Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CERVICITE & DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA DIP: Quadro sindrômico que engloba diferentes apresentações clínicas de processos infecciosos do trato genital superior decorrente da ascensão a partir do trato genital inferior por contiguidade ou disseminação sanguínea/linfática. • As cervicites são frequentemente assintomaticas (em torno de 70% a 80%). •Nos casos sintomáticos, as principais queixas são: Corrimento vaginal, sangramento intermenstrual ou pos-coito, dispareunia, disuria, polaciuria e dor pelvica crônica •Se ao exame especular for constatada a presença de muco-pus cervical ou friabilidade do colo, a paciente deve ser tratada para gonorreia e clamídia. Clamídia é uma epidemia silenciosa no Brasil (15-20%) DIAGNÓSTICO: • Gram? • Cultura? • Sorologia? •Métodos de biologia molecular (PCR, captura híbrida) O diagnostico de cervicite: o diagnostico laboratorial da cervicite por C. Trachomatise e N.gonorrhoeae de ser feito pela detecção do material genético dos agentes infecciosos por biologia molecular. Esse método é o de escolha para todos os outros casos, sintomáticos e assintomáticos. Tratamento: - Gonorreia: Ceftriaxona 500mg, IM, dose única MAIS Azitromicina 500mg, 2 comprimidos, VO, dose unica. - Clamídia: Azitromicina 500mg, 2 comprimidos, VO, dose única OU Doxiciclina 100mg, VO, 2x/dia, por 7 dias (exceto gestantes). Infecções gonocócicas não complicadas do colo do útero, uretra ou reto: Ceftriaxona 500 mg IM dose única •Se peso≥150kg➔ Ceftriaxona 1gIM dose única; •Se infecção por clamídia concomitante: Não gestantes: associar doxiciclina 100 mg VO 12/12h por 7 dias. Gestantes: associar azitromicina 1 g VO dose única. ETIOLOGIA: •Agentes etiológicos clássicos (facilitadores): Neisseria gonorrhoeae, Chlamydia trachomatis e Mycoplasma genitalium •Outros patógenos associados: bactérias da microbiota vaginal (Gardnerella vaginalis, Prevotella sp, Peptoestreptococos sp, Escherichia coli, Streptococcus agalactiae, Haemophilus influenzae, Mycoplasma sp, Ureaplasma sp, Bacterioides), outros anaeróbios (ex. Actinomyces israelii) e Haemophilus influenzae FATORES ASSOCIADOS AO DIP: •Fatores de risco: Idade < 25 anos, coitarca precoce, não utilização de método de barreira, múltiplos parceiros, cervicite, ectopia cervical. •Fatores facilitantes: Episódios prévios de DIP, relação sexual durante ou após a menstruação, prática de ducha vaginal, vaginose bacteriana (especialmente recorrente), DIU, Tabagismo. •Fatores de proteção: Uso de condom (camisinha e métodos de barreira), diagnóstico e tratamento de corrimentos, não realização de sexo com parceiros de risco, anticoncepção hormonal. Classificação clínica: • DIP leve: endometrite e salpingite aguda sem irritação peritoneal. • DIP moderada: endometrite e salpingite com irritação peritoneal. • DIP grave: abscesso tubo-ovariano ou pus na cavidade peritoneal, sinais de sepse - 60% Subclinicas - 36% Moderada - 4% Severa • A necessidade de 3 critérios maiores pode causar sensibilidade insuficiente •A presença de 1 ou mais dos critérios menores pode aumentar a especificidade diagnóstico • Diagnóstico diferencial – Apendicite aguda, gravidez ectópica, ITU ou urolitíase, torção anexial, corpo lúteo hemorrágico, cisto roto de ovário, endometriose, gastroenterocolite, linfadenite mesentérica, aborto infectado, dor ovulatória, síndrome do intestino irritável • Exames complementares – Teste de gravidez, hemograma, VHS, PCR, urina I e urocultura, exame a fresco do conteúdo vaginal, Gram, pesquisa endocervical de gonococo e clamídia, exames de imagem (Raio-X simples de abdome, USTV, US / TC pelve e/ou abdome) • Tratamento tem por objetivo curar a doença atual, prevenir reinfecções e evitar complicações agudas e tardias. • Para casos de DIP leve e moderada, recomenda-se iniciar tratamento ambulatorial com retorno em 48-72h para reavaliação (do quadro clínico, da adesão e da tolerância ao tratamento). Quando indicar tratamento hospitalar? 