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- -1 PEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES NÃO ESCOLARES AS TRANSFORMAÇÕES OCORRIDAS NO MUNDO DO TRABALHO: O PARADIGMA FLEXÍVEL E SEUS IMPACTOS NA QUALIFICAÇÃO DOS TRABALHADORES - -2 Olá! Ao final desta aula, você será capaz de: 1. Caracterizar as mudanças na esfera da produção e do trabalho que marcam o paradigma flexível; 2. analisar as mudanças políticas vividas pelos estados após a crise: o neoliberalismo; 3. caracterizar a Reforma do Estado e a constituição do Terceiro Setor; 4. caracterizar as reformas nas políticas sociais implementadas pelos governos neoliberais nos anos 80 e 90; 5. identificar os principais elementos do novo paradigma tecnológico: o toytismo; 6. analisar os impactos sobre o conteúdo do trabalho, sobre a divisão do trabalho e sobre a qualificação dos trabalhadores causados pela mudança na base técnica e pela organização do processo de trabalho próprias do paradigma flexível; 7. analisar a polarização das qualificações e a segmentação ocorrida na classe trabalhadora como consequências das mudanças introduzidas na produção e organização do trabalho no paradigma flexível; 8. analisar as transformações ocorridas nas relações de trabalho e no mercado de trabalho e seus impactos para os trabalhadores. 1 Introdução Na aula anterior, você viu como a realidade do desenvolvimento das economias capitalistas dos anos dourados foi alterada pela crise que se iniciou nos anos 70. O esgotamento do bem-sucedido período fordista de acumulação capitalista determinou a crise que inaugurou uma nova fase do capitalismo e provocou profundas transformações em todas as esferas da vida social. A globalização e o domínio do capital financeiro passam a predominar no mundo após os anos 70. Nos anos que se seguiram à crise, a ascensão do neoliberalismo promove mudanças no âmbito estatal. Ocorre a reforma do Estado e uma redefinição das relações do Estado com a sociedade civil. Os neoliberais defendem a reconstituição do mercado, da competição e do individualismo, como argumentos básicos para as mudanças realizadas tanto no âmbito da política econômica, quanto nas políticas sociais. Propõem a eliminação da intervenção do Estado na economia, seja no que diz respeito ao planejamento mais sistemático, seja no que concerne à sua atuação enquanto produtor direto, através da desregulamentação das atividades econômicas e da privatização. Caro aluno, antes de iniciar a aula conheça um pouco mais sobre as transformações no mundo do trabalho. - -3 Os neoliberais acusam o Estado de Bem-estar de ser antieconômico, (porque provoca crise fiscal), antiprodutivo (porque desestimula o trabalho e o investimento), ineficaz (porque favorece o monopólio estatal e a tutela dos interesses particulares) e ineficiente (porque elimina as formas tradicionais - - família e comunidade – de proteção social). Considerado pelos neoliberais como o vilão da crise, o Bem-estar Social foi colocado em questão e, por isso, são realizados cortes nas políticas sociais. As políticas sociais no neoliberalismo já não são mais para todos como no Bem-estar Social. São políticas só para os mais carentes. Visando reduzir os gastos sociais, as políticas sociais neoliberais passam a ter um caráter mais pontual, assistencialista e compensatório. Só alguns se beneficiam dessas políticas. O Estado não “gasta” mais com todos. A lógica não é mais a universalidade, a igualdade, mas sim a equidade: “dar mais a quem tem menos”. Esta corresponde a uma estratégia para a manutenção da ordem social desigual. A globalização econômica, que se caracteriza por uma maior aceleração, concentração e mobilidade do capital, vem, a partir dos anos 70, impondo uma nova ordem nas relações econômicas entre as nações. Esse processo, denominado por muitos de mundialização, a um só tempo dinamiza a economia, internacionalizando mercados e serviços financeiros, e provoca novos arranjos estruturais, aprofundando as contradições sociais e políticas. Convive-se com uma nova organização social da produção que exige formas distintas de cooperação capitalista, marcadas pela necessidade de articulação e integração de empresas. Essa nova ordem determina também que as empresas busquem estratégias de elevação da competitividade, mediante a utilização intensiva de tecnologia e inovações nos processos de gestão do trabalho. A produção passa por um processo de reestruturação que traz imensas consequências para o mundo do trabalho. De fato, o novo paradigma conta com um novo modelo tecnológico, a especialização flexível, do qual o toyotismo é o formato mais emblemático. Esse novo modelo está fundado em novas bases tecnológicas e produtivas e é promotor de mudanças no âmbito da divisão do trabalho, dos conteúdos do trabalho e da qualificação dos trabalhadores. Por sua vez, essas transformações produtivas são responsáveis (ao lado das políticas econômicas neoliberais) pela redução do emprego assalariado que marca os anos 90. Assim, o processo de reestruturação produtiva trouxe também profundas mudanças para o mercado de trabalho, que passa a incorporar dimensões novas, como a