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APOSTILA DE TECNICAS CIRURGICAS - Versao final - Julho 2018 (1)

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Apostila de Técnicas Cirúrgicas Veterinárias 
2018 
TÉCNICAS CIRURGICAS VETERINÁRIAS CIRURGIA 
Definição de Cirurgia: Cirurgia é definida como uma especialidade médica, na qual procedimentos invasivos manuais e/ou instrumentais são realizados nos pacientes humanos ou animais de acordo com recomendações técnicas, podendo ser para fim terapêutico ou de diagnóstico. Como método terapêutico: empregada no tratamento de doenças, lesões ou deformidades não responsivas a procedimentos não invasivos, visando a preservação da vida, restauração da função normal de tecidos, remoção de tecidos lesionados. 
Como método diagnóstico: auxiliar ou definir o diagnóstico que não pode ser determinado por outros meios, como exame clínico e exames complementares, ultrassonografia, radiografia. 
DIVISÃO DA CIRURGIA 
✓ Técnica cirúrgica: tem por finalidade o estudo especial das operações, sendo baseada nos tempos fundamentais da técnica cirúrgica, divididos em três. O primeiro tempo é a Diérese, significa as incisões. O segundo tempo é a Hemostasia, que é o controle do sangramento, pode ser usado durante toda a cirurgia. O terceiro tempo é a Síntese, representando as suturas, o encerramento do procedimento. 
✓ Patologia cirúrgica: é o estudo das afecções visíveis e palpáveis, localizadas em um órgão ou sistema. 
É dividida didaticamente para facilitar descrições e estudos. 
▪ geral: procura ver as afecções do paciente como um todo, não vai observar só em determinados locais e determinadas lesões. O animal está politraumatizado, com fraturas, desluvamento (pele arrancada de algumas partes do corpo), musculatura aparente. Esse paciente com Patologia Cirúrgica Geral tem que ser todo avaliado, nada pode ficar de fora. 
▪ especial: quando o paciente já passou por toda parte clinica, exames de imagem e já tem o diagnostico, vai fazer uma avaliação geral dos parâmetros, mas do ponto de vista cirúrgico já sabe o que tem e vai exatamente ao local do problema. Sabe o tipo de procedimento, que lesão é aquela, onde vai intervir, então é especial, já sabe o que está acontecendo. 
▪ regional: quando vai explorar uma determinada região para localizar as afecções. Por exemplo, quando recebe o paciente e durante o exame clínico observa uma massa no abdômen. Fez os exames de imagem, mas não detectou ao certo onde está aquela massa, se ela esta solta, presa na parede abdominal, presa no intestino, na vesícula urinária, não consegue ver onde está. Quando for fazer a cirurgia, tem que explorar toda a região abdominal. 
▪ sistemática: quando vai explorar e tratar um sistema inteiro. O paciente sofre de urolitíase, que são os cálculos, então ele pode ter nefrólitos (cálculos renais), cistólitos (cálculos vesicais) e ureterolitos (cálculos no ureter). Tem que tratar o sistema urinário inteiro. Como acontece também no caso que o paciente engoliu um corpo estranho, sendo este linear, como uma linha, ficando presa no esôfago, estômago e intestino, precisando operar e tratar todo sistema digestório. 
✓ Clínica cirúrgica: é o estudo do doente propriamente dito. Compreende toda parte ambulatorial e 
cirúrgica. Tem duas divisões didáticas: 
▪ propedêutica cirúrgica: aplicação da semiologia. Quando fala de cirurgia, não é exclusivamente colocar o animal na mesa e realizar o procedimento. Todo paciente cirúrgico passa previamente pela análise da clinica cirúrgica, pelo exame clinico. 
▪ terapêutica cirúrgica: indicação do tratamento, que é o tipo de cirurgia indicada ao paciente. 
2 
CLASSIFICAÇÃO DA CIRURGIA 
1) Quanto ao campo de ação 
✓ Cirurgia geral: são os procedimentos cirúrgicos mais frequentes, que não requerem materiais e/ou instrumentais especiais. São os procedimentos que a caixa de instrumental cirúrgico padrão é o suficiente. 
▪ celiotomia: abertura da cavidade abdominal pela linha media. Laparotomia é abertura da cavidade abdominal pelo flanco. Nos animais de companhia faz basicamente celiotomia. 
▪ orquiectomia: castração dos machos. 
▪ ovário-salpingo-histerectomia (OSH): castração das fêmeas. 
✓ Cirurgia especial: são os procedimentos cirúrgicos que necessitam de técnicas, materiais e/ou instrumentais específicos. São mais caros, precisam de investimento financeiro grande. Cirurgias oftálmicas, neurológicas e vasculares os instrumentais são muito delicados e pequenos, perdem facilmente a vida útil. 
▪ cirurgias ortopédicas 
▪ cirurgias oftálmicas 
▪ cirurgias neurológicas 
▪ cirurgias vasculares 
▪ cirurgias plásticas 
2) Quanto ao porte (grau de dificuldade) 
✓ Pequeno porte: são os procedimentos cirúrgicos mais simples, geralmente restritos aos tecidos mais 
superficiais. São rápidos, não oferecem riscos ao paciente (sem considerar anestesia). 
▪ remoção de um papiloma cutâneo 
▪ extração dentária simples 
▪ biopsia de pele 
▪ drenagem de um abscesso 
✓ Médio porte: são cirurgias que necessitam de um centro cirúrgico totalmente equipado. Em geral, ocorrem aberturas de cavidades. Requer que o centro cirúrgico tenha um aspirador cirúrgico, desfibrilador, aparelho de anestesia inalatória, aparelho de monitoração cardíaca. São cirurgias mais frequentes e têm duração de poucas horas, apesar de requisitam mais equipamentos. 
▪ cesarianas 
▪ orquiectomias e OSH 
▪ cistotomia: abertura da vesícula urinária, geralmente para retirada de cistólitos. 
✓ Grande porte: são cirurgias mais complicadas e demoradas. Exigem equipamentos, materiais e/ou instrumentais especiais, tanto pela complexidade das estruturas anatômicas envolvidas na técnica cirúrgica que vai ser realizada, quanto pela dificuldade de realização do procedimento. São de risco para o paciente, requer experiência do profissional e possui nível de exigência mais elevado. 
▪ cirurgias torácicas 
▪ cirurgias neurológicas 
▪ transplante de órgãos 
3) Quanto à presença de microorganismos 
✓ Asséptica: são cirurgias em que não existe contaminação bacteriana, ou a contaminação é mínima. Basta observação e emprego de todos os critérios de combate aos microrganismos, segundo os princípios de antissepsia cirúrgica. Se for eletiva, significa que o animal está bem, então é necessário fazer uma cirurgia asséptica, para que o animal continue hígido. 
3 
▪ orquiectomia eletiva e OSH eletiva 
✓ Séptica (contaminada): são cirurgias realizadas em uma área onde existe contaminação microbiana. É a presença do micro-organismo patogênico na área cirúrgica, com presença de infecção ativa. Quando o paciente está no meio de um processo infeccioso. 
▪ OSH em casos de piometra: nesses casos, é necessário realizar a cirurgia, não tem como esperar, mesmo sabendo que vai ser operada com a infecção no local. O cirurgião tem que ter a experiência e a destreza de não deixar o conteúdo extravasar. 
▪ drenagem de abscessos: coleção purulenta com infecção ativa. 
✓ Potencialmente séptica: são procedimentos em órgãos que têm uma flora microbiana normal, mas a ferida cirúrgica pode não se contaminar, dependendo dos cuidados adotados. Esses órgãos têm uma flora microbiana residente, que é natural que esteja ali, porém tem que evitar o extravasamento desse conteúdo para que não haja uma sepsemia. 
▪ enterotomia: abertura do intestino 
▪ gastrotomia: abertura do estomago 
▪ cistotomia: abertura da vesícula urinária. 
4) Quanto ao tempo da indicação até a realização da cirurgia 
✓ Programada (não-urgente): são cirurgias eletivas ou que podem ser marcadas para data futura, sem comprometer o estado de saúde do paciente. Há tempo para cumprir todo o protocolo pré-operatório. O animal está bem, tudo sob controle, foi o tutor que pediu para realizar a cirurgia, então tem como esperar. Pode usar esse tempo para fazer os exames de sangue necessários, avaliação cardíaca, exame de imagem. 
▪ OSH e orquiectomias eletivas 
▪ descornas 
✓ Urgente (relativa urgência): são cirurgias que devem ser realizadas o mais breve possível, podendo-se aguardar algumas horas, ou até poucos dias, para sua execução. Pode-se melhorar o estado geral do paciente, diminuindo possíveis riscos, podendo fazer os exames e se for o caso entrar com antibioticoterapiae antiinflamatório de acordo com o que esse paciente esteja apresentando. 
▪ correção de hérnia inguinal não encarcerada: está redutível, não esta oferecendo risco, mas hérnia pode encarcerar a qualquer momento. Como já foi diagnosticada, é melhor não esperar tanto tempo. 
▪ maioria das fraturas: esperar alguns dias para dar tempo de melhorar o acesso ao osso, diminuir a inflamação, realização de exames de imagem, antibioticoterapia sistêmica especifica para osso já seja iniciada. 
✓ Extrema urgência (emergência): são cirurgias que devem ser realizadas de imediato, não há tempo para cumprir protocolos pré-operatórios. O paciente corre risco de vir a óbito caso o procedimento seja retardado. Primeiro tenta salvar a vida do paciente, enquanto isso os exames podem ser realizados, mas não espera os resultados, já intervém rapidamente. 
▪ síndrome dilatação-torção-vólvulo gástrico: principalmente cães de raças grandes/gigantes que tem predisposição a esse problema. 
▪ hérnias diafragmáticas, 
▪ hemorragias internas; 
5) Quanto ao risco de morte 
✓ Cirurgia leve: são procedimentos cirúrgicos que dificilmente colocam a vida do paciente em risco, são 
rápidos e simples. 
▪ cauterização de pequenas feridas 
▪ retirada de papilomas cutâneos 
4 
✓ Cirurgia moderada: são procedimentos cirúrgicos que exigem maiores cuidados do que a cirurgia de risco leve. Tem abertura de cavidades, já se tornam mais especificas, necessitando de conduta mais detalhada 
▪ cistotomia 
▪ OSH 
✓ Cirurgia grave: são procedimentos cirúrgicos que colocam a vida do paciente em risco, pois comprometem suas funções vitais. São os casos das cirurgias de extrema urgência, o paciente não está hígido, está tentando salvar a vida dele. 
