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HM V- ONCOLOGIA BÁSICA | Luíza Moura e Vitória Neves BASES PARA ONCOLOGIA O QUE É NEOPLASIA? No organismo, há formas de crescimento celular: Controlada; e Ex.: hiperplasia, metaplasia e displasia. Não controlada Neoplasia/Tumores. A neoplasia é uma proliferação anormal do tecido, que foge parcial ou totalmente ao controle do organismo e tende à autonomia e perpetuação, com efeitos agressivos sobre o hospedeiro. CLASSIFICAÇÃO A mais utilizada leva em consideração dois aspetos básicos: Comportamento biológico; e Histogênese. COMPORTAMENTO BIOLÓGICO Tumores podem ser: Benignos: possui cápsula; Limítrofes ou “bordeline”; Malignos: sem cápsula. CAPSULA BENIGNO Crescimento lento e expansivo determinando a compressão dos tecidos vizinhos; Formação de pseudocápsula fibrosa. MALIGNO Crescimento rápido, desordenado, infiltrativo e destrutivo; e Normalmente não permite a formação da psudocápsula. INSÍPIDO É maligno, mas ainda não fez a infiltração por completo. CRESCIMENTO BENIGNO Crescimento lento; Possuem estroma e uma rede vascular adequada; Raramente apresentam necrose e hemorragia. MALIGNO Maior rapidez e desorganização do crescimento; Maior capacidade infiltrativa; Alto índice de duplicação celular; Desproporção entre o parênquima tumoral e o estroma vascularizado; Áreas de necrose ou hemorragia, de grau variável com a velocidade do crescimento e a “idade” tumorais. MORFOLOGIA BENIGNO Semelhantes e reproduzem o aspecto das células do tecido que foi originado. MALIGNOS Tem graus variados de diferenciação; Então tem pouca semelhança com as células que as originam. Pode ser anaplásico: não sabe a célula que originou. MITOSE No caso dos tumores, o número de mitoses está inversamente relacionado com o grau de diferenciação. BENIGNO Mitoses são raras e tem aspecto típico. MALIGNOS Mitoses em maior número e atípicas. HM V- ONCOLOGIA BÁSICA | Luíza Moura e Vitória Neves ANTIGENICIDADE BENIGNOS Bem diferenciadas, menor capacidade de produzir antígenos. MALIGNOS Pouco diferenciadas, útil no diagnóstico precoce de alguns tipos de câncer. Ex.: PSA: CA de próstata; Alfafetoproteína: hepatocarcinoma. METÁSTASES A metástase é o crescimento neoplásico à distância, sem continuidade e sem dependência do foco primário. As neoplasias malignas possuem 2 propriedades principais: Capacidade invasivo-destrutiva local; e Produção de metástases. O QUE É CÂNCER? Câncer é um termo que abrange mais de 100 diferentes tipos de doenças malignas que tem em comum o crescimento desordenado de células, que podem invadir tecidos adjacentes ou órgãos a distância; Divide-se rapidamente, tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, determinando a formação de tumores, que podem se espalhar para outras regiões do corpo; Os diferentes tipos de câncer correspondem aos vários tipos de células do corpo; Outras características que diferenciam os diversos tipos de câncer entre si são: Velocidade de multiplicação das células; Capacidade de invadir tecidos e órgãos vizinhos ou distantes - metástase. TODO TUMOR É CÂNCER? NÃO, NEM TODO TUMOR É CÂNCER. Tumor é o aumento de volume observado numa parte qualquer do corpo; Quando o tumor aumenta o crescimento do número de células, ele é chamado neoplasias – que pode ser benigna ou maligna; Neoplasia benigna: lipoma, mioma etc; Neoplasia maligna = câncer: linfoma etc. COMO SURGE O CÂNCER? O câncer surge a partir de uma mutação genética, ou seja, de uma alteração do DNA das células, que passa a receber instruções erradas para