Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
5 PERIODONTIA ANA LUÍSA TEIXEIRA MEIRA FABIANA DUARTE COSME KALIANE ROCHA SOLEDADE LUCIANA BASTOS ALVES RENATA DE ARAÚJO BARBOSA ROBERTA CATAPANO NAVES SANDRO BITTENCOURT Título | Editor | Capa | Edição e Diagramação | Conselho Editorial | Coleção manuais da Odontologia - Periodontia Fernanda Fernandes Fabrício Sawczen Fabrício Sawczen Caio Vinícius Menezes Nunes Itaciara Lazorra Nunes Paulo Costa Lima Sandra de Quadros Uzêda Silvio José Albergaria da Silva Editora Sanar Ltda. Rua Alceu Amoroso Lima, 172 Caminho das Árvores, Edf. Salvador Office & Pool, 3º andar. CEP: 41820-770, Salvador - BA. Telefone: 71.3052-4831 www.editorasanar.com.br atendimento@editorasanar.com.br 2020 © Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos à Editora Sanar Ltda. pela Lei nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998. É proibida a duplicação ou reprodução deste volume ou qualquer parte deste livro, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, gravação, fotocópia ou outros), essas proibições aplicam-se também à editoração da obra, bem como às suas características gráficas, sem permissão expressa da Editora. Dados Internacionais de Catalogação-na- Publicação (CIP) CDD 617.6 CDU 616.314 B624p Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário Pedro Anizio Gomes CRB-8 8846 Bitencourt, Sandro Periodontia / Sandro Bitencourt, Kaliane Rocha e Lu- ciana Bastos. – 1. ed. - Salvador: Editora Sanar, 2020. 224 p.; il.; 16x23 cm. (Coleção de Manuais em Odon- tologia, v.5). ISBN 978-85-5462-239-8 1. Alterações Sistêmicas 2. Patologia Peri - im- plantar 3. Periodontia 4. Trauma Oclusal I. Título II. Assunto III. Autores Ana Luísa Teixeira Meira Mestre em Periodontia pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, com ênfase em medicina periodontal e tratamento periodontal não-cirúrgico. Atualmente é periodontista do CEO- -PMS, professora assistente do curso de Especialização em Periodontia da EBMSP e ABO-Ba e do Curso de Cirurgia Plástica PerioImplantar. AUTORES Fabiana Duarte Cosme Kaliane Rocha Soledade Luciana Bastos Alves Graduação pela Escola Bahiana de Medi- cina e Saúde Pública; Especialização em Periodontia pela ABO-BA; Especialização em Implantodontia pelo Núcleo de Pós- -Graduação - FBB; Aperfeiçoamento em Periodontia pela EBMSP; Aperfeiçoamen- to em Implantodontia pela EBMSP; Aper- feiçoamento em Cirurgia Oral Menor pelo CEBEO; Aperfeiçoamento em Esté- tica pela ABO-BA. Atualmente trabalha na parte administrativa e atendimento de pacientes no curso de especialização em Implantodontia da instituição Ícone Pós-Graduação. Doutora e Mestre em Processos Interati- vos dos Órgãos e Sistemas pela Univer- sidade Federal da Bahia. Especialista em Periodontia pela Associação Brasileira de Odontologia - Sessão Bahia, Graduada em Odontologia pela Universidade Esta- dual de Feira de Santana - Bahia. Atual- mente é coordenadora do curso de Ba- charelado em Odontologia da Faculdade Maria Milza, e docente do Programa de Mestrado Profissional em Meio Ambien- te e Desenvolvimento Regional e do Programa de Mestrado Profissional em Biotecnologia da Faculdade Maria Milza. Doutora em Periodontia, pela Faculda- de de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FORP/USP). Mestre em Periodontia, pela Universi- dade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Especialista em Periodontia, pela Associação Brasileira de Odontologia / Seção Rio Grande do Norte (ABO/RN). Graduada em Odontologia, pela Univer- sidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Atualmente é Professora Adjun- ta da Disciplina de Clínica Integrada, com ênfase em Periodontia, na Faculdade de Odontologia da Universidade Federal da Bahia (FOUFBA). Renata de Araújo Barbosa Mestre em Periodontia, pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública. Especialista em Periodontia, pela Asso- ciação Brasileira de Odontologia- Sessão Bahia. Pós-graduação em Cirurgia Plás- tica Periodontal e Perimplantar. Atual- mente Professora Adjunta do curso de Especialização em Periodontia (EBMSP e ABO-BA) e prática em clínica privada. Roberta Catapano Naves Mestre em Odontologia EBMSP, Espe- cialista em Periodontia Abo-Ba, Pós-gra- duação em Implantodontia, Professora da Graduação e Pós-graduação em odontologia pela EBMSP, Professora do grupo Cirurgia Peri-implantar, Professora de odontologia da Unirb, Professora da Abo-Ba