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4 SEM Prática de Ensino Anos Iniciais UNID 3 As Áreas de Matemática e Ciências da Natureza A Área de Matemática O conhecimento matemático é de inegável importância para a aplicação na vida escolar e nas práticas sociais, já que permeia inúmeros tipos de situações e vivências. A BNCC coloca a matemática como mais do que uma área que ensina a quantificar e realizar operações. Ela é vista como uma formadora de pensamentos abstratos, que organizam, relacionam e identificam padrões em fenômenos de espaço, movimento, etc., associados ou não ao mundo físico (BRASIL, 2017, p. 265) Também vale destacar que a BNCC firma a matemática como uma ciência hipotética e dedutiva, mas aponta também o seu caráter metodológico de fundamentação em axiomas e postulados. Dessa maneira, a matemática também deve auxiliar a entender de que maneira são criados dados científicos e experimentações replicáveis. No contexto do Ensino Fundamental, é essencial que o aluno veja aplicações práticas dos conhecimentos que sabe em teoria. As experimentações empíricas são parte essencial do processo de aprendizagem nos diversos campos da matemática (Aritmética, Álgebra, Geometria, Estatística e Probabilidade). Também é importante considerar o conceito de letramento matemático, que assegura o reconhecimento dos conhecimentos adquiridos em situações variadas e é definido na BNCC como: as competências e habilidades de raciocinar, representar, comunicar e argumentar matematicamente, de modo a favorecer o estabelecimento de conjecturas, a formulação e a resolução de problemas em uma variedade de contextos, utilizando conceitos, procedimentos, fatos e ferramentas matemáticas. (BRASIL, 2017, p. 266 ) A esse pensamento associam-se os processos matemáticos, que dizem respeito à investigação, resolução de problemas, modelagem e capacidade analítica. Esses processos nascem na matemática, mas extrapolam para outros momentos e situações. Sendo assim, são apresentadas as competências específicas da matemática para o Ensino Fundamental. Matemática no Ensino Fundamental – Anos iniciais É importante entender que a matemática dos anos iniciais deve ser fundamentada na compreensão dos objetos matemáticos e de suas aplicações. Conforme consta no documento: Na Matemática escolar, o processo de aprender uma noção em um contexto, abstrair e depois aplicá-la em outro contexto envolve capacidades essenciais, como formular, empregar, interpretar e avaliar – criar, enfim –, e não somente a resolução de enunciados típicos que são, muitas vezes, meros exercícios e apenas simulam alguma aprendizagem. (BRASIL, 2017, p. 277 ) Assim, a clássica aprendizagem das quatro operações fundamentais é de grande importância, mas as práticas de ensino não se devem restringir a isso. Habilidades como cálculos mentais e estimativas, bem como uso de calculadoras e outras tecnologias, também deve aparecer nas práticas desenvolvidas. Nesses anos, as práticas de ensino devem retomar as experiências dos alunos com números, formas e espaço, considerando aquilo que aprenderam em seu contexto familiar e social e na Educação Infantil. A BNCC propõe cinco unidades temáticas da matemática com base nos campos da matemática apresentados acima (Aritmética, Álgebra, Geometria, Estatística e Probabilidade). • Números: deve desenvolver o pensamento numérico, permitindo ao aluno desenvolver quantificações e criar argumentos nessa linha. Nos anos iniciais, os alunos devem aprender a resolver problemas “com números naturais e números racionais cuja representação decimal é finita” (BRASIL, 2017, p. 268) e compreender significado das operações, realizando cálculos mentais, estimativas e uso de calculadoras. A leitura, a escrita e a ordenação também devem ser trabalhadas nessa fase; • Álgebra: visa o desenvolvimento do pensamento algébrico e sua consequente capacidade de resolver problemas usando modelos matemáticos “na compreensão, representação e análise de relações quantitativas de grandezas e, também, de situações e estruturas matemáticas, fazendo uso de letras e outros símbolos” (BRASIL, 2017, p. 270). Para a BNCC, nos anos iniciais, não são usadas letras para representar números, mesmo em operações simples, mas as noções