▪ cirurgia cardíaca 
▪ cirurgia em paciente desestabilizado (não hígido) 
6) Quanto às estruturas anatômicas envolvidas 
✓ Simples (elementar): são cirurgias que envolvem uma porção mínima de tecido ou poucas estruturas anatômicas. E é utilizado um número reduzido de instrumentais cirúrgicos. Podem ser feitas com a caixa de instrumental padrão. 
▪ extração dentária 
▪ remoção de papilomas cutâneos 
▪ drenagem de abscessos 
✓ Complicada (composta, complexa ou combinada): são cirurgias que envolvem várias estruturas 
anatômicas, com técnicas especiais para cada uma e são procedimentos mais demorados. 
▪ herniorrafia perineal: correção de uma hérnia na região do períneo 
▪ cirurgias ortopédicas 
▪ cirurgias neurológicas 
7) Quanto à existência de hemorragia 
✓ Incruenta (seca): são procedimentos cirúrgicos realizados com pouco ou quase nenhum sangramento. É 
uma situação pouco comum. 
▪ criocirurgia: cirurgias realizadas pelo congelamento 
▪ extração de cristalino (cirurgia de catarata) a laser 
▪ redução e estabilização de certas fraturas: na medicina veterinária não é aplicável, o que representa é a medicina humana nos casos de fratura bem lineares que não tem desvio de eixo ósseo. Por exemplo, uma fratura de rádio que faz a redução e passa um pino intramedular furando somente a pele sem precisar expor o foco cirúrgico, sem abrir partes moles, é considerada incruenta porque praticamente não sangra. 
✓ Cruenta (úmida): são cirurgias onde há perda significativa de sangue, pode estar trabalhando em tecidos que são muito vascularizados, são mais propícias à infecção (sangue é meio de cultura) e têm maior dificuldade de visualização do campo operatório, pois o sangue acaba mascarando. 
▪ mastectomias: retirada das mamas no caso das neoplasias 
▪ maioria das cirurgias 
8) Quanto à técnica cirúrgica utilizada 
✓ Regrada (clássica): são cirurgias desenvolvidas seguindo um plano de ação predeterminado. A técnica cirúrgica escolhida é executada em todos os seus passos, sem fugir da regra. São castrações que não tem intercorrências, o tutor que solicitou, não tem piometra. Faz a técnica do começo ao fim como definida na literatura. 
▪ orquiectomias eletivas 
5 
▪ OSH eletivas 
✓ Não-regrada (de gênio): as manobras ou técnicas a serem empregadas são definidas durante o 
procedimento cirúrgico. A intervenção decorre sem que se possa programar um plano de ação. 
▪ celiotomias exploratórias: abertura da cavidade abdominal pela linha média com função diagnóstica, não sabe o que vai encontrar, não tem como estabelecer um plano de ação. 
▪ excisão de neoplasias infiltrativas: conforme vai se infiltrando nos tecidos, muda a característica dos tecidos/órgãos, de acordo com o que encontrar, muda a técnica, vai adequando. 
9) Quanto à eficiência no tratamento cirúrgico ou prognóstico 
✓ Radical: a cirurgia é suficiente para tratar a afecção, a causa da afecção é eliminada definitivamente e 
existe a certeza da resolução do problema. 
▪ orquiectomia devido à presença de sertolioma: neoplasia testicular diagnosticada por citologia aspirativa. Paciente chega com testículo aumentado de tamanho, edemaciado, em alguns casos doloroso a palpação. É considerada pouco metastática e pouco invasiva. Quando retira o testículo inteiro, incluindo a túnica vaginal, é considerado curativo, não tem necessidade de quimioterapia, a cirurgia resolve esse problema definidamente. 
✓ Paliativa: não é possível a cura completa do paciente e a cirurgia é realizada para oferecer sobrevida ou 
melhorar a qualidade de vida. 
▪ amputação da cabeça e do colo femorais em um cão displásico: displasia é degenerativa e progressiva, não tem cura, essa cirurgia proporciona mais conforto, porque ela melhora angulação óssea, a forma articular. 
10) Quanto à necessidade da cirurgia 
✓ Necessária: a cirurgia é a única maneira de tratar uma determinada afecção. Pode ter sido instituído um 
tratamento clínico inicialmente, mas a cirurgia é o tratamento definitivo. 
▪ cistotomia para retirada de cistólito: todos os pacientes com cistólitos têm cistite evidente, mesmo com o tratamento terapêutico, não resolve. A causa primaria continua, que são os cistólitos, só a cirurgia vai ser realmente eficaz. 
▪ gastrotomia para retirada de corpo estranho: causa gastrite, vômitos, fica uma situação intermitente, faz o tratamento clinico e não resolve totalmente o problema, a cirurgia se torna necessária para retirar a causa primária. 
✓ Desnecessária (conveniência, eletiva ou estética): são cirurgias geralmente realizadas por solicitação 
do proprietário, não são necessárias para manter o estado de saúde do paciente. 
▪ OSH eletiva e orquiectomia eletiva: teoricamente são desnecessárias considerando que o animal está bem, porém varias situações são analisadas, tornando essas cirurgias aceitas. Quando se avalia o controle de natalidade, o número de animais abandonados e executados diariamente mostra o quanto à castração é necessária. Se as fêmeas forem castradas precocemente antes do primeiro cio, praticamente zera o risco de desenvolver câncer de mama, é extremamente importante, já que dentre todas as fêmeas, as cadelas são as que têm mais chances de ter câncer de mama. Evita a piometra que é comum quando as fêmeas vão atingindo a meia idade. Quanto aos machos, quando faz a castração diminui a proteção territorial, diminui brigas por territorialismo, diminui ferimentos por essas brigas, diminui a necessidade instintiva de sair atrás das fêmeas no cio, serem atropelados e sumirem. Evita que a próstata aumente de tamanho, sendo que todos os machos da meia idade em diante começam a ter uma hiperplasia prostática, inicialmente benigna, mas com o passar da idade começa a comprimir uretra e trás uma serie de problemas, dificuldade urinária e para defecar, formação de hérnia perineal decorrente da força excessiva para defecar. 
▪ conchectomia (corte das orelhas), cordectomia (corte das cordas vocais), onicectomia (amputação da falange dos gatos) e caudectomia (corte da cauda) são procedimentos proibidos. Resolução no 877 do 
6 
CFMV, de 15 de fevereiro de 2008, alterada pela Resolução no 1027, de 10 de maio de 2013: foi um avanço grande para o país, porém demorado, sendo que no inicio dos anos 2000, esses procedimentos já eram proibidos na Europa, EUA, Canadá. Essas normas também impõem quetodas as castrações de bovinos têm que utilizar anestesia local. 
✓ Estética corretiva ou plástica: são cirurgias que beneficiam a estética de um animal portador de 
alguma alteração, melhoram a qualidade de vida do paciente, proporcionando maior conforto: 
▪ blefaroplastia: plásticas de pálpebra para correção de entrópio e/ou ectrópio. Entrópio é quando a pálpebra é invertida para dentro, os pelos ficam roçando a córnea, causando ulceras rotineiramente, faz o tratamento e pouco tempo depois a ulceração volta, até chegar ao ponto de ter que retirar o globo ocular. Ectrópio é o contrario, é a eversão da pálpebra, a córnea e a conjuntiva fica exposta ao ambiente, não consegue fechar adequadamente, lubrificar e proteger essas estruturas. O olho fica ressecado e também tem a formação de ulceras, precisando de uma intervenção. Com a cirurgia, a estética do animal vai ficar melhor, é uma consequência, pois o objetivo da cirurgia foi uma correção, resolução do problema. 
▪ perineoplastia: correção de laceração perineal após um parto distócico, normalmente em grandes animais. Tem risco de contaminação, unindo porção final do reto com vagina, é uma cirurgia estética com objetivo de resolver esse problema. 
▪ caudectomia: correção de ferimento mutilante na cauda do paciente após briga. O mesmo acontece com as orelhas, opera somente a orelha alterada/lacerada. Carcinoma de células escamosas em gatos tem destruição da pina, sendo necessária a conchectomia. 
✓ Utilidade zootécnica: tem fins produtivos, é realizada com o intuito de facilitar o manejo ou aumentar o valor do animal. Nas resoluções descrevem como essas cirurgias devem ser feitas, todas elas com anestesia. 
▪ transferência de embriões 
▪ descorna 
▪ orquiectomia em espécies e/ou determinadas raças produtoras de carne 
▪ realização de rufião. 
OPERAÇÃO Definição de operação: É a execução da cirurgia. É o ato executado com instrumentos e/ou pelas mãos do cirurgião, representa as manobras que o cirurgião realiza penetrando por uma ferida produzida ou por uma abertura natural. Como exemplo, a endoscopia, broncoscopia, artroscopia também são considerados atos cirúrgicos. 
DIVISÃO DA OPERAÇÃO ✓ Fase preparatória: compreende os atos que ocorrem antes da cirurgia. O jejum sempre deve ser 
realizado prévio a uma cirurgia, antissepsia do campo operatório e anestesia. ✓ Operação geral: realizada em qualquer região indistintamente, como curativos e suturas. 
✓ Operação especial: realizada em determinada região com base anatômica conhecida, como estômago e 
intestino em que conhecemos as paredes do órgão, as formas de incisar. 
TÉCNICA CIRÚRGICA: Significa as normas, metodologias e rotinas que devem ser seguidas desde o período pré-operatório até a recuperação do paciente, visando o sucesso do procedimento cirúrgico. É a sequência lógica de um procedimento cirúrgico, ou seja, como proceder na cirurgia do início ao fim. A sequência lógica do método escolhido pelo cirurgião para realizar a cirurgia. Há cirurgias não regradas, onde vamos nos adaptando a situação. 
7 
MANOBRAS CIRÚRGICAS: São as principais manobras realizadas em basicamente todos os procedimentos cirúrgicos. Nesse caso, temos os tempos fundamentais da técnica cirúrgica: diérese (incisões), hemostasia (controle do sangramento) e síntese (suturas). 
✓ Período Pré-operatório: Intervalo de tempo compreendido entre a indicação da cirurgia e o momento de sua realização. Tempo para solicitação e realização de exames complementares e o tempo para instituição de possíveis tratamentos. 
▪ Cirurgias de extrema urgência não cumprimos esse período, pois devemos tomar atitudes rápidas com o intuito de salvar a vida do paciente. Exemplo em cães que vêm fazer cirurgias eletivas, os exames pré- operatórios acusam trombocitopenia por hemoparasitose. Como é uma cirurgia eletiva, primeiro faz-se o tratamento dessa afecção e após isso se faz a cirurgia. Esse período normalmente varia muito. 
