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1. GRAUS DE PARENTESCO PARENTESCO EM LINHA RETA E COLATERAL (ARTs. 1.591 a 1.595, CC) *Errata: Tio-avô 4 grau. O grau de parentesco em linha reta trata dos descendentes e dos ascendentes que são contados de forma infinita. O parentesco em linha colateral é considerado até o 4 grau. Seguindo a ordem das letras é fácil decorar I-S-T-P (Irmão 2º grau, Sobrinhos 3º grau, Tios e Sobrinhos 3º grau, e Primos 4ºgrau) CURIOSIDADE: Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da união estável. Sogra é sogra para sempre!!! PARENTESCO POR AFINIDADE 2. CASAMENTO O casamento é a comunhão plena de vida entre duas pessoas com o objetivo de constituição de família. É considerado um dos institutos de maior importância do direito civil, tanto é verdade que existe um procedimento formal e rigoroso para sua validade, em atendimento ao artigo 226 da Constituição Federal a qual dispõe que a família é a base da sociedade tem especial proteção do Estado. NATUREZA JURÍDICA Teoria Contratualista – O casamento se resume a um contrato de Natureza Civil, onde predomina a Autonomia da Vontade. Teoria Institucionalista - Apresenta o Casamento como uma Instituição Social que se restringe aos ditames legais para sua existência Teoria Mista, Eclética ou Híbrida – Trata-se de uma mescla entre a Teoria Clássica e a Institucionalista, trata o Casamento como um ato Complexo, que une o elemento contratual, que decorre da manifestação da vontade que gera a celebração do contrato e surge a assim a Instituição Social de que trata a Teoria Institucionalista, ficando os conjugues após a celebração do contrato, vinculados a normas imutáveis de Direito Características: 1) Ato extremamente solene 2) As normas relativas ao casamento não podem ser modificadas, exceto quanto ao regime de bens 3) Comunhão plena de vida e fidelidade recíproca e permanente 4) Não comporta termo ou condição 5) Permite a escolha do nubente Capacidade para o casamento: A partir dos 16 anos e até os 18 anos com autorização dos pais ou dos representantes legais. ACESSAR O LINK: https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2019/03/13/proibicao-de- casamento-para-menor-de-16-anos-e-sancionada-pelo-governo-federal ESPONSAIS Trata-se de promessa de casamento vulgarmente conhecida por noivado. Seu rompimento em tese não tem qualquer implicação jurídica, exceto se se deu em condições escandalosas capazes de causarem dano ao outro esponsal. Nessas condições o esponsal prejudicado poderá pedir indenização por danos morais ou eventuais danos materiais se alguma despesa foi feita em face da promessa de casamento 2.1 PROCESSO DE HABILITAÇÃO (ARTS. 1.525-32 DO CÓDIGO CIVIL) Trata-se de fase preparatória ao casamento consistente na entrega de documentos atualizados perante o registro civil o qual verificada a inexistência de impedimentos expede os proclamas ou editais na circunscrição do Registro Civil de ambos os nubentes, para informar à eventuais interessados que queiram apresentar impugnações ao ato, findo os 15 dias os noivos receberam o certificado de habilitação. Obs: O rol de documentos exigidos para habilitação do casamento consta no art. 1.525. Obs: Quando da habilitação os nubentes serão chamados a dizer se alteraram o nome bem como a respeito do regime de bens Obs: a eficácia da habilitação será de noventa dias Obs: a eficácia da habilitação será de noventa dias, a contar da data em que foi extraido o certificado. (art. 1531) 2.2 Da Celebração do Casamento (arts. 1.533 a 1542 do Código Civil) Quanto a celebração do casamento, esta pode se dar no registro civil (sede ou cartório), templo religioso em salão de festas, sítios e afins. Obs: A solenidade acontecerá, com toda a publicidade, a portas abertas. 