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Bioquímica de Alimentos (Vinícius Bolzan - @bolzan.studies) Carne bovina Valor nutricional A carne bovina é muito variável. Afetam sua composição fatores como: Espécie; Raça; Sexo; Idade; Status nutricional; Nível de atividade do animal. Composição da carne vermelha: Água: ~70% Proteína: ~20% Lipídeos: ~6% Cinzas: ~1% Os lipídeos são formados por triacilgliceróis neutros, pequenas quantidades de fosfolipídios de membranas celulares e colesterol. E esta composição lipídica varia com: Quantidade de ácidos graxos poli- insaturados; Músculo da espécie *Músculo vermelho: depende do metabolismo oxidativo; *Músculo branco: depende do metabolismo glicolítico. Uma porção de 85g de carga pode conter de 50 a 100% da quantidade proteínas necessárias ao bom crescimento e à manutenção da saúde. O tecido muscular é um excelente fonte de: Vitaminas Hidrossolúveis, tais como: *Tiamina; *Riboflavina; *Niacina; *Vitaminas B6 e B12. As carnes vermelhas são fontes de ferro, devido: Alto teor de mioglobina; A forma heme possibilita um maior nível de biodisponibilidade. Cálcio Presente em carnes processadas por meio mecânico; Devido a presença de fragmentos de osso. Principalmente fonte de carboidrato no músculo é o glicogênio. Glicogênio (Glicólise anaeróbica) Lactato Estrutura e função muscular Miofibras ou fibras musculares – formato de células multinucleadas e arranjadas paralelamente que os músculos se apresentam. O músculo é infiltrado por um complexo sistema de nervos que regulam: * Contração muscular; * Manutenção do tônus muscular; * Transportam oxigênio e nutrientes, ao mesmo tempo que removem CO2 e lactato. Retículo sarcoplasmático Envolve organelas contráteis (miofibrilas) e funciona como um reservatório de íons Ca2+, que são um gatilho para a contração muscular. Mitocôndrias Funcionam como transdutores de energia para a miofibra. Lisossomos Funcionam como reservatório para a família das enzimas proteolíticas (catepsinas), reciclam a proteína. LINHA Z São faixas de proteínas estreitas, escura e densas em elétrons, as quais se localizam no centro da Banda I (Banda clara). Do alemão zwischen significa “entre”. Carne maturata 1. Vácuo (Embalagem) * Reduz a relação red-space/matriz; * Diminui a deterioração. 2. Temperatura *0°C – 1°C: Condição microaerofilica, diminui- se o teor de O2. Tempos de maturação: 7, 14 e 21 dias. 21 dias: Carne mais macia, pois há maior atividade das enzimas autocatalíticas. Teoria da contração muscular (Teoria dos filamentos deslizantes) O comprimento do sarcômero (é a distância entre os discos Z adjacentes) varia de acordo com o grau de contração ou estiramento aplicado sobre a fibra. Na contração Os filamentos finos e grossos, passam um pelo outro, de modo que os finos, que se encontram na terminação oposta do sarcômero, movem-se de encontro ao outro e assim diminui o comprimento do sarcômero. No estiramento Há o aumento da separação dos discos Z e o afastamento dos filamentos finos do sarcômero. Aumento da rigidez da carne Quando os músculos encontram-se contraídos ao máximo, os sarcômeros na forma mais curta possível, e a grande sobreposição entre os filamentos, junto à grande quantidade ligações cruzadas. Músculo liso São consumidos como órgões (ex. moela, estômago e intestino). Não apresentam um padrão estriado na análise em laboratório. Propriedades das proteínas Nutricional Fonte de aminoácidos Funcional Retenção de água (maciez) – congelamento rápido e descongelamento lento reduz a retenção de água; Emulsificação (salsicha); Geleificação. Proteínas do tecido muscular