▪ Nos casos de emergência, não há como realizar os exames. 
✓ Período Trans-operatório: Referente à cirurgia propriamente dita. Dependendo do procedimento pode 
durar desde alguns minutos até várias horas. 
✓ Período Pós-operatório: É o tempo compreendido entre o término da cirurgia e a plena recuperação clínica do paciente, relativa às alterações determinadas pelo ato cirúrgico em si. Sempre consideramos que a cirurgia causa um grau de debilidade no organismo do paciente mesmo que esteja hígido ou passou por cirurgia eletiva, devendo passar por cuidados especiais. Dividido em: 
▪ Pós-operatório imediato: paciente é removido da sala de cirurgia e vai para uma sala de recuperação. Quando recupera seus parâmetros fisiológicos normais e vai para casa. 
▪ Pós-operatório mediato: período que vai do tratamento pós-operatório (antibióticos, controle da dor, curativos) até a remoção dos pontos. 
▪ Pós-operatório tardio: quando, após a retirada dos pontos o paciente ainda precisa de acompanhamento até que se possa dar a alta. Exemplo: pacientes submetidos a cistotomia, o tratamento mesmo após a cirurgia ainda passa por tratamento de cistite. 
TEMPO NOBRE DA CIRURGIA: momento do procedimento cirúrgico que requer maior atenção por parte do cirurgião e sua equipe. É o período mais delicado da cirurgia. 
▪ OSH eletiva: O tempo nobre é a ligadura dos pedículos vasculares, pois pode ocorrer acidentes, falhas na técnica. Todos devem estar atentos todos os presentes, para que a ligadura esteja firme e não abra ocasionando hemorragia interna. 
▪ OSH devido à piometra: O tempo nobre será a exteriorização do útero friável e repleto de pus. As paredes estão muito delicadas e friáveis, tendo risco muito alto de romper o órgão. 
NOMENCLATURAS MÉDICO-CIRÚRGICAS: São conhecidas mundialmente. Todas as manobras e procedimentos realizados durante um ato operatório, assim como os instrumentais indispensáveis para sua realização, recebem nomes próprios, que permitem que sejam reconhecidos mundialmente. 
Prefixo/órgão Sufixo/ação Sufixação/significado 
Pericardio/pericárdio 
Centese/punção 
Pericardiocentese/punção do pericardio 
Toraco/tórax Toracocentese/punção do tórax 
Cisto/bexiga Cistocentese/punção da bexiga 
Nefro/rim Ectomia/remoção, extirpação Nefrectomia/remoção do rim 
8 
Hemo/sangue Stasia/detenção, parada Hemostasia/parada de um sangramento 
Gastro/estômago 
Rafia/sutura 
Gastrorrafia/sutura do estomago 
Toraco/tórax Toracorrafia/sutura do tórax 
Hernio/anel herniário Herniorrafia/sutura do anel herniário 
Angio/vaso Tripsia/esmagamento Angiotripsia/esmagamento da parede de 
um vaso Osteo/osso Clasia/fraturar Osteoclasia/fraturar um osso *feito para 
reposicionar ossos 
Dermo/pele 
Plastia/reconstrução, plástica 
Dermoplastia/reconstrução da pele 
Perineo/períneo Perineoplastia/reconstrução perineal 
Blefaro/pálpebra Blefaroplastia/reconstrução palpebral 
Pleuro/pleura Lise/dissolução, liberar 
aderências 
Pleurolise/liberar aderências na pleura *comum nas toracotomias por neoplasias e se faz esse procedimento 
Neuro/nervo Rexe/arrancamento 
Neurorexe/arranchamento de um nervo *realizada nas amputações de membros, evitando síndrome do membro fantasma 
Rumeno/rúmen 
Tomia/incisão 
Rumenotomia/incisão (abertura) do rúmen com o sutura (fechamento) da incisão 
Toraco/tórax Torocotomia/incisão do tórax 
Celio/abdome Celiotomia/incisão (abertura) do abdome 
Artro/articulação Dese/fusão, imobilização Artrodese/imobilização de uma 
articulação 
Osteo/osso Síntese/composição, união Osteossíntese/união óssea 
Bronco/brônquios 
Scopia/visualização interna 
Broncoscopia/visualização dos brônquios 
Artro/articulação Artroscopia/visualização da articulação 
Laparo/abdome Laparoscopia/visualização da cavidade 
abdominal 
Histero/útero 
Histeropexia/fixação do útero na parede abdominal *casos de prolapso uterino 
Pexia/fixação, suspenção, manter o órgão em determinada posição 
após o parto – é sempre mais interessante e castração! São pacientes que sempre terão dificuldades no parto, indo em contrapartida com o bem-estar (normalmente ocorre em criadores de cães)9 
Retopexia/fixação do reto na parede 
Reto/reto 
abdominal *casos de prolapso retal recorrentes, onde não descobriu-se a causa. 
Rumeno/rúmen 
Stomia/formação de uma fístula com a superfície da pele, orifício de comunicação com o meio externo, abertura artificial 
Rumenostomia/comunicação do rúmen com o meio externo *fistulas ruminais em bovinos 
Entero/intestino 
Enterostomia/comunicação do intestino com o meio externo *em humanos, câncer de intestino onde se liga diretamente a uma bolsa coletora externamente 
Uretro/uretra 
Uretrostomia/comunicação da uretra com o meio externo *gatos castradores, comum o procedimento em causa de obstrução 
Gastro/estomago 
Gastrotomia/comunicação do estomago com o meio externo *comum quando há neoplasias de traqueia e esôfago 
Entero/intestino Anastomose/fistulização entre 
dois órgãos 
Gastroenteroanastomose/comunicação entre o estomago e o intestino *casos que se retira porção intestinal (neoplasias, acidentes) faz-se a enterectomia e anastomose dos órgãos 
INFECÇÃO DO PONTO DE VISTA CIRÚRGICO 
Infecção é o conjunto de alterações determinadas pela penetração e desenvolvimento de microrganismos patogênicos no organismo animal. A presença de solução de continuidade na superfície do organismo animal constitui porta de entrada das infecções (durante as cirurgias promovemos essas portas de entrada). É um conjunto de fenômenos biológicos que se desenvolvem no organismo animal pela ação de microrganismos e suas toxinas, caracterizado por um processo de defesa orgânica com reações locais e gerais. 
Esses fenômenos dependem do próprio agente invasor, do local de implantação do agente, das condições do organismo do paciente (quanto mais irrigado o local é pior o risco de infecção). 
INFLAMAÇÃO: É um conjunto de fenômenos de reação local que se produz nos tecidos irritados por agentes físicos, químicos, biológicos ou bacterianos, os quais modificam a estrutura físico-química dos tecidos. É frequente em cirurgia, tratando-se, geralmente, de um processo bioquímico, causado pela manipulação mecânica. É esperado acontecer devido à manipulação. 
PROFILAXIA DAS INFECÇÕES Está relacionada com um conjunto de medidas destinadas a impedir o aparecimento de infecções no paciente cirúrgico. 
✓ ASSEPSIA: A primeira forma de profilaxia das infecções. É o conjunto de procedimentos/cuidados e técnica cirúrgica adequada, empregados com o intuito de prevenir a contaminação dos tecidos durante a intervenção cirúrgica. 
Procedimentos/cuidados a serem adotados: 
▪ Entrar na sala de cirurgia devidamente paramentado (lavagem de mãos e braços, colocação de luvas e aventais estéreis), evitar movimentação desnecessária dos membros da equipe cirúrgica. 
10 
▪ A aproximação de enfermeiros ou volantes deve ficar a, pelo menos, 1 m de distância da mesa de instrumental cirúrgico, do campo operatório e dos membros da equipe cirúrgica, evitar conversação na sala de cirurgia (a máscara segura até 92% dos microrganismos transmitidos via aerógena); pessoas doentes, com tosse ou espirro, não devem permanecer no interior da sala cirúrgica 
▪ As costas dos aventais cirúrgicos são consideradas contaminadas, assim como região axilar e abaixo da cintura 
▪ Luvas furadas durante o procedimento cirúrgico devem ser imediatamente trocadas, evitar hospitalização prolongada desnecessária do paciente (pré e pós-operatórios) 
▪ Não realizar cirurgias em paciente com algum tipo de infecção concomitante, caso seja possível 
▪ Não realizar tricotomia com mais de duas horas antes do ato cirúrgico (causa microlesões, assim esse tecido começa a fazer exsudação aumentando o risco de infecção – se passou de 2 horas é aconselhado não realizar a cirurgia) 
▪ Ter área de preparo pré-operatório separada da sala cirúrgica (fazer a tricotomia em outra sala, bem como o acesso a veia do animal). 
Para a técnica cirúrgica adequada: 
▪ Manipulação cuidadosa dos tecidos e no menor tempo cirúrgico possível (a técnica cirúrgica deve obrigatoriamente ser conhecida para que seja atendido esse requisito) 
▪ Empregar adequadamente a hemostasia (retirar o sangue não deixando acumular – é meio de cultura); evitar suturas apertadas e excessivamente próximas (pode causar isquemia) 
▪ Realização de justaposição anatômica dos tecidos, (tecidos mal sobrepostos demandam muito tempo para cicatrizar, não formando granulação e fibrosamento necessários) 
▪ Em abordagem de órgãos ocos (contaminados), como estômago, proteger as áreas adjacentes de possíveis extravasamentos de conteúdo e, após a abordagem dessas estruturas, trocar todo material contaminado por outros esterilizados para dar prosseguimento ao procedimento cirúrgico e não utilizar drenos contaminados. ✓ ANTISSEPSIA: processo que leva ao extermínio de microrganismos em tecidos vivos, como mãos e braços do cirurgião durante a escovação cirúrgica, e a pele do paciente durante a preparação cutânea. Não se obtém esterilização, pois a flora residente permanece, mas elimina a flora patogênica, utilizando métodos químicos (desinfetantes). 
▪ Esterilização: processo pelo qual se faz a eliminação completa dos micro-organismos, incluindo bactérias, vírus e esporos, sobre os objetos inanimados que entram em contato direto com o campo cirúrgico, como rouparia cirúrgica, gaze, instrumental cirúrgico, luvas, materiais de curativo e de sutura por métodos físicos ou químicos. Não existe esterilização parcial. 
