Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CENTRO UNIVERSITÁRIO DO SUDESTE MINEIRO – UNICSUM Curso: Nutrição – Disciplina: Composição dos Alimentos Professora: Julia d’Almeida Francisquini Ana Luiza Januário de Carvalho Amanda Souza Oliveira Paula Knüpfer de Oliveira Escurecimento não-enzimático Juiz de Fora 2020 1. Introdução O estudo da composição dos alimentos consiste na compreensão dos nutrientes basilares no funcionamento e renovação do corpo, e esse conhecimento é de suma importância para uma melhor qualidade de vida do ser humano (TACO, 2011). Além disso, é necessário ressaltar que para obter um funcionamento do corpo adequado e prover as necessidades energéticas do organismo, é fundamental a ingestão apropriada dos nutrientes classificados como macronutrientes e micronutrientes (RIBAS M. R. et al, 2015). Macronutrientes são aqueles nutrientes que o corpo necessita em grande quantidade, ou seja, indispensáveis nos organismos e são encontrados de maneira abundante nos alimentos. São os carboidratos, as proteínas e os lipídeos (SOUZA et al., 2016). De maneira oposta aos macronutrientes, os micronutrientes são aqueles que não precisam ser ingeridos em grandes quantidades, porém são de extrema importância para o funcionamento do nosso corpo, eles são encontrados em porções pequenas nos alimentos, caracterizados em vitaminas e minerais (SOUZA et al., 2016). Sabe-se que todos os alimentos sofrem reações químicas, fenômenos esses, estudados na química dos alimentos, que se trata da composição, das propriedades dos alimentos e das transformações químicas que os alimentos sofrem durante o processamento e estocagem. Existem diversos constituintes que fazem parte das matérias primas alimentares, como água, proteína, carboidrato, lipídio, vitaminas, minerais. A interação dessas moléculas entre elas mesmas e outras moléculas, influencia diretamente nas reações aonde elas irão sofrer transformações químicas como desnaturação proteica, a oxidação lipídica, o escurecimento enzimático e o escurecimento não-enzimático, que será o tema analisado neste trabalho (DAMODARAN, 2010). 2. Objetivo do Trabalho O objetivo do presente trabalho foi produzir uma revisão bibliográfica a respeito das reações de escurecimento não-enzimático, entre elas, as reações de maillard e de caramelização, além de demonstrar detalhadamente os conceitos das reações, de que forma as reações advém e apresentar em quais alimentos essas reações são encontradas. 3. Materiais e Métodos O presente estudo se classifica como uma revisão bibliográfica. Para selecionar os artigos foram utilizados os bancos de dados: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), MEDline online (MEDLINE – Literatura Internacional em Ciências da Saúde) e Scientific Electronic Library Online (SciELO). Os seguintes descritores foram utilizados para seleção inicial dos artigos: caramelização, escurecimento não-enzimático, maillard, açúcar e composição dos alimentos. Os trabalhos disponíveis na integra, nos idiomas inglês, português e espanhol, publicados no período de 2004 a 2017, constituíram essa fonte de estudo. A coleta ocorreu no período de setembro a outubro de 2020. Inicialmente foram selecionados 19 artigos, com a seleção de descritores e os critérios de inclusão/exclusão, ocorreu um refinamento para 12 artigos (os demais trabalhos foram excluídos por não atenderem aos objetivos do presente estudo e por estarem disponíveis apenas seus resumos). Finalmente, 6 artigos e 1 livro foram selecionados para constituir essa revisão sistemática. 4. Resultados e Discussão Durante o processo de industrialização, muitos alimentos sofrem processamentos térmicos que garantem a segurança microbiológica, inibindo o crescimento microbiano, a degradação de substâncias tóxicas, a inativação de algumas enzimas e, ainda, o desenvolvimento de substâncias responsáveis pela cor, aroma e palatibilidade dos alimentos, melhorando tanto a aparência quanto o sabor dos mesmos (SHIBAO et al., 2011; FRANCISQUINI et al., 2017). Essas reações térmicas são denominadas como reações de escurecimento não-enzimático, se dividindo entre Reação de Maillard, Caramelização e oxidação do ácido ascórbico (Vitamina