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1- RECONHECER AS CARACTERÍSTICAS DAS ETAPAS DO CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR Recém-nascido: Tônus flexor nos membros (flexão dos membros); hipotonia da musculatura paravertebral, movimentos reflexos e reflexos primitivos (respostas automáticas e estereotipadas a estímulos externos). Sequência do desenvolvimento: crânio caudal, próximo distal e de simples até as mais complexas. Marcos do desenvolvimento: orientações para pais e médicos para detectar desvios e atrasos no desenvolvimento e atuar precocemente. Podem ocorrer discretas variações de acordo com estímulos. 2 meses: consegue seguir visualmente um objeto 180°; Sorri no contato social, prestando atenção a vozes; Se coloca de bruços ela consegue levantar a cabeça e empurrar os braços; barulhinhos com a voz 4 meses: criança já sorri espontaneamente e consegue rir alto; balbucia mais estruturadamente; se colocar de bruços ela equilibra bem a cabeça e as vezes já consegue até rolar para os lados; A criança já consegue pegar objetos, levar a linha média e até a boca. 6 meses: criança já senta (dependendo da criança já consegue sem apoio); consegue transferir um objeto de uma mao para a outra; ainda leva as coisas a boca; preensao palmar; repete sons mais estruturados (lalala ou bababa); já consegue rolar. ] 9 meses: consegue bater palminhas; falar mamá, babá (dependendo a criança); senta e consegue se colocar em pé; já faz a pinça do polegar com indicador e consegue apontar para as coisas que ela quer; já tem brinquedos preferidos e já brinca de esconde esconde; medo de estranhos. 1 ano: já caminha apoiada ou sem apoio (alguns passos), dá alguns passos sozinha); já consegue dar um objeto para alguém que solocitou; já pode brincar com bola; brinca de (kd o bb); a criança ainda chora quando os pais saem de perto. 18 meses (1 ano e meio): come sozinha com colher; bota sapato; sobe escada; corre firmemente; contrói torre de cubos; fala mais de 10 palavras; identifica partes do corpo; brinca de faz de conta. 2 anos: corre bem sozinho, sobe em móveis; salta e pula; consegue riscar círculos; junta 3 palavras, fala o próprio nome; ouve historinhas; ajuda a se despir; copia o que os outros fazem. 2-3 anos: pais devem começar a gradualmente retirar as fraldas e ensinar a usar o penico; 3-5 anos: veste-se com auxílio; conta ou inventa histórias. Comportamento é egocêntrico. Com o passar do tempo, passa a considerar outras crianças. 6 anos: passa a pensar com lógica, embora seja predominantemente concreta. Memória e habilidade linguística aumentam. Ganhos cognitivos aumentam a capacidade de tirar proveito da educação formal. A autoimagem se desenvolve e passa a impactar na autoestima. Amigos assumem importância fundamental e criança passa a entender constância de gênero (segregação de gênero é comum). 7 anos: começa a desenvolver julgamento global de autovalor, sedimentando algumas ideias sobre o que ela é e como deve ser. A influência dos pares assume maior importância e a dos pais diminui. 10 anos: ocorrem mudanças relacionadas à puberdade e há um estirão do crescimento – nas meninas, em torno dos 11 anos; nos meninos, em torno dos 13. Reflexos: Preensão palmar e plantar: a primeira se caracteriza pela flexão dos dedos à pressão na palma da mão; o segundo é similar, com a flexão dos dedos após pressão na base dos artelhos. Este último é o que dura mais tempo, podendo ir até os 10 a 11 meses de vida. Reflexo da sucção: é desencadeado pela estimulação dos lábios, gerando sucção vigorosa, e sua ausência significa disfunção neurológica grave. O reflexo da busca, estimulado por colocação dos dedos nas comissuras labiais da criança (criança rotaciona a cabeça como se buscasse pelo alimento), desaparece mais precocemente – aos 2 meses. Reflexo cutâneo-plantar: caracterizado pela extensão do hálux após estímulo na lateral do pé. Ocorre até o 13o mês, a partir do qual a resposta a esse estímulo deve ser a flexão – sendo a extensão considerada patológica. Reflexo de Moro: realiza-se uma queda súbita da cabeça da criança, amparada pela mão do examinador. Isso desencadeia extensão e abdução dos membros superiores, seguidas de choro. Deve ser sempre simétrico. É incompleto até o 3o mês e não deve existir após os 6 meses; Reflexo tônico-cervical (do Esgrimista): rotação da cabeça para um lado, com extensão dos membros do lado contralateral e flexão dos membros do lado ipsilateral. Exame realizado bilateralmente e deve ser simétrico. Desaparece até os 3 a 4 meses de vida. Reflexo da Marcha: o bebê inclina o tronco após plantar. As pernas se cruzam uma à frente da outra. Presente até os 2 meses de vida. Reflexo de Colocação (Placing): desencadeado pelo estímulo tátil do dorso do pé, segurando o bebê pelas axilas. O pé irá se elevar como se estivesse subindo uma escada. Também dura até os dois meses de vida. 2- DEFINIR CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO O crescimento estaciona em determinada idade do ser humano, ao atingir a maturidade biológica. Diferentemente do processo de desenvolvimento que permanece da concepção até a morte. Crescimento- é definido pelo aumento linear contínuo, mas não constante, das estruturas que o compõem e resultante da interação de fatores intrínsecos ou orgânicos (genéticos, neuroendócrinos) e extrínsecos ou ambientais (nutricionais, condições geofísicas, atividades físicas, vínculo mãe-filho). Refere-se essencialmente às transformações progressivas de cunho quantitativas que ocorrem nas dimensões do corpo humano. Por definição, crescimento corresponde ao processo resultante da multiplicação e da diferenciação celular que determina alterações progressivas nas dimensões do corpo inteiro ou de partes e segmentos específicos, em relação ao fator tempo, do nascimento à idade adulta. Desenvolvimento- engloba simultaneamente transformações quantitativas e qualitativas, sendo resultante de aspectos associados ao próprio processo de crescimento físico, à maturação biológica. Caracteriza-se pela sequência de modificações evolutivas em órgãos e sistemas do organismo humano que induzem ao aperfeiçoamento de suas complexas funções. 