Sandro Bittencourt Mestre e Doutor em Periodontia pela Faculdade de Odontologia de Piracicaba - Unicamp. Atualmente é Professor Ad- junto do Curso de Odontologia da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública e Co- ordenador do Curso de Especialização em Implantodontia do Ícone Pós-Graduação. APRESENTAÇÃO A coleção Manuais da Odontologia é o melhor e mais completo conjunto de obras voltado para a capacitação e aprovação de dentistas em concursos públicos e programas de residências do Brasil. Elaborada a partir de uma metodologia que julgamos ser a mais apropriada ao estudo direcionado para as provas em Odonto- logia, contemplamos os 5 volumes da coleção com os seguintes recursos: ✓ Teoria esquematizada de todos os assuntos; ✓ Questões comentadas alternativa por alternativa (incluindo as falsas); ✓ Quadros, tabelas e esquemas didáticos; ✓ Destaque para as palavras-chave; ✓ Questões categorizadas por grau de dificuldade, de acordo com o modelo a seguir: FÁCIL INTERMEDIÁRIO DIFÍCIL Elaborado por professoras com sólida formação acadêmica em Odontologia, a presente obra é composta por um conjunto de elementos didáticos que em nossa avaliação otimizam o estudo, contribuindo assim para a obtenção de altas performances em provas e concursos na Odontologia. FERNANDA FERNANDES Editora VOLUME 5 - PERIODONTIA SUMÁRIO CAPÍTULO 1ANATOMIA, HISTOLOGIA E FISIOLOGIA DO PERIODONTO O que você vai ver nesse capítulo ................................................................. 13 1. Periodonto de Revestimento.................................................................... 13 2. Periodonto de Sustentação ...................................................................... 18 3. Sistema Sanguíneo e Linfático do Periodonto ....................................... 22 4. Sistema Nervoso do Periodonto .............................................................. 23 Referências bibliográficas .............................................................................. 36 O que você vai ver nesse capítulo ................................................................. 37 1. Avaliação da História do Paciente ........................................................... 38 2. Avaliação clínica dos tecidos periodontais e periimplantares ............ 39 3. Diagnóstico Radiográfico de lesões periodontais/periimplantares ... 43 Referências bibliográficas .............................................................................. 61 CAPÍTULO 2DIAGNÓSTICO EM PERIODONTIA O que você vai ver nesse capítulo ................................................................. 63 1. Histórico da Classificação das Doenças Periodontais ........................... 64 2. Classificação das Doenças e Condições Periodontais (AAP, 2018) ...... 68 3. Classificação das Doenças e Condições Peri-implantares (AAP, 2018) ..79 Referências bibliográficas .............................................................................. 87 CAPÍTULO 3CLASSIFICAÇÃO DAS PATOLOGIAS PERIODONTAIS O que você vai ver nesse capítulo ................................................................. 89 1. Introdução ................................................................................................... 89 2. Etiologia das doenças periodontais ......................................................... 90 3. Patogênese das doenças periodontais ................................................... 95 4. Doenças periodontais ................................................................................99 Considerações finais ....................................................................................... 101 Referências bibliográficas .............................................................................. 109 CAPÍTULO 4ETIOPATOGENIA DAS DOENÇAS PERIODONTAIS O que você vai ver nesse capítulo ................................................................. 113 1. Introdução ................................................................................................... 113 2. Diagnóstico ................................................................................................. 114 3. Trauma Oclusal x Doença Periodontal ................................................... 116 4. Tratamento ................................................................................................. 118 Referências bibliográficas .............................................................................. 