anterior tenha sido incorreta. Não é usual acertos seguidos após 1 erro. Em seguida, o paciente deverá repetir as três palavras memorizadas. Cada palavra evocada vale um ponto. Os itens que se seguem avaliam outras funções corticais (linguagem, praxia, função executiva, gnosia e função visuoespacial). Aponte uma caneta e um relógio e peça para o paciente nomeá-los. Em seguida repetir a frase “nem aqui, nem ali, nem la” na sequencia correta (um ponto). Permita somente uma tentativa. Apanhe uma folha de papel. Estenda para o paciente e dê a ordem: “Apanhe a folha de papel com a mão direita, dobre ao meio e coloque no chão”. O score é dado pela sequencia correta das três ações. O paciente deve usar as duasmãos para dobrar a folha quantas vezes quiser. “Escrever uma frase ou sentença completa” implica a presença mínima do sujeito e do verbo, devendo ter sentido. O comando é “Escreva uma frase que tenha começo, meio e fim e faça sentido”. Grmática e pontuação corretas não são necessárias. Peça para escrever alguma frase bonita ou ditado conhecido. Não exemplifique. Mostre a frase “Feche os olhos” e peça-lhe para “fazer o que está escrito”. Se está testando a leitura, portanto não fale ao paciente. A copia dos dois pentágonos avalia a presença dos 5 lados ou 10 angulos e da intersecção. Tremor e rotação do desenho devem ser ignorados. Interpretação do teste Score mínimo normal: 24 pontos. Depende na escolaridade nos itens de atenção\cálculo, leitura e escrita. A presença de alta escolaridade diminui a sensibilidade do teste e a baixa escolaridade diminui a especificidade. Por isso considerar o ponto de corte 18 para analfabetos\baixa escolaridade e 26 para idosos com 8 anos ou mais de escolaridade.. Entretanto o valor do teste não esta na pontuação obtida e sim na dificuldade observada nas respostas dadas. Os itens de mairo complexidade são: memoria de evocação, atenção e cálculo, orientação, frase e desenho. Fluência verbal: Avalia a memoria semântica. Aplicação do teste: Solicita-se ao paciente que enumere o máximo de animais e frutas em um minuto cronometrado. Comando: “Você deve falar todos os nomes de animais de que se lembrar, em menos tempo possível. Qualquer animal vale: insetos, pássaros, peixes e animais de quatro patas. Quanto mais você façr melhor. Pode começar.” Considere boi e vaca como dois animais, mas gato e gata como um só. Se disser passarinho, cobra e lagarto conte como três animais, se disser passarinho, canário e peixe, conte como dois. Ou seja, a classe vale como nome, se não houver outros nomes dessa classe. Interpretação do teste: è útil na avaliação da linguagem, memoria semântica e função executiva; O teste depende do nível de escolaridade. Teste das figuras: Pouco depende do nível de escolaridade. Aplicação do teste: São apresentadas 10 figuras e perguntado “que figuras são essas”. O score é dado pelo numero de figuras corretamente identificadas, mesmo que não tenham sido adequadamente nomeadas. Se não tiver identificado alguma, explique o que representa. Em seguida escolha a folha e pergunte “que figuras eu lhe mostrei”. O tempo máximo de evocação é 60 segundos. O score é dado pelo número de respostas certas. Mostre novamente as figuras durante 30 segundo, dizendo “olhe bem e procure guardar na memória”. Pergunte novamente sobre as figuras e anote o score. E, seguida inclua qualquer distrator (outro teste) que demore no mínimo 5minutos e pergunte “quais as figuras desenhadas que eu lhe mostrei há cinco minutos” o score é dado pelo numero de respostas corretas. Finalmente, avalia-se o reconhecimento das figuras, mostrandos ao paciente 20, incluindo as 10 iniciais. Pergunte-lhe quais haviam sido mostradas. Interpretação do teste: A maioria dos indivíduos normais nomeia pelo menos 9 das 10 figuras, lembra-se de 5 ou mais no teste de memória incidental e pelo menos 6 no primeiro teste de memória imediata. Na evocação após 5 minutos, no teste de memoria, os indivíduos normais recordam-se de pelo menos 5 figuras. Indivíduos normais reconhecem no mínimo oito das figuras previamente vistas, dentre as 20. O teste avalia memória semântica e episódica, linguagem e gnosia. Teste do relógio Aplicação do teste: Solicitar ao paciente que desenhe os números do relógio, marcando determinada hora (11:10) sem mencionar a necessidade de ponteiros. O circulo pode ou não ser fornecido previamente (10-12 cm). O teste é considerado completo quando o paciente desenha todos os números do relógio, especialmente bem distribuídos e os ponteiros marcando 11:10. Não é cronometrado e pode ser repetido quantas fezes quiser. Comando: Esse círculo é um relógio. Desenhe os números que tem no relógio, marcando 11 horas e 10 minutos. Interpretação do teste: Sofre pouca influencia do grau de alfabetização, aumentando a fidegdignidade em caso de baixa escolaridade. Avalia memoria semântica, função executiva, linguagem, praxia e função visuoespacial. Lista de palavras CERAD Aplicação do teste: O examinador explica ao pct que serão lidas 10 