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o ciclo celular e o câncer

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Centro Universitário de Mineiros
Campus Trindade – GO
Curso de Medicina 
Unidade I
RESUMO
 O presente relatório tem como objetivo estudar o ciclo celular e seus pontos de regulação. Nesse sentido, o relatório discutirá os fatores que interferem no funcionamento fisiológico dos pontos de regulação citados e, como consequência, a evolução de neoplasias abordando, ainda, as classificações de Bethesda e NIC. Além disso, será discutido a fisiopatologia, quadro clínico, epidemiologia, os fatores de risco e a prevenção do câncer do colo do útero. E, por último, sua detecção precoce na saúde primária, como também, as políticas públicas para tal.
 Essa avaliação foi construída com base nos estudos de livros e debates feito na disciplina de tutoria do curso de Medicina do Centro Universitário de Mineiros – UNIFIMES campus Trindade – GO, levantados pelos alunos e o professor, além de leituras e aprofundamentos em literaturas que envolvem a multiplicação celular e carcinogênese.
Palavras – chave: ciclo celular, neoplasia, carcinogênese, câncer do colo do útero, saúde da mulher.
SUMÁRIO
1.Introdução 	5
2.Objetivos 	6
3.Desenvolvimento 	7
3.1Descrever o ciclo celular completo e seus mecanismos de regulação............7
3.2Abordar os fatores que interferem nos mecanismos de regulação do ciclo celular........................................................................................................................11
3.3Definir e classificar neoplasia (Bethesda e NIC) ...............................................14
3.4Estudar a fisiopatologia, quadro clínico, epidemiologia e os fatores de risco para o câncer do colo do útero...............................................................................18
3.5Discutir a prevenção (políticas públicas) e a detecção precoce na saúde primária do câncer do colo do útero........................................................................20
4.Conclusão	23
5.Referências	24
	2
1. INTRODUÇÃO
 O presente relatório foi elaborado na disciplina de Tutoria pelos acadêmicos da Universidade de Mineiros (Unifimes) Campos de Trindade-GO, com o intuito de expandir os conhecimentos de um modo acerca da saúde da mulher e, especificamente, da multiplicação celular e carcinogênese.
 Num primeiro momento, é estudado o ciclo celular o qual compreende desde a formação da célula até sua divisão em duas células-filhas, enfatizando os seus pontos de regulação, bem como as consequências do mal funcionamento dos últimos. Sendo destacado o desenvolvimento do câncer do colo do útero, especificando sua fisiopatologia, quadro clínico, epidemiologia e fatores de risco.
 Os objetivos expostos no relatório estão explicados de forma didática e detalhada, com isso, temos que o mesmo foi elaborado com dedicação e seriedade pelos acadêmicos de medicina para se alcançar um completo aprendizado. 
2. OBJETIVOS:
· Descrever o ciclo celular completo e seus mecanismos de regulação;
· Abordar os fatores que interferem nos mecanismos de regulação do ciclo celular;
· Definir e classificar neoplasia (Bethesda e NIC);
· Estudar a fisiopatologia, quadro clínico, epidemiologia e os fatores de risco para o câncer do colo do útero;
· Discutir a prevenção (políticas públicas) e a detecção precoce na saúde primária do câncer do colo do útero.
3. DESENVOLVIMENTO
3.1 Descrever o ciclo celular completo e seus mecanismos de regulação.
Interfase: a interfase é composta por 3 fases, a G1, S e G2. 
Durante a fase S, há duplicação do DNA, e as fases G1 e G2 correspondem aos períodos em que as células se preparam para a execução das fases S e M (mitose) respectivamente. Quando as células não proliferam, elas entram em estado de quiescência, conhecido como G0. Na fase G1, são os sinais extracelulares que irão determinar através de respostas, se as células irão se dividir novamente ou se irão entrar em estado G0.
Na fase G1 irá ocorrer o crescimento celular, e uma organização para a duplicação do DNA do núcleo, a proteína P53 que sinaliza a parada em G1, tal que os níveis intracelulares aumentam em resposta aos possíveis danos no DNA, isso impede que a célula replique o DNA danificado. 
Na fase S, é onde ocorre a duplicação do DNA, por fim, a fase G2 se trata do crescimento da célula e duplicação completa do DNA. Essa fase antecede a mitose, para que a célula passe para a fase da mitose, é de suma importância que tenha sido completa a replicação e que tenham sido separados os possíveis danos do DNA.
Imagem X: Esquema do ciclo celular.
