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Thales S. Teixeira é professor associado da harvard Business School. Sunil Gupta é titular da cátedra Edward W. Carter de administração e presidente do Programa de administração geral da harvard Business School. Estudo de caso Como reconquistar compradores de lojas virtuais? Uma rede de varejo com lojas físicas procura respostas aos showrooms Thales S. Teixeira e Sunil Gupta Bertice Jenson não conseguia acreditar como um jovem casal na sua frente, na loja da rede de varejo Benjy’s, de Oklahoma, po- dia ser tão cara de pau. Eles aponta- vam seus smartphones para uma TV Samsung de 50 polegadas Ultra HD. O motivo: queriam fazer a comparação de preços deste modelo em lojas vir- tuais por meio de um aplicativo. O ca- sal usou o mesmo procedimento com outros dois modelos, Sony e LG Led. Era como se eles estivessem dançan- do e pulando, de tela em tela, como os Munchkins, os anões do Mágico de Oz, comparando as três opções. “Desculpe-me”, disse Bertice. “Vo- cês não acham que o que estão fazen- do é um pouco... digamos, desleal?” Os dois compradores se entreolha- ram e devem ter pensando: ela real- mente fez essa pergunta?. “Estamos apenas comparando os preços”, disse a jovem, acariciando o cãozinho ter- rier que carregava. “Mas o aplicativo é o da Amazon, cer- to?”, perguntou Bertice. “Assim que você decidir qual TV quer comprar, fará o pedido pela Amazon.” “Provavelmente”, disse o rapaz. “Mas aqui não é o showroom da Amazon”, afi rmou Bertice. “A Benjy’s não expõe produtos e fornece vende- dores para ajudar a Amazon. Quere- mos que vocês comprem conosco”, desabafou Bertice. Com o olhar vazio, a mulher per- guntou: “Opa, você trabalha aqui?”. Bertice não estava vestida como vendedora, logo o casal não tinha co- mo adivinhar que o pai dela era o fun- dador da Benjy’s e que, por acaso, ela presidia o conselho da rede varejista que fatura 40 bilhões com a venda de aparelhos eletrônicos e eletroeletrô- nicos. Ela estava apenas fazendo uma visita de rotina a uma das mais de duas mil lojas da Benjy’s . “Deixa pra lá”, disse Bertice. “Ape- nas saibam que o que vocês fazem hoje tem consequências no futuro. A ex- periência real de fazer compras, que vocês estão tendo aqui na Benjy’s, está ajudando vocês a decidir qual TV de- vem comprar. E se vocês a comprarem na Amazon, estarão basicamente nos traindo”, completou. Ela sabia que suas palavras incomodavam. no fogo cruzado Bertice não estava acostumada a ser a “bruxa má”. Embora se orgulhasse de sua rigidez, ela era uma mediadora nata. Seu temperamento e imparcia- lidade a ajudaram a ser bem-sucedida na faculdade de administração e nos MBAs. Essas características também a ajudaram na carreira, em uma das melhores empresas de contabilidade dos EUA, e ela se tornou a única sócia afrodescendente americana . Bertice mediaria, em breve, as discussões do conselho da Benjy’s so- bre o que ela acabara de ver na loja de Oklahoma: o fenômeno showroom. Consumidores como aquele casal com o cãozinho não eram incomuns. Cada vez mais pessoas estão indo para as lo- jas Benjy’s para olharem os produtos e depois efetuarem a compra em lojas virtuais, que por não possuírem lojas físicas trabalham com margem de des- contos maiores. Pesquisas mostraram que 83% das pessoas que compram em e-commerces fazem o mesmo que o ca- sal desta história: observam as vitrines das lojas fi sicas e efetuam a compra nas lojas virtuais. As vendas dessas re- des varejistas, que ainda apostam nas lojas físicas, estão declinando; no últi- mo trimestre as perdas chegaram qua- se a US$ 700 milhões. O pai de Bertice, Ben Jenson, e o CEO da empresa, Stanley Farber, sa- biam que algo precisava ser feito, mas não concordavam com o método para estancar o problema. Ben era favo- rável a uma abordagem dupla que já estava sendo estudada em algumas Ma tt Ia S M aC KL Er Setembro 