palavras não relacionadas, lentamente solicitando que ele repita, uma a uma. Ao final o examinador solicita ao pct a repetição das palavras, por um tempo máximo de 90segundos. Não é necessária a repetição na ordem. Todavia é importante anotar a sequencia para identificação do efeito recêcncia (repetição das ultimas palavras) e primazia (repetição das primeiras). É repetido com as palavras em outra ordem mais duas vezes. Em cada etapa é solicitado que o pact evoque aquelas de que se lembra, por no máximo 90 segundos. Ao final o examinador insere uma tarefa distratora. Após 5 minutos é feita evocação da lista por no máximo 90 segundos. Em seguida as 10 palavras são apresentadas misturadas a 10 distratores. O socre é calculado pela subtração de 10 do numero de respostas corretas. Como o numero máximo de resposta é 20 o score máximo é 10. Interpretação do teste: pontuação obtida pela soma das palavras evocadas nas três tentativas, com score máximo de 30. Avalia memoria episódica e capacidade de aprendizagem. Estão acometidas ambas as funções na DA. Normalmente observa-se curva ascendente de aprendizagem nas sucessivas tentaticas. Na evocação livre o paciente devera lembrar-se de 3-4 palavras. Síndromes geriátricas: iatrogenia, incapacidade cognitiva O desconhecimento das particularidades do processo de envelhecimento pode gerar intervenções capazes de piorar o estado de saúde da pessoa idosa - a iatrogenia, que representa todo o malefício causado pelos profissionais da área de saúde. Iatrogenia (iatros: médico, gignesthai: nascer, derivado de palavra gênesis: produzir): Significa qualquer alteração patogênica provocada pela prática médica. É fundamental evitar iatrogenia em idosos devido à sua natural vulnerabilidade mais acentuada às reações adversas associadas às drogas, às intervenções não-medicamentosas, decorrentes da senescência, do risco de polipatogenia e de polifarmácia, além de incapacidades. A iatrogenia resulta da presença de uma ou mais das seguintes situações: 1. iatrofarmacogenia: decorrente do uso de medicamentos, de polifarmácia, da interação medicamentosa e do desconhecimento das alterações farmacocinéticas e farmacodinâmicas associadas ao envelhecimento; 2. internação hospitalar: que pode potencializar os riscos decorrentes do declínio funcional, da subnutrição, da imobilidade, da úlcera de pressão e da infecção hospitalar; 3. iatrogenia da palavra: associada ao desconhecimento de técnicas de comunicação de más notícias; 4. iatrogenia do silêncio: que decorre da dificuldade de ouvir adequadamente o paciente e sua família; 5. subdiagnóstico: pela tendência a atribuir todas as queixas apresentadas pelo idoso ao fenômeno “da idade”, o que pode resultar grave erro; 6. cascata propedêutica: em que a solicitação de exames é feita de forma desnecessária, extensiva, sem indicação precisa; 7. distanásia: caracterizada pelo prolonga mento artificial da vida sem perspectiva de reversibilidade, com sofrimento para o paciente e sua famí- lia; 8. prescrição de intervenções fúteis e/ou sem comprovação científica: que impõem ao paciente risco desnecessário; 9. iatrogenia do excesso de intervenções reabilitadoras: o excesso de “equipe interdisciplinar” pode trazer consequências desfavoráveis ao paciente, assim como o faz a polifarmácia. A maior parte da iatrogenia resulta do desconhecimento das alterações fisiológicas do envelhecimentoe das peculiaridades da abordagem ao idoso. Trata-se de síndrome geriátrica potencialmente reversível ou até curável, enfatizada pelos idosos comporem aproximadamente 13% da população dos Estados Unidos da América (EUA) e consumirem 32% de todos os medicamentos prescritos. Os idosos nos EUA fazem, em média, seis visitas médicas/ano e usam dois medicamentos novos prescritos por consulta, totalizando a média anual de 12 prescrições/idosos/ ano. A iatrogenia é a quinta causa de morte nos EUA. Incapacidade cognitiva Designa o comprometimento das funções encefálicas superiores capaz de prejudicar a funcionalidade da pessoa. As alterações nas funções superiores que não apresentam prejuízo na funcionalidade do paciente não podem ser classificadas como incapacidade cognitiva. Essas alterações constituem o transtorno cognitivo leve. Para o estabelecimento do diagnóstico de incapacidade cognitiva é fundamental a constatação do prejuízo na funcionalidade do indivíduo ou perda de AVDs. As principais etiologias da incapacidade cognitiva são: demência, depressão, delirium e doenças mentais, como esquizofrenia, oligofrenia e parafrenia. É recomendado o uso de normas padronizadas para detectar as alterações na funcionalidade dos idosos pelo desempenho em suas atividades básicas ou instrumentais de vida diária, por intermédio das escalas de Katz e de Lawton-Brody, respectivamente. O miniexame do estado mental (MEEM), descrito por Folstein, representa o principal teste de triagem das funções encefálicas superiores. O diagnóstico etiológico nem sempre é fácil, já que as causas de incapacidade podem coexistir no mesmo