Fonte: Biologia Molecular da Célula, 2017
Mitose é dividida em prófase, pró-metáfase, metáfase, anáfase e telófase.
PRÓFASE: o início da mitose é marcado pela condensação da cromatina, que dá origem aos cromossomos, e pelo processo de duplicação dos centrossomos, os quais são responsáveis pela organização do fuso mitótico. Os cromossomos que foram duplicados são unidos por meio de estruturas proteicas (complexo de coesão) em uma região delimitada denominada de centrômero. As proteínas que atuam no processo de união das cromátides irmãs (nome dado aos cromossomos após a formação dos pares) são as coesinas. Por outro lado, a condensação da cromatina é regulada pelas proteínas condensinas. É importante lembrar que todas as feições morfológicas da mitose dependem de forma direta, ou indireta, da atividade do complexo ciclina B/cdk1, que pode ser conhecido também como fator promotor de maturação (MPF), por ter sido encontrado pela primeira vez no processo de maturação de oocistos e anfíbios durante a meiose. Processos da prófase:
· Condensação da cromatina;
· Embaralhamento do nucléolo;
· Centríolos migram para as extremidades da célula;
· Desorganização da carioteca;
· Início do processo de formação do fuso mitótico;
· Migração dos cromossomos na direção do plano equatorial da célula;
PRÓ-METAFASE: a entrada na pró-metáfase é caracterizada pelo colapso do envoltório nuclear, o resultado da fosforilação das camadas nucleares pelo complexo ciclina B / cdki. Dessa forma, o material genético tem acesso ao citoplasma, onde os cromossomos podem se combinar aos polímeros de microtúbulos, na região localizada no centrômero e denominada cinetócoro para iniciar a formação do fuso mitótico. Em alguns eucariotos unicelulares por exemplo, levedura, o envelope nuclear permanece intacto durante a mitose. Neste caso, os cromossomos migram para os polos opostos do núcleo, onde se fixam envelope nuclear.
METÁFASE: é marcada pela posição dos centrossomas nos polos e pelo das cromátides irmãs no plano equatorial. O alinhamento das cromátides da placa metafásica, através do fuso mitótico, garantem o processo de divisão de uma célula cujo conteúdo genético, duplicado na interfase, é uniformemente distribuído para ambas as células filhas. O alinhamento das cromátides irmãs no plano equatorial é uma condição necessária para a continuação do ciclo celular. Este requisito é considerado ponto de verificação do terceiro ponto de checagem do ciclo.
ANÁFASE: nessa etapa, o fuso mitótico é quebrado, induzido pela ativação do complexo promotor da anáfase (APC/C). Esse complexo inicia o processo de segregação cromossômica através da destruição de coesinas que unem as cromátides irmãs de modo que cada cromossomo separado poderá se voltar aos seus polos respectivos. Além disso, essa etapa pode ser dividida em duas:
· Anáfase A: ocorre o início da separação dos cromossomos, para polos opostos. Isso acontece pela despolimerização dos microtúbulos e por consequência a diminuição dos microtúbulos do cinetócoro.
· Anáfase B: ocorre o movimento dos cromossomos para os polos dos fusos, de modo ainda mais distante do que ocorre na anáfase A, nas extremidades opostas das células.
TELÓFASE: após a separação dos cromossomos, a célula entra em telófase. Nesse período, observa-se a despolimerização do fuso mitótico e os cromossomos são condensados e envelopados novamente por um capsula nuclear. E por fim, essas células são separadas por umanel contrátil, finalizando a fase chamada de citocinese.
A citocinese é a parte da divisão citoplasmática das células. Nessa etapa, os filamentos de actina e a miosina II são contraídas, com a finalidade de gerar força suficiente para o rompimento do anel contrátil, que tem início no final da anáfase. Essa força gerada pelos filamentos de actina e miosina para o rompimento do anel se dá pela ação de uma GTPase, Rhoa.
Mecanismo de regulação do ciclo celular: envolve um sistema que determina a sequência de eventos que deve ocorrer durante esse ciclo. Em casos que alguma etapa apresente erros, o sistema de controle é acionado para que ocorra uma pausa no processo. O referido sistema está associado a interruptores bioquímicos que atuam de forma direta proporcionando precisão ao ciclo. Sendo assim, é relevante mencionar que os referidos interruptores em sua maioria são binários e permitem que as fases sejam realizadas de forma integra. 
