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1 Universidade de Brasília Faculdade de Ceilândia Farmácia MEL Conceitos e determinações Curso: Farmácia Disciplina: Bromatologia Profa. Dra. Eliana Fortes Gris Mel Definição “O produto alimentício produzido pelas abelhas melíferas a partir do néctar das flores ou das secreções procedentes de partes vivas das plantas ou de excreções de insetos sugadores de plantas que ficam sobre partes vivas das plantas, que as abelhas recolhem, transformam, combinam com substâncias específicas próprias, armazenam e deixam maturar nos favos da colméia.” (RTIQ) Mel Fontes A fonte principal néctar das flores: substância aquosa secretada pelos vegetais através de glândulas especializadas, açúcares dissolvidos secretados pelos nectários e colhido pelas abelhas Outra fonte (pequena proporção) é o mel originado do orvalho (folhas de certas plantas, cochonilhas) e substâncias doces diversas (bagaço de cana-de-açúcar e frutas) Mel Elaboração do mel Duas modificações – reações – principais sofridas pelo néctar: Física desidratação no papo e na colméia Química transformação da sacarose pela invertase glicose e frutose Em menor escala outras reações: Amido amilases maltose Glicose glicose-oxidase ácido glucônico e peróxido de hidrogênio Mel Elaboração do mel O néctar sofre no trajeto: Boca ao papo (vesícula melífera) ação das enzimas: invertase, amilase e glicose-oxidase estando pronto assim para ser regurgitado nos alvéolos do favo continuando parte das reações nestes alvéolos ocorre a maturação do mel culminando com a operculação dos favos Mel Classificação (RT) 1. Por sua origem botânica: Mel de flores e Méis de melato (melada, melado) 2. Segundo o procedimento de obtenção: Mel escorrido, Mel prensado, Mel centrifugado, Mel filtrado 3. Segundo sua apresentação: Mel, Mel em favos ou mel em secções, Mel com pedaços de favo, Mel cristalizado ou granulado, Mel cremoso 4. Segundo seu destino: Mel para consumo direto, Mel para utilização na indústria (mel para uso industrial) 2 Mel Composição e Requisitos (RT) Composição Solução concentrada de açúcares com predominância de glicose e frutose Contém ainda: mistura complexa de outros hidratos de carbono, enzimas, aminoácidos, ácidos orgânicos , minerais, substâncias aromáticas, pigmentos, cera e grãos de pólen Requisitos 1. Características Sensoriais Cor - Será variável desde quase incolor até a coloração pardo-escura, porém sendo uniforme em todo volume do envase que o contenha Sabor e aroma - Deverá ter sabor e aroma característicos e estar livre de sabores e aromas indesejáveis Consistência - Poderá ser fluida, viscosa ou cristalizada total ou parcialmente Mel Requisitos (RT) 2. Características Físico-químicas 2.1 Maturidade a) Açúcares redutores (calculados como açúcar invertido): Mel de flores: mínimo 65 g/100 g (%); Mel de melado e sua mistura com mel de flores: mínimo 60% b) Umidade máximo 20% c) Sacarose aparente Mel de flores: máximo 6%; Mel de melado e suas misturas: 15% 2.2. Pureza a) Sólidos insolúveis em água máx. 0,1% (exceto no mel prensado, que se tolera até em 0,5%) b) Minerais (cinzas) máx. 0,6%. (mel de melado e suas misturas com méis de flores se tolera até 1,2%) Mel Requisitos 2. Características Físico-químicas 2.3 Deterioração a) Fermentação mel não deverá ter indícios de fermentação nem será efervescente Acidez livre máx. 50 milequivalentes/Kg b) Grau de frescura determinado depois do tratamento- Atividade diastásica: máx. 8 na escala de Göthe Hidroximetilfurfural máx. 60mg/kg c) Conteúdo de pólen o mel deverá ter seu conteúdo normal de pólen, o qual não deve ser eliminado no processo de filtração É expressamente proibida a utilização de qualquer tipo de aditivo!! Mel Características Características Físico-químicas e nutricionais Valor calórico 328 Kcal Teor de umidade máx. 20 (17) Proteínas 0,4 a 0,8 Carboidratos ~ 82 Frutose ~ 38 Glicose ~ 32 Sacarose ~ 5 Maltose ~ 7 Outros (amido, dissacarídeos..) ~ 1 Mel Características Cristalização Formação de hidratos de glicose (forma sólida) Processo natural que não prejudica o mel Geralmente o conteúdo de levulose (frutose) é mais alto, por isso o mel resiste à