3- CARACTERIZAR OS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA IG (CAPURRO E NEW BALLARD) Capurro- Usado para todos os recém-nascidos do alojamento conjunto com base nos dados da tabela abaixo. A avaliação da idade gestacional em semanas, é feita com a soma do total de pontos obtidos mais 204 e o resultado dividido por 7. Esse método estima a idade gestacional do recém-nascido por meio da investigação de parâmetros somáticos e neurológicos. É aplicável para recém-nascidos de 29 semanas ou mais. O Método de Capurro Somático utiliza 5 características somáticas, enquanto que o Capurrro Somático e Neurológico utiliza 4 parâmetros somáticos e 2 neurológicos. Cada uma das características têm várias opções e cada opção, uma pontuação que foi determinada através de diferentes estudos. Será, ao final, a soma desses pontos o que vai determinar a idade gestacional. As características utilizadas desse método são: Forma da orelha. Trata-se de observar a encurvação do pavilhão da orelha. O observador deve ficar de frente para a criança e observar em particular se o bordo superior do pavilhão auricular forma uma cobertura pelos lados. A seguir, avalie o grau de encurvamento observado em cada pavilhão virando a face da criança de um lado para outro. Se pela posição ao nascimento o recém-nascido permanece com uma orelha achatada, não avalie esta. Se nenhuma das duas orelhas encontra-se achatada, avalie as duas. Assinale a pontuação de 0, 8, 16 ou 24 dependendo da encurvação. Tamanho da glândula mamária. Antes de palpar a zona correspondente ao nódulo mamário, pince suavemente o tecido celular subcutâneo adjacente para que seja possível avaliar se o que se mede é ou não tecido mamário. Utilize uma fita métrica e, com a outra mão, palpe o tecido que se encontra debaixo e em volta do mamilo. Especifique se é possível palpar tecido mamário ou não, e se seu diâmetro é < 5mm, de 5mm a 10mm ou > que 10mm. Formação do mamilo.Observe ambos os mamilos e com uma fita métrica meça se o diâmetro é apenas visível, < que 7,5mm, > 7,5mm com aréola pontilhada e sem elevação de bordo, > 7,5mm com aréola pontilhada e bordos elevados. Textura da pele. Palpe e examine a pele e os antebraços, mãos, pernas e pés e veja se no dorso das mãos e pés existem zonas de descamação ou rachaduras. Dependendo da profundidade das rachaduras ou da presença de descamação, pontue em 0, 5, 10, ou 20. Pregas plantares. Observe a planta de ambos os pés e logo hiperestenda ambas de maneira que se mantenha tensa a pele da planta. A diferença entre pregas e sulcos plantares é que os primeiros tendem a desaparecer quando se estende a pele, os sulcos continuam marcados claramente. Dependendo da quantidade de sulcos e pregas, pontua-se 0, 5, 10, 15 ou 20. Cálculo: Somam-se os pontos das 5 características. Ao resultado acrescenta-se a constante 204 para Capurro Somático. O resultado divide-se por 7, que é o número de dias transformados em semanas. New Ballard Score- (NBS) é um dos métodos utilizados para determinar a IG de um RN. Essa estimativa baseia-se na análise de determinadas características físicas e neurológicas do neonato, com possível margem de erro de duas semanas. Para obter um resultado com maior precisão, o exame físico do bebê deve ser realizado entre 12 e 20 horas após o nascimento. Para determinar a idade gestacional, o New Ballard avalia seis parâmetros neurológicos (postura, ângulo de flexão do punho, retração do braço, ângulo poplíteo, sinal do xale, calcanhar-orelha) e seis físicos (pele, lanugo, superfície plantar, glândula mamária, olhos/orelhas, genital masculino, genital feminino). O profissional responsável pelo exame atribui uma nota para cada indicador, conforme a tabela de parâmetros, cuja somatória determina a IG do recém-nascido. Este é um método modificado da versão original sendo agregados alguns itens, permitindo assim a avaliação de RN com IG a partir de 20 semanas. A correlação entre o NBS e a IG calculada pela amenorréia é de 0,97; para o RN < 26 semanas, esta correlação foi mantida quando o método foi aplicado nas primeiras 12 horas de vida. Nesse método, o resultado é obtido com a soma simples da pontuação correspondente a todos os parâmetros avaliados. Ele é imprescindível quando não é possível determinar a data da última menstruação da mãe e o exame de ultrassonografia não foi realizado no início da gestação. Nestas condições, o New Ballard Score é preferível aos demais métodos de cálculo da IG existentes, pois é mais rápido que o DUBOWITZ e consegue avaliar um número maior de parâmetros que o método de Capurro. EXAME NEUROLÓGICO: POSTURA – Com o RN em repouso, observar a atitude dos 4 membros. 0 Deflexão total dos 4 membros. 1 Flexão ligeira dos quadris e joelhos. 2 Flexão moderada ou acentuada dos membros inferiores e discreta flexão do antebraço. 3 Membros inferiores em flexão, quadris abduzidos, com membros superiores com alguma flexão (posição de batráquio). 4 Os quatro membros apresentam flexão igual e forte. ÂNGULO DE FLEXÃO DO PUNHO – Flexionar a mão sobre o punho, exercendo pressão suficiente para obter o máximo de flexão possível. Medir o ângulo entre a eminência hipotenar e a face anterior do antebraço. RETRAÇÃO DO BRAÇO – Flexionar ao máximo o antebraço durante 5 segundos, em seguida estender ao máximo através de tração das mãos, soltando em seguida observando o ângulo entre o braço e antebraço. ÂNGULO POPLÍTEO – Com o RN em decúbito dorsal e a pelve apoiada na superfície da mesa de exame, a perna é flexionada por completo sobre a coxa com uma das mãos, e com a outra mão a perna é estendida, observando-se o ângulo obtido. SINAL DO XALE – Com o RN em decúbito dorsal, segurar umas das mãos e levá-la o máximo possível em direção ao ombro do lado contralateral. Permite-se levantar o cotovelo sobre o corpo. A contagem de pontos se faz segundo a localização do cotovelo. Menos 1: cotovelo ultrapasse a linha axilar do lado oposto. 0: cotovelo atinge a linha a linha axilar anterior contralateral. 1: permanece entre a linha axilar contralateral e a linha média. 2: cotovelo na linha média do tórax. 3: cotovelo não chega à linha média do tórax. MANOBRA DE CALCANHAR-ORELHA - levar um dos pés o máximo possível em direção à cabeça, mantendo a pelve sobre a mesa. Atribua os pontos conforme a figura. 