Desse modo, é possível constatar que o sistema de controle tem capacidade para adaptar-se a certos tipos de células com especificidade, como também para atuar por intermédio de sinais que podem ser emitidos por essas células. O ciclo é constituído de pontos de transição regulatória, sendo que se inicia ao final da fase de G¹, posteriormente localiza-se entre a etapa G² e M, e o último corresponde a passagem de estágio da metáfase para anáfase. 
	Além disso, o complexo Cdks (cinases dependentes de ciclinas) atua no controle do ciclo e sua atuação depende da ação de ciclinas, sendo possível encontrar quatro classes de ciclinas, entre elas: G¹/S-ciclinas (promove atuação das Cdks na fase final de G¹); S-ciclinas (propicia a duplicação cromossômica); M-ciclinas (as Cdks exercem função no estágio entre G²/M); G¹-ciclinas (contribui no funcionamento de G¹/S-ciclinas). As principais ciclinas presentes podem ser: G¹-Cdk; G¹/S-Cdk; S-Cdk; M-Cdk. 
 Em casos os quais há ausência de ciclina, a alça proteica promove uma obstrução do sítio ativo. A atividade total da Cdk decorre quando a CAK (cinase ativadora de Cdk) desencadeia a fosforilação de um aminoácido localizado adjacente ao sítio ativo do complexo. A cinase Wee1 fosforila um aminoácido presente no sítio ativo e assim inibe a ação da Cdk. A fosfatase Cdc25 promove elevação na atividade da Cdk. A CKIs (proteínas inibitórias Cdk) desencadeia inatividade da Cdk. 
	O complexo promotor da anáfase ou ciclossomo (APC/C) atua de forma direta na mudança de metáfase para anáfase, sendo que a enzima consolida catalização e destruição de duas proteínas, entre elas: securina (atua na ligação entre as cromátides irmãs) que após destruída propicia que ocorra a anáfase devido ao rompimento da ligação; S-ciclinas e M-ciclinas ao serem destruídas promove inativação de Cdks. A atuação da APC/C depende da presença de Cdc20 e Cdh1, sendo que esses componentes contribuem para o reconhecimento de proteínas-alvo. 
	As SCF (pertence a classe da ubiquitina-ligase) contribuem para a ativação de S-Cdks, propicia replicação do material genético (DNA) e consolidada deterioração da ciclina G¹/S. A proteína F-box atua determinado a atividade dessa ubiquitina).
Imagem X- Proteínas reguladoras do ciclo celular.
Fonte: Biologia Molecular da Célula, 2017.
3.2 Abordar os fatores que interferem nos mecanismos de regulação do ciclo celular.
Habitualmente, a divisão celular é regulada por meio de uma série de fatores de crescimento extracelular, e são algumas proteínas que fazem as células em repouso se dividirem e, em alguns casos, se diferenciarem. Quando este equilíbrio é perturbado por defeitos nas proteínas reguladoras, as células começam a se replicar de forma desordenada podendo assim formar um tumor até que sua presença interfira na função do tecido normal.
A causa geralmente pode ser um defeito genético em uma ou mais proteínas que são responsáveis pela regulação da divisão celular. No entanto, esse gene defeituoso é herdado de um dos pais e em outros casos, pode ocorrer uma mutação sendo decorrente de um composto tóxico do meio ambiente (composto mutagênico ou carcinogênico), ou mesmo radiação de alta energia que interage com o DNA de uma única célula, danificando e induz uma mutação. 
Contudo, os genes que induzem a replicação descontrolada na célula são chamados de oncogenes e eles são versões mutadas de genes que codificam as proteínas sinalizadoras, as quais são responsáveis pela regulação do ciclo celular, eles são derivados dos próprios genes das células que estão normais e são os genes denominados de proto-oncogenes. Ademais, uma célula pertencente a algum tecido exposto a compostos carcinogênicos pode ter uma de suas proteínas reguladoras defeituosa através de um dano sofrido no DNA e, assim, terá falhas na regulação do ciclo celular pelo mesmo mecanismo oncogênico. As mutações que originam oncogenes são geneticamente dominantes; se um cromossomo de um par contiver um gene defeituoso, o produto daquele gene enviará o sinal "divida-se", o que poderá resultar em um tumor. O defeito oncogênico pode estar em qualquer uma das proteínas envolvidas na comunicação do sinal "divida-se". (LEHNINGER, pág. 481)
No entanto, esses fatores que são capazes de interromper o ciclo são classificados em fatores positivos ou negativos. Entre os fatores positivos do ciclo estão as ciclinas que tem um padrão periódico de acumulação e desnaturação, o que faz com que sua concentração altere durante o ciclo. Com isso, as ciclinas são apenas sintetizados em estágios específicos conforme necessário (opcional), portanto, serão destruídas após o uso. Ela é conectada as CDKs para que possam realizar suas funções. Contudo, os CDKs e as ciclinas ativadas são os principais fatores positivos no desenvolvimento do ciclo celular. A ativação das CDKs-ciclinas depende da fosforilação deste complexo. No entanto, a inativação do complexo pode ocorrer por meio da degradação da ciclina, da adição ou remoção de fosfato e da ligação de CKIs (inibidor da ciclina quinase). Esses inibidores são os fatores negativos do ciclo e atuam em múltiplos complexos CDK ciclinas, que exerce controle sobre a atividade desses complexos. Sua principal função é bloquear a fosforilação de proteínas e interromper o ciclo celular por meio das quinases.