2.3 ESPÉCIES DE CASAMENTO a) Casamento Putativo (art. 1561, CC) Casamento putativo. Lembre-se é a mesma ideia do credor putativo (aparente). É aquele que as partes imaginam como valido, pois desconhecem o vicio capaz de torná-lo nulo ou anulável, produz efeitos legais, em respeito à boa-fé de um ou de ambos os consortes. Para que reste caracterizada a putatividade do matrimônio, é indispensável a verificação da boa-fé. O art. 1.561 do Código Civil, em seu caput, menciona a boa-fé de ambos os cônjuges. Todavia, o parágrafo 1º do referido artigo assegura a preservação dos efeitos do casamento nos casos em que há boa-fé de apenas um dos consortes, a exemplo da bigamia. (art. 1561). Obs: os efeitos serão preservados em relação à prole. b) Casamento Nuncupativo, "in extremis" ou "in articulo mortis" (art. 1540 e 1541, CC) Por ser uma situação excepcional tem forma especial de celebração pois um dos nubentes está em iminente risco de vida (guerras, atos de terrorismo, sequestros), não havendo tempo para habilitação e celebração (art. 1525 a 1542, CC), e, nesses casos, são convocadas 6 testemunhas que não podem ser parentes dos nubentes e que deverão, no prazo de 10 dias comparecer perante o juiz declarando o que testemunharam. Em sendo verificada a idoneidade dos cônjuges para o casamento, assim o decidirá o juízo e determinará registrá-la no registro civil. É importante destacar que o juiz deve agir com extrema cautela a fim de evitar que casamentos oportunistas se concretizem, sem o devido consentimento. Se o enfermo convalescer e puder ratificar o casamento, será feita a habilitação normalmente. (art. 1.540). c) CASAMENTO EM CASO DE MOLÉSTIA GRAVE (art. 1539) Caso em que se mostra impossível o deslocamento de um dos nubentes para a realização do matrimônio ou não é possível aguardar até a data designada. Nestes casos, o presidente do ato irá celebrar o casamento onde se encontrar o impedido, sendo urgente, ainda que à noite. d) Casamento religioso com efeitos civis (arts. 1.515 e 1516, CC) Até a promulgação do Decreto n. 181/1890, o casamento seguia o ritual da Igreja e o legislador considerava um ato com reflexos jurídicos. Tendo por objetivo não desprestigiar as manifestações religiosas é perfeitamente válido que os nubentes se casem no religioso, atribuindo-lhe efeitos civis, independentemente de habilitação prévia, desde que observados os impedimentos e as causas suspensivas (art. 1521 a 1524, CC) e a capacidade matrimonial (art. 1516, CC). É importante lembrar que a habilitação é obrigatória. Somente o momento de procedê-la que fica ao arbítrio das partes. Se houver habilitação prévia, essa é mostrada ao ministro de confissão religioso, o casamento é feito, e o ministro, ou qualquer interessado (os cônjuges), terão até 90 dias para comunicar o registro civil, e a data da certidão retroage à da celebração Se a habilitação ainda não tiver sido feita, e o casamento já tiver ocorrido em âmbito religioso, os cônjuges poderão pedir a habilitação provando que a cerimônia já aconteceu e a certidão então, retroagirá a data da celebração. e) Casamento Consular (art. 1544, CC) O casamento consular é aquele celebrado por brasileiro no estrangeiro perante autoridade consular brasileira. Se um ou os dois cônjuges voltarem ao Brasil, esse casamento deverá ser registrado em 180 dias no registro civil do domicílio de um dos cônjuges. f) Casamento por Procuração (art. 1542, CC) Instituto foi útil no passado ante a dificuldade com transportes, locomoção e até meios de comunicação, atualmente não utilidade nessa modalidade em razão do espirito personalista da realização do matrimônio e da convivência dos cônjuges. Amaior exigência que se verifica é apenas que a procuração seja constituída por instrumento