4-DESCREVER OS MECANISMOS DE CRESCIMENTO NORMAL E AS FORMAS DE AVALIAÇÃO (ANTROPOMETRIA) De um modo geral, considera-se o crescimento como aumento do tamanho corporal e, portanto, ele cessa com o término do aumento em altura (crescimento linear). De um modo mais amplo, pode-se dizer que o crescimento do ser humano é um processo dinâmico e contínuo que ocorre desde a concepção até o final da vida, considerando-se os fenômenos de substituição e regeneração de tecidos e órgãos. É considerado como um dos melhores indicadores de saúde da criança, em razão de sua estreita dependência de fatores ambientais, tais como alimentação, ocorrência de doenças, cuidados gerais e de higiene, condições de habitação e saneamento básico, acesso aos serviços de saúde, refletindo assim, as condições de vida da criança, no passado e no presente. (MS) Apesar de depender de um complexo mecanismo, o crescimento de uma criança costuma ocorrer de uma maneira bem previsível, onde diferentes faixas etárias apresentam ritmos de crescimento bem estabelecidos. O comprimento ao nascer é o primeiro marco que costuma seguir um padrão pela maior parte dos indivíduos. Meninas não prematuras em média medem em torno de 49 centímetros enquanto que os meninos nascem com cerca de 50 centímetros. Contudo podem haver variações nessas medidas dependendo de fatores genéticos ou de condições do período pré-natal como: prematuridade, CIUR ou diabetes gestacional. A partir do nascimento o ganho de altura segue um ritmo que é conhecido como velocidade de crescimento. Esse termo significa a quantidade de centímetros que uma criança cresce no período de um ano. Nos dois primeiros anos de vida a velocidade de crescimento é tão regular que dá a impressão de ser quase fixa: no primeiro ano o bebê cresce cerca de 25 centímetros enquanto que no segundo ano cresce em torno de 12 centímetros. Entretanto alguns bebês podem crescer mais que isso, como é o caso de quando a criança nasce prematura ou pequena para a idade gestacional. Nessas situações a criança costuma fazer uma recuperação do crescimento nos primeiros anos de vida, acelerando um pouco mais a sua velocidade de crescimento e ganhando mais centímetros que a média. Antropometria: Avaliar o crescimento infantil é um processo dinâmico e que deve ser realizado em longo prazo. O crescimento deve ser observado e quantificado mediante múltiplas medidas, em várias ocasiões e com o objetivo de determinar a velocidade em que as mudanças ocorrem (velocidade do crescimento). Assim, o ritmo em que o indivíduo ganha peso e estatura, quão rápido aumentam o perímetro cefálico, os segmentos corporais (segmentos superior e inferior, envergadura, entre outros) e o desenvolvimento neuropsicomotor podem ser indicativos da saúde do organismo. A análise das medidas obtidas em apenas um determinado momento (avaliação transversal) está mais sujeita a erros que a avaliação baseada em dados obtidos em vários momentos (avaliação longitudinal). A avaliação sistematizada e mais prolongada (longitudinal) das medidas antropométricas permite o conhecimento do ritmo ou do comportamento das variáveis (peso, estatura, perímetros e dobras, por exemplo). Assim, favorece a definição da saúde daquele indivíduo, sendo apontada como a forma ideal de avaliação do estado nutricional de uma criança. Em razão da praticidade e do baixo custo, a avaliação do estado nutricional de um indivíduo é realizada frequentemente levando-se em consideração o peso (P) e o comprimento (C) ou a estatura (E), sendo complementada por medidas das dobras cutâneas e circunferências, com o intuito de aumentar a acurácia da avaliação. Na avaliação dinâmica do crescimento,são comparados os dados extraídos em um determinado momento (avaliação transversal) com os das curvas de crescimento já padronizadas, analisando-se o canal ou a zona de crescimento e a velocidade de crescimento na avaliação baseada em dados obtidos em vários momentos (avaliação longitudinal). Para a avaliação do crescimento físico, utiliza-se a antropometria com as seguintes medidas: - fundamentais (peso e comprimento/estatura); - acessórias: comprimento superior do braço, da tíbia e do membro inferior a partir do joelho; perímetros cefálico, torácico e abdominal; segmento superior e inferior; pregas cutâneas (tricipital, subescapular, suprailíaca e abdominal); circunferências (braço e perna). Peso: Lactentes (0 a 2 anos) Para a medida do peso em lactentes, deve-se utilizar balança pediátrica com graduação de 10 g previamente calibrada (se for necessário uso de qualquer tipo de proteção sobre a balança, esta deve ser colocada antes da calibração). Técnica: o lactente deve estar despido, posicionado de modo que o peso seja igualmente distribuído pela superfície da balança, a fim de proporcionar maior conforto e menor risco de acidentes para a criança. Os pés ou as mãos do lactente não devem tocar em nenhuma outra superfície Estatura: significa que a criança foi medida em pé, e “comprimento”, que ela foi medida deitada. Crianças de até 24 meses- uma das características dessa faixa etária é a dificuldade em manter-se em pé sem apoio, o que implica tomada da medida com a criança deitada; especial atenção deve ser dada à superfície de apoio, que deve ser plana, macia e firme. Esse procedimento é facilitado pela presença de um auxiliar, idealmente a própria mãe da criança, que deve permanecer na cabeceira, tranquilizando-a. O comprimento é definido pela distância entre a cabeça e as plantas de ambos os pés. A cabeça deve ser mantida no mesmo eixo do corpo e, assim como a planta dos pés, deve formar um ângulo reto em relação à superfície da mesa. O observador deve estar atento para o posicionamento corporal, notando se o dorso, as nádegas e todo o segmento inferior tocam a superfície de apoio e se o corpo da criança se mantém alinhado ao eixo longitudinal da superfície da mesa; utilizar apenas um dos membros inferiores para realizar a medida é inadequado. O instrumento a ser utilizado é a régua antropométrica horizontal, graduada em milímetros; o esquadro/limite fixo deve estar junto ao zero e os valores, registrados com precisão de 0,1 cm. Técnica: a criança deve estar deitada sobre superfície plana horizontal, com o limite superior fixo (zero) ajustado ao polo cefálico superior (sem compressão, manter o polo cefálico apoiado no esquadro fixo da régua antropométrica; os olhos devem estar voltados para cima, evitando-se a flexão ou a extensão do pescoço), e o limite inferior, móvel, ajustado aos planos plantares (ambos os pés), com os membros inferiores mantidos em extensão, juntos, e