▪ Desinfecção: processo pelo qual se faz a destruição de grande parte dos micro-organismos patogênicos presentes em objetos inanimados, localizados no ambiente cirúrgico, como a mesa cirúrgica, equipamentos, bancos, janelas, pisos, paredes, macas, aparelho de anestesia inalatória, entre outros, utilizando métodos físicos ou químicos. Não se obtém esterilização. Risco de contaminação do paciente: Deve ser levado em consideração durante todos os tempos cirúrgicos (pré, trans e pós-operatório). Portanto, alguns cuidados são fundamentais: 
▪ Utilizar métodos e práticas que evitem contaminação 
▪ Obedecer aos princípios de assepsia, antissepsia, esterilização e desinfecção 
▪ É possível reduzir o risco de infecção da ferida cirúrgica realizando 
▪ Manutenção e desinfecção do ambiente cirúrgico 
▪ Esterilização dos instrumentais e materiais cirúrgicos 
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▪ Preparação e antissepsia da equipe cirúrgica 
▪ Preparação e antissepsia do campo cirúrgico 
▪ Utilização de técnica cirúrgica adequada 
▪ Tratamento pós-operatório apropriado. 
MÉTODOS DE PROFILAXIA 
De forma geral, superfícies do ambiente, equipamentos, materiais cirúrgicos, pele do cirurgião e pele do paciente devem estar previamente limpos (sem sujidades, sem matéria orgânica e sem sabões) e secos antes de utilizar qualquer um dos métodos a seguir. É importante lembrar disso, pois muitos agentes químicos, como desinfetantes, são inativados por matéria orgânica. Então, às vezes, a pessoa fez tricotomia, cateterizou acesso venoso e ficou com a mão suja de sangue. Ela vai entrar em cirurgia e vai desinfetar. Não terá o efeito adequado justamente, porque esses desinfetantes não agem em matérias orgânicas. Para profilaxias, temos duas grandes classes de agentes: os agentes químicos e físicos. 
AGENTES FÍSICOS CALOR: Método mais antigo para fazer profilaxia das infecções. Com o passar dos séculos, foi adaptado para fazer efeito de esterilização e desinfecção. Antes só fazia desinfecção. 
✓ Fervura (água em ebulição): é um método de calor úmido em que o material a ser esterilizado ou desinfetado, como instrumental cirúrgico, deve ser submerso na água à temperatura de 100o C por, no mínimo, 20 minutos. No entanto, existem esporos e vírus não envelopados que resistem à fervura por 24 horas. Portanto, o processo promove apenas a desinfecção. OBS: a imersão em água diminui a vida útil de instrumentos cortantes. 
✓ Vapor circulante: vapor a 100o C na autoclave (promove apenas desinfecção). Para promover a esterilização, a autoclave é hospitalar. Isto é, especial. Não é como aquelas autoclave de meio de cultura. 
✓ Calor seco: feito em estufa (forno de Pasteur).O máximo que elas chegam é a temperatura de 100o C 
(forno de Pasteur), promovendo apenas desinfecção. 
✓ Flambagem: é a técnica menos recomendada, pois os instrumentos cortantes perdem o fio rapidamente e há desajuste do instrumental devido à dilatação metálica. Banha-se o instrumento cirúrgico em álcool e leva-se o mesmo diretamente ao fogo, até que fique rubro. É o princípio do ferro quente usado antigamente na época das guerras. O instrumento pode ser utilizado depois de frio. Cabe lembrar que o acondicionamento desse instrumento não tem como manter a esterilização. Portanto, só se faz a desinfecção. 
✓ Corrente de ar quente: obtida por meio de calor seco na estufa hospitalares que atingem na temperatura altas em torno de 200°; recomendada para esterilizar instrumentos cortantes e vidraria que poderiam ser danificados pela umidade,o efeito esterilizante só começa a partir de 160o e há relação direta entre temperatura e tempo de exposição do material e o material deve ser lavado antes de ser esterilizado por este método. Cabe lembrar que o material deve estar aberto, pois há dilatação dos instrumentos durante a submissão ao calor. Devemos colocar na estufa e vigiarmos o termômetro. A partir do momento em que o termômetro da estufa acusar a temperatura adequada, começamos a contagem do tempo de esterilização. 
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Temperatura (°C) Tempo (minutos) 160° 120 170° 60 180° 30 
No entanto, houve uma nova Resolução da Diretoria Colegiada – RDC no 15, de 15/03/2012 (Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA / Ministério da Saúde) em que é previsto no Art. 81 – Não é permitido o uso de caixas metálicas sem furos para esterilização de produtos para saúde e no Art. 92 – Não é permitido o uso de estufas para a esterilização de produtos para saúde. Logo, nos mostra que a estufa, hoje, não é adequada para esterilização segundo esses artigos. Há um lugar que diz que clínica de estética e clínica veterinárias, por exemplo, não se enquadrariam nas novas regras. Mas não devemos usá-la. A estufa é boa só para secagem dos instrumentais após lavagens desses instrumentais para depois fazer a esterilização na autoclave. 
✓ Vapor d’água sob pressão: obtido por meio de calor úmido na autoclave. É recomendado para esterilizar instrumentos cortantes (apesar de terem sua vida útil comprometida pela umidade), rouparia cirúrgica, instrumentos de borracha e plásticos; é o método mais comum de esterilização e único aceito pela ANVISA, requerendo um tempo de exposição menor do material e temperatura mais baixa, mas sob pressão. Esse tipo de esterilização possui alto poder de penetração, eficiência antimicrobiana, facilidade de controle e é um dos métodos de esterilização mais econômicos. Cabe lembrar que a autoclave hospitalar faz tudo, pois também tem processo de secagem. Portanto, faz todo o programa de esterilização selecionada. O material sai da autoclave pronto para ser usado. 
RDC no 15, de 15/03/2012 (ANVISA / Ministério da Saúde): 
▪ Art. 79 – Não é permitido o uso de embalagens de papel kraft, papel toalha, papel jornal e embalagens tipo envelope de plástico transparente. A porosidade do papel kraft não é uniforme e, durante o processo de autoclavação, é liberado para o ambiente o composto químico presente em sua composição, causando náuseas e cefaleia. Alternativas de embalagens adequadas para autoclave presentes no mercado são o Papel crepado vendido em folhas, o papel grau cirúrgicoencontrado em rolos e usados com seladora, ou em envelopes autosselantes de diversos tamanhos e embalagem em tecido de algodão. 
▪ Art. 82 – Permite o uso de embalagem em tecido de algodão. Parágrafo único – Não é permitido o uso de embalagens de tecido de algodão reparadas com remendos ou cerzidas e sempre que for evidenciada a presença de perfurações, rasgos, desgaste do tecido ou comprometimento da função de barreira, a embalagem deve ter sua utilização suspensa. 
O recomendado é estabelecer uma rotina de esterilização do material de sete em sete dias mesmo que o mesmo não foi utilizado. O ideal é ser re-esterelizado. Pode usar a mesma embalagem para poder esterilizar novamente caso a embalagem esteja intacta. 
Temperatura (°C) Pressão (atm) Tempo (minutos) 112 1,5 90 121 2,0 30 140 3,0 10 144 4,0 Imediato 
FILTRAÇÃO: o emprego de filtros adequados nas ventilações artificiais em clínicas/hospitais exclui de 90 a 98% dos micro-organismos aerotransportados. Esse processo promove apenas desinfecção, mas é muito interessante para desinfecção do ambiente. 
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Para medicamentos líquidos podem ser utilizados filtros impermeáveis para bactérias e vírus, tais como filtros de celulose, vidro, cerâmica, membranas. Nesses casos, consegue-se esterilização. Esses fluidos injetáveis têm que ser estéril, portanto, passam pelo processo de filtração nas indústrias. 
RADIAÇÃO: 
✓ Ionizante: São radiações de pequeno comprimento de onda; portanto, de altíssima energia e penetrabilidade. Devido ao elevado custo e ao perigo deste método, seu uso fica restrito ao campo industrial. Logo, são utilizados para esterilização de materiais em industrias tais como materiais cirúrgicos descartáveis (fios de sutura, seringas plásticas e luvas cirúrgicas, p. ex.). Uma das fontes de esterilização nas industrias é a radiação gama (originada a partir de fontes de cobalto-60). 
✓ Não Ionizante: São radiações de baixa energia na forma de luz ultravioleta.Tem aplicação prática na destruição de micro-organismos aerotransportados.Para melhor eficiência, devem ser colocadas em ar condicionado central ou ductos de calor, tem pouca penetração em sólidos e líquidos e consegue-se apenas desinfecção por este método. 
AGENTES QUÍMICOS Nesse processo, a morte dos micro-organismos ocorre pelo seu contato direto com algum produto químico, que pode ser empregado na sua forma gasosa (esterilização por gás) ou líquida (esterilização química a frio. Todo produto que encontramos com essa entitulação “esterilização química a frio” só promove a desinfecção. Não se engane). Os desinfetantes devem ser atóxicos, solúveis em água e umectantes, e não devem ser inativados por proteínas e sabões. Antes de esterilizar um material, ele deve estar LIMPO e SECO. 
ÓXIDO DE ETILENO (OE/OE): O material a ser esterilizado é exposto ao gás dentro de uma câmara especialmente elaborada para essa finalidade. Então, ele também é uma forma de esterilização industrial. Esterilização dura 5 anos por esse aparelho. Método caro, pois esse gás é muito caro. Essas câmaras têm que ser isoladas ( a pessoa não entra em contato com nada) tem que ter dentro delas um grau de umidade ideal: 40%, temperatura ideal entre 52 e 58oC, concentração entre 450 a 1500 mg/L (12% de óxido de etileno e 88% de CO2) e tem que ter um tempo de exposição do material entre três e seis horas (varia conforme o tipo de material que está em processo de esterilização). Esse gás não esteriliza substâncias dentro de vidro, os instrumentos devem estar previamente limpos e secos. Esse método tem como desvantagens a alta toxicidade, ser teratogênico, mutagênico e carcinogênico para os tecidos. Além disso, é irritante para olhos e mucosas. 
ÁLCOOL: Álcool etílico a 70% e álcool isopropílico a 50 – 70%. São bactericidas, mas têm pouco efeito contra vírus e esporos. Então, promove apenas uma desinfeção momentânea. Em concentrações mais fracas são apenas bacteriostáticos. São efetivos contra Proteus e Pseudomonas. Cabe lembrar que são efetivos apenas à medida que permanecem na forma líquida em contato com o local. Portanto, devemos jogar álcool com vontade. Utilizados como antissépticos em tecidos saudáveis (no processo de antissepsia), não devem ser usados para curativo em feridas, pois lesionam os tecidos e desnaturam proteínas, formando coágulos. 