paciente. O delirium (estado confusional agudo) também pode simular ou associar-se à demência ou depressão. A história pregressa constitui-se em elemento dos mais importantes para a distinção entre a demência e as doenças psiquiátricas. O critério mais utilizado para o diagnóstico da demência encontra-se no Manual Estatístico e Diagnóstico de Desordens Mentais (DSM-IV), definido pela Associação Americana de Psiquiatria, em que o diagnóstico de demência é definido pelo desenvolvimento de múltiplos déficits cognitivos. É necessário estabelecer a etiologia da síndrome demencial após o estabelecimento do seu diagnóstico sindrômico. Devem ser excluídas, inicialmente, as causas de demência potencialmente reversíveis, que representam menos de 5% de todas elas. É recomendada, para isso, a realização de alguns exames complementares, como: hemograma, dosagem de TSH, de vitamina b12, de ácido fólico e a análise da função renal, que podem ser expandidos para a avaliação das provas de função hepática, pesquisa de anti- HIV, VDRL e a realização de algum exame de imagem com especificidade para o diagnóstico aventado. Espera-se que a avaliação clínica e complementar do paciente seja capaz de afastar as seguintes causas de demência (agrupadas mnemonicamente pela palavra TIME): 1. Tóxicas: uso de drogas, álcool, metais pesados, drogas psicoativas; 2. Infecciosas: neurossífilis, infecção pelo HIV; 3. Metabólicas: deficiência de vitamina B12 e de ácido fólico, hipotireoidismo, hiponatremia, insuficiência renal e hepática; 4. Estruturais: hidrocefalia de pressão normal, hematoma subdural e tumores. O diagnóstico de demência, depois de afastadas as causas potencialmente reversíveis, são decorrentes de processos degenerativos primários, entre as quais 50-60% associam-se à demência de alzheimer (dA). Os demais grupos são constituídos, basicamente, pela demência: por corpos de Lewy, fronto-temporal, vascular e mista. É fundamental promover o diagnóstico diferencial entre elas, pois o tratamento e o prognóstico são diferentes. O delirium (estado confusional agudo) é uma síndrome neurocomportamental causada por comprometimento transitório da atividade cerebral, secundário a uma causa orgânica. É definido como distúrbio de início súbito que envolve a consciência, a atenção, a cognição e a percepção e que tende a variar (flutuar) ao longo do dia. Pode ser comparado à insuficiência cerebral aguda e, portanto, não deve ser confundido com delírio. Os idosos, devido à redução de sua reserva cerebral, são muito vulneráveis ao aparecimento de delirium, que pode se manifestar nas formas de delirium hiperativo, hipoativo e misto. Apenas o tipo hiperativo é frequentemente diagnosticado na prática clínica, apesar de corresponder a aproximadamente um terço dos casos. As principais causas de delirium são: infecções, medicamentos, intercorrências clínicas e hospitalizações. Sua prevalência em pacientes com síndrome demencial é muito elevada. O tratamento do delirium inclui as medidas gerais que visam a: corrigir os distúrbios hidroeletrolíticos e ácido-básicos, promover a nutrição adequada, retirar a contenção, estimular a mobilidade e a mudança de decúbito, proteger a via aérea e promover a reorientação espacial e temporal do paciente. O tratamento específico inclui a remoção da causa básica ou fator precipitante, além do controle da sintomatologia. Medicamentos potencialmente inapropriados para o idoso Demências reversíveis Causas estruturais Hidrocefalia de pressão normal: Alteração do fluxo de liquido cefalorraquidiano fora do sistema ventricular, caracterizada como resistência aumentada sua absorção. Maioria dos casos idiopática, mas pode ser secundária a meningite, hemorragia subaracnóidea, trauma ou estenose crônica do arqueduto. Caracteriza-se pela tríade distúrbio de marcha, incontinência urinária e declínio cognitivo. Hidrocefalia ao exame de imagem sem atrofia cerebral significativa e liquido cefalorraquidiano com pressão normal <15mmHg. O distúrbio de marcha é o sintoma mais proeminente, a marcha se apresenta lenta, com base alargada, passos curtos e aderência dos pés ao chão. Há dificuldades com curvas e mudança na direção e para levantar e assentar. Na fase mais avançada são frequentes as quedas. Os sintomas urinários aparecem tardiamente, urgência, polaciúria evoluindo para incontinência. São proeminentes os distúrbios de atenção e das funções executivas frontais. Os pacientes apresentam perda da espontaneidade, apatia, falta de atenção, lentidão no pensamento, desorientação e transtornos de memória. Pode ocorrer resposta extensora plantar, decréscimo na coordenação motora fina dos MMSS e sinais extrapiramidais. Diagnóstico: TC e RNM. Teste de Miller Fisher: observação direta da marcha antes e após a retirada de 30ml de liquor. A melhora da marcha ocorre em 30-60 minutos e tem correlação positiva com o tratamento cirúrgico (derivação ventrículo-peritoneal). Punção lombar contraindicada em casos de efeito de massa. Tratamento: cirúrgico com derivação