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Existe uma série de mecanismos que regulam a fome e saciedade. Fome = desejo por comida, e pode ser qualquer comida. Apetite = desejo por uma comida específica. Saciedade: contrário da fome, estar saciado, acaba com a apetite e fome. ✓ Existem locais específicos do encéfalo que controlam a fome e saciedade, especialmente o hipotálamo. Hipotálamo é subdividido em núcleos: a interação entre os núcleos hipotalâmicos levam a fome ou saciedade. ▪ Núcleo lateral do hipotálamo: É responsável pela fome, é o centro da fome, ele que estimula o indivíduo a buscar comida. Estimulação dele leva a hiperfagia (comer vorazmente). Destruição: ausência de desejo por comida e inanição progressiva. ▪ Núcleos ventromediais: Centro da saciedade: Causa sensação de satisfação nutricional: vai inibir o centro da fome. A estimulação: afagia e saciedade completa (mesmo na presença de comida). Destruição: comer de modo voraz e contínuo: obesidade. ▪ Núcleo arqueado: Vai sofrer a influência de hormônios: por exemplo: numa semana em que se está muito estressado: o cortisol está elevado, interage com o núcleo arqueado, aumentando a fome. Sofre ação de hormônios que são produzidos no TGI e no tecido adiposo. Esses hormônios se ligam ao núcleo e por influência esse núcleo promove fome ou saciedade. Grelina: principal hormônio da fome, é produzida quando o estômago está vazio, estômago e duodeno começam a produzir. A grelina vai para o sangue, do sangue ela alcança o núcleo arqueado do hipotálamo e dele vai estimular a fome. A insulina é produzida quando a glicemia está elevada, vai até o núcleo arqueado, e ativa o centro da saciedade. A leptina é produzida principalmente no tecido adiposo, quanto mais adiposo, mais leptina, vai causar saciedade, atua no núcleo arqueado. ▪ Núcleo paraventriular: Está relacionado com saciedade, lesões nesse núcleo leva o excesso de ingestão de alimentos. ▪ Núcleo dorsomedial: Está relacionado a fome, lesões reduzem o comportamento alimentar, causam redução da ingestão de ingestão. ✓ A fome e saciedade é regulada por uma intensa comunicação entre os núcleos hipotalâmicos. Essa comunicação vai ser influenciada por hormônios, sinais mecânicos, que podem estimular ou inibir o centro da fome e da saciedade. Sinais: Enchimento gástrico, sinais químicos dos nutrientes no sangue (glicose, aminoácidos, ácidos graxos), hormônios gastrointestinais, hormônios do adiposo, sinais do córtex cerebral (visão, olfato, paladar). A leptina produzida no adiposo vai inibir o centro da fome ativar o centro da saciedade. A grelina produzida pelo estômago vai ativar o centro da fome e inibir o centro da saciedade. A distensão do estômago, o aumento do tamanho do estômago quando o alimento chega nele, vai inibir o centro da fome e ativar o centro da saciedade. → Diminuem a ingestão de alimentos (anorexígenos). → Aumentam a ingestão de alimentos (orexígenos). ▪ Anorexígenos: Alfa-MSH, leptina, serotonina, norepinefrina, hormônio liberador de corticotropina, insulina, colecistocinina (CCK), peptídeo semelhante ao glucagon (GLP), transcrito regulado pela cocaína e pela anfetamina (CART), peptídeo YY (PYY). Tiram a fome, ativam o centro da saciedade, reduz a ação do centro da fome. ▪ Orexígenos: trazem a fome: Neuropeptídeo Y (NPY), proteína relacionada à agouti (AGRP), hormônio concentrador de melanina (MCH), orexinas A e B, endorfinas, galanina (gal), aminoácidos (glutamato e ácido y- aminobutírico), cortisol, grelina, endocanabinoides (maconha por exemplo). Já a cocaína, tira a fome, efeito anorexígeno. → Núcleo arqueado do hipotálamo: Ativado por hormônios que estimulam o centro da fome ou da saciedade. Tem 2 tipos de neurônios: - neurônios pró-opiomelanocortina (POMC) e os neurônios que não tem nome: • POMC: Esses neurônios quando ativados pelos hormônios, vão produzir alfa-MSH e CART, que reduzem a ingestão de alimentos e aumentam o gasto energético, ativam o centro da saciedade. Alfa-MSH ainda é capaz de sair do núcleo arqueado do hipotálamo e alcançar o núcleo paraventricular do hipotálamo, se liga ao receptor tipo 4, MSR4, reduz a ingestão de alimentos, aumenta a atividade simpática, e aumenta o gasto energético. • Quando os neurônios sem fome são ativados, tem a liberação de neuropeptídeo Y (NPY) e de proteína relacionada ao agouti (AGRP): Quando esses 2 neurotransmissores são produzidos vamos ter um aumento na ingestão de alimentos e uma redução no gasto energético. Ex: A grelina produzida na ausência de alimentos vai até os neurônios que não tem nome no núcleo arqueado, vai fazer com que esses neurônios sem nome produzam NPY e AGRP. O AGRP se liga ao receptor tipo 4 e bloqueia a ligação do alfa- MSH, aumentando a ingestão de alimentos, ativando o centro da fome. O AGRP é um antagonista do alfa- MSH. Quando os neurônios POMC são ativados vai ocorrer a diminuição da ingestão de alimentos. Quando os neurônios sem nome são ativados, vai ocorrer o aumento da ingestão de alimentos. Núcleo arqueado do hipotálamo é alvo dos hormônios: leptina, insulina, CCK e grelina, produzidos no TGI. Em pacientes obesos, há uma tendência a ter mutação no receptor tipo 4, MCR4. Quando o paciente tem um defeito nesse receptor, o alfa- MSH não se liga a esse receptor, não vai ter efeito de saciedade, não