Existem dois tipos de CKIs: a família CIP / KIP (proteína inibidora de quinase): inclui proteínas com domínios N terminal inibidor, denominadas de proteínas p21, p27 e p57. Eles são inespecíficos (CKI universais) e atuam impedindo a ativação da quinase. Já a família INK4 (inibidores de CDK) tem efeito seletivo no complexo ciclina D / CDK 4,6, com as proteínas p15, p16, p18 e p19. Eles se ligam às proteínas quinases e evitam que ela interaja com a ciclina D, inibindo assim a ativação da quinase. Além desses, existe um sistema de degradação da proteína ubiquitina que permite a degradação das ciclinas e permite alterações na fase do ciclo. Geralmente, atua fazendo a proteólise pois adiciona cadeias de ubiquitina às moléculas de ciclina, que são então degradadas pelo proteassoma. Os eventos de mutação levam à perda dos sinais de degradação, levando à expressão estável e contínua da ciclina. Entretanto, a exclusão do fosfato que ativa o complexo CDK-Ciclina ou a adição de outro fosfato também pode bloquear a atividade quinase. 
O câncer em sua maioria é causado por mutações ou pela ativação anormal de genes que controlam o crescimento e a divisão celular das células. Os genes que possuem defeitos são chamados de oncogenes em algumas células também possuem os antioncogenes que inibem a ativação de alguns oncogenes. 
A causa primordial do câncer é fatores genéticos, mas a probabilidade de mutação pode ser aumentada muitas vezes quando o organismo é exposto a fatores químicos, biológicos e físicos como os seguintes:  
· Radiação ionizante: quando o indivíduo é exposto a radiação como raios X ou gama e até mesmo ultravioleta em excesso podem ser fator predisponente para o câncer. A radiação influencia tanto nas células que estão altamente reativas a esse tipode radiação quanto também a romper os filamentos de DNA, sendo assim, causando mutações.
· Carcinógenos: são substâncias químicas que podem causar mutações, como por exemplo, a fumaça do cigarro. Essa fumaça causa mutações que levam a um quarto das mortes por câncer. Outro exemplo é a anilina, em que trabalhadores de indústrias químicas que produzem essas substâncias, se não estiverem com seus equipamentos de proteção individual, terão predisposição ao desenvolvimento de mutações. 
· Irritantes químicos: também são fatores que aumentam a predisposição ao câncer. Porque danos aos tecidos levam a uma resposta mitótica rápida para reparar a lesão. E dessa forma, quanto mais mitoses, maior a chance de desenvolvimento de mutações. 
· Hereditariedade: em pessoas com histórico de câncer em familiares, são mais predisponentes para o desenvolvimento de mutações cancerosas, pelo fato de que já são encontrados alterações nos genomas herdados. Portanto com menor número de mutações adicionais são necessárias para o aparecimento do câncer. 
· Idade avançada: o aumento da idade gera um fator considerado importante para o desenvolvimento do câncer. O risco elevado de câncer com a idade é decorrente do acúmulo de mutações críticas ao longo do tempo, que ao final, se transformar em uma neoplasia. 
· Alimentação: a ingestão de gordura está correlacionada ao risco de câncer do cólon e de mama. Fibras são consideradas protetoras contra o câncer de cólon. Em relação ao sistema reprodutivo feminino, estudos epidemiológicos fornecem resultados conflitantes. Algumas deficiências como a de ácido fólico e vitaminas A e C foram associadas ao desenvolvimento de displasia cervical e de câncer. 