C) (SHIBAO et al., 2011). Além dos impactos positivos como citados anteriormente, essas reações também podem levar a efeitos negativos como a redução da biodisponibilidade de alguns aminoácidos essenciais, formação de mutagênicos e formação indesejável de cor como por exemplo, em laticínios tratados termicamente como leite em pó ou UHT (BRIÃO et al., 2011). A Reação de Maillard (RM) foi descoberta em 1912 pelo médico e químico francês Louis-Camille Maillard durante uma tentativa de sintetizar peptídeos em condições fisiológicas. Através de seus estudos, Maillard evidenciou que os aminoácidos juntamente com os açúcares redutores dão início a uma complexa cascata de reações durante o aquecimento, resultando na degradação dos carboidratos (açúcares) na formação de substâncias escuras. Os açúcares redutores que são encontrados nos alimentos e que sofrem a reação de Maillard são: glicose, frutose, galactose, maltose e lactose (FRANCISQUINI et al., 2017; SHIBAO et al., 2011). A RM é dividida em três estágios: estágio inicial, estágio intermediário e estágio final. O estágio inicial baseia-se na condensação do grupo carbonila do açúcar redutor com o grupamento amino livre de aminoácidos, peptídeos ou proteína. Sucedendo ainda em produtos sem sabor, sem aroma e incolores. A fase intermediaria é marcada pelo prolongamento do aquecimento ou armazenamento, além disso, os produtos de amadori originam-se uma serie de reações, como desidratação, enolização e retroaldolização. Nessa segunda fase as cores dos produtos se tornam amareladas e são notáveis os aromas dos produtos. No último estágio da ocorrem reações de fragmentação e polimerização na qual levam à coloração dos alimentos. Alguns fatores afetam a velocidade da reação de maillard, como a temperatura, potencial hidrogeniônico, natureza do carboidrato, natureza dos aminoácidos, atividade de água e catalisadores (SHIBAO et al., 2011). Além da RM, o escurecimento não enzimático apresenta outro tipo de escurecimento, a caramelização. Esta é caracterizada pelo aquecimento do carboidrato, resultando na sua degradação. A caramelização é uma reação popular no cotidiano dos indivíduos, pelo escurecimento do açúcar aquecido, na qual gera o caramelo que uma vez aquecido, acarreta na quebra das ligações glicosídicas, originando novas reações formando os polímeros insaturados, chamados de caramelo (SHIBAO et al., 2011). Diferentemente da reação de Maillard, a caramelização precisa de uma maior energia de ativação, de modo que condições extremas de temperatura e pH precisam ser aplicadas para causar a caramelização dos açúcares (BRIÃO et al., 2011). 5. Conclusão Podemos perceber o quão abrangente é o tema escurecimento enzimático, seja em pontos positivos seja em pontos negativos. Além disso, é importante ressaltar que algumas reações químicas ou bioquímicas podem alterar consideravelmente os alimentos através do contato entre a carbonila e os grupos amina não enzimático na qual é caracterizada pela reação de maillard e caramelização. Tais reações provocam modificações complexas nos alimentos que deverão sempre ser estudas pela ciência e a tecnologia de alimentos. 6. Referências Bibliográficas BRIÃO, V. B. et al. Cinética do escurecimento não-enzimático com soluções modelo de açúcares e aminoácidos em pH neutro e ácido. Acta Scientiarum Technology, v. 33, n. 1, p. 87-93, 2011. DAMODARAN, S. et al. Quimica de alimentos de Fennema. 4ª ed. São Paulo:Artmed, 19 de Janeiro de 2010. FRANSISQUINI, J. A. et al. Reação De Maillard: Uma Revisão. Rev. Inst. Laticínios Cândido Tostes, v. 72, n. 1, p. 48-57, 2017. NEPA – NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM ALIMENTAÇÃO. Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TACO). 1ª ed. Campinas: NEPA – UNICAMP, 2004. 42 p. RIBAS, M. R. et al. Ingestão de macro e micronutrientes de praticantes de musculação de ambos os sexos. RBNE, v. 9, n. 49, p. 91-9, 2015. SHIBAO, J. et al. Produtos da reação de Maillard em alimentos: implicações para a saúde. Rev. Nutr., v. 24, n. 6, p. 895-904, 2011. SOUZA, A. M. et al. ERICA: ingestão de macro e micronutrientes em adolescentes brasileiros. Rev. Saúde Pública, v. 50, n. 1, p. 1-15, 2016.
Compartilhar