2015 harvard Business review 1 ExpERiênCiA R1509K This document is authorized for use only in Rodrigo Lamas's Administração Geral - GRADTECNOLÓGICA at Fundacao Getulio Vargas-FGV EBAPE from Jul 2020 to Oct 2020. lojas: difi cultar os showrooms pa- ra os clientes e igualar os preços dos concorrentes virtuais caso os clien- tes encontrassem na internet preços mais atrativos que os praticados pela Benjy’s. Com essa tática, a rede ganha- ria em venda por escala. Já o CEO que- ria propor outra estratégia. Ele acredi- tava que a rede deveria se desprender de seus concorrentes, oferecendo ser- viços diferenciados, com um mix de produtos especiais e empregados bem informados e treinados que também pudessem oferecer uma boa experiên- cia pós-venda ao cliente. Depois da visita a Oklahoma, Ber- tice voou para Atlanta, sede da Benjy’s. O primeiro item do encontro foi exata- mente a história do show- room, e Bertice logo expressou sua opi- nião: “Este é um problema muito sério para a maioria daqueles que trabalham com varejo, em especial aqueles que vendem aparelhos eletrônicos. Precisa- mos defi nir uma estratégia de ataque”. Farber preparou uma apresenta- ção sobre o assunto. Mas o projetor não estava cooperando e Ben aprovei- tou a situação para compartilhar algu- mas visões sobre o tema antes da apre- sentação. “É óbvio que devemos jogar nos dois lados: ofensivo e defensivo. A estratégia ofensiva deve incluir ofere- cer descontos mais agressivos no apli- cativo da Benjy’s, igualando-os aos de lojas virtuais. Também precisamos de mais fornecedores que imponham um tabelamento aos varejistas. E para a estratégia de defesa deve- mos articular uma série de processos. Algumas táticas básicas, como alterar os nossos códigos de barras, acabam sendo discutíveis nesse novo con- texto. Hoje, temos aplicativos que le- em esses códigos de barras e fazem a comparação de preços online. A única coisa que os consumidores precisam fazer é apontar o smarthphone para o produto desejado.” Murmúrios se espalharam na sala de reunião. Aparentemente, a infor- mação parecia ser novidade para al- guns dos diretores presentes. “Mas há meios de frear esses aplica- tivos”, Ben continuou. “Podemos criar estruturas de vitrines que confundam esses apps na busca pela melhor ofer- ta. Existem consultores especialistas nesse ramo. Os custos são mínimos e valem a pena.” Farber então olhou para Bertice, sinalizando que agora o projetor esta- va funcionando. Ela passou a palavra para o CEO. “Como todos vocês sabem”, disse Farber, “antes de ingressar na Benjy’s atuei no setor hoteleiro, e uma das ra- zões da minha contratação, há cinco anos, foi que essa experiência contri- buisse para a melhoria de nossa rela- ção com o cliente. E isso começa com o respeito aos nossos visitantes e co- mo eles gostam de comprar.” “A maneira como eles gostam de com- prar está nos matando”, interveio Ben. Farber hesitou por alguns instan- tes, mas logo continuou: “Precisamos ter noção de que o mundo mudou. Showroom é a realidade da vida mo- derna e se os consumidores descobri- rem que estamos tentando bloquear esse acesso, nem sequer entrarão nas nossas lojas. Portanto, com todo o res- peito, acho que devemos pular a estra- tégia defensiva e partir para uma forte tática ofensiva. Precisamos observar o que mais podemos oferecer aos nos- sos clientes — melhores serviços, ven- dedores preparados para uma boa ex- periência de venda e pós-venda, além de produtos exclusivos”. Ben interrompeu: “Mas agora você está falando de serviços premium. Os consumidores não esperam isso de nós. Nossa prioridade é termos a maior quantidade de produtos com o melhor preço. Essa é a promessa da Benjy’s. “Talvez seja a hora de mudarmos nossa promessa”, disse Farber. Ele analisou brevemente o clima antes de colocar o slide com o título A nova Benjy’s. “Vou pular o início da apresen- tação e ir direto ao estudo