as plantas dos pés encostadas no esquadro móvel. Deve-se ter em mente que o comprimento de uma criança será sempre comparado a uma referência como, por exemplo, as curvas da OMS. Na coleta de dados que gerou essas curvas, crianças com até 24 meses de idade foram medidas deitadas, de modo que, para efeito de precisão na comparação, o comprimento deve ser obtido dessa forma nessa faixa etária. Perímetro Cefálico: deve ser realizada prioritariamente durante os três primeiros anos de vida, pois reflete o crescimento cerebral, por meio de fita métrica inextensível. Técnica: a fita métrica deve formar plano perpendicular/oblíquo em relação ao maior eixo do corpo (na vertical, se a criança estiver deitada, ou na horizontal, se em pé ou sentada); deve circundar a caixa craniana (glabela e polo occipital), com o cuidado de não passar sobre o pavilhão auricular. Cuidado extra deve ser tomado quando o volume representado pelo cabelo não puder ser comprimido, aumentando a margem de erro.(SBP) 5- RECONHECER AS FASES E OS MECANISMOS QUE LEVAM AO DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR NORMAL A mielinização começa antes do nascimento, por volta da 30ª semana gestacional. No recém-nascido a termo, está presente já no momento do nascimento, no tronco cerebral dorsal, pedúnculos cerebelares e membro posterior da cápsula interna. A substância branca do cerebelo adquire mielina no primeiro mês de idade e encontra-se bem mielinizada aos 3 meses. A substância branca subcortical do córtex parietal, frontal posterior, temporal e calcarino encontra-se parcialmente mielinizada aos 3 meses. Nesse período, o lactente vivencia um crescimento extraordinário. As alterações fisiológicas permitem o estabelecimento de rotinas alimentares eficazes e um ciclo sono-vigília previsível. As interações sociais que ocorrem à medida que os pais e os filhos desempenham essas tarefas, formam os alicerces do desenvolvimento cognitivo e emocional. A mielinização faz parte do processo de desenvolvimento cerebral significa a aquisição de movimentos mais coordenados e complexos nas estruturas e domínios influenciados pelas regiões encefálicas mielinizadas. A mielina é uma camada lipoprotéica que envolve e protege a condução nervosa dos axônios dos neurônios, tornando-a mais rápida e eficaz. Desenvolvimento Físico Durante a primeira semana, o peso do recém-nascido pode diminuir em até 10% do peso de nascimento como resultado da eliminação do excesso de líquido extravascular e da ingestão nutricional limitada. A nutrição melhora à medida que o colostro é substituído pelo leite maduro, rico em gorduras, à medida que o lactente aprende a abocanhar e sugar mais eficientemente o mamilo, e as mães ficam mais confortáveis com as técnicas de amamentação. Os lactentes recuperam ou excedem o peso de nascimento com 2 semanas de idade e devem aumentar aproximadamente 30 g por dia durante o primeiro mês. Esse é o período de crescimento mais rápido após o nascimento. Os movimentos dos membros consistem, em grande parte, em contrações descontroladas e um abrir e fechar de mãos aparentemente sem propósito. O sorriso manifesta-se involuntariamente. Por outro lado, a fixação do olhar, o voltar da cabeça e a sucção estão sob melhor controle e por isso podem ser usados para avaliar a cognição e a percepção do lactente. O fato de o lactente voltar a cabeça preferencialmente na direção da voz de sua mãe é uma evidência da memória de reconhecimento. São descritos seis estados de comportamento. Inicialmente, o sono e a vigília são distribuídos igualmente pelas 24 horas. A maturação neurológica responde pela consolidação dos períodos de sono em blocos de 5-6 horas à noite, com breves períodos de despertar para a amamentação. O aprendizado também ocorre; lactentes com pais que interagem e estimulam mais o bebê durante o dia aprendem a concentrar seu sono durante a noite. Em relação às aquisições motoras, inicialmente, o movimento dos membros consiste basicamente em contrações descontroladas. O recém-nascido começa com um padrão motor muito imaturo, com reflexo tônico cervical assimétrico, conferindo-lhe uma postura assimétrica; e predomínio do tônus flexor e hipotonia intensa da musculatura paravertebral. Seus movimentos são, geralmente, reflexos, que tendem a desaparecer com o passar dos meses. É por isso que, ao vermos bebês recém-nascidos, eles tendem a estar “encolhidinhos”. Progressivamente, o tônus flexor visto no recém-nascido vai sendo substituído pelo padrão extensor, de forma gradual. Esse amadurecimento acontece na direção crânio caudal, alcançando o quadril e os membros inferiores por último. Assim, a partir do segundo semestre de vida, não há mais predomínio de quaisquer dos dois padrões e, com isso, a criança é capaz de alternar entre flexão e extensão e, consequentemente, rolar. Por fim, quando há dissociação de movimento entre as cinturas pélvicas e escapular, o bebê é capaz de sentar-se. Além de craniocaudal, o amadurecimento também ocorre na direção proximodistal. Primeiro com aquisições mais simples e, posteriormente, mais complexas. A primeira musculatura aser controlada é a ocular. Depois, a musculatura do controle da cabeça e, depois, do tronco. Finalmente, no 3° trimestre o bebê adquire a posição ortostática. O apoio do bebê na musculatura do braço vai leva-lo a posteriormente se apoiar nos antebraços e às tentativas de engatinhar. Já entre os 18 e os 24 meses, a criança tem melhorias no equilíbrio e agilidade. Com isso, passam gradualmente a ser capazes de correr e subir escadas Em relação ao desenvolvimento motor fino, este ocorre no sentido proximodistal. Ao nascer, a criança mantém as mãos fechadas pela maior parte do tempo – com as mãos fletidas. Com a redução desse tônus flexor, a criança passa a manter as mãos abertas a maior parte do tempo no 3o mês, conseguindo agarrar objetos – embora ainda sejam incapazes de soltá-los. Entre o 5o e o 6o mês, iniciam o movimento de pinça, que irá progressivamente se aperfeiçoar até enfim completar-se, permitindo o movimento polpa com polpa. A função sensorial deve ser avaliada logo nos primeiros atendimentos, em especial a visão e a audição. O recém-nascido é capaz apenas de focalizar um objeto a poucos centímetros e tem preferência por rostos humanos. Logo, durante as avaliações, é importante perguntar aos familiares se a criança