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- A carne é o resultado de diversas transformações físicas, químicas e bioquímicas sofridas pelos músculos após o abate dos animais. As transformações que ocorrem nas primeiras 24 horas determinam as características e propriedades da carne e são dependentes do manejo pré e pós- abate." - A carcaça bovina é o corpo do boi abatido, do qual foram removidos a pele, as vísceras, a cabeça, as patas, as gorduras cavitárias e o rabo. - A carcaça animal é o produto do abate de animais domésticos ou selvagens sacrificados com vistas ao aproveitamento da carne como alimento. Carne: Definição Carnes: Valor nutritivo, composição e características bromatológicas - O manejo desses animais, a genética, a espécie, a forma como eles serão tratados, as boas praticas no campo, a alimentação desses animais, o bem estar, o cuidado com a saúde desses animais, todos esses fatores estarão relacionados a qualidade do alimento que chegará a mesa do consumidor. - No caso dos suínos a carcaça é normalmente comercializada no Brasil ainda com cabeça e pés, apresentando assim um maior rendimento em relação ao peso vivo do animal. - Cerca de 50 a 80% do peso vivo de ovinos, bovinos, frangos e suínos permanecem na carcaça. - De modo geral a carcaça animal é formada de músculos, ossose gordura, e as proporções desses constituintes na carcaça exercem grande influência na qualidade sensorial e nutricional do corte cárneo, afetando sua comecialização. Quando mais e ossos menos músculo a carne terá, quanto menos músculo, mais gorduras e ossos essa carne terá. Tipos de carne - Carnes vermelhas: Proveniente de bovinos, suínos, ovínos e caprinos são os principais exemplos, mas também podem ser citadas as carnes de búfalo, cavalo e outras espécies, consumidas em maior ou menor quantidade em função dos aspectos culturais e disponibilidade. - Carne de aves: A principal representante dessa categoria é a carne de frango, mas também são consumidas outras espécies de aves, como perus, patos, marrecos e codornas. - Carnes de caça: Consistem na carne de animais não domesticados. Fatores que interferem na composição química da carne - Espécie, raça, sexo, idade, nutrição, atividade física do animal. - Temos ainda os fatores ambientais que influenciará na qualidade da carne, como a área anatômica do corte (maciez, composição do nível de gordura), armazenamento pós abate, tipo de cocção Composição química - Água: 65 a 80% - Proteína: 16 a 22% - Gordura: 3 a 13% - Cinzas: 1% - Quantidades pequenas de vitaminas, minerais, substâncias não nitrogenadas, carboidratos e ácido lático. - Existe uma relação inversamente proporcional entre a quantidade de água e a quantidade de gordura, quanto maior teor de água, menor será o teor de gordura e vice versa - Em relação ao perfil de ácidos graxos, na alimentação devemos dar prioridades as gorduras poli-insaturadas e monoinsaturadas. - O consumo exacerbado de ácidos graxos saturados está bastante relacionado ao surgimento de doenças cardiovasculares e o tratamento e prevenção dessas doenças se dá pelo uso de gorduras monoinsaturadas e poli-insaturadas. Pescados - Pescados frescos: Não foram armazenados, podem ter sofrido a proteção de gelo. - Pescado resfriado: Armazenado sob refrigeração ( -0,5 a -2,0°C). - Pescado congelado: Armazenado em temperaturas inferiores a -25°C. - Existe outro tipo de classificação de pescados que é em relação ao nível de gordura. Temos os pescados magros com teor de gordura abaixo de 5% e os pescados gordos com teor de gordura acima de 5%. No caso da sardinha e do atum eles são considerados pescados com alto teor de gordura, sardinha com 7,7% e atum com 6,84%. Principais tecidos musculares - Epitelial, nervoso, conjuntivo e muscular. - O tecido epitelial e o tecido nervoso compõem a carne de forma minoritária, em menor quantidade. Teremos em maior quantidade conjuntivo e muscular. - O teor de cada tecido principalmente de conjuntivo e muscular, quanto mais tecido conjuntivo ou menos tecido conjuntivo, melhor ou pior será a qualidade e maciez dessa carne. Organização do tecido muscular - O tecido nervoso presente no músculo é composto por axônio, junção neuromuscular, miofibrilas, fibra muscular e esse tecido nervoso estará relacionado ao processo de contração. Um estimulo do cérebro é enviado através das junções neuromusculares para o músculo, quando essa informação chega no