121 O que você vai ver nesse capítulo ................................................................. 123 1. HIV ................................................................................................................ 124 2. Diabetes ....................................................................................................... 126 3. Gravidez ...................................................................................................... 130 4. Tabagismo ................................................................................................... 133 Referências bibliográficas .............................................................................. 142 CAPÍTULO 5TRAUMA OCLUSAL CAPÍTULO 6 MANIFESTAÇÕES PERIODONTAIS DE ALTERAÇÕES SISTÊMICAS O que você vai ver nesse capítulo ................................................................. 147 1. Introdução ................................................................................................... 147 2. Anatomia periimplantar ........................................................................... 148 3. Patologia periimplantar ............................................................................ 149 4. Etiologia das doenças periimplantares ................................................... 150 5. Prevalência das doenças periimplantares ............................................. 151 6. Diagnóstico das doenças periimplantares ............................................. 152 7. Tratamento das doenças periimplantares ............................................. 154 8. Terapia de suporte e controle do biofilme ............................................ 156 Considerações finais ....................................................................................... 157 Referências bibliográficas .............................................................................. 163 CAPÍTULO 7PATOLOGIA PERI-IMPLANTAR O que você vai ver nesse capítulo ................................................................. 167 1. Introdução ................................................................................................... 167 2. Plausibilidade biológica para as interações pulpares e periodontais ...168 3. Etiologia das lesões endo-periodontais .................................................. 169 4. Classificação das lesões endo-periodontais ........................................... 170 5. Diagnóstico das lesões endo-periodontais ............................................. 173 6. Tratamento e prognóstico das lesões endo-periodontais ................... 176 Considerações finais ....................................................................................... 177 Referências bibliográficas .............................................................................. 182 O que você vai ver nesse capítulo ................................................................. 185 1. Terapia periodontal não cirúrgica ........................................................... 185 2. Princípios da terapia antibiótica ............................................................. 187 Referências bibliográficas .............................................................................. 196 CAPÍTULO 8INTER-RELAÇÃO ENDONTIA E PERIODONTIA CAPÍTULO 9TERAPIA PERIODONTAL NÃO CIRÚRGICA O que você vai ver nesse capítulo ................................................................. 197 1. Princípios cirúrgicos .................................................................................. 197 2. Procedimentos cirúrgicos ......................................................................... 200 Referências bibliográficas .............................................................................. 214 CAPÍTULO 10PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS EM PERIODONTIA CAPÍTULO 13 Periodonto é o termo utilizado para designar o grupo de estruturas que se localizam em torno da unidade dentária (peri = em torno de; odon- to = dente) com o objetivo de proteção e sustentação do dente1. Ele pode ser anatomicamente dividido em duas partes: periodonto de revestimen- to (também chamado de periodonto de proteção), formado basicamente pelo tecido gengival, e o periodonto de sustentação (também conhecido como periodonto de inserção), composto pelo cemento radicular, liga- mento periodontal e osso alveolar2. 