informalização das camadas médias, além de acentuar traços que nele já estavam presentes, como as atividades informais e a flexibilização do trabalho. Assiste-se então à adoção de terceirizações e de subcontratações, à contração do emprego, à expansão do mercado informal, à desregulamentação dos contratos de trabalho, à precarização das condições de trabalho, à eliminação de postos de trabalho, ao desemprego estrutural e crônico, enfim, à exclusão social - -4 Essas transformações de ordem econômica correspondem a mudanças no plano estatal. Rompem-se as barreiras que antes regulamentavam e protegiam as economias nacionais. Os estados redefinem suas funções e seu espectro de atuação. Ocorre a reforma do aparelho estatal, o estabelecimento de relações de um novo tipo entre o Estado e a sociedade civil e a realização de mudanças na condução das políticas sociais (MONTAÑO, 2002). As mudanças no papel e funções do Estado, que busca agora articular um crescimento econômico não includente com menor compromisso com a produção e distribuição de benefícios sociais, levam à adoção de novas estratégias de desenvolvimento de políticas sociais, como forma de garantir a continuidade do processo de acumulação e, ao mesmo tempo, evitar que o acirramento da desigualdade social possa se transformar em conflito político incontornável. A privatização, a focalização e a descentralização das políticas são implementadas como tentativa de resolução dessa problemática, marcando de modo distintivo a totalidade das políticas sociais da maioria dos países ocidentais. Este é o contexto que iremos aprofundar nesta aula: os processos de reestruturação econômica e de reforma política que ocorrem a partir anos 70 visando à retomada do patamar de acumulação capitalista que havia sido posto em questão com a crise do regime de acumulação fordista. Vamos assim tratar da ascensão do novo regime de acumulação: o paradigma flexível (que envolve uma nova base técnica e tecnológica) e seu respectivo modo de regulação: o Estado Neoliberal ou Mínimo. 2 O Estado Neoliberal Os anos 80 e 90 são marcados por mudanças no âmbito estatal que correspondem a adaptações e alterações na configuração e nas políticas sociais desenvolvidas pelos Estados de Bem-estar que se consolidaram nos países centrais no pós-guerra. Como vimos na aula passada, o pensamento neoliberal se tornou hegemônico e saiu vitorioso com a eleição dos governos conservadores, trazendo a necessidade de romper com as antigas estratégias de condução das políticas econômicas e sociais. Essa ruptura é interpretada por alguns autores como Laurell (1995) como relativa à necessidade de adequar o Estado às exigências impostas pela tentativa de adoção de um novo regime de acumulação e desencadear uma nova etapa de expansão capitalista, atrelada a um novo ciclo de concentração de capital. Tratava-se de criar as condições políticaspara a realização deste projeto, mediante a fragilização das organizações reivindicatórias da classe trabalhadora. - -5 Os neoliberais defendem a reconstituição do mercado, da competição e do individualismo, como argumentos básicos para as mudanças realizadas tanto no âmbito da política econômica, quanto nas políticas sociais. Propõem a eliminação da intervenção do Estado na economia, seja no que diz respeito ao planejamento mais sistemático, seja no que concerne à sua atuação enquanto produtor direto, através da desregulamentação das atividades econômicas e da privatização. Advogam o Estado Mínimo e a realização de cortes nas políticas sociais, como forma de desativar os mecanismos de negociação e os direitos adquiridos pelos trabalhadores (LAURELL, 1995). Considerado pelos neoliberais como o vilão da crise, o bem-estar social foi colocado em questão. Como vimos, os neoliberais entendiam que a crise era fruto da atuação do Estado de Bem-estar Social. Viam o Bem-estar como o grande culpado, pois: • ele intervinha na economia, regulando preços e interferindo na lógica natural dos mercados (para os neoliberais o mercado deveria ser deixado “livre”, sem intervenção, já que a sua livre atuação garantiria o equilíbrio econômico. Na visão dos neoliberais, o estabelecimento de regras políticas, como a do salário mínimo, causavam distorções nos sistemas de preços, impedindo que estes atingissem seu ponto de equilíbrio mediante a lei da oferta e da procura. O desemprego era considerado desejável pelos neoliberais. A ausência de proteção estatal era também fundamental, pois estimulava a competitividade entre as organizações, considerada vital para o crescimento econômico.); • ele apoiava os sindicatos (para os neoliberais o Estado estaria acobertando os sindicatos, incentivando o corporativismo, mantendo certos grupos sob seu domínio); • ele realizava gastos sociais em demasia (para os neoliberais, as políticas sociais acabavam por ampliar a dívida pública e eram medidas paternalistas, já que não estimulavam a busca pelo crescimento da renda dos indivíduos. De acordo com os neoliberais, para que houvesse estímulo por uma vida melhor, era necessário que houvesse desigualdade social, que cada um fosse deixado “livre” para tentar