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Luíza Barreto – Medicina 2021.1 PAC na Pediatria EPIDEMIOLOGIA • Infecções respiratórias agudas (IRA) correspondem a ¼ de todas as doenças e mortes entre crianças nos países em desenvolvimento. • 2 a 3% das IRA evoluem para infecção do parênquima pulmonar → 10 a 20% evoluirão para óbito por não terem tido acesso ao tratamento adequado em tempo habitual ou durante internação hospitalar (atraso no diagnóstico). • No Brasil, é a primeira causa de internação e a segunda causa de óbito em crianças menores de 5 anos. • Fatores de risco para IRA: o Desnutrição → Fator de risco para qualquer processo infeccioso. o Baixa idade → Quanto menor, maior a chance de desenvolver IRA. o Comorbidades → Seja asma, broncodisplasia, artrite sibilante, anemia falciforme, ou qualquer comorbidade que possa facilitar a infecção. o Baixo peso ao nascer → Pelo risco de uma resposta imune não tão adequada. o Permanência em creche → Higienização e contato com outras crianças. o Episódios prévios de sibilos e pneumonia o Ausência de aleitamento materno → Por conta da parte nutritiva e imunológica. o Vacinação incompleta o Variáveis socioeconômicas e variáveis ambientais → lavagem das mãos, saneamento básico, aglomeração, etc, que favorecem a disseminação de qualquer doença infectocontagiosa. As crianças têm um alto risco para infecção pelo pneumococo → por isso a pneumo10 faz parte do calendário de vacinação no SUS e pneumo13 no particular, fora as outras vacinas. Obs: A maioria das pneumonias não tem indicação de internamento, e sim de acompanhamento ambulatorial. ETIOLOGIA: • O principal agente etiológico a partir dos 5 meses vão ser os vírus (principais agentes de pneumonia em crianças menores de 5 anos). o VSR, seguido dos vírus influenza, parainfluenza, adenovírus, rinovírus. o Menos frequentemente: Varicela-zóster, coronavírus, enterovírus, CMV, EBV, herpes simplex, vírus da caxumba e do sarampo e hantavírus. o Mais recentemente, o metapneumovírus humano (HMPV), o bocavírus e um coronavírus mutante – associado a SARS – têm sido associados à PAC. • Até 90% das pneumonias no 1º ano de vida são de etiologia viral. Quando chega na fase escolar, passa a ser 50% vírus e 50% bactérias. • Os agentes bacterianos são responsáveis pela maior gravidade e mortalidade por pneumonia na infância (Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae e Staphylococcus aureus). Obs: Tem vacina contra o pneumococo e H. influenzae (HIB), mas não tem contra S. aureus. • Coinfecção de vírus e bactérias em crianças com PAC – 23 a 32% (pode abrir com quadro viral e apresentar infecção bacteriana por cima). • Atenção: M. tuberculosis no Brasil → pneumonias de curso arrastado, sempre pensar em TB, principalmente se tiver história de algum contactante, história familiar positiva tratada ou não. Até 2 meses, vai pensar muito nas bactérias de canal de parto → o estreptococo do grupo B veio diminuindo a incidência devido à testagem com o swab anal nas gestantes para saber se está colonizada ou não. Se estiver, já faz logo o antibiótico na hora do parto para reduzir a contaminação. De 2 a 6 meses vai ter principalmente a clamídia, que é uma bactéria que pode ainda estar relacionada com o canal de parto, e ela permanece por mais tempo. A partir dos 2 meses os vírus já ganham um destaque maior. Obs: Bordetella pertussis é o agente etiológico da coqueluche, então toda criança que tiver a tosse coqueluchoide característica (a criança faz tosse, tosse, tosse, tosse, guincho e volta a respirar, podendo fazer rubor facial e as vezes cianose) tem que pensar em coqueluche. De 7 meses a 5 anos o primeiro agente vai ser o