Proteínas Sarcoplasmáticas (contráteis) São chamadas “proteínas solúveis em água”, pois podem ser dissolvidas em baixa força iônica. Miosina: ~ 65% do total de proteínas miofibrilares; Age como um motor molecular para contração muscular. Actina: ~ 40% do total de proteínas musculares. Liga-se a miosina durante a contração muscular, formando ligações cruzadas de actomiosina. Colágeno: É a proteína dominante da porção do estroma, as quais protegem e sustentam os músculos; dessa forma pode haver alguma correlação entre a quantidade e qualidade de colágeno com a maciez da carne. Cocção: romper e solubilizar as fibras de colágeno, aumentando a maciez. Músculos menos macios Apresentam altas concentrações de colágeno, bem como grandes concentrações de hidroxilisilpiridinolina (HP). Proteínas sarcoplasmáticas A mioglobina tende a ser pouco abundante em animais jovens, o que explica a coloração pálida vitela. Fatores que influenciam na estabilidade da cor: pH do músculo (ideal ~5,4); Temperatura muscular; Exposição a luz; Contaminação bacteriana. As carnes sofrem despigmentação espontânea. (Oxidação da oxi-mioglobina a meta-mioglobina). Sabor Post-morten: A creatinose mantém estáveis os níveis de ATP para serem utilizados para o músculo em momentos de esforço intenso ADP AMP Durante o repouso os níveis de ATP baixam rapidamente. O AMP é desaminado pela ação da AMP desaminase em IMP degradado em HX (sabor amargo). Fisiologia do músculo pós-morte Após a morte do animal os níveis de ATP caem há um ponto que não haja mais ATP para ligação nas cabeças da miosina, mantendo-se a miosina dissociada da actina. A primeira etapa para conversão do músculo em carne (após o abate) é a interrupção do fluxo sanguíneo para o músculo. Rigor mortis – diminuição do ATP que resulta no enrijecimento do músculo. Na falta de oxigênio o piruvato é convertido a lactato. A redução do pH é reflexo do acumulo de lactato, que serve como indicar da taxa de glicólise pós-morte. Serve como método de conservação devido a menor atividade microbiológica. Maturação ou resolução da rigidez cadavérica Fase FINAL da conversão do músculo em carne; Ocorre o aumento gradual de flexibilidade e maciez do músculo. Devido ao rompimento proteolítico da ultraestrutura da miofibra. Influenciam na textura da carne Nível de maturação; Idade (menos colágeno); Gordura (marmoreio – gordura entremeada na carne); Alimentação – ração (maior controle dos nutrientes). Caracterização sensorial Coloração Ideal – uniforme, sem manchas escuras ou zonas claras. Consistência Normalmente – firme, compacta e elástica. Odor Suave e agradável. Insensibilização e Eletronarcose Perda da consciência do animal antes da morte; Melhora processos tecnológicos (menor qtd de sangue na carne); Pois no estresse animal há queima de glicogênio pelo animal e prejudica a qualidade da carne. Degradação pós-morte das proteínas musculares Temperatura elevadas (> 5-10 °C) Aumento da proteólise; Redução da capacidade de retenção de água; Aumento da degradabilidade por microrganismos. Amaciadores da carne A) Proteases vegetais Hidrolisam proteínas miofibrilares; Papaína (mamão): hidrolisa a tropomiosina; no entanto, altera propriedades sensoriais da superfície da carne. Actinidina (kiwi): hidrolisa a miosina; promove o amaciamento ideal. Calpaína É uma cisteína protease ativida por Ca2+ que é mais ativada na faixa de pH neutra. Estão presentes em duas isoformas na carne bovina: *u-Calpaína: necessita de 50-70 uM de Ca2+ para ativação; *m-Calpaína: necessita de 1-5 mM de Ca2+ para ativação. No pós-morte, atingem-se concentrações suficientes de Ca