conduzido pela minha equipe”, disse Farber. “Ana- lisando esse contexto, acredito que não podemos vencer a Amazon na oferta de produtos e, se tentarmos compararnossos preços aos praticados por eles, que são em geral 8% menores que os nossos, teremos prejuízo na maioria das vezes. E se a nossa rede resolver sair desse senso comum de lojas grandes e partir para a ideia de boutique de experiência? Um número menor de lojas, com estrutura mais enxuta e com vendedores mais motivados e bem treinados — seríamos os baristas do mundo varejista.” Ben balbuciou: “Não estamos diri- gindo uma rede de cafés, Farber!”. Bertice falou mais alto: “Vamos es- cutar o que ele tem a dizer, pai”. Farber olhou para ela agradecido. “TV’s e laptops podem parecer commo- dities que as pessoas compram pelo menor preço, mas assim eram vendi- dos os cafés antes da criação da Star- bucks por Howard Shultz. Por que não podemos fazer o mesmo? Vamos ven- der apenas os produtos que agregam maior valor, educar os clientes para usá-los em vez de deixá-los perdidos num mar de varejistas.” “Você é inocente, Farber”, disse Ben. “As pessoas continuarão a prati- car o showroom se elas encontrarem melhores oportunidades online.” “Ainda assim podemos equiparar os nossos preços com a concorrência”, disse o CEO. “Como faremos isso?”, perguntou Bertice, desejando acabar com o fogo cruzado entre os dois. “Fico feliz que tenha perguntado”, disse Farber. Ele pulou a apresentação para um diferente slide. “Observem que fi zemos alguns modelos. Claro, poucas e pequenas lojas serão mais baratas pa- ra manter. Mas eu quero que pensemos de uma forma mais criativa. Antes de Os estudos de caso fi ctícios da hBr apresentam dilemas enfrentados no dia a dia de líderes de empresas reais e oferecem soluções de especialistas sobre o tema. Este estudo é baseado no caso “Showrooms de produtos que oferecem o melhor custo-benefício” (caso número: 9-515-019), por thales teixeira e Elizabeth anne Watkins. ExpERiênCiA 2 harvard Business review Setembro 2015This document is authorized for use only in Rodrigo Lamas's Administração Geral - GRADTECNOLÓGICA at Fundacao Getulio Vargas-FGV EBAPE from Jul 2020 to Oct 2020. atuar no setor hoteleiro, trabalhei pa- ra uma rede de supermercados. Vocês sabem como essas empresas ganham dinheiro e cortam os preços ao mesmo tempo? Capitalizando seus pontos de venda. Eles cobram taxas extras para os fornecedores que querem ter seu pro- duto em destaque nas prateleiras. Todo mundo pensa que a Amazon é a toda- -poderosa, mas observe atrás das corti- nas e encontrará algumas fragilidades. Um exemplo, a Amazon é uma plata- forma pobre em marketing. Benjy’s in- veste mais em marketing que a Amazon. Se selecionarmos os melhores produ- tos e deixarmos os consumidores expe- rimentá-los, vocês não acreditam que os fornecedores nos apoiariam?” “Não há precedentes disso para o mercado varejista de eletrônicos”, contrapôs Ben. “Que ideia sem ca- bimento. Você arruinará o relaciona- mento que construímos há anos com os nossos clientes. Além do mais, vo- cê está falando de mudanças muito signifi cativas no nosso modelo de ne- gócio. Mesmo se quisessemos fazê-las, levaria meses — talvez anos — para serem implantadas. Precisamos de uma solução para já.” Boa parte dos membros do comitê assentiram. Bertice percebia a tensão construída entre Farber e seu pai. “Far- ber, você está propondo uma mudança bem radical, e são muitas informações para digerirmos de uma vez só”, disse ela rapidamente. “Pai, também seria mais assertivo se tivéssemos mais de- talhes das medidas de contra-ataque que você mencionou. Vamos, portan- to, parar essa discussão por enquan- to e pular para outros itens da nossa reunião. Assim, Farber também pode- rá reunir mais informações que deem suporte a essa ideia e também teremos mais tempo para analisá-la. Se todos concordarem, eu gostaria de fazer