· Vírus: no vírus de DNA, a fita de DNA pode ser inserida diretamente em um dos cromossomos e dessa forma causar a mutação, que leva ao câncer. No caso de vírus de RNA, alguns carregam a enzima transcriptase reversa, fazendo com que o DNA seja transcrito pelo RNA. Dessa forma o DNA transcrito se insere no genoma, causando o câncer.
3.3 Definir e classificar neoplasia (Bethesda e NIC)
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA) o termo neoplasia é dado como uma proliferação anormal do tecido, que foge parcial ou totalmente ao controle do organismo e tende à autonomia e à perpetuação, com efeitos agressivos sobre o homem (PERES E ROBBINS,1987). Dessa forma, a neoplasia ocorre devido a alterações no ciclo celular que desencadeiam a multiplicação de forma desordenada e descontrolada de células de um organismo. Essas alterações podem ocorrer por diversos fatores genéticos ou adquiridos comprometendo o limite que a célula normalmente possui de se proliferar. Além disso, essa proliferação pode ser encontrada com duas nomenclaturas diferentes devido o tipo de diferenciação. Sendo:
-Tumor benigno: é observado como uma estrutura típica do tecido de origem, formado por células bem diferenciadas, com crescimento progressivo que pode regredir, não forma metástase, possui uma massa bem delimitada e, ainda, não progride para tecidos subjacentes. Exemplos: lipoma (tumor de origem do tecido gorduroso); mioma (originado do tecido muscular liso); adenoma (com origem glandular).
-Tumor maligno: é formado por células anaplásicas que são atípicas, sendo indiferenciado, crescendo rapidamente e, por fazer muitas mitoses, se torna anormal. Possui uma qualidade não clara e estando infiltrado localmente. Além de aderir à tecidos adjacentes, com frequentes metástases. Esse tipo de tumor também é encontrado com o termo câncer.
Nesse sentido, as neoplasias podem ser classificadas tanto pelo o seu comportamento biológico que irá envolver etapas de seu desenvolvimento, quanto pela sua característica histológica. Sendo:
-Comportamento biológico: ao analisar o comportamento biológico, os tumores podem ser divididos em três categorias: benignos, limítrofes ou "limítrofes" e malignos. Determinar os critérios de distinção entre os tumores é crucial na pesquisa do tumor. Esses padrões e são principalmente morfológicos e, entre eles temos:
· Cápsula: tumores benignos crescem lentamente e se expandem, determinando a compressão dos tecidos circundantes, o que pode levar à formação de pseudocápsulas fibrosas. No caso de tumores malignos, o crescimento é rápido, desordenado, invasivo e destrutivo não permitindo a formação dessas falsas cápsulas, mesmo que existam, não devem ser consideradas erroneamente como uma organização maligna.
· Crescimento: os tumores benignos, por apresentarem um crescimento lento, apresentam esteroma e uma rede vascular apropriada, devido isso, esporadicamente manifestam necrose e hemorragia. Os malignos apresentam áreas de necrose e hemorragias, em virtude da desorganização e rapidez de seu crescimento, sua alta capacidade infiltrativa e índice de duplicação celular.
· Morfologia: as células tumorais benignas podem ser bem diferenciadas, elas se assemelham e replicam em todos os aspectos das células que as produziram. Os tumores malignos não apresentam essas características, apresentam diferentes graus de diferenciação, quase nenhuma semelhança com suas células de origem e são classificados como pouco diferenciados. Ao estudar as células tumorais ao microscópio, foram observadas alterações nas membranas, citoplasma irregular e núcleos de várias formas, tamanhos e diferenças de cor.
· Mitose: normalmente, quanto maior a atividade proliferativa de um tecido, maior será o número de mitoses verificadas. Porém, no caso de neoplasias, o número de mitoses está relacionado inversamente com o grau de diferenciação. Assim, quanto mais diferenciado for o tumor, menor será o número de mitoses observadas, e menos agressivo será o mesmo. Em tumores benignos, as mitoses são raras e possuem características típicas, e em tumores malignos, são mais numerosas e atípicas.
· Antigenicidade: como as células tumorais benignas são bem diferenciadas, elas não apresentam a capacidade de produzir antígenos. Por outro lado, as células malignas embora que pequena, possui essa característica e pode ser utilizada tanto para o diagnóstico, quanto para o diagnóstico precoce de certos tipos de câncer.
· Metástase: a metástase significa o crescimento neoplásico a distância, sem continuidade e sem foco primário. Assim, as neoplasias malignas apresentam duas propriedades principais: a produção de metástase e a capacidade invasivo-destrutiva. Os tumores benignos não apresentam metástases.