ALDEÍDOS: 
✓ Glutaraldeído a 2%: em solução aquosa é ácido e não tem ação esporicida, faz apenas desinfecção. O material precisa, nesse processo, de um tempo de imersão de 10 minutos. No entanto, em solução alcalinizada, com pH entre 7,5 e 8,5, torna-se esporicida, fazendo a esterilização. Para esse últimoprocesso, o material precisa de um tempo de imersão de oito a 10 horas. Podemos utilizar esse método em artigos que não podem ser submetidos aos métodos físicos: endoscópios, peças do aparelho de anestesia inalatória, transdutores de ultrassom, instrumentos de fibra óptica, cateteres plásticos, drenos, determinados enxertos (acrílico). Tem como desvantagens seu poder de toxicidade, ocasionamento de dermatite e sensibilização da pele, irritação de olhos e mucosas e desprende vapores tóxicos para o sistema respiratório. 
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✓ Formaldeído: é um gás disponível na forma líquida em soluções de 37 a 40%, chamadas formalina, e na forma sólida polimerizada em paraformaldeído (formalina sólida). A formalina líquida (formol) é utilizada para a descontaminação de ambientes fechados, por fumigação e pode ser esterilizante de artigos críticos (entram em contato direto com a ferida cirúrgica e requer um tempo de exposição de 24 horas). A formalina sólida já foi tirada de fabricação justamente pelo mal que ela faz. Apresenta ampla atividade, inclusive em micobatérias, fungos, vírus e bactérias vegetativas e em forma de esporos: ação esporicida lenta, requerendo tempo de contato longo. Desvantagens: altamente tóxico, causa endurecimento e esbranquiçamento da pele, dermatite de contato e reações de sensibilização, irritante para olhos e sistema respiratório, potencial carcinogênico. Rotineiramente é dissolvido em detergente e usado para desinfecção de ambientes (inativa parvovírus). 
FENÓIS: Os compostos fenólicos possuem ação bactericida, fungicida, viricida e tuberculicida. Alguns estudos mostram que não têm ação esporicida. São de escolha para tratar contaminação fecal por Salmonella, são altamente tóxicos para felinos e não são recomendados para artigos críticos, pois o resíduo que permanece nos materiais é irritante para os tecidos do paciente, além de não terem efeito esporicida (indicados para descontaminação de superfícies inanimadas). 
✓ Triclosan: não apresenta efeitos irritativos para a pele, é um pó branco e inodoro, geralmente associado a detergentes aniônicos e com pH ácido a neutro. Ademais, possui compatibilidade com iodo povidona e álcool, usado para lavagem pré-cirúrgica da pele, antisséptico bucal, desinfetante de superfícies. 
✓ Alquifenóis (cresóis) e compostos difenílicos (hexaclorofenol): os cresóis (p. ex.: creolina) são extremamente tóxicos, têm alto poder carcinogênico, ação corrosiva e odor desagradável. Ohexaclorofenol causa fotossensibilidade e despigmentação da pele, irritação em olhos e mucosas, e pode ser neurotóxico. 
AGENTES OXIDANTES (HALÓGENOS) 
COMPOSTOS CLORADOS: 
✓ O hipoclorito de sódio é o desinfetante mais amplamente utilizado. É a água sanitária e é muito utilizada por ser facilmente encontrada. Devem ser armazenados em água tamponada com pH 8,0, em embalagem opaca, de qualquer cor, mas sempre opaca. A ação germicida decai à medida que o pH aumenta. 
▪ Os alvejantes caseiros possuem concentração em torno de 5,25% e a diluição deve ser de 500 à 5000 ppm, ou seja, seria 1 parte deles para 100 de água, podendo ser também em uma concentração maior de 1 parte para 10 de água. 
▪ Desinfecção de superfícies inanimadas, agem contra bactérias vegetativas, esporos e vírus, e junto aos aldeídos fazem parte dos agentes que inativam parvovírus, por isso podemos usá-lo em clínicas, canis e em casa, no local onde o cachorrinho que morreu de Parvovirose vivia e nós queremos colocar outro, desde que em uma solução mais concentrada. Uma opção se não quiser usar o Lysoform. 
COMPOSTOS IODADOS: 
São utilizadas soluções à base de iodo para ação desinfetante e antisséptica em preparações pré-operatórias (paramentação), para fazer antissepsia cirúrgica das mãos e braços da equipe cirúrgica e do campo cirúrgico (pele do paciente). Seu uso prolongado corrói metais e plásticos, não sendo indicados para esse tipo de desinfecção. Alguns podem manchar a roupa e provocar reações alérgicas na pele e mucosas. 
✓ Iodo: Preparações desinfetantes que são feitas dissolvendo-o em álcool: Iodo a 5% em solução de álcool etílico a 70% para antissepsia, desinfecção de superfícies inanimadas por ser esporicida, fungicida e um pouco viricida (dependendo do tempo de exposição, já que o iodo tem sua ação apenas enquanto está 
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líquido e em contato com aquele local, a partir do momento que secou não tem mais efeito). Reduz efetivamente a microbiota cutânea (natural) do campo cirúrgico (pele do paciente), em apenas um minuto. Em ferimentos podemos usar tintura de iodo a 2%, mas nas primeiras 24 ou 48 hrs (no máximo), pois a partir disso ele começa a retardar o processo cicatricial (retarda a formação do tecido de granulação). Dá a impressão que é bom para cicatrizar pois o tecido não vai sangrar, não vai formar crosta ou forma uma crosta fina, etc. 
✓ Iodóforos: Combinação entre o iodo e um agente solubilizante (detergente) - iodo povidina ou iodo polvidona (iodo e polivinilpirrolidona), que é o que chamamos de degermante (pois é misturado com detergente, e ainda é uma solução em concentração necessária para que possamos fazer a escovação de mãos e braços, pele do paciente, etc.) para antissepsia, ação bactericida, micobactericida, e um pouco fungicida e viricida (dependendo do tempo de exposição = mínimo de dois minutos). Ele é misturado ao detergente para conseguir ter o tempo de contato ideal, senão ele seca. A escovação de mãos e braços tem um tempo mínimo e um número de vezes para dar esse tempo de contato necessário com o produto, já que se ficar menos, é a mesma coisa que lavar a mão com sabonete. Relativamente livre de toxicidade e irritabilidade. Há um outro tipo específico para superfícies, que também funciona por imersão e pode ser usado para a desinfecção de determinados materiais. Por exemplo, dependendo do tipo de situação em que ele vai trabalhar (no campo, no tronco), não há necessidade da esterilização, pode ser apenas uma desinfecção então ele usa essa solução que é colocada em um recipiente para que o material seja imerso e fique tempo o suficiente. Nesses casos, eles são mais usados apara grandes animais. O iodo polvidine existe em sua forma tópica para curativos/ferimentos e tem bem menos ação de retardamento cicatricial que o iodo, mas também causa um pouco desse efeito. Então, dentro do possível é bom que ele seja substituído o mais rápido possível por clorexidine. 
AGENTES OXIDANTES (PERÓXIDO DE HIDROGENIO) 
✓ Peróxido de hidrogênio / água oxigenada: Usado como desinfetante e esterilizante, principalmente na Europa e nos Estados Unidos (há vendas em larga escala e usam corretamente, ao contrário do Brasil que tem pouca aplicabilidade pois temos a ideia dessa água oxigenada apenas para curativos), em concentração de 3% (10 volumes) para desinfetar superfícies (bem líquida sobre a superfície como o álcool), limpeza doméstica para desinfetar banheiros e lavar frutas e verduras, desinfetar feridas, tratar erupções cutâneas, e como um eficaz e barato antisséptico bucal. Tem efeito ruim sobre a cicatrização e só pode ser usada nas primeiras 24 horas. Em concentração de 6% (20 volumes) a 7,5%, com tempo de exposição de 60 minutos é usado para (pintar o cabelo da professora), instrumentos médicos e cirúrgicos termossensíveis, substituindo o glutaraldeído a 2% (que é muito tóxico, cancerígeno). As soluções mais concentradas (até 25%) são consideradas esterilizantes químicos, mas aqui no Brasil não temos esse uso, usamos em tratamentos odontológicos de clareamento dentário, tem venda controlada e é bom deixar tampado para não ter entrada de ar e nem exposição à luz. 
Desvantagens: 
▪ Propriedades corrosivas para zinco, cobre e latão 
▪ Há episódios de enterite e/ou colite em pacientes submetidos à endoscopia e/ou colonoscopia com equipamentos desinfetados por esse agente. A água oxigenada a 6% pode ser usada, mas tem que lavar abundantemente com água destilada ou solução fisiológica. Se isso for feito, não tem esses problemas. 
▪ Em concentrações elevadas (até 25%) pode causar queimaduras dérmicasgraves e a respiração do seu vapor ou a sua ingestão integral pode ser perigosa e até mesmo fatal (tem relatos de pessoas que tentaram suicídio com isso, não morreram e ficaram com todo o trato digestório corroído, por isso sua venda é controlada. Ela tem efeito de depósito, então por mais que a pessoa seja internada e receba fluidos, o resíduo fica corroendo e a sensação não passa. 
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DESINFETANTES DE BAIXO NÍVEL 
São aqueles que, mesmo em tempo razoável, não destroem esporos, Mycobacterium tuberculosis e nem vírus não envelopados. São usados basicamente para limpeza doméstica. Estão em desuso em hospitais e laboratórios (mas dependendo do que for usar, eles não são eficazes), não devem ser usados como antissépticos, não devem ser usados como desinfetantes em recipientes por imersão (em que coloca instrumental, por exemplo) já que micro-organismos, como Pseudomonas, são capazes de se multiplicar nessas condições. ✓ Compostos quaternários de amônio: São bactericidas, fungicidas e viricidas, ineficazes contra vírus não envelopados e micobactérias, são inativados por matéria orgânica (então para limpar mesa, pia, etc. Tem que ser previamente limpo e qualquer gordura do paciente que estiver ali, ele fica inativo), algodão e gaze absorvem seu ingrediente ativo (há redução na sua ação antimicrobiana quando a gente passa pano de chão logo depois que joga o produto, por exemplo. Tem que deixar um tempo em contato). Têm uso limitado para desinfecção de superfícies, sendo para pisos, mobiliários e paredes. O cloreto de benzalcônio é um detergente efetivo. 