um conference call na próxima semana pa- ra discutir apenas essa proposta e deci- dir que ações tomar”, fi nalizou. novas formas de ganhar dinheiro No dia seguinte, Bertice estava em Huntsville, Alabama, para participar da inauguração de um novo projeto imobiliário de condomínio misto. A Benjy’s tinha uma loja menor no local. “Bem-vinda à Benjy’s”, escutou Bertice ao entrar na loja. “Está procu- rando algo específi co?” Abordagem agradável — provavel- mente Farber estava testando seu plano nesta loja menor. Na noite anterior, ela havia repassado mentalmente as pro- postas do pai e de Farber, observando o cenário de negócios. O plano de Ben parecia ser mais de curto prazo e poten- cialmente uma solução efetiva ao pro- blema dos showrooms. Já a proposta de Farber era mais arriscada e demandaria um bom investimento inicial, contudo seria a opção ideal a longo prazo. Em vez de responder à pergunda da jovem vendedora, Bertice explicou a ela que fazia parte da administração da Benjy’s. A fi lha do fundador da re- de, então, perguntou sobre o fenôme- no dos showrooms. A expressão alegre do rosto da mu- lher desapareceu. “Veja, sim, este é um grande problema. Trocamos a disposi- ção dos produtos expostos para difi cul- tar essa prática. Tentamos ainda com- parar nossos preços aos dos nossos concorrentes online. Contudo, quando os clientes estão aqui na loja, parece que não querem ser incomodados por vendedores. Eles só querem ouvir rapi- damente o nosso blá-blá-blá, testar os produtos, para então efetuarem a com- pra pela internet. E em muitos casos não no site da Benjy’s. Isso era extremamente desanima- dor. “Qual é o discurso dos nossos vendedores?”, perguntou Bertice. “Ultimamente recebemos muitos treinamentos, de forma que podemos explicar tudo o que um comprador pode nos perguntar sobre a TV Sony Bravia, por exemplo. Temos muitas informações. As pessoas educamente escutam o que temos a dizer e depois vão fazer suas compras na Amazon.” “Mas eu não posso conceber que to- dos os clientes que vêm aqui observam nossos produtos, fazem perguntas aos nossos vendedores e depois efetuam a compra online”, disse Bertice. “Não há clientes aqui que realmente apreciam seu conhecimento sobre os produtos e efetuam a compra por conta desse atendimento?”, perguntou Bertice. A funcionária sorriu ligeiramente nervosa. “Honestamente, eu acho que o atendimento causa medo aos clien- tes — especialmente naqueles que já são clientes da Benjy’s por um bom tempo”, respondeu a vendedora. “Causa medo aos clientes?”, per- guntou Bertice. “Eles acham que um bom atendi- mento está necessariamente ligado a preços altos. Isso nem sempre é verda- de, mas já vi muitos clientes fugirem quando tentamos conversar com eles”, concluiu a vendedora. Portanto, os clientes não estavam respondendo à política de preços tabe- lados. Pior: estavam sendo afugentados pelo atendimento de qualidade. Todas essas informações colocaram Bertice novamente dentro do fantástico mun- do de Oz. Desta vez, ela não se sentia a bruxa má da história; ela se sentia como a personagem principal da tra- ma, Dorothy, jogada num mundo nada familiar. Mas naquela situação em que estava não havia sapatinhos vermelhos que pudessem levá-la para a velha e previsível tática da venda de varejo. PA Benjy’s deve combater os “showroomers” ou recebê-los? Setembro 2015 harvard Business review 3This document is authorized for use only in Rodrigo Lamas's Administração Geral - GRADTECNOLÓGICA at Fundacao Getulio Vargas-FGV EBAPE from Jul 2020 to Oct 2020. Os especialistas respondem Roberto Leão é executivo da área de fi nanças de uma organização global do segmento de varejo. BASEADO NO esboço do estudo, podemos ver por que Ben Jenson prefere usar as armas defensivas da empresa. Sem uma estratégia, ele provavelmente acredita que a ex- posição de produtos está acabando com os lucros do negócio. Por outro