Além disso, existe a classificação quanta a graduação histopatológica que designa que o grau histopatológico do tumor é baseado no grau de diferenciação das células tumorais e no número de mitoses. A primeira é que as células tumorais são mais ou menos semelhantes ao tecido normal que supostamente causa as células tumorais. Para este fim, existem quatro graus descritivos de distinção: alto grau de distinção (G1), moderadamente diferenciado (G2), pouco diferenciado (G3) e anaplásico (G4). Ao contrário da hipótese, os tumores malignos não são entidades homogêneas, que possuem numa mesma área, células com graus diferentes de diferenciação. Por outro lado, alguns tumores podem mudar esse grau à medida que se desenvolvem e se tornam pouco diferenciados, o que se traduz em crescimento mais rápido e maior agressividade. Outro dado importante, é o número de mitoses, que expressam a viabilidade celular. Quanto maior a proliferação de um tecido, maior será o número de mitoses verificadas, conforme já assinalado anteriormente. 
Ademais existem processos utilizados para a observação e avaliação do grau nos diferentes tipos de tumores malignos, sendo alguns deles o estadiamento. O estadiamento é um método utilizado para essa classificação, e sua importância está na constatação de que a evolução da doença é diferente quando a mesma está restrita ao órgão primitivo ou a extensão para outros órgãos. O estágio de um tumor reflete não apenas a taxa de crescimento e a extensão da doença, mas também o tipo de tumor e sua relação com o hospedeiro. 
Nesse sentido, essa classificação permite ao médico especialista em oncologiapropor o tratamento mais adequado para cada paciente, uma vez que dois pacientes, com o mesmo tipo de câncer, mas com estadiamentos diferentes, podem ter diferentes propostas de tratamento. 
 O sistema de estadiamento mais utilizado é o preconizado pela União Internacional Contra o Câncer (UICC), denominado Classificação dos Tumores Malignos, o sistema TNM. Esse é baseado no escopo anatômico da doença, levando em consideração as características do tumor primário (T), as características dos linfonodos da cadeia de drenagem linfática do órgão onde o tumor está localizado (N), e a distância com ou sem metástase (M). Esses parâmetros recebem graduações, geralmente de T0 a T4; N0 a N3; e de M0 a M1, respectivamente. O principal sistema de estadiamento utilizado atualmente é o TNM, em que: 
-(T): significa tumor primário;
-(Tx): significa que o tumor não deve ser avaliado;
-(T0): significa que não existe evidência de tumor primário (não pode ser encontrado);
-(Tis): significa que as células cancerosas só se desenvolvem na camada mais externa do tecido e não invadem os tecidos mais profundos. Também pode ser chamado de câncer in situ ou pré-câncer. 
Os números que aparecem após o T (T1, T2, T3 e T4) podem indicar o tamanho do tumor bem como a disseminação da doença nas proximidades. Dessa maneira, quanto maior o número de T, maior o tumor ou a sua disseminação pelos tecidos adjacentes, em que o N: 
-(N): desenvolvimento dos linfonodos regionais; 
-(Nx): significa que os tumores não podem ser avaliados; 
-(N0): significa que os linfonodos vizinhos não possuem câncer. 
Os números que aparecem após o N (N1, N2 e N3) podem relacionar-se com o tamanho, a localização, bem como o número de linfonodos com doença. Quanto maior o número, maior a chance do câncer se espalhar para os linfonodos.
-(M): metástases; 
-(M0): significa que nenhuma disseminação foi encontrada; 
-(M1): significa que o câncer se espalhou para tecidos e órgãos distantes.
3.4 Estudar a fisiopatologia, quadro clínico, epidemiologia e os fatores de risco para o câncer do colo do útero
Fisiopatologia do câncer do colo do útero
Durante a fase menacme, que é considerado todo o período que envolve a primeira até a última menstruação de uma mulher, existe uma junção chamada JEC, ou seja, junção escamocolunar, que se situa entre os dois epitélios presentes no útero que se encontra em eversão, de modo que o epitélio colunar simples fique situado em um ambiente vaginal ácido. Desse modo, as células de reserva ou também chamadas subcilíndricas se modificam formando uma camada de células escamosas formando a chamada zona de transformação, na qual, as células presentes podem sofrer o fechamento dos ductos excretores que dará origem aos Cistos de Naboth, local que se originam mais de 80% dos cânceres de colo uterino. 