público, com poderes especiais, conforme dispõe o art. 1.542 do CC. g) União Estável convertida em casamento (art. 1.726 e art. 226, CF) O casal que vive em união estável pode transformar essa união estável em casamento. É possível fazer essa transformação judicialmente, não cabendo, assim, diretamente em registro civil. O dispositivo é inócuo já que não dispensa alguns procedimentos prévios para realização do casamento e não estabelece regras patrimoniais retroativas ao termo inicial da união estável. Assim, caso um dos companheiros tenha por objetivo a meação de bens adquiridos outrora, seria de mais valia ingressar na Justiça com pedido de reconhecimento da união estável ante a eficácia retroativa da sentença declaratória. 2.4. Provas do Casamento (arts. 1543 a 1547, CC) O casamento é provado pela certidão do registro de casamento, o que a doutrina denomina de prova direta. Contudo, o artigo 1545 do CC dispõe que se as pessoas já forem falecidas, ou não possam manifestar vontade, não havendo prova de que casamento houve, pode-se buscar judicialmente, tal comprovação, sendo medida em desuso, muito embora possa ser interessante para eventuais herdeiros que não tem como provar o casamento de seus pais. 2.5 Validade do casamento Existência – diferença de sexo (não mais, desde 2011), consentimento e celebração. Validade – requisitos exigidos para a regularidade e validade do casamento. Todos podem se casar, exceto alguns, impedidos. Impedimento (art. 1521, CC) Impedido – não pode casar com certa pessoa. Falta-lhe legitimação a fim de preservar a moral familiar, evitar uniões que tenham raízes criminosas Eficácia – sociais, pessoais e patrimoniais, além daqueles de natureza administrativa e eleitoral. 2.6 Hipóteses de Invalidade do Casamento (art. 1548 a 1.564 do CC, artigo 1521 e 1523 do CC) O casamento é anulável, isto é, convalida-se com o tempo, caso não tenha sido ajuizada ação anulatória. Hipóteses de Nulidade do Casamento (art. 1521, CC) – Hipótese de causa impeditiva Nestas hipóteses, o casamento é nulo, não se convalidando com o tempo. A ação é a declaratória de nulidade. Das causas suspensivas - Hipóteses em que os nubentes não DEVEM casar (art. 1.523, CC) Atenção: Trata-se de mera irregularidade, não devem mas podem. Justamente para evitar a confusão patrimonial (incisos I e III), de sangue (inciso II) ou uma eventual possibilidade do incapaz ser cooptado a contrair matrimônio para isentar o administrador de seus bens prestar contas (inciso IV), haverá a imposição de sanção, consistente na adoção automática do regime de separação de bens, com a exceção do parágrafo único do artigo 1523 do CC caso provada a inexistência de prejuízo nas hipóteses dos incisos I, III e IV ou no caso do inciso II provar o nascimento de filho, ou inexistência de gravidez, na fluência do prazo. Qual a diferença entre hipótese suspensiva (art. 1523, CC) e impeditiva (art. 1521, CC? 3. DO PACTO ANTENUPCIAL (ART. 1653 a 1657, CC) É o contrato feito entre os noivos com o propósito de estabelecer o regime de bens que vigorará após o casamento entre ambos. Trata-se de contrato solene, pois é feito obrigatoriamente por escritura pública e também é classificado como contrato condicional, uma vez que só terá eficácia se ocorrer o casamento. Observações: 1) É nulo o pacto antenupcial se não for feito por escritura pública, e ineficaz se não lhe seguir o casamento. 2) É nula a cláusula que contravenha disposição da lei. 3) No caso do pacto nupcial ser realizado por menor, sua eficácia fica condicionada à aprovação de seu representante legal, salvo as hipóteses de regime obrigatório de separação de bens. 4) Embora haja liberdade até mesmo para se criar um novo regime de bens, o pacto não admite que os direitos de um cônjuge prevaleçam excessivamente sobre o outro. 