as suas atividades; As alterações podem ocorrer em genes especiais, denominados proto-oncogenes, que a princípio são inativos em células normais; Quando ativados, os proto-oncogenes tornam-se oncogenes, responsáveis por transformar as células normais em células cancerosas; Os efeitos cumulativos de diferentes agentes cancerígenos ou carcinógenos são responsáveis pelo início, progressão e inibição do tumor; A carcinogênese é determinada pela: Exposição a esses agentes, em uma dada frequência e um dado período; Interação entre eles; Porém, devem ser consideradas as características individuais que facilitam ou dificultam a instalação do dano celular. HM V- ONCOLOGIA BÁSICA | Luíza Moura e Vitória Neves ESTÁGIO DE INICIAÇÃO Os genes sofrem ação dos agentes cancerígenos, que provocam modificações em alguns de seus genes; As células se encontram geneticamente alteradas, porém ainda não é possível se detectar um tumor clinicamente; Elas encontram-se “preparadas”, ou seja, “iniciadas”; ESTÁGIO DE PROMOÇÃO As células geneticamente alteradas, ou seja, iniciadas, sofrem o efeito dos agentes cancerígenos classificados como oncopromotores; A célula iniciada é transformada em célula maligna, de forma lenta e gradual; Para que ocorra essa transformação, é necessário um longo e continuado contato com o agente cancerígeno promotor; Ex.: alimentação e exposição excessiva e prolongada a hormônios são fatores que promovem a transformação de células iniciadas em malignas. ESTÁGIO DE PROGRESSÃO Se caracteriza pela multiplicação descontrolada e irreversível de células alteradas; Nesse estágio, o câncer já está instalado, evoluindo até o surgimento das primeiras manifestações clínicas da doença; Os fatores que promovem a iniciação ou progressão da carcinogênese são chamados agentes oncoaceleradores ou carcinógenos; O fumo é um agente carcinógeno completo, pois possui componentes que atuam nos 3 estágios da carcinogênese. FATORES DE RISCO PARA O CÂNCER FATORES MODIFICÁVEIS São, principalmente, os hábitos de vida sendo passíveis de mudança: Tabagismo e etilismo; Obesidade; Fatores ambientais; Dieta e sedentarismo; Medicamento e tratamentos médicos; FATORES NÃO MODIFICÁVEIS São a herança genética e questões hormonais, inerentes à pessoa: Envelhecimento; Histórico familiar; Genes e cromossomos; Infecção: HPV; Distúrbios inflamatórios; Oncogenes, proto-oncogenes e genes supressores tumorais; Menopausa tardia ou menarca precoce; Ausência de gestação. HM V- ONCOLOGIA BÁSICA | Luíza Moura e Vitória Neves TERMINOLOGIA A nomenclatura dos tumores se baseia na: Histogênese; e Histopatologia. TUMOR BENIGNO Para os tumores benignos, a regra é acrescentar o sufixo “oma” (tumor) ao termo que designa o tecido que os originou. Exemplo: Tumor benigno do tecido cartilaginoso: condroma Tumor benigno do tecido gorduroso: lipoma Tumor benigno do tecido glandular: adenoma EXCEÇÕES Tumores embrionários; Teratomas (podem ser benignos ou malignos, dependendo do seu grau de diferenciação); Seminomas; Coriocarcinomas; e Carcinoma de células embrionárias. EPÔNIMOS: Linfoma de Burkitt, Doença de Hodkin, Sarcoma de Kaposi. MORFOLOGIA TUMORAL: os carcinomas e adenocarcinomas podem receber nomes complementares (epidermoide, papilífero, seroso, mucinoso, cístico, medular, lobulas etc) para descrever melhor a morfologia; SUFIXO INDEVIDO: algumas neoplasias malignas ficaram denominadas como se fossem benignas (ou seja, apenas pelo sufixo “oma”) por não possuírem a correspondente variantes benigna: Melanoma, linfomas e sarcomas. Algumas