A partir disso, de acordo com estudos, o vírus do HPV é responsável por mais de 90% dos casos de câncer de colo útero, sendo que o ciclo biológico do vírus necessita de células mitoticamente ativas para se estabelecer no epitélio penetrando na zona mais profunda do útero que é chamada de camada escamosa, local em que o DNA do vírus irá iniciar o processo de maturação e diferenciação que logo após irá para superfície do epitélio, enquanto outra parte do DNA viral se tornará reservatório permanecendo na camada basal do epitélio uterino. 
Sendo assim, a presença do vírus que pode estar associado a fatores como alterações genéticas ou substâncias químicas geram alterações no controle do ciclo celular que leva a falha do controle genético gerando uma reprodução desordenada que iniciará a formação de um tumor. 
Quadro clínico do câncer do colo do útero
Nos estágios iniciais, os tumores cervicais podem ser assintomáticos ou sintomáticos leves. Um dos primeiros sintomas se caracteriza como secreção vaginal aquosa e levemente rosada (sanguinolenta) e/ou sangramento pós coito. Outros sintomas que a paciente pode apresentar são: ciclos menstruais irregulares, escape intermenstrual, secreção vaginal amarelada, com raias de sangue e fétida e dor de pequena intensidade no baixo-ventre. 
Nas fases mais avançadas os sintomas comumente apresentados são a dor na região inferior do abdome, anemia, hemorragia vaginal, dor lombar, hematúria, alterações miccionais e alterações do habito intestinal. Em consequência do comprometimento da parede pélvica, dores na coluna lombar, membros inferiores e quadril pode surgir. Se ocorrer obstrução uretral bilateral associada a insuficiência renal, a paciente pode ter sintomas como: uremia, sonolência e vômito. 
Incidência do câncer do colo do útero 
A magnitude do câncer está elevada por diversos fatores. O instituto nacional de câncer (INCA) relatou 570 mil casos novos por ano no mundo. O câncer do colo do útero é o quarto tipo de câncer mais comum entre as mulheres. Ocasiona 311 mil óbitos por ano. Em estudos, foi previsto no Brasil em 2020 mais de 16 mil novos casos. 
Figura X: Taxas de mortalidade por câncer do colo do útero. Brasil e regiões, 1980 a 2019
As taxas de incidência são elevadas quando comparadas às de países desenvolvidos com programas de detecção precoce bem estruturados, como países europeus e os Estados Unidos. Em países menos desenvolvidos, a incidência tende a ser maior em cerca de 85% dos casos. É em mulheres até 30 anos e o pico de sua incidência se dá na faixa etária de 45 a 50 anos. A mortalidade aumenta substancialmente a partir da quarta década de vida.
3.5 Discutir a prevenção (políticas públicas) e a detecção precoce na saúde primária do câncer do colo do útero.
O câncer de colo de útero é o terceiro tipo de câncer mais comum entre as mulheres, necessitando da criação de políticas públicas de saúde voltadas para a prevenção e rastreamento do mesmo. (BIBLIOTECA VIRTUAL EM SAÚDE)
O “Viva Mulher” é um Programa Nacional de Controle do Câncer de Colo do Útero e de Mama que tem o intuito de diminuir a mortalidade, impactos físicos, psicológicos e sociais nas mulheres, por meio da realização de serviços de prevenção e detecção em estágios iniciais da doença. A partir da IV Conferência Mundial sobre a mulheres na China, em 1995, o governo brasileiro começou a investir e organizar uma rede nacional de detecção precoce do câncer do colo de útero (BIBLIOTECA VIRTUAL EM SAÚDE). Cinco etapas foram estruturas para o programa: o recrutamento da população, a coleta do material para o exame de Papanicolau, o processamento desse material no laboratório de Citopatologia, o tratamento dos casos diagnosticados e a avaliação (UNIVAP).
A experiência com o Viva Mulher fez com que no ano de 1998, ocorresse o primeiro passo para a expansão nacional do Programa de Controle do Câncer do Colo do Útero. Desde então, diretrizes e estratégias elaboradas para o programa ajudam na formação de uma rede nacional integrada, ampliando e facilitando o acesso da mulher aos serviços de saúde. As ações ajudam no controle do câncer do colo do útero através: da detecção precoce por meio do exame citopatológico, garantia de tratamento adequado e o monitoramento da qualidade do atendimento. Além disso, faz-se relevante que a motivação da mulher para cuidar da própria saúde aumenta a eficiência da rede assistencial para o controle do câncer (UNIVAP).