músculo acontece o processo de contração. - O músculo é coberto por uma camada de tecido conjuntivo chamada de epimísio. - O músculo é composto por um conjunto de feixes musculares, dentro de cada feixe muscular teremos as fibras musculares. Cada feixe muscular será também coberto por uma parte do tecido conjuntivo chamado de perimísio e cada fibra muscular estará também sendo revestido por tecido conjuntivo chamado de endomísio. - Miofibrilares (55%): São de solubilidade intermediária, seriam elas a miosina, actina, troponina, tropomiosina e proteínas reguladoras. - Sarcoplasmáticas (30 a 35%): São proteínas solúveis, seriam elas enzimas e mioglobina. - Estromáticas/Extracelular (10 a 15%): São insolúveis são elas o colágeno e a elastina. Proteínas do tecido muscular Tecido muscular esquelético estriado - As organelas que compõem essa célula musculas são: - Retículo sarcoplasmático e túbulos T: Forma um sistema de canais e cisternas. As membranas reticulares do retículo sarcoplasmático são os locais de armazenamento do cálcio das fibras em repouso. - Lisossomos: São pequenas vesículas que armazenam diversas enzimas digestivas. As catepsinas, calpaínas e colagenases, que hidrolisam proteínas musculares e colágeno. Essas enzimas provocam a lise das proteínas do sarcrômero, enfraquecendo a estrutura da linha Z e, por isso, contribuem para o amaciamento da carne. -Mitocôndrias: É a fonte de energia química (ATP) próxima aos locais de sua utilização. - Complexo de Golgi: Sua função principal é concentrar e armazenar os produtos do metabolismo celular. Fibra Muscular: Proteínas Miofibrilares Contração muscular - Essa foto representa um filamento fino contrátil. O principal componente dessa foto é a actina, porém a actina não se encontra de forma isolada na fibra, ela se encontra junto com outras proteínas reguladoras, elas serão responsáveis pela ligamento e desligamento do processo contrátil. A troponina tem um sítio de ligação para o cálcio e a partir do momento em que troponina vai se ligar ao cálcio vai mudar sua forma que concequentemente muda a tropomiosina iniciando o processo de contração. - Essas proteínas reguladoras são sensíveis ao cálcio. - Tudo se inicia com uma alteração na polarização na membrana. A célula terá uma bomba de sódio e potássio, essa bomba é dependente de energia. A energia requerida para bombear os íons é fornecida pela hidrólise de ATP. A maior parte de ATP no músculo é encontrada na forma de um complexo com o íon magnésio. Esse complexo inibe a interação das duas proteínas, actina e miosina, impedindo a contração. O potássio sai da célula e o sódio, o mensageiro que fará com que aja a quebra do ATP é uma alteração do potencial de ação que é transferido de um nervo motor para uma fibra muscular, inicia- se a contração. - A contração muscular se inicia por um impulso elétrico transmitido através dos túbulos T, que provoca a liberação de cálcio pelo retículo sarcoplasmático, o cálcio se liga a troponina que vai mudar sua conformação estrutural mudando também a posição da tropomiosina expondo o sítio de ligação da actina deixando ela liberada para a ligação com a cabeça de miosina. Conversão do músculo em carne - É passado por três estágio: Pré-rigor mortis, rigor mortis e resolução do rigor. Eles estarão relacionados as transformações bioquímicas e fisico- químicas. - Pré-rigor mortis: Momento logo após o abate onde ocorre a queda da síntese de ATP. Quando o animal é abatido as reações de quebra de ATP irão sessar, pois haverá a retirada de sangue do animal impedindo o transporte do oxigênio e as reações que passarão a ocorrer serãoas anaeróbicas, nesse momento a glicólise acaba sendo anaeróbica e a quebra do oxigênio vai gerar o ácido lático. Nós temos o sistema creatina fosfato fornecendo fosfato para resíntese do ATP através da enzima creatina quinase produzindo apenas 3 ATP's. O ácido lático produzido será transportado pela corrente sanguínea até o fígado onde lá irá acontecer o ciclo de cori, uma gliconeogênese (produção de glicose por compostos não glicídicos), lá o ácido lático será convertido em glicogênio para ser quebrado em glicose e ainda ser utilizado pelo corpo do animal mesmo ele morto. Chegará um momento em que o ácido lático não será mais convertido em glicose lá no fígado, gerando assim uma redução do pH. Nessa fase o tecido ainda está macio. Animais bem alimentados e descansados as reservas de glicogênio