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TROMBOEMBOLISMO PULMONAR SBCMC III - 2021.1 Cirurgia Cardíaca Dr. Romulo Bonini CONCEITO O tromboembolismo pulmonar é uma obstrução aguda da circulação arterial pulmonar pela instalação de coágulos sanguíneos, oriundos da circulação venosa sistêmica, com redução ou cessação do fluxo pulmonar para a área afetada. ● Quanto maior o tombo, maior a área sujeita ao infarto. ● Apresenta-se clinicamente como trombose venosa profunda ou embolia pulmonar. EPIDEMIOLOGIA ● É a 3ª síndrome aguda cardiovascular mais frequente, só perde para o IAM e AVC ● Nos EUA acomete 100/100.000 habitantes, com mortalidade no primeiro mês de TEP (12%) e TVP (6%), e 200.000-300.000 casos de hospitalizações por ano. ● No Brasil são raros e dados de autópsias mostram que a prevalência de TEP varia de 3,9% a 16,6%. ● Nos EUA a prevalência de TEP varia de 3,4% a 14,8%. ● Na Ásia a prevalência é menor, variando de 2,0% a 4,7% ● 25% falecem antes de chegar ao hospital. ● 10-15% dos óbitos hospitalares. ● O diagnóstico ocorre em apenas 20% dos casos (subdiagnóstico). ● 20-30% dos óbitos estão relacionados a gravidez e parto ● A incidência aumenta com a idade (> 50 anos), bem como a mortalidade. FONTES EMBOLÍGENAS !!! São fatores que favorecem a ocorrência de TEP: ● Trombos de origem cardíaca (fibrilação atrial e outras arritmias) ● Êmbolos tumorais, principalmente tumores hepáticos, neurológicos e ósseos. ● Êmbolos aéreos (cuidado com os cateteres venosos central) ● Traumas de região pélvica, principalmente no pós-operatório de cirurgias ginecológicas, de próstata e ortopédicas de quadril. ● Êmbolos gordurosos (fraturas de ossos longos) ● Trombos de veias dos membros inferiores ( TVP é a causa mais frequente de TEP) FATORES DE RISCO !!! A Tríade de Virchow é o principal fator de risco: 1. Aumento da viscosidade sanguínea 2. Estase sanguínea 3. Lesão vascular/endotélio. Fatores de Risco Maiores: ● Pacientes Cirúrgicos: são pacientes mais graves, cirurgias mais demoradas, exigem sempre profilaxia de TEP - quando não for feita profilaxia, suspeitar de TEP mediante quadro clínico sugestivo ○ Cirurgia abdominal ou pélvica de grande porte. ○ Prótese de quadril ou joelho. ○ Necessidade de UTI no pós-operatório. ○ Politraumatismo/Trauma medular. ● Pacientes Obstétricos: ○ Gravidez a termo. ○ Parto cesáreo. ○ Puerpério. ● Problemas em Membros Inferiores: ○ Fratura. ○ AVC com paralisia de membros. ● Malignidade: ○ Neoplasia abdominal ou pélvica. ○ Doença avançada/metastática. ○ Quimioterapia. ● Imobilidade (> 3 dias): ○ Hospitalização. ○ Institucionalização. ● Trombofilias: ○ Deficiência de antitrombina. ○ Deficiência de proteína. ○ Deficiência de proteína S. ○ Síndrome antifosfolípidica. ○ Homozigose para fator V Leiden. ○ Homozigose para mutação gene protrombina. ● Outros: evento embólico prévio... Fatores de Risco Menores: ● Doenças Cardiovasculares. ● Doenças cardíacas congênitas. ● Insuficiência cardíaca congestiva. ● Idade. ● Tromboflebite superficial/varizes. ● Cateter venoso central. ● Estrogênios. ● Anticoncepcional oral. ● Terapia de reposição hormonal. ● Trombofilias. ● Heterozigose para fator V Leiden. ● Heterozigose para mutação do gene da protrombina. ● Hiperhomocisteínemia. ● Outros: exacerbação da DPOC, deficiências neurológicas, doença maligna oculta, viagens prolongadas, obesidade, cirurgias laparoscopicas.... FISIOPATOLOGIA O indivíduo tem uma trombose venosa na perna e esse trombo é embolizado para alguma parte do pulmão. Ocorre uma obstrução do leito pulmonar arterial e aquela região, dependendo da quantidade de tecido pulmonar atingida e da quantidade de células pulmonares atingidas, desenvolve uma hipoxemia, uma broncoconstrição pulmonar através de mediadores e da hiperventilação com hiperpneia. Futuramente evolui com falência do ventrículo direito. ● Quanto maior e mais central, maior a gravidade e consequências clínicas. Repercussões Hemodinâmicas: ● Ocorre aumento da