focaliza os objetos e os segue com o olhar, além de perguntar se prefere o rosto materno – essas respostas idealmente serão positivas. Em relação à audição, o bebê já escuta desde o 5o mês de gestação. Inclusive, ao nascer, já existe familiaridade com vozes materna e familiares, além de sons do organismo materno. Nesse contexto, como parte da avaliação auditiva, é interessante perguntar na consulta se o bebê se assusta, acorda ou chora com sons altos e repentinos, se procura a origem dos sons e se fica mais calmo com a voz da mãe. Já no que tange a sociabilidade, o olhar e o sorriso são formas de comunicação desde o nascimento. A partir da 4a a 6a semana – o bebê apresenta o sorriso social, desencadeado por estímulos. No 2o semestre, o bebê consegue distinguir pessoas familiares e desconhecidas, passando a sorrir apenas para aquelas. (Nelson) 6- RECONHECER A IMPORTÂNCIA DO ALEITAMENTO MATERNO, COMO ELE DEVE SER FEITO E AS NECESSIDADES ALIMENTARES NA PRIMEIRA INFÂNCIA A OMS, o MS e a SBP recomendam amamentação exclusiva por aproximadamente seis meses e complementada até os dois anos ou mais. Existem evidências de que não há vantagens em se iniciar os alimentos complementares antes dos seis meses (salvo em alguns casos individuais), podendo, inclusive, haver prejuízos à saúde da criança. Estudos avaliaram os efeitos na saúde, crescimento e desenvolvimento de crianças amamentadas exclusivamente até os seis meses, comparadas a crianças que receberam alimentação complementar em adição ao leite materno aos três a quatro meses, mostrou que as crianças que mamaram exclusivamente até os seis meses adoeceram menos de infecção intestinal e tiveram menos hospitalizações por doença respiratória, além de não apresentarem déficits de crescimento, tanto em países desenvolvidos quanto em países em desenvolvimento. A introdução precoce dos alimentos complementares não só diminui a duração do aleitamento materno, mas também interfere na absorção de nutrientes importantes nele existentes, como o ferro e o zinco, e reduz a eficácia da lactação na prevenção de novas gravidezes. No segundo ano de vida, o leite materno continua sendo importante fonte de nutrientes, sendo inclusive mais energético nesse período. Estima-se que 500 mL de leite materno no segundo ano de vida proporcionam 95% das necessidades de vitamina C, 45% das de vitamina A, 38% das de proteína e 31% do total de energia. Além disso, o leite materno continua conferindo proteção contra doenças infecciosas. Estudos mostraram que crianças não amamentadas no segundo ano de vida têm chance quase duas vezes maior de morrer por doença infecciosa comparadas às amamentadas. Redução da mortalidade infantil: Graças aos inúmeros fatores existentes no leite materno que protegem contra infecções comuns, ocorrem menos mortes entre as crianças amamentadas. Estima-se que o aleitamento materno poderia prevenir 50% das mortes por doenças respiratórias e 66% das causadas por diarreia. Um artigo sobre sobrevivência infantil atribuiu ao aleitamento materno a capacidade de reduzir em 13% a mortalidade em crianças menores de cinco anos por causas preveníveis, estimadas em seis milhões ao ano. Nenhuma outra estratégia alcança o impacto que a amamentação tem na redução das mortes de crianças menores de cinco anos. Um estudo demonstrou que a amamentação na primeira hora de vida pode ser um fator de proteção contra mortes neonatais. Segundo este estudo, baseado na observação de 10.947 crianças vivas, no segundo dia de vida, de uma área rural de Gana, 16% das mortes neonatais poderiam ser evitadas se todas as crianças fossem amamentadas no primeiro dia de vida, e 22% se o aleitamento materno fosse iniciado na primeira hora de vida. Redução da morbidade por diarreia: Há fortes evidências epidemiológicas de que o leite materno confere proteção contra diarreia, sobretudo em crianças de baixo nível socioeconômico de países em desenvolvimento. É importante salientar que essa proteção pode diminuir quando o aleitamento materno deixa de ser exclusivo. Suplementação do leite materno com água ou chás, até pouco tempo considerada inócua, pode dobrar o risco de diarreia nos primeiros seis meses. A amamentação também exerce influência na gravidade dos episódios diarreicos. Um estudo de casos-controles constatou que crianças não amamentadas tiveram risco 3,3 vezes maior de desidratar na vigência de diarreia quando comparadas com as amamentadas. Em outro estudo, foi observado que o leite materno reduzia significativamente distúrbios metabólicos, como hiponatremia e hipocalemia, e também as mortes em crianças hospitalizadas por desidratação decorrente de diarreia. Redução da morbidade por infecção respiratória: Assim como com a diarreia, a proteção é mais significativa quando a amamentação é exclusiva e nos primeiros seis meses, parece diminuir a gravidade dos episódios de infecção respiratória. Em Pelotas (RS), a chance de hospitalização por pneumonia de crianças não amamentadas nos primeiros três meses foi 61 vezes maior do que em crianças amamentadas exclusivamente. Já o risco de hospitalização por bronquiolite foi sete vezes maior em crianças amamentadas por menos de um mês. Redução de alergias: o aleitamento materno exclusivo reduz o risco de asma; o aleitamento materno, independentemente de ser exclusivo, reduz o risco de sibilos recorrentes; o aleitamento materno protege contra o desenvolvimento de dermatite atópica; exposição a pequenas doses de leite de vaca nos primeiros dias de vida parece aumentar o risco de alergia a esse leite, mas não afeta a incidência de doenças atópicas no futuro. Redução na obesidade: os indivíduos amamentados tiveram chance de 22% menor de vir a apresentar sobrepeso/ obesidade. É possível que haja uma relação dose/resposta com a duração do aleitamento materno. Entre os possíveis mecanismos implicados nessa proteção, encontram-se melhor desenvolvimento da autorregulação de ingestão de alimentos das crianças amamentadas e a composição única do leite materno, participando no processo de “imprinting metabólico”, alterando, por exemplo, o número e/ou tamanho dos adipócitos ou induzindo o fenômeno de diferenciação metabólica. Mais recentemente, foi constatado que o leite de vaca altera a taxa metabólica do organismo durante o sono de crianças amamentadas, podendo esse fato estar associado ao “programa metabólico” e