cristalização T influencia na cristalização: 23 a 25 ºC ideal para cristalização acima de 48ºC não há cristais Mel Adição de água Adição de xarope de açúcares (glicose ou sacarose) Adição de substâncias protéicas (que pode ser confundido com alimentação inadequada das abelhas) Adição de amido hidrolisado (mel falso), com presença de amidos e dextrinas Principais fraudes 3 Mel Principal densidade Consumidor: Mel puro: Mais denso Cristaliza-se de forma homogênea Mel falso: Quase transparente Cristaliza-se em fases No entanto são necessárias análises laboratoriais, para que possamos definir a identidade e qualidade do produto!! Detecção das principais fraudes Mel Principais análises de controle de qualidade de mel As determinações usuais em mel incluem, entre outras: umidade, acidez total, açúcares redutores, sacarose aparente, cinzas, sólidos insolúveis em água, hidroximetilfurfural (HMF), atividade diastásica e as diferentes reações que podem fornecer indicações sobre a adulteração do mel: reações de Lund, Fiehe, e de Lugol. Mel Principais análises de controle de qualidade de mel – RTIQ Mel Preparo da amostra: Mel fluido basta homogeneizá-lo bem com auxílio de um bastão de vidro Semi-cristalizado ou cristalizado liquefazer a amostra em banho-maria sob agitação constante, sem deixar a temperatura ultrapassar 60 oC e esfriar rapidamente P.S.: Separar uma alíquota para as determinações das provas enzimáticas e do hidroximetilfurfural Principais determinações físico-químicas Mel 1 Determinação da umidade O método usado universalmente é a refratometria a 20 oC e a interpretação é feita através da tabela de Chataway. O aparelho indicado é o refratômetro de Abbé, com circulador de água a 20oC. Principais determianções físico-químicas Índice de Refração à 20ºC Sólidos solúveis em % Peso específico à 20ºC Umidade em % Índice de Refração à 20ºC Sólidos solúveis em % Peso específico à 20ºC Umidade em % 1,4844 79,0 1,3966 21,0 1,4945 83,2 1,4254 16,8 1,4849 79,2 1,3979 20,8 1,4853 79,4 1,3992 20,6 1,4950 83,4 1,4267 16,6 1,4858 79,6 1,4006 20,4 1,4955 83,6 1,4282 16,4 1,4862 79,8 1,4020 20,2 1,4960 83,8 1,4295 16,2 1,4866 80,0 1,4033 20,0 1,4965 84,0 1,4310 16,0 1,4871 80,2 1,4046 19,8 1,4970 84,2 1,4324 15,8 1,4876 80,4 1,4060 19,6 1,4975 84,4 1,4338 15,6 1,4880 80,6 1,4074 19,4 1,4980 84,6 1,4352 15,4 1,4885 80,8 1,4087 19,2 1,4985 84,8 1,4367 15,2 1,4890 81,0 1,4101 19,0 1,4990 85,0 1,4381 15,0 1,4895 81,2 1,4115 18,8 1,4995 85,2 1,4395 14,8 1,4900 81,4 1,4129 18,6 1,5000 85,4 1,4409 14,6 Mel 2 Determinação do pH Procedimento: pesar cerca de 10 g de mel e diluir com cerca de 75 mL de água deionizada e/ou destilada, homogeneizar e medir o pH (pHmetro). Observações: para o pH do mel, valores médios são da ordem de 3,3 - 4,6 3 Determinação de acidez Titulação neutralização de uma massa de mel por solução de NaOH 0,1 N até pH 8,3 - pHmetro A acidez do mel não pode ser superior a 50 mEq/kg 4 Resíduo Mineral Fixo Cinzas sulfatadas limite máximo de cinzas= 0,6 % Principais determinações físico-químicas 4 Mel 5 Determinação de insolúveis em água Fundamenta-se na insolubilidade na água da cera, grãos de pólen e outros componentes do sedimento do mel.Procedimento: Pesar de 50 g da amostra em um béquer de 400 mL, adicionar 200 mL de água quente e deixar em ebulição durante 20 minutos, substituindo a água evaporada; Filtrar em papel de filtro Whatman no 4 ou equivalente (previamente lavado com água quente, colocado em pesa-filtro e aquecido em estufa a 100-110oC, durante 1 hora, resfriado em dessecador até a temperatura ambiente e pesado). Lavar com 800 mL de água quente. Eliminar o excesso de água por sucção. Colocar o papel de filtro com o resíduo no mesmo pesa-filtro e aquecer em estufa a 100-110oC. Resfriar em dessecador e pesar, até peso constante. Principais determinações físico-químicas Mel 5 Determinação de insolúveis em água Cálculo: 100 x N = sólidos insolúveis em água P por cento m/m N (massa em gramas de insolúveis)= massa do papel com resíduo menos massa do papel seco P = massa em gramas da amostra Principais determinações físico-químicas Sólidos insolúveis em água ou sólidos totais: máx. 0,1 % Mel 6 Determinação