resistência vascular pulmonar. ● O trombo impactado em alguma região no pulmão aumenta a pressão pulmonar, o VD terá que trabalhar mais para vencer a barreira → dilatação do ventrículo direito e pode ocorrer insuficiência da válvula tricúspide, desvio do septo IV para a esquerda e disfunção do ventrículo (progressão da doença). ● A repercussão hemodinâmica depende: ○ Da extensão da área arterial ocluída/comprometida. ○ Da capacidade do VD em vencer a elevação da pós-carga. ○ Da intensidade da bronco e da vasoconstrição pulmonar, mediadas pela liberação de serotonina e tromboxano A2, pelas plaquetas da massa trombótica. TEP GRAVÍSSIMO É considerado TEP gravíssimo o TEP com área arterial ocluída > 25%. ● Elevação da pós-carga do VD, aumenta o consumo de O2, com queda da reserva de perfusão coronária. ● Broncoconstrição e vasoconstrição reflexa. ● Hipóxia e acidose. ● Hipertensão arterial pulmonar. ● Falência cardíaca. ● Choque cardiogênico. QUADRO CLÍNICO Sintomas: ● Dor torácica não pleurítica (88%) e/ou pleurítica (74%) ● Dispneia. ● Apreensão. ● Tosse. ● Hemoptise. ● Síncope. Sinais: ● Taquipneia. ● Taquicardia. ● Hiperfonese P2. ● Estertores. ● Febre ≥ 38,5°C. ● Flebite. ● Cianose. ● Atrito pleural. ESCORE DE WELLS - SUSPEITA CLÍNICA DIAGNÓSTICO LABORATORIAL ● Tríade de Wacker (4%): ○ DHL (tecidos extrapulmonares – fígado). ○ Bilirrubinas. ○ TGO normal. ● Leucócitos: ± 10.000/mm3 (15.000/mm3) e discreto desvío para esquerda. ● Hemossedimentação elevada em 40% dos pacientes. ● Gasometria: ○ É um exame muito importante, pois pacientes com TEP não fazem troca gasosa. ○ (tabela) ● D-dímero: ○ É o produto da degradação da fibrina ○ Negativo: praticamente exclui TEP ○ Positivo: probabilidade clínica de TEP elevada, porém não confirma - segue-se com angiotomografia EXAMES COMPLEMENTARES ● ECG: S1, Q3 e T3 invertida ● Raio-X de tórax: atelectasia, derrame pleural, diafragma elevado, hiper claridade, artéria pulmonar proeminente e cardiomegalia. ● Ecocardiograma: aumento da câmara cardíaca D, abaulamento do septo para a esquerda, redução das câmaras esquerdas, presença de trombos nos ramos arteriais principais e intracavitários, insuficiência tricúspide e hipertensão pulmonar. ● Angiografia pulmonar: injeção de contraste na árvore arterial pulmonar - é um método invasivo e pouco disponível ● Cintilografia pulmonar: infusão de tecnécio-99m - é um exame muito bom, porém é de difícil acesso. ● Angiotomografia helicoidal de tórax: é o exame de escolha !!! ○ Disponibilidade em quase todos os hospitais ○ Custo baixo ○ Não invasivo CONDUTA (não precisa decorar) TRATAMENTO Objetivos: ● Objetivos gerais: ○ Prevenir a morte. ○ Reduzir a morbidade do evento agudo. ○ Prevenir a hipertensão pulmonar tromboembólica. ● Objetivos específicos: ○ Prevenir a extensão local do trombo. ○ Prevenir que o trombo embolize. ○ Acelerar a fibrinólise, em certas circunstâncias. Tratamento Convencional: !!! ● Suporte – oxigênio/ventilação não invasiva ou IOT. ● Analgesia: broncodilatadores ● Monitorização cardiorrespiratória (semi-intensiva ou UTI) ● Impedir a propagação do trombo. ● Impedir o risco de reembolização. ● Evolução favorável na fase hospitalar. ● Diminui o desenvolvimento de H.P. crônica. ● Diminui mortalidade. ● Heparina é a medicação convencional: ○ Inicia com a heparinização e no 2-3º dia começa a anticoagulação ○ O mais comum é o Marevan® (Varfarina), 1 comprimido de 5mg. ○ Pode dividir ou aumentar a dose de acordo com o coagulograma que é o INR ■ Sempre manter o paciente entre 2-3. ○ Deixar ele anticoagulado por 6 meses, ou seja, na alta ele sai só com o Marevan®, mas sempre com o controle do INR. Trombolíticos: ● São indicados em casos de instabilidade hemodinâmica e clínica ● Sinais de instabilidade: ○ PaO2 < 60 mmHg em ar ambiente ○ FC > 120 bpm ○ FR > 28 ipm ○ Disfunção de VD ao eco ○ Eixo elétrico para a direita ● Medicamento de escolha: Alteplase - manejo fácil
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