do liquor (shunt ventrículo-peritoneal ou vetriculo-atrial) e a interposição da válvula de pressão (baixa, média ou regulável) Hematoma subdural: o evento inicial traumático é normalmente trivial e esquecido pelo paciente. Fatores predisponentes: atrofia cerebral, aterosclerose, convulsões, discrasias sanguíneas e alcoolismo. Pode ter origem espontânea. Na fase inicial, corresponde a uma pequena coleção sanguínea, geralmente de origem venosa, localizada sobre os hemisférios cerebrais. Pode resolver-se ou continuar a progredir. Se apresenta como quadro de demência progressiva, déficit de memoria, falhas na atenção e flutuações ao despertar. Deficits focais são menos frequentes mas sugerem o diagnóstico. Alguns pacientes podem ter somente alterações de personalidade e cefaleia. Dependendo do tamanho, leva a hipertensão intracraniana, implicando em urgência. Diagnóstico: TC e RM. Tratamento: drenagem cirúrgica. Tumores intracerebrais: podem ser de origem primária ou metastáticos. Déficit cognitivo e hipertensão intracraniana (cefaleia e papiledema). Traumatismocrânio-encefálico: Após TCE podem apresentar déficit cognitivo crônico gerando grande impacto nas AVDs. Déficit na memória, atenção e aprendizado. Trauma direto no lobo frontal e temporal anterior resulta em contusão, hematoma, e hemorragia e o contragolpe pode causar hemorragia intracraniana e hipoxemia. Forças rotacionais, de aceleração e desaceleração podem levar ao estiramento dos axônios com gliose e alteração das sinapses nervosas. Risco aumentado de DA. Causas metabólicas Hipotireoidismo: Achados inespecíficos, início abrupto ou insidioso, lentificação do pensamento ou ação, apatia, deterioração na personalidade, perda global da função intelectual e sonolência excessiva. Deficiência de B12: Prejuizo da atenção e abstração, lentificação do pensamento, alterações de memória, alucinações, delirium, depressão, paranoia, mania e demencia. Parestesias em extremidades, alterações na sensação vibratória, ataxia de marcha e fraqueza de membros. Pode mimetizar a DA, mas é mais frequente o aparecimento de desilusões e alucinações. Causas tóxicas Drogas: idosos possuem suscetibilidade de alteração da função cognitiva devido a polifarmacia, interações, comorbidades e alterações na farmacocinética e dinâmica. Principalmenet opioides, benzodiazepínicos, anticolinérgicos e antidepressivos tricíclicos. Utilização crônica: desinibição de conduta, alterações na coordenação visuoespacial, depressão do SNC, amnésia, confusão mental e demencia. Álcool: neurotoxicidade variável e individual. Lesão aguda que varia de excitação a coma ou crônica sendo dividida em síndrome de abstinência alcoolica (delirium tremens e convulsão), deficiências nutricionais (tiamina), lesão direta (degeneração cerebelar e demência alcoolica) e lesão indireta (encefalopatia alcoolica). Alterações sutis, personalidade vazia e perda da produtividade. Casos mais graves, amnesia, afasia, desorientação, alterações da personalidade, convulsões e ataxia. Wernicke-Korsakoff (deficiência de tiamina): alterações persistentes da memória e aprendizado associados a alterações oculares (oftalmoparesia, nistagmo), ataxia de marcha e estado confusional agudo apático. Causas infecciosas Neurossífilis: Casos de sífilis terciária 10-20 anos após primo-infecção. Transtornos de memóri, alteração do comportamento e da personalidade, lentificação mental e distúrbios da fala. Alterações de marcha, tremores, arreflexia ou hiperreflexia, espasticidade e pupilas irregulares e não reativas à luz. AIDS: decorrente de encefalite, em fases mais avançadas, abrange o desempenho motor, comportamento e cognição. Meningites crônicas: alteração cognitiva pode ser o primeiro sintoma. Mais frequente em imunodeprimidos. Criptococose evolução insidiosa. Tuberculosa associada a febre, cefaleia, sinais focais e convulsões. Toxoplasmose, confusão mental lenta e progressiva, desorientação, dificuldades de memória recente e obnubilação. Cisticercose, apatia, confusão, labilidade emocional, amnesia e demencia. Demências irreversíveis Demência vascular: Quadro clínico prévio de AVEs com evidencias radiológicas e infartos cerebrais, relação inquestionável entre demencia e AVE, disfunção motora, as vezes incluindo alteração de marcha, disfunção do controle urinário, incontinência ou urgência miccional. Demência por corpos de Lewy: Demencia ou comprometimento cognitivo que precedem ou instalam-se junto ao parkisonismo, flutuação da atenção e estado de alerta, alucinações visuais recorrentes, auditivas e delírios, historia sugestiva de transtornos do sono, sonhos vívidos, agressividade ou inquietação noturnas. Demência fronto-temporal: alterações proeminentes da personalidade e comportamento, afasia motora e sensitiva progressiva, perda do conhecimento semântico para objetos ambientais, disfunção frontal e temporal (comprometimento da personalidade, linguagem e memória) com preservação das funções do lobo parietal (habilidades visuoespaciais), atrofia, hipoperfusão