de açúcares redutores Método de Fehling Fundamento: A reação baseia-se na redução de solução alcalina de CuSO4 em presença de tartarato de sódio e potássio. O sulfato de cobre em meio alcalino (solução de Fehling) é reduzido a óxido cuproso formando um precipitado vermelho. O ponto final da reação é indicado pelo azul de metileno, que é reduzido a sua forma incolor por um pequeno excesso de açúcar redutor 2 Cu2+ açúcar (agente redutor) Cu2O Determinação de sacarose aparente Principais determinações físico-químicas Mel 7 Reação de Lund Indica adulteração pela adição de água e também pela adição de substâncias proteicas Fundamento: precipitação de um albuminóide natural do mel pela adição de ácido tânico (desnatura as proteínas) Procedimento: Pesar cerca de 2g de amostra e dissolver com um pouco de água , transferir para uma proveta de 50 mL com tampa esmerilhada; Adicionar 5 mL de solução de ácido tânico a 0,5% e completar para marca de 40 mL; Deixar em repouso por 24 horas Principais análises Mel 7 Reação de Lund Interpretação dos resultados: Precipitado em pequena concentração (< 0,6mL) fraude por adição de diluidor ou o produto não é mel; Precipitado em concentração entre 0,6 e 3,0 mL mel puro; Precipitado em grande concentração (> 3,0mL) fraude por adição de substâncias protéicas (albuminas) ou indicação de alimentação inadequada das abelhas com hidrolisado protéico (não é permitido) Principais análises Mel 8 Reação de Lugol Indica adulteração pela adição de amido e dextrinas mel “falso” (amido hidrolisado) Fundamento: baseia-se na mudança de cor devido à reação do amido/dextrinas com o iodo do lugol coloração azul escura (amido) a castanho- esverdeada (dextrinas) Deve-se fazer um branco (mel puro) para comparação Reação colorimétrica qualitativa Principais análises 5 Mel 8 Reação de Lugol Procedimento: Pesar cerca de 10 g da amostra em um béquer de 50 mL; Adicionar 10 mL de água e agitar; Adicionar 1 mL da solução de Lugol. Resultado: Na presença de glicose comercial a solução ficará colorida de vermelho-violeta à azul A intensidade da cor depende da qualidade e da quantidade das dextrinas presentes na glicose comercial Fazer a mesma prova com mel puro para comparar Principais análises Mel 9. Reação de Fiehe Indica adulteração pela adição de xarope de açúcares ou super aquecimento do mel devido à produção de hidroximetilfurfural (HMF, produto de degradação de açúcares) Fundamento: mudança de cor devido à reação entre uma solução de éter e resorcina (em meio ácido) com o HMF da solução da amostra, caso esteja presente cor vermelha intensa Análise colorimétrica qualitativa Principais análises Mel 9 Reação de Fiehe Principais análises Procedimento: Pese 5 g de amostra em um béquer de 50 mL; Adicione 5 mL de éter e agite vigorosamente; Transfira a camada etérea para um tubo de ensaio e adicione 0,5 mL de solução clorídrica de resorcina e deixar em repouso por 10 minutos. Resultado Na presença de glicose comercial ou de mel super aquecido, aparecerá uma coloração vermelha intensa, indicando a fraude. Mel 10. Determinação da atividade diastásica Indica super aquecimento do mel (inativa as enzimas diastásicas) ou indica fraude pela adição de mel artificial (ausência das enzimas) Procedimento: 1. Uma solução de amido é adicionada à amostra, permanecendo em contato por 15 minutos (caso as enzimas estejam presentes hidrolisarão o amido); 2. Faz-se então um teste com lugol: Coloração azul escura amido presente (enzimas diastásicas ausentes) superaquecimento do mel ou fraude Coloração castanho-esverdeada ou marrom amido ausente (foi hidrolisado a dextrina ou a glicose, respectivamente, pela diastase) Principais análises ANDRADE, E. Análise de alimentos: uma visão química da nutrição. São Paulo: Varela, 2006. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Defesa Animal. Instrução Normativa n. 11, de 20 de outubro de 2000. Regulamento técnico de identidade e qualidade do mel. NORMAS ANALÍTICAS DO INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Métodos químicos e físicos para análise de alimentos. 4.ed. São Paulo, 2005. MEL Conceitos e determinações
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