Desvantagens: Apesar da baixa toxicidade podem causar irritação e sensibilização da pele, são poluentes ambientais, danificam borrachas sintéticas e alumínio. 
✓ Compostos derivados de mercúrio: São bacteriostáticos, necessitando de grandes concentrações para alcançar o efeito bactericida, não são mais utilizados, devido ao aumento da resistência dos micro- organismos, aos efeitos tóxicos sobre os tecidos, por serem corrosivos para metais, pouco ativos nos líquidos corporais e por serem inativados por matéria orgânica. São exemplos: A merbromina (antigo mercúrio cromo) e timerosal (antigo mertiolate, pois hoje é a base de clorexidina já que ele não adianta pra nada, só pra arder machucado). Eles têm baixo poder de penetração, fugaz (ação super rápida), baixa atividade em material orgânico, irritantes para a pele, formação de crostas. Usado como conservante em determinados produtos de uso tópico, principalmente em produtos para lente de contato (vem escrito timerosal ou composto derivado de mercúrio). É muito agressivo e para quem tem alergia, como a professora, dá uma ulceração violenta nos olhos e por causa dele ela quase ficou cega. Não é bom receitar para oftalmo pois não sabe se o paciente tem alergia. 
METAIS São utilizados para antissepsia em oftalmologia. 
✓ Nitrato de prata que tem 60% de prata e o Vitelinato de prata que tem 20% de prata (O colírio que chama Arginol, para antissepsias em cirurgias oftálmicas não é para receitar. Ele tem 10% de prata. É preferível usar ele que usar outras misturas que não são próprias com risco de causar problemas). O vitelinato tem ação menos irritante, porém com menor eficácia antisséptica, mas é só usar com um pouco mais de tempo. Quando utilizado por um período prolongado ou em altas doses (em casa), pode causar argiria (coloração cinzenta - pardolenta) ou azulada de pele e mucosa ocular. Isso é por causa do acúmulo de prata que é permanente e a pessoa fica azul ou cinza. Por isso esse colírio não é para ser receitado e sim, usado na cirurgia, apenas. 
CLOREXIDINA É um desinfetante de médio nível, pois não destrói esporos, mas tem ação contra bactérias, fungos e leveduras. É amplamente empregada na antissepsia da equipe cirúrgica e do campo operatório. As formulações comerciais mais utilizadas estão entre 0,5 a 4% de concentração, e o sal mais utilizado é o gluconato de clorexidina. Encontrado em váriais formulações e em vários produtos, mas para antissepsia é a partir de 2%, mais baixo que isso é só para lavar as mãos. Existe shampoo, sabonetes, etc. Para problemas de pele, quando tem que fazer curativos (até 0,5% é excelente, sem provocar retardamento cicatricial). Em pH neutro é um excelente antisséptico cutâneo, pois atua sobre bactérias gram-negativas e gram-positivas (para dar banho em idosos e neonatos que precisam de um cuidado maior com a pele). Não apresenta absorção cutânea significativa, por isso não tem efeito adverso por essa via. Ocasionalmente produz sensibilização cutânea na região genital (mas é só lavar e não usar mais que tá tudo certo). Na concentração de 4% atua 
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rapidamente na paramentação cirúrgica e preparo da pele do paciente, pois reduz a microbiota transitória (patogênica) a 1% em 15 segundos e reduz a microbiota resistente (não patogênica, que toda pele tem) a 0,1 % em 30 segundos (muito rápido). Essa concentração de 4% é muito cara, por isso a gente usa a de 2%, mas o tempo mínimo é de dois minutos para lavagem de mãos e braços. Tem bom efeito imediato, mas tem efeito cumulativo quando usado regularmente (a ação bactericida é potencializada a cada lavagem de mãos e braços = ex: a equipe cirúrgica quando se paramenta para mais de uma cirurgia durante um dia, acaba tendo uma melhor antissepsia a cada lavagem) e tem ação persistente, tanto na pele do cirurgião quanto no campo operatório. Impede o crescimento da microbiota cutânea durante longo período = intervenção cirúrgica. Por isso é interessante fazer a antissepsia da pele do paciente, já que tem efeito longo que vai proteger o tecido exposto por mais tempo. 
A clorexidina degermante é mais densa, pois é misturada com algum sabão e por isso deve ter o excesso retirado da pele do paciente, esse excesso é retirado por clorexidina alcóolica. Não passar nenhum outro produto. Desvantagens: As soluções concentradas podem produzir hematúria (utilização em casos de lavagem vesical prolongada em pacientes internados, por exemplo), possui ototoxicidade, causa irritação nas conjuntivas e outros tecidos sensíveis (não é para ser aplicado em olho, para mucosas existe o "periogard" que é um enxaguatório bucal a base de clorexidina 0,2 % sem risco de toxicicidade, para ferimentos existe o Merthiolate e outros). 
Devemos aprender a ler bulas e formulação, para saber o que é menos irritativo, o que é melhor, etc. Não confiar no que é usado nas clínicas já que o povo não sabe o que que tá acontecendo. 
Os problemas dermatológicos geralmente são tratados com banho de clorexidina e depois com banhos com produtos próprios. Isso é feito para tirar a gordura, tecido velho, etc. Para que o produto velho consiga agir bem. 
ATO CIRÚRGICO 
Fizemos a profilaxia e temos um bom ambiente cirúrgico, com material e rouparia cirúrgica adequada então agora vamos para o ato cirúrgico ou trans-operatório. A base de toda cirurgia condensa-se em três itens distintos: diérese, hemostasia e síntese = TEMPOS FUNDAMENTAIS DA TÉCNICA CIRÚRGICA. DIÉRESE Significa o conjunto de manobras manuais e/ou instrumentais que visam dividir os tecidos com finalidade terapêutica, diagnóstica ou para facilitar o acesso ao campo operatório. Todos os tecidos orgânicos, independente da sua resistência e força, podem ser submetidos à diérese. O que pode variar são os tipos de instrumentais e/ou materiais utilizados e a consistência tecidual onde iremos abrir a porta de entrada. Classificada de acordo com a presença ou não de sangramentos após a sua execução: 
DIÉRESE CRUENTA A divisão dos tecidos ocorre com perda de sangue 
✓ Incisão: É a diérese propriamente dita, sendo o procedimento de diérese mais frequentemente utilizado. O tecido é incisado/seccionado com um instrumento cortante (bisturi e/ou tesoura), pode ser magistral (livre = é estar com o bisturi na mão e incisar sobre o tecido até abrir a porta de entrada) ou sobre- sonda (quando estamos em um determinado local e sabemos que abaixo dele tem tecidos importantes que não podem ser lesados, como nervos, etc. Ex: um grupo muscularrelativamente espesso, mas que embaixo dele tem coisas importantes. Aí colocamos a sonda embaixo desse grupo muscular para que a hora que o bisturi encontrar esse anteparo, sabemos que é a hora de parar. Aí analisamos a situação e vemos se dá para incisar mais profundamente, etc. É uma forma de fazer uma incisão mais cuidadosa. Existem instrumentos 
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próprios para isso, como a tentacânula que formato de v, fininha e em forma de calha, mas qualquer instrumento pode servir como sonda, como por exemplo uma pinça fechada, etc.) 
Recomendações durante a incisão: A lâmina de bisturi deve estar deitada sobre o tecido, para evitar incisão em bisel (a lâmina tem uma superfície cortante mais arredondada, que deve estar deitada sobre o tecido para que nós consigamos fazer a incisão sem fazer repique, sem mudar de direção, na incisão em bisel temos que ficar regularizando as bordas do tecido e isso não é bom). Incisar apenas o tecido necessário para que o procedimento seja bem feito, para reduzir trauma tecidual, pois quanto menor o tecido incisado melhor a cicatrização e a recuperação do paciente, mas devemos trabalhar com segurança, ampliar a incisão sempre que necessário (para terminar o procedimento mais rápido). Realizar a incisão de uma só vez, para evitar bordas irregulares na ferida cirúrgica (Ex: Fazer cada local de uma só vez, para que a gente não tenha que recortar a pele para deixá-la reta, etc. Isso aumenta o tempo de cirurgia e vira uma confusão). Em planos profundos, é melhor fazer incisão com tesoura, para evitar incisar outros órgãos (Ex: se estivermos na cavidade abdominal, vamos castrar o animal, tem que incisar o pedículo e ele está muito profundo, melhor ir com uma tesoura romba para correr menos risco). A incisão deve ser praticada na mesma direção das fibras dos tecidos, justamente pra que a gente diminua a tensão no momento da sutura, facilitando a cicatrização já que não há contração sobre ela. A execução da incisão é facilitada quando o tecido é colocado sob tensão com o apoio dos dedos ou da mão do cirurgião (Usar a mão para tracionar o tecido para fazer a incisão única, linear). 
✓ Punção: Apesar de ser muito pequenininha, é considerada um método de diérese. É a expressão mínima da diérese, pois a solução de continuidade produzida é puntiforme. São as centeses na nomenclatura. É realizada com trocarte, agulha, cateter ou lâmina de bisturi pontiaguda, geralmente para remover líquidos, gases ou outro material acumulado em órgãos ocos ou cavidades(Ex: rumenocentese, toracocentese, pericardiocentese) e geralmente aproveitamos para coletar material para mandar para análise, para aliviar a pressão dentro de uma região (Ex: cistocentese – Tem vezes que vamos fazer um procedimento e por estar em um ambiente estranho, o paciente não fez xixi, por isso antes de fazer o procedimento propriamente dito, fazemos a punção da bexiga para facilitar e diminuir a pressão). 
✓ Punço-incisão: Inicialmente, realiza-se uma punção com um instrumento cortante e agudo (Ex: bisturi ou lanceta) e, em seguida, esse mesmo instrumento promove a incisão feita após tracionar o tecido, ampliando a abertura inicial. Indicada para drenagem de abscesso, drenagem de oto-hematoma (bovinos e cães tem muito, geralmente por trauma auto-inflingido, sendo secundário a otites, etc.). 
