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Odontologia Minimamente Invasiva (O.M.I) Há 100 anos, a remoção completa de todos os vestígios de tecido cariado dentro de uma lesão cariosa foi considerada padrão ouro, com o princípio de extensão para prevenção. Avanços no campo da cariologia em relação ao biofilme, com melhoria em materiais, desafiaram essa perspectiva. Foi estudado nas últimas décadas, longe de remover todos os sinais de tecidos cariados em um dente e em direção a uma abordagem mais minimamente invasiva. Na Odontologia moderna, o procedimento cirúrgico restaurador deve ser visto como parte do tratamento, inserido num rol de medidas capazes de realmente combater a doença. Motivar o paciente para as escovações regulares dos dentes, controle da dieta, utilização do flúor e a busca frequente pelo profissional, são procedimentos que devem ser intensificados para evitar o aparecimento da cárie. Nesse contexto, ressalta-se que quando a cavidade já se faz presente, o máximo de estrutura dentária deverá ser preservado, durante o procedimento restaurador, adotando-se a filosofia de uma Odontologia Minimamente Invasiva. Historicamente a Odontologia baseia-se na necessidade de limitar os danos provocados tanto pela evolução da cárie como da doença periodontal. Através de trabalhos científicos ao longo das últimas três décadas foi possibilitado uma melhor compreensão da biologia estrutural e funcional dos tecidos dentais e das fases pré-clínicas das doenças cárie e periodontal levando a uma abordagem menos invasiva dos tecidos orais. No entanto, a maioria dos serviços públicos tem dado prioridade ao tratamento odontológico ás crianças em idade escolar, priorizando o atendimento na fase de irrompimento dos primeiros molares permanentes, deixando de lado o que poderia ser priorizado, ou seja, interpor barreiras á história natural da doença com medidas de prevenção e promoção de saúde o mais precocemente possível denominado filosofia de OMI, que preconiza um melhor entendimento da etiologia da cárie dentária e seu prognóstico e recomenda tratamentos que preserve a estrutura dentária em lesões cavitadas através da utilização de mínimas intervenções operatórias invasivas. Ampliação da cavidade (Intervenção mista) Nesse tipo de tratamento é possível conduzir o controle da lesão de cárie também sem que haja remoção de tecido cariado, sendo totalmente dependente da desorganização do biofilme dentário através da escovação domiciliar e supervisionada pelo cirurgião dentista em consultas periódicas. • Tornar a cavidade acessível, facilitando o controle de biofilme (intervenção não invasiva) • Pode ser realizada com tira de lixa metálica, espátula, machados, enxadas. • Necessita de cooperação dos responsáveis • Controle periódico clínico e fotográfico • Pode ser associado ao controle de Mineralização (intervenção não invasiva) –ATF ou verniz Indicações • Crianças pequenas: procedimento menos invasivo, menos ameaçador • Crianças com muito medo: adiar um procedimento restaurador mais complexo, manejo do paciente • Crianças mais velhas: manutenção até esfoliação O diamino fluoreto de prata apresenta, em sua composição, hidróxido de amônia, nitrato de prata, hidróxido de cálcio, ácido fluorídrico e solvente. No Brasil, é comercializado nas concentrações de 10%, 12%, 30% e 38%. Várias propriedades foram atribuídas ao diamino fluoreto de prata, entre elas: tornar o esmalte dental mais resistente, inibir a formação de placa, diminuir a produção ácida dos micro-organismos na dentina cariada, reduzir a população de Streptococcus mutans e obliterar os canalículos dentinários expostos, estabelecendo uma ação cariostática e impedindo o desenvolvimento de cárie. Quanto maior a concentração da solução cariostática, maior é o seu efeito antibacteriano. Antes da aplicação do diamino fluoreto de prata, deve-se informar os responsáveis que na região em que o processo da cárie estiver presente, ocorrerá o escurecimento. Técnica • Profilaxia com pedra-pomes e água; • Remoção da dentina amolecida com curetas; • Lavagem e secagem; • Proteção dos tecidos moles com vaselina ou manteiga de cacau; • Isolamento relativo e secagem do campo operatório; • Aplicação com bolinha de algodão ou cotonete umedecido, por 3 minutos. Caso ocorra contato desta substância com tecido mole, por exemplo, a gengiva, formando uma área esbranquiçada, deve-se neutralizar a ação do diamino com solução salina a 3%. Se acontecer contato do produto com a pele e roupas, recomenda-se lavar com água, amônia ou água oxigenada. Para melhor eficácia no tratamento as reaplicações devem ser feitas trimestralmente, maximizando assim a ação cariostática da solução. • O Diaminofluoreto de prata é um agente cariostático, fluoretado, utilizado para paralização de lesões de cárie. • Apresenta propriedades de fluoreto de sódio e nitrato de prata (concentração de flúor próxima do dobro do verniz fluoretado) • Baixo custo, fácil aplicação, rende muito • Aplicação anual é suficiente para inativas lesões cavitadas em dentina • Aplicação semestral resulta em maiores taxas de paralização Produto que o dentista aplica com o intuito de aumentar o tempo que o flúor fica em contato com o esmalte dentário. Fica sobre a