Uma das estratégias para garantir acesso das mulheres aos serviços de saúde é a educação, os profissionais de saúde têm que entender e aplicar de modo correto as diretrizes do programa, além de saber lidar com mulheres (UNIVAP). A população-alvo do programa são mulheres que possuem ou tiveram uma vida sexual ativa que deseja realizar o exame citopatológico, principalmente as que possuem entre 35 a 49 anos de idade, visto que possuem maior risco. É recomendado que a mulher realize o exame citopatológioco de 3 em 3 anos, após realizar dois exames anuais consecutivos que deram negativos. (UNIVAP)
Os níveis, de acordo com O Programa de Controle do Câncer do Colo do Útero, são:
- Primário: realiza o exame ginecológico e a coleta do material para o exame citopatológico;
 -Secundário:é possível fazer o diagnóstico ou o tratamento de uma lesão detectada por meio da colposcopia e da Cirurgia de Alta Frequência;
 - Terciário: é possível realizar o tratamento de lesões cirúrgicas que não podem ser tratadas no nível secundário.
Dessa forma, é importante levar em consideração que o controle do câncer do colo do útero inclui prática de ações para permitir um controle maior e efetivo da doença. Tem o intuito de promover a promoção da saúde e detectar o câncer na fase inicial, para que reduza a incidência e mortalidade pela doença. (UNIVAP)
A Organização Mundial da Saúde (OMS), afirma que para obter uma detecção precoce do câncer é necessário o diagnóstico precoce (abordar pessoas com sinais e sintomas) e o rastreamento (aplicar um teste ou exame na população assintomática, com intuito de identificar lesões de câncer e encaminhar a mulher para investigação e tratamento). O teste usado no rastreamento tem que ser muito seguro, barato e de fácil aceitação pelas pessoas. (INSTITUTO NACIONAL DE CANCÊR)
4. CONCLUSÃO
Diante do exposto, juntamente com o estudo bem detalhado dos objetivos, podemos compreender todas as fases envolvidas no processo fisiológico do desenvolvimento celular e, ainda, as consequências das falhas nesse processo como o câncer do colo do útero. Nesse contexto, aprendemos sobre desenvolvimento de neoplasias, sua definição, classificação e nomenclatura. Além disso, entendemos a fisiopatologia, epidemiologia, quadro clínico e os fatores de risco para o câncer de colo do útero. E, também, sua prevenção por meio de políticas públicas voltadas para a saúde da mulher assim como, sua importância na detecção precoce. 
5. REFERÊNCIAS
ALBERTS B. et al. Ciclo celular. Biologia Molecular da Célula. 6a ed. São Paulo, SP: Artmed, 2017. p. 963- 1020.
LEHNINGER, T. M., NELSON, D. L e COX, M. M. Princípios de Bioquímica. 6ª Edição, São Paulo: Sarvier, 2014.
PASCHOAL, Ângela Schutz. Estudo Dirigido: Ciclo Celular. Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre.
ROBBINS; COTRAN; Patologia: Bases patológicas das doenças. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. FALANDO SOBRE O CÂNCER DE COLO DE ÚTERO..Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/ . Acesso em: 8. Fev. 2021
NESCON UFMT. ASPECTOS HISTÓRICOS, FISIOPATOLÓGICOS E PREVENTIVOS DA INFECÇÃO POR PAPILOMA VÍRUS HUMANO- HPV..Disponível em: https://www.nescon.medicina.ufmg.br/ . Acesso em: 8. Fev.2021
LASMAR, Ricardo Bassil; Tratado de Ginecologia. 1ed. Rio de Janeiro: Guanabara koogan, 2017
INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER (Brasil). Estimativa 2020. Incidência do Câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA, 2020.
BIBLIOTECA VIRTUAL EM SAÚDE. Políticas Públicas de Saúde. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/inca/acoes_cap4.pdf. Acesso em: 9 fev. 2021.
INSTITUTO NACIONAL DE CANCÊR. Detecção precoce do câncer do colo de útero. Disponível em: https://www.inca.gov.br/controle-do-cancer-do-colo-do-utero/acoes-de-controle/deteccao-precoce. Acesso em: 9 fev. 2021.
UNIVAP. CÂNCER DO COLO DO ÚTERO E A POLÍTICA DE PREVENÇÃO. Disponível em: http://www.inicepg.univap.br/cd/INIC_2005/epg/EPG4/EPG4-50%20_ok.pdf. Acesso em: 9 fev. 2021.

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