ou hipometabolismo em RM ou PET em lobo frontal e temporal. Evolução de demência de Alzheimer e seu tratamento Patogênese: placas neuríticas (amiloides) e os novelos neurofibrilares. Clivagem anormal de uma proteína da membrana neuronal chamada proteína precursora amiloide e acumulo anormal de um fragmento chamado B-amiloide, que é depositado em placas. Foram identificados quatro genes relacionados. Os genes autossômicos dominantes causam DA de inicio precoce, antes dos 60 anos de idade. A causa da DA é multifatorial sendo resultado da interação mútua de genes de suscetibilidade e fatores ambientais. Fatores de risco: Doença vascular, estrógeno e progesterona aumentam o risco. Sintomas e sinais: Declínio gradual e progressivo da função intelectual, comprometimento da memoria, do julgamento, da capacidade de solucionar problemas e da percepção. O sintoma inicial mais comum é o comprometimento da memoria recente e esquecimento, progredindo para memoria de longo prazo. Sinais não cognitivos são: alterações de personalidade ou do comportamento. Sinais extrapiramidais sugerem declínio mais rápido.Anormalidades focais sugerem outros diagnósticos. Estágios: Escala de Avaliação clinica de demência divide a DA em três: leve, moderada e grave de acordo com o desempenho em 6 categorias (memória, orientação, julgamento, solução de problemas, assuntos da comunidade, lar e passatempos e cuidados pessoais). Leve: comprometimento das atividades laborais ou sociais, mas os pacientes mantêm a capacidade de viver independentemente, com julgamento e higiene adequados. Moderada: distingue-se pela necessidade de alguma supervisão, dado o comprometimento da memória recente, orientação e discernimento. Os pacientes necessitam de ajuda para AVDs e para escolher roupas e vestir-se. Grave: comprometimento significativo das atividades da vida diária AVDs, resultando em necessidade de supervisão e cuidados constantes. Diagnóstico: além de memoria, exige comprometimento de outra função cognitiva como julgamento, raciocínio abstrato, linguagem (anomia), orientação, praxia e atenção. Critérios diagnósticos: só é comprovado por biópsia. DA provável: entre 40-90 anos que não apresentam características atípicas da doença. DA possível: pode haver uma segunda etiologia contribuindo para demência. Avaliação da demência: Minimental (igual ou maior que 20 demência leve, entre 10-19 moderada e 0-9 grave). Hemograma completo, eletrólitos, ureia, creatinina, provas de função hepática e tireoidiana e nível sérico de vitamina B12 para excluir causas metabólicas. VDRL\FTA, VHS, sorologia para doença de Lyme e HIV para excluir causas metabólicas. Punção lombar (opcional). TC e RM para detectar condições tratáveis como tumores, hematomas, hidrocefalia, a atrofia cortical constitui achado inespecífico ao envelhecimento. Redução do metabolismo da glicose regional nos lobos temporais e parietais podendo ser identificada na PET e redução do fluxo sanguíneo estão relacionadas a DA. Tratamento: Inibidores da acetilcolinesterase: aumentar a função colinérgica mediante bloqueio da queda da acetilcolina. 1º escolha: Hidrocloro de donepezil: inibidor reversível altamente especifico da acetilcolinesterase que possui efeito mínimo na colinesterase periférica. Não produz toxicidade hepática. Dose inicial de 5mg\dia 1x ao dia aumentando para 10mg\dia em 4 semanas, se tolerado. Se provocar alterações do sono, tomar pela manha. Tartarato de rivastigmina: inibidor seletivo da acetilcolinesterase e butirilcolinesterase. Os efeitos adversos podem ser reduzidos se adm junto a refeição e aumento lento da dose. Galantamina: inibidor seletivo e competitivo da acetilcolinesterase, além de potencializar a neurotransmissão colinérgico-nicotínica. Quando junto as refeições sua absorção é reduzida diminuindo efeitos colaterais. Antagonistas dos receptores do N-metil-d-aspartato: O bloqueio desse receptorde glutamato pode proteger contra a toxicidade produzida pelos efeitos excitatórios excitatórios do AA, que pode levar a morte celular. Memantina: antagonista não competitivo do receptor NMDA com o qual possui afinidade baixa a moderada, e pode bloquear seletivamente os efeitos excitatórios tóxicos associados à transmissão anormal do glutamato. Usada no tratamento de formas moderadas e graves. Principais diferenças entre as incapacidades cognitivas Depressão A intensidade da depressão varia de leve a intensa, de agusa a crônica, de um ou dois episódios a vários, e de uma recuperação completa à ausência de qualquer melhora. Quadro clínico: A alteração do humor mais comum consiste no sentimento de tristeza, embora alguns pcts manifestem perda da vitalidade, sonolência e pobreza de pensamento e não pensamentos tristes. Nessa forma, a desesperança, mesmo que relativa apenas à condição do pct está presente. A desesperança entristecida e o desespero podem girar em torno de uma ideia central, que pode ou não ter conteúdo delirante, mas o transtorno do humor afeta todos os componentes da atividade mental, além