desse pensamento devem ser trabalhadas por meio de aspectos como regularidade, generalização de padrões e propriedades da igualdade; • Geometria: considera o conhecimento necessário para resolver problemas do mundo físico em diversas áreas do conhecimento. Deslocamentos e posicionamentos no espaço, bem como formas e relações entre figuras planas e espaciais, são o fundamento do desenvolvimento desse tipo de pensamento. Também associa as ideias de construção, representação e interdependência. Nos anos iniciais, os alunos devem aprender sobre localização, deslocamento e saber criar representações de objetos, usando papel ou ferramentas digitais. Os alunos também devem saber nomear polígonos e identificar suas características e as de figuras tridimensionais, entendendo os conceitos de lados, vértices e ângulos. Também deve ser iniciado o estudo de transformações geométricas, com foco em simetrias, por meio de representações em plano cartesiano ou papel quadriculado; • Grandezas e medidas: unidade que busca o ensino-aprendizagem da quantificação das grandezas do mundo físico, também consolidando noções de número, conhecimento geométrico e pensamento algébrico. Assim, propõe o uso de medidas, métricas e as relações entre elas, sendo facilmente integrada com outras áreas, como Ciências (grandezas do Sistema Solar, por exemplo, ou velocidade da luz) e Geografia (escalas de mapas, por exemplo). Nos anos iniciais, os alunos devem entender que “medir é comparar uma grandeza com uma unidade e expressar o resultado da comparação por meio de um número” (BRASIL, 2017, p. 273). Eles também devem resolver problemas cotidianos de medidas e aplicá-los em práticas de consumo e outras possibilidades, desenvolvendo posturas críticas e éticas. Por isso, essa unidade pode se apoiar em práticas que não envolvam situações óbvias de medidas e sim em contextos que façam parte da realidade do aluno ; • Probabilidade e estatística: unidade que estuda “conceitos, fatos e procedimentos presentes em muitas situações-problema da vida cotidiana, das ciências e da tecnologia” (BRASIL, 2017, p. 273). Foca na incerteza e no tratamento de dados, com uso de tecnologias para pesquisar, coletar, organizar e interpretar resultados. Nos anos iniciais, a probabilidade deve ser trabalhada sob a ótica de que nem todos os fenômenos são determinísticos, que há aleatoriedade e que, com base em análises, há “eventos certos, eventos impossíveis e eventos prováveis” (BRASIL, 2017, p. 274). A Área de Ciências da Natureza O desenvolvimento tecnológico e científico, em sua relação com os recursos naturais e com a vida que conhecemos, é o foco dos estudos na área de Ciências da Natureza. Essa área visa à educação integral, considerando os elementos descritos atrelados a conhecimentos éticos, políticos e culturais (BRASIL, 2017, p. 321). Também é importante salientar que essa área, no Ensino Fundamental, representa um dos primeiros contatos do aluno com a ciência. Portanto, as Ciências da Natureza também têm um compromisso com o desenvolvimento do letramento científico, “que envolve a capacidade de compreender e interpretar o mundo (natural, social e tecnológico), mas também de transformá-lo com base nos aportes teóricos e processuais das ciências” (BRASIL, 2017, p. 321), embora não seja a sua finalidade específica e sim um desenvolvimento conjunto. Nesse sentido, cabe a essa área trazer o acesso aos conhecimentos científicos, apresentando seus processos, práticas e procedimentos. Isso é essencial para que o aluno consiga entender a diferença entre a produção de conhecimento científico e saberes do senso comum ou da empiria, por exemplo. Por isso, devem haver práticas de ensino queexponham os alunos a situações investigativas e que demonstram a importância do conhecimento científico para o entendimento de situações cotidianas. Esse aspecto do ensino de ciências nas escolas é muito importante, pois deve influenciar a maneira como as práticas de ensino são realizadas. Por isso, é importante conferir a tabela a seguir, que reproduz o conteúdo apresentado na BNCC referente às situações que devem acontecer para que o aluno possa desenvolver certas potencialidades. – Situações que devem ser trabalhadas em práticas de ensino para