melhorar de vida segundo seus talentos e capacidades). Os neoliberais acreditavam que o Estado deveria intervir minimamente na vida das pessoas, deixando de implementar os serviços sociais públicos como saúde, educação, habitação, previdência etc. Acreditavam que essas necessidades sociais deviam ser resolvidas no âmbito das famílias e comunidades, sem interferência do Estado. O objetivo era estimular a competição e o individualismo. Assim, esses serviços sociais deviam ser oferecidos pelo setor privado. Não foi mesmo o que ocorreu? No Brasil, depois dos anos 90, cresceram os serviços privados como: • • • - -6 competição e o individualismo. Assim, esses serviços sociais deviam ser oferecidos pelo setor privado. Não foi mesmo o que ocorreu? No Brasil, depois dos anos 90, cresceram os serviços privados como: seguro saúde, previdência privada, expansão do ensino (sobretudo o superior) privado etc. Em síntese é possível afirmar que o neoliberalismo propõe a eliminação da intervenção do Estado na economia e a realização de cortes nas políticas sociais, como forma de desativar os mecanismos de negociação e os direitos adquiridos, necessários ao incremento da competição e individualismo. Acreditam que a esfera do bem-estar social deve permanecer no âmbito privado da família, da comunidade e dos serviços privados, com intervenção estatal minimizada e atuando apenas na dimensão do alívio da pobreza ou dos serviços pouco interessantes para o setor privado. Na maioria dos países de capitalismo avançado, são então implementadas reformas estatais orientadas pelos argumentos neoliberais em defesa da liberdade individual e do mercado, determinando maior responsabilização individual e por parte da sociedade civil pelo atendimento às demandas sociais. Assim, os sistemas de proteção social do Estado de bem-estar foram duramente criticados pelos neoliberais que rompem com os benefícios concedidos à classe trabalhadora, por meio de corte nas políticas sociais (saúde, habitação, educação etc) e de corte ao apoio aos sindicatos. Desta forma, os novos Estados Neoliberais ou Mínimos que se constituíram passam a desmontar as estruturas criadas pelo Estado de Bem-estar Social. Numa perspectiva de cortes nos gastos sociais, o Estado acaba por só atuar nos serviços sociais destinados à camada mais empobrecida da população, de modo a “apagar os incêndios” sociais da miséria e da fome. As políticas sociais no neoliberalismo já não são mais para todos como no Bem-estar Social. São políticas só para os mais carentes. Visando reduzir os gastos sociais, as políticas sociais neoliberais passam a ter um caráter mais pontual, assistencialista e compensatório. - -7 Aí é que surgem: o restaurante popular, o bolsa-família, o cheque-cidadão etc. Só alguns se beneficiam dessas políticas. Não são mais implementadas políticas para todos, universais, de qualidade, como no Estado de Bem- estar Social. O Estado não “gasta” mais com todos. A lógica não é mais a universalidade, a igualdade, mas sim a da equidade: “dar mais a quem tem menos”. Essa corresponde a uma estratégia para a manutenção da ordem social desigual. 3 As Políticas Sociais Neoliberais Draibe (1993) distingue dois momentos na condução dos governos neoliberais após a década de 70 que se refletem em ênfases distintas da definição das políticas sociais: nos anos 80 e nos anos 90. 4 O Novo Paradigma Tecnológico No plano econômico, após os anos 70, o processo produtivo passa a incorporar cada vez mais os avanços da tecnologia como a microeletrônica, a informática, as telecomunicações, as energias renováveis e os novos materiais. Entre as principais tendências que esse novo padrão industrial apresenta é possível destacar, em primeiro lugar, o desenvolvimento da tecnologia digital de base microeletrônica e o progresso técnico que o próprio complexo eletrônico passou a gerar. O complexo eletrônico proporciona expansão e confere vantagens competitivas às indústrias, em virtude de seu potencial inovador. - -8 Novas técnicas e novas formas de organizar os trabalhadores nas empresas são implementadas. Uma nova forma, um novo paradigma produtivo então começa a surgir: a produção flexível. Esse novo paradigma industrial convive com o questionamento dos princípios fordistas de produção, o abandono de equipamentos rígidos, voltados para a produção de produtos padronizados, e vê crescer a adoção de sistemas integrados de automação flexível. 