vírus, e depois seguido das bactérias. Quando passa dos 5 anos, os germes atípicos já passam a ter prevalência. LIVRO: É difícil estabelecer o diagnóstico etiológico das PAC. Seu curso clínico costuma ser muito semelhante para os diversos agentes, as técnicas diagnósticas são, em geral, de baixa sensibilidade ou de custo elevado e de difícil acesso à maioria dos serviços. Dependendo do número de testes diagnósticos utilizados, o diagnóstico etiológico das PAC pode ser identificado em cerca de 24 a 85% dos casos. QUADRO CLÍNICO: Vai depender de vários fatores, como idade, estado nutricional, doença de base e o agente etiológico, mas de Luíza Barreto – Medicina 2021.1 fato existem três sinais e sintomas mais importantes, que são a febre, tosse e taquipneia. Taquipneia para os pacientes menores de 2 meses é FR maior ou igual a 60 ipm. Entre 2 e 11 meses é FR maior ou igual que 50 ipm e de 1 a 4 anos é considerado quando maior ou igual a 40 ipm. Em pacientes menores, pode ter só febre e ainda assim ser pneumonia (lembrar da febre sem sinais localozatórios). A depender do agente etiológico, pode ou não ter febre, pode ter quadros de sibilância mais exuberantes do que outros, tendo um quadro clínico muito variável. Quadro clínico em relação a outros sintomas: Pode ou não ter abrangência. Se é um quadro de vias aéreas, pode ter sintomas gripais (iniciar com IVAS e evoluir para pneumonia). A depender do agente, da resposta inflamatória e da condição clínica do paciente, pode ter dispneia de intensidade variável. É comum associação com otite e se for uma pneumonia de base pode ter dor abdominal reflexa. Pode ou não ter alteração da ausculta respiratória (não é obrigatório ter). Pode ocorrer redução do FTV (principalmente em casos de derrame pleural). CLASSIFICAÇÃO: • Pneumonia grave: PAC e tiragem subcostal. • Pneumonia muito grave: PAC + recusa de líquidos, convulsões, sonolência excessiva, estridor em repouso, desnutrição grave, aleteo nasal e cianose. • < 2 meses → sinais de doença muito grave: Recusa alimentar, convulsões, sonolência excessiva, estridor em repouso, febre ou hipotermia, além da tiragem subcostal grave. Obs: Se tem uma pneumonia simples, com febre, tosse e taquipneia, não precisa internar o paciente. Se tiver tiragem subcostal, interna em enfermaria, e caso tenha uma pneumonia muito grave, interna em UTI. Obs: Bebês com menos de 2 meses tem uma fragilidade no sistema imunológico, de modo que vão ser internados independente de ter ou não sinais de gravidade. INVESTIGAÇÃO: • Identificar doenças de base (cardiopatias, síndromes aspirativas, pneumopatias crônicas, imunodeficiências, doenças neuromusculares) → Todo paciente que tem uma comorbidade pode ter uma descompensação dessa doença de base em vigência da PAC. Obs: Pacientes com doenças neuromusculares dificilmente conseguirão sustentar a taquipneia para compensar, eles vão rapidamente evoluir para falência respiratória. • Pneumonia afebril (quadro mais atípico) o História de conjuntivite e parto vaginal sugerem infecção por C. trachomatis → Pensar em pneumonia afebril quando chega um RN com essa história; o Tosse coqueluchoide → faz muito mais a tosse do que a febre, apesar de que também pode fazer febre. o História de contato com quadro semelhante em maiores de 5 anos reforçam a suspeita de M. pneumoniae; o Piodermites e/ou lesões osteoarticulares podem ocorrer na pneumonia estafilocócica → pode fazer uma infecção de pele mais importante, uma celulite, uma osteomielite, etc, e com isso pode ter disseminação hematogênica dessa bactéria, podendo causar PAC. Todas as crianças menores que 2 meses devem ser internadas (a taquipneia > 60 já é um fator de