ao desenvolvimento de obesidade. Melhor nutrição: Por ser produzido pela mesma espécie (homólogo), o leite materno contém todos os nutrientes essenciais para o crescimento e o desenvolvimento ótimos da criança pequena, além de ser mais bem digerido, quando comparado com leites de outras espécies. O leite materno é capaz de suprir sozinho as necessidades nutricionais da criança nos primeiros seis meses. Ele continuasendo uma importante fonte de nutrientes no segundo ano de vida, especialmente de proteínas, gorduras e vitaminas. É importante lembrar que as crianças amamentadas podem apresentar crescimento inferior ao das crianças alimentadas com leites industrializados entre os três e os nove meses, sem que isso, no entanto, implique qualquer desvantagem para a criança. Como deve ser feito: A duração da mamada não é importante, pois a maior parte dos bebés mamam 90% do que precisam em 4 minutos. Alguns bebés prolongam mais as mamadas, por vezes até 30 minutos ou mais; o que interessa é perceber que o bebé está a obter leite da mama da mãe e não está a fazer da mama da mãe uma chupeta, pois isto pode macerar os mamilos, criar fissuras e levar a mãe a desistir da amamentação. Uma mãe pode perceber se o bebé está mesmo a mamar quando constata que a sucção é mais lenta do que com uma chupeta, quando verifica que o bebé enche as bochechas de leite ou, muitas vezes, quando ouve o bebé a engolir o leite. O horário não é o mais importante; o bebé deve ser alimentado quando tem fome – chama-se a isto o regime livre –, não se devendo impor ao bebé um regime rígido. Quando um bebé tem fome acorda para comer, e este alerta é importante para uma melhor ingestão de leite materno No entanto não se deve deixar o bebé dormir mais de 3 horas durante o primeiro mês de vida. Quando um bebé começa a mamar na mama da mãe, o primeiro leite que obtém é mais rico em água e lactose, que é o açúcar do leite; à medida que a mamada prossegue, o leite vai tendo cada vez mais gordura. O que é importante é que o bebé esvazie uma mama em cada mamada; o bebé deve primeiro esvaziar a primeira mama e se depois disso continuar com fome é que lhe é oferecida a segunda mama; chupar e esvaziar a mama é o segredo para uma maior produção de leite. Não interessa pesar o bebé antes e depois de uma mamada, nem fazer análises ao leite, pois existe uma grande variabilidade do leite materno ao longo do dia, quer em qualidade, quer em quantidade. A pesagem do bebé nas consultas de saúde e uma boa progressão do seu peso garantem que o bebé está a ser bem alimentado. Todas as mães se preocupam muito com os alimentos que devem comer. Se na família houver casos de alergia, as mães não deverão abusar do leite e dos seus derivados. Caso contrário, as mães deverão praticar uma dieta saudável e variada, evitando comer grandes quantidades de qualquer alimento ou alimentos mais alergizantes ou que possam excitar o bebé. Porém, o que é mais importante é a ausência de stress, pois este é inimigo da lactação, dado que impede a ejecção do leite, que fica assim retido na mama. Introdução alimentar: Ao completar seis meses, a criança apresenta maturidade para receber novos alimentos, em diferentes apresentações e texturas, na forma de alimentação complementar. Nessa idade, essa passa a preencher as necessidades nutricionais, até então supridas integralmente pelo aleitamento materno ou artificial, garantindo a manutenção do crescimento adequado e permitindo que a criança alcance o padrão alimentar da família a partir dos 12 meses. 7- RECONHECER AS CONSEQUÊNCIAS DAS PRINCIPAIS CARÊNCIAS ALIMENTARES E NUTRICIONAIS NA PRIMEIRA INFÂNCIA E A OFERTA DE ALIMENTOS INADEQUADOS Crianças que apresentam consumo alimentar inadequado desde a infância tendem ao desenvolvimento precoce de sobrepeso e obesidade, além de outras doenças crônicas associadas. Uma em cada três pessoas no mundo é afetada pela deficiência de vitamina A ou pela deficiência de ferro. Manifestações clínicas dessas carências (como morte materna e infantil, resposta imunológica diminuída, cegueira, retardo mental e anemia) afetam mais de meio bilhão da população mundial. Tais efeitos devastadores são somente parte do problema. Outros dois bilhões de pessoas residentes em áreas de baixo nível socioeconômico, tanto na área urbana quanto na rural, são deficientes marginais em micronutrientes, impossibilitados de alcançar seu potencial de desenvolvimento físico e mental. Em geral, a criança amamentada exclusivamente até os 6 meses de vida, por uma mãe bem nutrida, não necessita de suplementação com vitaminas, com exceção da vitamina K (que é ofertada de forma rotineira nas maternidades) e da vitamina D em situações selecionadas. Nos casos de crianças não amamentadas, a insegurança e o desconhecimento dos pais em relação à necessidade de ingestão de alimentos de seus filhos acabam levando-os a suplementar a dieta das crianças com preparados multivitamínicos, para compensar uma recusa alimentar ou mesmo pela crença de que tais produtos venham a aumentar seu apetite ou engordá-los. Cabe ao profissional de saúde esclarecer e corrigir possíveis erros alimentares, evitando assim problemas relacionados à carência ou ao excesso de vitaminas (obesidade e desnutrição). • SUPLEMENTAÇÃO DE FERRO: A anemia, segundo a OMS, é a condição na qual os níveis de hemoglobina circulante estão abaixo dos valores considerados normais para a idade, o sexo, o estado fisiológico e a altitude. Os valores determinados como “normais” são arbitrários e consistem em níveis de hemoglobina encontrados na maioria da população, o que não significa obrigatoriamente que qualquer valor abaixo do limite estabelecido esteja relacionado a desfechos clínicos deletérios. Estima-se que metade da população de crianças menores de 4 anos, nos países em desenvolvimento, sofra de anemia ferropriva. A anemia é um dos fatores mais importantes relacionados ao baixo peso ao nascer, a mortalidade materna e ao déficit cognitivo em crianças. Os elevados requerimentos fisiológicos de ferro na primeira infância tornam a criança especialmente vulnerável à anemia por deficiência de ferro durante os dois primeiros anos de vida. • SUPLEMENTAÇÃO DE VITAMINA A Uma revisão realizada por grupo de estudos da OMS sobre a subnutrição (BHUTTA et al., 2008, p. 417-440) avaliou o impacto da suplementação de vitamina A em diversos