4.1 Características do Novo Paradigma Tecnológico A introdução da automação e a substituição da eletromecânica pela eletrônica revoluciona e flexibiliza os antigos processos industriais fordistas. São introduzidas então muitas mudanças na estrutura produtiva, que podem ser sintetizadas pelas seguintes características da produção flexível: Integração Maior integração entre as etapas do processo produtivo, o que assegura um aumento de produtividade, pois, com as inovações tecnológicas, ocorre a elevação dos tempos de utilização da maquinaria e dos equipamentos, como também ocorre uma otimização do fluxo de materiais, reduzindo a porosidade (tempos mortos) do processo e trabalho. Essa integração também se dá entre as empresas. Esse processo de integração vem direcionando a formação de formas multindustriais, cooperativas, que têm como objetivo integrar financiamento, fornecimento e produção sob o comando da grande empresa oligopolista. Formam-se então grandes empresas concentradas, multindustriais, com grandes braços financeiros e que operam em escala internacional (DELUIZ, 1995). Flexibilidade A flexibilidade das máquinas e equipamentos envolve as dimensões técnicas que garantem uma variação de processo e produto que permite à produção seadaptar (maior número de lotes de produtos manufaturados diversificados) às exigências de mercados menores e mais segmentados. Assim, ocorre a possibilidade de produzir novos tipos de produtos, diversificados e mais sofisticados, atendendo à demanda de diferentes tipos de consumidores. A flexibilidade se realiza também no âmbito da organização do trabalho produtivo, o que inclui: a) a flexibilidade dos funcionários (que agora não assumem mais um posto de trabalho fixo, mas podem ser alocados em diferentes tarefas e funções) e b) a flexibilidade de práticas de emprego - relativa à adoção de contratos de trabalho mais flexíveis – o que engloba: a flexibilidade de salários (em função do desempenho da empresa), a flexibilidade numérica (quando se ajusta o número de trabalhadores ao nível da produção mediante a demissão e o contrato de trabalho temporário ou autônomo), a flexibilidade de horário, entre outras práticas (DELUIZ, 1995). - -9 Descentralização Uma descentralização, que ocorre em dois níveis: a) no interior da mesma unidade produtiva, viabilizando a separação de tarefas ou grupos de tarefas que se tornam relativamente independentes, e b) na subdivisão da indústria em várias outras de menor porte, interligadas por modernas redes de comunicação. Parte das atividades executadas no interior de uma única empresa também são frequentemente terceirizadas, ampliando a gama de serviços demandada pela indústria e favorecendo a redução da força de trabalho industrial diretamente vinculada às grandes empresas. A descentralização traz impactos também sobre a força de trabalho, na medida em que as empresas subcontratadas acabam por gerar empregos diferenciados no que diz respeito aos salários, estabilidade, com contratos irregulares, gerando a precarização de grandes contingentes de mão de obra. Inovação A possibilidade de criação e desenvolvimento de novos produtos, fazendo com que a inovação seja a marca da produção flexível, com a adoção de novos processos de planejamento e de pesquisa de produtos e mercados. Em contraposição à organização do trabalho taylorista-fordista, a transformação da fábrica num organismo complexo, capaz de inovar e de atuar num mercado cada vez mais competitivo e segmentado, faz com que sejam adotadas novas formas de organização do trabalho. As relações hierárquicas e trabalhistas são reestruturadas e novas técnicas de gestão da força de trabalho passam a ser incorporadas. O trabalhador é chamado a participar e tomar decisões relativas ao controle e qualidade dos produtos, passando a responsabilizar-se pela introdução de aperfeiçoamentos e correções no processo de produção. Nessa perspectiva, diluem-se as fronteiras entre os papéis desempenhados pela gerência, pela supervisão e pelas funções operacionais. Diluem-se os contornos entre concepção e execução do processo de trabalho. (DELUIZ, 1995). A nova base técnica, assim, provoca um impacto nos processos de produção, determinando o surgimento um novo paradigma produtivo, o paradigma da produção flexível, fundado na automação e na informatização. A revolução tecnológica propicia a consolidação de uma nova forma de organização da produção e permite que as empresas elevem seus níveis de competitividade. Assim, é pela utilização intensiva de tecnologia e pelas inovações nos processos de gestão do trabalho que as empresas buscam se tornar mais competitivas e se manter no mercado. A cada inovação nos produtos viabilizada por essas mudanças, as empresas ganham melhor posição no mercado e ampliam seus lucros. Essas transformações ocorridas na esfera produtiva não se consolidaram de forma homogênea em todos os países ou setores, constituindo mais uma tendência do que uma prática uniforme. O fordismo persiste. O fato é que hoje, o fordismo e o taylorismo convivem e se mesclam com outros processos produtivos que se caracterizam pela emergência de novos processos de trabalho, pela flexibilização da produção, por novos - -10 padrões de produtividade, novas formas de adequação à lógica do mercado. A eles estão associados novos padrões de gestão da força de trabalho e de desconcentração industrial. 5 O Toyotismo Entre todas as experiências da produção flexível, destacou-se no cenário mundial o toyotismo, nascido no Japão, na fábrica de automóveis Toyota. O toyotismo revelou-se o modelo que operou uma revolução técnica mais radical e que causou mais impacto, uma vez que alguns de seus pontos básicos têm penetrado em escala mundial, mesclando-se ou mesmo substituindo o padrão fordista dominante. 