gravidade). Em maiores de 2 meses vai internar se houver alteração do nível de consciência ou letargia, sonolência, convulsão, desconforto respiratório (tiragem subcostal ou estridor em repouso), paciente que vomita tudo o que ingere (risco de desidratação, pode complicar o quadro infeccioso, e principalmente pela dificuldade de administrar medicamentos via oral) e recusa de líquidos (pacientedoente faz anorexia, por isso tem que atentar para recusa de LÍQUIDOS). DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: Luíza Barreto – Medicina 2021.1 Pensar em tudo o que causa tosse, taquipneia e sibilância (asma, bronquiolite, fibrose cística, tuberculose...). O que vai ajudar a diferenciar é a sibilância. Na asma vai ter tosse, taquipneia e sibilância, mas vai ter uma história clínica que favorece a isso (quadro habitual). Se não tem história clínica, pode fazer o teste com broncodilatador, e caso a sibilância melhore com o broncodilatador, tem uma probabilidade muito grande de ser asma. Obs: A constrição da asma é feita por edema, e quando faz o broncodilatador, ele atua reduzindo o edema, abrindo a via aérea. Se o caso for de pneumonia, a sibilância vai ser pela presença de líquido na luz, e a passagem do som faz o sibilo, por isso não vai responder ao broncodilatador. No caso da pneumonia, quando tosse pode ter a movimentação desse líquido, enquanto na asma a tosse não muda o quadro da sibilância. Na bronquiolite tem sibilância, tosse, taquipneia, é frequente e não tem história pregressa de dispneia e cansaço (isso já ajuda a diferenciar da asma, além de que não vai responder ao broncodilatador → se a suspeita for bronquiolite, não faz sentido receitar broncodilatador). Na aspiração de corpo estranho, o objeto pode parar na carina e fazer uma sibilância bilateral ou pode descer para um dos pulmões (geralmente direito) e fazer uma sibilância unilateral. Essa sibilância não vai modificar com a tosse, é de início agudo e geralmente tem história de engasgo. Broncodilatador não melhora o quadro. Na tuberculose, o mecanismo vai ser por compressão – os gânglios infartados obstruem as vias aéreas e fazem a sibilância. Não é tão frequente, mas pode ocorrer e é um diagnóstico diferencial, porque tem tosse, taquipneia e pode fazer a sibilância. Pneumonia aspirativa acontece principalmente em pacientes menores que tem algum grau de refluxo ou em pacientes neuropatas que também tem algum grau de refluxo. Faz sibilância, mas não responde a broncodilatador. Na fibrose cística, a tosse é mais produtiva, apesar de ter sibilância (diferente da asma, que tem tosse seca). Alguns podem responder a broncodilatadores e outros não, mas em geral respondem mais a corticoides do que ao broncodilatador. RADIOGRAFIA: • Recomendada nos casos graves que demandam internação. → Não precisa pedir para todos os pacientes, pois o diagnóstico de pneumonia é clínico. o Pneumonia com hipoxemia, desconforto respiratório, entre outros sinais de gravidade. Obs: Solicitar sempre que for internar o paciente, para avaliar se tem alguma complicação que justifique os sinais de gravidade. • Solicitar também em caso de falha de resposta ao tratamento em 48h a 72h ou se piora progressiva (não necessariamente paciente com quadro grave). • Precisa solicitar em PA e perfil, e tem que ter um raio x com uma boa qualidade técnica. Caso haja dúvida entre bacteriana e viral, a radiografia pode auxiliar. Presença de consolidações alveolares, pneumatoceles, derrame pleural e abcessos sempre vão remeter a uma infecção bacteriana. Se a imagem for mais difusa, mais intersticiais, deve pensar nos vírus, Mycoplasma ou clamídia. Obs: Lembrar que toda doença tem início, meio