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Rebeka Freitas - As lesões craniencefálicas encontram-se entre os tipos de trauma mais frequentemente vistos nos Serviços de Emergência; muitas pessoas com lesões cerebrais graves morrem antes de chegar ao hospital, e quase 90% das mortes pré-hospitalares relacionadas ao trauma envolvem lesão cerebral. - Uma análise rápida da cinemática da lesão combinado com uma avaliação primária ajudará a identificar possíveis problemas de ameaça a vida em um doente com suspeita de TCE. - As Lesões Cerebrais Traumáticas (LCT) podem ser divididas em duas categorias, segundo o PHTLS: Lesão Cerebral Primária e Lesão Cerebral Secundária. - A Lesão Cerebral Primária caracteriza-se pelo trauma direto no cérebro e estruturas vasculares associadas, que ocorre no momento da agressão inicial, original. Compreendem contusões, hemorragias, lacerações e outras lesões mecânicas diretas no cérebro, sua vasculatura e suas coberturas. - Com relação aos mecanismos do trauma craniano, eles podem causados por colisão de veículos, quedas e agressões, os quais geralmente se associam a um trauma fechado; podem ser causados também por armas de fogo e lesões penetrantes, os quais associam-se a um trauma do tipo aberto. - Lesão cerebral secundária refere-se aos processos de lesão contínuos que são ativados pela lesão primária. O foco primário no tratamento pré-hospitalar e hospitalar do TCE é identificar e limitar ou parar esses mecanismos de lesão secundária. - Os mecanismos da lesão secundária são: efeito de massa e consequente elevação da Pressão Intracraniana (PIC), o que pode gerar herniação; hipóxia (pela oxigenação inadequada do cérebro); hipotensão e fluxo sanguíneo cerebral (FSC) inadequado; mecanismos celulares, incluindo falha energética, o que pode causar morte celular. Classifica o do TC Morfologia FRATURAS DE CRÂNIO ⇾ Fraturas de crânio: Calota - Podem ser lineares ou estrelares; expostas/abertas ou fechadas. - Fraturas de crânio abertas ou compostas podem estabelecer comunicação direta entre a laceração do couro cabeludo e a superfície cerebral. ⇾ Fraturas de base de crânio - A base do crânio é irregular, possibilitando a ocorrência de lesões quando o cérebro se desloca e desliza no interior do crânio, em decorrência de movimentos de aceleração e desaceleração. - Equimose periorbital (olhos de guaxinim); equimose retroauricular (sinal de Battle); fístula liquórica através do nariz (rinorreia) ou do ouvido (otorreia); paralisia facial e perda de audição. -. A importância da fratura de crânio não deve ser subestimada pois para que ela ocorra é necessária a aplicação de força considerável. LESÕES INTRACRANIANAS - Lesões intracranianas podem ser classificadas como focais ou difusas, embora as duas formas de lesão frequentemente coexistam. ⇾ Lesões cerebrais difusas - Variam de concussões leves, nas quais a TC da cabeça é habitualmente normal, até lesões hipóxicas isquêmicas graves. -Com concussões (alteração da função mental ou do nível de consciência, causada por uma lesão), o doente tem um distúrbio neurológico não focal transitório que frequentemente inclui perda de consciência. - Lesões difusas graves resultam mais frequentemente de agressão hipóxica, isquêmica ao cérebro devido a choque prolongado ou apneia que ocorrem imediatamente após o trauma. -Outro padrão difuso, frequentemente visto em impactos de alta velocidade ou em lesões por desaceleração, pode produzir hemorragias pontilhadas por todos os hemisférios cerebrais, concentrando-se nos limites entre as substâncias cinzenta e branca. Trauma Cranioencefalico Rebeka Freitas ⇾ Lesões cerebrais focais >> Lesões intracerebrais - Contusões cerebrais e hematomas intracerebrais: bastante comuns; a maioria ocorre nos lobos frontal e temporal. - As contusões podem, em um período de horas ou dias, evoluir para formar um hematoma intracerebral ou uma contusão coalescente com efeito de massa suficiente para exigir evacuação cirúrgica imediata. - As contusões cerebrais são lesões traumáticas do cérebro, habitualmente causadas por um impacto direto e violento na cabeça. >> Hematomas epidurais: - As artérias meníngeas correm entre a dura-máter e o espaço epidural; fraturas cranianas acima dessas artérias podem lacerá-las e resultar em hematoma epidural. - Esses coágulos também podem resultar de ruptura de um seio venoso importante (tendem a expandir mais lentamente). - O intervalo lúcido entre o momento da lesão e a deterioração neurológica é a apresentação clássica do hematoma epidural; um hematoma em expansão, provocado pela laceração arterial nessa localização pode causar deterioração rápida e morte. >> Hematomas subdurais: - As hemorragias