✓ Dilatação: Corresponde ao afastamento de tecidos previamente incisados, permitindo melhor visibilidade e manobras em planos profundos. Utiliza afastadores, principalmente manuais (Farabeuf) que são utilizados pelo auxiliar para afastar a incisão previamente feita para que haja melhor visualização e auto estáticos (Gosset), que não precisa do auxiliar para segurar, tem para todos os tipos de tecido, de todos os tamanhos 
✓ Curetagem: Para reavivar o tecido, que vai poder reagir e se curar melhor. Pode ser feito com bisturi, mas tem que ser movimento vigoroso por ser profunda. É empregada principalmente para eliminar tecidos neoformados ou indesejáveis. Utilizada também para coleta de enxertos ósseos esponjosos, remoção de restos placentários aderidos ao endométrio, remoção de fibrina em casos de oto-hematomasgraves, para reativação cicatricial de úlceras cutâneas, para superfícies articulares (osteocondrose), para ativar cicatrização de parede abdominal após deiscência de pontos. É realizada com o emprego de instrumentos especiais como Curetas (semelhantes a colheres, diversas formas e tamanhos, contêm bordas cortantes). 
✓ Desbridamento: Bridas são faixas de tecidos fibrosos, neoformados (tecidos indesejáveis), ou resultantes de uma cicatrização inadequada, como tecidos necrosados ou tecidos que circundam tumores 
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(principalmente os malignos). Desbridamento é o ato de remover / eliminar bridas, oferecendo / devolvendo melhor função às estruturas. É feito com tesouras, bisturi. 
✓ Escarificação: Caracterizado pelo raspado superficial, de pouca profundidade (diferentemente da curetagem, que é mais profunda). Pode ser utilizada em úlceras superficiais, para coleta de material para exame de laboratório (raspados de pele). É feita com lâminas de bisturi, ponta de agulha ou pequenas curetas (próprias para procedimento ambulatorial, com coleta de pequenas quantidades do material, sem deixar muito sangue). 
✓ Exérese ou rececção: É o ato cirúrgico no qual se elimina uma estrutura anatômica, ou parte dela, indesejável para o organismo, seja por sua natureza ou condição na qual se encontra. Exérese é a remoção total ou parcial (temos que especificar) de um órgão ou estrutura. Ressecção:Sempre se refere à remoção parcial. Exemplos: tumores, sacos herniários (em hérnias com saco herniário muito grande), cadeia mamária, amputação de membros, remoção de órgãos inteiros ou suas porções (estômago, intestino, rim, pulmão, etc.). 
✓ Imobilização: Neste caso, trata-se de promover cirurgicamente uma imobilização, geralmente permanente e irreversível, diferentemente da imobilização pela simples aplicação de bandagens ou talas. É aquele que na nomenclatura tem o sufixo "dese", como a artrodese (a articulação foi imobilizada permanentemente, perdendo seu movimento). 
✓ Plastia: designava as cirurgias corretivas ou as de estética, mas após a Resolução no 877 do CFMV, de 15 de fevereiro de 2008, alterada pela Resolução no 1027, de 10 de maio de 2013, o termo plastia passou a se referir apenas às cirurgias corretivas. Pode ter favorecimento estético, pode, mas foram feitas com intuito principal de correção. Ex: entrópio (pálpebra para dentro que causa graves problemas corneanos) e ectrópio (pálpebra para fora, expondo a córnea a todo ambiente), caudectomia (retirada da cauda) e conchectomia (retirada da pina) devido a traumatismos profundos e/ou mutilantes, ou neoplasias. 
DIERESE INCRUENTA Toda manobra de diérese que ocorre com mínima ou nenhuma perda de sangue, sendo procedimentos menos comuns. ✓ Arrancamento: o tecido é removido por meio de uma tração vigorosa e brusca → quando é realizado em vasos sanguíneos calibrosos, pode reverter o processo para diérese cruenta, e não é de uso comum, mas pode ser empregado para remover nervos (neurorrexe) em cirurgias de amputações de membros. 
✓ Divulsão: procedimento no qual as fibras tissulares que se encontram unidas por um tecido conjuntivo são separadas, sem que sejam incisadas, o que reduz a possibilidade de sangramentos e morte celular, sendo é a manobra de diérese incruenta de maior importância. 
• Caracteriza-se pela abertura de uma via de acesso sem secção dos tecidos. Os tecidos são separados com o auxílio de instrumentos rombos (p. ex.: tesouras, pinças hemostáticas, cabo do bisturi), ou com os próprios dedos do cirurgião dependendo do tipo e consistência do tecido. 
• Nela, tecidos nobres são respeitados causando hemorragia mínima. 
✓ Esmagamento linear: Os vasos responsáveis pela irrigação de um determinado tecido são esmagados pela aplicação de algum instrumental (p. ex.: pinça de Burdizzov- esmagamento do cordão espermático para impedir passagem de sangue → morte celular) impedindo a passagem de sanguepara o local e leva morte celular (necrose), é aplicada nas castrações de ruminantes (procedendo-se à anestesia local prévia = norma obrigatória da Resolução no 877 do CFMV, de 15 de fevereiro de 2008). 
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✓ Secção com bisturi elétrico: bisturi elétrico ou bisturi diatérmico é um equipamento que promove a diérese dos tecidos pela passagem de correntes elétricas de alta frequência e secciona os tecidos por coagulação. Seu uso é interessante para casos capilares. 
• Vantagens: produz mínima hemorragia incisando os tecidos ao mesmo tempo em que cauteriza os vasos da região, o procedimento cirúrgico necessita de uma menor quantidade de ligaduras (passagem do fio de sutura ao redor de um vaso), ganhando tempo, então reduz a quantidade de fios de sutura que permanecem no paciente menor tempo cirúrgico. 
• Desvantagens: gera calor e inflamação, com retardo da cicatrização (só tem início após a absorção dos coágulos pelo organismo do paciente e tentar evitar o seu uso nas incisões de pele, pois o aumento da temperatura local causa necrose e dificulta a cicatrização), maior dor pós-operatória (fazer uma boa analgesia), maior suscetibilidade à infecção da ferida pois sangue é meio de cultura. 
• Cirurgiões que utilizam esse material, fazem a incisão de pele com o bisturi normal e só no subcutâneo e tecido adiposo que começam a usá-lo pois na pele ele pode dar quelóide. 
✓ Incisão com raio laser: O raio laser tem sido amplamente empregado nas cirurgias oftálmicas, especialmente na medicina nos casos de catarata posterior (feita por ondas ultrassônica em animais) e em casos de descolamento de retina. Precisa ter precisão na incisão, produção de mínimo sangramento, Na medicina veterinária seu uso ainda é limitado, principalmente devido ao alto custo. 
✓ Criocirurgia: Essa técnica consiste na aplicação de baixas temperaturas (próximas a –40oC) nos tecidos, levando a sua necrose, pelo congelamento da água presente nas células. As principais substâncias utilizadas são nitrogênio líquido, óxido nitroso, dióxido de carbono. Quando o hospital não tem o equipamento para o N2, o proprietário pode comprar na farmácia, é um tubinho que tem gases fluoretados (+- R$330,00) 
• Principais indicações na medicina veterinária: afecções neoplásicas (principalmente de face – carcinoma de células escamosas) e inflamatórias que não tiveram boa resposta ou são difíceis de tratar por métodos cirúrgicos convencionais, lesões que se encontram em áreas cutâneas muito irrigadas e lesões em pacientes que não podem ser submetidos à anestesia geral. 
• Ela tem que ser aplicada exatamente no tecido lesionado, pois se o gás penetrar num tecido saudável, ele vai necrosas este tecido também. 
• Ela arde e queima, então, se o paciente estiver bem, sempre fazer com a anestesia geral. Somente nos casos em que tem uma pequena lesão neoplásica e o animal é contra indicado à anestesia geral, ai sim faz apenas com a local (sempre tem que ter algum tipo de anestesia). 
• Tem uma gatinha que eles inverteram o protocolo: fez quimioterapia primeiro, para reduzir a neoplasia, e depois entrou com a criocirurgia. Geralmente é mais de uma etapa de crio. 
• Bom resultado terapêutico. 
DIÉRESES ÓSSEAS 
Existem alguns casos em que é necessário dividir um osso para modificar a direção de seu eixo longitudinal. Para esse procedimento, são necessários instrumentos ortopédicos específicos. Ela é indicada para correção de consolidação óssea defeituosa, em amputações de membros na correção de malformações como displasia coxofemoral; na correção de crescimentos angulares dos membros como síndrome do rádio e ulna curvos; em ressecção de estruturas osteoarticulares visando ao alívio da dor, como excisão de cabeça e colo femorais (colocefalectomia) e na coleta de material ósseo para enxertia. 
Requisitos básicos para uma boa diérese 
Realizar a incisão em um único movimento (fazer de uma vez só para não formar bordas irregulares), a extensão da diérese deve ser suficiente para permitir um fácil acesso e boa visualização do campo cirúrgico (não devem ser realizadas incisões demasiadamente extensas sem necessidade), produzir bordas nítidas e sem irregularidades (promove cicatrização mais rápida e de melhor aparência estética), determinar antecipadamente, caso seja possível, um plano de ação (evita a morte tecidual desnecessária e o maior 
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traumatismo cirúrgico), a diérese deve respeitar a anatomia da região e ser realizada plano a plano não sendo recomendado seccionar todos os planos teciduais de uma só vez, seccionar sem mudar a direção planejada para evitar secções inúteis. Ao atingir planos mais profundos, evitar a formação de espaço morto (não ficar descolando pele, subcutâneo, etc), evitar o comprometimento de grandes vasos e nervos importantes (é necessário conhecer a anatomia regional), hidratar frequentemente os tecidos expostos para evitar seu ressecamento (com solução fisiológica morna e estéril), manipular delicadamente todos os tecidos para promover redução do trauma tecidual, para propiciar melhor cicatrização, sempre que possível acompanhar as linhas de tensão da pele (fazer sempre a tração da pele para ver qual é o tracionamento mais fácil, sendo a direção da sua incisão e a sutura fica sem tensão exarcebada sobre ela), com diérese feita no sentido dessas linhas ocorre menor contração nas bordas da ferida facilitando sua aproximação, acelerando a cicatrização e apresentando melhor resultado estético. Esses requisitos básicos promovem uma recuperação pós-operatória favorecida. 
HEMOSTASIA 
Conjunto de processos responsáveis pela contenção do sangue no interior do espaço vascular, bem como a manutenção da sua fluidez sob condições normais. É a parada de sangramento. 
Problemas ocasionados por uma hemorragia durante a cirurgia: 
• Locais: impedir a adequada visualização dos tecidos e das estruturas anatômicas mascarando campo operatório, o sangue na ferida cirúrgica pode ser um excelente meio de cultura, o sangue pode ser um obstáculo à cicatrização da ferida cirúrgica (o processo cicatricial só tem início após a absorção dos coágulos da ferida). 