países em desenvolvimento. Em neonatos, a megadose administrada de vitamina A reduziu a mortalidade entre zero e 6 meses. Entre 1 e 59 meses, reduziu a morbidade e a mortalidade, efeito mais comum entre 6 a 11 meses de idade. Entretanto, tal efeito restringiu-se a populações carentes do Sul da Ásia, única região para onde a OMS recomendou a referida intervenção. A ingestão inadequada de alimentos que sejam fontes de vitamina A pode estar mais relacionada aos hábitos alimentares inadequados do que aos fatores econômicos. Assim, restrições alimentares importantes e inadequadas podem causar deficiências nutricionais graves, sobretudo de vitamina A, com risco de danos irreversíveis ao organismo. A concentração de vitamina A no leite materno varia de acordo com a dieta da mãe. Para crianças amamentadas, pode-se aumentar a oferta de vitamina A orientando uma dieta para mãe rica nesse micronutriente (fígado, gema de ovo, produtos lácteos, folhas verdes escuras, vegetais e frutas cor de laranja) ou suplementando a mãe com essa vitamina. Crianças que recebem leite materno com quantidade suficiente de vitamina A suprem facilmente a necessidade dessa vitamina com a alimentação complementar. Após a introdução dos alimentos complementares, 50g de fígado de boi por semana fornecem a quantidade suficiente de vitamina A para lactentes (de 5 a 12 meses). • SUPLEMENTAÇÃO DE VITAMINA D O raquitismo atribuído à baixa ingestão de alimentos ricos em vitamina D e à restrição à exposição solar é uma condição prevenível, mas que continua ocorrendo, mesmo em países desenvolvidos Os hábitos sedentários, a urbanização e o medo da violência fazem com que as crianças fiquem restritas em casa. •SUPLEMENTAÇÃO DE VITAMINA K AO NASCER Atualmente, existem informações suficientes para se manter a recomendação de administrar vitamina K ao nascimento como profilaxia contra a doença hemorrágica neonatal por deficiência de vitamina K. • SUPLEMENTAÇÃO DE ZINCO O papel do zinco na prevenção da morbimortalidade por doenças infecciosas foi reconhecido recentemente. A OMS, emseu site oficial, já incluiu a recomendação de suplementar zinco no tratamento de diarreia, além dos sais de reidratação oral. Deve-se enfatizar o consumo de alimentos ricos em zinco, como carnes, vísceras (em especial, o fígado) e gema de ovo. Durante o exame clínico, o pediatra deve estar atento aos sinais de carência nutricional de macro e micronutrientes. Ocasionalmente, podem estar envolvidos aspectos sociais (como a dificuldade escolar) e a sonolência, que são indicadores de que alguma alteração está em processo. Em pacientes hospitalizados com o diagnóstico de desnutrição, o comprometimento pôndero-estatural geralmente é intenso, a ponto de representar risco de vida, razão para a internação. Os casos mais graves de desnutrição (3o grau segundo o critério de Gómez) incluem diferentes formas de manifestação dos graves déficits nutricionais. Os lactentes desnutridos graves são classificados segundo aspectos clínicos e laboratoriais em: ● kwashiorkor: desnutridos do 3o grau que apresentam edema, dermatites, despigmentação do cabelo (sinal da bandeira), graus variados de esteatose hepática, hipoalbuminemia, freqüentemente apresentam diarréia, e ainda uma pequena quantidade de tecido celular subcutâneo. A característica marcante dessa condição é a grave inapetência que, muitas vezes compromete ainda mais o prognóstico. O aspecto físico da criança a princípio não demonstra a gravidade da condição devido à presença de edema, que confere aspecto de peso adequado; ● marasmo: desnutridos do 3o grau que apresentam diminuição acentuada do tecido adiposo, o que confere aspecto de emagrecimento intenso à criança; não são observadas dermatoses, lesões do cabelo e pele nem esteatose. Contrariamente aos pacientes com kwashiorkor, aqueles marasmáticos apresentam-se inquietos e agitados, aceitando todos os alimentos que lhe são oferecidos. O prognóstico dessa condição é melhor que o da anterior; ● kwashiorkor-marasmáticos: desnutridos do 3o grau que apresentam características das duas situações descritas. Quanto ao prognóstico, é mais favorável que o das formas kwashiorkor. Contudo, muitas vezes se torna difícil estabelecer o diagnóstico diferencial dessas formas de desnutrição grave; nesse sentido, foi definido um sistema de pontos com base em achados clínicos e laboratoriais que procura auxiliar o processo de diagnóstico, denominado tabela de McLaren. Segundo esse critério, os pacientes são definidos como: ● marasmo: 0 a 3 pontos; ● kwashiorkor-marasmático: 4 a 8 pontos; ● kwashiorkor: 9 a 15 pontos. 8- RELACIONAR AS CONDIÇÕES SOCIOECONÔMICAS E CULTURAIS COM O CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO INFANTIS É dito que, em igual ambiente, o desenvolvimento físico individual depende de fatores basicamente hereditários. Por outro lado, se tem demonstrado que crianças de distintas etnias mostram curvas de crescimento semelhantes se as condições ambientais, a alimentação e a proteção contra as infecções são as mesmas. A baixa estatura dos povos orientais, de algumas etnias negras da África e das populações da América Latina, durante muito tempo foi entendida como característica racial; hoje, representa o resultado de fatores ambientais adversos, dificultando a afirmação do poder do potencial genético do crescimento. O crescimento pós-natal, também, é ditado pelos fatores genéticos e externos que envolvem as condições socioeconômicas e ambientais, a alimentação, a morbidade, além da evolução do crescimento intra-uterino, traduzido pelo peso ao nascer. Muitas vezes, a influência da renda familiar sobre o estado de saúde e nutrição da criança é relativizada por outros determinantes, como educação, tipo de moradia, saneamento, acesso aos serviços de saúde, bens de consumo, dentre outros. Assim, analisando o papel da renda através da escolaridade do chefe da família e do número de bens do domicílio, nos dados das pesquisas nacionais de 1974, 1989 e 1996, confirmou a importante influência desses fatores sobre o crescimento e o estado de nutrição das crianças. Um outro fator já referido anteriormente e, também, de grande relevância e fortemente associado com o crescimento das crianças é a escolaridade materna, que muitas vezes se apresenta como fator independente da renda e que tem contribuído para aumentar significativamente