1. PERIODONTO DE REVESTIMENTO O periodonto de revestimento é formado pelo tecido gengival, que re- cobre o osso alveolar e raiz do dente próximo à junção cemento esmalte1. A gengiva é composta pelos tecidos epitelial e conjuntivo, formando uma faixa de mucosa mastigatória em torno dos dentes decíduos e permanen- tes2,3. Ela parte da junção mucogengival e recobre as áreas marginais do rebordo alveolar. No palato não há junção mucogengival, uma vez que Anatomia, histologia e fi siologia do periodonto 1 Kaliane Rocha Soledade Periodonto de Revestimento Periodonto de Sustentação Sistema Sanguíneo e Linfático do Periodonto Sistema Nervoso do Periodonto Quadro resumo Quadro esquemático Questões comentadas Referências Bibliográfi cas ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ O que você irá ver nesse capítulo: CAPÍTULO 1 ANATOMIA, HISTOLOGIA E FISIOLOGIA DO PERIODONTO 14 nesta porção a gengiva é contígua com a mucosa inserida e queratinizada, constituindo assim a mucosa palatina2. Clinicamente, podemos visualizar três partes distintas da gengiva: a. A gengiva livre: compreende o tecido gengival das partes vestibular e palatina ou lingual dos dentes, correspondendo à porção não inse- rida de gengiva que circunda o colo dentário. Esta mede aproximada- mente 1,5 mm de altura, estendendo-se da margem gengival (mais apicalmente) até terminar na formação do sulco gengival livre, que normalmente se localiza na altura da junção cemento-esmalte. Em es- tado de saúde, o sulco gengival mal permite a penetração da sonda periodontal, sendo considerado um dos principais parâmetros clínicos para diagnóstico das doenças periodontais1,2. b. A gengiva inserida: firmemente ancorada no periósteo adjacente, sendo que na porção vestibular está situada entre a gengiva marginal e a junção mucogengival1,2. c. A gengiva interdentária: tem sua forma determinada pela relação de proximidade entre os dentes, pelo trajeto da junção cemento-esmalte e pela largura da superfície proximal dos dentes. Na região dos dentes anteriores, chamamos esta gengiva de papila interdental, com forma- to piramidal, determinada pelos pontos de contato entre os dentes. Já nos dentes posteriores, devido à extensão vestíbulo – lingual/palatina das unidades dentárias, existem áreas e não apenas pontos de contato. Por este motivo, as papilas são mais achatadas no sentido vestibulo- lingual, formando uma área côncava – área de col. A região desta con- cavidade é formada por um epitélio delgado não queratinizado, com semelhanças histológicas do epitélio juncional1,2. ANATOMIA, HISTOLOGIA E FISIOLOGIA DO PERIODONTO 15 Figura 01. Desenho esquemático da divisão anatômica do tecido gengival (Fonte adaptada de LindheJ, Lang, NP, Karring, T. Tratado de Periodontia Clínica e Implantologia Oral. 6ª. Ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan; 2018). Em condições de saúde a gengiva apresenta-se clinicamente em cor rosa pálida, podendo ser possível observar uma superfície corrugada (as- pecto de casca de laranja), de consistência firme. A mucosa alveolar ad- jacente é vermelha, lisa e brilhante, ficando bem evidenciada a transição na junção mucogengival. Quando submetida à sondagem periodontal, a profundidade do sulco gengival pode variar de 1 a 3 mm, não devendo apresentar sangramento e/ou supuração durante o exame3. Do ponto de vista histológico, o tecido gengival é revestido por um epitélio pavimentoso estratificado queratinizado, que pode ser dividi- do em três porções distintas: o epitélio oral, o epitélio sulcular e o epitélio juncional. O tecido conjuntivo subjacente ao epitélio gengival une a gen- giva ao cemento radicular e ao processo alveolar adjacente, com quanti- dade menor de células comparado ao epitélio e composto primariamente por fibras colágenas e substância fundamental2. O epitélio oral é o epitélio voltado para a cavidade oral. É do tipo pavimentoso estratificado e queratinizado. Forma um trajeto ondulado com o tecido conjuntivo subjacente, no qual projeta para o epitélio as de- nominadas papilas do tecido conjuntivo que são separadas entre si por cris- tas epiteliais. Na gengiva hígida estas papilas e cristas só estão presentes no epitélio oral e sulcular, não existindo no epitélio juncional1,3. CAPÍTULO 1 ANATOMIA, HISTOLOGIA E FISIOLOGIA DO PERIODONTO 16 O epitélio do sulco corresponde à porção do epitélio oral voltada para o dente, formando a área do sulco gengival1. O epitélio juncional