do delírio. O paciente sempre tem sentimentos tristes e desesperadores sobre qualquer tema. Existem duas formas: ansiosa e melancólica. Ansiosa: intensa ansiedade. Ideia central depressiva pode predominar e a elaboração mental pode ser extensa O sono tende a ser perturbado, geralmente com insônia inicial, eventualmente com despertares frequentes e classicamente com despertar precoce, no inicio da manhã. A acordar os pacientes estão exaustos e ansiosos. Melancólica: pacientes se tornam hipoativos, algumas vezes sonolentos. O conteúdo ideacional pode ser esparso e elaboração mental é mínima. O sono tende a estar aumentado. Em ambas as formas os pacientes exibem tristeza. Os ansiosos, são chorosos ao passo que os melancólicos tendem a se mostrar sussurrantes e com tristeza mal definida. A depressão cronica leve tende a ser mais discreta e geralmente afeta durante muitos anos os relacionamentos interpessoais, a produtividade no trabalho e capacidade de se divertir. Como a depressão é frequentemente sentida no corpo a principal manifestação da doença pode ser um ou mais sintomas corporais ou funcional (transtorno somatoforme) que varia desde tremores e preocupações hipocondríacas até o delírio somático psicótico. Tratamento Mais eficaz quando se associa a terapia farmacológica a psicoterapia Se o paciente for muito agitado e ansioso pode se associar antidepressivos e ansioliticos leves. Pacientes com sintomas psicóticos a associação de um agente antipsicótico é fundamental. Eletroconvulsoterapia é rapidamente eficaz nos pacientes com delírios ou grande propensão ao suicídio. Terapia cognitivo-comportamental que se concentra nos pensamentos conscientes negativos, a terapia interpessoal, voltada para os pontos fortes e qualidade dos relacionamentos sociais ou a terapia psicodinâmica focada na experiencia emocional da doença e perdas precedentes podem ser eficazes. INIBIDORES DA CAPTURA DE MONOAMINAS Inibidores seletivos da captura de serotonina (5-HT): são os mais utilizados. Melhora o comportamento Fluoxetina: proscrito para o idoso. Maior risco de interação medicamentosa. Paroxetina: Maior risco de interação medicamentosa. Não é muito utilizado, afeta o citocromo P450. Melhora bastante a ansiedade, mas tem muitos efeitos adversos, principalmente gástricos. Induz parkisonismo. Reação de abstinência. Sertralina: Menos potencial de interação medicamentosa. Antiagregante plaquetário. Diarréia. Fluvoxamina: menos náuseas que os demais. Citalopram: Menos potencial de interação medicamentosa. Escitalopram: Isômero S ativo do citalopram, menos efeitos adversos. Efeitos adversos: náuseas, diarreia, agitação, distúrbios de sono, anorgasmia, hiponatremia, bradicardia, disfunção da PA. ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS: Inibição da captura de NE e 5-HT Nortriptilina: Levemente seletivo para NE. Menos efeitos colaterais. Longa duração e menos sedativo. Bom efeito sobre dor. Usado na depressão e transtornos de ansiedade. Imipramina: proscrito para o idosos. Desipramina: Seletivo para NE. Amitriptilina: proscrito para o idoso. Clomipramina: proscrito para o idoso. Efeitos adversos: Sedação, efeitos anticolinérgicos (boca seca, constipação, retenção urinária, visão embaçada, hipotensão postural, crises convulsivas, impotência. ANTIDEPRESSIVOS ATÍPICOS: Venlafaxina (DUAL): inibidor fraco e não seletivo da captura de NE e 5-HT. Ação mais rápida que os outros antidepressivos e de melhor eficácia em pacientes resistentes ao tratamento (depressões graves). Efeitos adversos: náuseas, diarreia, constipação, sudorese excessiva, disfunção sexual, HA, eventos cardiovasculares (arritmias), boca seca e retenção urinária. Duloxetina (DUAL): potente inibidor não seletivo de NE e 5-HT. Menos efeitos adversos agudos, mas com risco de interações medicamentosas importantes. Ação na dor neuropática. Efeitos adversos: náuseas, vômitos, perda ponderal, tontura, boca seca, diarreia, constipação, fadiga, insônia e sonolência. INIBIDORES SELETIVOS DA NE Bupropiona: inibidor seletivo da captura de NE, mas também inibe a captura de dopamina. Usado principalmente na depressão associada à ansiedade e em pcts mais jovens. Melhora a libido. Usado também para tratar a dependência de nicotina. Diminui o limiar de convulsão. Utilizado em caso de anorexia. Efeitos adversos: Cefaléia, boca seca, agitação e insônia. ANTAGONISTA DO RECEPTOR DE MONOAMINA Mirtazapina: Inicio de ação mais rápido que outros antidepressivos. Depressão e distúrbios do sono. Menos efeitos adversos. Possui ação sedativa. Efeitos adversos: boca seca, tontura, fadiga e ganho de peso. Contraindicação: em uso de inibidores da monoamino. Trazadona: Causa sonolência, importante para pcts que sofrem de insônia. Efeitos adversos: sedação, hipotensão, disritmias cardíacas, priapismo. Osteoporose Definição: Distúrbio osteometabólico carcterizado pela dimimuição da densidade mineral óssea e deterioração da sua microarquitetura, levando a um aumento da fragilidade óssea e do risco de