as chances das crianças apresentarem retardo de crescimento, principalmente, no caso de mães de baixa escolaridade e/ou sem instrução. O grau de escolaridade influi na determinação do crescimento, visto que está diretamente relacionado com uma melhor compreensão da prática dos cuidados infantis, além de que, um maior nível de instrução certamente contribuirá para uma melhor oportunidade de emprego e por conseguinte, melhor nível salarial. Há íntima relação com a melhor utilização da renda no que diz respeito aos cuidados infantis e dos serviços públicos que estiverem ao alcance das famílias. Como a escolaridade, o trabalho materno sob a forma de recursos percebidos, mostrou-se associado ao maior ganho de peso infantil. Da mesma forma, a coabitação com o pai da criança também constitui fator de favorecimento ao adequado crescimento da criança. O tamanho da família, a existência de muitos filhos em famílias de baixa renda foram ressaltados por instituições internacionais como a United Nations for Developing People (UNDP) e a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) como condições estreitamente associadas ao risco nutricional, principalmente nos países subdesenvolvidos. Estudos confirmaram que existe uma associação positiva e estatisticamente significante ao analisar a qualidade do estímulo presente na família e o desempenho cognitivo de crianças, mantendo-se presente entre crianças que convivem com seus pais, reforçando a participação da família na construção de um ambiente doméstico dotado de práticas psicossociais favoráveis ao desenvolvimento infantil (ANDRADE et al., 2005). A Teoria do Cuidado Cultural de Leininger evidencia que o profissional de saúde deve apoderar-se do conhecimento cultural do indivíduo para promover melhor o cuidado as diferentes formas de pensar, saberes e práticas de saúde, e de que cada cultura influencia na existência do cuidado, porém sem perder a essência do amor e do afeto nas ações deste cuidado. Assim, na sua teoria há uma associação harmoniosa e produtiva do cuidado e da cultural para direcionar as práticas dos cuidados de saúde(LEININGER, 1991). Acreditando nesta influência propôs que as decisões do profissional envolveriam a preservação/manutenção do cuidado cultural, a acomodação/negociação do cuidado cultural e a repadronização/reestruturação do cuidado cultural. 9- RECONHECER A IMPORTÂNCIA DA PUERICULTURA PARA O ACOMPANHAMENTO DO CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO INFANTIL Puericultura é a consulta médica periódica de uma criança saudável, com foco na prevenção e educação em saúde e no vínculo com a família. Além disso, é papel da puericultura observar fatores de risco e vulnerabilidades que cercam as diferentes fases do processo de crescimento e desenvolvimento da criança. Enfocar nos riscos consiste na compreensão de que diferentes grupos populacionais(nos quais as crianças estão inseridas) apresentam riscos diferenciados de danos à saúde devido a características individuais/exposição a fatores ambientais/circunstâncias sociais. Já o conceito de vulnerabilidade permite compreender que as crianças possuem características e comportamentos individuais (baixo peso ao nascer, obesidade, deficiências imunológicas), uma dinâmica familiar e o modo como a criança se expressa (agressividade, agitação, timidez), os ambientes em que convive (escola, espaços de lazer) e as oportunidades que tem de acessar serviços de saúde – tudo isso determinada se tal criança será mais ou menos suscetível a determinados agravos. As fases da criança: Lactente = 0 a 2 anos; Pré escolar = 2 a 6 anos; Escolar = 6 a 10 anos; Adolescente = 10 a 19 anos; Frequência das consultas: na 1° ou 2° semana de vida, depois mensalmente até o 6 meses, trimestralmenteaté 2 anos, semestralmente até os 5 anos e anualmente até os 19 anos. Investigar: queixas, desenvolvimento, alimentação e comportamento alimentar, antecedentes familiares, antecedentes de parto e neonatais, aleitamento materno, função auditiva e visual, saúde bucal, sono, sexualidade, desempenho escolar, atividade física, exposição a mídia (tempo de tela). Exame físico completo avaliando peso, comprimento/altura, perímetro cefálico (antropometria) e PA. Diagnosticar crescimento, estado nutricional, vacinação, alimentação, desenvolvimento neuropsicomotor, ambiente físico e emocional (exposições). (CEVADA) 10- RECONHECER A APLICAÇÃO DOS PROGRAMAS DE VIGILÂNCIA NUTRICIONAL DO MS (SISVAN) A avaliação contínua do perfil alimentar e nutricional da população e seus fatores determinantes compõem a Vigilância Alimentar e Nutricional (VAN). Recomenda-se que nos serviços de saúde seja realizada avaliação de consumo alimentar e antropometria de indivíduos de todas as fases da vida e que estas observações possam ser avaliadas de forma integrada com informações provenientes de outras fontes de informação, como pesquisas, inquéritos e outros Sistemas de Informações em Saúde (SIS) disponíveis no SUS. Para exercer a Vigilância Alimentar e Nutricional ampliada é importante a adoção de diferentes estratégias de vigilância epidemiológica, como inquéritos populacionais, chamadas nutricionais, produção científica, com destaque para a VAN nos serviços de saúde. Estas estratégias juntas irão produzir um conjunto de indicadores de saúde e nutrição que deverão orientar a formulação de políticas públicas e também das ações locais de atenção nutricional. A avaliação do estado nutricional da população atendida na atenção básica ocorre por meio do SISVAN Web. Trata-se do sistema informatizado que possui dois tipos de acesso: público e restrito. Os relatórios consolidados são públicos e podem ser acessados por qualquer pessoa no sítio eletrônico do Departamento de Atenção Básica. A outra modalidade de acesso é o módulo de "Acesso Restrito", onde se usa a senha do município. Todo município brasileiro deve ter um responsável pelo SISVAN cadastrado no Sistema de Cadastro de Gestores de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, que deve ser o responsável pelo cadastro do(s) técnico(s) locais. Por meio do "Acesso Restrito" da pra registrar o tipo de acompanhamento realizado, como o atendimento de usuários da atenção básica, de beneficiários do Programa Bolsa Família e/ou de outras estratégias, como Chamadas Nutricionais.
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