5.1 A Natureza Capitalista da Produção Flexível As mudanças operadas pelo toyotismo no âmbito da divisão técnica do trabalho, relativas à diluição dos contornos entre concepção e execução, não significam uma forma de organizar a produção voltada para os interesses dos trabalhadores. No toyotismo os homens trabalham em equipe, sem a linha de montagem, sem trabalho parcelado. Os trabalhadores devem introduzir melhorias no produto, inovar, solucionar problemas, operando com várias máquinas, programando e decidindo como fazer. São, portanto, operários que pensam e fazem, diferentemente dos trabalhadores desqualificados do fordismo. (DUARTE, 2008). Os trabalhadores agora pensam, tomam decisões, mas isso não significa a superação do capitalismo ou a consolidação de um processo de trabalho comprometido com os interesses de emancipação dos trabalhadores. Sob o toyotismo, os interesses do capital continuam prevalecendo. Parte-se da noção de que o toyotismo deve ser entendido como um processo de trabalho essencialmente capitalista e que as mudanças por ele operadas no âmbito da divisão técnica do trabalho, (relativas à diluição dos contornos entre concepção e execução), devem ser compreendidas dentro do quadro do processo de valorização do capital. A transformação operada pelo toyotismo “só é possível porque se realiza no universo estrito e rigorosamente concebido do sistema produtor de mercadorias, do processo de criação e valorização do capital” (ANTUNES, 1995, p.33). 5.2 O Toyotismo Reafirmar a natureza capitalista do toyotismo é a posição adotada nesta disciplina. Entretanto, não existe consenso sobre isso na literatura. Nesta disciplina coloca-se em discussão as teses como as de Coriat (1994) que veem no sistema Toyota a presença de práticas mais democráticas de trabalho ou o sinal do surgimento de uma sociedade de novo tipo, pós-capitalista ou pós-industrial. Coriat (1994) analisa positivamente o toyotismo, já que - -11 o entende como um modelo que introduz a democracia nas relações de trabalho. Defende a ocidentalização e a incorporação do modelo sob uma variante social-democrata. 6 Os Impactos do Paradigma Flexível nas Qualificações dos Trabalhadores A mudança qualitativa na base técnica e organizativa do processo de trabalho acarreta impactos não apenas sobre a divisão do trabalho, mas também sobre: o conteúdo do trabalho e a qualificação dos trabalhadores. A análise a respeito do impacto que o paradigma flexível traz para as qualificações dos trabalhadores tem sido realizada por vários autores com diferentes enfoques e abordagens. Num retrospecto das análises a respeito das consequências das atuais transformações que ocorrem no mundo do trabalho sobre a dinâmica da qualificação /desqualificação humana, é possível destacar duas visões. Inicialmente predomina a tese da requalificação dos operadores (SOUZA; SANTANA; DELUIZ, 1999). A ideia era que o novo paradigma trazia como consequência uma maior qualificação dos trabalhadores, antes desqualificados no fordismo. Vários autores colocaram a tese da requalificação em questão. Antunes (1995) defende a tese da polarização das qualificações. Afirma que o avanço científico e tecnológico introduz mudanças no processo de trabalho que se traduzem no peso crescente da dimensão mais qualificada do trabalho, pela intelectualização do trabalho social. Defende a existência de uma polarização no que se refere à qualificaçãodos trabalhadores. Afirma que se convive por um lado com uma dimensão mais qualificada do trabalho (pela intelectualização do trabalho social), e por outro, com a desqualificação de inúmeros setores operários, seja pela desespecialização dos trabalhadores multifuncionais do toyotismo, seja pela informalização e precarização das relações de trabalho. Assim, em determinados setores, se constrói, no centro da produção, um novo tipo de profissional com novos atributos. Dele se exige mais educação geral, mais formação profissional. Um trabalhador capaz de: • se antecipar, prevenir, solucionar problemas e tomar decisões. • liderança, de desenvolver relações interpessoais, de desenvolver maior habilidade de comunicação etc. • trabalhar em equipe e introduzir inovações e melhorias. • responsabilidade, conhecimento do processo, ser aberto a mudanças. • mais autonomia e criatividade. • aprender continuamente e realizar trabalhos complexos e diversificados. • ser polivalente (isto é, capaz de operar com várias máquinas e em diferentes forças). • mobilizar saberes, construídos na escola, no trabalho e na vida, para dominar situações concretas, sendo capaz de transpor experiências. (DUARTE, 2008). • raciocínio abstrato, dominar novos conhecimentos. • • • • • • • • • - -12 Ao lado desse grupo, isto é, ao lado da intelectualização de uma parcela da classe trabalhadora, o autor identifica, na periferia da produção, a presença de inúmeros setores operários desqualificados. Constata a presença dos operários desespecializados do fordismo, dos operários parciais, temporários, subcontratados, terceirizados, dos trabalhadores da economia informal, dos desempregados. Verifica-se, então, uma segmentação na classe trabalhadora do seguinte tipo: no centro do processo produtivo encontra-se um grupo de