fraturas. Epidemiologia: Prevalência e gravidade aumentam com a idade e as fraturas estão associadas à elevada taxa de morbimortalidade. A partir dos 50 anos 40% das mulheres e 13% dos homens poderão sofrer algum tipo de fratura por fragilidade. Classificação Primária Tipo I: predomina em mulheres, associada à menopausa, perda acelerada de osso trabecular, ocorrências de fraturas vertebrais Tipo II: acomete mulheres e homens idosos, compromete osso cortical e trabecular, ocorrência de fraturas vertebrais e de fêmur. Secundária: mais frequente no sexo masculino, principalmente uso de corticoides, hipogonadismo e alcoolismo. Associada à endocrinopatias, drogas, doenças genéticas, artrite reumatoide, doenças gastrointestinais, transplante de órgãos, imobilixação prolongada, tumores, anemias crônicas, mastocitose, tratamento prolongado com heparina. Quadro clínico: evolução silenciosa, pct assintomático até ocorrência de fratura. Fraturas mais comuns: vertebrais, terço distal do rádio (fratura de Colles), úmero, fêmur e pequenos ossos periféricos. 25% dos pcts que sofrem fratura de fêmur morrem após 1 ano. Fraturas e microfraturas vertebrais sucessivas evoluem com episódios de dor aguda. Com o tempo surgem deformidades esqueléticas características, como acentuação da cifose dorsal, da lordose cervical e retificação da coluna lombar. Dores e deformidades contribuem para restrição dos movimentos respiratórios, facilitando infecções e quadros de constipação crônica. Fatores de risco Maiores: Sexo feminino Baixa massa óssea Fratura prévia Raça asiática ou caucásica Idade avançada em ambos os sexos História materna defratura por fragilidade e ou osteoporose Menopausa precoce não tratada (antes dos 40 anos) Tratamento com corticóides Menores: Amenorréia primária ou secundária Hipogonadismo primário ou secundário em homens Perda de peso após os 25 anos ou IMC< 29 (baixo) Tabagismo, alcoolismo, sedentarismo Tratamento com outras drogas que induzem perda de massa corpórea (heparina, varfarina, fenobarbital, fenitoina, carbamazepina, lítio e metrotexato) Imobilização prolongada Passado de dieta pobre em cálcio Doenças que induzem a perda de massa óssea Exame físico Estatura: indivíduos com baixa estatura têm ossos mais finos e são mais propensos a osteoporose. A perda súbita de estatura é sinal de fratura vertebral. Peso: obesos apresentam menos perda óssea nas regiões de sustentação (coluna lombar e quadril). Hipercifose dorsal: sinal de múltiplas fraturas vertebrais, com colabamento das mesmas. Sugere fortemente osteoporose, dificuldade respiratória e maior propensão a infecções. Abdome protruso: deformidades de coluna. Outras deformidades esqueléticas: sugestivas de fraturas prévias, indicam risco aumentado de novas fraturas. Exames complementares Avaliação laboratorial: exclusão de doenças que causam perda óssea e para investigação do metabolismo ósseo. Hemograma, VHS, cálcio, fósforo, fosfatase alcalina, creatinina, calciúria de 24h, urina rotina. Marcadores de remodelação óssea (usado para identificar períodos de alta atividade): Fosfatase alcalina ósseo-específica: marcador de formação óssea. Telopeptídeos urinários: marcador de reabsorção. Avaliação radiológica: só mostrarão alterações quando perda óssea for igual ou superior a 30%. Não é utilizada para diagnóstico precoce, sendo solicitada para diagnóstico de fraturas, diagnóstico diferencial de outras doenças, avaliação radiológica de coluna dorsal e lombar em caso de redução inesperada da estatura. Avaliação densitométrica (padrão-ouro): Rápido e não invasivo, emite pequena quantidade de radiação e possibilita medir a quantidade de osso em uma área de volume definido. Medições realizadas em coluna lombar, fêmur proximal, colo do fêmur ou fêmur total, sendo o colo do fêmur o melhor preditor de fratura de quadril. Os resultados são apresentados em valores absolutos e valores relativos (desvio padrão) tendo como referencia o adulto jovem. Critérios de desvio padrão: Até -1 DP: Normal De -1,1 a -2,5 DP: Osteopenia Abaixo de -2,5 DP: Osteoporose Abaixo de -2,5 DP na presença de fratura: Osteoporose estabelecida Para cada diminuição em DP, o risco de fratura aumenta 1,5 a 2,5 vezes. Indicações para densitometria óssea: Todas as mulheres com idade > 65 anos e homens > 70 anos tem indicação para avaliação densitométrica. Deve ser feito também em mulheres de 60 a 64 anos com fatores de risco como baixo peso e ausência de reposição estrogênica. Fatores de risco que justificam a propedêutica em mulheres < 65 anos: história familiar de osteoporese, fratura por trauma mínimo após 45 anos, tabagismo e baixo peso. Em homens < 70 anos com fatores de risco como fratura, hipogonadismo, hiperparatireoidismo e uso prolongado de corticoide. O exame deve ser realizado a cada 2 anos em pcts com intervenção medicamentosa ou não. Indicações gerais: Todas as mulheres com idade > ou igual a 65 anos e homens > ou igual a 70 anos. Mulheres com deficiência estrogênica com menos de 45 anos Mulheres na peri e