inicia-se na superfície livre do fundo do sulco gengival, promovendo a inserção da gengiva no dente. Encontra-se ade- rido à superfície dentária por meio de hemidesmossomos. Não é quera- tinizado, sendo constantemente renovado por meio da divisão celular de sua camada basal1,4. Quadro 01. Diferenças entre o epitélio oral, epitélio sulcular e epitélio juncional. Epitélio oral Epitélio do sulco Epitélio juncional Grau de cera- tinização Ortoceratinizado Paraceratinizado Não ceratinizado Células 90% de ceratinó- citos Melanócitos Células de Lan- gerhans Células de Merkel Células inflama- tórias Não apresenta cerati- nização. É frequente neste epi- télio a presença de células inflamatórias infiltradas (neutrófilos) Tamanho das células maior que do epitélio oral. Mais largo em sua porção coronal, tornan- do-se mais fino em dire- ção à junção cemento-es- malte. Volume do tecido Células estreladas de volume e as- pecto variados Espaços intercelulares são amplos, proporcio- nando alta permeabili- dade tecidual. Espaço intercelular maior. Renovação celular Velocidade de re- novação de 10 a 12 dias Semelhante ao epitélio oral Duas vezes mais rápido que o epitélio oral para compensar a falta da ca- mada de ceratina. Número de desmosso- mos Grande quanti- dade de desmos- somos e junções adesivas, demons- trando alta coesão entre as células epiteliais Semelhante ao epitélio oral Menor quantidade de desmossomos que o epi- télio oral. Presença de hemides- mossomos na interface epitélio/dente. A maior parte do tecido gengival é formado pelo tecido conjuntivo2. Os principais constituintes deste tecido são as fibras colágenas (60%), fi- broblastos (5%), vasos sanguíneos e terminações nervosas (35%), todos ANATOMIA, HISTOLOGIA E FISIOLOGIA DO PERIODONTO 17 eles mergulhados em uma substância fundamental amorfa. Entre os tipos celulares mais prevalentes estão os fibroblastos, mastócitos, macrófagos e células inflamatórias. São os fibroblastos os responsáveis pela produção das fibras do tecido conjuntivo, que podem ser divididas em quatro tipos: fibras colágenas, fibras reticulares, fibras elásticas e fibras oxitalânicas 4. As fibras colágenas constituem o componente mais essencial do pe- riodonto. As moléculas de tropocolágeno são produzidas no interior dos fibroblastos e excretadas para o meio extracelular. Neste ambiente, estas moléculas se polimerizam para formar as fibras colágenas. Entretanto os- teoblastos e cementoblastos também possuem capacidade de produzir colágeno. A maioria das fibras colágenas do tecido gengival tende a se dispor em grupos de feixes com orientação bem definida. A definição dos principais feixes de fibras colágenas do tecido gengival pode ser visualiza- da no Quadro 021,3. As fibras reticulares estão mais prevalentes no tecido adjacente à membrana basal, podendo ocorrer em grande número ao redor dos va- sos sanguíneos imersos no tecido conjuntivo frouxo. As fibras elásticas são encontradas apenas associadas aos vasos sanguíneos. Nas porções de gengiva acima da junção cemento-esmalte não são encontradas fibras elásticas. As fibras oxitalânicas são as encontradas em menor número na gengiva, porém em grande quantidade no ligamento periodontal. Possuem função ainda desconhecida2,3. Quadro 02. Principais características de cada um dos grupos de feixes de fibras colágenas encontradas no tecido gengival1. Fibras circulares Localizados na gengiva livre;Circundam o dente como um colarinho. Fibras dentogengivais Integradas ao cemento da porção acima do alvéolo dentário; Projetam-se do cemento em forma de leque para o tecido gengival. Fibras dentoperiósteas Integradas ao cemento como as fibras dentogengivais; Projetam-se apicalmente em direção à crista óssea alveolar nas faces vestibular e lingual; Terminam no tecido da gengiva inserida. Fibras transeptais Estendem-se entre os cementos supra-alveolares de dentes contíguos; Seguem um trajeto retilíneo através do septo interdental; Inseridas no cemento de dentes adjacentes. 