trabalhadores, em processo de retração em escala mundial, mas que permanece em tempo integral dentro das fábrica, com maior segurança no trabalho e mais inserido na empresa. (...) esse segmento é mais adaptável, flexível e geograficamente móvel. (...) A periferia da força de trabalho compreende dois subgrupos diferenciados: o primeiro consiste em empregados em tempo integral com habilidades facilmente disponíveis no mercado de trabalho, como pessoal do setor financeiro, secretárias, pessoal das áreas de trabalho rotineiro e de trabalho manual menos especializado. Este subgrupo tende a se caracterizar por uma alta rotatividade no trabalho. O segundo subgrupo situado na periferia oferece uma flexibilidade numérica ainda maior e inclui empregados em tempo parcial, empregados casuais, pessoal com contrato por tempo determinado, temporários, subcontratação e treinados com subsídio público, tendo ainda menos segurança no emprego que o primeiro grupo periférico. (...) ao mesmo tempo em que se visualiza uma tendência para a qualificação do trabalho, desenvolve-se também intensamente um nítido processo de desqualificação dos trabalhadores, que acaba configurando um processo contraditório que superqualifica em alguns ramos produtivos e desqualifica em outros. (ANTUNES, 1995, p.53/54). 7 As Mudanças nas Relações de Trabalho e no Mercado de Trabalho A introdução de um novo paradigma industrial e tecnológico não foi o único efeito da reestruturação mundial do capitalismo ocorrido nos últimos anos. Concomitantemente, e como parte do mesmo movimento, podem ser observadas profundas transformações nas relações de trabalho e no conjunto do mundo do trabalho. Transformações que operam uma fratura nos termos em que estava constituída a relação capital/trabalho do pós-guerra. Se este período do pós-guerra se caracterizou pelo avanço das conquistas trabalhistas (salário mínimo, fundo de garantia, férias, 13º salário, entre outras), agora, com a ofensiva do capital reestruturado sob predominância financeira, assiste-se a um novo alinhamento de forças, no qual o trabalho perde muito de seu poder e representação. (PINHEIRO, 1999) As conquistas dos trabalhadores obtidas no contexto do Estado do Bem-estar e as políticas de pleno emprego e de crescimento econômico vividas no pós-guerra estão sendo questionadas, e a antiga relação salarial - -13 consolidada nessa época está se desestruturando, fragmentando o mundo do trabalho e rompendo com as formas de segurança do trabalho conquistadas nos anos dourados. Essas mudanças dizem respeito não apenas à criação de novas e restritas relações de trabalho, mas também e, sobretudo, à expansão da exclusão econômica e social. Elas trazem para o cenário atual uma realidade impensável nos chamados anos de ouro, pois provocam: a redução do emprego, a ampliação do desemprego, a intensificação do trabalho, o surgimento de novas formas de trabalho, as mudanças na forma e no conteúdo das contratações e a redução do poder dos sindicatos. A nova realidade do mundo do trabalho coloca em cheque a crença de que o mercado é eficiente e capaz de, em seu processo de expansão, absorver um número crescente de indivíduos, que irão viver sob os mesmos princípios de organização do mundo do trabalho: com salários e empregos assegurados para a grande maioria. Assim, a atualidade coloca em questão a capacidade de o sistema capitalista garantir condições de trabalho e vida digna para a maioria da população, bem como a sua capacidade de promover o progresso e de se desenvolver de forma abrangente e homogênea. (PINHEIRO, 1999) 8 Refletindo Sobre a Atuação do Pedagogo A Partir do Atual Contexto do Mundo do Trabalho Ao concluir esta aula, é necessário refletir sobre o papel do pedagogo neste novo cenário político, econômico e social. - -14 Você já compreendeu que, para atuar nas instituições, é fundamental entender como funciona o mundo do trabalho e suas exigências para os profissionais da atualidade. Que, sem essa compreensão, é impossível educar de modo crítico e comprometido com os interesses dos trabalhadores. Como formar pessoas nas instituições, sem saber como funciona o mundo do trabalho e o que as organizações esperam delas? Se não compreendemos o que ocorre, podemos nos tornar inocentes úteis ao sistema, sem visão crítica e sem capacidade de educar para a transformação social, ou mesmo prejudicando quem pretendemos ajudar. A seguir, você verá cinco exemplos para refletir e compreender melhor esta situação. Por exemplo: Se você for contratado(a) por uma empresa fordista para capacitar funcionários, será que estará atuando a favor da transformação social se educar só para o exercício da tarefa, se apenas treinar o trabalhador para "apertar parafusos"? De fato é exatamente isso que a empresa espera que você faça: que treine o operário para que ele realize as tarefas exigidas no seu posto de trabalho com eficiência. Que ele faça isso bem e rápido. Mas será que isso é bom para o trabalhador? É esse tipo de treinamento que vai ajudá-lo a crescer como trabalhador e como cidadão? Se você for um pedagogo consciente e esclarecido, você poderá propor um outro tipo de