5) As convenções antenupciais não terão efeito perante terceiros senão depois de registradas, em livro especial, pelo oficial do Registro de Imóveis do domicílio dos cônjuges. 6) No pacto antenupcial o casal poderá pactuar deveres que não sejam somente de natureza patrimonial. 4. Regime de Bens (arts. 1658 a 1688, CC) Princípios: a) Princípio da autonomia privada. Os nubentes possuem o direito de regulamentar as questões que envolvem o patrimônio (art. 1639, CC). b) Princípio da indivisibilidade do regime de bens. Não é possível fracionar os regimes de bens em relação aos cônjuges, ou seja, o regime é único para ambos. Tem por fundamento o princípio da Isonomia constitucional (igualdade entre homem e mulher em direitos e obrigações). Exceções: a) Casamento putativo (art. 1.561 CC) b) Separação-remédio (art. 1.572, §§ 2º e 3.º do CC) c) Princípio da variedade de regime de bens. O nosso ordenamento jurídico prevê 4 formas de regimes de bens que serão mencionadas adiante. Prevalecerá o regime da comunhão parcial no caso de silêncio das partes (art. 1.640, caput, do CC). d) Princípio da mutabilidade justificada O art. 1.639, § 2.º, do CC prevê a possibilidade de alteração do regime de bens, mediante autorização judicial, em pedido motivado de ambos os nubentes, apurada a procedência das razões invocadas e desde que ressalvados os direitos de terceiros. 4.1Do regime da comunhão parcial (legal ou automático) - arts. 1.658 a 1666, CC No regime de comunhão parcial comunicam-se os bens onerosos (fruto de esforço, trabalho, compra) que sobrevierem ao casal, na constância do casamento, além das hipóteses estampadas no artigo 1660 do CC. Bens que são excluídos da comunhão – art. 1659, CC. Bens que são incluídos na comunhão – artigo 1660, CC Observação: São incomunicáveis os bens cuja aquisição tiver por título uma causa anterior ao casamento. Observação: No regime da comunhão parcial presumem-se adquiridos na constância do casamento os bens móveis, quando não se provar que o foram em data anterior. Observação: A administração do patrimônio comum compete a qualquer dos cônjuges. Observação: A anuência de ambos os cônjuges é necessária para os atos, a título gratuito, que impliquem cessão do uso ou gozo dos bens comuns. 4.2. Do regime da comunhão universal – (arts. 1.667 a 1671) O regime de comunhão universal é aquele por meio do qual ocorre a comunicação de todos os bens presentes e futuros dos cônjuges, ou seja, anteriores e posteriores ao casamento e suas dívidas passivas. Bens excluídos da comunhão art. 1668, CC. Observação: A incomunicabilidade dos bens enumerados no artigo antecedente não se estende aos frutos, quando se percebam ou vençam durante o casamento. 4.3 Do regime de participação final nos aquestos (Arts. 1672 a 1686, CC) No regime de participação final nos aquestos, cada cônjuge possui patrimônio próprio, no entanto, cabe-lhe, à época da dissolução da sociedade conjugal, direito à metade dos bens adquiridos pelo casal, a título oneroso, na constância do casamento. Quando for feita a dissolução da sociedade conjugal, para que seja possível fazer a partilha dos bens, apurar-se-á o montante dos aquestos, excluindo da soma dos patrimônios próprios (art. 1.674, CC) 4.4 Do regime de separação total de bens (arts. 1.687 e 1688, CC) Estipulada a separação de bens, esses permanecerão sob a administração exclusiva de cada um dos cônjuges,que os poderá livremente alienar ou gravar de ônus real, ou seja, é o regime em que não há a comunicação de aquestos. Observação: Ambos os cônjuges são obrigados a contribuir para as despesas do casal na proporção dos rendimentos de seu trabalho e de seus bens, salvo estipulação em contrário no pacto antenupcial. 