também podem acontecer no espaço subdural (entre a dura máter e a aracnoide); as veias que vão da superfície do cérebro para o seios venosos, no interior da dura se rompem. >> Hematomas subaracnoides: - A hemorragia subaracnóidea, que ocorre dentro do espaço aracnoide, preenchido de líquido, é frequentemente causada por contusão cerebral ou trauma de grandes vasos na base do encéfalo. Gravidade TCE LEVE - Trauma craniencefálico leve (TCEL) é definido por uma história de desorientação, amnésia, ou perda transitória da consciência em um doente que está consciente e falando e com um escore de 13 a 15 na GCS. - A maioria dos doentes portadores de trauma craniencefálico leve evolui com recuperação sem intercorrências. Entretanto, cerca de 3% desses doentes apresentam piora inesperada que resulta em disfunção neurológica grave, a menos que a deterioração do estado mental seja identificada precocemente. TCE MODERADA Aproximadamente 15% dos doentes portadores de trauma craniencefálico examinados no serviço de emergência apresentam trauma craniencefálico moderado. São ainda capazes de obedecer ordens simples, mas em geral estão confusos ou sonolentos e podem apresentar défice neurológico focal como hemiparesia. Aproximadamente 10 a 20% desses doentes apresentam piora e entram em coma. TCE GRAVE - Aproximadamente 10% dos doentes vítimas de lesão cerebral que são tratados na sala de emergência apresentam lesão cerebral grave. -Doentes que sofreram trauma craniencefálico grave não são capazes de obedecer ordens simples mesmo após estabilização cardiopulmonar. - Embora esta definição inclua um amplo espectro de lesões cerebrais, ela identifica os doentes que apresentam o maior risco de sofrerem morbidade e mortalidade significativas. Doutrina de Monro-Kellie - A doutrina de Monro-Kellie é um conceito de vital importância para a compreensão da dinâmica da PIC. Ela afirma que o volume total do conteúdo intracraniano deve permanecer constante, já que o crânio é uma caixa rígida não expansível. Na fase inicial após o trauma, uma massa tal como um coágulo sanguíneo pode aumentar e a PIC permanecer normal -> o sangue venoso e o LCR podem ser comprimidos para fora do recipiente dando algum grau de compensação à pressão. Entretanto, uma vez atingido o limite de deslocamento do LCR e do sangue intravascular, a PIC aumenta rapidamente. - A PIC está diretamente relacionada à pressão de perfusão cerebral, que é a quantidade de pressão necessária para empurrar o sangue através da circulação cerebral e, desse modo, manter o fluxo sanguíneo e o fornecimento de oxigênio e glicose para o cérebro, - A pressão de perfusão cerebral é expressa por PPC= PAM – PIC. Rebeka Freitas - PIC normal no estado de repouso é aproximadamente 10-15 mm Hg; pressões maiores do que 20 mm Hg são associadas a pior resultado. - Dessa forma, se a PAM não conseguir acompanhar o aumento da PIC ou se o tratamento para diminuir a PIC não for instituído rapidamente, a quantidade de sangue fluindo através do cérebro começará a diminuir, levando a dano cerebral isquêmico e função cerebral comprometida. Sinais de PIC elevada - Sinais dePIC elevada: E ⇾ Diminuição na escala de Glasgow de 2pts ou mais; ⇾ Desenvolvimento de anisocoria (pupilas de tamanhos diferentes, o que evidencia compressão do nervo oculomotor) ou de pupilas não reativas. ⇾ Desenvolvimento de hemiplegia (paralisia de metade sagital, esquerda ou direita, do corpo) ou hemiplasia (dificuldade de movimentar metade do corpo). ⇾ Desenvolvimento do fenômeno de Cushing: aumento reflexo da pressão arterial, bradicardia e alterações do ritmo respiratório - Quando existe um aumento exagerado da PIC, acontece herniação uncal ⇾ a região do uncus, que corresponde à parte medial do lobo temporal, começa a invadir a região do tronco cerebral, comprimindo a porção superior do tronco cerebral, onde se encontra o sistema reticular (diminuindo o escore na GCS), o nervo oculomotor (alterações pupilares do mesmo lado da lesão) e o trato corticoespinhal no mesencéfalo (hemiparesia contra lateral ⇾ o trato motor cruza para o lado oposto do forame magno, e a sua compressão resulta em défice motor do lado oposto do corpo - hemiplegia contralateral- e isso recebe o nome de sinal de lateralização. - A dilatação da pupila ipsilateral associada à hemiplegia contralateral é a síndrome clássica de herniação do uncus. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS American College of Surgeons Committee on Trauma. Advanced Trauma Life Support, 9ª Ed, 2014. National Association of Emergency Medical Technicians. PHTLS Prehospital Trauma Life Support . 8ª ed. Jones & Bartlett Learning, 2017
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