vezes, a nomenclatura de alguns tumores escapa a qualquer critério histogenético ou morfológico: Mola hidatiforme (neoplasia trofoblástica gestacional, como o corioma); e Micose fungoide (linfoma não Hodgkin cutâneo). GRADUAÇÃO HISTOPATOLÓGICA Baseia-se no grau de diferenciação das células tumorais e no número de mitoses: Bem diferenciado: G1 Moderadamentediferenciado: G2 Pouco diferenciado: G3 Anaplásico: G4 Outro dado importante é o número de mitoses que expressa a atividade celular: Quanto maior a proliferação de um tecido, maior o número de mitoses. ESTADIAMENTO ESTADIAMENTO CLÍNICO O sistema TNM permite classificar a evolução das neoplasias malignas, para determinar: Melhor tratamento; e Sobrevida dos doentes. HM V- ONCOLOGIA BÁSICA | Luíza Moura e Vitória Neves SISTEMA TNM T: tumor; avalia a dimensão do tumor primário: Quanto o tumor primário, o número. N: linfonodos regionais que envolvem aquele tumor; avalia a extensão da disseminação. Quanto N, mais linfonodos acometidos; M: metástase; tumor já saiu do local de origem e se espalhou: M0 ou M1. QUAL A IMPORTÂNCIA DO TNM? Obter de informações sobre o comportamento biológico do tumor: Seleção terapêutica e avaliação dos resultados; Previsão de complicações; Estima o prognóstico do caso; Investigação oncológica. ESTADIAMENTO PATOLÓGICO Se baseia nos achados cirúrgicos e no exame anatomopatológico da peça operatória; É estabelecido após o tratamento cirúrgico e determina a extensão da doença com maior precisão. A!! Esse estadiamento pode ou não coincidir com o estadiamento clínico. É grafado com a letra p minúscula antes das letras T, N e M. Exemplo: pT1pN1pM0. SÍMBOLOS ADICIONAIS -x: para os casos em que o tumor primário, linfonodos regionais ou metástases não possam ser avaliados pelo exame físico ou exames complementares. É grafado em letra minúscula após o T, N ou M - y: para os casos em que o estadiamento é feito durante ou após o tratamento. É grafado com a letra y minúscula antes do TNM ou do pTNM. - r: para os casos de recidiva tumoral, quando o estadiamento é feito após um intervalo livre de doença. É grafado com a letra r minúscula antes do TNM ou pTNM. - R: a ausência ou presença de tumor residual ao término do tratamento. Rx: a presença do tumor residual não pode ser avaliada; R0: ausência de tumor residual; R1: tumor residual microscópico; R2: tumor residual macroscópico. CAPACIDADE FUNCIONAL DO DOENTE TRATAMENTO DO CÂNCER Todo tratamento deve ser avaliado de acordo com: Tipo tumoral; e Condição individual. Deve levar em conta: Eficácia; Possíveis efeitos colaterais; Risco VS. benefícios do tratamento; Estado geral e desejo do paciente. Pode ser feito com: Cirurgia; Quimioterapia; HM V- ONCOLOGIA BÁSICA | Luíza Moura e Vitória Neves Radioterapia; Hormonioterapia; Imunoterapia; Terapia-alvo; Transplante de medula óssea. CIRURGIA É o principal tratamento utilizado para vários tipos de CA; Pode ser curativo quando a doença é diagnosticada em estágio inicial; Pode ser realizada com objetivo de: Diagnóstico; Alívio de sintomas como a dor; e Em alguns casos de remoção de metástases. QUIMIOTERAPIA Utiliza medicamentos anticancerígenos para destruir as células tumorais; Por ser um tratamento sistêmico, atinge as células cancerosas e as células sadias do organismo; De forma geral, é administrada por via venosa, embora alguns quimioterápicos possam ser administrados por via oral e pode ser feita aplicando um ou mais quimioterápicos; A quimio de acordo com seu objetivo, pode ser: 1. Curativa: quando usada com o objetivo de