4.5 Do regime de separação obrigatória de bens (art. 1.641, CC) Nesta hipótese, não há opção de regime de bens, sendo impositiva a maiores de 70 (setenta anos), ou aqueles que contraírem o casamento com as causas suspensivas do art. 1.523 e, finalmente, dos que dependerem de suprimento judicial para casar (menores de 18 anos quando houver recusa dos representantes legais ou no caso de gravidez a menores de 16 anos – art. 1.520). ATENCAO !!! SUMULA 377, STF “no regime da separação obrigatória de bens, comunicam-se os adquiridos na constância do casamento” (súmula 377, STF) 5. Efeitos jurídicos do matrimônio O Casamento produz várias consequências que se projetam no: a) Ambiente social (Efeito Social) b) Nas relações pessoais e econômicas dos cônjuges (efeito pessoal) e c) Nas relações pessoais e patrimoniais entre pais e filhos (efeito patrimonial); Isto porque, o casamento não é uma simples convivência conjugal, mas uma plena comunhão de vida, dando origem a direitos e deveres que são disciplinados pelas normas jurídicas. a) Efeitos sociais (1.513, CC) O casamento cria a família matrimonial (Art. 226, §§ 1º e 2º da CF e 1.513 do CC). O planejamento familiar é de livre decisão do casal, sendo defeso ao Estado interferir na comunhão de vida instituída pela família, porém deve propiciar todos os meios para uma vida de harmonia e de acordo com a dignidade da pessoa humana, mas não pode interferir no matrimônio. Também estabelece o vínculo de afinidade entre cada cônjuge e os parentes do outro (Art. 1595, § § 1º e 2º), emancipa o consorte de menor idade, além de constituir o estado de casado. b) Efeitos pessoais (art. 1.566, CC) O casamento é um dos elementos que estruturam a sociedade e uma das formas de constituição de uma família, de modo que o Estado deve proteger a instituição, pois a família e a base da sociedade e merece proteção do Estado. Deste modo, o Estado impõe a atribuição de responsabilidades ao casal e regras a serem respeitadas pelos cônjuges; Os deveres estão descritos no artigo 1.566 do CC e dizem respeito a necessidade de fidelidade recíproca, no domicílio conjugal, mútua assistência, sustento, guarda e educação dos filhos e respeito mútuo. É importante comentar que não existe mais o crime de adultério e não há investigação a respeito de quem foi o culpado pelo término da relação. A vida em comum tem duplo sentido: viver debaixo do mesmo teto e viver na mesma cama (sentido sexual). Ambos os sentidos devem ser cumpridos e respeitados. É possível residir em domicílios diferentes, não é a regra, mas é possível. A esposa ou o marido podem cobrar do outro relação sexual? Sua ausência seria causa para término do casamento? A mútua assistência é o dever de sustentar e cuidar da família, da prole, dando todo apoio material e moral. c) Efeito patrimonial (art. 1.568, CC) A incidência do princípio da comunhão sobre as despesas domésticas determina que estas sejam de ambos os cônjuges, que devem contribuir na proporção de seus rendimentos. 6. Efeitos da dissolução do vínculo conjugal (art. 1.571, CC) a) Alteração do nome b) Término do regime de bens e partilha c) Termino dos deveres d) Fixação de guarda e vistas dos filhos e) Pagamento de pensão alimentícia. f) Eventual indenização o que deve ser analisado no caso concreto 7. TUTELA – (arts. 1728 a 1.765, CC) É o encargo de função assistencial que visa substituir o exercício do poder familiar. Quando o pai e a mãe não exercem mais o poder familiar, seja por destituição, orfandade (morte dos pais) ou abandono quando se desconhece os pais. SUJEITOS: TUTOR e TUTELADO 7.1 ESPÉCIES DE TUTELA: a) TESTAMENTÁRIA – art. 1729, 1730, 1733, § 1º: Quando os pais nomeiam uma pessoa para exercer o papel deles, cuja vontade deve constar em testamento ou qualquer outro documento