reduz a ingestão de alimentos. Se tiver uma hiperação da via alfa-MSH, o paciente vai ter anorexia, não vai sentir fome, vai ter perda de peso. Excesso de AGRP pode levar a obesidade. O AGRP aumenta a ingestão de alimentos, bloqueia o alfa- MSH, então tem um aumento da ingestão de alimentos. NPY: produzido pelos neurônios sem nome, estimula o apetite quando os estoques energéticos estão baixos. → Existe também o controle mecânico: Quanto mais mastigamos, mais esses sinais são encaminhados pro tronco encefálico, e o tronco encefálico sinaliza essas informações para o hipotálamo, ativando o centro da saciedade. O ato de salivar, lamber os lábios, mastigar e deglutir são controlados pelo tronco encefálico e esses sinais são encaminhados ao hipotálamo, causando a ativação do centro da fome ou da saciedade. Existe uma região no encéfalo chamada de amígdala, também ajuda a controlar o apetite. Lesões nela levam a cegueira psíquica, onde o paciente perde o controle do apetite, que determina o tipo e a qualidade da comida que ingere. ✓ Fatores que regulam a quantidade ingerida de alimentos: → Regulação a curto prazo: Enchimento gastrointestinal: o enchimento do estômago e do duodeno vai levar uma distensão. Eles aumentando de tamanho enviam sinais de inibição da fome via nervo vago até o centro da fome, inibindo o centro da fome e ao mesmo tempo estimulando o centro da saciedade. Quando o estômago e o duodeno se esvaziam, vai acontecer o contrário. Hormônios: CCK: entrada de gordura e proteínas no intestino leva o duodeno a liberar CCK, que vai também via nervo vago estimular a saciedade. PYY: (peptídeo): hormônio secretado no intestino pelo ÍLEO cólon: vai reduzir o apetite, causar saciedade, porque ele é produzido quando o alimento chega no intestino, PYY também vai atuar no núcleo arqueado. O hormônio GLP: (peptídeo semelhante ao glucagon): secretado pelo intestino: estimulado pela presença de alimentos nos intestinos, vai promover a secreção de insulina pelo pâncreas, suprimindo o apetite. Grelina: secretada pelas células oxínticas do estômago, mas também pelo intestino, vai ter níveis elevados durante o jejum, e redução após refeição. Receptores orais: Fatores orais: mastigação, salivação, deglutição, paladar. ‘’Medem’’ a quantidade de comida que passa pela boca: enviam esses sinais para o hipotálamo, inibindo o centro da fome ativando o centroda saciedade → Regulação intermediária e a longo prazo: Concentração sanguínea de nutrientes: Concentração de glicose, aminoácidos e lipídios no sangue ajuda a controlar a ingestão de alimentos; se estiver elevado, vamos ter redução da fome, se estiver reduzido, uma indução da fome. Teoria glicostática: aumento da glicose sanguínea, ativa neurônios glicorreceptores no centro da saciedade e reduz a ativação de neurônios glicossensitivos no centro da fome. ✓ Regulação da temperatura e a ingestão de alimentos: O aumento da ingestão de alimentos, especialmente de alimentos bem gordurosos, serve para regular a temperatura do corpo. Frio: aumenta a ingestão de alimentos, aumenta o metabolismo e fornece gordura para o isolamento térmico. Calor: redução na ingestão de alimentos. Sinais de feedback do tecido adiposo: Leptina é produzida pelo tecido adiposo, peptídeo liberado pelos adipócitos. Atravessa a barreira hematoencefálica e alcança o núcleo arqueado do hipotálamo; defeito nos receptores de leptina POMC podem ocasionar a obesidade. ✓ Ações da leptina nos receptores hipotalâmicos: 1. Vai nos neurônios sem nome e reduzem a produção de NPY e AGRP. 2. Ativa os neurônios POMC que liberam alfa- MSH, que se liga ao receptor tipo 4, promovendo o aumento do gasto metabólico, aumento da atividade simpática, e a redução na ingestão de alimentos. 3. Aumento na produção do hormônio liberador de corticotropina: redução da ingestão de alimentos. 4. Aumento da atividade simpática: aumento do metabolismo e do gasto energético. 5. Redução na secreção de insulina: redução no armazenamento energético. OBS: a inibição da recaptação de serotonina, leva a mais tempo na fenda sináptica, causando uma sensação de bem estar, reduzindo a ansiedade e ainda reduzindo a fome. Patologias associadas à alimentação: → Obesidade: pode ser definida como um excesso de gordura corporal. Um marcador substituto para o conteúdo adiposo do corpo é o índice de massa corporal: peso/altura em m2. → Inanição: oposto de obesidade e se caracteriza por perda extrema de peso. Pode ser provocada: 1- Inadequada disponibilidade de comida. 2- Condições fisiopatológicas que reduzem, de forma muito acentuada, o desejo por alimento: incluindo distúrbios psicogenéticos, anormalidades hipotalâmicas e fatores liberados pelos tecidos periféricos. Doenças graves como o câncer. → Caquexia: Distúrbio metabólico de aumento do gasto energético, acarretando perda ponderal maior do que a provocada pela redução isolada da ingestão alimentar. Anorexia e a caquexia muitas vezes, acontecem juntas em vários tipos de câncer ou na síndrome consumptiva, observada em pacientes com AIDS e em distúrbios inflamatórios crônicos. Quase todos os tipos de câncer causam anorexia e caquexia, e mais da metade dos pacientes cancerosos desenvolve a síndrome anorexia- caquexia, durante o curso da doença.
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