obter o controle completo do tumor; 2. Adjuvante: realizada após a cirurgia, com objetivo de eliminar as células cancerígenas remanescentes, diminuindo a incidência de recidiva e metástases à distância; 3. Neoadjuvante: para reduzir o tamanho do tumor visando que o tratamento cirúrgico possa ter maior sucesso; 4. Paliativa: sem finalidade curativa, para melhorar a qualidade da sobrevida do paciente. RADIOTERAPIA É o uso das radiações ionizantes para destruir ou inibir o crescimento das células anormais que formam um tumor; Pode ser utilizada como: Tratamento principal do câncer; Tratamento adjuvante: após tratamento cirúrgico; Tratamento paliativo: alívio dos sintomas da doença como dor ou sangramento; e Tratamento de metástases. As mais utilizadas são: Eletromagnéticas: raio-x ou raios gama; e Elétrons: disponíveis em aceleradores lineares de alta energia. Ela é sempre cuidadosamente planejada para preservar o tecido saudável, tanto quanto possível. TIPOS DE RADIOTERAPIA Radioterapia externa; Radioterapia conformacional 3D; Radioterapia de intensidade modulada (IMRT); Radiocirurgia estereotáxica (Gamma Knife); e Braquiterapia. HORMONIOTERAPIA Tem o objetivo de impedir a ação dos hormônios em células sensíveis; Algumas células tumorais possuem receptores específicos para hormônios, como os de: Estrógeno; Progesterona; e Andrógeno. E em alguns tipos de câncer, como o de mama e de próstata, esses hormônios são responsáveis: Crescimento e proliferação das células malignas. HM V- ONCOLOGIA BÁSICA | Luíza Moura e Vitória Neves Assim, leva a diminuição do nível de hormônios ou bloqueia a ação desses hormônios nas células tumorais, com o objetivo de: Tratar os tumores malignos dependentes do estímulo hormonal. TERAPIA ALVO Tratamento sistêmico que utiliza: Medicamentos alvo moleculares que atacam especificamente ou ao menos preferencialmente determinados elementos da superfície ou no interior das células cancerosas; Cada tipo de terapia alvo funciona de uma maneira diferente, mas TODOS alteram a forma como: Célula cancerígena cresce, se divide, se autorrepara; ou Interage com outras células; A!! Age em receptores específicos do tumor, o que difere da quimio. IMUNOTERAPIA Tratamento biológico com o objetivo de potencializar o sistema imunológico, utilizando: Anticorpos produzidos pelo próprio paciente ou em laboratório. O sistema imunológico é responsável por combater infecções, além de outras doenças. A imunoterapia, atuando no bloqueio de determinados fatores, provoca: Aumento da resposta imune, estimulando a ação das células de defesa do organismo, fazendo que essas células reconheçam o tumor como agente agressor. Ex.: tratamento de rim e pulmão. TRANSPLANTE DE MEDULA ÓSSEA A medula óssea é encontrada no interior dos ossos e contem as células-tronco, responsáveis pela formação dos componentes do sangue: Hemácias; Leucócitos; e Plaquetas. O TMO é a coleta da medula óssea para o tratamento de alguns tipos de câncer, como: Leucemias; Linfomas; e Mieloma múltiplo. Após a quimioterapia em altas doses, associada ou não à radioterapia, o paciente (receptor): Recebe a medula óssea por meio de uma transfusão, provenientes do próprio paciente ou de um doador. O TMO pode ser: 1. Alogênico: quando a medula ou as células precursoras provêm de outro indivíduo (doador). Doador e o receptor são pessoas diferentes; 2. Autólogo: quando a medula ou as células precursoras provêm do próprio indivíduo transplantado. Doador e receptor são a mesma pessoa.
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