e fim. Se radiografar o paciente muito no início da doença, mesmo tendo o quadro clínico típico, pode não ter as alterações radiográficas típicas, mas se tem febre, tosse e taquipneia, pode iniciar o tratamento. Não pode usar a radiografia como critério para cura, pois vai demorar para cicatrizar mesmo depois do tratamento. Um raio x de boa qualidade técnica é aquele que vai ter os campos pulmonares todos dentro da radiografia (pega desde cima até embaixo). Além disso, deve avaliar a posição do paciente (clavículas alinhadas, não puxadas para cima). Para saber se está com o pulmão hiperinsuflado, conta quantos espaços intercostais tem (normalmente são 7). Observa a cúpula para saber se está em inspiração ou expiração. O ideal é que esteja em inspiração. → em inspiração a cúpula vai fazer um platô, se estiver para cima, mais curva, é porque está na expiração (vê menos o parênquima pulmonar). Avaliar penetração (o tanto de radiação que joga). Pouca radiação vê muito a coluna, e muita radiação vê muito a região retroesternal, e nenhuma é adequada. Para saber o nível certo de penetração, é quando vê a coluna, mas tem o desenho dos discos vertebrais até 2 vértebras abaixo da clavícula. Consegue ver a traqueia, carina, arco aórtico, hilo da artéria pulmonar, átrios, cúpulas. Luíza Barreto – Medicina 2021.1 A bulha gástrica é facilmente visível se o paciente tiver em pé (deitado o ar espalha). Em raio x de criança, deve ter cuidado pois o timo pode ter tamanho variável e podem confundir com uma condensação. No pulmão direito, tem a divisão em lobo superior, médio e inferior, logo tem 2 cisuras, a oblíqua (divide lobo inferior do superior e médio) e a horizontal (divide o lobo superior do lobo médio). No pulmão esquerdo só vai ter o lobo superior e inferior, divididos pela cisura oblíqua. O mais comum de aparecer no raio x de PAC são as consolidações, que acontecem por conta da presença de secreção dentro do parênquima pulmonar. No raio x, vai ser representado por uma mancha branca. No padrão difuso, tem desenho de linhas acometendo o pulmão – não consegue diferenciar qual área do pulmão está boa ou não. Já quando é consolidação, dá pra ver o lugar onde o pulmão foi acometido. Na primeira imagem é consolidação, na segunda é o padrão intersticial. Na primeira imagem tem uma consolidação, mas chama atenção uma cisurite (uma demarcação da cisura). A segunda imagem mostra uma delimitação da cisura, tendo uma pneumonia lobar (acometeu todo o lobo superior). Mostra o raio x de um RN logo que foi feita a suspeita de PAC. Apresenta uma região de condensação e um abscesso. Obs: O que vai diferenciar um abscesso de pneumatocele é a espessura da parede, que no abscesso é mais espessa. Depois do tratamento, o paciente apresentou uma melhora nas consolidações, mas o abscesso continua lá. Ele provavelmente fez uma taquipneia e aerofagia (pode ver a grande quantidade dde ar no estômago). Aos 36 dias de vida foi feita uma nova radiografia e a “cicatriz” do abscesso ainda estava lá, ainda está ocorrendo o processo de melhora do quadro pulmonar, por isso a ocorrência anterior de pneumonia favorece um novo quadro, pois pode estar ainda em cicatrização do parênquima. Já não tem mais a infecção, mas tem a “cicatriz”. Luíza Barreto – Medicina 2021.1 Nessa imagem, não está adequado o posicionamento do braço. Mas é possível observar a presença de um abscesso com nível líquido. É possível observar a borda espessa e bem delimitada. O paciente precisa ficar internado para fazer antibiótico por via venosa. Nesse raio x tem uma pneumatocele, que diferente do abscesso, tem uma parece mais fina que não consegue definir. É basicamente uma bolha de