lado, as táticas ofensivas de Farber, como ter fornecedores que ofere- çam produtos exclusivos, parecem bem coerentes. É preciso fazer isso da maneira correta. Para que a “experiência úni- ca na Benjy’s” seja efetiva, os produ- tos precisam ser, defato, diferencia- dos daqueles encontrados na inter- net. Dar outra roupagem ao produto não será sufi ciente. além do mais, a Benjy’s precisa estar atenta para o fato de que muitas empresas de varejo já oferecem esses produtos comentários dos internautas sobre o estudo Mantenha os clientes felizes as pessoas tendem a pagar por bons serviços. recentemente, com- prei um novo laptop na loja Best Buy. acredito que poderia ter encontrado uma oferta de preços melhor na internet; contudo, teria perdido todo o suporte técnico oferecido pela Best Buy caso tivesse algum problema com o produto. josef Rosenfeld presidente da helth Flavors Compartilhe os custos da exposição dos produtos Promover o showroom de produ- tos é uma prática que benefi cia a indústria desses artigos. Oferecer esse tipo de serviço não é sustentá- vel caso a indústria desses produtos não pague por isso. Martin Rapaport presidente do conselho do Rapaport group Engage o cliente de diferentes maneiras Clientes buscam um canal de expe- riência único. Benjy’s deve oferecer aplicativos móveis e quiosques digitais que exponham produtos, assim como eventos como cinema à noite, que atraem pessoas às lojas mesmo que uma compra não esteja no programa desses clientes. Lata hariharan CEo da Resource leaders a empresa está esquecendo de pedir feedback a clientes e prospects exclusivos — não é bem uma ideia nova. a empresa está esquecendo de pedir feedback a clientes e pros- pects. Por que alguns compram on- line e outros vão às lojas? Por que alguns usam o showroom e outros não? aparentemente, Ben acredita que o preço é o motivo das compras online. Mas talvez haja outra hipó- tese. talvez, a indisponibilidade dos produtos possa ser um problema, a variedade também pode ser outro empecilho, ou ainda algum aspecto da experiência de compra. as res- postas dos clientes devem ajudar a Benjy’s a entender como vencer o fênomeno e como fi delizar clientes que gostam de fazer compras em lojas físicas, e não no mundo virtual. Essas respostas, baseadas na ava- liação dos consumidores e não ape- nas na intuição de Farber, podem ainda construir uma avenida de opor- tunidades. assim, talvez, a Benjy’s possa ainda construir uma vantagem competitiva dando ênfase à gestão de melhoria de produtos e serviços. Consumidores gostam, sim, de inte- ragir com vendedores informais, co- mo também gostam de experimentar produtos exclusivos e comprá-los de imediato caso a experiência de venda tenha sido agradável. Isso sem dizer que essas ações precisam estar integradas às plata- formas digitais da empresa, assim as experiências de compra online e nas lojas físicas podem ser comple- mentares. Os clientes não podem pensar numa loja virtual Benjy’s e numa loja física da Benjy’s. a em- presa precisa usar o seu website para expandir a variedade de pro- dutos nas lojas físicas e ajudar o consumidor a encontrar o melhor produto e de melhor qualidade sem precisar fazer sozinho esta pesquisa. aí estão as oportunidades. ExpERiênCiA 4 harvard Business review Setembro 2015This document is authorized for use only in Rodrigo Lamas's Administração Geral - GRADTECNOLÓGICA at Fundacao Getulio Vargas-FGV EBAPE from Jul 2020 to Oct 2020. Steve Conine é o cofundador e responsável pela área de tecnologia da Wayfair, loja de varejo virtual de móveis e decoração. EU GOSTO da ideia de Farber . transformar as lojas físicas da Benjy’s num showroom pago pela indústria. Não sei se o conceito pode funcionar do ponto de vista fi nanceiro, mas ao menos ele está pensando fora da caixa. O CEO está certo ao dizer que o mundo do varejo está sofrendo mudanças dramáticas. E assim como outras