25 QUADRO RESUMO Palavras chave Definição Junção cemento-esmalte Corresponde à junção anatômica entre o esmalte (que recobre a coroa dentária) e o cemento (que recobre a raiz dentária). Junção mucogengival Encontrada na porção vestibular, demarca a passagem da gengiva inserida, firmemente aderida ao periósteo, para a mucosa alveolar móvel e relativamente frouxa. Periósteo Membrana formada por tecido conjuntivo denso, vascularizada e fibrosa que reveste exteriormente os ossos e da qual podem for- mar-se elementos ósseos. Aspecto de casca de laranja O aspecto de casca de laranja do tecido gengival é determinado pela interposição de numerosas papilas conjuntivas que partem da lâmina própria e se interpõem ao tecido epitelial, determinan- do uma superfície granulosa na gengiva inserida. Sondagem periodontal Corresponde a uma parte do exame clínico periodontal, em que uma sonda milimetrada é colocada dentro do sulco gengival, em direção a sua porção apical até que se encontre resistência, sendo registrada a profundidade de acordo à posição da margem gen- gival. Epitélio pavimento estratificado queratinizado É a porção do tecido epitelial que, durante a migração das células das camadas mais basais para a camada mais apical, perdem as suas organelas e seu citoplasma é preenchido por queratina. Desmossomos/hemi- desmossomos São estruturas de adesão celular. Desmossomos são estruturas complexas, em forma de disco, e estão dispersos na superfície das células. O hemidesmossomo é o resultado da divisão de um desmossomo. Eles ligam a membrana plasmática de uma célula à lâmina basal adjacente, por meio de filamentos de queratina. Tecido conjuntivo É um tecido de conexão, composto de grande quantidade de ma- triz extracelular, células e fibras. Suas principais funções são for- necer sustentação e preencher espaços entre os tecidos, além de nutri-los. Células de Langerhans São um tipo de células dendríticas, que podem estar presentes em tecidos não linfoides, com função de células apresentadoras de antígenos, participando do processo de defesa e processamento de antígenos estranhos. Células de Merkel Parecem ter uma função sensorial. Estão situadasna camada ba- sal, ligadas às terminações nervosas. 26 QUADRO RESUMO Palavras chave Definição Colo dental Parte do dente localizada entre a coroa e raiz. Hidroxiapatita Porção mineral integrante do esmalte dentário, formada pela cris- talização do fosfato de cálcio. Tropocolágeno É a unidade proteica que se polimeriza para formar fibrilas coláge- nas, formada por três cadeias polipeptídicas dispostas em forma de hélice. As diferenças nas estruturas químicas dessas cadeias são responsáveis pelos vários tipos de colágeno. Oclusão Relações entre os contatos dos dentes do arco superior com o arco inferior. Folículo dentário É constituído por uma condensação periférica de células que se alinham em torno do germe dentário de desenvolvimento, se- parando-o do restante do ectomesênquima da maxila e da man- díbula. É responsável pela formação do periodonto de inserção do dente, ou seja, o cemento, o ligamento periodontal e o osso alveolar. Osteoblastos São as células responsáveis pela síntese dos componentes orgâ- nicos da matriz óssea, colágeno, proteoglicanos, glicoproteínas. Cementoblastos São as células responsáveis pela produção do cemento celular e acelular, encontradas revestindo a superfície da raiz entre os feixes do ligamento periodontal. Osso cortical É a parte mais densa do tecido ósseo, encontrada em suas porções mais externas, responsável por 80% da massa esquelética. Osso esponjoso Situada nas porções mais internas, abaixo do osso cortical, forma- do por partes com muitas cavidades intercomunicantes. Nestas cavidades situa-se a medula óssea. Linfa Líquido claro, transparente, alcalino, semelhante ao plasma, mas sem hemácias, composto principalmente por linfócitos, que são transportados pelos vasos linfáticos em sentido unidirecional e filtrados nos linfonodos ou nódulos linfáticos. Linfonodos Possuem ação de defesa do organismo e produção de anticorpos. Também são chamados de gânglios linfáticos. São pequenos ór- gãos existentes em diversos pontos da rede linfática, uma rede de ductos que faz parte do sistema linfático. 