ar, não tem processo inflamatório e não tem cápsula. A imagem acima mostra um derrame pleural. Os seios costofrênicos não estão livres e fez uma parábola, inverteu a curvatura. Qualquer dúvida, solicitar USG. Como é líquido, o líquido se move, então para ter certeza, pode realizar o exame com a criança deitada lateralmente, pois assim o líquido vai aparecer como uma linha (se ele for fluido), permitindo a confirmação que isso é um derrame pleural e não uma consolidação. Raio x com pneumonia com padrão intersticial (“raio x sujo”) OUTROS EXAMES: Pode pedir hemograma para avaliar o leucograma. Se tiver predomínio de segmentados, pensa mais em bactérias encapsuladas. Mas se tiver uns linfócitos aumentados, não faz um aumento de leucócitose nem leucopenia, pode pensar em germes atípicos bactérias não encapsuladas ou até mesmo vírus. Proteína C reativa e pró-calcitonina são marcadores de resposta inflamatória aguda. A PAC bacteriana poderia ser suspeitada quando a proteína C reativa (PCR) for ≥ 40 a 100 mg ou quando houver níveis maiores que 2 ng/mL de procalcitonina. A hemocultura pode ser utilizada para definir qual o perfil epidemiológico das pneumonias naquela comunidade, vai ajudar a escolher o tratamento para a comunidade. Se tiver líquido pleural, deve ser analisado. A cultura de escarro não é muito utilizada na prática, pois como pega toda a secreção de vias aéreas, não da pra diferenciar o que é infecção e o que é colonização, mas pode fazer quando tem suspeita de tuberculose e a baciloscopia for negativa. Lembrando do COVID na sorologia, mas como demora um pouco para produção de anticorpos, não ajuda muito a estabelecer tratamento, e o que faz mesmo é o PCR ou detecção do vírus. LIVRO: Os métodos sorológicos são úteis no diagnóstico das infecções por Mycoplasma pneumoniae, Chlamydia trachomatis e Chlamydia pneumoniae, quando houver elevação da IgM ou elevação de 4 vezes nos títulos da IgG, na fase aguda e na convalescência, respectivamente. Alguns vírus, como o VSR, adenovírus, parainfluenza e influenza, também podem ser diagnosticados pelo aumento de 4 vezes ou mais nos níveis de IgG, com intervalo de cerca de 2 semanas. A reação em cadeia da polimerase em tempo real (PCR-RT) pode auxiliar no diagnóstico de M. pneumoniae, C. pneumoniae, C. trachomatis, L. pneumophila, S. aureus, vírus respiratórios, B. pertussis, M. tuberculosis e S. pneumoniae. São métodos caros, mais utilizados em pesquisas e não recomendados nos casos não complicados. Luíza Barreto – Medicina 2021.1 Os métodos invasivos são reservados para pacientes que não estão respondendo ao tratamento antimicrobiano, então precisa saber qual o agente etiológico. Pode fazer broncoscopia com lavado alveolar (olha o pulmão, infunde líquido e aspira, e manda esse líquido para a cultura) ou a biópsia pulmonar a céu aberto (faz a toracotomia, por isso é muito difícil de ser indicada, só em pacientes que realmente não estão respondendo ao tratamento. QUANDO INTERNAR: • Menores de 2 meses → não tem boa resposta imunológica, vai internar independente do quadro clínico. • Em maiores de 2 meses, internar em caso de tiragem subcostal, convulsões, sonolência excessiva, estridor em repouso, desnutrição grave, ausência de ingestão de líquidos, sinais de hipoxemia, presença de comorbidades (anemia, cardiopatias, pneumopatias), problemas sociais (não tem condições de comprar o antibiótico ou que a mãe não tem grau de compreensão para realizar o tratamento correto), falha na terapêutica ambulatorial, complicações radiológicas (derrame pleural, pneumatocele, abscesso pulmonar). Quando internar na UTI: • Insuficiência respiratória • Sepse • Incapacidade de manter SpO2 > 92% com fração inspirada de O2 (FiO2) > 0,6 → precisou colocar máscara reinalante, é igual a UTI. • Aumento da taquipneia/taquicardia com dificuldade respiratória grave • Fadiga respiratória • Apneia ou respiração irregular TRATAMENTO Ambulatorial: • Amoxicilina → 50 mg/kg/dia de 8 em 8h ou de 12 em 12h, por 7 dias • Em crianças maiores de 5 anos → possibilidade de M. pneumoniae, pode optar por introduzir macrolídeos (pneumonia atípica) • Reavaliação agendada 48 a 72h do início do tratamento ou a qualquer momento se houver piora clínica • Se a criança estiver pior ou inalterada, cabe avaliar internação hospitalar Se tiver o quadro típico de febre, tosse e dispneia, sem sinais de gravidade, vai tratar com uma penicilina, sendo amoxicilina a primeira escolha. Em maiores de 5 anos, que a incidência é maior de atípicos, usa macrolídeos no lugar da amoxicilina. Pode ser eritromicina, azitromicina ou claritromicina. Hospitalar: • De 2 meses a 5 anos: o Pneumonia sem tiragem subcostal → Amoxicilina oral 50mg/kg/dia duas ou três vezes ao dia, durante 7 dias (se o paciente não tem contraindicações ao uso oral, continua oral, a internação é por conta do quadro mais grave, mas não necessariamente contraindica VO). o Pneumonia grave → ampicilina parenteral 50mg/kg/dia de 6 em 6h ou penicilina cristalina 200000U/Kg/dia a cada 6h ▪ Gentamicina 7,5mg/kg/dia de 12 em 12h deve ser associada nos menores de 2 meses (pensar que os germes são do canal de parto) o Associação de amoxicilina com inibidores de beta-lactamase, como o clavulanato ou o sulbactam ou a cefuroxima podem ser usados como segunda opção. o Pneumonia atípica recomenda-se azitromicina 10mg/kg/dia 1 vez ao dia por 5 dias ou claritromicina 7,5mg/kg/dia de 12 em 12h por 10 dias. COMPLICAÇÕES: Derrame pleural: • Dor torácica, dor abdominal ou vômitos • Estado geral geralmente mais acometido • Posição antálgica • Cianose devido ao comprometimento da função pulmonar • Diminuição da expansibilidade • Sinais unilaterais de diminuição da expansibilidade torácica, FTV abolido e hiperestesia • Macicez à percussão • Diminuição ou ausência de murmúrios vesiculares Outras complicações: • Necrose pulmonar • Pneumatoceles • Abscesso pulmonar • Pneumotórax • Atelectasia • Fístula broncopleural • Hemoptise • Septicemia • Bronquiectasia • Infecções associadas (otite, sinusite, conjuntivite, meningite, osteomielite). Luíza Barreto – Medicina 2021.1 FLUXOGRAMA: 1. Lembrar que quadro de taquipneia, tosse, dispneia, tem que pensar em pneumonia. Assim que pensa em pneumonia, lembrar que precisa tratar. 2. Pensar nos fatores de risco, e lembrar ainda mais do tratamento 3. Iniciar o tratamento 4. Incentivar a prevenção orientando lavagem das mãos, evitar aglomerações, evitar ir para as creches doente, etc. Stop pneumonia é uma iniciativa da OMS para incentivar a vacinação contra o pneumococo, Hib, coqueluche e sarampo, além de implementação de saneamento básico, água e higiene e redução da poluição do ar em ambientes fechados (como por exemplo proibir fumar em ambientes fechados). LIVRO: Atualmente, o Brasil dispõe das vacinas pneumocócicas 13-valente (7 sorotipos + 1, 5, 7F, 3, 6A, 19A) e 10-valente (7 sorotipos + 1, 5, 7F), sendo a última disponível na rede pública de saúde. Estudos nacionais identificaram que 1 ano após a introdução da vacina 10-valente na rede, houve redução das hospitalizações de crianças por pneumonia no Brasil. Em contra- partida, as internações por outras causas não diminuíram. Quanto ao impacto da vacinação anti-Haemophilus influenzae tipo B na comunidade, há evidências de proteção contra a PAC na infância.
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