autêntico. b) LEGÍTIMA – art. 1731, CC: Prevista na lei se não há um tutor nomeado pelos pais o Juiz vai nomear algum parente, na linha reta mais próxima em graus, os avós, bisavós. Se não tiver esses ascendentes vai para a linha colateral, irmãos, tios. c) DATIVA – art. 1732, CC = alguém da confiança do juiz, quando não há ninguém escolhido pelos pais, e nenhum parente que possa exercer a tutela. O juiz deve aplicar o princípio do melhor interesse na escolha do Tutor, sempre !!! d) TUTELA DE IRMÃOS – art. 1733, CC: O mesmo tutor para os irmãos, a mesma pessoa cuidará deles. e) TUTELA DE ABANDONADOS – art. 1734, CC: O dirigente do estabelecimento (orfanato) será o Tutor. 7.2. IMPEDIMENTOS PARA ASSUMIR (art. 1.735, CC) Com base no melhor interesse da criança, o falido não pode assumir; condenados por crimes contra a família, honra e costumes; inimigos; quem tem dívida com o tutelado também não poderá. 7.3 ESCUSA DA TUTELA (art. 1736 a 1739, CC) São motivos para não ser o tutor do menor, como mulheres casadas; já ter sito tutor antes, etc. A tutela é um encargo trabalhoso e requer do tutor um bom tempo de sua vida. É uma enorme responsabilidade. 7.4 EXERCÍCIO DA TUTELA – art. 1740 a 1754, CC 1) PESSOAL = são deveres parecidos com os dos pais no poder familiar. O Tutor tem a guarda, é responsável pelo sustento do tutelado e pode pedir Alimentos para os pais, se for o caso. 2) 3) PATRIMONIAL = o Tutor é o administrador dos bens da criança, há fiscalização do MP, do Juiz e pode haver um Pro-Tutor, pessoa nomeada para fiscalizar os bens da criança e sua administração. 7.5 RESPONSABILIDADE DO TUTOR – art. 1752, CC O tutor responde pelos prejuízos que, por culpa, ou dolo, causar ao tutelado; mas tem direito a ser pago pelo que realmente despender no exercício da tutela e a perceber remuneração proporcional à importância dos bens administrados. Inclusive, devem prestar contas a respeito da sua administração conforme artigo 1.757 do CC 7.6 CESSAÇÃO DA TUTELA – art. 1763/1764, CC A tutela termina com a morte, maioridade, adoção, emancipação e restabelecimento do Poder Familiar. 8. BEM DE FAMÍLIA (arts. 1º ao 5º da Lei n 8.009/90 e arts 1711 a 1722 do CC) Tema de relevante importância. É o termo para designar a proteção conferida pela lei a um mínimo de patrimônio que o cidadão tenha, isentando o imóvel destinado a servir de domicílio da família do devedor, de execução por dívidas de índole civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de qualquer natureza, salvo as exceções previstas em relação aos débitos descritos no seu art. 3º da Lei nº 8.009/90. A proteção não é apenas da família, mas também da pessoa solteira, com fundamento no princípio da dignidade da pessoa humana. Quem vive sozinho também tem direito a esta proteção. Esta tese ganhou força principalmente após a nova redação do artigo 6º da CF conferida pela Emenda Constitucional 26 de 2000, que ficou assim: "São direitos sociais, sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, a segurança a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição". 8.1 ESPÉCIES Atualmente, há uma dupla proteção do bem de família, pois oCódigo Civil dedicou um capítulo ao bem de família (art. 1711 a 1722, CC). Os dispositivos do Código Civil não revogaram a Lei nº 8.009/90, pois a proteção que temos na lei acima citada é a do bem de família involuntário ou legal, sendo aplicada de forma, aplica-se a toda e qualquer pessoa de forma automática. Não precisa fazer nada! A proteção do CC de 2002 é a do bem de família voluntário (vontade). Há uma manifestação de vontade para que exista a proteção do CC. Assim, pode ser percebido que há duas espécies de bem de família no direito brasileiro: (a) voluntário (art. 1711 e seguintes do CC): aquele que é