estimular o conhecimento científico do aluno Definição de problemas • Observar o mundo à sua volta e fazer perguntas; • Analisar demandas, delinear problemas e planejar investigações; • Propor hipóteses. Levantamento, análise e representação Planejar e realizar atividades de campo (experimentos, observações, leituras, visitas, ambientes virtuais etc.); • Desenvolver e utilizar ferramentas, inclusive digitais, para coleta, análise e representação de dados (imagens, esquemas, tabelas, gráficos, quadros, diagramas, mapas, modelos, representações de sistemas, fluxogramas, mapas conceituais, simulações, aplicativos etc.); • Avaliar informação (validade, coerência e adequação ao problema formulado); • Elaborar explicações e/ou modelos; • Associar explicações e/ou modelos à evolução histórica dos conhecimentos científicos envolvidos; • Selecionar e construir argumentos com base em evidências, modelos e/ou conhecimentos científicos; • Aprimorar seus saberes e incorporar, gradualmente, e de modo significativo, o conhecimento científico; • Desenvolver soluções para problemas cotidianos usando diferentes ferramentas, inclusive digitais. Comunicação Organizar e/ou extrapolar conclusões; • Relatar informações de forma oral, escrita ou multimodal; • Apresentar, de forma sistemática, dados e resultados de investigações; • Participar de discussões de caráter científico com colegas, professores, familiares e comunidade em geral; • Considerar contra-argumentos para rever processos investigativos e conclusões. Intervenção • Implementar soluções e avaliar sua eficácia para resolver problemas cotidianos; • Desenvolver ações de intervenção para melhorar a qualidade de vida individual, coletiva e socioambiental. Ciências no Ensino Fundamental – Anos iniciais A área das Ciências da Natureza possui as Ciências como componente curricular do Ensino Fundamental. Assim, ela permite que o aluno aprenda mais sobre si mesmo, sobre a vida, sobre as questões inerentes da Terra e do Universo, fornecendo ferramentas importantes para que o aluno possa entender e agir no mundo em que vive. A BNCC propõe três unidades temáticas para esse componente: • Matéria e energia: unidade que aborda os materiais e suas transformações, fontes e tipos de energia usados pela vida e pela sociedade. Nos anos iniciais, a unidade deve aproveitar o conhecimento que a criança obtém do convívio com diferentes objetos, energias, sons e luzes, por exemplo. Também é importante que a criança entenda a lógica produtiva e de consumo, desenvolvendo ideias positivas e consumo consciente e sustentável, bem como reciclagem e redução de poluentes. A BNCC sugere que esses temas sejam trabalhos em contextos locais, como a escola, residência ou bairro da criança ; • Vida e evolução: entender a vida como um fenômeno natural e social, considerando suas possibilidades e seus seres (humanos ou não) é o foco dessa unidade. Os ecossistemas e a diversidade também devem ser tópicos trabalhados, assim como a preservação e a importância de uma visão abrangente e integrada sobre esses tópicos. Nos anos iniciais, “as características dos seres vivos são trabalhadas a partir das ideias, representações, disposições emocionais e afetivas que os alunos trazem para a escola” (BRASIL, 2017, p. 326). O foco dessas observações e aplicações também deve ser a realidade prática do aluno e aquilo que ele já conhece ; • Terra e Universo: unidade voltada para o estudo da Terra enquanto um planeta dentro do Sistema Solar e aos demais aspectos sobre o Universo e seus componentes – a composição do planeta, suas formas de localização e orientação, a influência na vida humana e os fenômenos celestes são alguns exemplos de temas que devem ser trabalhados nessa unidade. Nos anos iniciais, essa unidade desperta grande interesse e isso deve ser usado para estimular o aluno a entender e produzir saberes. Por isso, práticas como representações e sistematizações dos elementos dessa unidade são boas formas de aguçar esse interesse e aprofundar o conhecimento, assim como a observação de fenômenos (nascer do Sol, por exemplo). É importante também integrar esses conhecimentos com grandes marcos do desenvolvimento da humanidade (orientação por astros e a recente geolocalização, por exemplo).