• Gerais (no paciente): perdas de hemácias e proteínas sanguíneas levam aos quadros de anemia, hipoproteinemia, retardo na cicatrização e baixa das defesas no sistema imunológico; perda de ferro junto com a hemoglobina promove deficiências nutricionais no indivíduo; promove má irrigação de todos os tecidos e leva à subsequentes lesões ou disfunções (nefrose tubular, p. ex, prejudicando eliminação de fármacos usados no procedimento).Determina deficiências de rendimento dos animais de produção comprometendo ganho de peso, capacidade reprodutiva,rendimento físico em provas de corrida; se as perdas forem significativas e generalizadas haverá queda na pressão arterial tendo então uma hipovolemia e choque hipovolêmico, um mau funcionamento cardíaco, uma má irrigação dos tecidos e óbito, então nesse caso tem que fazer transfusão de sangue (mas isso não dá certeza de que ele vai sobreviver – pode morrer no pós-operatório imediato). 
• Hemorragias SEMPRE precisam ser evitadas. 
Fatores que dificultam a hemostasia: 
• Elevação da pressão sanguínea: acelera o fluxo de sangue circulante, determinando maiores perdas em situações de lesão vascular, dificultando a hemostasia; 
• Esfregar a área a ser operada antes da cirurgia: uma ação mecânica irritativa sobre uma região a ser operada trará vasodilatação, fazendo com que haja sangramento excessivo na incisão. 
• Inflamação local: o processo inflamatório acarreta vasodilatação e neovascularização locais, então acaba sangrando. Se não for uma cirurgia de extrema urgência, o ideal é tratar a inflamação para depois realizar a cirurgia; 
• Um despertar agitado da anestesia: o paciente pode se traumatizar, ocasionando o retorno das hemorragias já controladas. Fazer silêncio no bloco cirúrgico; 
• Movimentação da área hemorrágica durante e após a cirurgia: os coágulos podem se desprender dos vasos e nova hemorragia pode surgir; 
• Alteração na elasticidade e contratilidade das paredesarteriais; 
• Lesão vascular direta e extensa: dependendo do diâmetro vascular provoca hemorragias difíceis de coibir; 
• Trombocitopenias: nesse caso só opera em casos de extrema urgência; 
• Coagulopatias: são desordens dos fatores de coagulação. Melhor fazer tratamento prévio antes de fazer cirurgia com um animal com coagulopatia. 
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CLASSIFICAÇÃO DAS HEMORRAGIAS: 
Quanto à localização: 
✓ Internas: petéquias, equimoses (quando o sangue tende a se acumular nos interstícios dos tecidos – acontece em leucemia, quando você bate e fica roxo), hematoma (quando o sangue tende a se acumular em cavidades neoformadas - oto-hematoma); 
✓ Externas: quando o sangue flui diretamente para o exterior dos capilares, vênulas, arteríolas, veias, artérias. 
Quanto ao tipo de vaso sangrante: 
✓ Capilar: tem sua origem em múltiplos pontos microscópicos: emissão sanguínea lenta e superficial, hemorragia pouco profusa, difusa, de cor vermelho vivo; 
✓ Venosa: o jorro não oscila e a ferida se inunda de sangue escuro: jorro lento, baixo e contínuo; 
✓ Arterial: caracteriza-se pelo jorro pulsante de sangue “vermelho vivo” →o fluxo tem um jorro rápido, forte e sincronizado com o pulso arterial – sangramento em jato; 
✓ Mista: provém de artéria e veia e caracteriza-se por formar um lago sanguíneo venoso, escuro, em meio ao qual se notam pequenas correntes de sangue arterial “vermelho vivo”. 
Regras nos controles de hemorragia: Deve-se obedecer a seguinte sequência: 
• Hemostasia plano por plano: promover a hemostasia a cada camada de tecido seccionado, se sangrar, controlar aquela hemorragia ali, e não deixar para depois; 
• Hemorragias capilares: devem ser controladas por métodos manuais (compressão) ou por equipamentos de geração de calor (bisturi elétrico); 
• Vasos maiores: devem receber ligaduras transitórias ou definitivas; 
• Mínimo de tecido: o vaso deve, sempre que possível, ser individualizado dos tecidos circunvizinhos, para minimizar necrose tecidual, a qual pode dificultar o processo cicatricial, então, deve-se tentar ligar apenas o vaso (tentar não pegar tecido ao redor), mas tem casos que não dá como quando vai pegar o pedículo ovariano na OSH (ligadura em massa – ligamento suspensor, tecido adiposo, A. e V. ovarianas); 
• Evitar fístulas arteriovenosas: podem ser formadas quando o cirurgião ligar conjuntamente uma artéria e uma veia calibrosas. Numa cirurgia de nefrectomia teremos que ligar vasos calibrosos (ureter, A e V renais), então devemos ligar separadamente a veia da artéria pois se eles forem envolvidos em uma mesma ligadura, acabam formando uma fibrose ao redor (por correrem muito juntas) que leva à formação de uma fístula arterio-venosa havendo uma mistura de sangue arteriovenoso; 
• Neoplasias e infecções: ligar primeiro as veias de drenagem, visando evitar embolização de células neoplásicas ou micro-organismos patogênicos em cirurgias de ressecção de tumores ou áreas infeccionadas. Já em casos de cisto renal, faz a ligadura da artéria primeiro para que, enquanto for fazendo isso, a veia vai conseguindo drenar o sangue que está no rim voltando para a circulação geral do paciente. Então, qualquer sangue bom que tivermos chance de devolver ao animal, a ligadura da artéria deve ser feita primeiro. 
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MÉTODOS DE HEMOSTASIA 
Temporária: Pode reduzir ou suprimir o fluxo sanguíneo transitoriamente em um ato cirúrgico. 
• Hemostasia temporária preventiva: tende a evitar a perda de sangue que conhecidamente irá ocorrer, prendendo o vaso com a pinça para evitar a perda de sangue (prevenção); 
• Hemostasia temporária curativa: interrompe o fluxo sanguíneo nas hemorragias já em curso. 
Definitiva: Obstrui de forma permanente o lúmen dos vasos nos quais é empregada. 
MÉTODOS FÍSICOS TEMPORÁRIOS: 
✓ Compressão circular: 
• Garrote ou torniquete: Igual o que é feito para tirar sangue. Normalmente usada na hemostasia preventiva de membros, mas pode ser empregada em qualquer parte da superfície corporal (p. ex.: pênis e tetos). É uma ligadura geralmente feita com material elástico e que deve ser aplicada acima do local que sofrerá intervenção, para evitar hemorragias arteriais, e abaixo do local, para prevenir as hemorragias venosas, com período máximo de permanência de 30 minutos. O cirurgião tem que ter ideia de como vai ser o procedimento, pois ele tem pouco tempo para tal. O garrote tem que ser solto gradativamente para não causar embolismo. 
• Faixa de Esmarch: faixa elástica que deve ser aplicada desde a extremidade do membro em direção proximal e causa isquemia pela compressão circular progressiva. Terminada sua aplicação, em sua extremidade proximal é aplicado um garrote com pressão suficiente para impedir a circulação, então a faixa é retirada. Período máximo de 30 minutos (também com soltura gradativa), e é contraindicada em neoplasias ou infecções, pois a faixa empurra o sangue local para o sangue sistêmico. O membro fica praticamente sem sangue; 
✓ Posições hemostáticas: são aquelas que promovem a elevação da área a ser operada, acima do nível do coração, diminuindo a pressão e o volume vasculares. Essa posição pode ser facilmente obtida quando da existência de uma mesa cirúrgica com controle de inclinações (cuidado para não pressionar diafragma). 
✓ Compressão digital: 
• Direta: aplica-se a pressão digital sobre o vaso responsável pelo sangramento, até que se faça uma hemostasia definitiva: fazer pressão uniforme e constante, pode utilizar gaze para fazer compressão sobre uma superfície capilar sangrante, normalmente de 2 a 5 minutos são suficientes para que uma hemorragia capilar seja contida;; 
• Indireta: é a aplicação de bandagens no pós-operatório→ controla o ambiente da ferida, reduz o edema e a hemorragia, elimina espaço morto, imobiliza o tecido lesionado e minimiza a formação de cicatriz e a perda de trombos recentes, também proporciona conforto. É feito na mastectomia. 
✓ Estrangulamento temporário de vasos calibrosos: utilizado em grandes artérias e veias para obstruir momentaneamente o fluxo de sangue. Deve haver cuidado com a compressão exercida sobre o vaso, para que não haja danos ao endotélio vascular → fios de sutura grossos, dedos de luva cirúrgica, equipos plásticos estéreis (tem que ser com materiais que não esmaguem as túnicas vasculares, pois depois os vasos precisam voltar a circular). 
✓ Clampeamento vascular temporário: usado para promover a hemostasia transitória por pinçamento 
de vasos calibrosos causando pouco traumatismo às paredes dos vasos (clampes vasculares). 
✓ Pinças hemostáticas: param o sangramento por esmagamento das paredes dos vasos.Possuem frequente utilização em hemostasias temporárias. Apresentam a vantagem de não tornar necessário englobar 
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tecidos que rodeiam o vaso → as pinças hemostáticas podem ser empregadas em um vaso para parar o sangramento até que o método definitivo possa ser utilizado (p. ex.: ligaduras). Elas têm que ser substituídas por outros métodos (ligadura). 
MÉTODOS FÍSICOS DEFINITIVOS 
✓ Pinças hemostáticas: também entram nos métodos físicos definitivos. Possuem frequente utilização em hemostasias e apresentam a vantagem de não tornar necessário englobar tecidos que rodeiam o vaso, porque consegue pinçar só o vaso mesmo, com a ponta da pinça. 
• Angiotripsia (esmagamento de túnica vascular): consiste em fazer a hemostasia pelo esmagamento linear das túnicas interna e média dos vasos. Pode usar pinças aplicadas nos pequenos vasos, se nós pegarmos a pinça hemostática (esmaga as túnicas vasculares) e apertarmos um vaso pequeno, fino, muitas vezes esse esmagamento de túnica já é suficiente. Fecha bem a pinça e deixa alguns minutos, enquanto faz outra parte do procedimento. Quando solta a pinça, aquele vaso ficou esmagado, esmagou definitivamente, porque é um vaso de pequeno diâmetro, então esse esmagamento é suficiente para fazer a hemostasia. Ou os emasculadores usados na orquiectomia de equino. 
• Torção: quando pinçamos o vaso e fazemos a pinça girar sobre o próprio eixo. Também só funciona para pequenos vasos. Então, com a pinça

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