instituído pelos cônjuges, companheiros, terceiros ou pela entidade familiar. Só se verifica quando o proprietário tem dois ou mais imóveis residenciais e não deseja que a impenhorabilidade recaia sobre o imóvel de menor valor como determina a Lei 8009/90; (b) involuntário, obrigatório ou legal: aquele que decorre automaticamente da Lei 8009/90 e recai sobre o imóvel de menor valor. O bem de família voluntário pode ser protegido, tanto por escritura pública, como por testamento (art. 1711). No caso do testamento, a pessoa menciona que esta deixando o referido bem para determinada pessoa como bem de família (art. 1711, parágrafo único). Precisa de um ato de vontade, uma manifestação de vontade. Se não fizer desta forma, a lei é que vai determinar qual bem será protegido, qual seja, o bem de menor valor. Posso apontar o de maior valor. Poderei também abranger valores mobiliários. Por exemplo, além de ter um imóvel, tenho ações no banco, uma aplicação em fundo de renda fixa, ações de determinada empresa. Posso colocar tais valores como protegidos no bem de família para garantir gastos com a residência, luz, alimentação, etc., não podendo exceder 1/3 dos bens do casal. 8.2 OBJETO DA PROTEÇÃO É sobre todo o patrimônio? Não, é sobre o imóvel utilizado pela família para sua moradia. Se a família tem mais de um imóvel que serve de moradia? Deve ser considerado o bem de família o imóvel de menor valor para fins de proteção. (Art. 5º, parágrafo único da Lei). Contudo, a interpretação deve ser feito com muito cuidado, pois dependendo da família, o imóvel protegido pela lei pode ser considerado outro, que não seja aquele de menor valor, o que depende de uma análise do caso concreto. E os bens que guarnecem a residência? A proteção não engloba apenas o imóvel, mas também os móveis que guarnecem a residência, desde que não sejam de elevado valor. E os veículos de transporte? Em tese são penhoráveis (art. 2º da Lei n. 8009/90). Entretanto, quando o veículo é utilizado no exercício de atividade profissional e necessário a sua subsistência, não haverá a possibilidade de penhora (p. exemplo: taxi, uber, caminhoneiro). Segue jurisprudência a respeito: EXECUÇÃO – Impenhorabilidade – É impenhorável o veículo utilizado no exercício de atividade profissional do executado, nos termos do art. 833, V, do CPC/2015, sendo ônus do devedor a comprovação de que referido bem é necessário para o exercício de sua profissão – Diante da prova produzida, é de se reconhecer que o veículo penhorado é utilizado para exercício de atividade profissional da agravante, consistente em motorista da Uber, impondo-se, em consequência, o reconhecimento de sua impenhorabilidade, nos termos do art. 833, V, do CPC/2015 – Reforma da r. decisão agravada, para declarar a impenhorabilidade do veículo constrito, com determinação de levantamento da penhora levada a termo nos autos. Recurso provido (Agravo de Instrumento nº 2206694- 72.2017.8.26.0000) E se o bem de família estiver locado a terceiro? Questão que também se indaga é o fato de o imóvel não servir de residência ao devedor e seus familiares, mas está locado a terceiro. Nessa situação perderia a proteção contra a penhora? O STJ já enfrentou essa matéria e entendeu que também não importa o fato do devedor ou sua família não residir no imóvel. Se for comprovado que o imóvel está alugado e que a respectiva renda da locação é utilizada para a subsistência ou moradia do devedor e de sua família, não poderá ser penhorado, conforme o Enunciado 486 da Súmula do STJ: É impenhorável o único imóvel residencial do devedor que esteja locado a terceiros, desde que a renda obtida com a locação seja revertida para a subsistência ou a moradia da sua família.
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