para ativar a u-calpaína, mas não para a m-calpaína. CaCl2: promove o amaciamento mas afetar flavor. Oxidação dos componentes de carnes Carnes são ricas em: Lipídeos poli-insaturados (lipídeos de membranas celulares); Ferro(mioglobina) – teor elevado de ferro- proteínas. Atua como catalisador da oxidação dos lipídeos poli-insaturados. Produtos da oxidação-lipídica (radicais livres) provem a oxidação de proteínas e produtos estáveis voláteis alteram o flavor. Catepsina Proteínas lisossomais com atividade máxima em pH ácido. Antioxidantes Inibem a oxidação da carne; Naturais – venda de carnes já temperaturas. Nutrientes para microrganismos H2S: NH3; Triptofano indol; Lisina cadaverina; Arginina putrescina. Mecanismos de deterioração Pseudomonas (pressão seletiva) utiliza glicose (fonte de energia) esgotamento (consumo rápido em carnes); Glicólise Utiliza aminoácidos livres Há alteração de sabor e odor, fontes para processos microbianos. Estresse ante mortem Temperatura; Exercício Físico; Contato com animais desconhecidos. Altos níveis de glicogênio levam a um declínio prolongado do pH, resulta em pH muito baixo ~5,0. Como o ponto isoelétrico da miosina é ~5,0, resulta em uma carne com pouco funcionalidade proteica. Carnes industrializadas São carnes que sofreram a aplicação de tratamentos físicos, químicos e térmicos no tecido muscular, os quais aumentam a variedade do produto, afim de oferecer maior conveniência e aumentar a vida de prateleira da carne. Cura Carnes frescas tratadas com sal e nitrito; OBJETIVO: Preservar e se obter cor e sabor específicos. Como: presunto, toucinho e salsichas. O uso mais comum: NaCl, nitrato e nitrito. Ácido ascórbico Atua como conservante, antimicrobiano, inibidor de mofos e leveduras. Classificação das carnes processadas Produtos cárneos industrializados Tipos de análises a. Fiscal Valor jurídico; Amostras encaminhadas em triplicata. b. Controle Valor jurídico; Triplicata. c. Orientação Sem valor jurídico; Atendimentos de solicitações diversas. Finalidades das análises Fiscalização Identificar fraudes; Análise do estado de conservação. Qualidade Análise do estado de conservação; Acompanhamento da produção. Também é feita a análise de: Composição centesimal; Contaminantes incidentais. Qualidade a) Atrativa Questões higiênico-sanitárias na fazenda, na indústria e no comércio. b) Percebida Sua ausência deixa o consumidor insatisfeito. Legislação Regulamento de Inspeção Sanitária (RIISPOA) – Brasil, 2017. Normas para colheita de amostras Acondicionados em recipientes limpos e íntegros; Quantidade mínima de 500g; Transporte em recipientes isotérmicos (com gelo ou outra substância refrigerante); O tempo de colheita e a chegada no laboratório deve ser o mais breve possível. Pescado (Anfíbio, réptil e peixe) Controle químico do pescado Estado de conservação – pelo fato de o peixe não sofrer insensibilização, usa-se gelo em alguns casos. Adição de conservantes; Contaminantes – por está no meio aquático os processos são mais intensos (bioacumulação – mercúrio e chumbo). Características dos pescados Alimento de fácil digestibilidade; Proteínas de alto valor biológico; Gorduras insaturadas (ômega 3); Vitaminas A e D; Sofisticação gastronômica Aumento do consumo. Consumo de peixe no Brasil 7kg/habitante/ano. Recomendação OMS: 12 kg. Ligado à: Hábitos regionais, socioeconômicos e culturais; Populações ribeirinhas; Populações de média e alta renda. Controle da Qualidade Contaminação ambiental; Condições higiênico-sanitárias – hidrocarbonetos (antraceno e fenantreno) difíceis de metabolizar; Fiscalização adequada – relação ao