superfície dentária por um tempo mesmo após a sua aplicação e o aconselhado é que essa técnica seja feita após as refeições do paciente, pois ele deve evitar escovar os dentes após a aplicação do verniz para que ele possua uma boa aderência. O paciente não deve se preocupar ou entrar em pânico caso veja um tom amarelado nos dentes com o fim do tratamento, pois isso é normal, conforme o paciente volta a realizar a sua higiene bucal o dente volta a possuir sua coloração branca. Esse produto nada mais é do que um verniz com fluoreto à base de resina em sua composição. A aplicação desse produto, no entanto, faz parte de um tratamento que conta com uma substância parecida com o cálcio, que é colocada no dente de maneira a fortalecer a camada de esmalte dentário. Este tipo de produto foi considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma substância segura, que não causa eventuais efeitos colaterais. A sua principal forma de uso é contra a formação da cárie dentária e de lesões cariogênicas, mas como citamos, ela realiza o fortalecimento do esmalte do dente. Contudo, essa ação se dá principalmente pelo flúor presente na fórmula do produto. Indicações • Para fluoretação do esmalte; • Profilaxia da cárie dentária; • Tratamento de dessensibilizantes de colos da dentina; • Prevenção da cárie após obturação; • Prevenção da cárie em pessoas que usam aparelhos ortodônticos fixos; • Nas superfícies dentárias descalcificadas e fissuras descoloradas; • Em crianças pequenas, por ser considerado o método mais seguro de prevenção à cárie. Além disso, uma outra possibilidade de prevenção à cárie é a fluoretação, uma técnica de tratamento da água para adicionar uma quantidade de flúor, ajudando no combate contra esse tipo de patologia bucal. Contudo, é válido pontuar que esse verniz também é indicado por dentistas para tratar alguns casos de hipersensibilidade dentinária. Devido ao revestimento que o produto faz no dente, ajuda a cuidar do desgaste dentário que gera os acessos de dor quando são ingeridos alimentos e bebidas quentes, frios, doces ou ácidos. Sendo assim, podemos afirmar que há a possibilidade de usar o verniz fluoretado para sensibilidade. Isso depende do profissional que está realizando o procedimento uma vez que isso depende diretamente do diagnóstico e também da metodologia aderida pelo dentista. Contraindicação • Casos de gengivite ulcerativa; • Casos que o paciente apresenta problemas de estomatite. Mas por outro lado, não são elencados eventuais efeitos colaterais que o uso desse tipo de produto causa quando o tratamento é feito corretamente. Precauções • Não deve ser utilizado quando estiverfora do prazo de validade; • Guardado longe de crianças, em refrigeração, longe de calor, faíscas ou fogo também; • Uso deve ser apenas odontológico, e o seu manuseamento feito por profissionais da área; • A manipulação deve ser feita conforme as instruções do produto; • Não deve ser aplicado quando o paciente está de jejum; • Não é recomendado que o verniz seja colocado em gengivas que sangram constantemente pela possibilidade de manifestações alérgicas. Advertências • Caso o paciente seja intolerante ao produto, ou à composição, é aconselhado que ele seja retirado; • Nos raros casos de ingestão do produto, podem ocorrer náuseas e vômitos. É então necessário induzir o paciente ao vômito e então dar um copo de água morna com uma colher de chá de sal de cozinha para que ele beba. Além disso, também pode ser dado leite para que o paciente beba também. Benefícios • Liberação de fluoretos sobre o dente. Normalmente, eles ficam grudados por um período em torno de 24 horas., dessa forma que eles começam a produzir duas substâncias que são Fluoreto de cálcio e Fluorapatita., ambas eficientes para aumentar a resistência do esmalte do dente e realizar a remineralização dental. O principal benefício do verniz com flúor é justamente o de proteger o dente e estimular a saúde bucal do paciente evitando que ele sofra devido ao surgimento de cáries. • Uso a partir dos seis meses de vida de um bebê. Quanto mais cedo esse tratamento for iniciado, mais efetivo ele se torna, ajudando a pessoa à evitar o desenvolvimento de cárie ao longo da vida, sendo um procedimento muito indicado para ser realizado ainda durante a infância, uma vez que ele causa uma redução de cárie nas crianças pela metade. Trata-se de um conceito sobre o manejo da doença cárie em molares decíduos, com o uso de coroas de aço pré-fabricadas visando a abordagem de Mínima Intervenção. Nesta técnica, coroas de aço são cimentadas com cimento de ionômero de vidro em molares decíduos cariados sem sinais/sintomas de envolvimento pulpar. Assim, o biofilme não terá mais contato com o meio externo, evitando a progressão da doença cárie. A técnica foi publicada em 2006 pela Dra. Norna Hall, da Escócia, que mostrou resultados promissores comparáveis às técnicas restauradoras convencionais em crianças. Vantagens • Não há necessidade de anestesia local; • Não é necessário realizar preparo dentário ou remoção do tecido cariado; • Técnica rápida e de simples execução; • Melhor custo-eficácia comparada às restaurações convencionais; • Baixos percentuais de falha na restauração. • O aumento pequeno da dimensão vertical