treinamento mais abrangente, propostas de educação mais amplas, que envolvam inclusive o aumento de escolaridade do trabalhador... Se você for contratado(a) para atuar em uma mutinacional, pode ser que tenha que lidar com profissionais de perfil distinto de qualificação: com trabalhadores super-qualificados, com segurança, estabilidade no trabalho e salários elevados, ao mesmo tempo em que precise orientar a formação profissional de trabalhadores sem contrato, temporários e com baixa qualificação. Como atuar diante de trabalhadores com remunerações díspares, contratados e terceirizados, convivendo num mesmo ambiente? É preciso atenção para não aprofundar as diferenças, para atuar junto ao segundo grupo de modo a não aprofundar a precariedade das suas relações de trabalho. Para atuar junto ao primeiro grupo, garantindo seus interesses, mas sem elitizá-los ou aprofundar preconceitos contra os demais. Se você for contratado(a) para atuar em uma organização da atualidade, pode ser que tenhaque lidar com trabalhadores com um perfil de qualificação mais sofisticado. Trabalhadores dos quais a empresa exija competências diferenciadas, ou como afirma Deluiz (2004, p.73), trabalhadores dos quais a empresa exija um conjunto de competências que vai além: da dimensão cognitiva, das competências intelectuais e técnicas (capacidade de reconhecer e definir problemas, equacionar soluções, pensar estrategicamente, introduzir modificações no processo de trabalho, atuar preventivamente, transferir e generalizar conhecimentos), para as competências organizacionais ou metódicas (capacidade de autoplanejar-se, auto-organizar-se, estabelecer métodos próprios, gerenciar seu tempo e espaço de trabalho), as competências comunicativas (capacidade de - -15 expressão e comunicação com seu grupo, superiores hierárquicos ou subordinados, de cooperação, trabalho em equipe, diálogo, exercício da negociação e de comunicação interpessoal), as competências sociais (capacidade de utilizar todos os seus conhecimentos - obtidos através de fontes, meios e recursos diferenciados - nas diversas situações encontradas no mundo do trabalho, isto é, da capacidade de transferir conhecimentos da vida cotidiana para o ambiente de trabalho e vice-versa) e as competências comportamentais (iniciativa, criatividade, vontade de aprender, abertura às mudanças, consciência da qualidade e das implicações éticas do seu trabalho, implicando no envolvimento da subjetividade do indivíduo na organização do trabalho). Será que educá-los com esse perfil é interessante para os trabalhadores? Certamente que sim. É suficiente para promover uma maior conscientização e emancipação dos sujeitos? Certamente que não. Pense nos interesses do capital. Pense que ele lucra agora com a subjetividade operária. Interessa um profissional capaz de pensar com a cabeça da empresa. Pense no trabalhador. Pense que ele, além de profissional, precisa ser educado para ser um cidadão, consciente de seu papel e do lugar que ocupa na sociedade. Nesse sentido, como pedagogo, você precisa formá-lo com competências mais amplas, também com competências políticas. Como afirma Deluiz (2004, p.74), as competências exigidas pelo capital são necessárias ao sistema produtivo, mas não são suficientes quando se tem como perspectiva a expansão das potencialidades humanas e o processo de emancipação individual e coletivo. No processo de construção destas competências, é preciso, pois, propiciar uma formação que permita aos trabalhadores agir como cidadãos produtores de bens e de serviços e como atores na sociedade civil, atendendo a critérios de equidade e democratização sociais. Neste sentido, ao conjunto das competências profissionais acrescem-se as competências políticas, que permitiriam aos indivíduos refletir e atuar criticamente sobre a esfera da produção (compreendendo sua posição e função na estrutura produtiva, seus direitos e deveres como trabalhador, sua necessidade de participação nos processos de organização do trabalho e de acesso e domínio das informações relativas às reestruturações produtivas e organizacionais em curso), assim como na esfera pública, nas instituições da sociedade civil, constituindo-se como atores sociais dotados de interesses próprios que se tornam interlocutores legítimos e reconhecidos. E se você for contratado(a) por uma ONG para atuar em educação profissional com crianças e jovens? Como você vai atuar se não compreender o sentido político do trabalho no Terceiro Setor? Se não compreender que o Estado neoliberal se ausentou da execução das políticas públicas, deixando alguns serviços sociais a cargo da sociedade civil? Se não entender que essas políticas são, na maioria dos casos, assistencialistas? Se você não tiver uma visão crítica, acabará trabalhando na ONG aprofundando as diferenças sociais. Sem exercer seu papel transformador. - -16 Como afirmam Deluiz, Gonzáles e Pinheiro (2003, p.40), as ONGs que atuam nas políticas de educação profissional, apesar de terem como missão: “buscar alternativas para a melhoria da qualidade de vida e oportunidades sociais para segmentos da sociedade em desvantagem social, muitas vezes