período de DEFESO (reprodução). Filé de peixe Carne mais pigmentada: ricas em mioglobina e citocromo, o músculo sofre contração frequente. Carne menos pigmentada: pobre em mioglobina e citocromo, o músculo sofre contração esporádica. Alteração no músculo pós-morte e qualidade da carne - Pré-rigor Músculo macio e altamente hidratado; Queda do ATP, CP e pH; Ativação da via glicolítica; Produção de ácido lático; Intensidade de queda de pH depende de reservas de glicogênio (nível de exaustão do animal). - Rigor-mortis Enrijecimento do músculo; Queda do pH – formação de actomiosina e encurtamento dos sarcômeros; Rigor de peixes é de 1 – 7 horas; Outras carnes de 1 – 12 horas ou até 20. - Pós-rigor Amaciamento da carne; Carne de mamíferos: aceitabilidade ótimo entre 2 e 3 semanas armazenadas a 2ºC. Fatores que contribuem para a velocidade das transformações Condições de captura (extrativista ou despesca – armazenamento em gelo); Baixos teores de tecido conjuntivo de sustentação; Fraca união das estruturas proteicas; Espécie, idade, estação do ano, zona geográfica de captura. Determinação do pH Peixe recém captura: 60-6,5 Carne externa: inferior a 6,8; Carne interna: inferior a 6,5. Pescado fresco, resfriado e congelado Há a conversão de OTMA (Óxido de Trimetilamina) TMA (Trimetilamina). OTMA é utilizado para a osmorregulação de peixes de águas salgadas, logo o teor é alto neste peixes. OTMA é o precursor das Bases Voláteis Totais (BVT). Regulamento: 30 mgN/100g Histamina Métodos de adição HPLC/fluorimetria [oficiais] e Cromatografia de Camada Delgada (CCD). Outras aminas biogênicas Lisina Cadaverina Ornitina Putrescina Prevenção da perda de peixes Temperatura limite: 4,4 ºC, não há atividade enzimática nesta temperatura. Sulfito É um conservante adicionado que evita o escurecimento enzimático de pescados (como ex. o camarão). Evitando desta forma que seja rejeitado pelo consumidor. Polifosfato O mais comum é o tripolifosfato de sódio. Capacidade de ligação da água em produtos cárneos cozidos – aumenta a suculência; Quelam íons Cálcio, Magnésio, Ferro 2+ e 3+ prevenindo ranço oxidativo e estabilizando cor e sabor; Aumenta o pH. Índice Kappa Tem a finalidade de medir o grau de concordância entre proporções derivadas de amostras dependentes. Em que: I = Iosina; Hx = Hipoxantina. Índice ideal: Peixes frescos: abaixo de 5%; No mercado: 40-60% Ácido Bórico Conservante Alimentício. Formol Adição proibida; Algumas espécies podem produzir endogenamente. Nitratos Proibida a utilização como conservantes. Mercúrio Contaminante. Limite 0,5 ppm (peixes em geral); 1,0 ppm (peixes predadores). Pontos alarmantes Epidemias de envenenamento; Alta sensibilidade fetal; Altos níveis entre consumidores habituais. *Organismos filtradores: bioacumulam; *Organismos predadores: biomagnificam. São mecanismos de incorporação de metais pesados. Pescado industrializado Pescado salgado, salgado seco; Conservas de pescado; Pescado defumado; Pescado prensado e dessecado; Outros: ovas de peixe, pescado empanado, marinado. Etapas da pesca até a venda dos peixes Produtos não comestíveis Farinha de peixe Amplamente utilizada para ração animal. Proteína: 1ª Mín – 60%; 2ª Mín – 40 %. Umidade: Máx. 10%. Gordura: 1ª Máx. – 8%; 2ª Máx – 10%. São ricos em ácido graxos poli-insaturados (ômega 3). Cloretos: 1ª Máx. – 5%; 2ª Máx – 10% Relaciona-se com processos produtivos. Óleo de pescado Coloração – amarelo claro. Impurezas – máx. 1%. Umidade – máx. 10%. Acidez em ácido oleico – máx. 3%. Quebra das ligações éster causa a rancificação hidrolítica.
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