se torna adaptável ao organismo, uma vez que muitos problemas ortodônticos são necessários realizar este aumento e os pacientes não têm queixa alguma. Uma vez não excedido o limite de 5mm para aumento da dimensão vertical com o uso da coroa há adaptabilidade clínica, não havendo problemas para o paciente. Desvantagens • Desconforto de mordida após tratamento desaparecem um mês após a colocação da coroa. • É comum ocorrer um aumento inicial da dimensão vertical de oclusão uma vez que não são realizados desgastes nos dentes. • É necessário fazer radiografia periapical mesmo que o dente não apresente sintomatologia nenhuma para ter certeza do diagnóstico de vitalidade pulpar (pode haver necrose pulpar sem sintomatologia presente e são pedidas radiografias interproximais e periapicais para todos os dentes selecionados). Indicação • Ausência de doença sistêmica • Sem sintomas de pulpite irreversível os infecção periapical • Reabsorção de no máximo 1/3 de raíz • Lesão dentinária se extendendo radiograficamente até 1/3 médio da dentina Contraindicação • Presença de sangramento na sondagem ao redor do dente • Crianças com diagnóstico prévio de disfunção temporomandibular. Técnica • Consentimento dos pais • Explicação do procedimento para a criança • Sem anestesia • Escolha do tamanho da coroa (o menor número que encaixasse no dente) • Elástico de separação foi colocado nas interproximais uma noite antes do procedimento • Remoção dos elásticos e da placa bacteriana acumulada • Cimentação da coroa com ionômero de vidro para cimentação e pedindo para a criança morder. Os reparos são procedimentos minimamente invasivos, implicando na correção de um leve defeito e na subsequente adição de material restaurador, possibilitando a recuperação da restauração. Podem ser um tratamento alternativo à substituição de restaurações com defeitos localizados, desde que sejam clinicamente aceitáveis e acompanhados de um bom planejamento, pois eles preservam mais as estruturas dentais sadias, reduzindo custos e tempo clínico. Entretanto, quando os defeitos das restaurações já não são incipientes e envolvem fratura da estrutura da resina composta, profundo manchamento da interface dente-restauração e cárie secundária, a substituição da restauração é indicada. Para tal decisão, a determinação de critérios clínicos detalhados foi necessária para distinguir restaurações falhas que podiam ser reparadas ou que deviam ser substituídas. Assim, foram desenvolvidos os critérios United States Public Health Service (USPHS) e, posteriormente, os critérios USPHS modificados. Desta forma, para avaliar e decidir entre a substituição completa de uma restauração de resina composta ou o seu reparo, esse manuscrito objetiva demonstrar os critérios (parâmetros clínicos) utilizados que contribuem para a decisão clínica do cirurgião-dentista quando o assunto é prognóstico de restauração em resina composta. Reparo ou Substituição Vários autores afirmam que restaurações que apresentam pequenos defeitos ou falhas são tratadas rotineiramente por substituição pela maioria dos clínicos. Um ponto negativo da substituição é a remoção de quantidade de estrutura sadia do dente e ampliação do preparo cavitário. Em adição a isso, o custo geral de uma substituição pode ser mais elevado do que o custo de tratamentos alternativos, tais como reparo ou remodelamento de restaurações. A remoção total da estrutura da resina composta é indesejável e inapropriada, exceto quando há presença de fratura da estrutura do material, profundo manchamento da interface dente-restauração e cárie secundária. Baseando-se nos critérios USPHS, há algumas orientações e critérios auxiliares na decisão clínica após avaliação das restaurações estéticas diretas, estando resumidas a seguir: • Nenhuma abordagem: indicado apenas em caso de pequenas deficiências, por exemplo: margem com coloração desfavorável, sem desvantagens clínicas se não for tratada. • Remodelação: indicado quando as deficiências são ajustáveis, por exemplo: remoção de saliências, recontorno de superfícies, alisamento e polimento de superfície. • Reparo: indicado em caso de defeitos localizados, que são clinicamente insatisfatórios e não aceitáveis. • Substituição: indicado em caso de problemas generalizados ou graves e de intervenção necessária, onde o reparo não é viável. Vantagens • Preservar a estrutura dental além de ser de simples confecção e prover também um aumento da longevidade clínica das restaurações, o que é positivo tanto ao profissional quanto ao paciente. • Opção menos invasiva e restringe-se ao local do defeito. • Pode ser realizado nos seguintes casos: descoloração marginal superficial, correção de cor, defeitos marginais, fratura da restauração, fratura do dente. • É possível dobrar a meia-vida da restauração original com o mínimo de intervenção e, consequentemente, aumentar a vida útil da base dentinária. • Redução de efeitos potencialmente deletérios à polpa dental • Redução da dor, na maioria dos casos sem anestesia local • Menos risco de danos iatrogênicos aos dentes adjacentes • Preservação da resistência mecânica do dente • Redução do tempo de tratamento • Redução de custos • Melhor aceitação do paciente• Aumento da longevidade da restauração.