são grandes, de modo que a carne produzida possui pH mais baixo que a carne de animais que estão exaustos na hora do abate. O ph mais baixo é responsável por uma cor mais desejável da carne, além de retardar a proliferação de bactérias deteriorantes. - Rigor mortis: Caracterizado por um momento de contração e enrijecimento, ocorrendo um complexo da actina e miosina, complexo de contração. É suspenso o suprimento do oxigênio pela sangria. Inicia 1 a 12 horas após o abate e pode durar de 15 a 20 horas em mamíferos. Anomalias nas carnes As aves geralmente apresentam início de rigor mortis 5 a 8 horas após a morte. Vai acontecer o esgotamento da resíntese de ATP. No caso dos pescados eles terão um rigor mortis diferente acontece 1 a 7 horas após a morte, eles apresentam um período de rigor menor que os bovinos e outros animais. Ele é apreciado pelos consumidores, mas não é interessante para preparação dos filés de peixe (ideal seria imediatamente após o abate, pois aqui a carne estará bem enrijecida). - Resolução do rigor: Para soltar as fibras e tornar a carne mais macia, iremos contar com as enzimas digestivas presentes nos lisossomos (catepsinas e também proteases dependentes do cálcio (calpaínas). Essas proteases irão quebrar as fibras e deixando ela mais frouxa e macia. Essa aceitabilidade ótima da carne acontece de 2 a 3 semanas de armazenamento a 2° C após a resolução do rigor. - Fatores ligados ao manejo pré-abate, especialmente os relacionados com o transporte até o abatedouro e o período de descanso, estão diretamente relacionados com as anomalias da carne. - Carnes PSE: Palida, flácida e exsudativa. - Carnes DFD: Escura, firme e seca. - Encurtamento pelo frio devido resfriamento brusco. Carnes PSE - Ocorrência: suínos e aves na primeira hora pós-morte; - Fatores pré-abate: Genética, Nutrição e Manejo. - Uma redução brusca do pH (5,8) rapidamente cai e um aumento da temperatura, causando uma desnaturação das proteínas e o musculo perde a capacidade de reter água. - A suplementação com Vitamina E e triptofano inibiu o aparecimento de carnes PSE. - O manejo: Isso ocorre devido o tempo e temperatura de transporte dos animais da granja para o frigorífico; a inclinação da rampa que deve ser inferior a 20°; jejum pré-abate (esgota as reservas de glicogênio), tempo de descanso dos animais antes do abate; tempo de descanso dos animais antes do abate. Pode ser destinada até certo limite para a elaboração de alguns produtos fermentados e certos tipos de emulsionados. É inadequada para elaboração de presunto cozido e outros produtos curados cozidos. Carnes DFD - Ocorrência: bovinos e suínos (pH>6 fazendo com que as proteínas miofibrilares estejam muito acima do seu ponto isoelétrico, aferido 24 horas após o abate). - Os exercícios físicos, o transporte, a movimentação, o jejum prolongado e o contato com animais estranhos ao seu ambiente acarretam o consumo das reservas de glicogênio. - Elevada capacidade de retenção de água o que juntamente com o pH favorece a proliferação microbiana. - A carne DFD pode ser utilizada para o processamento de produtos emulsificados como salsicha tipo frankfurt e produtos curados cozidos, formulados com 60% de carne normal para que seja obtida uma Encurtamento pelo frio coloração desejável, não sendo recomendada para o processamento de produtos fermentados e secos. - Ocorrência: Bovinos e ovinos. - Ocorre quando a carne é armazenada a uma temperatura inferior a 14°C durante os primeiros processos pós-abate, quando o pH ainda é superior a 6,8 e apresenta uma forte predisposição à contração muscular intensa. - Quando a carcaça é resfriada no período de pré-rigor, há paralisação das enzimas trasnportadoras do retículo sarcoplasmático, com vazamento de cálcio para o sarcoplasma, o que leva à formação de carnes extremamente duras. - Pode ser evitada deixando-se a carne a uma temperatura mínima de 15°C até que o pH diminua abaixo de 6. Pigmento da carne - A carne na presença de oxigênio e quando o ferro está na forma ferrorso 2 +, essa carne tem a coloração vermelho brilhante, mas quando acontece uma reação de oxidação desse ferro e não há mais a presença de oxigênio (após o abate do animal) ela vai mudando a sua coloração para um metamioglobina, coloração marrom, podendo avançar para um vermelho púrpura (deoximioglobina). A cor da carne mostra o índice de frescor.
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