lojas físicas, que vendem produtos de marcas exclusi- vas, a Benjy’s precisará repensar seu tradicional modelo de negócios caso queira sobreviver a essas mudanças. Eu ajudo a conduzir uma empresa que facilita a compra online de mó- veis e decoração — itens que as pes- soas, em teoria, nunca comprariam pela internet. Quem estaria com- prometido em realizar uma compra de mais de US$ 1.000 em um sofá sem antes experimentá-lo? O baixo investimento das fábricas de móveis em marketing também é outro fator contra o nosso negócio. algumas pessoas caçam marcas de sofá assim como caçam um Samsung ou um romance de Stephen King. a verdade é que a maioria das vendas de móveis ainda acontece em lojas físicas, e a Wayfair já teve a experiência reversa dos showrooms: consumidores pesquisaram no nosso site os produtos e foram às lojas físicas (não às nossas, já que só vendemos online) para comprar itens similares aos que viram no nosso site. Sim, cada vez mais pessoas compram e preencher seu pedido, mas não são boas quando o assunto é a arte de uma boa venda. Benjy’s pode- ria tentar preencher essa lacuna. agimos dessa maneira na Wayfair. aprendemos muitas habilidades de vendas online, fazemos também as nossas próprias fotografi as dos produtos, assim como respondemos às perguntas, por vezes, vagas dos nossos consumidores. Benjy’s também poderia explorar a possibilidade de se tornar um site com conhecimentos importantes so- bre eletrônicos e aplicativos ou qual- quer outro produto que a rede venda. Isso é o que fazemos na Wayfair. Somos uma espécie de Wikipédia dos móveis, milhões de visitantes entram no nosso site de olho nas informa- ções que temos. Dessa forma, nós os encorajamos a efetuar a compra no site e também aprendemos muito Ben está fazendo. Com esta estra- tégia, você só vai ofuscar as marcas e modelos que está vendendo em sua loja e frustrar os aplicativos de comparação de preços. Em vez disso, eu tentaria criar um modelo de negócios virtuais que atraísse e capturasse todas as necessidades de meus consumidores. a compra na loja virtual da Benjy’s não pode ser comparada a uma compra na amazon em parâmetros como preços e variedade de produ- tos, mas poderá ser uma oportuni- dade para esculpir um modo diferen- te de fazer as coisas — oferencendo, por exemplo, uma interface melhor ao cliente. a maioria das lojas virtu- ais de varejo são ótimas em mostar os produtos que têm à disposição com suas buscas. E se você tiver um bom número de páginas visitadas, seu número de vendas não precisa ser tão acentuado. ainda que poucos visitantes estejam ávidos a efetuar uma compra, ainda assim você pode- rá ganhar dinheiro com as informa- ções que eles pesquisam. as últimas décadas têm mostrado que a tendência macroeconômica está afetando os negócios das redes de va- rejo que insistem no modelo de lojas físicas. aqueles que, como nós, inves- tem no e-commerce também já en- frentaram inúmeros obstáculos, mas encontraram a direção certa. Os líde- res da Benjys podem economizar ener- gia ao fazer uso deste caminho para sair à frente da concorrência. sófas — e outros tipos de produ- to — em lojas virtuais também. Isso é porque nós e outras lojas virtuais de varejo estamos melhorando a experiência de compra, os preços são competitivos. além disso os consu- midores digitais não precisam gastar semanas dirigindo para visitar esses showrooms. Se eu fosse um executivo de alguma loja física, eu me preocupa- ria. Não estaria gastando meu tempo pensando em como melhor defender meu território físico como alguma loja física, eu me Se eu fosse um executivo de alguma loja física, eu me preocuparia. Setembro 2015 harvard Business review 5This document is authorized for use only in Rodrigo Lamas's Administração Geral - GRADTECNOLÓGICA at Fundacao Getulio Vargas-FGV EBAPE from Jul 2020 to Oct 2020.
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