pós-menopausa (com um fator de risco maior e dois menores) Mulheres com amenorreia secundária prolongada (por mais de 1 ano) Todos os indivíduos que tenham sofrido fratura pro trauma mínimo ou atraumática Indivíduos com evidências radiográficas de osteopenia ou fraturas vertebrais Indivíduos que apresentam perda de estatura >2,5cm ou hipercifose torácica Indivíduos em uso de corticoide por 6 meses ou mais (prednisona > ou igual a 7,5mg\dia) Mulheres com IMC baixo (<19) Tratamento Não farmacológico\prevenção Nutrição: Principal nutriente para um esqueleto saudável é o cálcio, presente no leite, derivados e folhas verdes. Consumo excessivo de proteínas e cálcio está relacionado ao aumento da excreção renal de cálcio. Aveia e espinafre, ricos em ácido fítico e ácido oxálico, bloqueiam a absorção de cálcio presente nesses alimentos e em outros ingeridos ao mesmo tempo. Vitamina D, papel importante na absorção e incorporação de cálcio e atuação positiva no trofismo muscular. A necessidade de cálcio está aumentada na infância, adolescência, gravidez e amamentação e em pessoas idosas quando absorção limitada. Recomenda-se ingestão de 1g de cálcio por dia para homesn e mulheres < 50 anos. Mulheres > 50 anos recomenda-se ingestão de 1,5g\dia. O ideal seria obter essa qualtidade através da dieta, mas muitas vezes é necessário a suplementação. Efeitos colaterais: náuseas, dispepsia e constipação. Para minimizar recomenda-se uso após refeição e maior aporte de alimentos laxantes. A vitamina D apesar de sintetizada na pele sob catalisação dos raios solares necessita ser suplementada em idosos. A síntese cutânea em idosos equivale a 1\3 da produção do indivíduo jovem, o idoso permanece maior parte do tempo em ambientes fechados e utiliza roupas mais pesadas. Dose diária: 400UI\dia para homens e mulheres entre 51 e 70 anos e 600UI\dia para mulheres >71 anos. Mulheres institucionalizadas e com baixa exposição solar devem receber 800UI\dia. Hábitos de vida Fumo: deve ser evitado. Mulheres fumantes apresentam níveis de estrogênio mais baixos que mulheres não fumantes e iniciam menopausa mais precoce. Álcool: consumo de altas doses relacionado a perda óssea aumentada, além disso são mais propensos a fraturas devido a ma-nutrição, risco maior de quedas e mutiplas ações do álcool sobre o metabolismo ósseo. Atividade física: prevenção e tratamento. São benéficos aqueles realizados contra a resistência da gravidade ou exercícios com carga como caminhadas e musculação leve. Além disso, melhora o trofismo, equilíbrio, mobilidade, qualidade do sono, auxilia no controle de doenças como HAS e DM. Deve ser recomendada a todo idoso dependendo das comorbidades durante período mínimo de 30 minutos diários, com intervalos de 24-48 horas. Prevenção de quedas: principal causa de morte acidental em idividuos com >65 anos. Medida preventiva é a correção de fatores ambientais, atividade física e prescrição conscienciosa de medicamentos. Farmacológico Agentes anti-reabsortivos: Terapia de reposição hormonal: estrogênios previnem a perda de osso trabecular e cortical e aumentam a densidade óssea da coluna e quadril. O uso exclusivamente para prevenção e tratamento da osteoporose não é recomendado visto que aumenta o risco de desenvolvimento de demência. Moduladores seletivos dos receptores de estrogênio: Raloxifeno agonista estrogênico no perfil lipídico e na massa óssea, sem interferência na mama e no endométrio. Previne a perda de massa óssea e promove discreto aumento da densidade óssea da coluna e quadril. Diminui o risco de fraturas vertebrais sendo aprovado para prevenção e tratamento. Dose: 60mg por dia VO. Efeitos colaterais: fogachos, câimbras e fenômenos tromboembólicos venosos. Calcitonina: previne a perda óssea trabecular e apresenta pouca ação sobre o osso cortical, reduz as fraturas vertebrais e produz efeito analgésico. Dose: 100UI SC ou 200UI spray nasal. Efeitos colaterais: náuseas, reações inflamatórias locais, rubor facial, rinite e epistaxe. Bifosfonatos: derivados do ácido pirofosfônico, mecanismo de ação relacionado com a absorção do medicamento pelo osteoclasto, com alteração do metabolismo e apoptose celular. Previnem a perda de massa óssea e aumenta a DMO em coluna lombar e fêmur proximal e reduzem o risco de fratura. Alendronato, dose: 70mg\semana Risendronato, dose: 35mg\semana. Devem ser tomadas com agua,em jejum, 30 minutos antes do cfé da manha e o paciente deve permanecer sentado ou em pé durante esse período pelo risco elevado de esofagite erosiva. Efeitos mais comuns, pirose, azia, indigestão. Agentes estimuladores da formação óssea: Paratormônio, utiliza-se molécula análoga contendos os primeiros 34 AA. Ganho de massa óssea na coluna e quadril. Redução do risco de fraturas vertebrais e não vertebrais. Indicado nos casos de osteoporose grave ou com fraturas. Dose: 20microgramas SC. Uso limitado a 24 meses nos EUA, devido ao desenvolvimento de osteosarcoma. Alto custo limita utilização.
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