1. O diagnóstico inicial é presumido e outras emergências cirúrgicas não puderam ser excluídas; 2. A paciente já se submeteu à terapia oral prévia sem resposta e opta-se por tratamento parenteral; 3. A paciente não tolera regime oral, por severidade da náusea e vômitos ou por comprometimento sistêmico; 4. Nos casos de abscesso tubo-ovariano; 5. Na vigência de imunossupressão (por exemplo, vírus da imunodeficiência adquirida [HIV] com baixa contagem de CD4, transplantadas); 6. Pacientes com doença associada (por exemplo, diabetes melito, lúpus eritematoso sistêmico); 7. Em gravidez inicial. Antibioticoterapia: Ambulatorial: PRIMEIRA OPÇÃO: Ceftriaxona 500 mg IM dose única + Doxiciclina 100 mg VO 12/12h por 14 dias + Metronidazol 500 mg VO VO 12/12h por 14 dias SEGUNDA OPÇÃO: Cefotaxima 500 mg IM dose única + Doxiciclina 100 mg VO 12/12h por 14 dias + Metronidazol 500 mg VO VO 12/12h por 14 dias Hospitalar: PRIMEIRA OPÇÃO EM 2015: Cefoxitina 2 g EV 6/6h por 14 dias + Doxiciclina 100 mg VO 12/12h por 14 dias. PRIMEIRA OPÇÃO EM 2020: Ceftriaxona 1g EV 1x/dia por 14 dias + Doxiciclina 100 mg VO 12/12h por 14 dias + Metronidazol 400mg EV 12/12h. SEGUNDA OPÇÃO EM 2015 - 2020: Clindamicina 900 mg EV 8/8h por 14 dias + Gentamicina 3-5 mg/kg (EV ou IM) 1x/dia por 14 dias TERCEIRA OPÇÃO EM 2015 - 2020: Ampicilina / sulbactam 3g EV 6/6h por 14 dias + Doxiciclina 100 mg VO 12/12h por 14 dias + AINE, analgésicos, proteção gástrica, investigação de outras ISTs, tratamento do parceiro. *O uso EV deverá ser suspenso 24h após a cessação dos sintomas e a continuação por VO deve se estender até 14 dias. Considerações especiais: • Recomendações e orientações gerais – Reavaliar as pacientes em tratamento ambulatorial após 48-72 horas do início da terapia – Considerar o uso adjuvante de AINES, uma vez que podem atuar na redução do processo inflamatório e subsequente fibrose e dano tubário – Orientar abstinência sexual – Solicitar investigação de outras ISTs (sífilis, HIV, hepatite B / C etc.) • DIU em pacientes com DIP – O risco de DIP associada ao uso de DIU é limitado primariamente às primeiras 3-4 semanas após a inserção. – Se uma paciente com DIU é diagnosticada com PID, o DIU não precisa ser removido, exceto se não houver melhora clínica dentro de 48 a 72 horas após o início do tratamento. • Complicações agudas – Abscesso tubo-ovariano Tratamento clínico: pacientes hemodinamicamente estáveis, abscessos menores do que 8-10 cm, abscessos íntegros, pacientes na pré-menopausa. Tratamento cirúrgico: ausência de melhora clínica após 48-72h de antibioticoterapia, piora clínica e/ou laboratorial (febre, leucocitose, dor abdominal), aumento da massa pélvica, abscesso roto e sepse. • Complicações agudas – Abscesso tubo-ovariano – Síndrome de Fitz-Hugh-Curtis (SFHC)→complicação extra-pélvica aguda rara, em que a doença ascendente resulta em inflamação da cápsula de Glisson hepática, mas sem envolvimento do parênquima hepático. Ocorre devido à propagação de bactérias, especialmente secundária a Chlamydia trachomatis que supera a Neisseria gonorrhoeae na razão de 5:1 como fator etiológico. • Tempo de internação – Recomenda-se manter o tratamento hospitalar por pelo menos 48-72h, podendo a alta médica ser considerada após este período em casos de melhora clínica • Tratamento ambulatorial pós- alta hospitalar – Sem abscesso tubo-ovariano: Se tratamento hospitalar com esquemas de cefoxitina ou cefotetan + doxiciclina → Manter doxiciclina 100 mg VO 12/12h até completar 14 dias de tratamento. Se tratamento hospitalar com esquema de clindamicina + gentamicina → Manter clindamicina 45 mg VO 6/6h ou iniciar doxiciclina 100 mg VO 12/12h (+/- metronidazol 500 mg VO 12/12h) até completar 14 dias de tratamento. – Com abscesso tubo-ovariano: • Doxiciclina 100 mg VO 12/12h + clindamicina 450 mg VO 6/6h ou •Doxiciclina 100 mg VO 12/12h + metronidazol 500 mg VO 12/12h até completar 14dias de tratamento Tratamento do parceiro •Ceftriaxona 500 mg IM DU + azitromicina 1g VO dose única SEQUELAS: - Dor pélvica cronica - Infertilidade - Gravidez ectopica
Compartilhar