27 QUADRO RESUMO Palavras chave Definição Nociceptores São receptores sensoriais responsáveis por enviar sinais causando a percepção da dor em resposta a um estímulo que possui poten- cial de dano. Mecanoceptores São receptores sensoriais responsáveis pela detecção de pressão, deformações mecânicas. Proprioceptores São receptores sensoriais localizados nos músculos, tendões e li- gamentos com capacidade de identificar sinais de tensões, pres- sões ou distensões. Canais de Volkman São microcanais encontrados no osso compacto, perpendicula- res aos Canais de Havers, fazendo parte do sistema de Haversian. Transportam pequenas artérias em todo o osso, mas não apresen- tam lamelas concêntricas. QUADRO ESQUEMÁTICO PE RI O D O N TO Re ve st im en to / Pr ot eç ão Te ci do g en gi va l Li ga m en to Pe rio do nt al Ac el ul ar a� br ila r Ac el ul ar d e �b ra s ex tr ín se ca s Ce lu la r es tr at i� ca do m is to Ce lu la r d e �b ra s in tr ís ec as Ce m en to O ss o A lv eo la r Ep ité lio o ra l Ep ité lio do s ul co Ep ité lio ju nc io na l Fi br as co lá ge na s Fi br as d o lig am en to pe rio do nt al O ut ra s �b ra s Lâ m in a du ra O ss o m ed ul ar Te ci do c on ju nt iv o In se rç ão / Su st en ta çã o 29 QUESTÕES COMENTADAS 01 (CONSULPLAN/MG – 2018) “Esse epitélio apresenta uma superfície livre no fundo do sulco gengival. As suas células estão dispostas em uma camada basal e várias camadas suprabasais. É mais largo na parte correspon- dente à coroa do dente (cerca de 15 a 20 camadas de células) tornando- -se mais estreito (3-4 células) em direção à junção cemento-esmalte.” Essa descrição se refere a qual epitélio encontrado no periodonto? Ⓐ Oral. Ⓑ Basal. Ⓒ Do sulco. Ⓓ Juncional. GRAU DE DIFICULDADE Alternativa A: INCORRETA. O epitélio oral é o epitélio voltado para a cavidade oral, não fazendo correspondência anatômica com o sulco gen- gival. Alternativa B: INCORRETA. Não existe a terminologia epitélio basal. A camada basal é a denominação dada ao tecido conjuntivo subjacente ao tecido epitelial. Alternativa C: INCORRETA. O epitélio do sulco gengival corresponde à porção do epitélio oral voltada para o dente, formando a área do sulco gengival. Alternativa D: CORRETA. O epitélio juncional inicia-se na superfície livre do fundo do sulco gengival, promovendo a inserção da gengiva no dente. Não é queratinizado. Para compensar a falta de queratina renova- -se duas vezes mais rápido que o epitélio oral. 30 QUESTÕES COMENTADAS 02 (IDECAN/DF - 2017) As fibras constituem o elemento principal da matriz extracelular do ligamento periodon-tal, representando 70 a 80% de seu volume. As forma-ções colágenas do ligamento periodontal representam 90% das fibras deste ligamento. As fibras colágenas podem ser formadas por tipos diferentes de colágeno. Qual é o tipo de colágeno com maior presença no ligamento, que é uniformemente distribuído, realiza função mecânica e as fibras se apresentam na forma de fita ou cilindro? Ⓐ I. Ⓑ II. Ⓒ III. Ⓓ IV. GRAU DE DIFICULDADE Comentário da questão: O colágeno do tipo I é o mais comum e pre- valente no tecido conjuntivo frouxo. Forma fibras espessas, organizadas paralelamente em feixes, com capacidade de conferir resistência mecâni- ca ao tecido. Resposta: Ⓐ 03 (HUJB-UFCG/PB – 2017) O tecido conjuntivo frouxo que circunda as raízes dentárias e une o cemento radicu-lar ao osso alveolar denomina-se: Ⓐ epitélio juncional. Ⓑ epitélio dentogengival. Ⓒ dentina. Ⓓ ligamento periodontal. Ⓔ folículo dentário. GRAU DE DIFICULDADE 31 QUESTÕES COMENTADAS Alternativa A: INCORRETA. O epitélio juncional circunda o colo de um dente completamente erupcionado, estabelecendo um mecanismo de adesão entre suas células e a superfície dentária (aderência do tipo epi- telial). Alternativa B: INCORRETA. O epitélio dentogengival surge em asso- ciação com a erupção dos dentes, sendo formado pelo epitélio juncional, epitélio do sulco e epitélio oral. Alternativa C: INCORRETA. A dentina é um tecido conjuntivo avascu- lar, mineralizado, especializado. É recoberta pelo esmalte na sua porção coronária e pelo cemento na porção radicular. Alternativa D: CORRETA. O ligamento periodontal é o tecido conjun- tivo frouxo, ricamente vascularizado e celular, que circunda as raízes dos dentes e une o cemento radicular à lâmina dura ou osso alveolar propria- mente dito. Alternativa E: INCORRETA. É formado pela condensação periférica de células que se alinham em torno do germe dentário em desenvolvimento, sendo responsável pela formação do periodonto de inserção do dente. 04 (IDECAN/DF - 2017) Sobre o processo alveolar, a porção da maxila e mandíbula que forma e sustenta os alvéolos dentários, analise as afirmativas. I. O tamanho, a forma, a localização e a função dos dentes determinam a morfologia do processo alveolar. II. A parede externa do alvéolo é formada por um osso fino e compacto, chamado de osso alveolar propriamente dito e identificada radiografi- camente como lâmina dura. III. O septo interdental consiste em suporte ósseo esponjoso aprisionado por uma camada de osso compacto.
Compartilhar