sua prática educacional é assistencialista e contribui para a manutenção das desigualdades sociais”. Isso porque oferecem aos jovens “uma formação atrelada à lógica do mercado, sem a perspectiva de ampliação da escolaridade básica e de reflexão sobre o mundo do trabalho e sobre a sociedade capitalista”. Ao contrário dessa visão, os processos de transformação social dependem de que as populações tradicionalmente excluídas do conhecimento e do exercício da cidadania possam ter uma formação técnica e política, capaz de viabilizar uma efetiva participação na sociedade. Vamos refletir sobre outro exemplo. Pense que você está coordenando a parte pedagógica de um cursinho básico de informática oferecido por uma ONG aos jovens de uma comunidade. Se você não compreendeu corretamente o contexto do mundo do trabalho, vai acreditar ingenuamente na proposta defendida pela ONG. Ela certamente afirma que está agindo no sentido de buscar tornar seus alunos empregáveis. Defende que eles, após o curso, serão capazes de se responsabilizar pela geração de sua própria renda, por um trabalho por conta própria, que lhes garanta a sobrevivência. Certamente a ONG acredita que está fazendo o melhor para a população. Como acreditar nisso se você sabe que no mundo globalizado não existem empregos para todos? Que o mundo do trabalho da atualidade é excludente, que a segurança no trabalho e a estabilidade dos anos dourados já não existem mais, que o mercado de trabalho é marcado agora pelo desemprego e pela precarização? Se isso é fato, quando as ONGs responsabilizam os jovens por sua inserção no mercado, acabam por reforçar a visão liberal. Se o aluno não conseguir emprego/trabalho depois da realização do curso, ele vai se sentir o único responsável por sua situação laboral. Não vai perceber que seu provável fracasso se deve as condições excludentes do mercado de trabalho da atualidade. Como afirmam Deluiz e Pinheiro (2006, p. 56), as ONGs contribuem para difundir uma ideologia de passividade, uma vez que as dificuldades de inserção no mercado são vividas como fracasso pessoal, resultante da incapacidade dos indivíduos de negociarem as competências adquiridas nos processos educativos. Não há compromisso com a formação de cidadãos conscientes de seu direito à renda, ao trabalho e ao emprego, que são capazes de lutar pela transformação das relações que produzem a exclusão. A ênfase na empregabilidade associada à aceitação passiva da realidade excludente do mundo do trabalho transfere para a educação profissional um poder e um papel que ela de fato não possui: de superação das dificuldades das camadas populares no mundo do trabalho. Nessa perspectiva, ao assumirem a empregabilidade como finalidade das suas ações educativas, as ONGs convertem a educação profissional em um instrumento de mistificação, encobrindo o real desinteresse por parte do Estado no enfrentamento das questões sociais e - -17 econômicas mais amplas. Ao atuar como parceiras do Estado na autorresponsabilização dos setores mais carentes pelo desenvolvimento de respostas aos problemas de geração de trabalho e renda, as ONGs acabam, no limite, por legitimar a própria "desresponsabilização" do Estado neoliberal na intervenção social. Mas, ao contrário, se você tiver clareza sobre o cenário e desenvolver uma visão crítica sobre o mundo do trabalho, poderá ver que essas "migalhas" que o Estado Neoliberal oferece as camadas populares, que esses cursinhos aligeirados, não contribuem de fato para a emancipação dos jovens e crianças atendidos. Quem sabe você poderá, então, propor na ONG uma formação mais ampla, que envolva a discussão de questões relativas à cidadania, de forma lúdica e integrada, contribuindo para a ampliação da visão de mundo desses jovens e para o aumento de sua escolaridade... O que vem napróxima aula Na próxima aula, você vai estudar: • Sobre as organizações, as organizações, principal lócus de atuação do pedagogo. Você irá aprender que, em uma perspectiva crítica, as organizações têm como função atenuar os conflitos sociais. Fazem isso buscando impedir que os conflitos dos trabalhadores se transformem em conflitos coletivos. Com esta intenção, as organizações criam um sistema coerente, orientado para a subordinação e para o enquadramento dos trabalhadores à ordem econômica, política e ideológica capitalista. CONCLUSÃO Nesta aula, você: • Analisou o regime de acumulação flexível que emerge no cenário mundial após a crise do fordismo, em meados dos anos 70; • percebeu que o neoliberalismo correspondeu a uma estratégia de gestão do capital frente às mudanças estruturais no capitalismo, a partir de uma nova divisão internacional do trabalho; • aprendeu que no plano econômico essa nova etapa do processo de acumulação capitalista foi marcada: pela introdução de novas tecnologias, pelo abandono dos equipamentos dedicados, pela introdução de novas técnicas organizacionais, pela flexibilização de produção, e por mudanças na gestão da força de trabalho; • compreendeu que as transformações de ordem econômica acarretam mudanças no mercado de trabalho. • • • • •
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